Aula 2

Cinemática
Fı́sica para Biologia

Prof. Dr. Rodrigo S. da Lapa
Rodrigo S. da Lapa (UNILA) Cinemática - 1 / 30

Resumo da Aula
Noções Básicas

Na aula passada iniciamos nosso estudo do movimento de partı́culas. Este é

o primeiro tópico da ementa. Apresentamos conceitos como deslocamento,
velocidade, intervalo de tempo e etc. Vimos também que a existência de
um referencial (observador) é fundamental para a descrição do movimento
de uma partı́cula.
Nesta aula, vamos dar uma pausa nestes conceitos e vamos estudar um
pouco de matemática elementar que vai servir de base para quando voltar-
mos a discutir os conceitos de fı́sica, especialmente sobre o movimento de
partı́culas.

Em fı́sica é muito comum representarmos as quantidades por letras, que

representam algum valor (número real) de uma certa grandeza. Se então
estas ”letras” possuem valores reais, então podemos fazer operações com
elas e representar uma resposta em termos dessas ”letras”. Por exemplo:
Um objeto se desloca uma quantidade ∆x, medida num certo referencial.
Este deslocamento é efetuado num intervalo de tempo ∆t. Portanto a
velocidade é definida como
∆x
v=
∆t
Mais a frente veremos que essa definição é muito vaga, carece de uma
análise mais profunda. Porém, para inı́cio, ela serve bem.

Quando atribuı́do um valor (real) para ∆x, podemos então ter uma noção
do quão grande ou pequeno pode ser este deslocamento. Além disso, o
intervalo de tempo, também quando atribuı́do um valor (o tempo é sempre
um parâmetro crescente, isso significa que ∆t > 0) dá uma noção se o
objeto está rápido ou lento. Veja que a velocidade v é a razão entre dois
números reais, e o resultado disso é também um número real. Portanto, ao
fazer essa fração ∆x
∆t , obtemos uma quantidade dada pela letra v que possui
um valor real.

Portanto, é interessante entender as propriedades dos números reais. Dessa

forma voce será capaz de manipular suas equações de forma literal, obter
resultados que te permitam fazer uma análise mais complete do que uma
solução por substituição dos valores reais de cada grandeza.
Propriedades dos numeros reais
Existencia de um elemento neutro: Seja A um número real. Então,
existe um numero que, quando somado a A resulta no mesmo numero
A.
A+0=A
O elemento neutro da multiplicação é o numero 1. Tal que
A.1 = A

Propriedade Comutativa: Se A e B são dois numeros reais, então as

propriedades de adição e multiplicação destes numeros são
comutativas.
A+B =B +A
A.B = B.A
Propriedade Associativa: Se A,B e C são numeros reais então
A + (B + C ) = (A + B) + C
A.(B.C ) = (A.B).C

Propriedade Distributiva: Se A,B e C são numeros reais então
A(B + C ) = AB + AC
Propriedade do Inverso: Se A é um numero real, então o seu inverso
1
A obdece a propriedade
1
A. = 1
A

Tendo visto estas propriedades, vamos falar sobre alguns casos interessantes
e que podem ajudar a esclarecer algumas operações algebricas.
Em muitas situações é comum lidarmos com operações entre frações. Muitas
vezes isso pode assustar, mas veremos que trata-se apenas de ”seguir regras”
para realizar estas operações. Veja a expressão abaixo
a c
1+
b d
Como representar esta expressão através de uma unica fração com um nu-
merador e um denominador?

Vamos utilizar a propriedade associativa incialmente

a ac
+
b bd
A partir daqui não podemos simplesmente somar os numeradores e denom-
inadores, pois os denominadores não são iguais (o divisor não é comum).
Mas isto é facilmente contornavel, pois sabemos que o 1 é o elemento neutro
da multiplicação. Assim multiplicando a primeira fração por 1 teremos
a ac
.1 +
b bd

Mas o numero 1 é simplesmente a divisão de um numero por ele mesmo. Se

voce notar, para que as duas frações tenham o mesmo denominador basta
que 1 = dd . Assim
a d ac
. +
b d bd
Agora temos uma frações com mesmo denominador e, portanto, podemos
simplesmente somar o numerador e repetir o denominador.
ad + ac
bd

Importante tambem falar sobre igualdade de numeros reais. É importante

falar sobre isso pois muitas ”fórmulas” que veremos são expressas atraves
de igualdades, por exemplo, a segunda lei de Newton
F = ma
Importante salientar que de forma mais geral, esta é uma igualdade vetorial,
mas vamos considerar um problema unidimensional inicialmente.
Esta expressão mostra que o numero que representa a letra F (força) é ex-
atamente igual o numero que está do lado direito da igualdade representado
pelo produto entre dois numeros, a massa m e a aceleração do corpo a.

Como estes numeros são iguais, podemos fazer operações entre eles preser-
vando sua igualdade. Por exemplo, podemos multiplicar ambos os lados da
igualdade pelo mesmo número real C , e preservando assim sua igualdade.
F .C = ma.C
Nessa ”lógica”, podemos ainbda obter somente a aceleração do objeto
multiplicando ambos os membros da igualdade pelo elemento inverso da
massa. Assim
1 1 F
F . = ma → =a
m m m
É por isso que quando temos um numero em um lado de uma igualdade e
queremos ”joga-lo” para o outro lado, jogamos ele dividindo.

