Você está na página 1de 21

VIROLOGIA

CONHECENDO SOBRE VÍRUS

ALESSANDRO GUERRA SIMARI


PROFESSOR E PODÓLOGO
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................ 01

VÍRUS E SUAS CARACTERISTICAS GERAIS.................... 06

ESTRUTURA VIRAL........................................................ 09

REPLICAÇÃO VIRAL ..................................................... 15

CLASSIFICAÇÃO DO VÍRUS – TAXONOMIA VIRAL......... 18


VIROLOGIA
INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre virologia, se faz


necessário ao podólogo para que este deixe de
ter usa visão superficial à respeito do assunto
Verrugas Plantares e passe a entender de uma
forma microscópica dentro de um contexto de
entendimento sobre o que é essa partícula viral,
de como ela age e se multiplica, como o
organismo se comporta em meio a esta
manifestação infectante e de como podemos
ajudar nos clientes/pacientes nos tratamentos e
nas orientações.

Trazendo para o contexto comercial,


entendemos que só é possível vender algum
produto ou serviço quando se tem bagagem
necessária que nos dê segurança e confiança
naquilo que propomos tratar, assim, o presente
curso tem como principal objetivo, nos munir de
conhecimento, de conteúdo que possa satisfazer
esta carência que muitas vezes encontramos no
meio podológico.

Vamos juntos viajarmos neste mundo da


microbiologia aprimorando nossos
conhecimentos para além de aperfeiçoarmos,
nos tornando excelentes profissionais, poder
oferecer aos utilizadores de nossos serviços algo
de qualidade e eficaz.
Vamos ao que interessa.
O que é Virologia?
Virologia é uma ciência, ramo da microbiologia,
é a especialidade biológica e médica que estuda
os vírus e suas propriedades.
Os vírus são partículas infecciosas de tamanho
muito pequeno não sendo possível ser
observados em microscópio óptico e seu cultivo
exige um hospedeiro vivo, ou seja, se faz
necessário um maquinário celular viva para que
o vírus tenha sua ação multiplicadora e possa
afetar outras células no organismo.
No contexto histórico, embora as doenças virais
não sejam novas, a identificação dos vírus como
seus agentes só foi possível no século XX. Em
1886 o químico holandês Adolf Mayer
demonstrou a transmissibilidade da doença do
mosaico do tabaco entre plantas porem não
conseguiu cultivar o agente infeccioso.

2 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


Finalmente o bacteriologista russo Dmitri
Iwanowski filtrou a seiva de plantas doentes com
um filtro de porcelana construído paro reter
bactérias. Ele esperava encontrar o micróbio
preso no filtro. Descobriu, ao contrário, que o
agente infeccioso havia passado através dos
diminutos poros do filtro. Quando ele infectou o
fluido filtrado em plantas sadias, elas contraíram
a doença. Esse fato levou o uma série de
experimentos conduzidos por outros cientistas
para isolar os agentes filtráveis da doença. A
primeira doença humana associado com um
agente filtrável foi a febre amarela.
Como os primeiros pesquisadores não podiam
imaginar partículas tão pequenas, descreveram
o agente infeccioso como um “fluido contagioso”.
Na década de 30, os cientistas já haviam
começado a usar o termo vírus, cujo a origem da
palavra Vírus em Latim é veneno, para descrever
esses agentes filtráveis. A natureza dos vírus,
contudo, permaneceu uma incógnito até 1935,
quando o químico norte-americano Wendell
Stanley isolou o vírus do mosaico do tabaco
tornando possível, pela primeira vez, o
desenvolvimento de estudos químicos e
estruturais com um vírus purificado. Na mesma
época, a invenção do microscópio eletrônico
possibilitou pela primeira vez a visualização dos
vírus. Sabemos, hoje, que os vírus são
encontrados infectando todos os tipos de
organismos vivos e, embora necessitem se
manter e replicar dentro das células do
hospedeiro, e muitas vezes assusta muito, pois

3 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


existem até vírus patogênicos, causadores de
câncer, mas não é de se preocupar, até porque
nem todos são causadores de doenças. Em 1997,
pesquisadores japoneses descobriram um vírus
simbionte (inofensivo) em humanos que foi
chamado de vírus TT (TTV), que são as iniciais
do paciente de quem o vírus foi isolado pela
primeira vez.
Os avanços nas técnicas de biologia molecular, e
de bioinformática nos anos 80 e 90, permitiram
a identificação e caracterização de diversos vírus
humanos, animais e vegetais. O vírus da
imunodeficiência humana (HIV), o vírus da
hepatite C, os Hantavírus e o vírus do Oeste do
Nilo são alguns exemplos.
Existem muitas controvérsias na comunidade
científica a respeito do vírus ser classificado
como ser vivo ou não, mas para nós podólogos,
não se faz necessário adentrarmos nesta
discussão neste âmbito profundo científico.
Verdade é que, o vírus não faz parte dos 5 reinos.
Existe um moderno sistema de classificação, que
distribui os seres vivos em cinco grandes reinos:
1. Monera
2. Protista
3. Fungi
4. Plantae ou Metaphyta
5. Animalia ou Metazoa

Para classificar os seres vivos dentro dos cinco

4 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


reinos foram utilizados os seguintes critérios:
• Tipo de organização celular
• Número de células
• Tipo de nutrição
De acordo com o estabelecido conforme critérios
de classificação mencionados, o mundo de seres
vivos ficou dividido nos seguintes reinos,
conforme quadro abaixo:

Assim, podemos dizer que vírus é um grupo sem


reino.

