Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Dissertação de Mestrado
COMPORTAMENTO MECÂNICO DA
BORRACHA DE SILICONE
REFORÇADA COM DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES DE
NANOPARTÍCULAS DE ALUMINA
MARÇO DE 2015
RAPHAEL DE OLIVEIRA BENEVIDES
iv
Lista de Figuras v
vi
Agradecimentos
vii
Resumo
viii
Abstract
In this work, the mechanical properties of a silicone rubber reinforced with aluminum
oxide nanoparticles were studied. Nanocomposites were fabricated consisting of a sili-
con matrix reinforced with different volume fractions of nanoparticles ranging from 0
to 5 %. The samples were submitted to pure shear tests and tensile tests, both tests were
carried out in quasi-static load under large deformations. The Digital Image Correla-
tion technique was used to determine the displacement fields of the specimens during
the experiments and from them, obtain the stress vs strain curve. The shear modulus
and Poisson’s ratio were estimated experimentally by analyzing the data from the pure
shear and tensile tests, respectively. With these values, it was possible to calculate the
elastic modulus of the nanocomposites with different percentages of nanoparticles and
evaluate their influence on the value of this mechanical property. Finally, models found
in the literature were used, which take into account the concept of amplified deforma-
tion, to describe the stress-stretch behavior of the nanocomposites.
ix
Sumário
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Considerações Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.4 Descrição dos Capítulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2. Revisão Bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3. Materiais e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Fabricação dos corpos de prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2 Procedimento experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3 Técnica de Correlação de imagens Digitais . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4. Formulação Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.1 Obtenção das propriedades mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.1.1 Obtenção do módulo de cisalhamento . . . . . . . . . . . . . . 27
4.1.2 Obtenção do coeficiente de Poisson . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.1.3 Determinação do módulo de elasticidade . . . . . . . . . . . . . 30
4.2 Análise da curva tensão x estiramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2.1 Modelo para o cisalhamento puro . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2.2 Deformação amplificada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5. Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.1 Corpos de Prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
x
Sumário xi
6. Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
7. Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
8. BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Introdução
A cada dia, o consumo de materiais poliméricos aumenta nas grandes cidades. Cada
vez mais, materiais cerâmicos e metálicos são substituídos pelos polímeros em diversas
aplicações. Principalmente, devido às suas características vantajosas como o baixo
peso e a resistência a corrosão.
Dentre as classes de polímeros, encontra-se a de elastômeros. São materiais ca-
pazes de sofrer grandes deformações e retornar a sua forma original, sem apresentar
deformações permanentes. São classificados, devido a esta característica, como hipe-
relásticos.
Geralmente, os elastômeros possuem baixa resistência mecânica. O que gera a
necessidade de reforçá-los, a fim de que atendam às exigências das especificações de
projetos. Alguns tipos diferentes de materiais podem ser usados para o reforço, como
o carbono e óxidos de metais variados.
Os materiais de reforço podem ser empregados em diferentes formas e tamanhos.
Podem ser utilizadas fibras, micropartículas ou nanopartículas. Quando um material
polimérico é reforçado com essas partículas, gera-se um novo tipo de material, conhe-
cido como compósito.
As nanopartículas têm-se apresentado como as mais eficientes em aumentar as pro-
1
1. Introdução 2
priedades físicas dos elastômeros. Elas costumam ser utilizadas na forma de nanotubos
de carbono, ou de partículas esféricas de diversos óxidos, que formam pequenos aglo-
merados de nanopartículas, aleatoriamente espalhadas na matriz polimérica.
Dentre os elastômeros, encontra-se a borracha de silicone, que quando reforçada
com as nanopartículas, podem ser empregadas em diversas áreas úteis à sociedade. O
silicone reforçado, pode ser usado na biomedicina, para a substituição de tecidos dani-
ficados. Se reforçados com nanopartículas com propriedades eletromagnéticas, podem
servir como aturadores em motores, ou como sensores extensíveis em instrumentos
de medição. E ainda, podem ser usados como materiais de refrigeração em circui-
tos elétricos, através da dissipação de calor, quando reforçados por nanopartículas que
aumentem a condutividade térmica.
Seja qual for a aplicação, é preciso conhecer a influência das nanopartículas nas
propriedades físicas da matriz polimérica. A fim de que seja efetuado um projeto
adequado e a correta especificação do material.
1.2 Objetivos
1.3 Motivação
Existem alguns fatores que motivaram a realização do estudo nesta área. Um deles
é o crescente uso de materiais poliméricos na indústria e na rotina da maior parte da
população, tornando os polímeros os materiais do futuro.
1. Introdução 3
Outro fator motivacional é o fato de não se saber tanto sobre materiais poliméricos,
ou compósitos com matriz polimérica, em especial os reforçados com nanopartículas,
como se sabe sobre os materiais metálicos, o que é perfeitamente compreensível, já
que os metais vem sendo estudados a vários anos.
Entretanto, o fator principal é o crescente interesse da comunidade científica pelo
estudo de nanopartículas como materiais de reforço a materiais poliméricos hiperelás-
ticos, comprovado pelo crescente número de trabalhos publicados na área. Este inte-
resse é justificável devido ao grande número de aplicações práticas em que materiais
como esse podem ser empregados. E naturalmente, para a correta aplicação de qual-
quer material, as suas propriedades mecânicas devem ser totalmente compreendidas e
seu comportamento deve ser claramente previsto.
Nesta seção, é apresentada uma descrição de como o texto está organizado ao longo
do trabalho.
