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Resumen de ponencia
No final da década de 1980 passam a ocorrer sensíveis mudanças na dinâmica política dos conflitos sociais no espaço
agrário brasileiro, sobretudo, pela emergência de uma espécie de “polifonia política”, ou seja, da emergência de uma
diversidade vozes na cena pública e nas arenas políticas. Nesse período começam a ganhar força e objetivação, em
Esse conjunto de agentes e forças sociais, historicamente marginalizados e invisibilizado no espaço público, torna-se
protagonista na luta por direitos e justiça, como sugere a feliz expressão de Eder Sader (1988): “novos personagens
entram em cena”. Muitos desses ‘novos’ personagens, agora protagonistas, eram tidos como forças sociais que
pertenciam ao passado e que, inevitavelmente, seriam incorporados ou, simplesmente, desapareceriam no processo
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de modernização capitalista que o espaço agrário brasileiro tem vivenciado nos últimos cinquenta anos. Contrariando
esse diagnóstico, camponeses, povos e comunidades tradicionais, indígenas, afrodescendentes, longe de serem
Esses movimentos sociais se diferenciam dos movimentos antecedentes por suas estratégias discursivas e identitárias,
pois na constituição como sujeitos coletivos não mobilizam a auto-identificação de camponês ou trabalhador rural
como era muito comum em décadas passadas ( e que continua sendo para vários grupos sociais e movimentos). Esses
novos atores políticos apresentam-se através de múltiplas denominações e apontam para a construção de novas e
múltiplas identidades tais como índios, ribeirinhos, pequenos agricultores, seringueiros, varzeiros, castanheiros,
Esses movimentos apontam para um processo de politização da própria cultura e de modos de vida “tradicionais”, ou
seja, para um processo de politização dos “costumes em comum” valorizando a memória, a ancestralidade e os
saberes tradicionais na construção das identidades socioculturais e sociopolíticas, afirmando um duplo processo que,
ao mesmo tempo, direciona-as para o passado, buscando nas tradições e na memória sua força e apontando para o
futuro, sinalizando para projetos alternativos de produção e organização comunitária, bem como de afirmação e
participação política.
Mas essas (re)configurações identitárias não são gratuitas, são novas estratégias na luta por direitos, formas de
garantias de direitos sociais e culturais, notadamente, o chamado “direito étnico à terra”, ou aqueles que assegurem
"a posse agroecológica" coletiva ou familiar das terras e dos recursos naturais. A constituição de novos sujeitos
políticos, novos sujeitos de direito vêm redefinindo as táticas e estratégias de luta pela terra no espaço agrário
brasileiro, sobretudo, pelo impacto da emergência da questão ambiental e da questão étnica que vem redefinindo o
padrão de conflitividade e o campo relacional dos antagonismos, implicando uma espécie de “ambientalização” e
Essas novas formas de agenciamentos políticos implicam uma ampliação das pautas de reivindicações e a criação de
novas agendas políticas. Esses novos movimentos lutam não só contra a desigualdade - pela redistribuição de
recursos materiais - mas também lutam pelo reconhecimento das diferenças culturais, luta pelo “respeito” e pela
“dignidade” dos diferentes modos de vidas configurados nas suas diferentes territorialidades. Não se trata
simplesmente de lutas fundiárias por redistribuição de terra, mas envolvem lutas pelo reconhecimento de seus
territórios e territorialidades. Ocorre um deslocamento, não apenas semântico, mas um deslocamento epistêmico,
político e jurídico – das lutas pelo direito a terra para as lutas pelo direito ao território.
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O objetivo desse trabalho é compreender o significado desse deslocamento da agenda e dos agenciamentos de luta
pela terra para a agenda e os agenciamentos de luta pelo direito ao território (direitos territoriais) e suas implicações
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* Do Carmo Cruz
Programa de Pós-Graduação em Geografia . Instituto de Ciências, Campus da Praia Vermelha, Departamento de
Geografia . Universidade Federal Fluminense - PPGEO/UFF. Niterói- Rio de Janeiro, Brasil
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