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unidade

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Sequência e
FUNÇÕES
unidade

3
Introdução ao Estudo de Funções
Prezado estudante,

Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo
e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas
dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos
para essa disciplina.

OBJETIVO GERAL
Resolver problemas envolvendo o estudo de funções de primeiro e segndo grau.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar os domínios e as imagens de funções.
• Reconhecer a variável dependente e a independente em uma função.

• Definir funções de primeiro e segundo graus e utilizá-la- em aplicações.


unidade

3
Parte 1

Generalidades sobre Funções

O conteúdo deste livro é


disponibilizado por SAGAH.
130 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

1.2 Funções 73

Relações e Funções Uma equação ou desigualdade contendo duas variáveis expressa uma relação en-
tre estas duas variáveis. Por exemplo, a desigualdade R ≥ 35x expressa uma rela-
ção entre duas variáveis x e R e a equação y = 4x – 3 expressa uma relação entre
duas variáveis x e y.
Além de definir uma relação por uma equação, uma desigualdade ou uma regra
de correspondência, podemos também defini-la como qualquer conjunto de pares
ordenados de números reais (a, b). Por exemplo, as soluções de y = 4x – 3 são pares
de números (um para x e outro para y). Escrevemos os pares (x, y) de forma que o
primeiro número é o valor x e o segundo é o valor y, e estes pares ordenados defi-
nem a relação entre x e y. Algumas relações podem ser definidas por uma tabela,
um gráfico ou uma equação.

Relação Uma relação é definida por um conjunto de pares ordenados ou por uma regra
que determine como os pares ordenados são encontrados. Ela pode também ser
definida por uma tabela, um gráfico, uma equação ou uma desigualdade.

Por exemplo, o conjunto de pares ordenados


{(1,3), (1,6), (2,6), (3,9), (3, 12), (4,12)}

expressa a relação entre o conjunto das primeiras componentes, {1, 2, 3, 4}, e o


conjunto das segundas componentes, {3, 6, 9, 12}. O conjunto das primeiras com-
ponentes é chamado de domínio da relação e o conjunto das segundas componen-
tes é chamado de imagem da relação. A Figura 1.1 (a) usa setas para indicar como
as entradas no domínio (primeiras componentes) são associadas com as saídas na
imagem (segundas componentes). A Figura 1.1 (b) mostra outro exemplo de rela-
ção. Como as relações também podem ser definidas por meio de tabelas e gráficos,
a Tabela 1.1 e a Figura 1.2 são exemplos de relações.

Domínio Imagem Domínio Imagem

1 3 1
7
2 6 2
9
3 9 3
11
4 12 4

Figura 1.1 (a) (b)

Freqüentemente, uma equação expressa como a segunda componente (a saída)


é obtida por meio da primeira componente (a entrada). Por exemplo, a equação
y = 4x – 3
expressa como a saída y resulta da entrada x. Essa equação expressa uma relação
especial entre x e y, porque cada valor de x que é substituído na equação resul-
ta em um único valor para y. Se cada valor de x substituído em uma equação
resulta em um único valor de y, dizemos que a equação expressa y como uma
função de x.

Definição de uma Função Uma função é uma relação entre dois conjuntos tal que para cada elemento do
domínio (entrada) corresponde um único elemento da imagem (saída). Uma
função pode ser definida por um conjunto de pares ordenados, uma tabela, um
gráfico ou uma equação.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Generalidades sobre Funções PARTE 1 131
74 Capítulo 1 Equações e Funções Lineares

TABELA 1.1 Imposto para


o Contribuinte Solteiro ÍNDICE DOW JONES
Alta real
Todos os Direitos Reservados. Fechamento
Receita Tributável Imposto Baixa real
(Domínio) Devido
(Imagem)

Ao Mas
menos menos
que
30.000 30.050 4.876
30.050 30.100 4.889
30.100 30.150 4.903
30.150 30.200 4.917

30.200 30.250 4.931


20.250 30.300 4.944
30.300 30.350 4.958
30.350 30.400 4.972

30.400 30.450 4.986


30.450 30.500 4.999
30.500 30.550 5.013
30.550 30.600 5.027 Figura 1.2
Fonte: Wall Street Journal, 17 de janeiro de 2002
30.600 30.650 5.041
30.650 30.700 5.054
30.700 30.750 5.068
30.750 30.800 5.082
Quando uma função é definida, a variável que representa os números do do-
30.800 30.850 5.096
mínio (entrada) é denominada variável independente da função, e a variável que
30.850 30.900 5.109
representa os números na imagem (saída) é chamada de variável dependente (por-
30.900 30.950 5.123
que seus valores dependem dos valores das variáveis independentes). A equação
30.950 31.000 5.137
y = 4x – 3 define y como função de x, porque resulta um único valor de y para cada
Fonte: Internal Revenue Service, 2001
valor x que é substituído na equação. Assim, a equação define uma função em que
Form 1040, Instructions x é a variável independente e y é a variável dependente.
Podemos também aplicar essa idéia para uma relação definida por uma tabela
ou um gráfico. Na Figura 1.1 (b) da página anterior, como cada entrada no domínio
corresponde a uma única saída na imagem, a relação é uma função. Analogamente,
os dados da Tabela 1.1 também representam uma função. Observe que na Tabela
1.1, embora muitos valores de receitas tributáveis diferentes tenham o mesmo im-
posto devido, cada valor de receita tributável (entrada) corresponde a um único
imposto devido (saída). Assim, o imposto devido (variável dependente) é uma
função da receita tributável para contribuintes solteiros (variável independente).
Entretanto, a relação definida na Figura 1.2 não é uma função porque o gráfico que
representa o índice Dow Jones mostra que para cada dia existem pelo menos três
valores diferentes – máximo do dia, mínimo do dia e o fechamento. Por exemplo,
no dia 25 de setembro de 2002, o índice variou do mínimo de 286 para o máximo
de 298.

E X E M P LO 1 Funções

A expressão y2 = 2x nos dá y como função do x?


132 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

1.2 Funções 75

SOLU Ç Ã O
Não, porque para alguns valores de x existem mais de um valor para y. De fato,
existem dois valores de y para cada x > 0. Por exemplo, se x = 8, então y = 4 ou
y = –4, dois valores diferentes de y para o mesmo valor de x. A equação y2 = 2x
expressa uma relação entre x e y, mas y não é uma função de x.

Gráficos das Funções É possível visualizar geometricamente as relações e funções que discutimos por
meio de um esboço dos seus gráficos em um sistema de coordenadas cartesianas.
Construímos um sistema de coordenadas cartesianas desenhando duas retas reais
(denominadas eixos coordenados) que são perpendiculares entre si e se intercep-
tam nas suas origens (chamada origem do sistema).
O par ordenado (a, b) representa o ponto P que está localizado a a unida-
des na direção do eixo x e a b unidades na direção do eixo y (ver Figura 1.3).
Analogamente, todos os pontos têm um par ordenado único que os descreve.

eixo y

2o Quadrante 5 1o Quadrante
4
3 A(5, 2)
B(−4, 1) 2
1
eixo x
–5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1
–2
–3
–4
C(−4, −4) D(1, −5)
–5
Figura 1.3 3o Quadrante 4o Quadrante

Os valores a e b no par ordenado associado com o ponto P são chamados coordena-


das cartesianas (ou retangulares) do ponto, onde a é a coordenada x (ou abscissa)
e b é a coordenada y (ou ordenada). Os pares ordenados (a, b) e (c, d) são iguais
se e somente se a = c e b = d.
O gráfico de uma equação que define uma função (ou relação) é a imagem
que resulta quando marcamos os pontos cujas coordenadas (x, y) satisfazem a
equação. Para esboçar o gráfico, marcamos pontos suficientes que sugiram a for-
ma do gráfico e desenhamos uma curva lisa passando pelos pontos. Isto é chama-
do método de marcar pontos para esboçar o gráfico.

