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Identificação de vítimas de violência


doméstica: conhecimentos e condutas de
cirurgiões – dentistas

Patrícia Silveira Damasceno Ana Cristina de Mello Fiallos


Universidade Federal do Ceará - UFC Universidade Federal do Ceará - UFC

Patrícia Maria Costa Oliveira Regina Glaucia Lucena Aguiar Ferreira


Centro Universitário Christus Universidade Federal do Ceará - UFC

Vanara Florêncio Passos


Universidade Federal do Ceará - UFC

'10.37885/220508921
RESUMO

Objetivo: Descrever o conhecimento e a conduta de cirurgiões-dentistas, servidores docentes


e não docentes de um curso de Odontologia de uma universidade pública acerca de violência
doméstica. Métodos: Estudo descritivo, transversal, de natureza quantitativa. A amostra foi
composta de 41 cirurgiões-dentistas de uma instituição pública de ensino. Os dados foram
coletados por meio de questionário online estruturado. Coletaram-se informações sobre o
perfil sociodemográfico, a percepção e atitude sobre a violência intrafamiliar e o conheci-
mento sobre a legislação. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva,
utilizando-se o software Statistical Packcage for the Social Sciences® (SPSS) versão 22.0
para Windows. Foram empregados os testes “Qui-quadrado de Pearson” e “Exato de Fisher”,
com intervalo de confiança de 95%. Resultados: No que diz respeito ao diagnóstico de
lesões decorrentes de violência doméstica, 73,2% dos cirurgiões-dentistas não receberam
nenhum treinamento, enquanto 48,8% afirmaram não se sentirem capacitados para o diag-
nóstico. Ademais, 46,3% afirmaram já ter suspeitado de situação de violência doméstica,
(em 68,4% dos casos, as vítimas eram crianças), mas somente 21,0% notificaram o caso
ou comunicaram ao Conselho Tutelar. Na maioria das situações, a face foi o sítio mais aco-
metido (73,7%). Lesões intraorais foram visualizadas em 52,6% dos casos. Constatou-se
desconhecimento da legislação pertinente e dos instrumentos utilizados, como a ficha de
notificação. Observou-se relação entre ter recebido treinamento e suspeitar de lesões decor-
rentes de violência doméstica (p=0,019); e entre ter recebido treinamento e saber notificar
a violência doméstica (p=0,021). Verificou-se também relação entre suspeitar de violência
doméstica e sentir-se capacitado para o diagnóstico (0,015). O preparo da equipe e a capa-
citação do estudante ainda na graduação foram citados como fatores que contribuem para
o preparo dos profissionais para o manejo de vítimas de violência doméstica. Conclusão:
Existem lacunas de conhecimento dos cirurgiões-dentistas participantes desta pesquisa em
relação à notificação da violência doméstica, bem como acerca da legislação vigente sobre
a temática. O estudo sugere que o fato de o profissional ter recebido treinamento aumenta
as chances de ele suspeitar de situações de violência doméstica e de notificar a ocorrência.

Palavras-chave: Violência, Conduta, Conhecimento, Cirurgiões-Dentistas.


