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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES


E RODOVIAS

CLEYTON SILVA FERREIRA

VIABILIDADE DO PAVIMENTO ECONÔMICO EM VIAS URBANAS DE


JI-PARANA, RONDÔNIA

PORTO VELHO
2015
CLEYTON SILVA FERREIRA

VIABILIDADE DO PAVIMENTO ECONÔMICO EM VIAS URBANAS DE


JI-PARANA, RONDÔNIA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado a Universidade Cidade de
São Paulo – UNICID, para obtenção do
título de Pós-Graduação no curso de
Infraestrutura de Transportes e Rodovias,
sob orientação do Professor Mestre
Francisco Heber Lacerda de Oliveira.

PORTO VELHO
2015
CLEYTON SILVA FERREIRA

VIABILIDADE DO PAVIMENTO ECONÔMICO EM VIAS URBANAS DE


JI-PARANA, RONDÔNIA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado a Universidade Cidade de
São Paulo – INICID, para obtenção do
título de Pós-Graduação no curso de
Infraestrutura de Transportes e Rodovias,
sob orientação do Professor Mestre
Francisco Heber Lacerda de Oliveira.

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado: ______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ____________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo _____________________________________
Dedico esse trabalho aos meus pais, e
familiares pelo apoio e incentivo aos meus
estudos e aperfeiçoamentos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos colegas engenheiros e técnicos do Laboratório de Solos da


USP São Carlos/SP e SENAI Ji-Paraná/RO.
RESUMO

A pavimentação para um município é de vital importância, pois gera a integração


física com as demais cidades e barateia os custos de escoamento da produção dos
produtores, no Estado de Rondônia em uma abordagem mais tradicional se utiliza
em sua grande maioria a pavimentação asfáltica flexível com base de solo
estabilizado granulometricamente com ou sem misturas. O presente estudo tem
como objetivo minimizar custos utilizando como base os solos in natura do local da
obra. Foi realizada uma pesquisa analítica do solo de amostras coletadas no
município de Ji-Paraná-RO, com o intuito de fazer uma comparação entre os
resultados foi realizado primeiramente a classificações tradicionais a qual
compreende os ensaios de granulometria, limite de liquidez e índices de
plasticidade, posteriormente esse mesmo solo foi classificado pelo método MCT,
desenvolvidas para regiões tropicais, foram realizados ensaios de compactação de
mini-MCV e perda de massa por imersão. Com as condições climáticas favoráveis
na região, as amostras de solo mostraram-se viáveis para a utilização do solo
laterítico com base para a execução de pavimentação de baixo custo, onde o
material estudado teve como resultados, uma base laterítica (SAFL), do tipo argiloso
laterítico (LG’), que na ordem de eficácia de qualificação é considerada “boa”, como
comportamento do solo para ser utilizado como base SAFL, apresentando uma
redução de custo em cerca de 74,13% da base convencional. Os resultados obtidos
se mostraram satisfatórios quanto a execução do pavimento utilizando a base SAFL,
e com uma redução considerável de custo para pavimentos de vias urbanas.

Palavras-Chaves: Solo laterítico, Baixo custo, Base SAFL.


ABSTRACT

Paving for a county is vitally important because it generates physical integration with
other cities and cheapens the disposal costs of the farmers' production, in the state of
Rondônia in a more traditional approach is used, for the most time, flexible asphalt
pavement with granulometry stabilized soil base with or without mixtures. This study
aims to minimize costs by using as base soils in nature from the site. It was
conducted analyzes of soil samples collected in the city of Ji-Paraná - RO, in order to
make a comparison between the results, it was first performed the traditional
classifications which comprises the grading tests, liquid limit and plasticity index, later
this same soil was classified by MCT method, developed for tropical regions,
compaction tests of mini-MCV and weight loss were performed by immersion. With
favorable weather conditions in the region, the soil samples were shown to be viable
for the use of laterite soil with a basis for inexpensive paving execution, where the
material studied had the results, a lateritic base (SAFL), type clayey laterite (LG')
which in qualifying order of efficacy is considered "good", such as soil behavior to be
used as SAFL base, presenting a cost reduction of about 74,13% of the conventional
base. The results were satisfactory as the execution of the floor using the SAFL
base, and with a considerable reduction of costs for urban roads pavements.

Key Words: Laterite ground, low cost, SAFL Base.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Tensões em um Pavimento............................................................... 19


FIGURA 2. Seção Típica de um Pavimento Flexível Transversal........................ 20
FIGURA 3. Seção Típica de um Pavimento Rígido.............................................. 22
FIGURA 4. Distribuição do Solo de Comportamento Laterítico e não
Laterítico no Brasil.......................................................................... 30
FIGURA 5. Gráfico de Classificação HRB-AASHTO........................................... 32
FIGURA 6. Classificação de Solos Adotado pela HRB-AASHTO....................... 33
FIGURA 7. Divisão dos Horizontes de Solos Lateríticos e Saprolíticos.............. 35
FIGURA 8. Gráfico de Classificação dos Solos – MCT....................................... 36
FIGURA 9. Foto ilustrativa e croqui do ensaio de compactação......................... 37
FIGURA 10. Foto ilustrativa e croqui do ensaio de perda de massa
por imersão..................................................................................... 37
FIGURA 11. Classificação de vias e Parâmetros de Tráfego.............................. 42
FIGURA 12. Localização de Ji-Paraná/RO.......................................................... 45
FIGURA 13. Região Metropolitana de Ji-Paraná/RO.......................................... 45
FIGURA 14. Localização da Coleta das Amostras.............................................. 45
FIGURA 15. Realização da Coleta 01................................................................. 46
FIGURA 16. Localização da Amostra 01............................................................ 46
FIGURA 17. Realização da Coleta 02................................................................ 46
FIGURA 18. Localização da Amostra 02............................................................ 46
FIGURA 19. Realização da Coleta 03................................................................ 47
FIGURA 20. Localização da Amostra 03............................................................ 47
FIGURA 21. Tipos de Solos da Região de Ji-Paraná/RO.................................. 50
FIGURA 22. Granulometria das Amostras......................................................... 55
FIGURA 23. Resultados de Expansão das Amostras........................................ 56
FIGURA 24. Resultados das Amostras Coletadas em Ji-Paraná/RO................ 57
FIGURA 25. Gráfico das Classificações MCT com a Localização das 03
amostras de solo............................................................................ 59
LISTA DAS TABELAS

TABELA 1. Terminologia das Bases.................................................................... 28


TABELA 2. Hierarquização das Classes dos Solos como subleito no Sistema
USCS e HRB-AASHTO .................................................................... 58
TABELA 3. Hierarquização das Classes dos Solos como Subleito no
Sistema MCT................................................................................... 58
TABELA 4. Classificação MCT dos Solos Naturais e
Correspondentes Comportamentos................................................ 59
TABELA 5. Custos Comparativos Final de Bases de Pavimentos ...................... 61
TABELA 6. Preço de Execução do Pavimento por Camadas.............................. 61
TABELA 7. Custos Comparativos de Preços por m2 de Pavimento.................... 62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% - Percentual
“ - Polegada
°C - Grau Celsius
A - areia
A’ - arenoso
AASHTO - American Association of State Highway and Transportation Officials
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ALA - bases de solo laterítico-agregado com mistura de areia
ASTM - American Society for Testing and Material
Aw - clima tropical com inverno seco
BPR - Bureau of Public Roads
c' - coeficiente de deformabilidade da classificação MCT
CBR - California Bearing Ratio
CBUQ - concreto betuminoso usinado a quente
cm - centímetro
CM-30 - asfalto diluído de petróleo
Cwa - clima quente com inverno seco
Cwb - clima temperado com inverno seco
d' - coeficiente que caracteriza o ramo seco da curva de compactação
obtida pelo método MCT
DER - Departamento de Estradas de Rodagem
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte
e’ - índice de classificação MCT, calculado em função de Pi e d’
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
g - grama
G’ - argiloso
GC - grau de compactação
HRB - Highway Research Board
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IG - índice de grupo
IP - índice de plasticidade
ISC - índice de suporte califórnia
kgf - quilograma força
km - quilometro
L - solos de comportamento laterítico, da classificação MCT
LA - areia laterítica quartzosa
LA’ - solo arenoso laterítico
LG’ - solo argiloso laterítico
LL - limite de liquidez
LP - limite de plasticidade
m - metro
m2 - metro quadrado
m3 - metro cúbico
MB - macadame betuminoso
MCT - Miniatura, Compactado, Tropical
MCV - Moisture Condition Value
Mini-CBR - ensaio de suporte da metodologia MCT
Mini-MCV - ensaio MCT ou valor de MCV da metodologia MCT
mm - milímetro
N - solos não laterítico
NA - areias, siltes e misturas de areias não laterítico
NA’ - misturas de areias quartzosas não laterítico
NBR - Norma Brasileira Registrada
NG’ - solo argiloso não laterítico
NS’ - solo siltoso não laterítico
Nt - número de eixo simples roda dupla
Pi - coeficiente que caracteriza a perda de massa por imersão, na
classificação MCT
PN - Proctor Normal
psi - libra por polegada quadrada
PV34 - Argissolos Vermelho, (PV Eutrófico+ PV Distrófico+ NV Eutrófico)
R$ - real
RR-2C - emulsão asfáltica de ruptura rápida
S’ - siltoso
SAFL - solo arenoso fino laterítico
SEDAM - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental
SLAD - bases de solo laterítico-agregado com mistura de brita
T - tonelada
TSD - tratamento superficial duplo
TSS - tratamento superficial simples
TST - tratamento superficial triplo
US$ - dólar
USCS - Unified Soil Classification System
USP - Universidade de São Paulo
εt - deformações de tração Os solos lateríticos representados pela letra
σz - tensão de compressão
SUMÁRIO