No capítulo 2, é feita a revisão bibliográfica deste estudo, onde são apresentados
alguns trabalhos realizados por diversos autores, que tratam de temas pertinentes ao
presente trabalho, como por exemplo, a descrição do comportamento mecânico de
materiais compósitos.
No capítulo 3, é descrito todo o processo de fabricação dos corpos de prova de
silicone reforçados com nanopartículas, a partir da apresentação detalhada dos proce-
dimentos de fabricação, dos materiais e dos equipamentos utilizados. Em seguida, é
feita a descrição do procedimento experimental, desde sua preparação e montagem até
sua realização. Finalmente, uma apresentação da técnica experimental de correlação
de imagens digitais, empregada nos ensaios, é realizada.
No capítulo 4, são mostradas as bases matemáticas necessárias a realização do
trabalho. É feita uma descrição detalhada da obtenção do módulo de elasticidade e
do coeficiente de Poisson, a partir dos dados experimentais, bem como uma análise
da curva tensão estiramento obtida experimentalmente e, por fim, uma abordagem do
1. Introdução 4
Revisão Bibliográfica
5
2. Revisão Bibliográfica 6
demonstrada pela comparação com dados experimentais de um teste feito com carre-
gamento uniaxial simples cíclico.
Alguns trabalhos falam sobre a influência da interface entre as partículas e a matriz
polimérica, como Bokobza [24], que escreveu sobre os processos de reforço de elastô-
meros por partículas. Avaliou que a interface entre o polímero e as partículas possui
influência crucial no comportamento dinâmico dos compósitos. Concluiu que o uso de
partículas com alta razão de aspecto gera materiais com propriedades mecânicas muito
boas devido a elevada anisotropia e capacidade de orientação destas partículas.
Lopez-Pamies e Castañeda [25] apresentaram um modelo analítico para determinar
a resposta constitutiva global de elastômeros reforçado com fibras submetidos a defor-
mações finitas. O modelo leva em conta a micro estrutura do material, incluindo a
rotação das partículas que são induzidas pela carga aplicada. Todavia, o método ainda
estava em fase de desenvolvimento sendo tratado em artigos posteriores.
Moraleda et al. [26] estudaram a deformação finita bidimensional, de elastômeros
incompressíveis reforçados com fibras, utilizando simulação computacional. Utilizou-
se uma dispersão aleatória e homogênea de fibras rígidas em matrizes hiperelásticas.
Diferentes tipos de matrizes, fibras e frações volumétricas foram analisadas, através de
simulações usando elementos finitos. Agoras et al. [27] apresentaram um novo modelo
constitutivo para a resposta efetiva de elastômeros reforçados sob deformações finitas.
A matriz e as fibras foram consideradas hiperelásticas, isotrópicas e incompressíveis.
O modelo foi baseado na teoria de homogeneização de segunda ordem. Foi conside-
rado com bons méritos, visto que utiliza soluções exatas para fases neo-Hookeanas
incompressíveis, assim como outras soluções exatas para casos especiais de carrega-
mentos.
Lopez-Pamies [28] fez uso de um procedimento iterativo de homogeneização em
elasticidade finita a fim de obter uma resposta para o comportamento macroscópico de
sólidos neo-Hookeanos, reforçados com partículas rígidas com distribuição aleatória
e isotrópica. Os resultados mostraram que o procedimento era apropriado para casos
com ampla distribuição de tamanhos de partículas. Freund et al. [29] desenvolveram
2. Revisão Bibliográfica 11
Materiais e Métodos
Os corpos de prova foram fabricados com uma matriz de borracha de silicone com
adição de nanopartículas. Para a matriz, foi utilizada a borracha de silicone da ca-
tegoria dos polidimetilsiloxanos (PDMS), modelo RT 402 M da empresa Moldflex
(São Paulo, Brasil), tratando-se de uma borracha RTV-2, bi-componente, vulcanizá-
vel a temperatura ambiente. Foram utilizadas nanopartículas de óxido de alumínio
(Al2 O3 -α), com geometria esférica de 150nm de diâmetro e 99% de pureza, adquirida
da empresa Nanostructured & Amorphous Materials Inc (Houston, EUA). A Figura
3.1 mostra a resina e seu catalisador, a Figura 3.2 ilustra as nanopartículas utilizadas.
17
3. Materiais e Métodos 18
Para realização dos experimentos, foram fabricados corpos de prova com diferentes
porcentagens em volume de nanopartículas de óxido de alumínio. Os testes foram
realizados em amostras puras e em amostras com adição de 1,5%, 2,5%, 3,5% e 5%
em volume de nanopartículas. Para a realização dos experimentos foram fabricados
três corpos de prova para cada valor diferente de fração volumétrica de nanopartículas.
O processo de fabricação consistiu no cálculo da quantidade de resina de silicone
necessária para preencher os moldes, com base nessa quantidade foram calculadas as
massas de catalisador e de nanopartículas a serem utilizadas. Para atingir a porcenta-
gem volumétrica desejada de nanopartículas, foi utilizada a seguinte expressão:
ρ p M r ρ c at + r ρ r φ
¡ ¢
Mn = (3.1)
ρ r ρ c at 1 − φ
¡ ¢
turado, manualmente, utilizando uma haste visando uma leve homogeneização. Tais
equipamentos estão ilustrados na Figura 3.3. Em seguida, o material preparado era
colocado em um moinho de esferas, onde era misturado por uma hora a velocidade
de 200rpm. O moinho de esferas é mostrado na Figura 3.4. A mistura, totalmente
homogênea, era retirada do moinho e o catalisador era adicionado. A seguir era feita
a mistura manual entre a resina carregada de nanopartículas e o catalisador e final-
mente, a mistura era colocada no molde. No caso da fabricação dos corpos de prova
com silicone puro, a resina foi simplesmente misturada com o catalisador nas devidas
proporções e a mistura vazada no molde. Antes dos testes serem realizados, o corpo
de prova era deixado para cura por pelo menos três dias, a fim de adquirir todas as suas
propriedades mecânicas.