Anualmente, registram-se mais de 1,3 milhão de mortes decorrentes da violência, em
suas diversas formas: autodirecionada, interpessoal ou coletiva, correspondendo a 2,5% da
mortalidade global. Na população de 15 a 44 anos de idade, a violência é a quarta principal
causa de morte em todo o mundo. Ademais, diariamente, milhares de pessoas são vítimas
de violência não fatal, por meio de agressões físicas, abusos sexuais ou psicológicos, ou
ainda envolvendo abandono, negligência e privação de cuidados. Estudos demonstram
que cerca de 20% das mulheres e de 5 a 10% dos homens foram abusados sexualmente,
quando crianças (WHO, 2014).
A violência interpessoal é aquela que ocorre entre membros de uma família, parceiros
íntimos, amigos, conhecidos e desconhecidos, e que inclui maus-tratos contra a criança,
jovens, mulheres e idosos (KRUFFG et al. 2002). Uma revisão sistemática conduzida por
Hillis e colaboradores (2016) mostrou que 75% das crianças de 2 a 4 anos de idade sofre-
ram trauma físicos ou psicológicos provocados por seus cuidadores no período de um ano.
Nos Estados Unidos, aproximadamente, uma a três mulheres e um a dez homens maiores
de 18 anos já sofreram violência doméstica. Não obstante a alta prevalência relatada nos
estudos, acredita-se que as estatísticas reais sejam maiores, especialmente nas populações
de baixa renda (SEDDIGHI et al. 2021).
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública coletou dados de alguns estados brasileiros,
referente aos meses de março e abril de 2020, no intuito de verificar a variação nos níveis
de violência doméstica, nos primeiros dias das medidas de isolamento social decretadas no
país. Observou-se que os números de feminicídios e homicídios de mulheres apresentaram
crescimento, indicando que a violência doméstica e familiar também esteve em ascen-
são durante a pandemia da Covid-19 (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA,
2020; LUZ, 2020).
Com relação à região do corpo afetada, estudos de prevalência demonstram ser a
cabeça, o pescoço e a cavidade oral, sítios frequentemente envolvidos em situações de
violência física, sob forma de arranhões, escoriações, hematomas e petéquias, especial-
mente localizadas no pescoço, rosto, olhos e boca. Tais lesões podem levar as vítimas a
procurarem tratamento odontológico, deixando o cirurgião-dentista numa posição favorável
para a identificação de casos de violência doméstica (GARBIN et al. 2011; COSTACURTA
et al. 2015; MASSONI et al. 2010). Nos casos de abuso infantil, as evidências, na região de
cabeça e pescoço, podem aparecer lesões inexplicadas, petéquias no palato, marcas de
mordida, escoriações, lacerações em padrão ovoide, dentre outras (DE SOUZA et al. 2016)
Diante da identificação de casos suspeitos ou comprovados de violência doméstica,
em sua atividade laboral, profissionais da saúde têm a obrigação legal e moral de notificar
o caso. Para tal o profissional deve ser capaz de diagnosticar essas situações, conhecer

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seus aspectos legais, bem como as políticas públicas de saúde adotadas no país, estado
e município em que atua, contribuindo, assim, para redução do problema (SALIBA et al.
2007; GARBIN et al. 2016).
Nesse sentido a Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011, o Ministério da Saúde prevê
a obrigatoriedade da notificação compulsória dos casos de agravos e doenças, incluindo a
violência, o que contribui para o conhecimento do perfil epidemiológico desta última e seu
controle (MINAYO, 2010). Apesar dos avanços, a violência ainda passa despercebida por
profissionais de saúde, resultando na subnotificação dos casos, seja por falta de conhecimen-
to, seja pela inexistência de regulação dos procedimentos técnicos, ou mesmo pela ausência
de mecanismos de proteção ao sujeito que notifica (ALMEIDA et al. 2012; MOREIRA et al.
2013; VELOSO et al. 2013).
Baseado nesse contexto e no intuito de descrever o conhecimento de cirurgiões-dentis-
tas acerca da identificação, bem como das condutas adotadas diante de casos de violência
doméstica, realizou-se o presente estudo. Espera-se contribuir para a adequação dos cur-
rículos de graduação, no tocante a esta temática, e para a formulação de políticas públicas
que visem à redução deste problema de saúde pública.