E X E M P LO 2 Esboçando Funções
Esboce o gráfico da função y = 4x2.

SOLU Ç Ã O
Escolhemos alguns valores para a variável x e encontramos o valor corresponden-
te y. Colocando estes valores em uma tabela teremos alguns pontos para marcar.
Quando tivermos o suficiente para determinar a forma do gráfico, conectaremos os
pontos para completar o gráfico. A tabela e o gráfico são mostrados na Figura 1.4.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Generalidades sobre Funções PARTE 1 133
76 Capítulo 1 Equações e Funções Lineares

14
x y 12
–1 4 10
– 12 1 8
0 0 6
1
2
1 4

1 4 2 y = 4x2

2 16 x
Figura 1.4 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4
–2

Podemos determinar se a relação é ou não uma função examinando o seu grá-


fico. Se ela for uma função, então nenhuma entrada (valor de x) terá duas saídas
diferentes (valor de y). Isto significa que não existem dois pontos no gráfico com a
mesma primeira coordenada (abscissa). Assim, não existem dois pontos no gráfico
que estejam na mesma reta vertical.

Teste da Linha Vertical Se não existe nenhuma reta vertical que intercepta o gráfico em mais de um ponto,
então o gráfico é o de uma função.

Ao aplicar este teste no gráfico de y = 4x2 (Figura 1.4), comprovamos facil-


mente que essa equação descreve uma função. O gráfico de y2 = 2x é mostrado na
Figura 1.5, e podemos constatar que o teste da reta vertical indica que ele não é o
gráfico de uma função (como já vimos no Exemplo 1). Por exemplo, a reta vertical
em x = 2 intercepta a curva em (2, 2) e (2, –2).

y
Alteração ano a ano do
4
Índice de Preços ao Consumidor
3

2 4%
y 2 = 2x
1
x
1 3 4 5 6 7
-1 3%
-2
-3
-4
Figura 1.5
2%

1%
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Figura 1.6 Fonte: Wall Street Journal, 17 de janeiro de 2002

O gráfico na Figura 1.6 mostra o Índice de Preços ao Consumidor (y) versus o


tempo (x). Ele representa uma função, porque para todo x existe um único y. No
entanto, como observamos anteriormente, o gráfico da Figura 1.2 da página 74 não
representa uma função.
134 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

1.2 Funções 77

Notação Funcional Podemos usar a notação funcional para indicar que y é uma função de x. A fun-
ção é denotada por f, e escrevemos y = f (x). Isto é lido “y é uma função de x” ou “y
é igual a f de x”. Para valores específicos de x, f (x) representa os valores da função
(isto é, as saídas ou valores de y) nestes valores de x. Assim, se

f (x) = 3x2 + 2x +1
então f (2) = 3(2)2 + 2(2) + 1 = 17
e f (–3) = 3(–3)2 + 2(–3) + 1 = 22
A Figura 1.7 representa esta notação funcional como (a) um operador em x e
(b) a coordenada y para um dado valor de x.

(−3, f (−3)) y = f(x)


Entrada x 3
2
(0, f (0))
1
f 1 2
x
−3 −2 −1 3
−1
(2, f (2))
Saída f(x)

Figura 1.7 (a) (b)

Letras diferentes de f também podem ser usadas para denotar funções. Por
exemplo, y = g(x) ou y = h(x) podem ser usadas.

E XE M P LO 3 Calculando Funções
Se y = f (x) = 2x3 – 3x2 + 1, calcule seguinte:
(a) f(3) (b) f(–1)

SOLU Ç ÃO
(a) f (3) = 2(3)3 –3(3)2 + 1 = 2(27) – 3(9) + 1 = 28
Assim, y = 28 quando x = 3.
(b) f (–1) = 2(–1)3 – 3(–1)2 + 1 = 2(–1) – 3(1) + 1 = –4
Assim, y = –4 quando x = –1.

E XE M P LO 4 Volume de Dólares nas Transações em Caixas Eletrônicos


Como mencionado na Pré-Aplicação, o volume de transações pode ser descrito
por meio da função
y = f (x) = 0,1369x – 5,091255
onde y está em bilhões de dólares de transações e x é o número de caixas eletrô-
nicos (em milhares).
(a) Calcule f(100).
(b) Escreva uma frase que explique o significado do resultado em (a).

SOLU Ç ÃO
(a) f(100) = 0,1369(100) – 5,091255 = 13,69 – 5,091255 = 8,598745
Assim, o ponto (100, 8,598745) está no gráfico desta função.
(b) A afirmação f(100) = 8,598745 significa que, quando há 100 mil caixas eletrônicos,
acontecem (aproximadamente) $ 8,598745 bilhões em transações nestes caixas.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Generalidades sobre Funções PARTE 1 135
78 Capítulo 1 Equações e Funções Lineares

E X E M P LO 5 Notação Funcional
Se g(x) = 4x – 3x + 1, calcule o seguinte:
2

(a) g(a) (b) g(–a) (c) g(b) (d) g(a + b)


(e) É verdade que g(a + b) = g(a) + g(b)?

SOLU Ç Ã O
(a) g(a) = 4(a)2 – 3(a) + 1 = 4a2 – 3a + 1
(b) g(–a) = 4(–a)2 – 3(–a) + 1 = 4a2 + 3a + 1
(c) g(b) = 4(b)2 – 3(b) + 1 = 4b2 – 3b + 1
(d) g(a + b) = 4(a + b)2 – 3(a + b) + 1
= 4(a2 + 2ab + b2) – 3a – 3b + 1
= 4a2 + 8ab + 4b2 – 3a – 3b + 1
(e) g(a) + g(b) = (4a2 – 3a + 1) + (4b2 – 3b + 1)
= 4a2 + 4b2 – 3a – 3b + 2
Assim, g(a + b) ≠ g(a) + g(b).

E X E M P LO 6 Notação Funcional

Dada f (x) = x2 – 3x + 8, calcule f ( x + h ) − f ( x) e simplifique (se h ≠ 0)


h

SOLU Ç Ã O
2
f ( x + h ) − f ( x ) [( x + h ) − 3 ( x + h ) + 8] − [ x 2 − 3x + 8]
=
h h
[( x 2 + 2 xh + h 2 ) − 3x − 3h + 8] − x 2 + 3x − 8
=
h
x 2 + 2 xh + h 2 − 3x − 3h + 8 − x 2 + 3x − 8
=
h
2 xh + h 2 − 3h h (2 x + h − 3)
= = = 2x + h − 3
h h

Domínios e Imagens Limitaremos nossa discussão neste texto a funções reais, que são as funções
cujos domínios e imagens contêm apenas números reais. Se o domínio e a imagem
de uma função não são especificados, supomos que o domínio consiste de todas as
entradas reais (valores de x) que resultam em saídas reais (valores de y), produzin-
do uma imagem que é um subconjunto dos números reais.
Para os tipos de funções que estamos estudando agora, se o domínio não é espe-
cificado, ele incluirá todos os números reais, exceto:

1. valores que resultem em denominador igual a 0 e


2. valores que resultem em raiz par de um número negativo.