O molde foi composto por finas barras de alumínio coladas em uma base de vidro.
As hastes metálicas eram coladas de modo a fazer uma forma retangular de 174mm x
70mm. A Figura 3.5 mostra um molde preparado para produzir três corpos de prova.
A base de vidro foi apoiada em um suporte ajustável, a fim de garantir o nivelamento
da superfície e se obter uma espessura constante na amostra.
Os corpos de prova resultantes eram finas tiras retangulares. Para a realização dos
testes, eles eram preparados de acordo com os ensaios a serem realizados. No caso dos
corpos de prova destinados aos ensaios de cisalhamento puro, eram cortadas finas tiras
nas laterais com um corte único, a fim de se evitar trincas provenientes da fabricação,
que prejudicariam o resultado do ensaio. Em seguida, pintava-se uma faixa na parte
central com um tom aleatório de cinza, padrão de pintura necessário a utilização da
técnica de correlação de imagens digitais. A pintura foi feita com um spray de tinta
preta e era esperado um dia para a secagem da tinta. A Figura 3.6 esquematiza o
processo.
O processo de preparação dos corpos de prova para o ensaio de tração foi muito
semelhante. Eram cortadas tiras longitudinais, com o mesmo fim de evitar as trincas, e
a amostra era pintada com o padrão aleatório de cinza, como mostrado na Figura 3.7.
A Figura 3.8 mostra os corpos de prova recém retirados do molde (Figura 3.8a), os
preparados para o ensaio de cisalhamento puro (Figura 3.8b) e os prontos para o ensaio
de tração (Figura 3.8c).
3. Materiais e Métodos 21
Neste trabalho, foram realizados dois tipos de ensaios mecânicos: um ensaio de cisa-
lhamento puro ou tensão planar, para aferição do módulo de cisalhamento; e um ensaio
para determinar o coeficiente de Poisson, que consistiu na deformação longitudinal de
uma placa fina do material, semelhante a um ensaio de tração.
Em ambos os ensaios, foi utilizado o mesmo aparato de tração. A principal dife-
rença entre os dois ensaios era basicamente o modo de engaste do corpo de prova no
aparato de tração. No ensaio de cisalhamento puro, o corpo de prova era preso ao longo
do seu maior comprimento, deixando uma faixa fina visível. Já no ensaio de tração,
as pontas do corpo de prova eram presas deixando toda a superfície do corpo visível.
A Figura 3.9 exemplifica os engastes descritos, em que na imagem 3.9a é mostrado o
engaste utilizado para o ensaio de cisalhamento puro e na 3.9b o engaste do ensaio de
tração.
Durante a realização dos ensaios, foram utilizados os seguintes equipamentos: um
aparato de tração, uma câmara de alta resolução (1376 x 1024 pixels) Sony XCD-
SX910 com lente 10xZoom e uma célula de carga. A câmera de alta resolução foi
posicionada de forma perpendicular ao corpo de prova preso a máquina. A Figura 3.10
mostra os equipamentos listados. As luzes acopladas a câmera servem para melhorar
3. Materiais e Métodos 22
(a) Corpos de prova recém retirados (b) Corpos de prova para o ensaio de (c) Corpos de prova
do molde. cisalhamento puro. para o ensaio de
tração.
a qualidade da imagem adquirida. Neste caso, as lâmpadas emitem uma luz monocro-
mática vermelha, a que melhor se enquadra às características da câmera. Na Figura
3.11, é possível ver a configuração pronta para a realização dos ensaios, com a câmera
posicionada na direção do aparelho de tração.
Após a preparação e posicionamento dos equipamentos, o ensaio era iniciado. No
ensaio de cisalhamento puro, primeiramente, uma imagem de referência era adqui-
rida, após isso era aplicado um pequeno deslocamento ao corpo de prova e uma nova
imagem era adquirida, bem como era registrada a carga necessária na aplicação do
deslocamento, lida a partir da célula de carga. Esse processo era repetido até a ruptura
3. Materiais e Métodos 23
3. Processar as imagens
corretamente, a superfície não pode apresentar um padrão na textura e nem uma dire-
ção preferencial, pois a correspondência tem que ser única. A superfície deve possuir
um padrão aleatório em sua imagem e que esse padrão se deforme junto com a super-
fície, ou seja, deve estar preso a ela. Este padrão pode ser adicionado a superfície com
tinta, por exemplo, ou então, ser uma característica natural dela. A Figura 3.12 ilustra
um desses padrões. O fato do padrão aleatório estar preso a superfície faz com que
se consiga uma precisão muito boa, tanto para pequena, quanto para grandes deforma-
ções. Como é relativamente fácil fazer uma simples pintura em um corpo de prova,
essa técnica pode ser usada para se obter o campo de deslocamento em toda a amostra,
caso seja desejado no experimento. (Sutton et al. [54], Sharpe Jr. [60])
ao corpo de prova para a correta aquisição das imagens (Sutton et al. [54]).
Como uma técnica experimental, o método de correlação de imagens digitais é
caracterizado por ser uma técnica não destrutiva e sem contato, o que faz com que
ela não interfira nas medidas, por ter uma precisão muito boa para variadas escalas de
deslocamento e por ser capaz de fornecer o campo de deslocamento completo de uma
superfície, tudo isso com uma montagem de equipamentos relativamente simples de
ser feita.
