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Cazaroto Dissertacao
Cazaroto Dissertacao
Instituto de Física
Comissão Examinadora:
São Paulo
2009
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pelo Serviço de Biblioteca e
Informação
do Instituto de Física da Universidade de São
Paulo
Cazaroto, Érike Roberto
USP/IF/SBI-079/2009
À minha família,
À minha tia Creusa Maria Cazaroto,
À minha avó Geni Valim Tofoli.
Agradecimentos
Resumo
Neste trabalho nós abordamos dois temas da QCD em altas energias. A distribuição
nuclear de glúons e a saturação de pártons. As parametrizações da distribuição nuclear
de glúons disponíveis atualmente na literatura são bastante diferentes entre si, o que
mostra que esta distribuição ainda é bastante incerta. Nós mostramos que é possível
vincular a distribuição de glúons no núcleo em altas energias a observáveis nucleares
inclusivos, o que facilitará a distinção entre as diferentes parametrizações quando sur-
girem novos dados experimentais destes observáveis. O segundo tema abordado, a
saturação de pártons, é uma questão muito importante atualmente, e a existência ou
não deste fenômeno poderá ser definitivamente confirmada no LHC e no futuro eRHIC.
No caso da saturação nós mostramos que os observáveis inclusivos não serão úteis para
indicar se ocorre ou não a saturação de pártons em altas energias. Nossa conclusão
foi a de que para os efeitos da saturação, ao invés destes observáveis devemos nos
concentrar nos observáveis difrativos, que são muito mais sensíveis a dipolos de grande
tamanho e corresponderão a uma fração significativa dos eventos observados.
ii
Abstract
In this work we considered two subjects of QCD at high energies. The nuclear gluon
distributions and the parton saturation. The currently available parametrizations of
nuclear gluon distribution in the literature are very different among themselves. We
show that it is possible to relate the gluon distribution in a nucleus at high energies to
nuclear inclusive observables. This will allow us to distinguish between the different
parametrizations when new experimental data become available. The second subject
considered, parton saturation, is currently very important, and the existence or not
of this phenomenon will be confirmed at the LHC and at the future eRHIC. In the
case of saturation we show that inclusive observables are not very useful to indicate if
parton saturation occurs at high energies. Our conclusion was that to detect saturation
effects, instead of these observables we must focus on the diffractive observables, which
are much more sensitive to big dipoles and will correspond to a significant fraction of
the observed events.
SUMÁRIO iii
Sumário
Introdução 1
2 Dipolos de cor 25
2.1 DIS na representação de dipolos de cor . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.1 Fatorização kT e a seção de choque de dipolo . . . . . . . . . . . 27
2.2 O espalhamento difrativo no formalismo de dipolo de cor . . . . . . . . 30
6 Conclusão 69
Apêndice 70
Apêndice 74
Referências Bibliográficas 76
LISTA DE FIGURAS v
Lista de Figuras
5.10 Razão Rσ = σdif f /σtot , como função de x, com o modelo b-CGC para
A = Pb e A = Ca e para Q2 = 5 GeV 2 e Q2 = 1 GeV 2 . . . . . . . . . . 67
5.11 Razão Rσ = σdif f /σtot , como função de x, com o modelo GBW para A
= Pb e A = Ca e para Q2 = 5 GeV 2 e Q2 = 1 GeV 2 . . . . . . . . . . . . 68
Introdução 1
Introdução
Capítulo 1
l ’
l
γ∗ (q)
X
N
P Px
Figura 1.1: Espalhamento Inelástico Profundo.
s =mN (2E + mN ) ,
P.q
define-se a variável ν como: ν = mN
. Outras variáveis que surgem no DIS são:
P.q W 2 + Q2 − m2N
y= = ,
P.l s − m2N
Q2 Q2 Q2
x= = = 2 , (1,1.4)
2P.q 2mN ν W + Q2 − m2N
onde y representa a fração da energia inicial do lépton carregada pelo fóton trocado,
y = ν/E; e x é a variável de Bjorken, que será bastante utilizada no decorrer dessa
dissertação, especialmente quando considerarmos a região em que essa variável é muito
pequena. Uma relação útil entre x, y e Q2 é dada por:
Q2 Q2
xy = ≈ . (1,1.5)
s − m2N s
Como W 2 ≥ m2N , a variável de Bjorken (x) e y assumem valores entre 0 < x, y < 1. A
expressão “deep inelastic” vem do regime cinemático onde ambos mN ν e Q2 são muito
maiores do que m2N , com x fixo e finito.
A seção de choque do processo descrito acima (considerando-o não polarizado) é
[5]:
1 1 X 1 XX d 3 PX d3 l 0
Z
4 4 0 2
dσ = (2π) δ (P + l − P X − l )|M| ,
4(l.P ) 2 s ,s 2 S X (2π)3 2PX0 (2π)3 2E 0
l l0
(1,1.6)
onde o quadrado da amplitude é dado por:
e4
|M|2 = [ul0 (l0 , sl0 )γµ ul (l, sl )]∗ [ul0 (l0 , sl0 )γν ul (l, sl )]hX|J µ (0)|P, Si∗hX|J ν (0)|P, Si .
q4
(1,1.7)
Aqui podemos introduzir o tensor hadrônico W µν :
1 1 XX d 3 PX
Z
µν
W ≡ (2π)4 δ 4 (P + q − PX )hP, S|J µ(0)|XihX|J ν (0)|P, Si
(2π) 2 S X (2π)3 2PX0
1
Z
= d4 zeiq.z hN|J µ (z)J ν (0)|Ni (1,1.8)
2π
1.1 A cinemática do espalhamento inelástico profundo 6
1X
Lµν ≡ [ul0 (l0 , sl0 )γµ ul (l, sl )]∗ [ul0 (l0 , sl0 )γν ul (l, sl )]
2 s ,s
l l0
1
= T r[6 lγµ 6 l0 γν ]
2
= 2(lµ lν0 + lν lµ0 − gµν l.l0 ) (1,1.9)
d2 σ 2
αem E0
0
= 4
Lµν W µν , (1,1.10)
dE dΩ 2mN Q E
onde dΩ é o ângulo sólido que identifica a direção do lépton que sai (l’):
dΩ = dcos θ dφ
e
e2
αem = .
4π
O tensor hadrônico W µν pode ser parametrizado em termos de g µν , P µ e q µ presentes
no vértice hadrônico, e com isto podemos escrever W µν da seguinte maneira [5]:
1 h qµqν i
µν µν
W = − g + 2 W1 (P.q, q 2)
2 mN q
1 µ P.q µ ν P.q ν
+ 2 P − 2 q P − 2q W2 (P.q, q 2) . (1,1.11)
mN q q
2θ 2θ
h i
µν 0
Lµν W = 4EE 2W1 sen + W2 cos 2 mN . (1,1.12)
2 2
1.1 A cinemática do espalhamento inelástico profundo 7
d2 σ 2
4αem E 02 2θ 2θ
(1,1.13)
= 2W1 sen + W2 cos .
dE 0 dΩ Q4 2 2
A seção de choque diferencial pode ser reescrita em termos das variáveis do DIS
2
dσ 2πmN Ey αem
= 2
dydx E0
lab xymN
4E 2 2E 0
h xymN E mN xy i
× 2W1 + W2 0 1 − y −
2E 0 E 2E
2
2παem h mN xy i
= xymN W1 + E 1 − y − W2
EmN x2 y 2E
2
2παem h
2
mN xy i
= xy F1 + 1 − y − F2 , (1,1.14)
EmN x2 y 2 2E
F1 (x, Q2 ) ≡ mN W1 (ν, Q2 )
e
F2 (x, Q2 ) ≡ νW2 (ν, Q2 ) .
Q2
Além disso, como y = 2mN xE
, podemos escrever
dQ2
dy =
2mN xE
e também
2 Q4
x = .
