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Capítulo 0

Fuga
-Corre! Corre! - Disse Toni ofegante carregando um saco de joias, moedas e
outros itens – Tudo isso por um dinheiro idiota!

O corredor do esgoto estava úmido, as passadas de Toni estavam carregadas de


força e de medo, ele conseguia sentir se corpo inteiro coçando, suando. Mais uma
parede foi ouvida caindo, ela estava cada vez mais perto dele:

-Tava na vida boa, comendo do mais chique, mas NÃO! Eu tinha que estragar
tudo

Toni continuou correndo por sua vida, com um peso enorme sobre suas costas,
estava cada vez pior de fugir. Toni olhou para seus bolsos, vendo algo que poderia ser
útil, pego uma bomba inflamável na sua mochila e continuou correndo, seguiu para
norte, indo até o centro da cidade, virou a esquerda, indo a um dos bairros mais nobres
do império, e seguiu reto toda vida pra direita, indo para o subúrbio da cidade, correu e
correu.

Até que, sentiu algo estranho, algo que já tinha sentido, um cheiro, um cheiro
agradável, cheiro amigável, sim, sua mente começou a ser consumida por esse cheiro
incrível, tão consumida que ele nem percebeu a rachadura no chão que tinha saído o
Maneki Neko enorme que estava o perseguindo, abriu os olhos depois de um longo
sorriso pelo cheiro, e assustou ao ver a figura do Maneki Neko:

-Ah, oi Mané Kiki, desculpa, Lorde Mané Kiki, desculpa por ter roubado seu
ouro, era piada sabe? Pegadinha, conhece? - Toni sorriu estranhamente para o gato
que não o respondeu e apenas abanou sua mão para o nezumi, Toni sentiu o ar ir na
sua cara, e tossiu por causa do gás do esgoto que estava horrível

-Nezumi. Devolva. Joias. - Falou uma voz grossa que cobria praticamente todo o
esgoto, essa voz emanava uma aura de respeito, uma aura amedrontadora

-Mas eu tive todo o trabalho de pegar! Não é justo! - Sua fala foi interrompida
pela pata do enorme Maneki Neko que bateu no chão, o chão rachou num cano e um
cheiro de gás começou a se espalhar pelo local

-NÃO! Isso. Ou. Morte.

-Mas… Mas… - Os olhos da ratazana começaram a chorar um pouco, mas ele segurou
– Tá, tá bom, só me deixe dar um último adeus – Toni abaixou-se e abraçou o saco e
dinheiro – Adeus minha querida

-Devolva.

Toni olhou para o teto do esgoto vendo uma saída, esgueirou-se cuidadosamente e saiu
pelo bueiro no subúrbio, era noite. Toni olhou para baixo, vendo que o gato da sorte
ainda estava lá, olhou para sua mão e viu a bomba inflamável, puxou um isqueiro
velho, que praticamente não acendia, e começou a tentar uma faísca, tentativa após
tentativa, via o gato indo mais longe. Toni desistiu, tirou sua jaqueta e tirou uma parte
que era de uma antiga caixa de fósforo, deixou a blusa no chão e de primeiro, a bomba
acendeu, mas nem deu tempo de jogar a tão difícil-de-acender-bomba, já que o gás do
esgoto escapou, só se ouviu uma grande explosão, uma BELA explosão.

Capítulo 1
Frio
Acordou, com frio, fome, medo, um olho doía muito, não conseguia o abrir, olhou para o
local que se encontrava:

-Que porra é essa? Que lugar é esse?

-Cuidado com o linguajar na casa da tia! - Disse uma voz infantil, de uma criança

-Cuidado com o linguajar meu ovo! Mim tira daqui! Eu preciso ver aquele gato do
caralho de novo

-Eu disse pra para com isso! - Do pleno ar, uma criança saiu de um portal, a criança
tinha um brilho próprio, amarelo, que chamaria atenção de toda uma cidade. Toni
olhou confuso para a criança, logo pensou que era uma piada, algo não natural da sua
cabeça que riu naturalmente

-PARA DE RIR DE MIM! TODO MUNDO FAZ ISSO COMIGO! NÃO É JUSTO!

-Calma, calma ô criança, eu vou respeitar tua titia então, é que eu estou confuso com
isso, explica por favor – Toni estava segurando muito sua risada

-Tá. Vou explicar para você, só por que você é meu melhor amigo. Minha tia trouxe
você aqui pra casa, ela conhece todo mundo e você não seria diferente, desde então eu
estou cuidando você! Inclusive, você deveria pegar uma roupa nova, não é legal fica
mostrando os pelos pra todo mundo

-Mas com você não me entregando nada fica difícil né chefia? Me ajuda a te ajudar

-Você é muito exigente viu? Me segue.