1. INTRODUCAO........................................................................................ 13

2. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................. 17
2.1 Definição de Pavimento........................................................................ 17
2.2 Classificação dos Pavimentos............................................................. 18
2.2.1 Pavimentos Flexíveis............................................................................ 18
2.2.2 Pavimentos Semirrígidos..................................................................... 20
2.2.3 Pavimentos Rígidos.............................................................................. 20
2.3 Camadas Integrantes de um Pavimento............................................. 21
2.3.1 Revestimento Utilizado no Estado de Rondônia................................ 22
2.3.1.1 Tratamento Superficiais................................................................ 23
2.4 Tipos de Bases..................................................................................... 24
2.4.1 Base Rígida........................................................................................... 24
2.4.2 Base Flexível......................................................................................... 25
2.5 Descrição dos Solos............................................................................ 27
2.5.1 Classificação dos Solos....................................................................... 29
2.5.1.1 Sistema de Classificação Unificada USCS.................................. 30
2.5.1.2 Sistema de Classificação HRB.................................................... 31
2.5.1.3 Sistema de Classificação, MCT................................................... 33
2.6 Pavimento de Baixo Custo................................................................. 37
2.6.1 Conceito................................................................................................. 37
2.6.2 Economia Estimada de Custo.............................................................. 38
2.6.3 Viabilidade de Economia...................................................................... 38
2.6.4 Estimativa de Custo na Pavimentação................................................ 39

3. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................ 42
3.1 Característica do Local de Estudo....................................................... 42
3.1.1 Coleta de Amostras............................................................................... 43
3.2 Caracterização Geotécnica dos Solos do Estado
de Rondônia........................................................................................... 46
3.2.1 Análise Granulométrica do Solo.......................................................... 50
3.2.2 Limites Físicos de Atterberg................................................................ 50
3.2.3 Compactação......................................................................................... 50
3.2.4 Determinação do Teor de Humidade................................................... 50
3.2.5 Capacidades de Suporte e Expansão.................................................. 51
3.2.6 Classificação do MCT............................................................................ 51
3.3 CBR – California Bearing Ratio............................................................ 51
4. RESULTADOS........................................................................................ 53
4.1 Caracterização Geotécnica................................................................... 53
4.1.1 Análise Granulométrica........................................................................ 53
4.1.2 Limites Físicos de Atterberg................................................................ 54
4.1.3 Compactação......................................................................................... 54
4.1.4 Capacidade de Suporte e Expansão.................................................... 55
4.1.5 Classificação MCT................................................................................. 56
4.1.6 Análise de Custo e Execução do Pavimento...................................... 59

5. CONCLUSÃO........................................................................................... 62

REFERÊNCIAS......................................................................................... 63
13

1. INTRODUÇÃO

O pavimento urbano é um sinônimo de progresso e desenvolvimento


socioeconômico para os municípios, pois visa atender as necessidades locais da
comunidade e ao mesmo tempo contribuir para as empresas instaladas na região
com transporte de mercadorias.
Para a comunidade no aspecto social, o pavimento significa o fim da
inconveniente convivência diária com os adventos dos efeitos climáticos agravados
com o clima na região amazônica o qual inclui o Estado de Rondônia, que tem um
alto índice pluviométrico no decorrer do ano, logo a falta de pavimentação das vias
urbanas leva os moradores locais a conviverem com a lama ou com a poeira no
período de seca. O pó, além de causar incômodos como a sujeira, pode intensificar
problemas respiratórios na população local. No período chuvoso as vias não
pavimentadas podem sofrer erosões e resultar em trechos intransitáveis
comprometendo assim o acesso dos moradores as suas casas, a trabalho, as
escolas, além de poder provocar o isolamento das pequenas comunidades
causando grandes perdas econômicas ao município.
A pavimentação para um município é de vital importância, pois gera a
integração física com as demais cidades, barateia os custos de escoamento da
produção dos produtores, torna as pessoas mais acessíveis aos serviços de saúde,
bens e serviços, melhora o tráfego e consequentemente a qualidade de vida de
todos.
Nas cidades rondonienses, assim como outras cidades do interior dos
estados do Brasil na sua grande maioria, apresentam um déficit de suas vias
urbanas pavimentadas, sendo que um dos principais fatores para tal situação é o
seu alto custo de execução.
No Estado de Rondônia em uma abordagem mais tradicional se utiliza em sua
grande maioria a pavimentação asfáltica flexível com base de solo estabilizado
granulometricamente com ou sem misturas, sendo revestida de tratamento
superficial duplo (TSD) de penetração invertida utilizando como ligante a emulsão
asfáltica de ruptura rápida (RR-2C), a vantagem deste tipo de pavimento, é que não
14

requer equipamentos caros nem mão de obra com alto conhecimento técnico para
sua execução. O custo para a implantação do pavimento superficial duplo (TSD) se
torna o mais atraente com uma boa durabilidade e atendendo assim as
necessidades da comunidade.
Em contraposição ao pavimento tradicional, (o qual grande parte dos
engenheiros rodoviários estão habituado a trabalhar) foi devolvida por engenheiros
nas últimas décadas estudos de novas tecnologias nacionais para executar
pavimentos de baixo custo utilizando solos lateríticos de regiões tropicais encontrado
em quase toda a extensão do território nacional, solo este que se mostrou uma
excelente opção para os municípios afim de pavimentar suas vias urbanas de
tráfego leve a médio (VILLIBOR; NOGAMI, 2009). Uma vez executados um trecho
de pavimento teste na década de setenta no estado de São Paulo com base de solo
arenoso laterítico de granulação fina, conhecido como Solos Arenosos Finos
Lateríticos (SAFL), o qual foi monitorado periodicamente. Os resultados
surpreenderam até mesmos os seus idealizadores, pois o experimento fora
projetado para uma vida útil de três anos e se mostrou ser altamente satisfatório
depois de seis anos de uso, com ótimo desempenho e condições de tráfego, trecho
esse revestido com tratamento superficial (VILLIBOR et al, 2009).
Todavia, nos pavimentos ditos tradicionais e os pavimentos econômicos
estudados e desenvolvidos no Brasil principalmente por Villibor e Nogami (2009)
apresentam alguns pontos negativos, quando se menciona a exploração das jazidas
(descrição sintética das áreas de empréstimo de material mineral) e o transporte do
material explorado a serem utilizadas no empreendimento, como por exemplo,
impactos ambientais sobre os meios físico, biótico e antrópico, nas áreas de
influência das jazidas e no percurso dos caminhos até o empreendimento.
Os impactos ambientais é descrito conforme a Resolução CONAMA Nº 001
de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986) como qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a
qualidade dos recursos ambientais.
15

As atividades de extração em jazidas de material mineral como o cascalho


utilizado no processo de execução da pavimentação acarretam implicações
ambientais como desmatamento, e a remoção do solo orgânico de extensas áreas,
tornando-as inaptas a qualquer uso se não forem tomadas medidas para sua
recuperação (BRASIL, 2005). Além disso, a extração desse tipo de material mineral
altera a superfície topográfica e a paisagem, pode alterar os corpos d’água levando
ao assoreamento, ocasionar erosão, formação de poeiras e vibrações, além da
destruição da microfauna e afastamento da macrofauna.
De acordo com Araújo (2008), a dificuldade de encontrar materiais naturais na
região onde será executada a obra, em alguns casos, eleva os custos
principalmente referente a escavações e transportes. Esta situação é agravada
atualmente em função da preocupação do que é retirado da natureza, e seus
possíveis impactos decorrentes da modificação da condição inicial de um
determinado local, além da descaracterização do meio ambiente por meio das
atividades antrópicas.
Assim como na exploração e extração de material das jazidas, o transporte
também implica em impacto ambiental, pois muitas vezes há uma necessidade de
construir um caminho de serviço provisório da jazida até vias existentes próximas ao
local da exploração. Outros problemas ocasionados pela exploração além do citado,
são a formação de nuvens de poeira e lama nos trechos rurais, a interferência com o
público local, risco de causar acidentes de trânsito e após a execução das obras os
caminhos de serviços são geralmente abandonados, e esse abandono causa
problemas como caminhos preferenciais para o escorrimento de águas superficiais,
dando origem a erosões e voçorocas (BRASIL, 2005), o qual esse material pode ter
como destino os leitos de rios e igarapés provocando assoreamentos.
De acordo com o exposto acima evidenciado, o presente estudo exploratório
analítico pretende colaborar para exclusão das fases de exploração de jazida de
“cascalho” e transporte, para uso no processo de pavimentação, minimizando assim
os impactos ambientais e os custos para a execução das obras de pavimentação de
vias públicas urbanas. Analisando o potencial dos solos tropicais da região central
do Estado de Rondônia, considerando o solo existente das vias urbanas como base
para avaliar a viabilidade da utilização do mesmo para a pavimentação urbana. O
16

estudo propõe alternativas de solos abundante na região para que se possa diminuir
custos de aquisição de jazidas e materiais provenientes e até mesmo com a
supressão dos transportes desses materiais até o local do empreendimento.
17

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Definições de Pavimento

O pavimento é uma estrutura constituída por uma ou mais camadas, com


características para receber as cargas aplicadas na superfície e distribuí-las, de
modo que as tensões resultantes fiquem abaixo das tensões admissíveis dos
materiais que constituem a estrutura (PINTO & PREUSSLER, 2002).
Segundo Senço (1997) o pavimento é uma estrutura construída sobre a
terraplenagem e destinada, técnica e econômica, a:
a) resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los;
b) melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança;
c) resistir aos esforços horizontais (desgaste), tornando mais durável a
superfície de rolamento.
É um sistema de várias camadas de espessuras finitas que se assenta sobre
um semi-espaço infinito e exerce a função de fundação da estrutura, chamada de
subleito (SENÇO, 1997).
Com o objetivo de acomodar o tráfego de veículos em uma rodovia,
inevitavelmente surgem as tensões nas camadas integrantes do pavimento devido
as solicitações repetitivas deste tráfego ao longo da vida útil do pavimento, levando
a fadiga e por consequência o surgimento de fissuras, evoluindo para trincas
podendo levar a ruptura do pavimento (OLIVEIRA, 2010). A Figura 1 mostra de
maneira simplificada, as tensões aplicadas em um pavimento com a ação do tráfego
de cargas, as quais são representadas pelas deformações de tração (εt) nas
camadas asfálticas e pela tensão de compressão (σz) na camada final de
terraplenagem.
18

Figura 1 - Tensões em um pavimento

Fonte: Medina e Motta, 2005

2.2. Classificação dos Pavimentos

A classificação dos pavimentos pode ser de acordo com a forma de


distribuição de tensões e divididos em três tipos, os quais são: pavimentos flexíveis,
pavimentos semirrígidos e pavimentos rígidos (SENÇO, 1997).