4m2N E 2 y 2
Portanto,
2 h
dσ 4παem 2
xymN i
= xy F1 + 1 − y − F2 . (1,1.15)
dxdQ2 lab xQ4 2E
1.1 A cinemática do espalhamento inelástico profundo 8
√
Quando s mN :
2 h
dσ 4παem 2
i
≈ xy F1 + (1 − y)F2 . (1,1.16)
dxdQ2 lab xQ4
∗ 2π 2 αem (λ)∗
σλγ N (x, Q2 ) = p ε(λ)
µ εν W µν , (1,1.17)
2
mN ν + Q 2
(λ)
onde εµ é a polarização quadri-vetorial de um fóton virtual de helicidade λ. Em
termos de F1 e F2 as seções de choque transversal e longitudinal são dadas respecti-
vamente por:
∗N 4π 2 αem
σTγ = 2xF1 . (1,1.18)
Q2
e
∗N 4π 2 αem
σLγ = (F2 − 2xF1 ) (1,1.19)
Q2
E agora definindo:
FT = 2xF1
e
FL = F2 − 2xF1 ,
temos:
∗
γ N 4π 2 αem
σL,T = FL,T (x, Q2 ). (1,1.20)
Q2
Observe que: FL + FT = F2 . Assim obtemos a relação da seção de choque total com
F2 :
∗N ∗N ∗N 4π 2 αem
σγ = σLγ + σTγ = 2
F2 (x, Q2 ) . (1,1.21)
Q
1.2 O modelo a pártons 9
Como será discutido mais adiante, essa relação é válida apenas no modelo a pártons
não interagentes. Em QCD existe uma dependência suave em Q2 , de tipo logarítmica,
e por isto essa relação é violada. É a chamada violação do scaling de Bjorken.
Ainda em 1969 dados experimentais do SLAC confirmaram as previsões de Bjorken.
Esse resultado foi interpretado [8, 9] como uma evidência de que o próton é composto
por partículas elementares (puntiformes): os pártons. Nesta interpretação o fóton
virtual (γ ∗ ) é espalhado incoerentemente com os constituintes internos do nucleon.
A hipótese de espalhamento incoerente implica que a seção de choque total γ ∗ -
próton é igual à soma das seções de choque γ ∗ -párton, pesada pela probabilidade
fi (ξ) de encontrar um párton qi dentro do próton carregando uma fração ξ de seu
quadri-momento:
1
d2 σ d2 σ̂
X Z
= dξfi (ξ) . (1,2.23)
dxdQ2 i 0 dxdQ2
X Z 1 X
F2 (x) = 2xF1 (x) = e2i dξδ(x − ξ)ξfi(ξ) = e2i xfi (x) (1,2.24)
i 0 i
1.3 As equações de DGLAP 10
e’
e
xp
P Px
1
∂qi (x, Q2 )
Z
αs dx1 x x
2
= Pqq ( )qi (x1 , Q2 ) + Pqg ( )g(x1 , Q2 ) , (1,3.25)
∂lnQ 2π x x1 x1 x1
1
∂g(x, Q2 )
Z
αs dx1 x x
= Pgq ( )qS (x1 , Q2 ) + Pgg ( )g(x1 , Q2 ) . (1,3.26)
∂lnQ2 2π x x1 x1 x1
1.3 As equações de DGLAP 11
X
qS (x, Q2 ) = [qi (x, Q2 ) + q i (x, Q2 )] (1,3.27)
i
As funções Pij (Pqq , Pqg , Pgq , Pgg ) são denominadas funções de splitting. Em ordem
dominante de αs estas funções são dadas por:
h 1 + z2 3 i
(0)
Pqq (z) =CF + δ(1 − z) (1,3.28)
(1 − z)+ 2
(0) 1
Pqg (z) = [z 2 + (1 − z)2 ] (1,3.29)
2
h 1 + (1 − z)2 i
(0)
Pgq (z) =CF (1,3.30)
z
(0)
h z 1−z i 11C − 2n
A f
Pgg (z) =2CA + + z(1 − z) + δ(1 − z) (1,3.31)
(1 − z)+ z 6
1 1
f (x) f (x) − f (1)
Z Z
dx = dx . (1,3.32)
0 (1 − x)+ 0 1−x
ZEUS+H1
x
ZEUS 96/97
2 -log10
4
H1 96/97 H1 94/00 Prel.
em NMC, BCDMS, E665
F
ZEUS NLO QCD Fit
3.5 (prel. 2001)
H1 NLO QCD Fit
2.5
1.5
0.5
0 2 3 4
1 10 10 10 10 2 2
Q (GeV )
Figura 1.3: Função de estrutura F2 (Extraído de [11]).
ZEUS+H1
6
x
ZEUS 96/97
2 -log10
H1 96/97 H1 94/00 Prel.
em NMC, BCDMS, E665
F
5.5 ZEUS NLO QCD Fit
(prel. 2001)
H1 NLO QCD Fit
4.5
3.5
2.5 2
1 10 10 2 2
Q (GeV )
Figura 1.4: Função de estrutura F2 (Extraído de [11]).
(função de estrutura do próton) mais recentes da época (1998) obtidos em HERA. Nós
utilizamos estas distribuições partônicas em nossos cálculos através de um pacote, em
linguagem FORTRAN, que os autores disponibilizaram [12].
Conforme veremos no capítulo 3, existe uma outra equação de evolução, chamada
Equação de BFKL, em que o momento transferido Q2 é fixado e a distribuição de
glúons é evoluída em energia, ou seja, é evoluída em termos de ln(1/x).
1.4 A equação de DGLAP no limite de pequeno x 14
1
∂g(x, Q2 ) αs dx1 x
Z
2
= Pgg ( )g(x1 , Q2 ) , (1,4.33)
∂lnQ 2π x x1 x1
2CA
onde Pgg (z) = Pgg
z→0
(z) = z
representa o termo singular na função de splitting.
Substituindo Pgg (z) na equação (1,4.33) temos
1
∂g(x, Q2 ) αs dx1 2CA
Z
= g(x1 , Q2 ) , (1,4.34)
∂lnQ2 2π x x1 z
ou ainda:
1 Q2
αs CA dx1 1 dkT2
Z Z
2
g(x, Q ) = g(x1 , kT2 )
π x x1 z Q2 kT2
1 Z0
αs CA dx1 x1 dkT2
Z
= g(x1 , kT2 ) , (1,4.35)
π x x1 x kT2
Portanto,
1 Q2
dx1 dkT2 αs Nc
Z Z
2
xg(x, Q ) = x1 g(x1 , kT2 ) , (1,4.36)
x x1 Q20 kT2 π
αs Nc 0 0 2
Z Z
2 0
xg(x, Q ) = dy dΓ0 x g(x , k ) . (1,4.37)
y Γ π
αs Nc
Z Z Z
ωy 0
G(ω, Γ) = dy e dy dΓ0 G(y 0, Γ0 )
π
Z yZ ΓZ
αs Nc
= dy 0 dΓ0 dy eωy Θ(y 0 − y)G(y 0, Γ0 )
π
ZΓ
αs Nc
Z
0
= dy 0 dΓ0 eωy G(y 0 , Γ0 )
ωπ
ZΓ
αs Nc
Z
0
= dΓ 0
dy 0 eωy G(y 0 , Γ0 )
ωπ Γ
αs Nc
Z
= dΓ0 G(ω, Γ0) . (1,4.40)
ωπ Γ
dG αs Nc
= G(ω, Γ0)
dΓ0 ωπ
dG αs Nc 0
= dΓ . (1,4.41)
G ωπ
1.4 A equação de DGLAP no limite de pequeno x 16
αs Nc
Γ
G(ω, Γ) = G(ω, Γ0) e πω . (1,4.42)
αs Nc
O termo πω
é denominado dimensão anômala. O crescimento da distribuição de
glúons na região de pequeno x (ou pequeno ω) está associado ao fato de que a dimensão
anômala torna-se muito grande para ω → 0.