E X E M P LO 7 Domínio e Imagem
Encontre o domínio de cada uma das seguintes funções; encontre a imagem das
funções dos itens (a) e (b).
SOLU Ç Ã O

1
(a) y = 4x2 (b) y = 4− x (c) y = 1 +
x − 2
136 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

1.2 Funções 79

(a) Não há restrições nos números que podem substituir x, assim o domínio con-
siste de todos os números reais. Como os quadrados de qualquer número real
são não-negativos, 4x2 deve ser não-negativo. Assim, a imagem é y ≥ 0. Se
marcarmos pontos ou usarmos uma ferramenta gráfica, obteremos o gráfico
mostrado na Figura 1.8 (a), que ilustra nossas conclusões sobre o domínio e a
imagem.
(b) Notamos a restrição que 4 – x não pode ser negativa. Assim, o domínio consis-
te apenas dos números menores ou iguais a 4. Isto é, o domínio é o conjunto de
números reais que satisfaz x ≤ 4. Como 4 − x é sempre não-negativo, a ima-
gem é todo y ≥ 0. A Figura 1.8 (b) mostra o gráfico de y = 4 − x . Observe
que o gráfico está localizado apenas onde x ≤ 4 e no ou acima do eixo x (onde
y ≥ 0).
1 1
(c) y =1+ não é definido para x = 2 porque não é definido. Conse-
x − 2 0
qüentemente, o domínio consiste de todos os números reais, exceto 2. A Figura
1
1.8 (c) mostra o gráfico de y = 1 + . A ruptura quando x = 2 indica que x
= 2 não faz parte do domínio. x − 2

y y

14 8
12 y=1+ 1 6
x−2
10 4
8 2
6 x
–8 –6 –4 –2 2 4 6 8
4 –2
2 y = 4x2 –4
x –6
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4
–2 –8

(a) (c)
Figura 1.8

PONTO DE CONTROLE 1. Se y = f (x), a variável independente é _____ e a variável dependente é _____.


2. Se (1,3) está no gráfico de y = f (x), então f(1) = ?
3. Se f (x) = 1 – x3, encontre f (–2).
4. Se f (x) = 2x2, encontre f (x + h).
5. Se f ( x ) = 1 , qual é o domínio de f (x)?
x +1

Operações com Funções Podemos formar novas funções através de operações algébricas com duas ou
mais funções. Definimos novas funções que são a soma, a diferença, a multiplica-
ção e o quociente de duas funções como segue:

Operações com Funções Sejam f e g funções de x e defina o seguinte:


Soma (f + g)(x) = f (x) + g(x)
Diferença (f – g)(x) = f (x) – g(x) (continua)
138 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

PREZADO ESTUDANTE

ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO


PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.
unidade

3
Parte 2

Variáveis Matemáticas e
Função do Primeiro Grau

O conteúdo deste livro é


disponibilizado por SAGAH.
140 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Variáveis matemáticas e
função de primeiro grau
Objetivos de aprendizagem
„ Reconhecer o conceito de função.
„ Definir uma função de primeiro grau e utilizá-la em aplicações.
„ Analisar o gráfico de uma função a fim de obter informações.

Introdução
Neste capítulo, você conhecerá as relações de dependência entre variáveis,
denominadas de funções.
As funções estão presentes em diversas atividades diárias, no valor
que se paga no táxi em função do tempo e da distância percorrida, no
marcador de distância de uma esteira em função da velocidade e do
tempo de atividade, no tempo gasto em uma viagem em função da
velocidade empregada.
O conceito de função apresenta diversas variações, sendo aplicado
a diversas situações e áreas de conhecimento.
Abordaremos os conceitos que servem de pré-requisito ao estudo
das funções, definindo, na sequência, as funções de primeiro grau e
finalizando com a construção do seu gráfico cartesiano.

Conceito de função
Antes de definirmos uma função, será necessário abordar alguns conceitos
preliminares.

Par ordenado — conjunto de dois elementos, nos quais a ordem fará a dife-
renciação entre dois conjuntos. Dessa forma, (a, b) ≠ (b, a).

Produto cartesiano — chamamos de produto cartesiano a operação definida


entre pares ordenados da forma apresentada a seguir.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
2 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 141

Sejam A e B dois conjuntos não vazios, indicamos por A × B (lê-se: A


cartesiano B) o conjunto de todos os pares ordenados nos quais o primeiro
elemento pertence ao conjunto A, e o segundo elemento pertence ao conjunto B.

A × B = {(x, y)|x ∈ A e y ∈ B}

Por exemplo, sejam os conjuntos A = {1, 2} e B = {3, 4, 5}, o produto


cartesiano A × B será:

A × B = {(1,3), (1,4), (1,5), (2,3), (2,4), (2,5)}

Nos pares ordenados que fazem parte do produto cartesiano, os primeiros


elementos foram fornecidos pelo conjunto A, e os segundos, pelo conjunto B.
Dessa forma, observa-se que o par ordenado (1,3) é um elemento do produto
cartesiano A × B , enquanto que o par ordenado (3,1) não é elemento do produto
cartesiano A × B.
Chamaremos de relação binária todo subconjunto do produto cartesiano
A × B, por convenção, o primeiro elemento de x, e o segundo elemento de y.

Diagrama de flechas — podemos expressar uma relação binária, ou seja,


um subconjunto dos elementos do produto cartesiano A × B por meio de um
diagrama de flechas, conforme mostrado na Figura 1.

A B
3
0
4
1
5
2
6

Figura 1. Diagrama de flechas.


142 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 3

No diagrama acima, o conjunto A, de onde “partem” as flechas, é denomi-


nado conjunto domínio (D), o conjunto B, conjunto que “recebe” as flechas,
é denominado conjunto contradomínio (CD), e o subconjunto do conjunto B,
representado pelos elementos de B que tiveram correspondência de A, são
chamados de conjunto imagem (Im).

Gráfico cartesiano

Um gráfico cartesiano será aquele plotado no plano de mesmo nome. O plano


cartesiano, ou sistema de coordenadas cartesianas, foi criado por René Descar-
tes. Um plano pode ser definido por duas retas; no caso do plano cartesiano,
ele é formado por dois eixos perpendiculares: o eixo horizontal, chamado de
abscissa (Ox ou simplesmente eixo x), e o vertical, chamado de ordenada (Oy
ou simplesmente eixo y). Os eixos são enumerados como retas ordenadas de
números reais. O encontro dos eixos define o ponto zero nos dois eixos. Observe
uma representação do plano cartesiano na Figura 2, a seguir.

Figura 2. Plano cartesiano.


Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
4 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 143

Agora, observe os pontos (0, 3), (1, 4) e (2, 6), plotados no plano da Figura3.

Figura 3. Plano cartesiano

Lembre-se de que o eixo horizontal representa x, como sendo o primeiro


número definido no par ordenado, enquanto o segundo número representará
o eixo vertical y.

Função de primeiro grau e suas aplicações


Sejam A e B conjuntos não vazios, chama-se função (ou aplicação) de A em B,
representada por f: A → B, qualquer relação binária que associa, a cada elemento
de A, um único elemento de B.
Portanto, para que uma relação de A em B seja uma função, é necessário
que cada elemento x ∈ A esteja associado a um único elemento y ∈ B, po-
dendo, entretanto, existir y ∈ B que não esteja associado a nenhum elemento
pertencente ao conjunto A.
144 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 5

A cada elemento x ∈ A, existe um único y ∈ B, de forma que y = f (x), ou


seja, a cada elemento x aplicado na função, corresponderá um elemento y.
Observe a Figura 4.

A f B

x y

Figura 4. Função f.

y = f(x)
A = domínio da função f
B = contradomínio da função f

Como dito, y = f (x, ou seja, a cada elemento x aplicado na função, corres-


ponderá um elemento y, que será denominado imagem de x.
Exemplos:

„ f (x) = 4x + 3; então, f (2) = 4.2 +3 = 11, portanto 11 é a imagem de 2


pela função f.
„ f (4) = 4.4 + 3 = 19, portanto 19 é a imagem de 4 pela função f.

