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Caros estudantes,

Mais uma vez adicionámos notas explicativas aos slides de apoio às aulas
teóricas, para uma melhor compreensão dos conceitos fundamentais deste
capítulo.

Boas leituras!

© Ângela Nobre, Boguslawa Sardinha, Luísa


Carvalho, Pedro Dominguinhos, Raquel
Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 34
Este capítulo tem por objetivo apresentar as noções da procura e da oferta e o
modo de funcionamento de mercados concorrenciais de determinado bem,
individualmente considerado.

Em cada mercado atuam em conjunto consumidores e produtores, com o intuito


de satisfazer os seus interesses. O problema é que compradores e vendedores têm
interesses conflituosos: os consumidores querem comprar os melhores produtos
ao melhor preço (o que do seu ponto de vista, significa ao preço mais baixo!);
enquanto os vendedores gostariam de vender os seus produtos ao melhor preço (o
que do seu ponto de vista, significa ao preço mais alto possível!)

Como é que estes interesses conflituosos se conjugam? Como é que são definidos
os preços nos mercados? São duas das questões que iremos tentar compreender
ao longo deste capítulo.

Vamos perceber que todo este processo de troca de bens e serviços é regulado
pelo preço do bem/serviço em causa!

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A Procura representa as intenções de compra por parte dos consumidores, as
quais dependem do preço do bem/serviço, entre outros fatores. A procura
corresponde, assim, à quantidade que o conjunto de consumidores do bem deseja
consumir, para cada valor do preço do bem.

Representamos sempre a procura através da letra D, que vem do termo em inglês:


demand (em português do brasil diz-se a demanda de…).

A função da procura pode ser escrita da seguinte forma: Qd = a – b P


(expressão que iremos encontrar nos exercícios, em que a e b são termos
numéricos)
Esta expressão mostra-nos que a quantidade procurada (Qd) por parte dos
consumidores depende do preço do bem (P).
Olhando para o declive da função (– b) constatamos que o seu declive (ou
inclinação) é negativo, e isso traduz a Lei da Procura, a qual traduz
simplesmente o facto de quando o preço de um bem aumenta, mantendo-se o
resto constante (ie, admitindo a hipótese ceteris paribus), os consumidores
tendem a comprar menos desse bem, pelo que a quantidade procurada do bem
diminui. Da mesma forma que, quando o preço do bem diminui, ceteris paribus,
os consumidores tendem a comprar mais desse bem, ou seja a quantidade
procurada aumenta. A Lei da Procura traduz, assim, a relação inversa (ou em
sentido contrário) entre o preço do bem (P) e a quantidade procurada (Qd).

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Atente à importância da hipótese ceteris paribus: uma relação inversa entre preço e
quantidade procurada de um bem apenas faz sentido ceteris paribus, ou seja, quando o
resto – entenda-se, todos os outros determinantes da procura que não o preço do próprio
bem – permanece constante.
Um contra-exemplo que não atende à referida hipótese ilustra bem a importância da
mesma: se é sempre verdade que quando o preço do ananás aumenta, o consumidor reduz
a quantidade procurada desse bem, ceteris paribus; já não é necessariamente assim,
perante um consumidor que não gosta de ananás (Determinante Gostos, T) ou outro
consumidor que tem uma redução substancial do seu poder de compra com uma eventual
perda de emprego (Determinante Rendimento, Y).

Contudo, para além do preço do bem, existem outros fatores que influenciam os
consumidores nas suas decisões de compra de determinado bem (outros determinantes da
procura), entre os quais, aqueles que aparecem listados (mas existiriam outros…). Daí que
possamos escrever a procura como sendo uma função dos vários determinantes da
procura, com destaque para o preço do próprio bem e outros determinantes da procura.
Esses outros determinantes da procura aparecem na expressão matemática acima escrita
como sendo o termo independente (a), ao qual podemos chamar de procura autónoma,
que representa a parte das intenções de compra que não depende do preço do bem, mas
sim dos outros fatores que também influenciam os consumidores nas suas decisões de
compra do bem.