Agora, para obter a distribuição de glúons fazemos a transformada inversa de Mellin
1
Z
αs Nc
G(y, Γ) = dωeωy G(ω, Γ0)e πω
Γ
. (1,4.43)
2πi
∂u
=0 (1,4.44)
∂ω
∂u 1 ∂2u
u = u(ωs ) + |ωs (ω − ωs ) + |ω (ω − ωs )2 + ... (1,4.46)
∂ω 2 ∂ω 2 s
+i∞
1 1
Z h i
G(y, Γ) = dω G(ω, Γ0 ) exp u(ωs ) + u00 (ω − ωs )2 (1,4.48)
2πi −i∞ 2
+∞
1 1 00
Z h i
2
G(y, Γ) = dν G(ω0 , Γ0 ) exp u(ωs ) + u (−ν ) (1,4.49)
2π −∞ 2
G(ω0 , Γ0 ) π
r
G(y, Γ) = 1 00 exp(u(ωs ))
2π 2
u
s
G(ω0 , Γ0 ) π 2 ωs3 h αs Nc i
= exp ωs y + Γ (1,4.50)
2π αs NC Γ πωs
G(ω0 , Γ0 )
αs Nc Γ
14 √ αs Nc
G(y, Γ) = e2 π
Γy
, (1,4.51)
2 π3y3
mostram uma redução sistemática da função de estrutura nuclear F2A (x, Q2 )/A com
relação à função de estrutura do nucleon livre F2N (x, Q2 ), onde A é o número de massa
do núcleo.
Em outras palavras, a função de estrutura medida no nucleon ligado ao núcleo é
menor do que a função de estrutura deste mesmo nucleon livre no espaço (veja figura
1.5). Este efeito é conhecido como "Nuclear Shadowing Effect", ou efeito de shadowing
1.7 Parametrizações das distribuições nucleares de partons 19
fiA (x, Q2 )
≡ RiA (x, Q2 )fi (x, Q2 ) (1,7.55)
A
O fator RiA seria igual a 1 se as funções de estrutura dos partons de um núcleo fos-
sem uma mera superposição das funções de estrutura dos partons de um nucleon.
Porém, como discutido na seção anterior, existem os fenômenos de shadowing e anti-
shadowing, dependendo do valor de x, que implicam que RiA é menor ou maior que 1
respectivamente.
Os dados das funções de estrutura do próton são muito bem descritos, por exem-
plo pelas parametrizações de GRV para as distribuições partônicas. As distribuições
de partons dos núcleos, em particular a distribuição de glúons (que se torna a mais
importante em altas energias), ainda são bastante incertas.
Para podermos fazer um estudo quantitativo detalhado da distribuição nuclear de
glúons nós utilizamos quatro diferentes parametrizações para os fatores RiA partônicos,
propostas por Eskola, Kolhinen e Salgado [16] (1999), de Florian e Sassot [17] (2004),
Hirai, S. Kumano e T.H. Nagai [18] (2007) e K.J. Eskola, H.Paukkunen and C.A.
Salgado [19] (2008). Vamos chamá-las respectivamente de EKS, DS, HKN e EPS.
Diferentes parametrizações diferem [20], por exemplo, na forma das parametriza-
ções na escala inicial, no uso de diferentes conjuntos de dados experimentais, na ordem
da evolução DGLAP, no tratamento de efeitos de isospin, entre outras coisas. Os gru-
pos DS e HKN fornecem parametrizações em leading order (LO) e next-to-leading
order (NLO), enquanto EKS e EPS fazem uma análise global apenas em LO. Para
compará-los nós usamos LO para DS e HKN.
Os dados experimentais para a função de estrutura nuclear determinam o com-
portamento das distribuições nucleares dos quarks. O comportamento da distribuição
nuclear de glúons é determinado indiretamente usando regra de soma de momentum
e/ou estudando a inclinação em log Q2 da razão F2Sn /F2C [21].
1.7 Parametrizações das distribuições nucleares de partons 21
2 2
1.2 Q = 2.5 GeV
0.8
Rg
0.6
0.4
EKS 98
EPS 08
0.2 DS
HKN
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 1.6: Razão Rg = xgA /(AxgN ) predita pelas parametrizações EKS, DS, HKN e EPS para A = 208
e Q2 = 2, 5GeV 2 .
xgA
Rg = (1,7.56)
AxgN
para o chumbo, A = 208, predita pelas quatro parametrizações, onde xgA (xgN ) é a
função de distribuição de glúons no núcleo (nucleon).
Como se vê, o comportamento de xgA (x, Q2 ) em pequeno x é bastante incerto.
Em particular, a magnitude do efeito de shadowing e a presença ou não do efeito de
antishadowing é indefinida.
1.8 Funções de estrutura longitudinal e de charme 22
4αs
FL (x, Q2 ) ≈ 0, 3 xg(2, 5x, Q2 ) (1,8.58)
3π
FLA
RL = (1,8.59)
AFLN
Um par cc̄ pode ser criado pela fusão bóson-glúon [25] quando a massa invariante
ao quadrado do estado final hadrônico é
W 2 ≥ 4m2c (1,8.60)
1
αs (µ02 ) x m2c
1 c dy c
Z
F2 (x, Q2 , m2c ) = 2e2c C , g(y, µ02) (1,8.61)
x 2π ax y g,2 y Q2
m2c 4m2c 4
c 1 1+β 2 2 2 8mc
Cg,2 z, 2 = ln z + (1 − z) + z(1 − 3z) 2 − z +
Q 2 1−β Q Q4
4m2c
β
−1 + 8z(1 − z) − z(1 − z) 2 (1,8.62)
2 Q
F2c,A
RC = (1,8.63)
A F2c,N
Capítulo 2
Dipolos de cor
p
q = (ν, 0, 0, ν 2 + Q2 ) ,
Q2
γ ∗ : q = q + , − + , ~0 ;
2q
~k 2
q : k = zq , + ~
,k ;
2zq +
2.1 DIS na representação de dipolos de cor 26
~k 2
q : k 0 = (1 − z)q + , , −~k ,
2(1 − z)q +
onde z é a fração de momento do fóton carregada pelo quark ((1 − z) pelo anti-quark)
√
e q + ' 2 ν no limite de Bjorken. A massa invariante quadrada do par qq é:
~k 2
M 2 = (k + k 0 )2 = .
z(1 − z)
1
τf ∼ ,
∆E
1 + ~k 2
Epar =√ q +
2 2z(1 − z)q +
e
1 Q2
Eγ ∗ = √ q + − + .
2 2q
Assim
1 2 k2
∆E = √ Q + ,
2 2q + z(1 − z)
e considerando que Q2 M 2 temos:
Q2
∆E ' √ = mN x.
2q +
pensar que a descrição da seção de choque γ ∗ p pode ser fatorizada da seguinte maneira
[3] Z Z
γ∗p
σ = dz d r 2 |Ψ|2 σdip . (2,1.1)
onde r é o raio transversal do par qq, Ψ é a sua função de onda, que descreve a transição
fóton virtual-dipolo, e σdip é a seção de choque de interação entre o par e o alvo.
Nikolaev e Zakharov e posteriormente Mueller [29] demonstraram em ordem dominante
(“leading order”, LO) que esta expressão de fato pode ser obtida no formalismo da
fatorização kT , o que será discutido na próxima seção.