A criança começou a seguir pelo portal invisível, no qual o Toni foi prontamente
acompanhando:

-Vai demorar um tempo então se segura, coisa normal de portal, é só respirar e deixar
os espíritos agirem

-Tá bão
Os dois pisaram onde deveria ser o portal, a sensação não é muito física, ela é mais
espiritual, algo tão pessoal, tão íntimo que não é possível de ser descrita, a sensação é
de como uma terapia, mas muito intensiva, extremamente intensiva, mas ela parece
demorar messes, anos, mas eles demoraram segundos na vida real, e Toni sentiu de
novo um cheiro agradável, diferente do cheiro do gato que era charmoso, era um cheiro
confortável, de amor

Capítulo 2
Casa
Um ambiente belo se abriu para Toni, dava para sentir o cheiro perfumado de diversas
flores, o chão de madeira parecia uma nuvem de tão confortável, dava para ver que
estavam em uma casa antiga, de dois andares, uma casa de nobres, era visto na janela
um pequeno lago com alguns cisnes. Uma coisa quebrava esse clima pacífico do
ambiente, que eram os latidos incessantes de cachorros e som de cisnes gritando

-Ah! De novo! - Disse ela frustrada

A criança saiu disparada na frente por diversas portas, portões, ultrapassar uma ponte
e atravessar uma parte lago rio até chegar aos cachorros.

Toni não a acompanhou, esperou ela pegar uma certa distância e começou a vasculhar
a casa, a casa tinha vários cômodos e outros locais adjacentes que faziam parte de toda
a propriedade, mas no local onde Toni estavam, não haviam muitos locais, tinha a
cozinha, na qual só tinha alguns talheres velhos e nada mais. Também tinha a sala, a
qual havia alguns livros rasgados juntos com algumas cartas escritas porcamente,
Toni pegou uma das cartas, por que chamava mais atenção pelo desenho, e a leu:

"Titia Ste
Quanto tempo vc não vem para casa! To ficano preocupada! Eu sei que você tá ocupada
por que trouxe o Toninho e os outros, mas não sei se ele está bem, já tá desacordado faz
um tempo! Não importa, mas quando você voltar da capital me tráiz um dos doces que
vc trouxe mêz passado! E lembra de continuar meu treinamento!!!!

Ass: Hana(linda e perfeita <3)"

Toni colocou a carta no local onde tinha encontrado e começou a subir as escadas,
tentando encontrar algum outro lugar para procurar, mas quando subiu as escadas,
viu uma luz forte do sol, um cheiro de água com produtos, e quando olhou para a
direita, viu a criança cuidando de alguns cisnes e dando uma bronca nos cachorros

-Eu já disse Zequinha que não é pra falar com os cachorros, eles são muito violentos –
Falou a criança brilhante

-É viu Zequinha, muito feio falar com os cachorros – Disse Toni todo molhado
-Quando que você veio aqui? Eu disse pra tu ficar na casa!

-Disse não, tá ficando louca?

-Você que tá.

Os dois começaram a se encarar profundamente nos olhos, a menina soprou e toni


pisco

-Perdeu!! - Disse ela entre algumas risadas – Bem, me siga que eu vou explicar
tudinho

A menina começou a caminhar pelo ar, percebeu-se que ela não havia se molhado,
mesmo estando no rio cuidando dos cisnes, foi caminhando até um local no meio do
lago que era um local para tomar chá, descansar, Toni foi acompanhando até o local
escolhido, se molhando e xingando a menina inconscientemente. Chegaram ao local,
tinha uma mesa de chá, 4 cadeiras, o local poderia ser adentrado através de uma ponte
que se conectava com a casa, era como uma pequena casa, com um telhado branco com
vermelho chique, alguns bules a mesa e uma criança na mesa esperando o rato chegar

-Demorou muito, tem que melhora isso Toninho – Disse a criança radiante que estava
sentada na mesa com as pernas cruzadas

-Você que foi muito rápida, eu estava de boa – disse um rato, com apenas uma calça
velha e uma regata semitransparente, todo molhado – Mas para de me critica e
começa a explicar, quem é você, quem é Ste, e que desgraça de lugar é esse!

-Que isso, tá nervoso é? Vou explicar o básico

Capítulo 3
Casinha de Chá

-Toni, quando foi a primeira fez que você se sentiu completamente relaxado? -
Perguntou ela olhando fixamente para a mão, mexendo em algo

-Acho que foi aqui nessa casinha, inclusive menina, qual teu nome?

-Meu nome é Hana, Guia dos Mortos. Prazer – Disse sorrindo

-Guia dos mortos? Mas eu não tão morto – Falou com um ar debochando

-Não está? Obvio que está, você não percebeu que quando chegou nesse lugar tudo que
estava incomodo em você parou? O olho melhorou, a fome passou, entendeu?
-Para de mentir meu olho ainda está fudido! Olha – Disse Toni mostrando o olho, que
parecia cicatrizado, mas ainda não conseguia o abrir – Ainda não vejo com ele!