MATERIAIS E MÉTODOS

Desenho do Estudo e Sujeitos da Pesquisa

Trata-se de um estudo observacional, descritivo, transversal, de natureza quantitativa,


tendo como população de estudo os cirurgiões-dentistas (docentes e não docentes), atuantes
nas disciplinas clínicas do Curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e
Enfermagem (FFOE), da Universidade Federal do Ceará (UFC). A população de estudo era
composta por 51 cirurgiões-dentistas (CD), entretanto, participaram do estudo 41 profissio-
nais, que estavam atuando por ocasião da coleta dos dados e que consentiram em participar
da pesquisa, por meio Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Coleta dos Dados

O instrumento de coleta de dados constituiu-se de um questionário estruturado, disposto


em um formulário Google, que foi enviado por e-mail aos participantes, com o TCLE. As per-
guntas versavam sobre o conhecimento dos profissionais acerca da violência doméstica
e as respectivas condutas, diante de situações de violência doméstica. As 19 perguntas
eram objetivas, e o instrumento foi previamente testado junto a cirurgiões-dentistas que

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trabalhavam em outra Faculdade de Odontologia, e, por conseguinte, não fizeram parte do
estudo. Os dados foram coletados nos meses de abril a julho de 2021.

Análise dos Dados

Os dados coletados foram postos em uma planilha do programa Excel 2019, poste-
riormente, exportados para o software Statistical Packcage for the Social Sciences (SPSS)
versão 22.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA), e analisados por meio de estatística descritiva,
adotando-se um intervalo de confiança de 95% (p ≤ 0,05). Na análise, foram empregados
os testes “Qui-quadrado de Pearson” e “Exato de Fisher”.

Considerações Éticas

Em obediência aos preceitos da Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 466,


de 12 de dezembro de 2012, que rege as pesquisas com seres humanos, o estudo foi sub-
metido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará,
tendo sido aprovado sob o parecer Nº 4.565.641.

RESULTADOS

Dentre os participantes do estudo, 22 (53,7%) eram homens. Os profissionais tinham


de 33 a 70 anos de idade, sendo a faixa mais prevalente dos 50 aos 59 anos (48,7%).
Quanto ao tempo de exercício profissional, a maioria possuía de 30 a 40 anos de gradua-
ção (35,5%). Os profissionais eram especialistas em diferentes áreas, conforme se pode
verificar na Tabela 1.

Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos cirurgiões-dentistas servidores de uma instituição pública de ensino. Fortaleza
(CE), 2021.
Sexo N %
Feminino 19 46,3%
Masculino 22 53,7%
Idade N %
30-39 anos 9 21,9%
40-49 anos 9 21,9%
50-59 anos 20 48,7%
60-69 anos 2 4,9%
70-79 anos 1 2,4%
Especialização N %
CTBMF 7 17,0%
Cariologia 1 2,4%
Dor orofacial 1 2,4%
Dentística 4 9,7%
Endodontia 6 14,6%

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Sexo N %
Estomatologia / patologia bucal 2 4,8%
Odontopediatria 5 12,1%
Ortodontia 4 9,7%
Prótese dentária 8 19,5%
Saúde coletiva 4 14,6%
Radiologia 2 4,8%
Periodontia 1 2,4%
Harmonização orofacial 1 2,4%
Pacientes especiais 1 2,4%
Implantodontia 1 2,4%
Tempo de graduação N %
5-20 anos 13 31,7%
21-30 anos 10 24,3%
31-40 anos 15 35,5%
41-50 anos 3 7,5%
Total N %
41 100%

No que diz respeito ao diagnóstico de lesões decorrentes de violência doméstica, 73,2%


dos cirurgiões-dentistas não receberam nenhum treinamento, enquanto 26,8% foram capa-
citados, tendo sido a maioria (36,4%) em cursos de pós-graduação. Quanto à segurança/
capacidade de diagnosticar lesões decorrentes de violência doméstica, 48,8% afirmaram
não se sentirem capacitados. Indagou-se aos profissionais que haviam suspeitado de lesões
decorrentes de violência, qual a atitude tomada perante tal situação, constatando-se que
somente 21,0% deles tinham notificado o caso ou comunicado ao Conselho Tutelar.
Ademais, 46,3% afirmaram já ter suspeitado de situação de violência doméstica, e,
em 68,4% dos casos, as vítimas eram crianças. Na maioria das situações, a face foi o
sítio mais acometido (73,7%). Lesões intraorais foram visualizadas em 52,6% dos casos,
conforme Tabela 2.