Capítulo 4
Formulação Matemática
O ensaio de cisalhamento puro foi modelado admitindo que o corpo de prova estava
submetido a um estado de tensão de cisalhamento puro, sendo uma condição de car-
regamento perfeitamente compreendida e utilizada na literatura. Acerca deste tema
pode-se exemplificar os trabalhos de Jarić et al. [61], Ting [62] e Hayes e Laffey [63].
Segundo Holzapfel [64], uma placa fina de um material sob um carregamento ao longo
de seu maior comprimento, como exibido na Figura 4.1, tem em uma pequena região
do seu centro, um estado de cisalhamento puro.
27
4. Formulação Matemática 28
x 1 = λ1 X 1 (4.1)
x 2 = λ2 X 2 (4.2)
x 3 = λ3 X 3 (4.3)
λ1 λ2 λ3 = 1 (4.4)
λ1 λ3 = 1 (4.5)
1
λ1 = (4.6)
λ3
1
λ1 = λ e λ3 = (4.7)
λ
λ 0 0
∂~
x
F= = 0 1 0 (4.8)
~
∂X
0 0 λ−1
F
P= (4.9)
A0
É necessário transformar essa tensão nominal na tensão real. Isso é feito através da
transformação do tensor tensão de Piola-Kirchhoff (P ) no tensor tensão de Cauchy (σ)
pela simples formulação matemática abaixo:
A0L0
AL = A 0 L 0 ⇒ A = (4.10)
L
F
σ= (4.11)
A
FL F L
σ= = = Pλ (4.12)
A0L0 A0 L0
Utilizando a equação 4.12 foi possível obter a tensão real σ a partir dos dados que
foram medidos experimentalmente, o tensor tensão de Piola-Kirchhoff P e o estira-
mento λ.
As curvas de tensão real por estiramento (σ x λ) foram ajustadas seguindo o modelo
obtido em Ogden [65], mostrado na equação 4.13. O ajuste foi feito para se obter os
parâmetros µ1 e α1 e finalmente calcular o módulo de cisalhamento pela expressão
4.14.
µ ¶
α1 1
σ = µ1 λ − α (4.13)
λ 1
4. Formulação Matemática 30
µ1 α1
µ= (4.14)
2
O coeficiente de Poisson foi obtido através da realização do ensaio de tração nas amos-
tras. Uma amostra era presa ao aparato de tração e tencionada, causando assim uma
deformação, ilustrada na Figura 4.2. Com o uso da técnica CID, as deformações na
direção longitudinal do carregamento ²x e transversal ² y foram obtidos. A partir dessas
deformações, o coeficiente de Poisson foi diretamente calculado pela equação 4.15.
²x
ν=− (4.15)
²y
Juntando este valor com o valor do módulo de cisalhamento µ obtido com a equa-
ção 4.14, o módulo de elasticidade pode ser calculado com o uso da expressão 4.16
para as diferentes porcentagens de nanopartículas.
O módulo de elasticidade foi calculado pela utilização da equação 4.16. Para sua
utilização, foi necessário obter previamente os parâmetros µ e ν, que são o módulo
4. Formulação Matemática 31
E = 2µ(1 + ν) (4.16)
Ψ = Ψ(I 1 ) (4.17)
dΨ
σ = −pI + 2 B (4.18)
d I1
λ 0 0 λ 0 0 λ
2
0 0
B = FFT = 0 1 0 = 0 (4.19)
0 1 0 1 0
0 0 λ−1 0 0 λ−1 0 0 λ−2
I 1 = t r B = λ1 2 + λ2 2 + λ3 2 = λ2 + λ−2 + 1 (4.20)
Com isso, é possível utilizar as expressões 4.19 e 4.20 combinadas com a equação
4.18, e obter o tensor tensão de Cauchy, que fica:
¢ ∂Ψ
σ1 = 2 λ2 − λ−2
¡
(4.21)
∂I 1
µ = 2C 10 (4.23)
M 31−αr
ΨLP = µr I 1 αr − 3αr
X ¡ ¢
(4.24)
r =1 2αr
M
µ= µr
X
(4.25)
r =1
31−α1 ¡ α1
ΨLP = µ1 I 1 − 3α1
¢
(4.26)
2α1
¢h ¢2 i
σ1 = 2 λ2 − λ−2 C 10 + 2C 20 λ2 − λ−2 − 2 + 3C 30 λ2 − λ−2 − 2
¡ ¡ ¢ ¡
(4.27)
¢α1 −1
σ1 = µ1 31−α1 λ2 − λ−2 λ2 + λ−2 + 1
¡ ¢¡
(4.28)
Λ = 1 + X (λ − 1) (4.29)
2
¢h
−2
¡ 2 −2
¡ 2 −2
¢2 i
σ1 = 2 Λ − Λ C 10 + 2C 20 Λ − Λ − 2 + 3C 30 Λ − Λ − 2
¡ ¢
(4.31)
¢α1 −1
σ1 = µ1 31−α1 Λ2 − Λ−2 Λ2 + Λ−2 + 1
¡ ¢¡
(4.32)
³ ´
I 1m = X I 1 − 3 + 3 (4.33)
³ ´
Ψ = 1 − φ Ψm I 1m
¡ ¢
(4.35)
Com essas novas expressões, o tensor tensão de Cauchy, dado pela equação 4.21, é
4. Formulação Matemática 35
¢ ∂Ψm
σ1 = 2 1 − φ λ2 − λ−2
¡ ¢¡
(4.36)
∂I 1
Com isso, as equações 4.27 e 4.28 referentes aos modelos de Yeoh [1] e Lopez-
Pamies [2] ficam da seguinte forma:
· ³ ´ ³ ´2 ¸
¢¡ 2 −2 2 3
σ1 = 2 1 − φ λ − λ
¡ ¢
C 10 X + 2C 20 X I 1 − 3 + 3C 30 X I 1 − 3 (4.37)
¢ h ³ ´ iα1 −1
σ1 = µ1 31−α1 1 − φ λ2 − λ−2 X X I 1 − 3 + 3
¡ ¢¡
(4.38)
Em que: I 1 − 3 = λ2 + λ−2 − 2.