Para que se caracterize, uma função necessita de dois conjuntos (domínio


e contradomínio) e de uma fórmula ou uma lei que relaciona cada elemento
do domínio a um — e somente um — elemento do contradomínio.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
6 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 145

Quando D ( f ) ⊂ R (domínio) e CD( f ) ⊂ R (contradomínio), sendo R o


conjunto dos números reais, dizemos que a função f é uma função real de
variável real. De uma forma simples, costuma-se considerar uma função real de
variável real como sendo apenas a lei de formação y = f (x) que a define, sendo
o conjunto dos valores possíveis para x chamado de domínio, e o conjunto dos
valores possíveis para y chamado de conjunto imagem da função. Assim, por
1
exemplo, para a função definida por y = x , temos que o seu domínio é D (f)
= R*, ou seja, o conjunto dos números reais menos o zero (consequência de
não existir divisão por zero) e o seu conjunto imagem é também R*, já que,
1 1
se y = x , x = y , portanto y também não pode ser zero.
Uma função pode ser entendida como uma relação de dependência entre
variáveis. Para que a função se caracterize, todos os elementos do domínio
precisam ter uma correspondente no contradomínio, mas a recíproca não é
verdadeira. Portanto, diremos que as variáveis x pertencentes ao domínio são
independentes. Para cada x pertencente ao domínio, haverá um — e somente um
— y correspondente no contradomínio. Dessa forma, y é chamado de variável
dependente, pois será consequência do elemento x pertencente ao domínio.
Observação: o símbolo ⊂ significa “está contido em”.
Dada uma função f: A → B definida por y = f (x), podemos representar os
pares ordenados (x, y) ∈ f, onde x ∈ A e y ∈ B, num sistema de coordenadas
cartesianas.
Assim, por exemplo, sendo a união de todos os pontos (x, y) ∈ f, temos o
gráfico cartesiano (Figura 5) de uma função f e podemos dizer que:

a) a projeção da curva sobre o eixo dos x nos dá o domínio da função;


b) a projeção da curva sobre o eixo dos y nos dá o conjunto imagem da
função;
c) toda reta vertical que passa por um ponto do domínio da função inter-
cepta o gráfico da função em, no máximo, um ponto.
146 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 7

Figura 5. Gráfico cartesiano.

Raiz ou zero de uma função


Dada uma função f: A→B, denominamos raiz ou zero dessa função todos os
valores do domínio que tenham imagem zero no contradomínio.
Ou seja, se f (x) = 0, então, x é raiz da função.
A quantidade máxima de raízes que uma função pode ter é determinada
pelo grau do polinômio característico da função (maior expoente de variável).
Graficamente, as raízes são os pontos que cortam o eixo das abscissas, ou
seja, que tenham ordenada y = 0.
Na Figura 6, os pontos A, B e C são raízes da função de 3º grau f(x) = 2x3
+ 4x2 – 1.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 147
8 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau

Figura 6. Gráfico da função f(x) = 2x3 + 4x2 – 1.

Tipos de funções
Função sobrejetora — é aquela cujo conjunto imagem é igual ao contra-
domínio (Figura 7). Ou seja, todos os elementos do conjunto contradomínio
fazem parte do conjunto imagem.

f
A B
a
m

n
c

Figura 7. Função sobrejetora.


148 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 9

Função injetora — uma função y = f (x) é injetora quando elementos distintos


do seu domínio possuem imagens distintas (Figura 8), isto é:
sendo x1≠x2, então, f (x1) ≠ f (x2).

f
A B
m
a
n
b
o

Figura 8. Função injetora.

Função bijetora — Uma função é dita bijetora quando é, ao mesmo tempo,


injetora e sobrejetora (Figura 9). Ou seja, seu conjunto imagem e contradomínio
são iguais, e, para todo x1≠x2, temos f (x1)≠f (x2).

f B
A
a m

b n

c o

Figura 9. Função bijetora.


Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 149
10 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau

Função inversa — sendo uma função f : A → B bijetora. Denominamos de


inversa de f uma função g: B → A. Dessa forma, para todo x ∈ A e y ∈ B, f (x) = y
e g(y) = x. Designamos a inversa de f como f-1.
Observe que uma função não bijetora não possuirá inversa.
Por exemplo, sejam os conjuntos A = {1,2,3} e B = {3,5,7}, sendo definida
uma função f: A → B pela lei de formação f (x) = 2x + 1, teríamos a função
representada na Figura 10.

f(x) = 2x + 1
A B
1 3

2 5

3 7

Figura 10. Função f (x) = 2 x+1.

f = {(1,3),(2,5),(3,7)}

A função inversa f-1: B → A é obtida invertendo as ordens dos elementos


em cada par ordenado.
Para obter a lei de formação de f-1, uma técnica comum é substituir x e y
na lei da função inicial e depois isolar o y.

x–1
y = 2x + 1 → x = 2y + 1 → x – 1 = 2y → y =
2

x–1
Portanto, f –1(x) = , conforme ilustrado na Figura 11.
2
150 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 11

x–1
f –1(x) =
2
A B
1 3

2 5

3 7

Figura 11. Função inversa de f(x).

f = {(3,1),(5,2),(7,3)}

Função composta — denominamos função composta (ou função de função)


aquela obtida substituindo-se a variável x por outra função.
Simbologia: f ∘ g(x) = f(g(x)) ou g ∘ f(x) = g( f(x))
Veja o esquema da Figura 12, a seguir:

A B C
x f y g z

gof
Figura 12. Composição de funções.

Observe que f ∘ g≠g ∘ f, portanto a composição de função não é uma


operação comutativa.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
12 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 151

Por exemplo,
sejam f (x) =2x +1 e g(x) = x+2, determinaremos a f ∘ g e g ∘ f:

f ∘ g = f(g(x)) = f(x+2) = 2(x+2) + 1 = 2x + 4 + 1 = 2x + 5


g ∘ f(x) = g( f(x)) = g(2x+1) = 2x+1+2=2x+3
f ∘ g≠g ∘ f

Função de primeiro grau ou afim


Denomina-se função de primeiro grau aquela f: R→R, que associa cada x real
a um y também real, onde y = ax + b, com a, b ∈ R; a≠0.
Por exemplo:
f(x) = 3x + 12 (a = 3; b = 12)

f(x) = –2x + 1 (a = –2; b = 1)


x 1
f(x) = + 7 (a = ; b = 7)
2 2
f(x) = –x (a = –1; b = 0)

Vejamos uma situação em que podemos encontrar, de forma simplista,


uma função afim.
Imaginemos um vendedor de seguros que possui uma remuneração base
fixa de R$ 1200,00 mensais. Além disso, esse vendedor tem uma remuneração
adicional de 8% sobre o valor dos seguros que ele vender ao longo do mês.
Podemos escrever o salário desse vendedor sob a forma de uma função de
primeiro grau, de forma que: o salário S(x) do vendedor será 8% ou 0,08 sobre
o total de seguros vendidos x. Dessa forma, S(x) é a variável dependente, pois
seu resultado está diretamente ligado ao valor de seguros x vendidos no mês.

R(x)=0,08x + 1200
152 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 13

Propriedades da função de primeiro grau


„ Em toda função afim, o conjunto domínio e imagem são R.
„ O gráfico cartesiano das funções afim é uma linha reta não paralela
ao eixo y.
„ O coeficiente real a é denominado coeficiente angular, sendo o respon-
sável pela inclinação da reta do gráfico.
„ O coeficiente real b é denominado coeficiente linear, o qual, como termo
independente da função, será o ponto de abscissa 0, com coordenada
(0, b), ou seja, será o ponto em que a função intercepta o eixo y.

Classificação da função afim

Uma função afim pode ser classificada de acordo com o coeficiente real a:

a>o

Se a > 0, a função é ter seu gráfico com inclinação ascendente da esquerda


para a direita (Figura 13).
Dados x1 e x2, com x1 < x2 ⇒ f (x1) < f(x2 ),∀ x1, x2 ∈ R.

Figura 13. Gráfico da função crescente.


Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 153
14 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau

a<o

Se a < 0, a função é ter seu gráfico com inclinação descendente da esquerda


para a direita (Figura 14).
Dados x1 e x2, com x1 < x2 ⇒ f(x1) > f(x2), ∀ x1, x2 ∈ ℝ.

Figura 14. Gráfico da função decrescente.

a=o

Se a = 0, a função não é dita de primeiro grau ou afim. Nesse caso, a função


passa a ser chamada de função constante e tem a forma f(x) = b, com gráfico
que passa em b paralelo ao eixo x (Figura 15).
154 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 15

Figura 15. Gráfico da função constante.

Existem alguns casos particulares da função afim. Para saber mais sobre ela, assista ao
vídeo disponível no link a seguir.

https://goo.gl/VPBYqK

Raiz ou zero da função afim


A raiz ou o zero de uma função será o valor de x que tenha como imagem y = 0.
Sendo y = f(x) = ax + b, com a≠0, temos que:
x é zero ou raiz da função se — e somente se — f(x) = 0.
Portanto, será possível determinarmos a raiz de uma função fazendo
b
f(x) = 0 ou isolando o x na expressão ax + b = 0 ⇔ ax = –b ⇔ x = – a .
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
16 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 155

Gráfico função
O gráfico de uma função afim será uma reta não paralela aos eixos Ox ou Oy,
b
sendo (0, b) o ponto que intercepta o eixo Oy, e a raiz – a o ponto que intercepta
o eixo Ox. Veja os gráficos das funções crescente e decrescente da Figura 16.

(a) (b)

Figura 16. Gráficos das funções crescente e decrescente.

Na função f (x) = ax + b, se b = 0, f função linear, ou seja, f (x) = ax. Nesse


caso, o gráfico passará na origem do plano cartesiano (0,0).

Construção do gráfico da função afim


Para que fique determinada uma reta, são necessários, ao menos, dois pontos
ou um ponto e a inclinação da reta.
Como visto, temos dois pontos significativos que interceptam os eixos Ox
e Oy: o primeiro é a raiz da função – ba , e o segundo é o próprio coeficiente
linear b. Esses dois pontos seriam o suficiente para esboçar o gráfico da reta
da função.
Outra técnica bem simples é a construção de uma tabela com valores para x,
que pertencem ao domínio da função, ou seja, para quaisquer x. Esses valores
substituídos na função nos darão os valores da imagem y e, consequentemente,
os pontos da função. Uma sugestão é o uso de valores do domínio que estejam
próximos à origem do plano.
156 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Variáveis matemáticas e função de primeiro grau 17

Por exemplo, dada a função f(x) = –2x + 3, esboçaremos o gráfico cartesiano.


Construiremos uma tabela (Quadro 1) com os valores inteiros entre –2
e 2 e, substituindo na função, encontraremos os pares ordenados formados.

Quadro 1. Tabela de valores inteiros entre -2 e 2

x -2x+3 = y y (x,y)

-2 -2.(-2)+3 = 7 7 (-2,7)

-1 -2.(-1)+3 = 5 5 (-1,5)

0 -2.0+3 = 3 3 (0,3)

1 -2.(1)+3 = 1 1 (1,1)

2 -2.2+3 = -1 -1 (2,-1)

Agora, basta marcar os pontos no plano cartesiano e construir a reta da


função, conforme Figura 17.

Figura 17. Gráfico da função f (x) = –2x + 3.


Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Variáveis Matemáticas e Função do Primeiro Grau PARTE 2 157
18 Variáveis matemáticas e função de primeiro grau

O estudo dos sinais nas funções é importante para o conhecimento do gráfico e seu
esboço, além de fundamental para o desenvolvimento de inequações.

https://goo.gl/DWdAN7

FAINGUELERNT, E. K.; NUNES, K. R. A. Matemática: prática pedagógicas para o ensino


médio. Porto Alegre: Penso, 2012.
LIMA, E. L. et al. A matemática do ensino médio. 10. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2012. v. 1.
SILVA, C. X.; BARRETO FILHO, B. Matemática: aula por aula. 2. ed. São Paulo: FTD, 2005.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
158 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

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3
Parte 3

Função do Segundo Grau

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160 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Função do segundo grau


Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Definir uma função do segundo grau.


„ Resolver equações quadráticas pelo método de fatoração e pela
fórmula quadrática.
„ Desenhar o gráfico da função do segundo grau.

Introdução
Neste capítulo você aprenderá a reconhecer uma função de segundo
grau e suas particularidades, bem como conhecerá métodos de resolução
desse tipo de função, reescrevendo-a na forma fatorada, com base em
suas raízes.
Por fim, verificará como os gráficos desse tipo de função podem ser
traçados e quais são suas características mais importantes.

Função do segundo grau


Definem-se equações como expressões matemáticas que apresentam uma
relação de igualdade. Funções são equações que relacionarão, pelo menos,
uma variável independente e uma dependente, com operações de soma, mul-
tiplicação, potências, etc.
Uma função da forma

f(x) = y

indica que x é uma variável independente e que, de acordo com sua varia-
ção, a variável dependente y poderá assumir diferentes valores, conforme a
relação disposta na função.
Funções polinomiais são definidas pela relação entre duas variáveis, uma
delas, por exemplo x, apresentando termos da forma anxn, com n sendo um
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
2 Função do segundo grau Função do Segundo Grau PARTE 3 161

número natural. O maior expoente define o grau da função e o número de


raízes que ela apresenta. Um exemplo genérico de função polinomial pode
ser representado por:

f(x) = y = anxn + an–1xn–1 + an–2xn–2 + ... + a1x + a0

formada por uma associação entre os coeficientes dos termos, a0, a1, ⋯ an-2,
an-1, an, e pela variável independente, x, com seu respectivo grau em cada termo.
Em uma função, o maior expoente presente na variável independente
define o grau da função. No caso específico deste capítulo, que tratará sobre
funções do segundo grau, o termo com maior expoente será 2, conforme a
função a seguir:

f(x) = y = a2x2 + a1x + a0

Funções que têm como 2 o maior expoente em sua representação são conhe-
cidas como funções do segundo grau, ou funções quadráticas, desde que a2 ≠ 0.
De maneira mais didática, e para posterior aprofundamento nos cálculos
envolvendo uma equação de segunda ordem, reescreveremos a função genérica
f (x) = y da seguinte maneira:

f(x) = y = ax2 + bx + c

Com a ≠0.

Conforme dito anteriormente, por apresentarem o grau 2, essas funções


devem apresentar duas raízes.
Quando você trabalha com uma função de segundo grau, ou segunda ordem,
assim como em qualquer outro tipo de função, pode construir gráficos para
representá-la. A principal característica dos gráficos de uma função quadrática
é a sua forma. Toda função de segundo grau apresentará uma parábola em sua
representação gráfica (Figura 1).
162 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função do segundo grau 3

y y y y

x x x x

Figura 1. Gráficos de uma função quadrática ou função de segundo grau.


Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018, p. 16).

As funções de segunda ordem têm inúmeras aplicações práticas, inclusive


no nosso dia a dia, como você pode verificar na Figura 2.

Figura 2. Ignorando-se a resistência do ar, uma bola de basquete,


quando arremessada, segue um trajeto parabólico.
Fonte: Rogawski e Adams (2018, p. 17).
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
4 Função do segundo grau Função do Segundo Grau PARTE 3 163

São exemplos numéricos de equações quadráticas:

y = x2 + 4x + 1

y = 3x2 + 8x – 2

f(x) = –5x2 – 7x + 3

f(x) = 2x2 – 10x + 1

Para obter o valor da função em um valor de x específico, basta substituir


o referido valor no lugar da variável independente. Por exemplo, seja a função

f(x) = 3x2 + 8x – 2

Se x = 1 → f (x) = f (1) = 3(1)2 + 8(1) – 2; logo, para x = 1→ f (1) = 9 ou y = 9.