5 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


VÍRUS E SUAS CARACTERISTICAS
GERAIS

Vimos que os vírus não são considerados


organismos vivos, eles são inertes fora das
células hospedeiras, todavia, quando infiltram
em uma célula hospedeira, seu ácido nucléico dá
início a expressão de genes celulares e virais,
acorrendo a replicação viral, que falaremos mais
adiante. Desta maneira, os vírus estão vivos
quando replicam, ou seja, se multiplicam dentro
da célula hospedeira infectada.

Se analisarmos dentro do ponto de vista clínico,


os vírus podem ser considerados vivos, pois são
capazes de causar infecção e doença, da mesma
maneira que outros agentes infecciosos podem
agir, como os fungos, bactérias e protozoários.

Assim, dependendo do ponto de vista, um vírus


pode ser considerado um agente infeccioso de
natureza química excepcionalmente complexa
ou, um microrganismo vivo excepcionalmente
simples, composto apenas de estruturas básicas
e o ácido nucléico.

Então como podemos definir um vírus?

6 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


O vírus foi originalmente diferenciado dos outros
agentes infecciosos, como bactérias, fungos, por
serem extremamente pequenos, ou seja, quando
da tentativa de filtrar esse agente ele não fica no
filtro, sendo totalmente filtrável de tão pequeno
que é. Outro aspecto que nós faz definir um vírus
é que ele é considerado um Parasita Intracelular
Obrigatório, ou seja, necessitam de células vivas
hospedeiras para se multiplicar. Vamos explorar
essa importante propriedade:

• Parasita= não sobre o aspecto de doenças,


mas esse termo parasita quer dizer que um
organismo necessita de outro para se
alimentar ou reproduzir;

• Intracelular= esse termo quer dizer que há


necessidade do vírus estar dentro da célula
para efetuar sua multiplicação;

• Obrigatório= pois essa é a única maneira


de todo o processo de replicação acontece.

Dessa maneira, os vírus são entidades que


possuem um único tipo de ácido nucléico, DNA
ou RNA, e possuem uma cobertura protéica
envolvendo o ácido nucléico, falaremos mais
adiante.

7 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


Replica-se dentro de células vivas usando o
metabolismo de síntese das células para
produzirem novos vírus, induzem a síntese de
estruturas especializadas capazes de transferir o
ácido nucléico viral para outras células.

Os vírus possuem uma insuficiência de enzimas


próprias ou mesmo nenhuma para seu possível
metabolismo, assim, os vírus devem se apossar
do metabolismo da célula hospedeira para sua
replicação. Isso se torna muito importante
dentro da significância clinica para o
desenvolvimento de diagnósticos, vacinas,
produção de medicamentos antivirais, pois a
maioria das drogas antivirais irão agir
interferindo na replicação viral, também
podendo interferir no metabolismo das células
hospedeiras agindo assim de forma tóxica.

Vale salientar, que nem tudo quando se trata de


vírus é ruim, hoje se utiliza de um tipo de vírus
como parasita na agricultura que destroem as
largatas-da-soja. Essa técnica de combate a
espécies nocivas ao nosso interesse, utilizando
inimigos naturais como parasitas é chamado de
controle biológico.

8 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


ESTRUTURA VIRAL

Os vírus são os menores e mais simples


microrganismos que existem, os tamanhos dos
vírus variam consideravelmente de 20 a 1.000
nm e é determinado por comparação com
partículas de látex de tamanho conhecido com o
auxilio de microscópio eletrônico, não sendo
possível visualizar através do microscópio óptico,
a não ser pouco vírus denominados gigantes.

Os vírus são compostos, pelo menos, do


genoma de ácido nucléico RNA ou DNA e uma
cobertura de proteínas chamada de capsídeo.
Muitos vírus possuem uma membrana externa
adicional denominada envelope.

O Genoma do Vírus é constituído de DNA ou


RNA. Nenhum vírus contém DNA e RNA
simultaneamente.

O Capsídeo tem como função empacotar e


proteger o genoma viral durante a sua
transferência entre células e hospedeiros. o
capsídeo de um vírus pode possuir várias formas
geométricas que são caracterizadas de cada

9 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


família viral. Essas incluem:

• Capsídeo icosaédrico sem envelope


(picornavirus, polyomavirus); ou
envelopados (herpesvirus). Ess forma
geométrica possui várias faces triangulares
e ângulos.