Tabela 2. Perfil epidemiológico dos casos suspeitos de violência doméstica pelos cirurgiões-dentistas servidores de uma
instituição pública de ensino. Fortaleza (CE), 2021.
Suspeita de lesões por violência doméstica N %
Sim 19 46,3%
Não 20 48,8%
Não sei informar 2 4,9%
Vítimas N %
Crianças 13 68,4%
Adolescentes 2 10,5%
Adultos 6 31,6%
Idosos 2 10,5%
Região acometida N %
Cabeça 2 10,5%
Face 14 73,7%
Tronco 3 15,8%
Membros superiores 7 36,8%

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Suspeita de lesões por violência doméstica N %
Membros inferiores 3 15,8%
Presença de lesões intraorais N %
Sim 10 52,6%
Não 9 47,4%

Em relação à conduta a ser tomada, caso ao percebesse que o seu paciente sofrera
violência doméstica, a maioria dos profissionais responderam que o orientariam a procurar
ajuda (58,5%), enquanto 51,2% disseram que teriam necessidade de obter informações sobre
as medidas legais cabíveis. Apenas 2,4% dos participantes responderam que notificariam
o fato aos órgãos responsáveis; outros 2,4% não souberam informar e 4,8% responderam
que tomariam outras medidas.
No que diz respeito ao conhecimento da legislação, 51,2% afirmaram saber o signifi-
cado de notificação compulsória, entretanto, 68,3% não sabiam como notificar um caso de
violência doméstica, e 85,4% não conheciam a ficha de notificação (Tabela 3).

Tabela 3. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas servidores de uma instituição pública de ensino sobre a notificação
da violência doméstica. Fortaleza (CE), 2021.
Significado de notificação compulsória N %
Sim 21 51,2%
Não 18 43,9%
Não sei informar 2 4,9%
Como notificar N %
Sim 7 17,1%
Não 28 68,3%
Não sei informar 6 14,6%
Acredita que é dever notificar N %
Sim 34 82,9%
Não 1 2,4%
Não sei informar 6 14,6%
Acredita que é legalmente obrigado a notificar N %
Sim 30 73,2%
Não 3 7,3%
Não sei informar 8 19,5%
Conhece a ficha de notificação N %
Sim 5 12,2%
Não 35 85,4%
Não sei informar 1 2,4%

Com relação ao local de notificação da violência contra a mulher, contra a criança/


adolescente e contra o idoso, foi possível constatar que 63,4% dos participantes fariam a
notificação na polícia militar; no caso da vítima ser mulher, 78% dos profissionais fariam a
notificação no Conselho Tutelar, em se tratando de criança/adolescente, e 46,3% se dirigi-
riam à polícia militar para fazer a notificação da violência conta o idoso.

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Não se verificou associação entre as variáveis: gênero, tempo de graduação e local de
treinamento e as seguintes variáveis: detecção de lesões intraorais, suspeita de violência
pelo cirurgião-dentista e notificação do caso.
Ao se avaliar a relação entre ter recebido treinamento e a detecção de lesões intraorais,
não foi detectada associação (p>0,05). Entretanto, houve associação entre as variáveis: ter
recebido treinamento e suspeitar de lesões decorrentes de violência doméstica (p=0,019);
e entre ter recebido treinamento e saber notificar a violência doméstica (p=0,021). Isso
demonstra que o fato de ter recebido treinamento aumenta as chances de suspeitar de
situações de violência doméstica e de notificar a ocorrência (Figuras 1 e 2).

Figura 1. Associação entre as variáveis ter recebido treinamento e suspeitar de lesões decorrentes de violência.

* p<0,05.
Figura 2. Associação das variáveis ter recebido treinamento e saber como notificar.

* p<0,05.