A partir das propriedades dos numeros reais, efetue as expressões abaixo

supondo que a, b, c e d são numeros reais.
(a) (a + b)(c + d)
(b) 1a b + c1
(c)( 1a + b1 )( c1 + d1 )
1
+1
(d) 1a +c
b

Das igualdades abaixo, isole o numero a em um dos lados da igualdade.

(a) 1ab
+d
1
= 1 +f
c e
b 1
(b) 1
+c
=d +e
a
(c) a+b 1 = 1 1
d + e
c

Agora vamos um pouco sobre propriedades dos radicais. É importante

tambem porque em muitas situações, nossas expressões algebricas poderão
conter raizes quadradas ou de ordem superior. E saber lidar com isso é
fundamental.
√ Veja então
p p
(i) √ a =a √
p q
(ii) √ a = p.n√aq.n√
(iii) qa b = p an p b q
p n q
√
p n
p an a
(iv) b q = √
p q
b
√ √
(v) p ( p aq )n = p aqn
√
p n q
√ √
(vi) a = p.n aq (vii) p aq = aq/p

Comqbase nas propriedades, simplifique as expressões abaixo.

(a) a2 + b12
q
2 2
(b) a2 + acb2
q
q n
(c) p ap + acbq

Outra coisa que é importante salientar como noções básicas de matematica

elementar, são as propriedades de funções reais. Em matemática, existem
uma gama de funções reais que podem representar a fı́sica de algum sistema.
Por exemplo, a equação de uma onda transversal se propagando para a
direita numa coda esticada sobre o eixo X pode ser dada por
f (x, t) = A sin (kx − ωt + φ)

Veja, esta é um função senoidal, que tem um comportamento per


Como em f (x, t) o seno está multiplicado por A então esta função oscila
entre −A e +A. É importante tambem analisar o argumento da função.
Sabemos que para estas funções trigonométricas (seno, cosseno, tangente,
secante, cossecante e etc), ela possuem valores bem definidos para multiplos
do número π.
figura obtida da pagina https://www.todamateria.com.br/circulo-trigonom

Veja alguns valores
Figura obtida da pagina https://www.facebook.com/PROFCADOSORIO/

Alem disso, algumas operações com funções trigonometricas são impor-

tantes de serem esclarecidas como.
sin(a ± b) = sin(a) cos(b) ± sin(b) cos(a)

cos(a ± b) = cos(a) cos(b) ∓ sin(a) sin(b)
sin2 (a) + cos2 (a) = 1

Outro tipo de função que tem propriedades interessantes que podemos deixar
claro aqui, é a função logaritmica. Quando estudamos ondas sonoras, a
intensidade I de uma certa onda relativa a uma intidade I0 chamada de
limiar de audibilidade, pode ser escrita como
B = 10 log (I /I0 )
Neste caso a o logaritmo tem base 10. De maneira geral, a função logaritmo
pode ser escrita como loga x, onde a é a base do logaritmo e x o argumento
da função.

Algumas propriedades de operações são importantes como:

(i) loga (b.c) = loga (b) + loga (c)
(ii) loga (b/c) = loga (b) − loga (c)
(iii)loga (b)c = c loga (b)
(iv)loga (b) = log c (b)
logc (a)
Além do que o logaritmo em qualquer base de 1 é nulo loga (1) = 0.

Vale lembrar que o logaritmo tem uma relação inversa com a função expo-
nencial. Ou seja
aloga (x) = x

Vamos agora falar um pouco de geometria euclidiana, em particular, o

cálculo de área de figuras regulares planas. A importancia de saber cal-
cular áreas de figuras como triangulos, trapezios, circulos e etc. já fica
evidente logo quando estudamos cinematica. Veremos que a partir de um
grafico da velocidade versus tempo, é possı́vel determinar a distancia percor-
rida por um objeto calculando a área abaixo da curva definida pelo intervalo
de tempo de interesse. Portanto, vamos listar aqui as áreas de principais
figuras planas que podem ser de interesse mais a frente.

A primeira figura e muito comum é um triangulo, cuja altura pode ser

representada pela letra H e a base pela letra B. Assim, a área A de um
triangulo é dada por
BH
A=
2

Em especial, um triangulo retangulo, no qual um dos angulos internos (an-

gulo reto) é igual a π/2 = 900 , existe o teorema de Pitágoras que estabelece
uma relação entre os valores de cada lado do triangulo.
O valor do lado oposto ao angulo reto é a hipotenusa, e a relação é dada

por
a2 = b 2 + c 2
Um trapézio pode ser visto como a composição de um retangulo e um

triangulo. A área desse tipo de figura é dada por
(B + b)H
A=
2

Para um circulo temos que sua área vale
A = πr 2
e seu perı́metro vale S = 2πr , onde r é o raio.

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Veja alguns valores

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Alem disso, algumas operações com funções trigonometricas são impor-

sin(a ± b) = sin(a) cos(b) ± sin(b) cos(a)

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Algumas propriedades de operações são importantes como:

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Vamos agora falar um pouco de geometria euclidiana, em particular, o

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A primeira figura e muito comum é um triangulo, cuja altura pode ser

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Em especial, um triangulo retangulo, no qual um dos angulos internos (an-

O valor do lado oposto ao angulo reto é a hipotenusa, e a relação é dada

Um trapézio pode ser visto como a composição de um retangulo e um

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Para um circulo temos que sua área vale

e seu perı́metro vale S = 2πr , onde r é o raio.

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