2.2.1. Pavimentos Flexíveis

O pavimento flexível é aquele em que todas as camadas sofrem deformação


elástica significativa sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em
parcelas aproximadamente equivalentes entre as camadas. Exemplo típico:
pavimento constituído por uma base de brita (brita graduada, macadame) ou por
uma base de solo pedregulhoso, revestida por uma camada asfáltica (BRASIL,
2006).
Segundo Dias (2004), o perfil genérico de um pavimento flexível é constituído
das seguintes camadas (Figura 2): subleito, que é o terreno de fundação do
pavimento ou revestimento é a camada final da terraplenagem e não é considerado
19

como camada do pavimento, reforço do subleito, a qual eventualmente pode ser


necessária em virtude de insuficiência de suporte do subleito, a sub-base que é a
camada corretiva do subleito, ou complementar à base, caso não seja aconselhável
construir o pavimento diretamente sobre o leito obtido pela terraplanagem, a base
que é uma camada final do pavimento a qual receberá o revestimento, sendo
destinada a resistir e distribuir os esforços verticais oriundos dos veículos, e o
revestimento que é a camada mais nobre do pavimento, devendo ser um tanto
quanto possível impermeável, construída sobre a base, que recebe diretamente a
ação do rolamento dos veículos.
Dentre as camadas descrita a mais importante é a base, pois é ela que
recebe e tem a função de distribuir as tensões do tráfego antes de transmiti-las ás
demais camadas.

Figura 2 - Seção Transversal Típica de um Pavimento Flexível.

Fonte: Senço, 1997.


20

2.2.2. Pavimentos Semirrígidos

O pavimento semirrígido caracteriza-se por uma base cimentada


quimicamente, como por exemplo, por uma camada de solo cimento revestida por
uma camada asfáltica (BRASIL, 2006).
No pavimento semirrígido tem sua estrutura e distribuição de esforços
semelhantes com o pavimento flexível, contudo, sua diferença se dá quando em
uma das camadas adjacentes ao revestimento betuminoso for cimentada (BRASIL,
1996).

2.2.3. Pavimentos Rígidos

Já o pavimento rígido é aquele em que o revestimento tem uma elevada


rigidez em relação às camadas inferiores e, portanto, absorve praticamente todas as
tensões provenientes do carregamento aplicado. Exemplo típico: pavimento
constituído por lajes de concreto de cimento Portland (BRASIL, 2006). As placas de
concreto de cimento Portland além de absorver os esforços também desempenham
o papel de base e revestimento, as placas de concreto podem ser armadas ou não
com barras de aço.
É usual nomear a subcamada do pavimento rígido como sendo sub-base,
uma vez que a qualidade do material dessa camada equivale à sub-base de
pavimentos asfálticos (flexíveis). A Figura 3 ilustra a seção típica de um pavimento
rígido.
21

Figura 3 - Seção Transversal Típica de um Pavimento Rígido.

Fonte: SOUZA, 1980.

2.3. Camadas Integrantes de um Pavimento

As terminologias relacionadas às camadas de pavimentos contidas na norma


brasileira de pavimentação, NBR-7207/82, se encontram a seguir definidas: (ABNT,
1982)
 Subleito: é o terreno de fundação do pavimento que nada mais é que a
camada final de terraplenagem. Não e considerada como camada do
pavimento. O pavimento tem como função primordial proteger o subleito da
ação do tráfego;
 Regularização: é a operação destinada a conformar o leito estradal,
longitudinal e transversalmente, compreendendo cortes e aterros de até 20
cm, bem como as operações de escarificação, irrigação ou aeração e
compactação, dentro dos limites especificados, com material do próprio
subleito ou de jazidas previamente determinadas;
 Reforço do subleito: é a camada de espessura constante, determinada de
acordo com o dimensionamento dos pavimentos e construída de materiais
22

provenientes de jazidas ou de empréstimos com ISC (Índice de Suporte


Califórnia) e expansão máxima determinados por especificação. Estes
materiais terão sempre características superiores às do subleito e escolhidos
dentre os melhores disponíveis ao longo do trecho;
 Sub-base: é a camada complementar à base. Só é utilizada quando, por
circunstâncias técnico-econômicas, não for aconselhável construir a base
diretamente sobre o reforço. Os materiais empregados devem ter ISC
superior a 20% e expansão máxima de 1%, conforme DNIT;
 Base: é a camada destinada a receber, transmitir e distribuir os esforços
verticais oriundos do tráfego às camadas subjacentes. É sobre ela que se
coloca o revestimento.
 Revestimento: é a camada, tanto quanto possível, impermeável, que recebe
diretamente as ações do tráfego e destinada a melhorar a superfície de
rolamento quanto às condições de conforto e segurança e resistir aos
esforços horizontais. Esta é, portanto, a camada mais nobre do pavimento,
pois necessita ter alto poder de suporte (resistência), alta resistência ao
desgaste (durabilidade) e ser a menos ondulada possível (conforto), sendo
geralmente a de maior custo econômico.

2.3.1. Revestimento Utilizado no Estado de Rondônia

No Estado de Rondônia o revestimento mais contrato para ser executado


pelos órgãos públicos e privados é o Tratamento Superficial Duplo – TSD por
penetração invertida, são misturas de agregados, emulsão asfáltica, água e aditivos.
A qual se tem esse tipo de revestimento como o mais utilizado principalmente para
pavimentação de condomínios, loteamentos, ruas, avenidas e rodovias estaduais.
O interesse desse tipo de revestimento se dá em virtude de este possuir um
menor custo dentre os revestimentos betuminosos, além da vantagem de que a
grande maioria das empresas de terraplenagem do Estado terem se especializado
23

na confecção dos tratamentos, pois apresentam em sua execução o processo um


tanto artesanal e os equipamentos em questão serem de baixo valor para aquisição.

2.3.1.1. Tratamento Superficiais

Segundo Bernucci et al (2008), os tratamentos superficiais consistem em


aplicação de ligantes asfáltico e agregados sem mistura prévia, na pista, com posterior
compactação que promove o recobrimento parcial e a adesão entre agregados e
ligantes. Os tratamentos superficiais podem ser de duas modalidades distintas
penetração invertida quando se inicia o processo de execução com aplicação do
material betuminoso/ligante ou penetração direta quando se inicia a execução com a o
espaçamento e compactação da camada de agradados com granulometria apropriada.
De acordo com o número de camadas sucessivas de ligantes e agregados, o
tratamento superficial pode ser classificado como:
 TSS – Tratamento superficial simples, camada de revestimento do pavimento
constituída de uma aplicação de ligante betuminoso coberta por camada de
agregado mineral, submetida à compressão, (DNIT 146/2012-ES);

 TSD – Tratamento superficial duplo, camada de revestimento do pavimento


constituída por duas aplicações sucessivas de ligante betuminoso, cobertas cada
uma por camadas de agregado mineral, submetidas à compressão (DNIT
147/2012-ES);

 TST – Tratamento superficial triplo, camada de revestimento do pavimento


constituída por três aplicações sucessivas de ligante betuminoso, cobertas cada
uma por camada de agregado mineral, submetidas à compressão (DNIT
148/2012-ES);

São ainda incluídos na família dos tratamentos superficiais, a capa selante


por penetração que é a selagem de um revestimento betuminoso por espalhamento
de ligante betuminoso, com ou sem cobertura de agregado miúdo. Frequentemente
usada como última camada em tratamento superficial múltiplo. Quando não usada
cobertura de agregado miúdo, usa-se também o termo “pintura de
impermeabilização” ou fog seal. (BERNUCCI et al, 2008)
24

As principais funções dos tratamentos superficiais é proporcionar uma


camada de rolamento de pequena espessura, variado entre 5 a 20mm, porém, de
alta resistência ao desgaste, além de impermeabilizar e proteger as camadas da
infraestrutura do pavimento, também proporciona um revestimento antiderrapante e
de alta flexibilidade podendo muitas das vezes acompanhar as deformações
relativamente grandes da infraestrutura, isso ocorre devido a sua pequena
espessura. (BERNUCCI et al, 2008)

2.4. Tipos de bases

Segundo a Senço, (1997) as terminologias das bases são as seguintes


(Tabela 1):

2.4.1. Base Rígida

 Concreto de Cimento: é uma mistura dosada e uniformizada de agregados,


areia, cimento e água que atendem ao dimensionamento exigido, podendo ou
não ter armadura com barras metálicas em sua estrutura, e a base que mais
se identifica com sendo uma base rígida e também serve como revestimento.
 Macadame de Cimento: é constituído por agregados graúdos unidos por uma
mistura a base de cimento onde os vazios são preenchidos por materiais com
uma granulometria mais finas, chamados de material de enchimento.
 Solo Cimento: é uma composição de cimento, solo escolhido e água em
dosagens convenientes e determinadas, posteriormente homogeneizado e
compactado, satisfazendo as condições de funcionamento com uma boa
estabilidade a base.
25