Para as variáveis tempo de graduação e suspeitar não se verificou associação (p=0,486),


assim como não houve associação entre ter recebido treinamento e a conduta adotada

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(p=0,114). Já em relação às variáveis: suspeitar de violência doméstica e sentir-se capa-
citado, observou-se associação (p=0,015), mostrando que o fato de se sentir capacitado,
aumenta as chances de se suspeitar de situações de violência doméstica.
Sobre a necessidade de que essa temática seja amplamente discutida nos currículos
de graduação, 100% dos participantes afirmaram ser necessário, e, sobre o que poderia
ser feito para melhorar o serviço de saúde ou para torná-lo mais apto a lidar com pessoas
vítimas de violência, a maioria indicou as seguintes medidas: preparar a equipe de profis-
sionais (90,2%) e capacitar os alunos (87,8%) para o manejo desses pacientes (Tabela 4).

Tabela 4. Melhorias para o serviço de saúde diante de casos de pacientes vítimas de violência doméstica. Fortaleza (CE),
2021.
POSSÍVEIS MELHORIAS N %
Preparar a equipe de profissionais para atender esses casos 37 90,2%
Capacitar os alunos para atender esses casos destacando o manejo desses pacientes 36 87,8%
Orientar melhor os pacientes 25 61,0%
Não precisa melhorar 1 2,4%
Não sei informar 1 2,4%
Outro 2 4,8%

DISCUSSÃO

De acordo com os achados da presente pesquisa, 43,6% dos profissionais já haviam


suspeitado de estar diante de lesões decorrentes de violência doméstica, e, entre estes,
68,4% declararam serem as vítimas crianças. Mais da metade deles observou a presença
de lesões intraorais. Por outro lado, 73,2% dos cirurgiões-dentistas não receberam nenhum
tipo de treinamento.
Apesar de 51,2% dos sujeitos saberem o significado de notificação compulsória, 68,3%
não sabiam como notificar um caso de violência doméstica, e 85,4% desconheciam a ficha
de notificação. Sendo assim, o percentual daqueles que, diante dos casos suspeitos, efe-
tuaram a notificação foi de apenas 21%, denotando a falta de conhecimento/preparo para
lidar com tais situações. Estes resultados vão ao encontro de outros estudos (SALIBA et al.
2007; GARBIN et al. 2016), nos quais se verificou ausência (ou insuficiência) de capacita-
ção profissional voltada para a notificação de casos de violência familiar e de um protocolo
padrão a ser seguido.
Diante desse panorama de falta de informação, AlAlyani, et al. (2017), observaram que
a inclusão desta temática nos currículos de Odontologia capacita os futuros cirurgiões-den-
tistas no tocante ao manejo de vítimas de violência doméstica, uma vez que aqueles que
tiveram formação sobre o assunto durante o curso de graduação mostraram-se duas vezes
mais capacitados que aqueles que não tiveram a mesma oportunidade. De modo similar, a
abordagem desta temática em cursos de educação continuada aumentou em 5,2 vezes a