• Capsídeo helicoidal, sem envelope (Vírus do


mosaico do tabaco) ou envelopado
(Rabdovirus, paramuxovirus).

O Envelope Viral, presente em vírus de


algumas famílias, origina-se de membranas da
célula hospedeira através de brotamento, que

10 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


ocorre durante a saída de vírus maduros da
célula hospedeira.

De acordo com a sua morfologia, existem cinco


tipos básicos de estrutura de partículas virais
citadas a seguir:

• Icosaédrico sem envelope:


Papillomaviridae

11 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


• Helicoidal sem envelope: Vírus do
mosaico do tabaco; não se conhece vírus
humanos ou animais com esta estrutura;

• Icosaédrico com envelope: togavirus e


flavivirus;

12 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


• Helicoidal com envelope: radovirus e
paramyxovirus;

• Complexos: Bacteriófagos e poxvirus

13 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


Partículas Virais é o nome dado à estrutura
molecular que constitui o vírus. Ela é composta
pelo material genético, ou seja, o genoma viral,
que é composto por uma ou mais moléculas de
ácido nucléico, (DNA ou RNA). Envolvendo o
ácido nucléico são encontradas proteínas
(Capsômeros) codificadas pelo genoma viral,
sendo o conjunto destas proteínas de nominado
Capsídeo. O Capsídeo em conjunto com o
material genético viral compõe o nucleocapsídeo.
Uma membrana lipídica, denominada envelope
viral, pode envolver os nucleoscapsideos
externamente. Lembrando que as partículas
virais podem ser envelopadas ou não
envelopadas.

14 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


REPLICAÇÃO VIRAL

A replicação do vírus é um processo muito


complexo e diverso. Os mecanismos de
replicação dependem fundamentalmente do tipo
de ácido nucléico e da organização de o genoma
de cada vírus. Apesar da diversidade de
estratégias de replicação, existem vários
aspectos em comum nas diversas etapas de
replicação. A replicação viral que ocorre no
interior da célula hospedeira, evolui seguindo o
ciclo viral da seguinte maneira:

• Adsorção (ou ligação) é essencialmente


uma interação ligante-receptor, depende da
interação física entre os vírions e a superfície
da célula-alvo.
• Penetração é a entrada do vírus na célula,
refere-se a introdução do ácido nucléico viral
na célula, como resultado o genoma viral é
liberado.
• Desnudamento é um pré-requisito para
expressão do genoma viral, neste processo,
o capsídeo é removido pela ação de enzimas
celulares existentes nos lisossomos,

15 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


expondo o genoma viral. Após o
desnudamento, o genoma prossegue no
ciclo replicativo ou uma cópia dele é
integrada no cromossoma do hospedeiro e
permanece latente até ser ativado
(retrovírus).
• Síntese viral compreende a formação das
proteínas estruturais e não estruturais a
partir dos processos de transcrição e
tradução. O RNA mensageiro é produzido e
traduzido em proteínas. O genoma deve ser
capaz de originar RNAs mensageiros que
sejam reconhecidos e traduzidos pala
maquinaria celular de tradução.
• Maturação é a montagem completa das
partículas virais. Nesta fase, as proteínas
vão se agregando ao genoma, formando o
núcleocapsídeo.
• Egresso (liberação) é a saída do vírus da
célula, que pode se dar por lise celular ou
brotamento. Na lise celular, a quantidade de
vírus produzida no interior da célula é tão
grande que a célula se rompe, liberando
novas partículas virais que vão entrar em
outras células isso acontece com os vírus
não envelopados. E por brotamento

16 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


geralmente acontece quando os vírus
envelopados saem da célula por brotamento.

Observe o esquema a seguir e tente perceber


esse processo que acabamos de estudar.

17 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


CLASSIFICAÇÃO DO VÍRUS –
TAXONOMIA VIRAL

As normas de classificação são aprimoradas e


atualizadas constantemente pelo Comitê
Internacional para Taxonomia Viral (ICTV), que
publicam informativos periódicos sobre a
classificação viral.

Os Vírus constituem um grupo numeroso e


heterogêneo, são classificados em categorias
hierárquicas baseadas em várias características,
esta classificação é dinâmica, já que novos vírus
estão sendo continuamente descobertos e novas
informações se ajuntam aos vírus e estudos já
existentes e conhecidos. Dessa forma o vírus
pode ser classificado de acordo com o tipo de

18 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé


ácido nucléico, simetria do capsídeo, presença ou
ausência do envelope, tamanho e sensibilidade
as substancias químicas.

O esquema básico de classificação hierárquica é:


Ordem – Família – Subfamília – Espécie –
Cepa/Tipo. Determinadas características virais
definem cada uma dessas categorias
taxonômicas. As Ordem possuem o Sufixo:
virales; as Famílias possuem o sufixo: viridae; e
os Gêneros e Espécies: vírus.

E ai, você arriscaria dizer que o HPV dentro do


esquema básico de classificação hierárquica é?

Resposta:_____________________________

19 Prof. Pdgo. Alessandro Guerra | DoutorPé

Você também pode gostar