2.4.2. Base Flexível

 Solo Estabilizado: esse tipo de base tem que satisfazer os seguintes critérios
de especificações – granulometria, limite de liquidez e índices de plasticidade.
Estes parâmetros podem ser alcançados naturalmente quando ocorre a
estabilização da própria distribuição granulométrica dos grãos a qual é
denominada de base estabilizada granulometricamente ou artificialmente no
caso da base necessitar que algum tipo de adição por meio pedra britada
para suprir a ausência dos agregados graúdos sendo este denominado de
base solo-brita e/ou obtida através da mistura de aglutinante, como o asfalto,
ao solo denominando-o de solo betume.
Esse tipo de base é o mais utilizado para a execução dos pavimentos dentro
do Estado de Rondônia, sendo relativamente baixo seu custo em especial o a base
estabilizada granulometricamente sem adição.
 Macadame Hidráulico: trata-se de material proveniente de pedra britada o qual
esse material de dispõem engranzados entre si tendo um material de
enchimento que tem como função principal travar os agregados graúdos e
também agir como eventual aglutinador de partículas, a introdução deste
material de enchimento nos vazios do agregado graúdo e realizado através de
irrigação de água, esta base pode ter uma ou mais camadas de material de
pedra britada.
 Brita Graduada: é uma mistura mais bem elaborada pois é feita em usina e
dosada com maior controle, seu traço é previamente dosado contendo material
de enchimento, água e eventual cimento, é um substituto da base de
macadame hidráulico por ter uma grande vantagem no controle dos materiais e
principalmente no que reportar-se a execução.
 Macadame Betuminoso: consiste na variação do macadame hidráulico com a
superposição de camadas de agregados interligadas por pinturas de material
betuminoso, sua distribuição granulométrica se dá em um gradiente de
agregados iniciando em baixo com graúdos e finalizado com os menores
26

encima da camada, o número de camadas vai depender do projeto,


denominada de base negra.
 Bases de Paralelepípedos e Alvenarias Poliédricas: também são incluídas nas
bases flexíveis, e foram utilizadas como pavimento em diversas leitos de vias
antigas e não se tornam viáveis quanto ao conforto e segurança devido a
irregularidade do leito, esses antigos revestimentos passam a servindo de
bases por aproveitamento e foram recapeados com misturas betuminosas.
 Base de Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL): para ser considerado base
SAFL seu comportamento tem que ser de classe laterítica de acordo com a
classificação segundo a sistemática MCT, constituída solo laterítico arenoso
natural de granulometria fina, com a composição granulométrica passando
totalmente na peneira de abertura de 2,00mm ou com uma retenção de grãos
de no máximo 5% na mesma. Esta base teve um excelente desempenho nos
trechos experimentais de pavimentos construídos no início da década de 70,
esse novo sistema de solos tropicais classificação MCT, foi desenvolvido no
início da década de 80, por Nogami e Villibor (2009) tendo seu desempenho
comprovado com a execução de mais de 5.000 km de rodovias vicinais com
base de solo arenoso fino laterítico e mais de 400 km de rodovias de tráfego
pesado com base de solo laterítico com brita descontínua.
Há ainda várias outras bases e sub-base que utilizam diversos materiais com
suas características singulares, porém limitadas a algumas regiões ou órgãos devido
a sua natureza e fartura em determinados locais, no entanto, não vem ao caso
estudá-las devido à utilização escassa ou com dificuldade de execução.
27

Tabela 1 - Terminologia das Bases.


Rígidas Concreto de cimento
Macadame de cimento
Solo-cimento
Granulometricamente –
Flexíveis SAFL
Bases Solo estabilizado Solo-betume – Solo Cal
Solo-brita
Macadame hidráulico
Brita graduada com ou sem cimento
Macadame betuminoso
Alvenaria poliédrica Por aproveitamento
Paralelepípedos
Fonte: Senço, 1997

2.5. Descrição dos solos

A palavra solo, do latim solum, é considerada a porção da superfície terrestre


onde se anda, planta, explora, constrói e outras utilizações. Com base na origem
dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em dois grandes grupos: solos
residuais, é quando os seus produtos intemperizado da rocha permanecem no
mesmo local em que se deu a transformação; solos transportados, quando seus
produtos resultantes da alteração são transportados por um agente qualquer (ar,
água e vento) para outros locais diferente do que ocorreu a transformação (VIEIRA,
1975).
Os solos são materiais que resultam do intemperismo ou meteorização das
rochas por desintegração mecânica ou decomposição química. Por desintegração
mecânica, através de agentes como água, temperatura, vegetação e vento, formam-
se pedregulhos e areias (solos de partículas grossas) e até mesmo siltes (partículas
28

intermediárias), e, somente em condições especiais, as argilas (partículas finas).


(CAPUTO, 2000).
Segundo Pinto (2000), todos os solos são originários da decomposição de
rochas que constituíam inicialmente a crosta terrestre. A decomposição é decorrente
de agentes físicos e químicos. Variações de temperatura provocam a trinca dessas
rochas, nas quais infiltra a água, atacando quimicamente os minerais. O
congelamento da água nas trincas, entre outros fatores físicos, exerce elevadas
tensões, das quais decorre maior fragmentação dos blocos rochosos.
No território brasileiro, os solos tropicais se estendem por grandes extensões
territoriais e resultam em processos de transformação ocorridos nas rochas pelo
intemperismo físico e químico. Chuvas em abundancia e períodos de estiagem
regular aceleram os processos de intemperismos desintegrando as rochas mais
rapidamente. Esse ciclo de molhagem e secagem que vem através da hidrólise que
é responsável pelo fenômeno capaz de fazer com que os silicatos das rochas sejam
atacados surgindo à formação de (K+, Ca2+, Mg2+, e Si4+), ferro, alumínio e silício,
entre outros. Com uma boa drenagem estes compostos são carreados pelas águas
das chuvas, havendo concentração de compostos de ferro, alumínio e silício como
elementos predominantes (CHAGAS FILHO, 2005).
No Brasil, segundo os autores Nogami e Villibor (1995), os solos tropicais são
divididos em duas classes: solos de comportamento laterítico e solos de
comportamento não laterítico (saprolítico) conforme representado pela Figura 4. É
comum observar-se em campo, a nítida presença de uma linha de seixos separando
os horizontes dos solos lateríticos, situados acima desta linha de seixos, e abaixo os
solos de comportamento não laterítico.
29

Figura 4 - Distribuição do solo de comportamento laterítico e não laterítico no Brasil.

Fonte: VILLIBOR et al, 2006

2.5.1. Classificação dos Solos

Segundo Casagrande (1947), as classificações inicialmente baseavam-se


apenas em critérios granulométricos, sendo inadequadas para solos argilosos, uma
vez que suas características geotécnicas se mostram mais estritamente
relacionadas com as propriedades plásticas do que com as propriedades
granulométricas. Apesar das limitações das classificações texturais, seu grande uso
deriva da simplicidade de sua utilização.
As classificações geotécnicas podem ser convencionais aquelas que se
baseiam nos ensaios de granulometria e limites de Atterberg, aonde se destaca as
classificações do USCS (Unified Soil Classification System), derivado dos estudos
de Casagrande (1948) e a classificação HRB (Highway Research Board), também
conhecida como AASHTO (American Association of State Highway and
Transportation Officials), originária do Public Roads Administration.
30

2.5.1.1. Sistema de Classificação Unificada - Unified Soil Classification System


(USCS)

O sistema de classificação USCS (Unified Soil Classification System) ou


Sistema Unificado foi desenvolvida para auxiliar a identificação de solos plásticos
por Arthur Casagrande, nos anos 1940, para ser utilizado originalmente na escolha
de solos para a construção de aeroportos, no período da Segunda Guerra Mundial,
(MARTINS, 2005).
Com o incremento da determinação de parâmetros classificatórios
relacionados aos índices de plasticidade, o limite de liquidez, a compressibilidade
dos solos e a forma da curva granulométrica, Casagrande agrupou os solos em três
diferentes de classes, em função da porcentagem de material retido na peneira n.º
200. A qual se denominou solos de graduação grossa, que são 50% ou mais de
material retido na peneira, solos de graduação fina, quando 50% ou mais do material
passam pela peneira e solos altamente orgânicos que apresentam matéria orgânica
decomposta de fácil identificação (Senço, 1997). Através do gráfico de Plasticidade
(Figura 5), Casagrande parte da expressão da reta limite A, separando os solos em
zonas de siltes e argilas de siltes e argilas orgânicos.
31

Figura 5 - Gráfico de plasticidade de Casagrande.

Fonte: VARGAS, 1978

2.5.1.2. Sistema de Classificação - Highway Research Board (HRB)

Quanto a classificação de solos BPR (Bureau of Public Roads) originou-se em


1929, sofreu diversas alterações e evoluiu para a classificação do HRB (Highway
Research Board), também conhecida como classificação AASHTO (American
Association of State Highway and Transportation Officials), que ainda hoje é utilizado
pelos engenheiros rodoviários, levando em consideração para classificar os solos
baseado também nos ensaios de caracterização normais de solo, ou seja, limite de
liquidez, o índice de plasticidade e no ensaio de granulometria (tendo um interesse
nas porcentagens que passam nas peneiras números 10, 40 e 200 (SENÇO, 1997).
A Figura 6, apresenta de forma resumida a classificação adotada pela HRB-
AASHTO, que segue um roteiro com os resultados dos ensaios de caracterização
(limite de Liquidez e Limite de Plasticidade) e granulometria do solo, conforme
descrito anteriormente, onde pode ser classificado segundo grupo à qual pertence.
32

Figura 6 - Classificação de Solos

Fonte: Manual de Técnicas de Pavimentação (DNER, 1996).

