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HISTÓRIA E TOPONÍMIA: MUDANÇAS DE NOMES DE RUAS DA CIDADE DE SÃO

JOSÉ DOS CAMPOS DURANTE O PERIODO CIVIL MILITAR

Luiza Nogueira Bin, Valéria Regina Zanetti, Maria Aparecida Papali

Universidade do Vale do Paraíba,


Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos Campos-SP, Brasil,
luizabin@hotmail.com, vzanetti@univap.br, papali@univap.br

Resumo - O presente artigo tem como finalidade estudar as formas de apropriação da história por meio
do espaço. O estudo tem como recorte o espaço da cidade de São José dos Campos durante o período
da Ditadura civil-militar (1964 a 1987) e propõe, por meio da Toponímia, ciência auxiliar da história,
investigar a origem e a história dos nomes dos lugares. Para tanto, foram utilizados decretos de lei da
época que alteraram a nomenclatura das ruas com a implantação do regime, referências sobre a
ditadura civil-militar e o estudo de Maurice Halbwachs sobre memória coletiva.

Palavras-chave: História, Toponímia, São José dos Campos, Ditadura Militar, Memória
Área do Conhecimento: Ciências Humanas

Introdução
A memória coletiva tem seu ponto de apoio sobre as imagens espaciais. Com efeito, “as
cidades se transformam com o curso da história. (...) e os planos se sobrepõem uns aos outros”
(HALBWACHS, 1990, p. 134).
A toponímia, ciência auxiliar da História, que considera o ato de nomear lugares como um
discurso em que se entrecruzam a memória oficial e a memória coletiva, estuda a origem e história dos
nomes dos lugares, investigando suas razões que podem ser tanto geográficas, quanto históricas. Os
topônimos são importantes dispositivos da memória coletiva e de identidade cultural. A toponímia é um
instrumento capaz de revelar as crenças e formas de pensar de determinada época, assim como revela,
por meio das nominações, a ideologia dominante. De acordo com Halbwachs (1990, p. 133),
as imagens espaciais desempenham um papel na memória coletiva. O lugar ocupado
por um grupo recebe a marca do grupo e vice-versa. Todas as ações do grupo podem
se traduzir em termos espaciais e, o lugar ocupado por ele, é somente a reunião de
todos os termos, sociais, econômicos, políticos e espaciais.
Certamente, ressalta Halbwachs, “os acontecimentos também têm lugar neste quadro espacial”
(1990, p. 133). As nomenclaturas com referência a datas festivas, pessoas e lugares marcantes
mantem viva a memória do espaço e, sobretudo, do grupo que os definiu, estabelecendo uma conexão
entre o meio e o indivíduo. A ideologia dominante promove mudanças nas estruturas de poder de uma
comunidade. “Quando o ato de nomear deixa de contemplar a configuração geográfica ou o evento
histórico, por si só motivadores de denominação, passam a revelar o intuito de quem nomeia. O
topônimo é um pequeno texto, é um pequeno discurso, depositário de toda uma situação de fala.”
(FAGGION et al.,2013, p.11). De acordo com Halbwachs (1190, p. 143):
Não há memória coletiva que não se desenvolva num quadro espacial. Ora, o espaço é
uma realidade que dura. É sobre ele que nosso pensamento se fixa, para que reapareça
esta ou aquela categoria de lembranças. Não há, com efeito, grupo nem gênero de
atividade coletiva que não tenha qualquer relação com um lugar” O lugar representa a
imagem do grupo e somos conduzidos a pensar na atuação do grupo ao qual o espaço
esteve associado (HALBWACHS, 1990, p. 143).
Os “grupos imprimem de algum modo sua marca sobre o solo e evocam suas lembranças
coletivas no interior do quadro espacial assim definido” (IDEM, p.159). Sendo assim, os topônimos,
como instrumento de dominação, podem expressar a ideologia de um grupo social dominante enquanto
apaga a dos grupos subordinados, selecionando a memória que se deseja perpetuar.
O objetivo deste artigo é investigar as nomenclaturas das ruas da cidade de São José dos
Campos e suas alterações durante o período da ditadura Civil-Militar (1964 a 1987), buscando suas
razões ideológicas e sua intenção na construção de uma outra memória do espaço, com o objetivo de
apagar características da memória local que não eram interessantes para a classe dominante, ou seja

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com o objetivo de exaltar personalidades para construir uma nova memória local de acordo com os
interesses do poder vigente.