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identificação dos casos pelos cirurgiões-dentistas. Com efeito, o treinamento de estudan-
tes e profissionais no manejo de casos suspeitos de violência doméstica pode contribuir
para o rompimento do ciclo de violência, pela mudança de atitudes em relação às vítimas
(SALIBA et al. 2007).
Por outro lado, outras pesquisas demonstraram que capacitações de curta duração
voltadas para o manejo de situações e de vítimas de violência doméstica no ambiente odon-
tológico pode até contribuir para melhorar o conhecimento e as atitudes dos profissionais,
entretanto, pode também levar a uma falsa confiança, sendo recomendado treinamentos
mais aprofundados e o desenvolvimento de processos apropriados para lidar com vítimas
de abuso (HSIEH et al. 2006; HENDLER e SUTHERLAND, 2007).
Wafa e Ehab (2017) constataram que aproximadamente 83% dos dentistas reconheciam
sua importância na redução da prevalência da violência doméstica, mas citaram como bar-
reiras: a inexistência de treinamento e a falta de conhecimento sobre os locais de referência
para encaminhar os pacientes. O constrangimento gerado ao se abordar o assunto com as
vítimas também foi citado, especialmente quando estas se encontravam na companhia de
parentes ou de parceiros.
Na presente pesquisa, de todos os respondentes afirmaram haver necessidade de se
abordar a violência doméstica nos currículos de graduação, e 36,4% daqueles que receberam
informações sobre o tema afirmaram ter ocorrido em cursos de pós-graduação. Segundo
Garbin e colaboradores (2017), a inserção da temática da violência doméstica nos currícu-
los de graduação contribui para o desenvolvimento por parte do sujeito de uma consciência
crítica voltada para o reconhecimento de seu potencial de atuar contra a violência.
Com efeito, a graduação em Odontologia no Brasil ainda é centrada no ensino tecnicista,
que prioriza o desenvolvimento técnico do graduando. Dessa forma, compreende-se a razão
do despreparo do profissional diante de uma situação de violência doméstica, embora, em
alguns cursos de pós-graduação, o assunto seja abordado em decorrência da necessidade
específica da área de especialização, como no caso da cirurgia buco-maxilo-facial. O forta-
lecimento desta temática nos currículos de graduação em Odontologia e a implementação
de programas de formação continuada para cirurgiões-dentistas tornam-se imperativos, no
intuito de capacitá-los para a compreensão do fenômeno da violência para além das abor-
dagens fisiopatológicas.
No presente estudo, observou-se que 52,6% dos cirurgiões-dentistas suspeitaram de
lesões intraorais decorrentes de violência doméstica, sendo aquelas localizadas na face
as mais prevalentes (73,7%), corroborando os achados de Silva e colaboradores (2017),
no tocante ao sítio das lesões, entretanto, neste último apenas em 16,7% dos casos se
constataram lesões intra-orais. Torna-se evidente, pois, que o cirurgião-dentista é um dos

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profissionais de saúde mais susceptíveis a se deparar com lesões decorrentes de violência
doméstica, devido aos sítios frequentemente envolvidos. Durante uma anamnese criteriosa,
é possível conferir se a história descrita pelo paciente ou responsável está condizente com o
ferimento apresentado. Lacerações na cavidade oral, dentes fraturados, lesões decorrentes
de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), petéquias e eritemas em palato mole e duro,
podem ser indícios de violência sofrida pelo paciente. O cirurgião-dentista deve ficar atento
para a possível correlação entre esses sinais e situações de violência (SILVA et al. 2017).
Com relação à notificação, 82,9% dos sujeitos do presente estudo tinham conhecimento
do seu dever de notificar os casos suspeitos, entretanto, apenas 17,1% sabiam como notifi-
car. A notificação compulsória foi criada em 1975 no Brasil, sendo obrigatória para todos os
profissionais de saúde, sejam da rede pública ou privada. É realizada por meio do Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) que tem como objetivo coletar, transmitir
e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das
três esferas de governo, por intermédio de uma rede informatizada, para apoiar o processo
de investigação e dar subsídios à análise das informações de vigilância epidemiológica das
doenças de notificação compulsória (BRASIL, 2006).
Vale ressaltar que a notificação compulsória é fundamental para proporcionar dados
epidemiológicos fidedignos, possibilitando um planejamento satisfatório de ações voltadas
para a prevenção de casos de violência doméstica. A ficha de notificação permite o deta-
lhamento do registro de informações fiéis sobre a ocorrência, devendo estar acessível nas
rotinas das instituições. Por meio da notificação compulsória é possível se conhecer a real
prevalência e a gravidade dos casos, definindo-se assim a forma adequada das ações para
o enfrentamento do problema. No presente estudo observou-se que somente 12,2% dos
profissionais conheciam a ficha de notificação.
Para alguns autores a subnotificação dos casos de violência doméstica detectados por
cirurgiões-dentistas pode estar associada ao despreparo dos profissionais para o manejo
dos casos, bem como à ausência dessa temática na graduação, entretanto, outros fatores
podem estar envolvidos, tais como o receio do profissional de se envolver no caso e o fato
de se tratar de uma temática pouco explorada (SOUSA et al. 2012; MATOS et al. 2013;
Muhammad et al. 2021).
Estudos demonstram que existe subnotificação dos casos por profissionais de saúde,
sugerindo a existência de uma lacuna entre a identificação dos casos e sua notificação
(AZEVEDO et al. 2012; CLARKE et al. 2019; RONNEBERG et al. 2019). Ainda que sejam
capazes de identificar um caso suspeito, muitos profissionais não sabem como proceder. Para
além da falta deste conteúdo sobre essa temática nos currículos dos cursos de graduação
e à falta de treinamento, a reduzida taxa de notificações pode estar associada também ao