-Eita, parece que precisa de ajuda manual – A menina esfregou as mãos e colocou
sobre o olho de Toni, tirou a mão, mostrando um novo olho, praticamente renovado –
Prontinho, continuando meu raciocínio-

-TÁ PORRA TU É FODA MESMO! MEU OLHO VOLTOU! - Gritou o rato com as mãos
no rosto – Desculpa, pode continuar Akari

-Bem, continuando, eu sou a Hana, Guia do Mortos, a gente tá sempre cuidando dos
mortos, guiando eles em seus devidos lugares, geralmente, nós não conversamos com
os mortos, mas o problema é que teve um erro com você, sua vida foi encerrada 9
messes antes da sua morte verdadeira, então, tentaremos te devolver a vida
novamente, e minha tia Ste me deu a responsabilidade de levar você até a Montanha,
para te levar de volta a vida!

-Estranho, acho que entendi, mas o que faz com que eu acredite em tu?

-Bem, eu não tenho motivo pra mentir, nem pra te levar até a Montanha

-Se eu já tô morto, então não tenho nada pra perder, só me explica uma coisinha
rapidinho, por quê eu tava ferrado lá naquele outro lugar, e quando eu vim aqui
mudou toda a situação

-Ah é! Eu esqueci de te falar, mas aquele outro lugar que eu fui te buscar antes é uma
“sala de espera”, tinha cerca de 231 pessoas a serem atendidas antes de você, então
demorou um pouco para chegar sua vez, fora isso, mais alguma dúvida?

-Duvida não tenho nada, só quero minha jaqueta de novo, não gosto de sair só de
regata

-Verdade! Esqueci de te dar isso daqui – A menina abriu a tampa de um bule e tirou
com uma jaqueta, nova, verde, bonita – Aqui sua nova jaqueta – esticou ela até Toni
que pegou com um certo asco

-Tá, só deixa eu colocar meu toque especial – Toni pegou a jaqueta e começou a rasgar
algumas partes específicas, trocar algumas outras com tralha que ele achava nos
bolsos, até que a novíssima jaqueta pareceu virar de um minuto para o outro, uma
jaqueta de 10 anos pra mais – Prontinho!

-Você é meio estranho Toninho, mas só vamos continuar...

A menina pulou da mesa, deixando cair uma xícara de chá, moveu alguns dedos num
gesto estranho e, do lago enorme da casa, a água começou a subir, dando vista a
imagem de um grande barco de metal, meio enferrujado pelo tempo mas ainda
majestoso

-Sobe. Vai demorar a viagem, no mínimo duas semanas – disse Hana, que mudou sua
feição subitamente para uma face séria
Capítulo 4
Constrito

A chuva batia forte no cais, com peso parecia torcer a madeira do barco, parecia
ranger com cada gota, também, com uma constritora gigante partindo no meio um rato
no armazém, fica difícil do barco não reclamar.

Enquanto isso, num cômodo acima, Toni e Hana estavam comendo um


sanduíche natural. Hana beliscava a comida com talheres de maneira chique,
enquanto Toni comia sem nem mastigar o sanduíche:

-Ô Hana, só me explica aqui, tu consegue trazer tudo, tipo esses sanduíches. Mas tu
não consegue nos teletransportar para a montanha lá? - Questionou Toni com a boca
cheia

-É que eu nunca fui pro lugar em si, eu preciso já ter visto o local de alguma
maneira física, tipo o quarto de recepção que você estava, eu vi como que foi
construído, por isso eu consigo teleportar até lá, se eu tentar teleportar até a
montanha, eu posso acabar indo a qualquer montanha do mundo, sacou?

-Acho que entendi, falta quanto tempo pra gente chegar até a montanha?

-Uma semana mais ou menos

Um barulho irrompeu lá fora, a grade que tinha ao centro do baco, começou a ser
arrastada pela constritora

-Deixa que eu vejo o que tem lá fora – Disse Toni, arrumando a jaqueta e pegando uma
besta pequena que tinha no barco

Uma porta aberta e dois passos adiantes foram suficientes para chamar atenção
da criatura, subitamente, ela foi ao encontro do rato, dando uma primeira mordida,
que feriu o rato de tal maneira que ele foi logo agarrado na bocarra da constritora.
Sendo levemente esmagado de pouco a pouco enquanto tentava escapar, começou a
perguntar por que ele ainda estaria vivo: “não faz sentido, eu já to morto, por que to
sentindo dor?”, e nisso ele começou a ver sendo mais esmagado com a bocarra, pegou
um virote, e enfiou um no estômago do animal, tentando abrir um escape, ele odiava
essa sensação de prisão, queria sair daquele animal o mais rápido possível, o virote
quebrou, pegou mais um, enfiando agora com toda sua força, perfurou a pele do
animal, que gritou de dor, começou a cortar, até criar um buraco grande o suficiente
para criar uma saída, saiu do estômago da serpente, esta que de algum jeito ainda
sobreviveu ao ataque do rato. A cobra olhou para o rato, fez um reverencia simplória, e
falou:
-É digno.