Em 1945 publica uma nova versão da classificação que propôs a subdivisão


de alguns dos grupos da classificação original e introduziu o conceito de Índice de
Grupo (IG), número inteiro variando de 0 a 20 que fornecia subsídios para o
dimensionamento de pavimentos, calculados pela seguinte fórmula:

IG = 0,2 x a + 0,005 x a x c + 0,01 x b x d


onde:
a = % do material que passa na peneira de no 200, menos 35;
caso esta % for >75, adota-se a = 40; caso esta % seja < 35, adota-se a = 0;
b = % do material que passa na peneira de no 200, menos 15;
caso esta % for >55, adota-se b = 40; caso esta % seja < 15, adota-se b = 0;
c = valor de limite de liquidez (LL) menos 40;
caso o LL > 60%, adota-se c = 20; se o LL < 40%, adota-se c = 0;
d = valor de índice de plasticidade (IP) menos 10;
caso o IP > 30%, adota-se d = 20; se o IP< 10%, adota-se d = 0;
33

2.5.1.3. Sistema de Classificação - Miniatura, Compactado, Tropical (MCT)

Devido às dificuldades e deficiências apontadas no uso das classificações


tradicionais nas quais se destaca duas sendo as mais utilizadas em obras viárias
que são a HRB – AASHTO e a USCS ambas desenvolvidas para solos de clima frio
e temperado e empregados em solos tropicais, Nogami e Villibor desenvolveram
metodologia denominada ‘Miniatura, Compactado, Tropical (MCT)’, baseada numa
série de ensaios e procedimentos, cujos resultados reproduzem as condições quase
que reais de camadas de solos tropicais, quando usadas em pavimentos, através de
propriedades geotécnicas que espelham a comportamento in situ dessas camadas
(VILLIBOR & NOGAMI, 2009).
O sistema de classificação de MCT desenvolvida por Nogami e Villibor (1981
e 1985), tem como objetivo em especial o estudo de solos tropicais e tem como base
as propriedades hídricas obtidas de corpos de prova compactados em dimensões
reduzidas, diferente das duas classificações de métodos tradicionais descrita
anteriormente a HRB - AASHTO (também adotada pela ASTM) e a USCS, a
classificação MCT não utiliza a granulometria, limite de liquidez e o índice de
plasticidade.
Em sua metodologia classificatória o MCT divide os solos tropicais em duas
grandes classes: os de comportamento laterítico e os de comportamento não
laterítico (saprolíticos) e suas microestrutura correspondentes através de um perfil
de corte rodoviário, conforme apresentado na Figura 7.
34

Figura 7 - Divisão dos horizontes dos solos Lateríticos e Saprolíticos.

Fonte: VILLIBOR & NOGAMI, 2009.

Os solos lateríticos representados pela letra “L”, conforme Figura 7,


subdividem-se em três grupos:
- LA – areia laterítica quartzosa;
- LA’ – solo arenoso laterítico;
- LG’ – solo argiloso laterítico.
E os solos não lateríticos (saprolíticos), representados pela letra “N”, na
mesma figura, subdividem em quatro grupos:
- NA – areias, siltes e misturas de areias e siltes com predominância de grão
de quartzo e/ou mica, não laterítico;
- NA’ – misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não
laterítico (solo arenoso);
- NS’ – solo siltoso não laterítico;
- NG’ – solo argiloso não laterítico.
35

Figura 8 - Gráfico de Classificação de Solo MCT.

Fonte: VILLIBOR & NOGAMI, 2009.

A classificação do solo através do MCT, ainda conforme Villibor e Nogami


(2009) é determinada com os ensaios de Compactação de Mini-MCV, que fornece
os coeficientes c’ e d’, e o da Perda de Massa por Imersão, que fornece o Pi.
A Figura 8 mostra o gráfico de Classificação de Solos MCT no qual considera
como modelo de comportamento laterítico do solo, consistir no traçado a partir do
conhecimento dos coeficientes c’ (eixo das abscissas) denominado de coeficiente de
deformabilidade, é obtido com o ensaio de Mini-MCV, que consiste na aplicação de
energias crescentes produzidas pelo aumento do número de golpes do soquete
compactador até que se atinja um valor máximo de densidade. Esse ensaio é
realizado com massa constante, fixada em 200g de material, onde o coeficiente c’
indica também a argilosidade do solo, logo o coeficiente e’ (eixo das ordenadas) é
calculado a partir do coeficiente d’ (inclinação da parte retilínea do ramo seco da
curva de compactação, correspondente a 12 golpes do ensaio de Mini-MCV) e da
perda de massa por imersão Pi (porcentagem da massa desagregada em relação à
massa total do ensaios quando submetida à imersão em água), e com os valores de
Pi e d’ obtém-se então o índice e’ pela expressão:
36

Onde e’ = índice de laterização, seu valor está ligado a laretização do solo


que incida um modelo de comportamento designado laterítico e, quanto menor seu
valor, mais apropriado é o solo para execução de base.

Figura 9 - Foto ilustrativa e croqui do ensaio de compactação.

Fonte: VILLIBOR & NOGAMI, 2009.

Figura 10 - Foto ilustrativa e croqui do ensaio de perda de massa por imersão.

Fonte: VILLIBOR & NOGAMI, 2009.


37

As Figuras 9 e 10 ilustram os equipamentos e detalhes que envolvem um


conjunto de ensaios e procedimentos, utilizando corpos-de-prova de dimensões
reduzidas (50 mm de diâmetro), destinados à classificação e determinação das
propriedades mecânicas e hidráulicas de solos tropicais, como também a avaliação
da erodibilidade quando utilizados em obras viárias.

2.6. Pavimento de Baixo Custo

2.6.1. Conceito

Para SENÇO (1997), a definição de um pavimento de baixo custo não é fácil,


porém entre outras interpretações pode se citar duas interpretações; primeiro o
pavimento de baixo custo é aquele cuja vida útil é inferior á fixada para os projetos
normais. Como normalmente os projetos tem vida útil entre 10 a 15 anos, nos
pavimentos de baixo custo a vida útil é de um terço ou metade desse tempo e a
segunda é aquele executado a fim de se garantir tráfego permanente na estrada,
sem qualquer outra exigência que possa levar a um orçamento mais elevado, logo,
essa definição está mais compatível quando aplicado em rodovias e não em ruas
urbanas de baixo volume de tráfego.
Segundo Nogami e Villibor (2009), os pavimentos de baixo custo são
caracterizados por utilizar como base do pavimento solo locais in natura, com ou
sem misturas, cujo os custos de execução acabam sendo substancialmente
menores que as bases convencionais, terem como revestimentos betuminoso
esbeltos, podendo ser do tipo tratamento superficial ou concreto betuminoso usinado
a quente e por fim, dimensionados para atender tráfego urbanos e rodoviário de
podendo ser médio, leve ou muito leve.
38

2.6.2. Economia e Estimativa de Custos

Na história humana, o fator limitante para o desenvolvimento tem sido


predominantemente material. O principal problema ainda é o desenvolvimento
econômico, isto é, só com a superação desse fator limitante é que o homem poderá
entrar numa nova fase de sua evolução. Nessa luta, a engenharia sempre procura
uma solução tentando controlar e dirigir as forças físicas e materiais da natureza, em
benefício do homem, sendo necessária considerar a economia para o estudo dos
aspectos sociais de produção e distribuição. Portanto, a engenharia busca a
eficiência tecnológica e a econômica procura a eficiência econômica (TOLEDO
JÚNIOR, 2007), para isso, se torna indispensável que as duas linhas de pensamento
trabalhem em paralelo.

2.6.3. Viabilidade Econômica

Parte-se do pressuposto de que a viabilização de qualquer negócio começa


sempre pelos aspectos econômicos. Dentre as várias oportunidades, existe sempre
a possibilidade de se identificar a mais atraente para escolher a melhor – um
empreendimento pelo qual se possa cobrar um bom preço, receber rápido e que
custe pouco. Tudo dentro de estimativas realistas de venda e levantamento de
custos confiáveis. O que se busca inicialmente é basicamente o lucro, o benefício
projetado para o futuro e alguma garantia de que sele será realmente obtido, onde o
preço deverá ser maior do que o custo, e as receitas, ou entradas, deverão ser
maiores que os gastos ou saídas (COSTA NETO; BRIM JÚNIOR; AMORIM, 2003).
Numa situação limite, pode inviabilizar a utilização do modelo para tomada de
decisão.
De acordo com Baudson (2008), a avaliação econômica de projetos de
investimentos tem por finalidade prover critérios objetivos para a tomada de decisão,
baseados numa análise ampla dos seguintes aspectos:
39

 técnicos: análise da localização do empreendimento, das necessidades de


infraestrutura, dos recursos materiais, de mão de obra, de produção,
tecnológicos, entre outros com o intuito de se concluir sobre os possíveis
custos necessários ao investimento e a operação do empreendimento;
 econômicos: análise, com base nas projeções do fluxo de caixa
(receita/custos), dos resultados econômicos referentes à liquidez, à
rentabilidade e aos riscos do projeto;
 financeiros: análise dos recursos disponíveis para serem aplicados nos
projetos, buscando-se o equilíbrio na utilização do capital próprio e de
terceiros, ou seja, entre o capital próprio e os empréstimos realizados junto às
instituições financeiras;
 de risco: análise das possíveis consequências das decisões dos
investimentos e financiamentos a serem realizados no projeto, de forma a se
obter uma maior compreensão dos riscos envolvidos e um maior segurança
na tomada de decisão;
 intangíveis: análise de fatores não quantificáveis, tais como: instabilidade
política, regras econômicas claras, opinião pública, impactos ambientais.