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receio de efetuar a notificação e falta de conhecimento sobre o amparo legal nesses casos
(GARBIN et al. 2016; CONDORI et al. 2018).
A responsabilidade jurídica do profissional de saúde com relação à notificação en-
contra-se na Lei Federal nº 10.778, que preconiza que a inobservância das obrigações
estabelecidas nesta Lei se traduz em infração, ficando o profissional de saúde sujeito às
penas previstas no âmbito penal, bem como àquelas previstas no seu Código de exercício
profissional28. A Lei ° 13.931/19, promulgada em 2019, estabelece que casos de mulheres
atendidas pelo serviço de saúde público ou privado, em que houver indícios ou confirmação
de violência, deverão ser comunicados à autoridade policial no prazo de 24 horas, para as
providências cabíveis e para fins estatísticos (BRASIL, 2019).
Pesquisadores apontam como principais causas da subnotificação dos casos de violên-
cia: a falta de capacitação dos profissionais, a falta de credibilidade dos órgãos competentes
em atuarem satisfatoriamente, especialmente quanto às medidas protetivas às vítimas e o
medo de sofrer ameaça dos autores da violência, dentre outras (CRUZ et al. 2011; ALMEIDA
et al. 2012; BRASIL, 2019). A notificação é uma das estratégias do Ministério da Saúde para
a implementação de políticas públicas de vigilância e assistência às vítimas (SANTOS et al.
2010; DESLANDES, 2011). É necessário, pois, que se criem mecanismos para a redução
da subnotificação de casos de violência doméstica de vítimas que são atendidas por profis-
sionais de saúde, em especial, cirurgiões-dentistas.
Observou-se também neste estudo que o fato de o sujeito ter recebido treinamento
aumenta as chances de ele suspeitar de situações de violência doméstica e de notificar
adequadamente a ocorrência, o que enfatiza a importância da capacitação, já recomendada
por outros autores.
Desse modo, reitera-se a importância desta temática nos currículos de graduação em
Odontologia e o contínuo treinamento profissional, de forma a promover uma Educação
Permanente no que diz respeito ao manejo de vítimas de violência doméstica em institui-
ções de ensino e nos serviços de saúde. Só assim pode-se melhorar a compreensão e a
identificação de casos suspeitos e seguir as condutas adequadas e preconizadas por lei
(DEMARCO et al. 2021).
Este estudo apresenta limitações por se tratar de uma amostra pequena, não podendo
os resultados ser generalizados, entretanto, pode-se considerá-la representativa da população
de estudo, haja vista corresponder a 80,3% dos cirurgiões-dentistas da instituição pesquisada.

CONCLUSÃO

Existem lacunas de conhecimento dos cirurgiões-dentistas participantes desta pesquisa


em relação à notificação da violência doméstica, bem como acerca da legislação vigente

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sobre a temática. O estudo sugere que o fato de o profissional ter recebido treinamento
aumenta as chances de ele suspeitar de situações de violência doméstica e de notificar a
ocorrência. Sendo assim, ressalta-se a importância do fortalecimento desta temática nos
currículos de graduação em Odontologia, e o contínuo treinamento do cirurgião-dentista,
por meio da educação continuada em serviço, contribuindo, assim, para a compreensão
e a identificação de casos suspeitos de violência doméstica e para a adoção de condutas
adequadas e previstas na legislação pertinente.

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