Capítulo 5
Resultados e Discussão
Para as análises mais detalhadas contidas neste trabalho, foram fabricados corpos de
prova com os seguintes percentuais de nanopartículas: 0%, 1,5%, 2,5%, 3,5% e 5%.
Após a fabricação, foram medidas as densidades dos compósitos fabricados a fim
de se verificar a sua real porcentagem de nanopartículas, bem como a adequabilidade
do processo de fabricação. A Tabela 5.1 apresenta os resultados obtidos desta aferição.
Nela consta a porcentagem nominal φn , a porcentagem em peso correspondente a
esse valor φp , o valor da densidade do compósito ρ c e a porcentagem volumétrica
real obtida pela medida da densidade φr . Vale ressaltar que, experimentalmente, foi
medido um valor para a densidade da resina pura de 1294 kg/m3 , valor bem próximo
ao fornecido pelo fabricante de 1310 kg/m3 . No caso das nanopartículas, foi utilizado
para os cálculos o valor da densidade fornecido pelo fabricante de 3700 kg/m3 .
36
5. Resultados e Discussão 37
Como explicado anteriormente nas seções 3.2 e 3.3, a técnica de correlação de imagens
digitais (CID), foi utilizada para a obtenção experimental do campo de deslocamento
dos corpos de prova durante os ensaios, tanto para os testes de cisalhamento puro
quanto para os ensaios de tração. Os resultados encontram-se explicados a seguir nos
itens 5.2.1 e 5.2.2.
5. Resultados e Discussão 38
A Figura 5.1 mostra exemplos dos mapas de deslocamentos obtidos nos ensaios de
cisalhamento puro. Os exemplos mostrados na referida figura, especificamente, são de
um ensaio utilizando um corpo de prova fabricado com a resina pura. Neste tipo de
ensaio, é esperado que o deslocamento ocorra no sentido do deslocamento, no caso o
sentido vertical, e seja desprezível no sentido transversal, no caso o sentido horizontal.
v(mm) u(mm)
2
-2 -2
7.5 1.5
-2.5 -2.5
1
-3 -3
y(mm)
-4 -4
0
-4.5 -4.5
6.5
-0.5
-5 -5
-5.5 -5.5 -1
6
-6 -6
-1.5
-6.5 -6.5
-2
2 3 4 5 6 7 2 3 4 5 6 7
x(mm) x(mm)
seja possível observar um deslocamento significativo ao longo dos dois eixos. Isso vai
garantir que sejam obtidas as deformações no sentido do deslocamento e transversal a
ele, e com isso, calcular o coeficiente de Poisson.
v(mm) u(mm)
0.8
-3 -3
0.6
-4 11.5 -4
-5 -5
0.4
-6 -6
11
-7 -7 0.2
y(mm)
y(mm)
-8 -8
10.5 0
-9 -9
4 6 8 10 12 14 4 6 8 10 12 14
x(mm) x(mm)
A primeira informação retirada dos ensaios realizados nos corpos de prova com dife-
rentes porcentagens de nanopartículas foi a curva tensão x estiramento. A curva da
5. Resultados e Discussão 40
tensão nominal, calculada pela equação 4.9, e a curva da tensão real dada pela expres-
são 4.12 são mostradas, respectivamente, nas Figuras 5.3 e 5.4. O estiramento, como
explicado anteriormente na seção 4.1.1, é dado pela razão entre o comprimento do
corpo em um dado instante e o seu comprimento inicial, ou seja, λ = L/L 0 .
0.6
0.5
0.4
P (MPa)
0.3
0.2
Puro
Alumina 1,5%
0.1 Alumina 2,5%
Alumina 3,5%
Alumina 5%
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45
λ
0.7
0.6
0.5
0.4
σ (MPa)
0.3
0.2
Puro
Alumina 1,5%
Alumina 2,5%
0.1 Alumina 3,5%
Alumina 5%
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45
λ
tanto para as tensões nominais, quanto para as reais não são lineares.
As curvas correspondentes a adição de 1,5% e 2,5% de nanopartículas são uma
exceção a essa regra, elas estão muito próximas entre si, sendo difícil de distinguir
qual a que proporciona a maior resistência. Isso pode significar que adições pequenas
de nanopartículas até 2,5% geram um crescimento no módulo de elasticidade que deve
ser observada com mais atenção. Uma análise dessa região será feita mais adiante no
texto.
Uma importante conclusão que se pode tirar das Figuras 5.3 e 5.4 é que com a
adição das nanopartículas, há uma redução na capacidade do material em se alongar,
entretanto ele continua com a sua hiperelasticidade, pois experimenta deformações su-
periores a 20%. Como os testes foram feitos até o rompimento das amostras, o último
ponto do gráfico representa uma estimativa de sua deformação máxima, tornando pos-
sível tais conclusões.
5. Resultados e Discussão 42
0.8 Ajuste
Experimental
0.7
0.6
0.5
σ (MPa)
0.4
0.3
0.2
0.1
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3
λ
Fig. 5.5: Ajuste da curva Tensão real x estiramento com o modelo de Ogden.