Se x = –5 →f (x) = f (–5) = 3(–5)2 + 8(–5) – 2;
logo, para x = –5 → f (–5) = 33 ou y = 33.

Raiz de uma função é o valor assumido pela variável independente quando a função
y, ou f (x), assume valor igual a 0 (zero).

Resolução de equações de segundo grau


Ao resolver uma equação, estamos buscando suas raízes. Dessa forma, a
função genérica

f(x) = ax2 + bx + c

deve ser igualada a zero, de modo que se obtenham as suas raízes.

ax2 + bx + c = 0
164 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES Função do segundo grau 5

Uma função quadrática completa, que contém todos os termos a, b e c, dife-


rentes de zero, pode ser reescrita como uma multiplicação de outros polinômios

ax2 + bx + c = a(x – x1)(x – x2)

em que x1 e x2 são raízes da equação.


Existem diversos métodos para resolução das equações, de qualquer ordem.
Para as equações de segundo grau, abordaremos a fatoração pelo método da
fatoração e pela fórmula de Bhaskara (ou fórmula quadrática).

Fatoração de uma função de segundo grau


Fatorar uma função de segunda ordem significa reescrever essa mesma função
de modo que ela volte à forma primitiva, de uso de propriedade distributiva
da multiplicação.
As técnicas de fatoração incluem colocar um fator comum em evidência,
fatorar por agrupamento e reverter processos usuais envolvendo o uso da
distributividade dupla e formas notáveis de fatoração (SAFIER, 2011). Al-
gumas dessas técnicas podem ser aplicadas às funções de segunda ordem,
como veremos a seguir.

„ Colocar um fator monomial comum em evidência:

f(x) = 2x2 + 8x

Nessa função, você pode perceber que o termo 2x é um divisor comum


para as duas parcelas que a compõem. Assim, é possível reescrevê-la da
seguinte forma:

f(x) = 2x(x + 4)

Desse modo, consegue-se facilitar o cálculo de suas raízes — basta igualar


cada termo dessa multiplicação à zero e obter as suas raízes. Assim,

2x = 0 → x = 0
e
x + 4 = 0 → x = –4
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
6 Função do segundo grau Função do Segundo Grau PARTE 3 165

Dessa maneira, as raízes dessa função são x1 = 0 e x2 =–4. Se forem colocadas


na forma de dois binômios, aplicadas as propriedades da distributividade,
retornariam à função inicial:

f(x) = 2(x + 0)(x + 4) = 2x2 + 8x

„ Colocar um fator não monomial comum em evidência, que poderia


derivar da última expressão apresentada — uma constante comum,
que multiplica todas as parcelas envolvidas na função. Como visto
pelo exemplo anterior

f(x) = 2x2 + 8x

é o mesmo que escrever

f(x) = 2(x2 + 4x)

Isso pode facilitar a obtenção das raízes.

„ Reverter a distributividade:

Considere-se a função:

f(x) = x2 + 6x + 8

Como a função de segunda ordem se origina de uma multiplicação de


binômios, para a função apresentada, precisamos determinar dois números
que, se forem multiplicados, resultam em 8 e, se somados, resultam em 6, uma
vez que a(x – x1)(x – x2) = a[x2 – (x1 + x2)x + x1x2], para a≠0.
E, assim, temos que os números –2 e –4, se somados, resultam em 6, e,
se multiplicados, em 8.
Portanto, a função pode ser reescrita em termos de suas raízes, da seguinte
forma:

f(x) = (x + 2) (x + 4)
166 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função do segundo grau 7

Fórmula quadrática
A função genérica

f(x) = ax2 + bx + c

desde que a≠0, pode ser resolvida utilizando-se a fórmula de Bhaskara (ou
fórmula quadrática), definida por:

–b ±√b2 – 4ac
x=
2a

Ao colocar cada termo da função em seu devido lugar na fórmula, obtêm-


-se, assim, as raízes x1 e x2.
Tomaremos como exemplo f (x) = x2 + 6x + 8, em que a = 1, b = 6 e c =.
Colocando esses termos na fórmula de Bhaskara:

–6 ±√(6)2 – 4(1)(8)
x=
2(1)

Logo,

–6±√36 – 32 –6 ± √4
x= =
2 2

–6 ± 2
x= = –3 ± 1
2

Assim, x1 = –3 + 1 resultando em x1 = –2; e x2 = –3 –1 resultando em x2 =


–4. Mais uma vez, comprova-se que as raízes da função, reescritas na forma
de multiplicação de binômios, ficarão:

f(x) = (x + 2)(x+4)

A fórmula de Bhaskara pode ser utilizada para qualquer função de segunda ordem,
completa ou não, desde que o coeficiente a≠0. Para funções não completas, no lugar
referente ao coeficiente, b ou c, complete com (zero).
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
8 Função do segundo grau Função do Segundo Grau PARTE 3 167

Gráfico de uma função do segundo grau


Na fórmula de Bhaskara, a expressão sob a raiz quadrada, (b2 – 4ac), é chamada
de delta, ou representada pela letra grega ∆.
Conforme já demonstrado neste capítulo, os gráficos de uma função do
segundo grau são sempre uma parábola. E algumas de suas características
serão determinadas pelo coeficiente a e pelo ∆, ou, como na Figura 3, cha-
maremos o delta de D:

y y y

x x x

(a) (b) (c)


y y y

x x x

(d) (e) (f )
Figura 3. Gráficos de uma função quadrática ou função de segundo grau: (a) a > 0, D > 0;
(b) a > 0, D = 0; (c) a > 0, D < 0; (d) a < 0, D > 0; (e) a < 0, D = 0; (f) a < 0, D < 0.
Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018, p. 16).

Para construir um gráfico de uma função de segundo grau, basta, a partir


da função, atribuir valores para x, substituindo-os na função. Dessa forma, é
possível obter o valor de y correspondente.
168 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função do segundo grau 9

Por exemplo, para construir o gráfico da função f (x) = x2, que tem a > 0 e
D = 0, inicialmente estabeleceremos os pares ordenados referentes à função,
atribuindo valores para x e determinando seu respectivo y.

Para x = 3 → y = f(3) = (3)2 ∴ y = 9;


Para x = 2 → y = f(2) = (2)2 ∴ y = 4;
Para x = 1 → y = f(1) = (1)2 ∴ y = 1;
Para x = 0 → y = f(0) = (0)2 ∴ y = 0;
Para x = –1 → y = f(–1) = (–1)2 ∴ y = 1;
Para x = –2 → y = f(–2) = (–2)2 ∴ y = 4;
Para x = –3 → y = f(–3) = (–3)2 ∴ y = 9.

E seu gráfico pode ser verificado na Figura 4.

y = x2
y

2
x
–3 –2 –1 1 2 3
Figura 4. Gráfico da função de segundo grau f (x) = x2.
Fonte: Safier (2011, p. 105).
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
10 Função do segundo grau Função do Segundo Grau PARTE 3 169

Considerando agora uma função f (x) = –x2 + 6x, que tem a < 0 e D > 0,
determinaremos os pares que ela ordena:

Para x = 3 → y = f(3) = –(3)2 + 6(3) ∴ y = 9;


Para x = 2 → y = f(2) = –(2)2 + 6(2) ∴ y = 8;
Para x = 1 → y = f(1) = –(1)2 + 6(1) ∴ y = 5;
Para x = 0 → y = f(0) = –(0)2 + 6(0) ∴ y = 0;
Para x = –1 → y = f(–1) = –(–1)2 + 6(–1) ∴ y = –7;
Para x = –2 → y = f(–2) = –(–2)2 + 6(–2) ∴ y = –16;
Para x = –3 → y = f(–3) = –(–3)2 + 6(–3) ∴ y = –27.