∗
Z ~2
dK
Z 1
dx0 x ~ 2 γ ∗ g 0 ~ 2 2
σλγ p (x, Q2 ) = f 0 , K σ̂λ (x , K , Q ) , (2,1.2)
K~2 x x0 x
∗
onde λ denota a polarização do fóton virtual, σ̂λγ g é a seção de choque do processo
x ~2
elementar γ g → qq e f x0 , K é a distribuição de glúons não integrada, que está
∗
Q2 ~2
dK
Z
x g(x, Q ) = 2 ~ 2) .
f (x, K (2,1.3)
K~ 2
β dz z~k 2 + (1 − z)(~k + K)
~ 2 + ε2
Z Z
∗
σλγ g = d2~k · δ β − Hλ , (2,1.4)
~2
8π 2 W 4 K z(1 − z) z(1 − z)W 2
onde
ε2 ≡ Q2 z(1 − z) ;
z(1 − z) 4
Hλ =8π 2 αs αem e2q W
Q2
( )
Nλ (~k, ~k) Nλ (~k + K,
~ ~k + K)~ 2Nλ (~k, ~k + K)
~
· + − (2,1.5)
(~k 2 + ε2 )2 [(~k + K)
~ 2 + ε2 )]2 (~k 2 + ε2 )[(~k + K)
~ 2 + ε2 )]
com
~ 1, K
NL (K ~ 2 ) =4z 2 (1 − z)2 Q4 ,
~ 1, K
NT (K ~ 2 ) =Q2 [z 2 + (1 − z)2 ]K1 · K2 . (2,1.6)
Z ~2 Z 1 Z
γ∗p αem X 2 dK
σL,T (x, Q2 ) = 2 eq dz d2~k αs (µ2 ) f (β, K ~ 2)
Q q K~ 4
0
( )
Nλ (~k, ~k) Nλ (~k + K,
~ ~k + K)
~ 2Nλ (~k, ~k + K)
~
× + − (2,1.7)
(~k 2 + ε2 )2 [(~k + K)
~ 2 + ε2 )]2 (~k 2 + ε2 )[(~k + K)
~ 2 + ε2 )]
2.1 DIS na representação de dipolos de cor 29
d2~k 1
Z Z Z Z
= d2 k~1 d2 k~2 d2~r
(~k 2 + ε2 )[(~k + K)
~ 2 + ε2 ] (2π)2
~ ~ ~
ei~r·(k1 +K)−i~r·k2
× 2 2
(k~1 + ε2 )(k~2 + ε2 )
i~k·~
r
~ 1 2~ e
Z Z 2
2 i~ r ·K
= d ~re d k (2,1.8)
2π ~k 2 + ε2
e
Z ~k 2 + ~k · K
~ 1
Z Z Z
2~ 2~ 2~
d k = d k1 d k2 d2~r
~ 2 2 ~ ~ 2 2
(k + ε )[(k + K) + ε )] (2π) 2
~ i~r·(k~1 +K)
(∇e
~ ~ −i~r·k~2 )
) · (∇e
× 2 2 (2,1.9)
(k~1 + ε2 )(k~2 + ε2 )
onde
6αem X 2 2 2
|ΨL (z, r)|2 = 2
4eq Q z (1 − z)2 K02 (εr)
(2π) q
6αem X 2 2
|ΨT (z, r)|2 = 2
eq [z + (1 − z)2 ]ε2 K12 (εr) (2,1.11)
(2π) q
e
4π
Z ~
d2 K ~ r
σdip (x, r) = ~ 2 )(1 − eiK·~
αs f (x, K ), (2,1.12)
3 K~4
2.2 O espalhamento difrativo no formalismo de dipolo de cor 30
αN 1
σα ≡σtot = Imhα|iD|αi
s
1 1
= Im(ihα|αidα) = dα . (2,2.14)
s s
2.2 O espalhamento difrativo no formalismo de dipolo de cor 31
X
|ii = ciα |αi , (2,2.15)
α
Dik =hk|D|ii
XX
= c∗kβ ciα hβ|D|αi
α β
XX
= c∗kβ ciα hβ|αidα
α β
X
= c∗kα ciα dα . (2,2.16)
α
Dii =hi|D|ii
X
= c∗iα ciα dα
α
X
= |ciα |2 dα , (2,2.17)
α
iN 1
σtot = Dii
s
X dα
= |ciα |2
α
s
X
= |ciα |2 σα . (2,2.18)
α
2.2 O espalhamento difrativo no formalismo de dipolo de cor 32
hOi ≡hi|O|ii
X
= hi|αihα|O|βihβ|ii
αβ
X
= ciα c∗iβ hα|O|βi . (2,2.19)
αβ
X
hOi = |ciα |2 Oα , (2,2.20)
α
iN
σtot = hσα i . (2,2.21)
D
dσiN 1 X 2
= Dik
dt t=0 16πs2
k6=i
1 X 2 2
= D − Dii , (2,2.22)
16πs2 k ik
Observando que:
Dik =hk|D|ii ;
X X X
2
Dik = hk|D|ii∗hk|D|ii = hi|D|kihk|D|ii = hi|D 2 |ii
k k k
D
dσiN 1 2 2
= hi|D |ii − hi|D|ii . (2,2.23)
dt t=0 16πs2
2.2 O espalhamento difrativo no formalismo de dipolo de cor 33
D
dσiN 1
= (hσ 2 i − hσα i2 ) , (2,2.24)
dt t=0 16π α
D
dσL,T 1 2
= hσdip (x, r)iL,T − hσdip (x, r)i2L,T , (2,2.25)
dt t=0 16π
onde Z 1 Z
hσdip (x, r)iL,T ≡ dz d2~r |ΨL,T (z, r)|2 σdip (x, r) . (2,2.26)
0
γ p ∗
Uma vez que hσdip (x, r)iL,T ≡ σL,T = O(αem ), podemos desprezar o termo hσdip (x, r)i2 ,
e assim obtemos
D 1
dσL,T 1 1
Z Z
2
= hσdip (x, r)iL,T = dz d2~r|ΨL,T (z, r)|2 σdip
2
(x, r) . (2,2.27)
dt t=0 16π 16π 0
0 Z 0
dσ dσ
Z
σdif f = dt = dt e−BD t
−∞ dt dt t=0
Z−∞
1
Z
= dz d2 r|ΨL,T (z, r)|2 σdip
2
(x, r) . (2,2.28)
16πBD
34
Capítulo 3
3.1 Introdução
Conforme discutido no capítulo 1, em espalhamento elétron-próton a altas energias e
altos momentos transferidos (espalhamento inelástico profundo - DIS) podemos sondar
o interior do próton e determinar as propriedades de seus constituintes. Um resultado
surpreendente deste estudo é que a função de distribuição dos glúons xg(x, Q2 ), ou
seja, o número de glúons observados no interior do próton cresce à medida em que
aumentamos a energia do projétil e/ou a virtualidade Q2 do fóton emitido pelo elétron.
A figura 3.1 mostra a distribuição de glúons como função de x para alguns valores fixos
de Q2 extraída pela colaboração ZEUS a partir de seus resultados experimentais. O
crescimento do número de glúons pode ser entendido como um efeito cascata, onde
os próprios glúons se dividem em dois ou três, além de serem também emitidos pelos
quarks [3].
Em 1983, Gribov, Levin e Ryskin [30] observaram que em energias muito altas o
número de glúons seria tão grande que o processo de recombinação g + g → g passaria
a ser importante nas equações de evolução. Este processo reduz o crescimento da
3.1 Introdução 35
H1+ZEUS
xg(x,Q )
2
H1 NLO-QCD Fit 2000
20 Q2=20 GeV2 b c
xg=a*x *(1-x) *(1+d√x+ex)
FFN heavy-quark scheme
17.5 total uncert.
Q2=200 GeV2
exp. uncert.
15
ZEUS NLO-QCD Fit
(Prel.) 2001
12.5 xg=a*xb*(1-x)c
RT-VFN heavy-quark scheme
10 exp. uncert.
7.5
5
Q2=5 GeV2
2.5
0 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 X
Figura 3.1: Resultados de ZEUS para a distribuição de glúons.
∂ 2 xg(x, Q2 ) αS Nc 4αS2 Nc 1
Q2 = xg(x, Q2
) − [xg(x, Q2 )]2 . (3,1.1)
∂ln(1/x) ∂Q2 π 3CF R2 Q2
4παs
Q2s = xg(x, Q2 ) . (3,1.2)
3CF R2
3.1 Introdução 36
Esta escala é denominada “escala de saturação”. O regime caracterizado por Q2 > Q2s
é o regime linear, enquanto para Q2 < Q2s temos o regime não-linear ou de saturação.
O trabalho pioneiro de Gribov, Levin e Ryskin gerou uma longa série de trabalhos
cujo objetivo era desenvolver uma teoria da saturação. Uma teoria efetiva da QCD
a altas energias e pequenos x é o chamado “Color Glass Condensate” (CGC) [11],
que leva às equações de evolução JIMWLK [31]. Uma teoria semelhante, mas com
aproximações diferentes, foi desenvolvida por Balitsky e depois por Kovchegov. Dela
é possível chegar à equação de evolução chamada de Balitsky-Kovchegov (BK). Estas
equações mencionadas são muito complicadas e mesmo a mais simples delas (BK) só
pode ser resolvida numericamente.