Metodologia
Esta pesquisa, de caráter reflexiva e descritiva, se valeu de decretos de lei da cidade de São José
dos Campos do período de 1964 a 1987, disponíveis no site da Prefeitura e de literatura sobre memória
e toponímia.

Resultados
Nas análises dos decretos de lei foram constatadas alterações de topônimos de origem
indígena, no bairro da zona Central da cidade, em específico, área denominada antes do golpe civil-
militar comoVila Guarani, alterados para nomes de pessoas influentes na época que compactuavam
com a ideologia do regime. Nos bairros de Santana e Santana do Paraíba, Zona Leste da cidade, dois
topônimos, ambos denominados ''Iracema'', foram alterados. No bairro Jardim das Indússtrias,
localizado na zona Oeste da cidade, os topônimos que anteriormente receberam numerações, foram
alterados para nomes de personalidades que tinham a mesma visão ideológica do poder vigente ou
ligados ao governo civil militar.

Discussão
O golpe civil militar de 1964 no Brasil marcou um período caracterizado por repressão, censura
e fim das liberdades democráticas, em pleno contexto da Guerra Fria, com a expressiva polarização
política entre capitalismo e comunismo e os embates ideológicos entre os Estados Unidos e a URSS,
permeado pelo constante medo da ''ameaça comunista“.
O movimento foi apoiado pelas classes dominantes com o intuito de conter os avanços das
forças populares no país que cresciam na luta por direitos, caracterizando-se uma resistência do
capitalismo às crescentes reformas e desenvolvimentos sociais conquistados. Marcada por um regime
autoritário, a censura com fins ideológicos para a manutenção do poder e a restrição à liberdade de
imprensa, como conclui Aquino (1999, p.15), ''encarava-se como necessário o controle da informação
a ser divulgada para preservar a imagem do regime, num exercicio de ocultação.“
Os ideiais de “progresso“ e crescimento econômico dos governos militares chocavam-se com
os interesses de alguns setores da sociedade, como os povos indigenas. O Plano de Integração
Nacional (PIN) do governo, com o intuito de expandir as fronteiras internas do Brasil, considerava as
populações indígenas como um obstáculo ao desenvolvimento, uma parte da natureza que necessitava
de domesticação, por ocuparem terras de interesse nacional. Houve a tentativa de um processo de
integração dos povos indígenas à sociedade, utilizando a educação como prática disciplinadora a fim
de destruir a organização social destes povos.
As chamadas políticas indigenistas durante o periodo militar, tinham fins ideológicos,
objetivando o processo civilizatório por meio da conversão do indígena em trabalhador; admitia-se que
''o único caminho possível era abraçar o progresso ocidental que o levaria a se integrar nos ritmos
contemporâneos ao amparo de uma nação moderna“ (TRINIDAD, 2018,p.273), integrando-o, dessa
forma, à sociedade capitalista e descaracterizando sua identidade, cultura, e seu território,
orquestrando uma limpeza-étnico-racial, e assim promovendo o processo de exploração econômica
das terras de interesse. O Relatório Figueiredo produzido em 1967, por Jader de Figueiredo Correia,
a pedido do então ministro do Interior Albuquerque Lima, com o intuito de apurar irregularidades no
Serviço de Proteção ao Índio (SPI), em seu relatório Figueiredo expõe uma série de violencias
praticadas contra os índios e as praticas disciplinares aplicadas a eles, de acordo com Figueiredo
''Abatem-se as florestas, vendem-se gados, arrendam-se terras, exploram-se minérios. Tudo é feito em
verdadeira orgia predatória porfiando cada um em estabelecer recorde de rendas auridas á custa da
destruição das reservas do índio'' (1967, p.10).
Os militares invadiram as terras rurais e urbanas, imprimindo a marca do novo regime. Uma vez
que os topônimos podem dizer muito sobre a intencionalidade e motivação de quem o denomina, pode-
se concluir que eles carregam um discurso consigo, já que a linguagem é a expressão do pensamento,
assim sendo, o ato de nomear, quando não celebra datas históricas ou as características geográficas
do local, carrega consigo uma intencionalidade a partir da concepção de mundo de seu dominador,
como afirma Faggion et al (2008, p. 278):
Ditos ou escritos, os topônimos propiciam informações a respeito das sucessivas
gerações de uma localidade, dos homens que aí nasceram, trabalharam e viveram, bem

