Você está na página 1de 2

34 - COMENTÁRIO DE LUTERO À CARTA DE ROMANOS que Deus vult.

[12] Difficilia enim et ardua et que prorsus nostram voluntatem


longe excedunt, [13] Deus vult. Sic etiam Iustificatio Dei in sermonibus suis potius
Tradução do Latim - Pf. Dr. Eduardo Sales nostri [14] est Iustificatio; Et Iudicatio siue condemnatio eius nostri potius est
secundum [15] illud: ‘Qui autem non crediderit, condemnabitur.’
[3] Si autem adhuc instas: Quicquid sit, Tamen certum est, Quod promisit [4]
Iudȩis siue Circuncisioni, non autem Gentibus; ergo si verax est, [5] debuit illis [3] Mas se você ainda insiste: Seja o que for, é certo que Ele
omnibus obuenire; Aut cur promisit Circuncisioni, qui previdebat [6] se non prometeu [4] aos judeus ou à circuncisão, mas não aos gentios;
daturum eis propter eorum incredulitatem? Ad hoc [7] Respondet infra 9. et 11. c.
Hic enim breuiter transit, ne nimis a [8] proposito recedat, Scil. Quod non omnibus, Logo, se ele fosse verdadeiro, [5] [a promessa] deveria ter
qui filii Abrahe sunt, | promissio [9] facta est, | Sed electis et filiis Dei de alcançado a todos. – Ou, por que ele prometeu à circuncisão, se já
circuncisione assumendis. tinha previsto que, [6] por causa da incredulidade, não alcançaria a
[10] Bl. 47b *Est. todos? [7] A isto ele responde em Romanos de 9-11. Nesta
[11] Grȩcus habet: ‘Esto’ siue ‘Sit autem Deus verax’. in quo non tam veritas [12] passagem ele passa brevemente sobre o assunto, para que ele não
Dei quam confessio veritatis Dei exprimitur, vt sit sensus: Iustum est, vt
confiteantur [13] omnes et concedatur ab omnibus, quod Deus sit verax. Sit ergo, se desvie muito de [8] seu propósito: [9] Conscientizar que a
[14] verax teneatur habeaturque fidelis in suis eloquiis, quantumlibet illi non [15] promessa não foi feita a todos os filhos de Abraão, mas aos eleitos e
credant. Quod autem sic imperatiue accipiendum sit, probatur ex authoritate, [16] aos filhos de Deus que deveriam assumir a circuncisão.
quam allegat: ‘Vt iustificeris’, i. e. Sit ita, confiteantur omnes, palam [17] fiat
cunctis, quod tu Iustus et verax es in sermonibus tuis, quantumlibet contrapugnent A promessa não foi feita aos Filhos de Abraão (essencialismo),
[18] increduli et Iudicent te i. e. condemnent te ‘in sermonibus tuis’.
[19] Aliud siquidem est dicere Deum simpliciter ‘Iustificari’ et Deum ‘in [20] mas aos filhos de Deus.
sermonibus suis’ vel operibus ‘Iustificari’; Sic etiam Deum ‘Iudicari’ et [21] ‘in _______________________________________________________
sermonibus Iudicari’; Item Deum ‘vincere’ et ‘in sermonibus suis [22] vincere’. Quia
Iustificari Deus in seipso a nullo potest, cum sit ipsa [23] Iustitia, Sic neque [10] Bl. 47b [11] vers. 4 - “Seja”.
Iudicari, cum sit ipse ȩterna lex et Iudicium ac veritas, [24] Sed et vincit in seipso O texto grego diz: 'Seja' ou 'Que Deus seja verdadeiro'. O
omnia nec opus est hoc ei optare et fauere. Sicut [25] et Voluntas eius petitur fieri,
cum tamen non possit impediri. mais relevante não é a veracidade [12] de Deus, mas a confissão da
[26] Sed tunc Iustificatur Deus in sermonibus suis, quando sermo eius [27] a nobis verdade de Deus. Assim, é justo que todos confessem [13] e seja
Iustus et verax reputatur et suscipitur, quod fit per fidem in [28] eloquia eius. Tunc concedido [admitido] por todos que Deus é verdadeiro. Que ele,
autem Iudicatur in sermonibus suis, quando sermo [29] eius vt falsus et mendax então, [14] seja considerado verdadeiro e considerado fiel em seus
reputatur, quod fit per incredulitatem et ‘superbiam [30] mentis cordis nostri’, Vt b. discursos, por mais [numerosos] que sejam os que não [15]
Virgo cecinit. Sapientia enim nostra [31] non solum verbis Dei non credit neque
subiicitur, Sed etiam Verba Dei [32] non esse putat, sed sese verba Dei habere acreditam nele. E, este “Seja” deve ser tomado como um imperativo.
credit et veracem esse presumit. [33] Sicut Iudȩorum et hȩreticorum et omnium Isso é evidenciado pela autoridade [das escrituras], [16] pois diz em
ceruicosorum hominum [213] [1] est insipientia. Sed et vincit in sermonibus, Rm 3:4: 'Para que [Deus] seja justificado', isto é, “que assim seja”,
Quando sermo eius [2] preualet omnibus contrarium conantibus, sicut factum est “que todos confessem”, [17] “que seja tornado público a todos” que
cum Euangelio, [3] quod semper triumphat et triumphauit. Veritas enim super Deus é justo e verdadeiro em suas palavras, não importa o quanto
omnia [4] vincit. Iustificatur ergo in iis, qui humiliati sensu suo cedunt et huic [5]
credunt. Vincit autem in iis, qui discredunt et Iudicant ipsum et contradicunt. [6] Illis os incrédulos se oponham [18] e o julguem, pois, eles irão condená-
est signum ‘positum in resurrectionem, istis in ruinam’, et [7] ‘signum, cui lo 'em suas palavras'.
contradicunt’ i. e. Iudicant, Sed frustra. Eodem modo [8] et voluntas Dei petitur fieri
i. e. Vt verbum eius et quodcunque opus eius [9] siue prosperum siue aduersum Seja: Testemunho da veracidade de Deus
cum nostro beneplacito et voluntarie [10] suscipiatur. Coroll⌊arium. Ergo impletio _______________________________________________________
huius voluntatis est potius [11] impletio nostrȩ voluntatis petita, sc. vt nos velimus,