O Condensado de Vidro de Cor (Color Glass Condensate - CGC) é formado por
um sistema de alta densidade hadrônica, que controla as interações em QCD a al-
tas energias (pequenos valores da variável x de Bjorken) [3]. O CGC é colorido por
ser composto de glúons, os quais carregam carga de “cor”; ele é um vidro, pois sua
dinâmica interna está congelada. Sua escala de tempo natural é muito maior do que
a escala de tempo do espalhamento em altas energias. E ele é um condensado por ser
caracterizado por um grande número de ocupação e fortes campos coloridos clássicos.
A alta densidade e a liberdade assintótica implicam que o CGC é fracamente acoplado,
o que permitiu o desenvolvimento de uma teoria efetiva.
Quando comparamos a equação (1,3.26), que é a equação de DGLAP para a dis-
tribuição de glúons, com a equação (3,1.1), vemos claramente que a equação (1,3.26)
não incorpora a recombinação de glúons e dessa forma o número de glúons tende a
crescer continuamente. Como a equação (1,3.26) não tem a dependência quadrática
em g(x) (que observamos em (3,1.1)) ela é chamada de equação linear de evolução.
A figura 3.2 mostra um mapa simbólico das equações de evolução da QCD. Nele
podemos ver uma representação pictórica de como ocorre a evolução em Q2 da dis-
tribuição de partons, dada pela equação de DGLAP. Nesta equação fixamos x e evoluí-
mos em Q2 . Assim, conforme aumentamos a nossa resolução Q2 o sistema se torna
mais diluído, pois apesar de o número de glúons crescer a área de cada um deles se
3.1 Introdução 37
torna menor. Nesta figura vemos também uma imagem pictórica de como a equação
de BFKL (que conforme veremos mais adiante é uma aproximação da equação de BK)
descreve a evolução do sistema com a energia, ou seja, com 1/x. Na BFKL o momento
transferido (Q2 ) é que é fixado e as funções de distribuição são evoluídas em x. Desse
modo, conforme aumentamos a energia, o número de partons dentro do hádron au-
menta, mas a área de cada um deles continua sempre a mesma, já que a resolução (que
depende de Q2 ) continua a mesma. Nesta visão é fácil perceber que a saturação ocorre
quando toda a área do hádron for ocupada pelo crescente número de glúons. Nesta
figura também é mostrada uma representação da evolução resultante da equação de
Ayala, Gay e Levin (AGL), que é uma equação de evolução não-linear [32, 33].
A linha “Qs ” que aparece na figura 3.2 separa o regime linear do não linear. A
escala de saturação Qs pode ser entendida usando argumentos geométricos [3, 34].
Um fóton de virtualidade Q2 consegue resolver uma distância r dentro do alvo da
ordem de (veja a figura 3.3)
1
r∝p .
Q2
3.1 Introdução 38
2
1/Q
~
!
!
!
!
!
!
!
!
!
!
A partir dessa relação vemos que, quando aumentamos Q2 o dipolo de cor torna-se
mais compacto (a distância r entre o quark e o antiquark torna-se menor) e assim
consegue resolver objetos menores presentes no alvo (hádron), por exemplo, consegue
“enxergar” os glúons. Consequentemente esse dipolo interage com um glúon de área
transversal igual à sua. Assim, cada glúon irá ocupar uma área transversal da ordem
de π/Q2 , e a seção de choque dipolo-glúon será aproximadamente
π
σ ∼ αs (Q2 ) . (3,1.3)
Q2
2
SA ∼ πRA , (3,1.4)
sendo RA o raio do alvo nuclear. Quando a soma das áreas de todos os glúons for igual
à área do alvo, ou seja
SA R2
SA = NA σ → NA ∼ ∼ A Q2 , (3,1.5)
σ αs
NA αs
Q2s ∼ αs 2
∼ 2 A xg(x, Q2 ) ∼ αs A1/3 xg(x, Q2 ) . (3,1.6)
RA RA
Em 1999 alguns autores [35] passaram a afirmar que, no HERA, já estariam sendo
observados alguns efeitos da saturação. À partir de 2000, com a entrada em operação
do Relativistic Heavy Ion Collider (RHIC) no Brookhaven National Laboratory (BNL),
a procura do CGC tornou-se ainda mais intensa [3]. Surgiram inúmeros trabalhos
propondo novos observáveis que pudessem revelar esta componente de alta densidade
da função de onda dos hádrons. O CGC é, às vezes, chamado de "um novo estado da
matéria". Em 2004, os resultados do RHIC obtidos em colisões dêuteron-ouro levaram
muitas pessoas a acreditar que o CGC tinha sido inequivocamente observado. Porém
mais tarde a certeza desta descoberta foi questionada.
No artigo de revisão de Larry McLerran [36], de 2004, as seguintes evidências
experimentais do CGC são mencionadas:
Mais tarde surgiram trabalhos mostrando que estes fenômenos também poderiam ser
descritos sem saturação [37]. No entanto, como foi argumentado em [36], o CGC é
uma teoria robusta, baseada em primeiros princípios da QCD e fornece uma explicação
global para fenômenos muito diferentes entre si.
A conclusão é que ainda não há uma resposta definitiva sobre a existência ou não
do CGC, e a busca por sua “assinatura” deve continuar. Conclusões exatas não podem
ser tiradas atualmente devido principalmente ao pequeno valor da escala de saturação
no alcance cinemático do HERA. Há uma expectativa de que no LHC (Large Hadron
Collider) e nos futuros colisores eA será mais fácil observar os efeitos da saturação. Na
figura 3.4 podemos ver um exemplo de como as previsões do CGC diferem daquelas
feitas com o uso da solução da equação de BFKL na região de pequeno x e pequeno
Q2 , fazendo com que F2 cresça muito mais suavemente do que a previsão da dinâmica
linear. Vemos que os efeitos associados ao CGC funcionam como um atenuador de
tendências que já existem, ou seja, ele afeta os observáveis apenas quantitativamente.
~r =~x − ~y ,
r~2 =~y − ~z
~b = ~x + ~y .
2
3.2 A equação de Balitsky-Kovchegov 41
∂N(r, Y ) d2 z
Z
= K(~r, r~1 , r~2 )[N(r1 , Y ) + N(r2 , Y )
∂Y 2π
− N(r, Y ) − N(r1 , Y )N(r2 , Y )] , (3,2.7)
3.2 A equação de Balitsky-Kovchegov 42
q q x q x
x boost +
q y q y q y
q x q x
grande N_c +
= q y q y
z
Figura 3.5: Diagrama para a emissão de um glúon na evolução de um dipolo e seu limite de Nc → ∞.
r2
K(~r, r~1 , r~2 ) =αs 2 2
r1 r2
αs Nc
αs = . (3,2.8)
π
τ ≡ r Qs (Y ) . (3,2.9)
d2 r d2 τ
= (3,2.12)
r2 τ2
d2 τ d2 τ1 1
Z
αs 2 2 [N(τ1 ) + N(τ2 ) − N(τ ) − N(τ1 )N(τ2 )] . (3,2.13)
2π τ1 τ2
3.2 A equação de Balitsky-Kovchegov 44
∂ln[Q2s (Y )/Λ2QCD ] d2 τ d2 τ1 1
Z
= αs [N(τ1 ) + N(τ2 ) − N(τ ) − N(τ1 )N(τ2 )] .
∂Y 2π 2 τ12 τ22
(3,2.14)
O integrando é independente de Y , então
∂ln[Q2s (Y )/Λ2QCD ]
= d αs . (3,2.15)
∂Y
Vemos que a escala de saturação cresce com a energia. Além disso, escrevendo Y =
ln(x0 /x) obtemos uma relação entre a escala de saturação e a variável x de Bjorken:
x d αs
0
Q2s = Λ2QCD . (3,2.18)
x
A equação acima mostra que a escala de saturação aumenta para valores menores
de x. A dedução da equação (3,2.18) é uma justificativa teórica da expressão empírica
(3,4.35) que será vista adiante. Esta última é conhecida como parametrização de
GBW.