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como daqueles que mereceram sua homenagem. Aludem a fatos e datas significativas,
dão conta das devoções, traduzem sentimentos. Assim, saber o exato significado do
nome de uma cidade, bem como de suas ruas, praças e parques, significa,
verdadeiramente, conhecer essa cidade e reconhecer seus valores (FAGGION, DAL
CORNO, FROSI, 2008, p. 278).
Portanto, a partir dos topônimos é possível analisar o imaginário da época, na medida em que
os mesmos tornam-se veículos ideológicos da cultura dominante, onde a motivação toponímica cerceia
os valores e ponto de vista do denominador, em que as relações de poder penetram e influenciam na
construção da memória coletiva . Os topônimos ''podem passar por alternâncias várias, conseqüentes
da atuação de fatores a eles externos, às vezes, por conjunturas políticas, históricas ou de ordem
diversa'' (IDEM, p. 278).
A Toponímia possui uma grande ligação com a história e a geografia, sendo esses campos os
fatores influenciantes para a denominação dos topônimos, resultantes da experiência humana e de sua
interação com o meio em que vivem, criando-se uma identidade de pertencimento ao local. Os
topônimos (nomes dos lugares) também possuem laços estreitos com os aspectos socioculturais á
região aonde pertençam. Segundo Dick (2004, p. 39),
Valorizamos o nome como um verdadeiro marcador existencial, aquilo que confere ao
lugar personalidade jurídico-administrativa capaz e pertinente. Mas um lugar ou uma
cidade não é apenas isso. É também memória afetiva, responsável pelas raízes
individuais e coletivas da população.
Os topônimos, como pequenos discursos influenciados pela mentalidade histórico-geográfica,
podem ser grandes fontes históricas para análise da mentalidade e intencionalidade política. O
topônimo, afirma Dick (1990, p. 21),
Iconicamente simbólico, vai permitir, portanto, através de uma reconstituição de suas
características imanentes, a captação de elementos os mais diferenciadores da própria
mentalidade do homem, em sua época e em seu tempo, em face das condições
ambientais de vida, senão totalmente, pelo menos de forma considerável.
De certa forma, todos os espaços, durante o período militar, levaram a marca do regime. Não
foi diferente em São José dos Campos, área de abrangência e domínio militar na época.
A Tabela 1 mostra os topônimos alterados do bairro Vila Guarani, na região central da cidade
de São Jose dos Campos, em 17 de julho de 1967, no decreto municipal n°1004.

Tabela 1 - Topônimos alterados do bairro Vila Guarani em 1967

Nomenclatura anterior Nomenclatura alterada

Rua Tupimbá Rua Antonio Friggi

Rua Tapir Rua João Alves Viana


Rua Chicrins Rua Antonio Pinto da Cunha
Rua Tupi Rua José Antônio de Morais
Rua Francisco Antônio de
Rua Tamoio
Rodrigues
Rua Guarani Rua Balbino Gonçalves
Fonte: Câmara Municipal de São José dos Campos. Decreto municipal nº1.004.

Na Tabela 1, os topônimos antigos, todos de origem indígena, foram nomenclaturas do contexto


do movimento indigenista da primeira geração romântica no início do século XI. Durante o período pós-
independência, o Brasil, como uma nova nação, necessitava de afirmar a sua identidade, procurando
então símbolos que pudessem representar o país no intuito de construir um caráter e uma identidade
nacional, na tentativa de buscar qualidades que nos diferenciassem da metrópole. Neste contexto, os
escritores românticos se encarregaram da tarefa, conduzindo a construção da identidade brasileira por
meio de formações discursivas, sobretudo literatura e poemas exaltando a natureza e os nativos
indígenas, tornando-os então símbolos cívicos. O movimento indigenista tratou de construir uma
imagem idealizada do índio brasileiro como herói nacional. Como afirma Carneiro (2009, p.1-2):
Assim, na ânsia de equiparar o nosso país qualitativamente à Europa e visando um
modelo estrangeiro, os nossos escritores teriam versado sobre o índio bravo e guerreiro
na selva paradisíaca como forma de exaltação do que seria característico do Brasil; um

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meio de afirmar que, apesar de recém-independente, o nosso país possuía uma história
e cultura própria.
No entanto, durante a ditadura civil militar, busca-se descaracterizar a identidade indígena, uma
vez que são vistos como obstáculos do progresso da nação, no intuito de assimilá-los ao sistema
capitalista num processo “civilizador” etnocida que busca inserir o indígena à sociedade como
trabalhador. Nesse sentido, Trinidad conclui (2018, p. 273):
(...)os indígenas terminavam por compreender sua inferioridade através dos presentes
que lhes eram outorgados e pela atitude altiva de integridade militar/espiritual
constitutiva dos civilizados. Aí, o índio admitia que o único caminho possível era abraçar
o progresso ocidental que o levaria a se integrar nos ritmos contemporâneos ao amparo
de uma nação moderna.