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A função procura atrás genericamente definida como Qd = a – b P é uma forma
sintética/resumida de apresentar a tabela da procura.

Nesta tabela da procura de chocolates podemos verificar a Lei da Procura a


funcionar: quanto maior for o preço do chocolate, menor quantidade os
consumidores vão comprar de chocolate (ceteris paribus). Até que, ultrapassando
um certo valor de preço, deixarão de existir intenções de procura: se o chocolate
custar 5€, nenhum consumidor está disposto a pagar esse valor pelos chocolates,
pelo que ninguém quer comprar.

Através de dois pontos da tabela da procura facilmente derivamos a respetiva


função procura (Qd = a – b P). Assim, por exemplo, se P=0, então Qd=200, ou
seja, a=200 (200 = a – b.0); por outro lado, se P=1, então Qd=160, ou seja, b=40
(160 = 200 – b.1); logo, a função procura de chocolates é dada por: Qd = 200 –
40 P e, a partir dela, conseguimos deduzir qualquer ponto da respetiva tabela da
procura de chocolates.

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A representação gráfica da função/tabela da procura é a curva da procura
(chamamos-lhe curva mas na verdade, para simplificar, representamos sempre
como uma reta).
Esta curva também evidencia a Lei da Procura pelo seu declive/inclinação
negativa e o respetivo significado económico, anteriormente referido.
A ilustração da lei da procura no gráfico faz-se com dois quaisquer pontos da
reta; por exemplo, considerando que: se P=1, então Qd=160; se P=2, então
Qd=120; logo, quando o preço de chocolates aumenta (diminui), a quantidade
procurada de chocolates dimimui (aumenta), ceteris paribus.

A representação gráfica convencional da procura (e da oferta) apresenta sempre a


quantidade procurada (Qd) (e a quantidade oferecida (Qs)) no eixo das abcissas
(eixo do x) e o preço do bem (P) no eixo das ordenadas (eixo do y).
Ou seja, se conceptual e matematicamente Qd = f (P), graficamente fazemos o
contrário (é como se representássemos P = f (Qd)).

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A Oferta representa o outro lado do mercado, ou seja, as intenções de venda por
parte das empresas, as quais dependem do preço do bem/serviço, entre outros
fatores/determinantes. A oferta corresponde, assim, à quantidade que o conjunto
de vendedores do bem deseja vender, para cada valor do preço do bem.

Representamos sempre a oferta através da letra S, que vem do termo em inglês:


supply

A função da oferta pode ser escrita da seguinte forma: Qs = a + b P


(expressão que iremos encontrar nos exercícios, em que a e b são termos
numéricos)

Esta expressão mostra-nos que a quantidade oferecida (Qs) por parte das
empresas depende do preço do bem (P). Olhando para o declive da função (+ b)
constatamos que o seu declive (ou inclinação) é positivo, e isso traduz a Lei da
Oferta, a qual significa que quando o preço de um bem aumenta, mantendo-se o
resto constante (ie, admitindo a hipótese ceteris paribus), as empresas estão
dispostas a produzir e vender maior quantidade desse bem (pois isso traduz-se em
maiores margens de lucro), pelo que a quantidade oferecida do bem aumenta. Da
mesma forma que, quando o preço do bem diminui, ceteris paribus, as empresas
vão querer vender menos quantidade do bem (pois torna-se menos interessante
vender o mesmo, do ponto de vista empresarial), ou seja a quantidade oferecida

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diminui. A Lei da Oferta traduz, assim, a relação direta (ou no mesmo sentido) entre o
preço do bem (P) e a quantidade oferecida do mesmo (Qs).