3.2 A equação de Balitsky-Kovchegov 45
S = 1−N. (3,2.19)
∂S(~x − ~y ) d2 z
Z
=− K(~x − ~y , ~x − ~z , ~y − ~z ) [S(~x − ~y ) − S(~x − ~z )S(~y − ~z)] , (3,2.20)
∂Y 2π
onde
(~x − ~y )2
K(~x − ~y , ~x − ~z, ~y − ~z ) = . (3,2.21)
(~x − ~z )2 (~y − ~z )2
No regime de grandes dipolos (regime de saturação), r⊥ 1/Qs (Y ), ou seja, S(r⊥ )
1, a equação acima pode ser linearizada, desprezando o termo quadrático em S; isso
é válido porque a contribuição dominante vem de z⊥ satisfazendo: 1/Qs (Y ) |z⊥ −
x⊥ | r⊥ . Assim a equação (3,2.20) fica:
r⊥
∂S d2 z 2
r⊥
Z
= −αs S(r⊥ ) 2
. (3,2.22)
∂Y 1/Qs 2π z⊥ (r⊥ − z⊥ )2
Integrando em z⊥ resulta:
∂S 2 2
∼ αs S(r⊥ )ln (r⊥ Qs ) (3,2.23)
∂Y
2 2
Definindo a variável de scaling: ξ ≡ ln [r⊥ Qs (Y )] e fazendo
2 2
∂ξ ∂ln [r⊥ Qs (Y )]
= = cαs
∂Y ∂Y
temos
∂S ∂S ∂ξ
= . (3,2.24)
∂Y ∂ξ ∂Y
3.3 A equação de BFKL no limite de saturação 46
Logo,
∂S 2 2
cαs = −αs ln [r⊥ Qs (Y )]S(r⊥ ) (3,2.25)
∂ξ
e portanto
∂S 1
= − ξS . (3,2.26)
∂ξ c
Resolvendo a equação acima para S obtemos:
2 /2c
S(ξ) = S0 e−ξ . (3,2.27)
2 [r 2 Q2 (Y )]/2c
N(r⊥ , Y ) = 1 − S0 e−ln ⊥ s , (3,2.28)
que é conhecida como lei de Levin-Tuchin [41] e que apresenta scaling geométrico.
d2 z 2
∂N(r⊥ ) r⊥ 1
Z
= −αs 2
N(z⊥ ) − N(r⊥ ) , (3,3.29)
∂Y π z⊥ (r⊥ − z⊥ )2 2
que é a equação de BFKL. A solução desta equação para dipolos de tamanho r⊥ bem
menor do que 1/Qs , mas próximo deste valor em escala logarítmica é [42]:
" 2 #
γs0
2 2 1
N(r⊥ ) ' κ(r⊥ Qs (Y ))γs exp − ln 2 2
, (3,3.30)
2αs Y r⊥ Qs (Y )
dγ0 (R)
onde definimos γs0 ≡ dR
Rs (veja no Apêndice A), e também foi usada a condição de
contorno N(r⊥ = 1/Qs ) = 1, ou seja, a existência de um regime de saturação. Alguns
detalhes da obtenção desta solução podem ser encontrados nos Apêndices A e B.
3.4 Modelos fenomenológicos 47
1. para pequenos dipolos (r 1/Qs ) temos que N (r) ∝ r 2 , o que implica que o
sistema é fracamente interagente;
tal que
σdip (x, r) = σ0 N (x, r) , (3,4.33)
com
4m2f
x λ
0
Q2s (x) = Q20 ; x̃ = x 1 + 2 (3,4.35)
x̃ Q
Olhando para a equação (3,4.34) podemos notar que quando Q2s (x) r 2 1 o modelo
satisfaz a primeira propriedade requerida para N , i.e., a transparência de cor (N (r) ∝
r2 ); e na região Q2s (x) r 2 > 1 a exponencial assume valores muito menores do que um,
o que implica que para dipolos muito grandes temos N ≈ 1.
Embora a parametrização GBW dê uma boa descrição dos dados antigos de HERA
isso não ocorre para os novos dados, que têm uma precisão maior. Esta limitação vem
do fato de que este modelo falha ao descrever a violação de scaling de Bjorken, e sua
forma funcional vem apenas de uma aproximação da QCD não-linear.
3.4 Modelos fenomenológicos 49
Na referência [38] foi proposto um outro modelo inspirado no CGC para descrever os
dados de HERA. Este modelo está baseado na aproximação da equação de BFKL na
fronteira do regime de saturação. Assim, o ponto de partida é a equação (0,0.12)
ln2 (r 2 Q2s )
2
γs
Q2s (x) (3,4.38)
N (x, r) = r exp − ,
2 β ᾱs Y (x)
ln(2/r Q )
N r Qs 2 γs + κ λ Y s , para rQ (x) ≤ 2 ,
0 2 s
N (x, r) = (3,4.39)
1 − exp−a ln2 (b r Qs ) , para rQs (x) > 2 ,
dσdip dσdip
Z
2
σdip (x, r ) ≡ d2 b̄ ; = 2N (x, r, b̄) (3,4.40)
d2 b̄ d2 b̄
onde
r
2 ln(2/ Qs,p )
γs +
r Qs,p
κλY
N0 , para rQs,p (x) ≤ 2 ,
N (x, r, b̄) = 2 (3,4.41)
1 − exp−a ln2 (b r Qs,p ) ,
para rQs,p (x) > 2
Veja que N (x, r, b̄) é dado por uma expressão idêntica àquela de N (x, r) do modelo
CGC (equação (3,4.39)), porém agora temos Qs,p (x, b̄) no lugar de Qs (x). No b-CGC
a escala de saturação do próton Qs,p é dada por:
2γ1
x λ2 b̄2
s
0
Qs,p (x, b̄) = exp − (3,4.42)
x 2BCGC
Capítulo 4
Conforme mostra a figura 1.6, a distribuição nuclear de glúons ainda é bastante mal
determinada. Na seção 1.7 vimos que os observáveis inclusivos FL e F2c são fortemente
dependentes da distribuição de glúons. Nosso objetivo é quantificar e determinar a
região cinemática onde estes observáveis determinam diretamente o comportamento
de Rg . Para obter conclusões independentes do modelo nós calculamos RL e RC , dados
respectivamente por (1,8.59) e (1,8.63), usando as quatro parametrizações mencionadas
no capítulo 1 e comparamos com as previsões correspondentes para Rg . Aqui RL e
RC são as razões similares a Rg para FL e F2c , i.e., as razões respectivamente de FL e
F2c do nucleon ligado ao núcleo para o nucleon livre. Como a região de pequeno x no
eRHIC será sondada em pequeno Q2 , nós concentramos nossa análise em dois valores
característicos de Q2 : Q2 = 2, 5 GeV 2 e 10 GeV 2 .
Nas figuras 4.1 e 4.2, olhando para a região de pequeno x, x < 10−3 , vemos que:
EKS 98 EPS 08
1.2
1
0.8
R
0.6
0.4
0.2
0
1.2 DS HKN
1
0.8
R
0.6 Rg
0.4 2 2 RC
0.2
Q = 2.5 GeV RL
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
x x
Figura 4.1: Razões Rg , RC e RL , com Q2 = 2, 5 GeV 2 e A = 208, para as quatro parametrizações nucleares
consideradas.
EKS 98 EPS 08
1.2
1
0.8
R
0.6
0.4
0.2
0
1.2 DS HKN
1
0.8
R
0.6 Rg
0.4 RC
2 2
0.2
Q = 10 GeV RL
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
x x
Figura 4.2: Razões Rg , RC e RL , com Q2 = 10 GeV 2 e A = 208, para as quatro parametrizações nucleares
consideradas.
Até aqui consideramos apenas A = 208. Nas figuras 4.3 e 4.4 são mostradas as
54
EKS 98 EPS 08
1.2
1
0.8
R
0.6
0.4
0.2
0
1.2 DS HKN
1
0.8
R
0.6 Rg
-4
0.4 x = 10 RC
2 2
0.2 Q = 1 GeV RL
0
50 100 150 200 50 100 150 200
A A
Figura 4.3: Razões Rg , RC e RL , com Q2 = 1GeV 2 e x = 10−4 , para as quatro parametrizações nucleares
consideradas.
