Antes mesmo de ser concebido, eu já tinha consciência de havia algo diferente, um
sentimento, um aviso e junto uma pergunta, o garoto cujo a existência foi programada por alguém presente no próprio Pendor das Sombras, alguém me queria vivendo no Plano Material e ele conseguiu. Minha mãe faleceu no meu nascimento, um parto de risco. Um bebê pálido e de pele tão gélida que era quase como um cadáver que respirava e chorava. Ao mesmo tempo em que nasci um poder latente de procedência desconhecida veio junto do meu ser. Eternova, um reino regido por mãos tiranas com legado de ferro. Sir. Callum Vos Greyevous, General do Exército e meu pai. Apesar do Rei não ser um exemplo de líder, meu pai seguia suas ordens a risca, afinal, esse era o seu trabalho, mas isso não durou muito tempo. Meu pai e algumas outras pessoas estavam cansadas da tirania do Rei, e estavam planejando minuciosamente uma rebelião, um golpe de estado, para finalmente derrubar a coroa manchada de tirania. Meu pai ao decorrer de seus anos como general foi plantando sementes nas mentes de seus soldados, sementes, cujo objetivo era mostrar como o atual Rei não era um exemplo de líder a ser seguido. Alguns acataram a ideia e outros não. Cinco anos após o meu nascimento foi quando a rebelião explodiu, uma declaração de guerra com o desejo fervoroso de liberdade, igualdade e coragem para derrubar o tirano. A rebelião se instalou no Reino, e durante dezessete anos foi travada uma grande e sangrenta guerra. Desde os meus cinco anos eu convivi no centro da Aliança Rebelde, meu pai sempre tentou em ensinar suas habilidades de combate e estratégias de um cavaleiro dentro de campo, mas eu nunca fui o mais inteligente e muito menos tinha o corpo forte, então deixei o combate de lado e tentei procurar outros meios de ajudar a rebelião. Estudando em livros e assistindo alguns rebeldes manipulando a realidade e a matéria de maneira incompreensível, eu me “lembrei” de uma sensação que eu já havia sentido antes, novamente, um sentimento, um aviso, uma declaração e uma pergunta, que agora eu tinha a resposta: Magia. Eu descobri que diferente de alguns outros praticantes de magia da rebelião, eu não precisei estudar para utilizar magia, eu nasci com ela, um dom, do bem ou do mau, eu já não sei, mas com certeza um dom. E finalmente eu teria uma maneira de conseguir auxiliar a rebelião em zona de combate, frente a frente com o perigo, encarando a morte. Por longo dezessete anos dentro da Aliança Rebelde eu segui aprimorando e descobrindo mais sobre a Magia Latente desconhecida dentro do meu ser, nunca imaginaria que alguém tão desprovido de força como eu poderia ser tão útil em combate, a magia é realmente um dom incrível, porém, enquanto mais eu entendia e aprimorava as minhas habilidades, mais eu entendia que ela não era proveniente de energias boas, afinal, um homem caminhar mesmo pálido e de pele tão gélida quanto um cadáver, não era proveniência de algo divino. E foi em uma noite que isso se provou verdade. Era noite de Lua Nova, linda no céu, reluzente, eu estava de guarda nessa noite, toda via, os grilos, o brilho da Lua e a leve brisa que pairava no ar, me deixaram tão confortável que eu simplesmente dormi. Eu me vejo em um espaço levemente translúcido e sombrio, conseguia enxergar uma cidade, eu estava em um beco, mas de uma forma astral e não física, e lá estava, uma silhueta de chifres com olhos azuis que eram a única coisa “visível” dela, ela estava encarando até os confins da minha alma, me senti sufocado, tentei falar, porém, não havia propagação de som, mas, uma voz calma e cava ressoava na minha mente, como se estivesse sendo emitida de todos os lados, dizendo: – Garoto Herdeiro. Cuidado, o caminha das sombras é traiçoeiro, requer disciplina e dedicação. A sombra não é somente a ausência de luz, mas sim portadora de mistérios e energia, use-as, mas não se deixe ser consumido por elas, igual eu fui. – Eu despertei do sono com essa memória recente na minha mente, imediatamente esqueci do sono e fui em busca de procurar algo sobre a minha árvore genealógica, porém não encontrei nada, perguntei ao meu pai sobre algum homem de chifres e ele disse que já encontrou muitos, porém, até onde ele sabe, em nossa família nunca teve nenhum deles, a minha curiosidade disparou. Chegado no fatídico dia, enquanto estávamos voltando de um batalha nós fomos emboscados, tentamos reagir, porém muito morreram, meu pai infelizmente faleceu, e os que sobraram foram levados para os calabouços. Depois desse dia eu tracei meu objetivo: Vingar meu pai e retirar o reino das mãos do Rei Tirano e após isso compreender mais sobre meus antepassados e meus poderes.