Contudo, para além do preço do bem, existem outros fatores que influenciam as empresas
nas suas decisões de venda de determinado bem (outros determinantes da oferta), entre os
quais os que aparecem listados (mas existiriam outros…). Daí que possamos escrever a
oferta como sendo uma função dos vários determinantes da oferta, com destaque para o
preço do próprio bem e outros determinantes da oferta. Esses outros determinantes da
oferta aparecem na expressão matemática acima escrita como sendo o termo independente
(a), ao qual podemos chamar de oferta autónoma, que representa a parte das intenções de
venda que não depende do preço do bem, mas sim dos outros fatores que também
influenciam as empresas nas suas decisões de venda do bem.

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A função oferta atrás genericamente definida como Qs = a + b P é uma forma
sintética/resumida de apresentar a tabela da oferta.

Nesta tabela da oferta de chocolates podemos verificar a Lei da Oferta a


funcionar: quanto maior for o preço do chocolate, mais interessante é para as
empresas produzirem e venderem chocolates, pelo que a quantidade oferecida de
chocolates será cada vez maior à medida que o seu preço aumenta. Para preços
muito baixos, não existe interesse por parte das empresas em vender chocolates,
por exemplo, ao preço de 1€ ainda não existem intenções de venda de chocolates.

Através de dois pontos da tabela da oferta facilmente derivamos a respetiva


função oferta (Qs = a + b P). Assim, por exemplo, se P=1 então Qs=0, ou seja,
a=-b (0 = a + b.1); por outro lado, se P=2, então Qs=40, ou seja, b=40 (40 = -b +
b.2); logo, a função oferta de chocolates é dada por: Qs = -40 + 40 P e, a partir
dela, conseguimos deduzir qualquer ponto da respetiva tabela da oferta de
chocolates.

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A representação gráfica da função/tabela da oferta é a curva da oferta (ou reta)
que também evidencia a Lei da Oferta, pelo seu declive/inclinação positiva e o
respetivo significado económico, anteriormente referido.
A ilustração da lei da oferta no gráfico faz-se com dois quaisquer pontos da reta;
por exemplo, considerando que: se P=1, então Qs=0; se P=2, então Qs=40; logo,
quando o preço de chocolates aumenta (diminui), a quantidade oferecida de
chocolates aumenta (dimimui), ceteris paribus.

Mais uma vez, não esquecer que a representação gráfica da oferta (e da procura)
apresenta sempre a quantidade oferecida (Qs) (e a quantidade procurada (Qd)) no
eixo das abcissas (eixo do x) e o preço do bem (P) no eixo das ordenadas (eixo do
y).

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Até agora vimos a procura e a oferta em separado. Levanta-se agora a questão
que colocámos logo no início do capítulo: Como é que os interesses conflituosos
de consumidores e vendedores se conjugam?

Quando juntamos no mesmo gráfico a curva da procura (D) com a curva da oferta
(S) de chocolates, existe um ponto que salta à vista: o ponto de interseção das
duas retas. A esse ponto chamamos o equilíbrio de mercado, que ocorre quando
a procura e a oferta se igualam (Qs = Qd), Ou seja, a procura e a oferta interagem
de forma a equilibrar o mercado. A esse preço de equilíbrio (Pe), a quantidade
que os consumidores querem comprar (Qd) corresponde exatamente à quantidade
que as empresas querem vender (Qs). É exatamente por isso que se diz que o
mercado está em equilíbrio, porque ambos os lados do mercado estão satisfeitos a
esse nível de preço, não existindo razão para o preço se alterar.

Para o exemplo concreto do mercado de chocolates, podemos, assim, afirmar que


serão comercializados 80 chocolates, ao preço de 3€/unidade.

Estamos agora em condições de responder à segunda questão colocada no início


do capítulo: Como é que são definidos os preços nos mercados? Através da
interação entre a procura e a oferta, ou seja, através da conjugação das intenções
de compra dos consumidores com as intenções de venda das empresas.