2.6.4. Estimativa de Custos na Pavimentação

A decisão de se construir e pavimentar uma via terrestre é obtida a partir da


comparação entre os investimentos necessários à sua execução e os benefícios por
eles gerados. Basicamente, os dados de custo utilizados são os custos decorrentes
da construção, o custo de operação e tempo de viagem e o custo de conservação.
Tecnicamente, uma via pode ser executada com diversos tipos de materiais.
Contudo, deve-se escolher a alternativa técnica que apresente os menores custos,
onde devido à escassez de recursos, tem-se que otimizar através da análise de
alternativas atendendo a aspectos técnicos econômicos, financeiros, sociais,
políticos e ambientais (ALVARENGA, 2001).
40

Villibor et al. (2000) afirmam que o grande déficit de pavimentos urbanos


associados à falta de recursos financeiros levou a adoção por parte de algumas
prefeituras de todo o país de pavimentos alternativos com custos inferiores aos
tradicionalmente empregados. Para o estudo econômico de implantação de diversos
tipos de pavimentos, utilizando-se bases convencionais constituídas por materiais
pétreos e bases de solo lateríticos in natura e ou misturas com agregados,
consideraram os seguintes itens:
 abertura de caixa;
 melhoria e preparo do subleito;
 execução de uma camada de reforço do subleito, com solo selecionado, na
espessura de 15,0 cm;
 transporte do reforço numa distância de 5 km;
 camada de base, na espessura de 15,0 cm;
 imprimadura e impermeabilizante e
 revestimento asfáltico, podendo ser Tratamento Superficial Duplo (TSD),
tratamento Superficial Triplo (TST), Macadame Betuminoso (MB) ou Concreto
Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ).
Villibor et al. (2000) observaram que o custo de implantação de um pavimento
convencional com base de macadame hidráulico e revestimento em Tratamento
Superficial Duplo - TSD é mais do que o dobro do custo de um pavimento alternativo
com base de Solo Argiloso Fino Laterítico (SAFL) e o mesmo revestimento em TSD.
Para revestimentos mais nobres e espessos como por exemplo o Concreto
Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ, com os mesmos tipos de bases
mencionadas anteriormente, a diferença de custos também é bastante significativa.
Estes mesmos autores concluíram que a adoção de pavimentos com solos
lateríticos para vias de tráfego muito leve é extremamente interessante e vantajosa,
o que proporciona executar praticamente o dobro da área pavimentada com os
mesmos recursos financeiros, quando da substituição de bases convencionais por
bases com solos lateríticos.
Segundo Nogami e Villibor (2009), os pavimentos de baixo custo são
caracterizados por utilizar bases de solo laterítico-agregado dos tipos SALF in
natura, ou com mistura de areia (ALA), ou com mistura de brita (SLAD), utilizando
41

revestimentos como tratamento superficial, com espessura limitada a 3 cm, ou


CBUQ ultra esbelto com espessura inferior a 2,5cm. Para isso tem que se considerar
um tráfego rodoviário, no máximo, de tipo médio com Nt ≤ 106 solicitações de eixo
simples padrão de 80kN e, para pavimento urbano, tráfego dos tipos muito leve, leve
e médio (Figura 11), levando em consideração os parâmetros acima descritos os
custos de execução dos pavimentos de solos tropicais são substancialmente
menores do que as convencionais por ser tornar uma estrutura superdimensionada
devido ao tráfego menor atuante.

Figura 11 - Classificação de Vias e Parâmetro de Tráfego.

Fonte: VILLIBOR; NOGAMI; CINCERRE; SERRA; NETO.


42

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1. Caracterização do Local de Estudo

As amostras para a verificação da viabilidade da utilização do solo laterítico


para a execução de pavimentação de baixo custo, foi retirada do município de Ji-
Paraná no estado de Rondônia (Figura 12), que está localizado na região
Amazônica, fazendo parte da bacia amazônica (Figuras 13 e 14).
Localizado na Amazônia Ocidental, o Estado de Rondônia não sofre grandes
influências da continentalidade, devido a sua localização geográfica. Seu clima
predominante durante o ano todo é o tropical úmido e quente, com insignificante
amplitude térmica anual e notável amplitude térmica diurna, especialmente no
inverno. Segundo a classificação de Köppen, o clima predominante em Rondônia é
do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso, com média climatológica da temperatura do ar
durante o mês mais frio superior a 18 °C (megatérmico) e um período seco bem
definido durante a estação de inverno, quando ocorre no Estado um moderado
déficit hídrico com índices pluviométricos inferiores a 50 mm/mês (SEDAM, 2015).
Possui uma variação média anual de precipitação pluviométrica entre 1.400 a
2.600 mm/ano, com precipitação inferior a 20 mm e temperatura do ar que varia
entre 24 a 26 °C nos meses mais secos que são de junho, julho e agosto (SEDAM,
2015). Observa-se um total médio de 1.759,7 mm de precipitação o que equivale a
aproximadamente 125 dias com chuva, o que representa uma média de 14 mm/dia.
E para o município de Ji-Paraná, verifica-se um total anual de 1.962,8 mm (SEDAM,
2015).
A precipitação pluviométrica nas regiões tropicais a chuva é a principal forma
de retorno de água da atmosfera para a superfície terrestre, após os processos de
evaporação e condensação, completando assim o ciclo hidrológico.
A temperatura do ar na região nos meses mais frios é, em média, superior a
18 ºC e nos meses mais quentes fica entre 30 a 35º C, com a média geral variando
entre 24 a 26ºC. A humidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão e em torno
43

de 75%, no outono e inverno (SEDAM, 2015), com isso fica caracterizado a


excelente condição climática para a formação de solos com características laterítica.

3.1.1. Coleta de Amostras

As coletadas das amostras foram realizadas nos bordos de leito de diferentes


ruas de um futuro loteamento no município de Ji-Paraná – RO (Figura 15 a 20), onde
serão executadas a pavimentação que será composta de base de solo
granulometricamente estabilizado com uma espessura de 18cm, largura de 8,0m de
largura de base, revestimento em TSD – Tratamento Superficial Duplo com largura
de 7,0m de pista e meio fio e sarjeta confeccionados com extrusora com larguras
somadas de 45cm.
Foram realizadas coletas de três pontos distintos do futuro loteamento, a qual
se denominou amostra 01, 02 e 03 retiradas de diferentes ruas do local, a fim de se
caracterizar o solo total do empreendimento. As coletas foram realizadas após as
aberturas das ruas e limpeza superficial do terreno, a qual possuía pastagem como
camada de cobertura vegetal, a limpeza foi efetuada com motoniveladora que
raspou o terreno até a total remoção do material orgânico, que tem
aproximadamente 20cm de espessura. Após a remoção do material orgânico, foi
rebaixado o greide das ruas para se enquadrar com o perfil topográfico projetado
pelo empreendimento, expondo o perfil do solo argiloso.
44

Figura 12 - Localização de Ji-Paraná em Rondônia.

Fonte: Wikipedia, 2015.

Figura 13 - Região Metropolitana de Ji-Paraná/RO.

Área a ser
pavimentada

Fonte: Google maps, 2015.

Figura 14 - Localização da coleta das amostras.

Área a ser
pavimentada

Fonte: Google maps, 2015.


45

Coleta das Amostras:

Figura 15 - Localização da Coleta da Amostra 01.

Figura 16 - Realização da Coleta 01

Figura 16 fotos
Fonte: Google maps, 2015 e Foto Ferreira, 2015.

17 fotos

Figura 17 - Localização da Coleta da Amostra 02


18

Figura 18 - Realização da Coleta 02


(Foto Ferreira, 2015)

Figura 19Figura 16. Realização da Coleta 02


Fonte: Google maps, 2015 e Foto Ferreira, 2015.

(Foto Ferreira, 2015)


46

Figura 19 - Localização da Coleta da Amostra 03.

Figura 20. Realização da Coleta 03

Fonte: Google maps, 2015 e Foto Ferreira, 2015.

3.2. Caracterização Geotécnica dos Solos do Estado de Rondônia

A composição do solo predominantes no Estado de Rondônia está distribuída


em Latossolos, que ocupam em torno de 58%, sendo 26% de Latossolo Vermelho
amarelo, 16% de Latossolo Vermelho e 16% de Latossolo Amarelo. Os Argissolos e
Neossolos ocupam 11% do território cada um deles, os Cambissolos ocupam 10% e
os Gleissolos ocupam 9%, as demais classes de solos ocupam o restante de 1%
(Schlindwein et. al, 2012).
Latossolos são solos que constituem perfis naturais caracterizados
pedologicamente por conterem horizontes B latossólicos e texturas que integram
perfis de designados, respectivamente, latossolos e podzólicos, que se apresentam
em camadas com espessuras sempre maiores que 1,0m. As características do
horizonte superficial variam consideravelmente de acordo com o grupo pedológico a
que pertence. O quartzo é encontrado com muita frequência e de maneira
predominante nas frações areia e pedregulho desses solos (MEDRADO, 2009), por
consequência são muitos resistentes ao intemperismo.
47

Os Neossolos são solos profundos apresentando textura arenosa ou franco-


arenosa, construído essencialmente de quartzo, com no máximo de 15% de argila e
sequência de horizonte do tipo A-C. Os Neossolos estão relacionados com
sedimentos arenosos de cobertura e a alteração de rochas quartzíticas e areníticas,
normalmente em relevo plano ou suave ondulado. Na estrutura morfológica,
caracterizam-se por camadas de areia consolidadas cujas estrutura é fraca, pouco
coerente e constitui basicamente de grãos simples, fisicamente muitos porosos,
excessivamente drenados e quimicamente apresenta como sendo em geral álicas
ou distróficas, com baixa capacidade e retenção de cátions. São solos muitos
suscetíveis à erosão (REATTO, et al. 2004).
Cambissolos são solos que apresentam horizonte subsuperficial submetido a
pouca alteração física e química, porém suficiente para desenvolvimento de cor e
estrutura. Em geral, apresentam minerais primários facilmente intemperáveis, teores
mais elevados de silte, indicando baixos grau de intemperização. Seu horizonte
subsuperficial é denominado B incipiente, estão associados a relevos fortemente
ondulados, vaiando desde rasos a profundos, sua coloração é bruno-amarelada nos
horizontes superficial e vermelho-amarelada no subsuperficial, sua estrutura é
bastante variável, predominado blocos subangulares, em alguns perfis, podem se
observar a presença de cascalho material concrecionário, apresenta textura variada,
desde muito argilosa até franco-arenosa, com cascalho ou sem cascalho,
quimicamente, são distróficos em função do material de origem e do clima local
(REATTO, et al. 2004).
Gleissolos são solos hidromórficos que ocupam geralmente as depressões da
paisagem, sujeitas a inundações, se apresenta como solo do tipo mal drenado ou
muito mal drenado, ocorrendo, com frequência, espessa camada escura de matéria
orgânica mal decomposta sobre uma camada acinzentada (gleizada), resultante de
ambiente de oxirredução. Sua localização se dá em áreas várzeas normalmente
com vegetação Vereda, campos Higrófilos ou Hidrófilos, em relevo plano que
permite o acumulo de água durante todo o ano ou na maior parte dele. Os
Gleissolos formaram-se de sedimentos, com presença de lençol freático próximo à
superfície na maior parte do ano, tem a textura bastante variável ao longo do perfil.
Quando argilosos ou muito argilosos, sua consistência é plástica e pegajosa,
48