E seu gráfico pode ser verificado na Figura 5.

x
–2 2 4 6 8

–5

–10

–15
Figura 5. Gráfico da função de segundo grau
f (x) = x2 + 6x.
Fonte: Safier (2011, p. 97).
170 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função do segundo grau 11

Sempre de um ∆ negativo, como está sob uma raiz de ordem par, as raízes da função
de segundo grau serão raízes complexas, com partes real e imaginária ou somente
parte imaginária.

ROGAWSKI, J.; ADAMS, C. Cálculo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. v. 1.


SAFIER, F. Pré-cálculo. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. (Coleção Schaum).

Leituras recomendadas
ADAMI, A. M.; DORNELLES FILHO, A. A.; LORANDI, M. M. Pré-cálculo. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
AYRES JR., F.; MENDELSON, E. Cálculo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. (Coleção
Schaum).
172 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

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Parte 4

Função Modular

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174 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Função modular
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Definir função modular e encontrar seu domínio e imagem.


„ Identificar raízes, sinal e gráfico de uma função modular.
„ Analisar as aplicações da função modular.

Introdução
Função é uma lei ou regra que associa elementos de um conjunto A a um
único elemento de um conjunto B. O conjunto A é chamado de domínio
da função e o conjunto B de contradomínio.
Já a função modular ocorre quando esta lei, ou regra, que define a
função, apresenta o módulo na sua lei de formação. São funções que
associam elementos de um conjunto ao seu respectivo módulo.
Nesta Unidade de Aprendizagem você verá a definição de função
modular, aprenderá a identificar seu domínio, imagem e encontrar raízes,
bem como realizar análise de sinal e construir o gráfico de uma função
modular, além da aplicação prática de tais funções.

Conceito
No estudo do eixo real e do plano cartesiano medir a distância entre dois
pontos é fundamental, um instrumento de medida que pode ser utilizado é
a função modular. Antes de estuda-la, vamos retomar o conceito de módulo
de um número real, também denominado valor absoluto de um número real.
Conforme Safier (2003), o valor absoluto de um número real, representado
por |a|, é dado por:

a se a ≥ 0
–a se a < 0
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
2 Função modular Função Modular PARTE 4 175

Para visualizarmos geometricamente, o valor absoluto de um número real


que é a distância deste número à origem, observe a Figura 1.

|–5| = 5 |4| = 4

–6 –4 –2 0 2 4
Figura 1. Representação do valor absoluto de um número real.
Fonte: Safier (2003, p. 59).

Analogamente, a distância entre dois números reais a e b é o valor absoluto


de sua diferença |a – b| ou |b – a| (SAFIER, 2003). O módulo de um número
será sempre positivo ou nulo, vejamos alguns exemplos.

Por definição...
O módulo de um número positivo é o próprio número.

|6| = 6

|√12 – 2| = √12 – 2 → √12 > 2 → √12 – 2 > 0

O módulo de um número negativo é o oposto desse número.


–1 = 1
4 4

|√2 – 3| = 3 – √2 → √2 < 3 → √2 – 3 < 0


176 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função modular 3

Algumas das propriedades do módulo são as seguintes.


„ Para qualquer número real positivo d, temos:

|x| ≥ d ↔ x ≤ –d ou x ≥ d

„ Para qualquer número real positivo d, temos:

|x| ≤ d ↔ –d ≤ x ≤ d

Você pode saber mais sobre as propriedades do módulo, consultando o livro: Ma-
temática (PAIVA, 2009). Sugere-se a leitura do capítulo 8 desta obra.

Função é uma lei ou regra que associa cada elemento de um conjunto A a


um único elemento de um conjunto B. Chamamos o conjunto A de domínio
da função e o conjunto B de contradomínio. A função modular é uma função
que apresenta o módulo em sua lei de formação. Podemos escrevê-la como:

f(x) = |x| ou y = |x|

A função modular apresenta as seguintes características:

x, se x ≥ 0
f(x) = |x| = –x, se x < 0 para todo x real

Pela própria definição de módulo, percebemos que a imagem (Im) da


função modular é o conjunto dos números reais não negativos, ou seja, R+.
Isso significa que, os pontos do gráfico da função modular f(x) = |x|, no plano
cartesiano, estarão na origem ou acima do eixo x.
Vejamos alguns exemplos de domínio (D) de uma função modular.
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
4 Função modular Função Modular PARTE 4 177

Exemplo 1
Determine o domínio da função modular f(x) = |x – 2|.
Neste caso, o domínio da função são todos os números reais, logo Dom = R. Isso
porque podemos colocar qualquer valor real de x positivo ou negativo e ele irá satisfazer
a função f(x) = |x – 2|.

Exemplo 2
1
Determine o domínio da função modular f(x) = .
(|x| – 7)
Neste caso, o denominador |x| –7 tem que ser diferente de zero, já que não pode
haver divisão por zero. Logo, teremos |x| –7 ≠ 0 → x ≠ 7 ou x ≠ –7. Portanto, D = {x ∈
R |x ≠ 7 ou x ≠ –7}.

Exemplo 3
Determine o domínio da função modular √1 – |x – 3|.
Sabemos que 1 – |x – 3| precisa ser maior ou igual a zero, pois não temos como
extrair raízes quadradas de números negativos nos reais. Sendo assim,

1 – |x – 3| ≥ 0

–|x – 3| ≥ –1

|x – 3| ≤ 1

–1 ≤ x – 3 ≤ 1

–1 + 3 ≤ x ≤ 1 + 3

2≤x≤4

Portanto, D = {x ∈ R|2 ≤ x ≤ 4}.


Fonte: Matemática Fácil (2014, documento on-line).

Veja mais alguns exemplos, agora a partir da função e de sua visualização


gráfica, como definir o domínio e imagem.
178 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função modular 5

Exemplo 1
Dado o gráfico da função f(x) = |–x|, determine o domínio e imagem.

–6 –4 –2 0 2 4 x

Fonte: Adaptada de Rigonatto (2019, documento on-line).

„ Domínio = R.
„ Imagem = R+ ou Im = {f(x) ∈ R |f(x) ≥ 0}.

Exemplo 2
Dado o gráfico da função f(x) = |x² – 3x|, determine o domínio e imagem.

0 3 x

Fonte: Adaptada de Rigonatto (2019, documento on-line).

„ Domínio = R.
„ Imagem = R+ ou Im = {f(x) ∈ R |f(x) ≥ 0}.
Fonte: Adaptada de Rigonatto (2019, documento on-line).
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
6 Função modular Função Modular PARTE 4 179

Traçando gráficos
Nesta seção aprenderemos a representar graficamente uma função modular
bem como verificaremos o domínio e imagem de funções modulares mais
gerais. Acompanhe o passo a passo de algumas destas representações nos
exemplos a seguir.

Vimos que a função de R em R tal que f(x) = |x| é uma função modular, pois apresenta
a variável entre as barras de módulo. Assim, as funções y = |3x – 2| + 4, f(x) = x – |4x + 2|
são também exemplos de função modulares. No entanto, a função f(x) = 4x – |4| não
é modular, pois a variável não se encontra entre as barras.
Vamos representar graficamente uma função modular em alguns passos que au-
xiliarão na compreensão do processo. Inicialmente “abrimos o módulo” aplicando a
definição de módulo, traçamos os gráficos resultantes dessa etapa e, em seguida,
verificamos os intervalos de validade de cada uma das sentenças obtidas. Veja os
exemplos a seguir.