E a constritora saiu do barco, indo até o rio, já longe da casa, Toni suspirou,
olhou para a roupa, cheia de saliva da cobra:

-Eu sou digno? Eu sou só um rato

Capítulo 5
O Rato

Subiam a montanha, agora, já bem longe dos grandes rios, já haviam se passado
três semanas desde que desembarcaram. Toni estava já cansado, mas Hana não, já que
ela estava flutuando até o topo

-Toni, a gente já tá chegando, tem algum sentimento sobre isso:

-Alívio e só – Respondeu o rato, subindo fervorosamente a montanha

-Só? Bem, não importa, mas eu tenho que te avisar, desde da constritora, tudo parece
ter dado tudo certo, isso acontece, por causa do que está vindo a acontecer…

-E o quê vai acontecer?

-O Lorde da montanha irá te julgar, ele viaja entre o mundo dos humanos e o nosso,
talvez o conheça, é o Sr. Mané Kiki

Toni sentiu a boca seca, um suor escorreu pela sua cara, molhando o seu pelo

-E o que vai acontecer, vai ser que ele vai ver qual será o preço para sua volta a vida,
felizmente, você tem eu como sua guia! Então, eu trouxe muito dinheiro para trazer
você de volta ao mundo real

-Entendi…

Continuaram a subir a grande montanha, um com extrema dificuldade, a outra com


extrema facilidade, então, viram diferentes paisagens, desde de aves, com diversas
serpentes comendo os filhotes desdas aves, algumas outras paisagens, mais ao alto do
monte, tinham diversas vegetações, e estranhamente, apenas borboletas saiam do
monte

Ao chegarem no topo da montanha, viram uma trilha, que chegavam em um bueiro de


esgoto, protegido por um grande Gato da Sorte, um Maneki Neko. Que o Toni já
reconhecia, eles trocaram olhares, até que Hana começou a falar:

-Olá Sr. Mané Kiki! Viemos aqui trazer essa pobre alma de um nezumi a vida
novamente – disse Hana com animação
-Conheço. Rato. - Falou a mesma voz forte, que todos ali conheciam de algum modo

-Conhece ele senhor? Então poderia fazer um desconto pelo conhecido, certo?

-Não. Trazer. Vida. Caro. - Disse com o mesmo tom sério de sempre

-Mas porquê senhor, se este é um conhecido, então nos de um desconto

-Rato. Extorquiu-me.

-Hana, deixa eu falar um pouco – disse o rato – Sr. Kiki, eu tenho que me desculpar
pela minha horrível primeira impressão com você, percebi até que tem algumas
queimaduras da bomba que me matou, devo ter dado um prejuízo grande ao senhor.
Desculpa, novamente, poderia dizer o preço

-Preço. Vida. Alguém

-Mas se eu der minha vida ao senhor, não tem como eu voltar para a vida – Reclamou o
nezumi

Não. Vida. Dela – Disse o gato olhando para Hana

-Não! Ela não! A tua rixa é comigo! Não com ela! Te manca – O rato começou a se
aproximar, com raiva, perto do Maneki Neko

-Toni, se acalma, é o meu serviço, se eu tiver que dar minha vida para entregar uma
alma, eu irei a entregar de bom grado

-Hana?! Tu tá maluca?! Não tem porque você dar sua vida!

-Claro que há Toni, uma vida por outra, você já se mostrou digno de sobreviver a
Constritora, só falta pagar o preço, não tem como contradizer o Mané Kiki! - Disse
Hana entre lágrimas olhando para Toni – Senhor, pode tomar minha vida, eu estou
pronta!

Hana foi se aproximando da Gato, o rato percebeu que não teria mais como a impedir.
Toni aceitou, olhou para o chão, impotente, chorando baixinho. Hana chegou ao Lorde,
olhou para o olhos do Mané Kiki, jogou sua mochila para trás, que pegou rapidamente
a mala. Hana sentiu o último suspiro sair do seu nariz, sentiu a magia, os espíritos a
abandonarem, a sua pulsação parou

O Maneki Neko olhou profundamente para o corpo, que começou a se esfarelar no


chão, em cinzas amarelas. Toni chorava, lembrando do último brilho da criança,
olhando a mala, viu um pequeno pacote da mochila, embrulhando um presente, o
pegou:

“Da sua melhor amiga para você! - Hana”

Abriu o presente, viu uma roupa chique, um terno, um chapéu, e uma besta longa.

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