quimicamente, porem ser ricos ou pobres em bases ou com teores de alumínio


elevado por estarem posicionados em áreas sujeitas a contribuições de material
transportado das posições mais elevadas, uma vez que são formados em terrenos
de recepção ou trânsito de produtos transportados (REATTO, et al. 2004).
Os Argissolos formam uma classe de solos bastante heterogênea que tem em
comum aumento substancial no teor de argila com profundidade e/ou evidências de
movimentação de argila do horizonte A para o horizonte B, expressas na forma de
cerosidade1. Compreende solos minerais, não hidromórficos, com cores
avermelhadas e tendência à tonalidade escura e teores de óxidos de ferro inferiores
a 15%, ocupam as porções inferiores das encostas, em geral onde o relevo
apresenta-se ondulado ou forte-ondulado. Morfologicamente no horizonte B é mais
argiloso e estruturado do que o horizonte A, o gradiente de textura implica
permeabilidade diferenciada dentro do perfil, podendo levar à formação de erosão
em sulcos, em relação a estrutura física apresentam profundidades e textura
variável, quimicamente podem ser eutróficos (em geral mais vermelhos) e
distróficos, com poucos minerais primários facilmente intemperáveis (REATTO, et al.
2004). A Figura 21 referencia a área de estudo cuja predominancia é o argissolo
vermelho PV34.

1
Cerosidade do solo é um filme de argila ou película iluvial que reveste unidades estruturais do solo.
Caracteriza-se por um revestimento de argila cristalinas alumino-silicatadas, orientadas ou não,
revestindo agregados e/ou poros. É resultado da movimentação ou migração de argila no perfil do
solo. Confere às superfícies a que revestes um aspecto lustroso, quando bem desenvolvida,
tornando-se facilmente perceptível
49

Figura 20 – Tipos de Solos da Região de Ji-Paraná/RO - Mapa de Solos.

ÁREA EM
ESTUDO

Fonte: IBGE 2015.

ARGISSOLOS VERMELHO, PV34 – PV Eutrófico + PV Distrófico + NV


Eutrófico

Segundo Nogami & Villibor (2009), o solo em estudo se encontra


representado pela unidade pertencente a ordem taxinômica Argissolos (P), menos
típicos quanto ao comportamento geotécnico laterítico (solos L), podendo algumas
subordens e partes do perfil vertical ter comportamento geotécnico não laterítico
(solos N). Entretanto, observa-se que muitos solos de comportamento geotécnico
laterítico, e com excelente desempenho em bases de pavimento, são encontrados
nessa ordem, sobretudo quando correspondem a unidades de mapeamento
constituídas de solos com textura arenosa, ou textura média, associada a relevo
plano ou suave ondulado.
As caracterizações geotécnicas do solo em estudo foram realizadas em três
amostras deformadas de solos e classificado pelo mapa pedológico do Estado de
Rondônia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, sendo os
ensaios realizados segundo as seguintes normas:
50

3.2.1. Análise Granulométrica do Solo

As amostras foram submetidas aos ensaios de análise granulométrica por


peneiramento e de massa específica dos sólidos, realizado conforme modelo da
Norma (DNER-ME 80/64).

3.2.2. Limites Físicos de Atterberg

Para classificação dos solos nos sistemas HRB-AASHTO e USCS, os solos


foram conduzidos segundo as normativas abaixo:
a) Limite de liquidez: Norma (DNER-ME 44-71) – Solo – Determinação do
Limite de Liquidez;
b) Limite de plasticidade: Norma (DNER-ME 82-63) – Solo – Determinação do
Limite de Plasticidade.

3.2.3. Compactação

Os ensaios foram conduzidos segundo a norma: (DNER-ME 129/94) – Solos


– Compactação utilizando amostras não trabalhadas.

3.2.4. Determinação do teor de umidade

As amostras foram estudadas segundo a norma: (DNER-ME 213/94) – Solos


– determinação do teor de umidade.
51

3.2.5. Capacidade de Suporte e Expansão

Para a determinação da capacidade de suporte dos solos naturais foi


empregado o ensaio de Índice Suporte Califórnia (ISC), utilizando a norma: (DNER-
ME 049/94) – Solos – Determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando
amostras não trabalhadas. As características de expansão e contração dos solos
foram determinadas realizando-se os ensaios de acordo com as normas (DER-SP M
193-88) e (DER-SP M 192-88), respectivamente.

3.2.6. Classificação do MCT

Com o objetivo de classificação os solos pela sistemática MCT, foi realizado


os ensaios de mini-MCV, de acordo com os procedimentos da norma (DER-SP M
191/88) e os ensaios de perda de massa por imersão, executado de acordo com os
procedimentos da norma (DER-SP M 196/88). Classificação de solos tropicais
segundo a metodologia MCT, DER-SP.

3.3. C.B.R. – California Bearing Ratio

O CBR, por tradução Índice Suporte Califórnia (ISC), pode ser definido como
a relação percentual entre a pressão necessária para fazer penetrar, de maneira
padronizada, um pistão numa amostra de solo convenientemente preparada e a uma
amostra padrão de pedra britada, exigindo a pressão de 1.000 psi para a penetração
de 0,1” ou 1.500 psi para a penetração de 0,2”, o seu resultado do CBR é
expressado em percentual da relação da penetração calculada pela penetração
padrão, adotando o maior valor do índice de penetração de 0,1 e 0,2 polegadas
(BRASIL, 2006).
52

O ensaio de CBR é um método empírico idealizado por O.J. Porter, diretor de


Materiais do Califórnia Highway Department, no final dos anos 30, para definir a
resistência dos materiais granulares empregados nos serviços de pavimentação,
(SENÇO, 1997). Esse método é até hoje o mais aceito e usual entre os engenheiros
rodoviários, para avaliar o comportamento de um solo, sendo usada tanto para
avaliar a fundação do pavimento, quanto as camadas desse pavimento.
53

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Caracterização Geotécnica

Para utilizar como base os solos lateríticos em pavimentos tem que se


considerar algumas condições climatológicas favoráveis. Na sua grande maioria os
pavimentos executados com bases de solos lateríticos apresenta comportamento
altamente satisfatório, segundo Köppen quando localizado em regiões de clima dos
tipos: quente com inverno seco (Cwa), tropical com inverno seco (Aw) e temperado
com inverno seco (Cwb), e com a precipitação pluviométrica anual nestas regiões
entre 1000 a 1800mm e temperatura média anual superior a 20ºC (VILLIBOR et al,
2009).
Sendo assim, o Estado de Rondônia apresenta condições favoráveis para o
emprego de Pavimentos com solos lateríticos, pois o índice pluviométrico e a
temperatura anual se enquadram para utilização, conforme Villibor et al (2009) que
realizaram estudos desse tipo de pavimentação executado em Rio Branco – AC na
década de 80 com base laterítica do tipo LA’ e LG’ (SAFL) com uma área de
aproximadamente de 300.000m² e os resultados mostram-se satisfatório no
emprego da técnica. Mostrando assim que o emprego da técnica no Estado de
Rondônia também pode ser realizado, pois a região de Rio Branco, sendo um
estado vizinho, apresenta as mesmas características climatológicas do Estado em
estudo.

4.1.1. Análise Granulométrica

As amostras das análises indicaram que são solos finos com diâmetros de
partículas menores que 0,075mm (cerca de 43% a 65% de argila e silte) e
percentual de solo que passa na peneira de abertura de 2,00mm é de
aproximadamente 97%, conforme Figura 22.
54

Figura 22 - Granulometria das amostras 01, 02 e 03.

Figura 24 – Curva Granulométrica dos Solos Coletados – Ensaio de Granulometria por Peneiramento

4.1.2. Limites Físicos de Atterberg

Os resultados das amostras encontrados para a determinação dos limites


físicos dos solos são valores de LL entre 26 a 44%, e IP entre 9 e 18%, os valores
apresentados indicam que o solo é plástico de constituição fina.

4.1.3. Compactação

Os valores obtidos das massas específicas aparente máxima seca para os


solos foram de 1.534 a 1.731 kgf/m³ e umidade ótima entre 14,30% e 20,90% para
energia normal de compactação, determinado através da moldagem de cinco corpos
de prova com variação da umidade crescente de 2,0%.
55

4.1.4. Capacidade de Suporte e Expansão

Foi verificada uma variação nos resultados das amostras de ISC (Índice
Suporte Califórnia) de 4,61% a 10,25%. Nesta fase foi realizado ensaio em um corpo
de prova na energia normal de compactação (12 golpes Proctor Normal - PN), onde
a Figura 23 apresenta os valores relativos à expansão das amostras, que mesmo a
amostra 03 demonstrando um valor mais alto, esse resultado não apresenta
diferença estatisticamente significativa quando comparado as amostras 01 e 02.

Figura 23 - Resultado de Expansão das Amostras 01, 02 e 03.