Exemplo 1
Representar graficamente a função f(x) = |x – 4| – 2.
Primeiro passo (abrir o módulo):

(x – 4) –2, se x – 4 ≥ 0 ou seja, se x ≥ 4 → y1 = x – 6
–(x – 4) –2, se x – 4 < 0 ou seja, se x < 4 → y2 = –x + 2

Segundo passo (traçar os gráficos das funções obtidas):

2 4
x
6

y2

–6
y1
180 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função modular 7

Terceiro passo (reforçar cada função nos seus intervalos de validade):

f(x) = | x – 4 | – 2

4
x

y2

–6
y1

Como esta função não apresenta impedimentos para valores da variável x, podemos
afirmar que seu Domínio é R. Podemos também perceber que sua imagem é dada
por Im(f ) = {y ∈ R |y ≥ –2}.

Exemplo 2
Traçar o gráfico da função f(x) = |x – 2| – |4 – x|.
Primeiro passo (abrir os módulos):

x – 2, se x ≥ 2 (1)
|x – 2| =
2 – x, se x < 2 (2)

4 – x, se x ≤ 4 (3)
|4 – x| =
x – 4, se x ≥ 4 (4)

Vemos que o eixo x, que representa o conjunto R, está dividido pelos números 2 e
4 em três intervalos, e, por este motivo, a função f(x) será dividida por três sentenças.

„ 1ª divisão: x < 2: y1 = (2) – (3) = 2 – x – (4 – x) = –2 (função constante)


„ 2ª divisão: 2 ≤ x ≤ 4: y2 = (1) – (3) = x – 2 – (4 – x) = 2x – 6 (função de 1º grau)
„ 3ª divisão: x > 4: y3 = (1) – (4) = x – 2 – (x – 4) = 2 (função constante)
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Função Modular PARTE 4 181
8 Função modular

Segundo passo (traçar os gráficos das funções obtidas):

y3 2

x
2 4

y1 –2

y2

–6

Terceiro passo (reforçar cada função nos seus intervalos de validade):


y

–2

f(x) = |x–2| – |4–x|

Vemos que Dom(f ) = R e que Im(f ) = [–2,2].

Exemplo 3
Representar graficamente a função f(x) = |x² – 4x|.
Primeiro passo (abrir o módulo):

x2 – 4x, se x2 – 4x ≥ 0, ou seja, se x ≤ 0 ou x ≥ 4 → y = x2 – 4x
|x2 – 4x| = –x2 + 4x, se x2 – 4x < 0, ou seja, se 0 < x < 4 → y = –x1 2 + 4x
2
182 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função modular 9

Segundo passo (traçar os gráficos das funções obtidas):

y2

y1

Terceiro passo (reforçar cada função nos seus intervalos de validade):

y f(x) = |x2 – 4x|

y2

y1

„ Dom(f ) = R e Im(f ) = R+.

Fonte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (2010, documento on-line).
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
10 Função modular Função Modular PARTE 4 183

Função modular e suas aplicações


As funções modulares têm aplicações práticas, vamos analisar tais aplicações
e suas soluções nos exemplos a seguir.

Exemplo 1
Três corredores, I, II e III, disputaram uma prova de 100 metros rasos, partindo simul-
taneamente de um mesmo ponto e correndo em um mesmo sentido sobre uma
pista retilínea.

Fonte: Paiva (2009, p. 230).

As posições ocupadas por eles, em metro, em relação ao ponto de partida, são


descritas pelas funções SI = 5t, SII = 4t e SIII = t² + 2t, respectivamente, em que o tempo t
é medido em segundo, a partir do instante da largada. Sabendo que a prova durou
mais de 4 segundos, podemos concluir que, após a largada, o número de vezes em
que a distância entre os corredores I e II foi igual à distância entre os corredores II e II é:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
184 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função modular 11

Solução:
Em qualquer instante da prova, a distância entre os corredores I e II é |5t – 4t| e a
distância entre II e III é |t² + 2t – 4t|. Assim, devemos ter:

|5t – 4t| = |t2 + 2t – 4t| → |t| = |t2 – 2t|

t = t2 – 2t ou t = –t2 + 2t

t2 – 3t = 0 ou t2 – t = 0

t=0 ou t=3 ou t=1

Como devemos considerar os instantes após a largada, não nos interessa o instante
t = 0. Assim, a distância entre os corredores I e II foi igual à distância entre II e III nos
instantes 1 s e 3 s após a largada. Logo, a alternativa b é a correta.

Exemplo 2
O lago artificial de um parque florestal tem a forma de um círculo com 120 m de raio.
Um paraquedista aterrissou em um ponto P cuja distância, em metro, ao centro do
lago é |150 – x|.

a) Determine os possíveis valores de x para que P seja um ponto da margem do lago.


Pela propriedade do módulo, temos:

|150 – x| ≥ 120 → 120 ≤ 150 – x ≤ – 120

Essa dupla desigualdade é equivalente a:

150 – x ≥ 120 ou 150 – x ≤ –120


(I) x ≤ 30 ou (II) x ≥ 270

Como queremos valores de x para que P seja um ponto na margem do lago, consi-
deraremos apenas a igualdade, x = 30 ou x = 270.

b) Determine os possíveis valores de x para que P não esteja nem dentro do lago
nem na margem.
Pela propriedade do módulo, temos:

|150 – x| > 120 → 120 < 150 – x < –120

Essa dupla desigualdade é equivalente a:

150 – x > 120 ou 150 – x < –120


(I) x < 30 ou (II) x > 270
Introdução ao Estudo de Funções UNIDADE 3
Função Modular PARTE 4 185
12 Função modular

Exemplo 3
Uma pesquisa realizada nos supermercados de uma cidade revelou que a variação de
preço da caixa de canetas hidrográficas da marca A é de até 3 reais, de um estabelecimento
para outro. Supondo que essa conclusão seja verdadeira, se em um supermercado o
preço dessa caixa de canetas é x reais e em outro é y reais, pode-se afirmar que:

a) x–y=3
b) 0≤x–y≤3
c) |x – y| = 3
d) |x – y| < 3
e) |x – y| ≤ 3

A resposta correta é a alternativa e, pois |x – y| mostra a diferença em reais e a


desigualdade ≤ 3 informa que essa diferença poderá se menor ou igual a 3 reais (como
diz no enunciado: “é de até 3 reais”).

Exemplo 4
A produção diária x estimada por uma refinaria é dada por |x – 200.000| ≤ 125.000, em
que x é medida em barris de petróleo. Os níveis de produção x são tais que:

a) 175.000 ≤ x ≤ 225.000
b) 75.000 ≤ x ≤ 125.000
c) 75.000 ≤ x ≤ 325.000
d) 125.000 ≤ x ≤ 200.000
e) x ≤ 125.000 ou x ≥ 200.000

Pela propriedade do módulo, temos:

|x – 200.000| ≤ 125.000 → –125.000 ≤ x – 200.000 ≤ 125.000

Essa dupla desigualdade é equivalente a:

x – 200.000 ≤ 125.000 e x – 200.000 ≥ 125.000


(I) x ≤ 325.000 e (II) x ≥ 75.000

A solução será S = {x∈R |75.000 ≤ x ≤ 325.000}, portanto, a resposta correta é a


alternativa c.
Fonte: Paiva (2009, p. 230, 250).
186 SEQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Função modular 13

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO. Função


modular. [2010]. Disponível em: http://eadcampus.spo.ifsp.edu.br/pluginfile.php/6777/
mod_resource/content/1/Função%20Modular.pdf. Acesso em: 17 fev. 2019.
MATEMÁTICA FÁCIL. Função modular: aula 04: domínio e gráfico. 2014. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ugIvhRP6dqQ. Acesso em: 17 fev. 2019.
PAIVA, M. R. Matemática. São Paulo: Moderna, 2009.
RIGONATTO, M. Função modular. Brasil Escola, 2019. Disponível em: https://brasilescola.
uol.com.br/matematica/funcao-modular.htm. Acesso em: 17 fev. 2019.
SAFIER, F. Teorias e problemas de pré-cálculo. Porto Alegre: Bookman, 2003.

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