A Figura 5.5 mostra um exemplo de uma curva Tensão real x estiramento sendo
ajustada pelo modelo de Ogden [65], dado pela equação 4.13. Nesta figura está ex-
posto o ajuste da curva da amostra com 3,5% de nanopartículas, a fim de ilustrar a
adequação do modelo a curva experimental, já que a curva ajustada apresenta uma
excelente concordância com a curva experimental. Os ajustes foram realizados a par-
tir da ferramenta cftool do software MatLab, utilizando-se o método Nonlinear Least
Squares.
A Tabela 5.2 mostra um resumo dos parâmetros utilizados no cálculo do módulo
de elasticidade, para todos os corpos de prova com as diferentes porcentagens de nano-
partículas, bem como cada resultado obtido para o valor do módulo de elasticidade. A
porcentagem volumétrica de nanopartículas é representada por φn . Os parâmetros µ1
5. Resultados e Discussão 43
2.5
E (MPa)
1.5
0.5
0 1 2 3 4 5
Fração volumétrica de nanopartículas
O ensaio de tração foi realizado para aferir o valor do coeficiente de Poisson das amos-
tras com diferentes frações volumétricas de nanopartículas. Os valores obtidos são
mostrados na Figura 5.7. Ao realizar a inclusão de nanopartículas metálicas à ma-
triz polimérica, espera-se realmente que o valor do coeficiente de Poisson diminua, e
como as quantidades adicionadas eram pequenas, o normal seria que a alteração fosse
pequena. Analisando a figura supracitada, percebe-se uma leve tendência de queda no
valor desta propriedade. Como este declínio de valor é baixo e os valores permanecem
perto do valor máximo de ν = 0.5, a hipótese de material incompressível permanece
válida.
Durante a análise dos resultados, foi observada a evolução do valor do coeficiente
de Poisson ao longo da deformação do corpo de prova para todas as amostras. A partir
de cada imagem tirada com a câmera durante o experimento com a técnica CID, gera-
se um valor para as deformações longitudinais e transversais, e consequentemente, um
valor do coeficiente de Poisson. A Figura 5.8 ilustra a evolução do valor do coeficiente
de Poisson ao longo das imagens tiradas no experimento para cada amostra.
5. Resultados e Discussão 45
0.55
0.5
0.45
0.4
0 1 2 3 4 5
Fração volumétrica de nanopartículas (%)
A Figura 5.8 mostra excelente evolução de valores para a amostra de resina pura
e para as com 1,5% e 5,0% de nanopartículas, uma vez que o valor é praticamente
constante ao longo do ensaio. A amostra com 2,5% apresentou uma curva com uma
tendência de queda e a amostra de 3,5% apresentou uma queda mais acentuada. Os
valores do coeficiente de Poisson utilizados nos cálculos deste estudo são mostrados
na Figura 5.7, foram os valores médios retirados destas curvas.
A teoria desenvolvida na seção 4.2, que utiliza modelos presentes na literatura, foi
empregada para a análise das curvas experimentais. Os resultados são mostrados a
seguir.
Os modelos de Yeoh [1] e Lopez-Pamies [2] foram utilizados para fazer a carac-
terização do corpo de prova feito de silicone puro e, assim, obter os parâmetros do
material. Na Figura 5.9 é mostrado a curva da tensão real pelo estiramento do experi-
mento realizado com o silicone puro, bem como as curvas ajustadas com os modelos
dados pelas equações 4.27 e 4.28, sendo o modelo de Yeoh [1] e Lopez-Pamies [2]
5. Resultados e Discussão 46
0.53
Resina pura
Alumina 1,5%
0.52 Alumina 2,5%
Alumina 3,5%
Alumina 5,0%
0.51
0.5
ν
0.49
0.48
0.47
0.46
5 10 15 20 25 30
Imagem
A Figura 5.9 indica que o ajuste foi adequado em relação aos resultados experimen-
tais, mas para melhor analisar essa resultado, foi feita uma medida da diferença entre
os resultados experimentais e os valores obtidos nos ajustes. Essa diferença encontra-
se na Figura 5.10, na qual se pode observar que os erros apresentam uma aleatoriedade,
além de ter ordem de grandeza de 10−3 . Isso corrobora a utilização dos modelos mate-
máticos na situação física proposta.
5. Resultados e Discussão 47
Experimental
0.5
Modelo de Yeoh
Modelo de Lopez-Pamies
0.4
σ 1 (MPa) 0.3
0.2
0.1
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45
λ
Fig. 5.9: Ajuste de curva do silicone puro com os modelos de Yeoh [1] e Lopez-
Pamies [2].
-3
5 ×10
Modelo de Yeoh
4
Modelo de Lopez-Pamies
3
(MPa)
2
1
- σ Modelo
1
0
σ Exp
-1
1
-2
-3
-4
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4
λ
1
Resina Pura
0.9 Alumina 1,5%
Alumina 2,5%
0.8 Alumina 3,5%
Alumina 5%
0.7 Yeoh
MT
Yeoh
0.6 BB
σ 1 (MPa)
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4
λ
essa razão, o modelo proposto para o fator X de Bergstrom-Boyce não é adequado para
a situação problema proposta. Em contrapartida, o modelo de Guth pode ser utilizado.
O valor do parâmetro g pode indicar a formação de aglomerados de nanopartículas
na matriz polimérica, visto que é difícil obter experimentalmente misturas perfeita-
mente homogêneas. É importante dizer que, normalmente, o aumento da resistência,
mesmo com pequenas quantidades de partículas, se deve a alta razão entre a área su-
perficial e o volume das nanopartículas.