Tabela 2 – Topônimos alterados dos bairros Santana e Santana do Paraíba em 1967 e 1976
respectivamente

Nomenclatura anterior Nomenclatura alterada

Rua Iracema Rua Raul Ramos de Araújo


Rua Iracema Rua Avaristo Borges
Fonte: Câmara Municipal de São José dos Campos. Decreto municipal nº 1.497, e nº 1.875.

A Tabela 2 expõe duas ruas denominadas Iracema, personagem com grande destaque na
literatura romântica brasileira, do romancista José de Alencar.

Figura 1 – Localização dos bairros de São José dos Campos com destaque do centro (Vila Guarani) e
do Jardim das Indústrias.

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Campos

A Tabela 3 mostra os topônimos alterados do bairro Jardim das Indústrias na região Oeste da
cidade de São José dos Campos em 17 de julho de 1967.

Tabela 3 – Topônimos alterados do bairro Jardim das Indústrias em 1967


Nomenclatura anterior Nomenclatura alterada
Rua Nº 21 Rua Augusto Frederico Schimdt

Rua Nº 83 Rua Winston Churchill


Rua Nº 92 Rua Manoel Pio
Fonte: Câmara Municipal de São José dos Campos. Decreto municipal nº1.004.31 de dezembro 1967 10 de novembro de
1976

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Os topônimos, anteriormente denominações numéricas, foram alterados para nomes de
personalidades que tem algum envolvimento com as ideologias defendidas pelo governo militar, como
Augusto Frederico Schimdt, crítico assíduo ao governo de João Goulart e anticomunista; Manoel Pio,
diplomata e ministro das Relações Exteriores do governo Castelo Branco; e Winston Churchill, político
conservador britânico.

Conclusão
As intenções carregadas no ato de nomear ou trocar o nome de algum lugar podem revelar as
motivações do poder vigente na intenção de se apropriar do espaço, na tentativa de construir uma nova
memória a partir de seu ponto de vista, buscando, por meio da apropriação do espaço,
reafirmaçãohegemônica. Nesse sentido, as antigas memórias que se opunham aos interesses da
classe dominante local podem ser substituídas pelas memórias que este grupo quer exaltar e perpetuar.
Portanto, a toponimia pode revelar a intencionalidade e o ponto de vista de quem nomeia.

Referências

ALMEIDA, Antônio Paulino de. “Memória História de Cananéia”, in Revista de História, vol. XXVI, n.
49, ano XIII. São Paulo, FFLCH-USP, 1962.

AQUINO, Maria Aparecida de. Censura, Imprensa, Estado Autoritário (1968-1978): o exercício
cotidiano da dominação e da resistência. Bauru: EDUSP, 1999.

CARNEIRO, Alessandra da Silva. “Figurações do Índio Romântico em Sousândrade e Gonçalves Dias”.


Revista Eutomia, Universidade Federal de Pernambuco, Nº 2, Dezembro de 2009

DICK, M. V. P. A. “A língua de São Paulo”. REVISTA USP, São Paulo, n.63, p. 36-63,
setembro/novembro 2004

DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São
Paulo: Arquivo do Estado, 1990.

FAGGION, Carmen Maria; MISTURINI, Bruno; DAL PIZZOL, Elis Viviana. “Ideologias no ato de nomear:
a toponímia revelando mudanças nas relações de poder de uma comunidade”. Revista Entreletras,
Universidade Federal de Tocantins, 2013.

HALBWACHS, M. A Memória coletiva. Trad. de Laurent Léon Schaffter. São Paulo, Vértice/Revista
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PRIORI, A., et al. História do Paraná: séculos XIX e XX [online]. Maringá: Eduem, 2012. A Ditadura
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SANT’ANNA, André Luis de Oliveira de; CASTRO, Alexandre de Carvalho; JACO-VILELA, Ana Maria.
“Ditadura Militar e práticas disciplinares no controle de índios: perspectivas psicossociais no Relatório
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TRINIDAD, Carlos Benítez. “A questão indígena sob a ditadura militar: do imaginar ao dominar”.
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