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Quer isto dizer que nós, consumidores, também temos influência na determinação do
preço dos bens? Sim! Ao contrário do que muitas vezes (erradamente) pensamos, não são
apenas as empresas a definir os preços. Um consumidor individual, regra geral, não
consegue ter influência no preço dos bens. Contudo, a procura reflete a intenção de
compra por parte do conjunto de todos os consumidores do bem e, de facto, se o preço do
bem estiver elevado e, por esse motivo, existir uma procura reduzida do mesmo, isso
pressionará as empresas a reduzirem o preço do bem, sob pena de não venderem as
quantidades desejadas.

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Os mercados estarão sempre no ponto de equilíbrio? Não, mas quando existem
desequilíbrios nos mercados, o preço altera-se por forma a conduzir novamente o
mercado ao seu equilíbrio. Por isso se diz que o preço é o mecanismo regulador
do mercado, porque num mercado concorrencial, onde as forças da procura e da
oferta funcionam livremente, os eventuais desequilíbrios entre a procura e a
oferta são solucionados pelo próprio mercado através da alteração do preço.
Neste sentido, pode afirmar-se que os mercados funcionam tendencialmente
equilibrados, porque eventuais desequilíbrios serão sempre provisórios ou
temporários, voltando o mercado a equilibrar-se através do preço.

Vejamos que tipos de desequilíbrios podem ocorrer:

1) Podem existir situações em que o preço do bem está mais elevado do que
seria o seu preço de equilíbrio. Por exemplo, se o chocolate estiver a ser
vendido ao preço de 4€/unidade, o que acontece?
A esse preço os consumidores desejam comprar menos quantidade (porque o bem
está mais caro), sendo a quantidade procurada (Qd) de apenas 40 unidades. Mas,
do ponto de vista das empresas, é mais interessante vender chocolate a este preço
mais elevado, pelo que a quantidade oferecida (Qs) é de 120 unidades. Desta
forma, as intenções de venda são superiores às intenções de compra (Qs>Qd),
existindo assim um excesso de oferta, que se traduz num excedente do bem no
mercado (ou seja, existe chocolate a mais disponibilizado no mercado e, portanto,
ficarão chocolates em armazém).

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Contudo, esse excedente será temporário, na medida em que, ao não encontrar
compradores que desejem adquirir chocolates a este preço elevado, as empresas serão
forçadas a baixar o preço para conseguir vender essas quantidades excedentárias. Ou seja,
quando existe excedente no mercado, as forças do mercado pressionarão a uma
descida do preço, conduzindo novamente o mercado ao seu preço de equilíbrio!

2) Podem também existir situações em que o preço do bem está mais baixo do que seria o
seu preço de equilíbrio. Por exemplo, se o chocolate estiver a ser vendido ao preço de
2€/unidade, o que acontece?
A esse preço os consumidores desejam comprar maior quantidade (porque o bem está
mais barato), sendo a quantidade procurada (Qd) de 120 unidades. Mas, do ponto de vista
das empresas, é menos interessante vender chocolate a este preço tão baixo, pelo que a
quantidade oferecida (Qs) é de apenas 40 unidades. Desta forma, as intenções de compra
são superiores às intenções de venda (Qd>Qs), existindo assim um excesso de procura,
que se traduz numa escassez do bem no mercado (ou seja, não existem chocolates
suficientes no mercado e, portanto, haverá rutura de stocks).
Contudo, essa escassez será temporária, na medida em que, ao existirem consumidores
que desejam adquirir chocolate e não o encontram no mercado, o preço do mesmo irá
aumentar. Ou seja, quando existe escassez no mercado, as forças do mercado
pressionarão a uma subida do preço, conduzindo novamente o mercado ao seu preço de
equilíbrio!

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É através desta igualdade: Qs = Qd, que iremos nos exercícios encontrar o ponto
de equilíbrio no mercado.

Igualando a função da oferta (expressão matemática: Qs = a + b P) à função da


procura (expressão matemática: Qd = a – b P), obtemos uma equação de 1º grau,
com uma única incógnita (o P – preço), que resolvendo em ordem ao P, nos
permite calcular o Preço de Equilíbrio do mercado (Pe).