Durante a realização dos ensaios e suas posteriores análises de dados, percebeu-se uma
similaridade grande no comportamento dos corpos de prova incrementados com 1,5%
e com 2,5% de nanopartículas.
O fato do comportamento destas duas curvas serem muito semelhantes, leva a crer
que existe uma região inicial de quantidade de nanopartículas que gera um compor-
tamento particular. Com o intuito de tentar compreender este comportamento, foram
5. Resultados e Discussão 50
1
Resina Pura
0.9 Alumina 1,5%
Alumina 2,5%
0.8
Alumina 3,5%
Alumina 5%
0.7
Lopez-Pamies MT
0.6 Lopez-Pamies BB
σ 1 (MPa)
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4
λ
Yeoh MT
0.02
0.01
-0.01
-0.02
0
1
-0.01
-
Exp
1
-0.02
σ
Lopez-Pamies MT
0.02
0.01
-0.01
-0.02
Alumina 1,5%
Lopez-Pamies
BB
Alumina 2,5%
(MPa)
0
1
-0.01
σ Exp
-0.02
1
2.6
Yeoh
MT
2.4 Yeoh
BB
Lopez-Pamies
MT
2.2 Lopez-Pamies
BB
Fator de amplificação X
1.8
1.6
1.4
1.2
1
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
Fração volumétrica φ
0.7
Puro
Alumina 1,0%
0.6
Alumina 1,5%
Alumina 2,0%
Alumina 2,5%
0.5
Alumina 3,5%
Alumina 5%
0.4
σ (MPa)
0.3
0.2
0.1
0
1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45
λ
Fig. 5.16: Tensão real x Estiramento com diferentes percentuais na região inicial.
2.5
2
E (MPa)
1.5
0.5
0 1 2 3 4 5
Fração volumétrica de nanopartículas (%)
0.55
0.5
ν
0.45
0.4
0 1 2 3 4 5
Fração volumétrica de nanopartículas (%)
Conclusões
Ao realizar este estudo, foi possível avaliar a complexidade dos problemas que envol-
vem materiais hiperelásticos reforçados com nanopartículas. Trata-se de um sistema fí-
sico que experimenta grandes deformações não lineares, assim se exige conhecimento
teórico suficiente para sua correta análise. Outra peculiaridade deste área do conheci-
mento é o fato de ser multidisciplinar, já que possui áreas de interesse em mecânica
dos sólidos, técnicas experimentais, química e ciência dos materiais.
A partir da comparação dos valores medidos experimentalmente da porcentagem
volumétrica de nanopartículas, mostrada na Tabela 5.1 na secão 5.1, com os valores
nominais pretendidos, pode-se observar que o método de fabricação dos corpos de
prova apresentou-se satisfatório. Uma vez que os valores medidos experimentalmente,
através da medição da densidade da amostra pronta, apontam valores muito próximos
dos valores nominais planejados para cada amostra. Desta forma, é possível utilizar a
metodologia para fabricações da mesma natureza. Outro ponto importante é que, com
a resina utilizada, foi difícil a concepção de amostras com adições superiores a 5%
em volume de nanopartículas, devido a mistura ficar excessivamente densa e viscosa,
tornando complicado o manuseio e o vazamento no molde.
A técnica experimental utilizada neste trabalho foi a Correlação de Imagens Digi-
tais (CID). Esta técnica foi extremamente útil nas análises realizadas, uma vez que ela
fornece informações sobre o campo de deslocamento completo da região de interesse,
55
6. Conclusões 56
exemplificados nas Figuras 5.1 e 5.2. A Figura 5.1 mostra que os resultados experimen-
tais foram condizentes com o que era esperado, a partir do estudo da teoria referente
ao estado de cisalhamento puro. Por ser uma técnica de medida de deslocamentos sem
contato e assim, não interferir nas medidas obtidas, foi de extrema importância, dado
que o material é muito sensível a carregamentos leves, e qualquer contato poderia levar
a erros sistemáticos de medidas, tornando difícil a colagem de sensores. Com o que
foi exposto, nota-se que esta técnica pode ser empregada em experimentos da mesma
natureza, com grau de confiabilidade elevado.
Foi comprovado que a adição de pequenas quantidades de nano partículas aumen-
tam consideravelmente a resistência da matriz polimérica. A Figura 5.4, que mostra
a tensão real em função do estiramento, indica a elevação da resistência através do
aumento da inclinação das curvas, para as diferentes frações volumétricas de nanopar-
tículas. O aumento do módulo de elasticidade é comprovado pela Figura 5.6, na qual é
possível observar a tendência de crescimento desta propriedade. A Figura 5.6 ilustra o
aumento da resistência mesmo com pequenas quantidades de aditivos, pela tendência
exponencial da curva. O aumento da resistência causado pelas nanopartículas é devido
a alta razão entre a área superficial e o seu volume. São formados pequenos aglome-
rados de nanopartículas esféricas, aleatoriamente espalhados na matriz, que resultam
nessa propriedade.
Os valores do fator de amplificação X foram avaliados com diferentes modelos
presentes na literatura e foram mostrados na seção 5.6. Os valores das abordagens de
Mullins-Tobin e de Bergström-Boyce, para as diferentes concentrações volumétricas
de nanopartículas, foram avaliados usando os modelos de Yeoh e no de Lopez-Pamies.
Os modelos apresentaram resultados semelhantes, quando foi utilzada a mesma abor-
dagem para o fator de amplificação. Porém, em grandes deformações, as duas aborda-
gens apresentaram comportamentos diferenciados. A abordagem proposta por Bergström-
Boyce não se mostrou adequada para descrever o problema proposto.