85
[19] Na verdade, uma coisa é dizer que Deus é simplesmente A Palavra do Evangelho sempre Triunfa
“justificado” e outra, é dizer que Deus é “justificado em [20] suas _______________________________________________________
palavras ou obras”. Assim, também há diferença em Deus ser
'julgado' e [21] em ser 'julgado em palavras'. Da mesma forma, [é [4] Ele é, portanto, justificado naqueles que cedem ao
diferente dizer] Deus 'conquista' de, Deus 'conquista por suas sentimento de humildade [por não querer confiar em suas próprias
palavras” [22]. Porque, Deus não pode ser justificado em si mesmo palavras] e acreditam nele. [5] Assim, ele triunfa sobre aqueles que
por ninguém, visto que ele é [23] a própria Justiça. Também não discordam e o julgam e o contradizem.
pode ser julgado, visto que ele mesmo é a lei externa, o julgamento
e a verdade. [24] E, ele também conquista tudo em si mesmo e não Justificado pela humildade
há necessidade de desejar e apoiar isso para ele. Assim, também _______________________________________________________
rogamos [25] “seja feita a sua vontade”, embora [saibamos que ela]
não possa ser evitada. [6] Para uns é um sinal 'posto para a ressurreição’, e para
outros [é um sinal] para a destruição', e [7] 'um sinal ao qual eles
Seja feita a sua vontade (concordar com o testemunho) contradizem' [Lc 2,34] isto é, eles julgam [a Deus], mas é em vão.
_______________________________________________________ Da mesma forma [8] [oramos para que] a vontade de Deus seja
feita, isto é, para que sua palavra e qualquer trabalho dele [9], seja
[26] Mas, então, Deus é justificado em suas palavras, quando favorável ou adverso, sejam aceitos por nós com prazer e de bom
sua palavra [27] é considerada por nós como justa e verdadeira e é grado [10].
recebida, o que é feito pela fé em [28] suas palavras. Em
contrapartida, ele é julgado por suas palavras, quando sua fala [29] Sinal de Ressurreição e Destruição
é considerada falsa e mentirosa, o que é feito através da _______________________________________________________
incredulidade e do 'orgulho [30] da mente do nosso coração', como a
santa virgem cantou [Lc 1:51]. Corolário. Portanto, [quando oramos para] que “seja feita a sua
Pois, a nossa sabedoria [31] não apenas não acredita nem se vontade” é antes [11] o cumprimento da nossa vontade que
submete às palavras de Deus, mas também pensa que elas não são pedimos, para que se cumpra segundo a vontade de Deus. [12]
as palavras de Deus, [nega a palavra de Deus] [32], e acredita [que Deus quer coisas que são difíceis e árduas e que excedem
suas próprias palavras] são as palavras de Deus e presume que completamente a nossa vontade [por isso oramos]. [13]
sejam verdadeiras. [33] Como é a tolice dos judeus, dos hereges e
de todos os homens obstinados [213] [1]. Seja feita a sua vontade (capacidade para nossa vontade)
______________________________________________________
Negar as palavras de Deus
_______________________________________________________ Assim, também a justificação de Deus “em suas palavras”, é
antes a nossa justificação [14]; E o julgamento ou condenação
Mas ele também vence por suas palavras, quando a sua [contra Deus] está antes de acordo com [15] o texto Mc 16:16: 'Mas
palavra [2] prevalece sobre todos aqueles que tentam o contrário, aquele que não crer será condenado.'
como aconteceu com o Evangelho, [3] que sempre triunfa e tem
triunfado. Pois a verdade triunfa sobre todos.
86

Você também pode gostar