Uma vez conhecido o valor do Pe, basta substituir o P por esse valor nas funções
da oferta e/ou da procura, para determinar a quantidade que será transacionada no
mercado (quantidade de equilíbrio – Qe).

Nota: sempre que nos pedem para determinar o equilíbrio de mercado, teremos de
encontrar os 2 valores: Pe e Qe!

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É importante distinguir movimentos ao longo da curva de deslocações da curva:

- Quando o preço de um bem se altera, por exemplo aumenta, a quantidade que


os consumidores querem comprar desce, ou seja a quantidade procurada do
bem diminui. Neste caso estamos perante uma alteração da quantidade
procurada do bem, causada pela alteração do preço do bem, o que significa um
movimento para outro ponto diferente na mesma curva da procura; ou seja, um
movimento ao longo da curva da procura! (o mesmo acontece perante uma
descida do P do bem, a Qd aumenta, movendo-se para outro ponto diferente da
mesma curva da procura);

- Uma alteração na procura do bem ocorre quando se altera, não o preço do


bem, mas um dos outros determinantes da procura do mesmo. Por exemplo, se
o rendimento dos consumidores aumentar e isso causar um aumento das
intenções de compra do bem, o que acontece é que para o mesmo valor do
preço, os consumidores querem comprar maior quantidade do bem,
conduzindo a uma deslocação da curva da procura para a direita, passando
a existir uma nova curva da procura! (no caso de uma descida do rendimento
dos consumidores, aconteceria o inverso: para o mesmo preço os
consumidores iriam querer comprar menos, conduzindo a uma deslocação para
a esquerda da curva da procura!)

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- Será idêntico na curva da oferta: se o P do bem aumentar, a Qs aumenta, movendo-se
para outro ponto diferente da mesma curva da oferta; se o P do bem diminuir, a Qs
diminui, movendo-se para outro ponto diferente da mesma curva da oferta; ou seja,
alterações da Qs causadas pela variação do P do bem conduzem a movimentos ao
longo da curva da oferta!

- Uma alteração na oferta do bem ocorre quando se altera, não o preço do bem, mas um
dos outros determinantes da oferta do mesmo. Por exemplo, se houver uma melhoria
tecnológica na produção do bem, irá aumentar a produção, pelo que irá levar a um
aumento das intenções de oferta do bem; ou seja, para o mesmo valor do preço, as
empresas querem vender maior quantidade do bem, conduzindo a uma deslocação da
curva da oferta para a direita, passando a existir uma nova curva da oferta! (no caso
de um fator que conduzisse a uma descida da produção do bem, aconteceria o inverso:
para o mesmo preço as empresas iriam querer vender menos quantidade, conduzindo a
uma deslocação para a esquerda da curva da oferta!)

Quais as implicações desta distinção no equilíbrio de mercado?

- Um movimento ao longo da curva de procura (oferta), para uma dada curva de oferta
(procura) não altera o equilíbrio de mercado, gerando apenas um desequilíbrio
temporário, como vimos anteriormente.
- Pelo contrário, sempre que há deslocações da curva de (oferta), para uma dada curva de
oferta (procura), o mercado é conduzido a um novo ponto de equilíbrio, como veremos
de seguida.

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Neste slide temos alguns exemplos de fatores que podem deslocar a curva da
procura; recordando o slide 36, tratam-se dos outros determinantes da procura
que não o preço do próprio bem, ou seja:
- Preço de bens substitutos: se diminuir o preço de um bem substituto do bem x,
então alguns dos consumidores irão passar a consumir esse outro bem
substituto que ficou relativamente mais barato, pelo que a procura pelo bem x
irá diminuir (o inverso também se verifica: se aumentar o preço de um bem
substituto a procura do bem x vai aumentar); exº: se o preço da massa
diminuir, a quantidade procurada de massa irá aumentar e, consequentemente,
a procura de arroz diminuirá (ceteris paribus);
- Preço de bens complementares (utilizados em simultâneo): se diminuir o preço
de um bem complementar do bem x, então os consumidores irão consumir
mais desse bem que ficou relativamente mais barato, pelo que irão também
consumir mais do bem x (o inverso também se verifica); exº: se o preço dos
automóveis diminuir, os consumidores irão comprar mais automóveis, pelo
que irão também consumir mais combustíveis, ou seja a procura de
combustíveis aumenta;
- Rendimento: se o rendimento dos consumidores aumentar, então eles terão
mais poder de compra pelo que irão comprar maiores quantidades da maioria
dos bens, pelo que a sua procura aumentará (à exceção dos bens inferiores,
cujo consumo aumenta quando o rendimento do consumidor e, portanto, o
poder de compra diminui e vice-versa; um dos exemplos mais comuns
apresentados como bens inferiores são os produtos de marca branca);