EKS 98 EPS 08
1.2
1
0.8
R
0.6
0.4
0.2
0
1.2 DS HKN
1
0.8
R
0.6 Rg
-3
0.4 x = 10 RC
2 2
0.2 Q = 10 GeV RL
0
50 100 150 200 50 100 150 200
A A
Figura 4.4: Razões Rg , RC e RL , com Q2 = 10GeV 2 e x = 10−3 , para as quatro parametrizações nucleares
consideradas.
calcular as seções de choque dos processos que serão estudados nos futuros aceler-
adores. Basicamente nós vemos que medindo estes observáveis nós teremos um acesso
direto à distribuição nuclear de glúons, o que permitirá discriminar entre as diferentes
parametrizações.
56
Capítulo 5
λ
1
Q2s = Q2s0 A1/3 (5,1.1)
x
onde λ = 0, 3 é um parâmetro fixado pelo ajuste de dados ep do HERA, como foi feito
na referência [35]. A figura 5.1 mostra um gráfico do plano A1/3 versus x, onde as
linhas representam escalas de saturação constantes. Como podemos ver na figura, o
núcleo amplia a densidade de glúons e faz com que o regime de saturação seja atingido
em energias mais baixas (maiores valores de x) do que em colisões contra um nucleon.
Por isto, processos nos quais um núcleo esteja presente são ideais para testar a física
de saturação.
5.2 Observáveis inclusivos nucleares 57
6 A = 197
2 2
Qs = 1.0 GeV
2 2
5 Qs = 2.0 GeV
2 2
Qs = 3.0 GeV
2 2
Qs = 4.0 GeV
1/3
4 2
Qs = 5.0 GeV
2
A
A = 40
3
2 A = 12
1 -8 -7 -4 -3 -2
-6 -5
10 10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.1: Escala de saturação para diferentes valores de A e x.
Q2
F2A (x, Q2 ) = 2 A
σtot (5,2.2)
4π αem
com
Z
A
σtot = σLA + σTA ; A
σT,L = d2 r dz|ΨT,L (r, z, Q2 )|2 σdip
A
(x, r). (5,2.3)
por:
Q2
FLA (x, Q2 ) = σA , (5,2.4)
4π 2 αem L
com σLA obtido tomando-se a componente L de (5,2.3). A componente de charme
F2c,A(x, Q2 ) da função de estrutura nuclear é obtida diretamente da equação (5,2.2)
isolando o sabor charme e considerando mc = 1, 5 GeV .
Vemos que para obtermos os observáveis inclusivos nucleares acima devemos gen-
eralizar σdip para σdip
A
. Na aproximação eikonal temos:
Z
A
σdip (x, r) =2 d2 b N A (x, r, b) , (5,2.5)
onde TA (b) é a função de perfil nuclear, que é obtida de uma distribuição de Fermi de
3 parâmetros para a densidade nuclear normalizada a 1 [49]. Em [48] o autor assumiu
σdip como sendo dada pelo modelo de GBW (veja seção 3.5), i.e.,
com
4m2f
x λ
0
Q2s (x) = Q20 ; x̃ = x 1 + 2 (5,2.8)
x̃ Q
E665
GBW
0,9 bCGC
0,8
RF (Pb/D)
2
0,7
0,6
0,5
-4 -3 -2
10 10 10
x
Figura 5.2: Razão RF2 ≡ 2F2A /AF2D para A = Pb. Embora unidos por uma linha os resultados dos
modelos de saturação foram calculados para (< x >, < Q2 >) dos dados da colaboração E665 [50].
x0 = 3, 04 × 10−4 .
Em nossos cálculos nós utilizamos os dois modelos apresentados na seção 3.5, o
modelo de GBW e o b-CGC. Os resultados são apresentados na próxima seção.
Nas figuras 5.2 e 5.3 nós comparamos com os dados da colaboração E665 [50] nossos
resultados para a razão RF2 ≡ 2F2A /AF2D obtidas usando o modelo b-CGC como
entrada em nossos cálculos. Os dados de E665 mostrados nas figuras 5.2 e 5.3 envolvem
não apenas valores diferentes de x como também valores diferentes de Q2 . F2D é a
5.3 Previsões lineares e não-lineares 60
0,9
RF (Ca/D)
2
0,8
E665
GBW
b-CGC
0,7
-4 -3 -2
10 10 10
x
Figura 5.3: Razão RF2 ≡ 2F2A /AF2D para A = Ca. Embora unidos por uma linha os resultados dos
modelos de saturação foram calculados para (< x >, < Q2 >) dos dados da colaboração E665 [50].
1,2
0,8
2
RF
0,6
0,4
EPS 08
DS
0,2 b-CGC
2 2 GBW
Q = 2.5 GeV
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.4: Comparação entre as previsões para RF2 dos modelos de saturação (b-CGC e GBW) e dos
modelos de fatorização colinear (DS e EPS) para Q2 = 2, 5 GeV 2 e A = P b.
1,2
0,8
2
RF
0,6
0,4
EPS 08
DS
0,2 b-CGC
2 2
Q = 10 GeV GBW
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.5: Comparação entre as previsões para RF2 dos modelos de saturação (b-CGC e GBW) e dos
modelos de fatorização colinear (DS e EPS) para Q2 = 10 GeV 2 e A = P b.
1,2
0,8
RL
0,6
0,4
EPS 08
DS
0,2 b-CGC
2 2 GBW
Q = 2.5 GeV
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.6: Comparação entre as previsões para RL = 2FLA /AFLD dos modelos de saturação (b-CGC e
GBW) e dos modelos de fatorização colinear (DS e EPS) para Q2 = 2, 5 GeV 2 e A = P b.
previsões colineares é tão grande em pequeno x que não é possível extrair qualquer
informação sobre a manifestação de novos efeitos dinâmicos da QCD no estudo da
função de estrutura nuclear.
Consideraremos agora o comportamento da função de estrutura longitudinal nu-
clear. Acredita-se que este observável pode ser usado para determinar a dinâmica da
QCD em pequeno x em colisões ep no HERA [51]. Um dos nossos objetivos é verificar
se esta suposição é também válida em colisões eA.
Como podemos ver nas figuras 5.6 e 5.7, assim como no caso de RF2 , as previsões
para RL dos modelos de saturação estão contidas dentro do intervalo de incerteza dos
modelos colineares. Por outro lado, a diferença entre os dois modelos colineares é
maior e, neste caso (de RL ), os resultados para grande x são também diferentes. Isto
5.3 Previsões lineares e não-lineares 64
1,2
0,8
RL
0,6
0,4
EPS 08
DS
0,2 b-CGC
2 2
Q = 10 GeV GBW
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.7: Comparação entre as previsões para RL = 2FLA /AFLD dos modelos de saturação (b-CGC e
GBW) e dos modelos de fatorização colinear (DS e EPS) para Q2 = 10 GeV 2 e A = P b.
1,2
0,8
RC
0,6
0,4
EPS 08
DS
0,2 b-CGC
2 2 GBW
Q = 2.5 GeV
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.8: Comparação entre as previsões para RC = 2F2c,A /AF2c,D dos modelos de saturação (b-CGC
e GBW) e dos modelos de fatorização colinear (DS e EPS) para Q2 = 2, 5 GeV 2 e A = P b.
A conclusão que podemos tirar dos resultados apresentados acima é que, devido à
grande incerteza presente nas previsões colineares em pequeno x, as funções de es-
trutura F2 , F2c e FL não são adequadas para a observação dos efeitos não-lineares
da QCD. Para este fim, uma alternativa pode ser o estudo dos observáveis medidos
em espalhamento inelástico profundo difrativo (diffractive deep inelastic scattering -
DDIS), visto que a seção de choque total difrativa é muito mais sensível a dipolos de
grande tamanho do que os observáveis inclusivos [35, 52].