As considerações feitas na seção 5.7 mostram que não há diferença significativa
na resistência do material para adições de nanopartículas no intervalo de 1,0% a 2,5%
6. Conclusões 57
Trabalhos Futuros
58
Capítulo 8
BIBLIOGRAFIA
[1] O. H. Yeoh. Some forms of the strain energy function for rubber. Rubber Chem.
Technol, 66:754–771, 1993.
[2] Oscar Lopez-Pamies. A new i 1 -based hyperelastic model for rubber elastic ma-
terials. Comptes Rendus Mecanique, 338:3–11, 2010.
[4] Kyoung-Yong Chun, Shi Hyeong Kim, Min Kyoon Shin, Youn Tae Kim, Geof-
frey M Spinks, Ali E Aliev, Ray H Baughman, e Seon Jeong Kim. Free-standing
nanocomposites with high conductivity and extensibility. Nanotechnology, 24,
2013.
[5] Lijin Xia, Zhonghua Xu, Leming Sun, Patrick M. Caveney, e Mingjun Zhang.
Nano-fillers to tune young’s modulus of silicone matrix. Journal of Nanoparticle
Research, 2013.
59
8. BIBLIOGRAFIA 60
[13] Julie Diani, Bruno Fayolle, e Pierre Gilormini. A review on the mullins effect.
European Polymer Journal, 45:601–612, 2009.
[18] Gert Heinrich e Manfred Klüppel. Recent advances in the theory of filler networ-
king in elastomers. Advances in Polymer Science, 160, 2002.
[23] A. Dorfmann e R. W. Ogden. A constitutive model for the mullins effect with
permanent set in particle-reinforced rubber. International Journal of Solids and
Structures, 41:1855–1878, 2004.
[26] Joaquín Moraleda, Javier Segurado, e Javier LLorca. Finite deformation of in-
compressible fiber-reinforced elastomers: A computational micromechanics ap-
proach. Journal of the Mechanics and Physics of Solids, 57:1596–1613, 2009.
8. BIBLIOGRAFIA 62
[28] Oscar Lopez-Pamies. An exact result for the macroscopic response of particle-
reinforced neo-hookean solids. Journal of Applied Mechanics, 77, 2010.
[32] Hui Yang, Yunpeng Jiang, Puhui Chen, e Hualin Fan. Micromechanics models
of particulate filled elastomer at finite strain deformation. Composites: Part B,
45:881–887, 2013.
[33] Oscar Lopez-Pamies, Taha Goudarzi, e Toshio Nakamura. The nonlinear elastic
response of suspensions of rigid inclusions in rubber: I - an exact result for dilute
suspensions. Journal of the Mechanics and Physics of Solids, 61:1–18, 2013.
[34] Roozbeh Dargazany, Vu Ngoc Khiêm, Emad A. Poshtan, e Mikhail Itskov. Cons-
titutive modeling of strain-induced crystallization in filled rubbers. Physical Re-
view E, 2014.
[35] Zaoyang Guo, Xiaohao Shi, Yang Chen, Huapeng Chen, Xiongqi Peng, e Phi-
lip Harrison. Mechanical modeling of incompressible particle-reinforced neo-
hookean composites based on numerical homogenization. Mechanics of Materi-
als, 70, 2014.
8. BIBLIOGRAFIA 63
[39] Wenying Zhou, Demei Yu, Caifeng Wang, Qunli An, e Shuhua Qi. Effect of
filler size distribution on the mechanical and physical properties of alumina-filled
silicone rubber. Polymer engineering and science, 2008.
[40] Xiang Ling Ji, Jiao Kai Jing, Wei Jiang, e Bing Zheng Jiang. Tensile modulus
of polymer nanocomposites. Polymer engineering and science, 42(5):983–993,
2002.
[41] Bernd Wetzel, Frank Haupert, e Ming Qiu Zhang. Epoxy nanocomposites with
high mechanical and tribological performance. Composites Science and Techno-
logy, 63:2055–2067, 2003.
[42] Shao-Yun Fu, Xi-Qiao Feng, Bernd Lauke, e Yiu-Wing Mai. Effects of parti-
cle size, particle/matrix interface adhesion and particle loading on mechanical
properties of particulate-polymer composites. Composites: Part B, 39:933–961,
2008.
[44] You-Ping Wu, Qing-Xiu Jia, Ding-Sheng Yu, e Li-Qun Zhang. Modeling young’s
modulus of rubber-clay nanocomposites using composite theories. Polymer Tes-
ting, 23:903–909, 2004.
[45] Liliane Bokobza e Mélanie Kolodziej. On the use of carbon nanotubes as rein-
forcing fillers for elastomeric materials. Polymer International, 55:1090–1098,
2006.
[47] Yijing Nie, Guangsu Huang, Liangliang Qu, Peng Zhang, Gengsheng Weng, e
Jinrong Wu. Structural evolution during uniaxial deformation of natural rubber
reinforced with nano-alumina. Polymer advanced technologies, 22:2001–2008,
2011.
[51] Lei Yan, David A. Dillard, Robert L. West, Kenneth J. Rubis, e Glenn V.
Gordon. Strain rate and temperature dependence of a nanoparticle-filled
8. BIBLIOGRAFIA 65
[54] Michael A. Sutton, Jean Jose Orteu, e Hubert W. Schreier. Image Correlation
for Shape, Motion and Deformation Measurements. Springer Science + Business
Media, LLC, 2009.
[60] William N. Sharpe Jr., editor. Handbook of Experimental Solid Mechanics. Sprin-
ger Science + Business Media, LLC, 2008.
Mecânica 2014
67
Apêndice B
doi:10.1016/j.mechmat.2015.02.011
68