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- Gostos: se um bem passar a estar na moda a sua procura aumenta;
- …

- Os 3 gráficos de cima mostram exemplos de alterações no mercado que conduzem a


uma diminuição da procura, causando uma deslocação da curva da procura para a
esquerda (para uma nova curva!):
- Descida do preço dos bens substitutos: por exemplo se estivermos a analisar o
mercado do arroz, se o preço da massa diminuir, os consumidores irão comprar
mais massa em vez de arroz, pelo que a procura pelo arroz irá diminuir;
- Expectativa de diminuição dos rendimentos: se os consumidores tiverem a
expetativa de que o seu rendimento irá diminuir no futuro, começam já hoje, no
presente, a ajustar o seu padrão de consumo, causando uma diminuição na
procura de muitos bens;
- Alteração dos gostos: se um produto deixar de estar na moda, a sua procura irá
diminuir.
- Sempre que existe uma diminuição da procura, causada pela alteração de um dos seus
determinantes (que não a subida do preço do bem), isso conduzirá o mercado a um
novo ponto de equilíbrio (nova interceção da D’ com a S, após deslocação da curva da
procura para a esquerda, de D para D’) em que:
- o Preço diminui (o novo P será inferior ao Pe inicial);
- e a Quantidade diminui (a nova Q transacionada será inferior à Qe inicial);

- Os 3 gráficos de baixo mostram exemplos de alterações no mercado que conduzem a


um aumento da procura, causando uma deslocação da curva da procura para a
direita (para uma nova curva!):
- Aumento da população: se uma determinada localidade/região registar um
aumento da população local, então o mercado potencial será maior para a
generalidade dos bens, pelo que a procura destes aumentará (é o que acontece
por exemplo no Algarve no período do verão, o grande afluxo de turistas e
trabalhadores para a região, faz aumentar a procura de todos os bens; é um
aumento sazonal da procura);
- Descida do preço dos bens complementares: por exemplo, se o preço dos
combustíveis diminuir, torna-se mais barato andar de automóvel, pelo que a
procura por automóveis irá aumentar.
- Expectativa de aumento futuro dos preços: se os consumidores tiverem a
expectativa de que o preço daquele bem vai aumentar no futuro, então vão
antecipar a compra do mesmo, para comprar antes que ocorram esses aumentos
do preço, daí que a procura pelo bem aumente.
- Sempre que existe um aumento da procura, causada pela alteração de um dos seus
determinantes (que não a descida do preço do bem), isso conduzirá o mercado a um
novo ponto de equilíbrio (nova interceção da D’ com a S, após deslocação da curva da
procura para a direita, de D para D’) em que:
- o Preço aumenta (o novo P será superior ao Pe inicial);

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- e a Quantidade aumenta (a nova Q transacionada será superior à Qe inicial);