A NBR 7207/82 estabelece que os solos para subleito devem apresentar valores de
expansão de até 2% e para sub-base é de até 1%. Os resultados obtidos na Figura
24 demonstram que todas as amostras podem ser aplicadas em camada final de
terraplanagem, observando que os materiais utilizados para execução da base SAFL
são os mesmos ensaiados que foram extraídos no subleito das ruas.
56

Figura 24 - Resultado das Amostras Coletadas em Ji-Paraná/RO, Unidade


Geológica PVA-34.
Granulometria %
Amostra Índices Físicos Umidade MEASm CBR Expansão CLASSIFICAÇÃO
Passando
# 1/2" # 3/8" # n. 04 # n. 10 # n. 40 # n. 200 LL LP IP % kgf/m³ % % IG HRB USC
1 100,00 100,00 99,58 97,16 80,09 43,75 28,50 17,62 11,05 14,30 1715 10,25 0,239 2 A-6 SM
2 100,00 99,92 99,31 96,87 78,71 42,73 26,60 18,62 8,98 14,00 1731 3,07 0,239 2 A-4 SM
3 100,00 99,82 98,70 87,10 87,51 65,73 44,40 26,70 17,70 20,90 1534 4,61 0,274 9 A-7-6 CL

Os resultados da classificação tradicionais foram baseados nas propriedades


índices, tais como granulometria, limites de liquidez e índice de plasticidade, se
enquadrou nas Classificação Unificada – USCS e HRB-AASHTO, conforme
representado na figura 24.

4.1.5. Classificação MCT

Com dificuldade de interpretar os resultados referente a classificação HRB


com relação ao comportamento do solo empregado como subleito, BARROSO
(1996), elaborou uma escala de adjetivos, em ordem decrescente de eficácia, com
uma hierarquia de qualificação que vai de excelente, excelente a bom, bom, bom a
regular, regular, regular a mau e muito mau, indicativo ao emprego dos solos em
pavimentação, relacionou cada uma das sete qualificações as classes de HRB e
USCS Tabela 2 e MCT na Tabela 3. Com a finalidade de distribuir essas classes
entre as sete qualificações idealizadas, foram utilizadas informações referente à
granulometria e índices de plasticidade.
BARROSO (1996), baseou-se em informações contidas em VARGAS (1997),
para à classificação USCS, levando em consideração à trababilidade dos solos
como material de fundação, para atribuir ordem decrescente de qualidade às classes
dos solos, segue na Tabela 2. A ordem de preferência para diferentes usos em
pavimentação atribuída pela classificação MCT serviu de base para a
correspondência entre as qualificações idealizadas por BARROSO (1996) e as
classes de método MCT Tabela 3.
57

Tabela 2 - Hierarquização das classes dos solos com subleito no sistema USCS e
HRB.

Fonte: segundo BARROSO (1996).

Tabela 3 - Hierarquização das classes dos solos como subleito no sistema MCT.

Fonte: segundo BARROSO (1996).

Os resultados da classificação dos solos pelo sistema MCT, são


apresentados na Figura 25, determinados através dos ensaios mini-MCV e perda de
massa por imersão, juntamente com os coeficientes c’ e e’.
58

Figura 25. Gráfico da Classificação MCT com a localização das 03 amostras de solo.

Amostra 01
Amostra 02
Amostra 03

Com a aplicação dos resultados dos coeficientes c’ e e’ aplicada na tabela


apresentada na Figura 25, foi traçado no gráfico de classificação de solo MCT, logo
verifica-se que todas as três amostras apresentaram solo de comportamento
laterítico pertencente ao grupo LG’ (solo argiloso ou solo argilo-arenoso), o qual
segundo Villibor & Nogami (2009) possui facilidade de compactação e elevada
coesão.
Para as amostras ensaiadas segundo a metodologia MCT, os resultados
apresentaram como sendo solo argiloso de comportamento laterítico, conforme a
Tabela 4. Demonstrando um bom comportamento do solo para ser utilizado como
base SAFL, segundo Barroso (1996).

Tabela 4 - Classificação MCT dos solos naturais e correspondentes


comportamentos, segundo escala proposta por BARROSO (1996)
Amostra c’ e' Classificação do Solo Comportamento do
Natural (MCT) Solo
01 1,80 0,87 LG’ Bom
02 1,80 0,90 LG’ Bom
03 2,20 0,93 LG’ Bom
59

Estudos realizados por Villibor & Nogami (2009), ressaltam que os SALF mais
adequados para utilização na pavimentação são os pertencentes aos grupos LA, LA’
e LG’. Os resultados do presente estudo demonstram que as amostras de solo
coletadas pertencem ao Grupo LG’, estando o coeficiente c’ entre 1,8 e 2,2, podendo
ser utilizado para pavimentação de vias de transito leve, com predomínio de veículos
de passeio e com no máximo 5 veículos comerciais por dia.

4.1.6. Análise de Custo de Execução do Pavimento

Tendo como principal objetivo a substituição da base de solo granular


extraído de jazidas, incluindo seu transporte ao local de execução da obra, como
tradicionalmente é executado nos pavimentos atuais, a proposta abaixo é trocar
essa etapa, utilizando o solo do próprio local do empreendimento como base do
pavimento. Abaixo esta descriminado o cálculo da base de solo granular sem
mistura, limpeza de jazida e transporte de material (base), contando que o restante
dos serviços para a execução do pavimento, equipamentos e materiais empregados
é idêntico para ambos os tipos de base, SAFL e tradicional.
O custo unitário para execução de Base de solo estabilizado
granulometricamente sem mistura (código: DERPAV004 – DER/RO, 2014), tem um
custo total de R$12,86 que se somando ao Transporte local com basculante,
material de jazida para base (código: DERTRAN017 – DER/RO, 2014), que se refere
ao material transportado da jazida até o local da obra com uma distância média de
transporte, DMT=15,0km, tem um custo de R$7,43 totalizando R$20,29/m³.
Utilizando o solo do próprio local da obra, o item DERPAV004 (DER/RO,
2014), que inclui equipamentos, mão de obra, transporte e atividades auxiliares, será
suprimido a etapa de atividades auxiliares, que implica na limpeza da camada
vegetal, expurgo de jazida e escavação, o que resulta numa redução de custo de
R$7,61 por m³, e eliminando o transporte de material ao local da obra tem-se uma
redução de R$7,43 por m³, apresentando no final uma diferença de custo de base
60

granular sem mistura de R$20,29/m³ para uma base SAFL de R$5,25/m³, conforme
exposto na Tabela 5.

Tabela 5 - Custo comparativo final - Base do pavimento.


Descriminação dos Base extraída de jazida + Base do próprio
serviços transporte (m3) local da obra (m3)
Equipamentos + Mão R$5,25 R$5,25
de obra
Atividades Auxiliares R$7,61 --
Transporte de material R$7,43 --
TOTAIS R$ R$20,29 R$5,25
TOTAIS US$ (jan-14) US$ 8,634 US$ 2,234

Neste sentido, o custo da base SAFL tem uma redução de cerca de 74,13%
da base convencional (extraída de jazida) com uma distância média de transporte de
15km (essa distância é a média praticada na cidade de Ji-Paraná/RO, quando os
órgãos públicos licitam as obras de pavimentação), mostrando assim, a viabilidade
da execução e do aproveitamento do solo local para pavimentos de tráfego leve
(menos de 50 veículos comerciais por dia).

Tabela 6 - Preços de execução do pavimento por camadas, por m².


Camadas do Pavimento Preço (R$ / m²)
Regularização do Subleito R$0,93
Imprimação com CM-30 R$4,31
Tratamento Superficial Duplo - TSD R$12,48
TOTAIS R$ R$17,72
TOTAIS US$ (jan-14) US$ 7,54
NOTAS:
1. Está incluindo nos preços o valor de transporte dos materiais pétreos e betuminosos.
2. Preços unitários extraídos da Tabela do DER-RO, janeiro 2014.
61

A Tabela 6, apresenta as fases de construção de um pavimento urbano com


os custos orçados para execução deste por metro quadrado (m2), foi excluído este
custo a execução da base, exploração da jazida e o transporte da mesma até local
da obra, para que se possa fazer um comparativo de custo por m2 com a execução
deste pavimento para diversos tipos na mesma condição, comparativo apresentado
na Tabela 7.

Tabela 7 - Custo comparativo de preços, por m² de pavimento com diversos tipos de


base.
Preço de Exec. Preço Total Relação
TIPO DE BASE BASE Serviços Pavimento de Custo*
R$ / m² (%)
Base SAFL R$5,25 R$17,72 R$22,97 100%
Base solo estabilizado granul. R$20,29 R$17,72 R$38,01 165%
s/ mistura
Base estab. granul. c/ mistura R$40,19 R$17,72 R$57,91 252%
(Solo 70% - Areia 30%)
Base estab. granul. c/ mistura R$90,55 R$17,72 R$108,27 471%
(Solo 60% - Brita 40%)
Base de solo cimento c/ R$140,83 R$17,72 R$158,55 690%
mistura em usina
Base de brita graduada R$165,79 R$17,72 R$183,51 799%
NOTA:
1. Relação de Custo em Percentual (referência Base de SAFL=100%).
2. Os preços de execução dos serviços desta tabela 7, são resultados decorrentes da tabela 6.
3. As bases apresentadas estão inclusos os valores do transportes dos materiais empregados em cada uma dela.
62

5. CONCLUSÃO

O presente estudo permitiu examinar e classificar o solo da região com um


novo conceito de classificação desenvolvida especificamente para estudos dos solos
tropicais finos. Com isso pode-se avaliar a viabilidade econômica de um pavimento
mais barato para executar, no que se refere a aquisição do material de base e
transporte de materiais importados de outras localidades. No ponto de vista
ambiental as vantagens são enormes, pois reduz a necessidade de explorar caixa
de empréstimos (jazidas) em outras locais e o também o descarte dos materiais
impróprios (bota-fora), evitando a degradação dessas áreas eliminado o trânsito de
equipamentos pesados e caminhões com o transporte desses materiais, logo
permitirá a possibilidade de minimizar a alteração do meio atenuando o impacto
ambiental muitas vezes irreversíveis.
Diante dos resultados, conclui-se que é viável a utilização do solo local
(próprio empreendimento) para a execução do pavimento de base laterítica – SAFL
proposta para tráfego leve ou muito leve e assim garantir um pavimento econômico
acessível para os órgãos públicos em especial as prefeituras do Estado que são
desprovidas de recursos financeiros para realizar a pavimentação de vias urbanas.
63

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