5.3 Previsões lineares e não-lineares 66
1,2
0,8
RC
0,6
0,4
EPS 08
DS
0,2 b-CGC
2 2 GBW
Q = 10 GeV
0
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
x
Figura 5.9: Comparação entre as previsões para RC = 2F2c,A /AF2c,D dos modelos de saturação (b-CGC
e GBW) e dos modelos de fatorização colinear (DS e EPS) para Q2 = 10 GeV 2 e A = P b.
Na Ref. [52] foram calculadas quantidades observáveis como Rσ = σdif f /σtot (razão
D(3)
entre as seções de choque difrativa e total) e F2 (função de estrutura difrativa) no
formalismo de dipolo usando um modelo simples de saturação. Um dos principais
resultados foi o crescimento de Rσ com o número de massa do alvo, especialmente na
região de pequenos x e Q2 , onde a razão poderia chegar a 0, 3 − 0, 4. Uma análise
detalhada dos observáveis difrativos usando o modelo b-CGC será deixada para tra-
balhos futuros, mas é importante verificar se a contribuição difrativa para a seção de
choque total ainda é grande quando estimada usando um modelo de saturação mais
realista.
Seguindo [53] nós estimamos a seção de choque difrativa total como segue:
5.3 Previsões lineares e não-lineares 67
b-CGC
0.4
2
Pb - 1 GeV
2
Pb - 5 GeV
2
0.3 Ca - 1 GeV
2
Ca - 5 GeV
σdif / σtot
0.2
0.1
0
-6 -5 -4 -3 -2
10 10 10 10 10
X
Figura 5.10: Razão Rσ = σdif f /σtot , como função de x, com o modelo b-CGC para A = Pb e A = Ca e
para Q2 = 5 GeV 2 e Q2 = 1 GeV 2 .
!2
A
1 dσdip
Z Z Z
σdif f = σLD + σTD ; D
σT,L = dz d2 r |ΨT,L(r, z)|2 d2 b (5,3.9)
4 d2 b
A
onde dσdip /d2 b = 2N A (x, r, b), com N A dado pela Eq. (5,2.6). A expressão acima é
muito semelhante à (2,2.28). A diferença é que, ao invés de fazer hipóteses sobre o
comportamento em t, a integral em t é transformada numa integral no parâmetro de
impacto.
Nas figuras 5.10 e 5.11 nós mostramos nossas previsões para a razão Rσ como função
de x para dois valores de Q2 e de A considerando os modelos b-CGC e GBW. Em
5.3 Previsões lineares e não-lineares 68
GBW
0.4
2
Pb - 1 GeV
2
Pb - 5 GeV
2
0.3 Ca - 1 GeV
2
Ca - 5 GeV
σdif / σtot
0.2
0.1
0
-6 -5 -4 -3 -2
10 10 10 10 10
X
Figura 5.11: Razão Rσ = σdif f /σtot , como função de x, com o modelo GBW para A = Pb e A = Ca e
para Q2 = 5 GeV 2 e Q2 = 1 GeV 2 .
Capítulo 6
Conclusão
Nos três primeiros capítulos procuramos apresentar todos os conceitos teóricos envolvi-
dos no desenvolvimento dos estudos que realizamos.
No capítulo 4 apresentamos nossos cálculos dos observáveis nucleares inclusivos, no
formalismo da fatorização colinear, usando quatro parametrizações das distribuições
nucleares de pártons disponíveis na literatura. Nós mostramos que é possível esta-
belecer limites para a distribuição nuclear de glúons usando estes observáveis. Isto
facilitará a determinação das parametrizações que mais se aproximam da distribuição
real de glúons no núcleo quando surgirem novos dados experimentais de colisões eA.
No capítulo 5 apresentamos nossos cálculos dos observáveis nucleares inclusivos
usando modelos que levam em conta o efeito de saturação de pártons, no formalismo
de dipolo de cor. Nós comparamos estes resultados com aqueles obtidos usando o for-
malismo de fatorização colinear e verificamos que os observáveis inclusivos não serão
muito úteis para determinar se ocorre ou não a saturação. Esta conclusão foi tirada
observando que os resultados obtidos usando modelos de saturação ficaram na região
intermediária dos resultados obtidos com a fatorização colinear. Nós calculamos tam-
bém a fração dos eventos que serão do tipo difrativo em colisões eA e verificamos que
ela chega a aumentar por um fator 2 em relação às colisões ep. Isto indica que o estudo
dos eventos difrativos será uma tarefa mais fácil em um colisor eA, e que devemos nos
concentrar nos seus observáveis para podermos verificar sinais de saturação.
Apêndice A 70
Apêndice A
onde l2 = 1/Λ2 e r⊥
2
l2 . Uma vez que a equação de BFKL é invariante por
transformações de escala, a equação que resulta para N(γ) é local em γ:
∂N(γ)
= αs χ(γ)N(γ) (0,0.2)
∂Y
onde
χ(γ) = 2Ψ(1) − Ψ(γ) − Ψ(1 − γ) , (0,0.3)
dγ γr αs χ(γ)Y dγ H(γ,r,Y )
Z Z
N= e e N0 (γ) = e , (0,0.5)
C 2πi C 2πi
2
onde r = ln(r⊥ /l2 ) é negativo, pois r⊥
2
l2 , e definimos H(γ, r, Y ) ≡ rγ + αs χ(γ)Y .
Esta integral pode ser calculada na aproximação de ponto de sela. A condição inicial
N0 (γ) será considerada como um valor constante, uma vez que sua contribuição para
a função H(γ, r, Y ) no expoente não fica mais importante do que r ou αs Y .
O ponto de sela γ0 satisfaz a equação:
∂H(γ, r, Y )
= 0, γ0 = γ0 (r, Y ) . (0,0.6)
∂γ γ0
Note que nesta equação o ponto de sela é, na verdade, função de uma única variável,
ou seja, (0,0.6) implica que:
logo
γ0 (r, Y ) = γ0 (R) .
N(r⊥ = 1/Qs (Y )) = 1 .
Apêndice A 72
para
rs 1 1 1 Q2
R = Rs = − = ln 2 2 = ln 2s
αs Y αs Y r⊥,s Λ αs Y Λ
que é uma equação para Rs e finalmente para Qs (Y ). A solução Rs para F (γ0 (R), R) =
0 é um número puro, Rs ≡ c, e não uma função de Y (veja no apêndice B).
Agora vamos reescrever a equação (0,0.8) para R um pouco acima de Rs , ou seja,
para distâncias r⊥ que, ainda sendo muito mais curtas do que o comprimento de
saturação 1/Qs (Y ), estão próximas em unidades logarítmicas. Precisamos que
Q2 Q2s (Y )
0 < R − Rs Rs , ou 1 < ln ln .
Q2s (Y ) Λ2
d
F (γ0(R), R) 'F (γ0(Rs ), Rs ) + F (γ0(R), R) (R − Rs ) + ...
dR R=Rs
= − γs (R − Rs ) + ... , (0,0.9)
para κ < 1. Vemos que esta equação mostra o scaling geométrico com a dimensão
anômala
γ = 1 − γs
dγ0 (R)
onde definimos γs0 ≡ dR
Rs .
Apêndice B 74
Apêndice B
∂
−γs [Ψ(γ) + Ψ(1 − γ)] = γs Rs , (0,0.14)
∂γ γs
onde
rs
γs Rs = γs − .
αs Y
Como H(γ0 (R), R)|R=Rs = F (γ0 (R), R)|R=Rs = 0, temos:
rs γs + αs Y χ(γs ) = 0
e portanto
rs γ s
χ(γs ) = − .
αs Y
Apêndice B 75
Temos também
γs Rs = χ(γs ) = 2Ψ(1) − Ψ(γs ) − Ψ(1 − γs ) ,
e portanto:
∂
−γs [Ψ(γ) + Ψ(1 − γ)] = χ(γs ) , (0,0.15)
∂γ γs
ou seja,
χ(γs )
χ0 (γs ) = . (0,0.16)
γs
Resolvendo numericamente essa equação, encontra-se [42]: Rs ' 4.88 e
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