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Neste slide temos alguns exemplos de fatores que podem deslocar a curva da
oferta; recordando o slide 40, tratam-se dos outros determinantes da oferta que
não o preço do próprio bem, ou seja:
- Custo dos fatores de produção: se diminuir o preço de um dos fatores de
produção (por exemplo das matérias primas) do bem x, então a produção desse
bem fica mais barata, pelo que se torna mais interessante produzir e vender
esse bem (irá proporcionar maior lucro), pelo que a oferta do bem x irá
aumentar (o inverso também se verifica: se aumentar o preço de um dos
fatores de produção a oferta do bem x vai diminuir); além do custo das
matérias-primas, podemos igualmente pensar no custo do fator trabalho
(salários) e no custo do capital físico (medido habitualmente através das taxas
de juro).
- Tecnologia: se houver uma alteração na tecnologia utilizada na produção do
bem x, por exemplo uma melhoria tecnológica, a produção do bem x irá
aumentar, pelo que a oferta do bem x irá aumentar (o inverso também se
verifica);
- Dimensão da indústria: refere-se ao número de empresas a produzirem esse
bem; quanto mais empresas existirem a produzir o mesmo bem, maior
quantidade do mesmo será disponibilizada no mercado, pelo que maior será a
sua oferta (ou o inverso);
- …

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- Os 3 gráficos de cima mostram exemplos de alterações no mercado que conduzem a
um aumento da oferta, causando uma deslocação da curva da oferta para a direita
(para uma nova curva!):
- Melhoria tecnológica: por exemplo se for desenvolvida uma nova tecnologia
(ou maquinaria) que permita produzir em maior quantidade, a oferta desse bem
irá aumentar;
- Taxas de juro mais baixas: se as taxas de juro diminuírem (imaginem-se
surgirem novas linhas de crédito para empresas com taxas de juro mais
atrativas), as empresas poderão recorrer ao crédito, com custos mais baixos,
para fazerem novos investimentos, pelo que poderão aumentar a sua
capacidade produtiva e, desta forma, a oferta do bem aumenta;
- Aumento do número de empresas: se existirem mais empresas a produzir
determinado bem, a oferta do mesmo aumenta.
- Sempre que existe um aumento da oferta, causada pela alteração de um dos seus
determinantes (que não a subida do preço do bem), isso conduzirá o mercado a um
novo ponto de equilíbrio (nova intercessão da S’ com a D, após deslocação da curva
da oferta para a direita, de S para S’) em que:
- o Preço diminui (o novo P será inferior ao Pe inicial);
- e a Quantidade aumenta (a nova Q transacionada será superior à Qe inicial);

- Os 3 gráficos de baixo mostram exemplos de alterações no mercado que conduzem a


uma diminuição da oferta, causando uma deslocação da curva da oferta para a
esquerda (para uma nova curva!):
- Subida do preço das matérias-primas: se o preço da principal matéria-prima
utilizada na produção do bem aumentar, então o seu custo de produção
aumenta, pelo que torna-se menos interessante vender esse bem, pois traz
menores lucros, desta forma a oferta diminui;
- Salários mais elevados: à semelhança do que acontece com os restantes fatores
de produção, se o preço do fator trabalho (salários) aumentar, os custos de
produção aumentam, pelo que pode conduzir a uma redução da oferta;
- Más condições meteorológicas: para uma atividade dependente das condições
climáticas, por exemplo uma plantação agrícola, um inverno muito rigoroso,
com muita chuva, geada, ventos fortes, poderá conduzir a quebras de produção
significativas, pelo que a oferta diminuirá;
- Sempre que existe uma diminuição da oferta, causada pela alteração de um dos seus
determinantes (que não a descida do preço do bem), isso conduzirá o mercado a um
novo ponto de equilíbrio (nova intercessão da S’ com a D, após deslocação da curva
da oferta para a esquerda, de S para S’) em que:
- o Preço aumenta (o novo P será superior ao Pe inicial);
- e a Quantidade diminui (a nova Q transacionada será inferior à Qe inicial);

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Até agora falámos sempre em desequilíbrios temporários entre a oferta e a
procura. Temporários porque, como já foi referido anteriormente, num mercado
concorrencial, onde as forças da procura e da oferta funcionam livremente, os
eventuais desequilíbrios entre a procura e a oferta são solucionados pelo próprio
mercado através da alteração do preço (daí que o preço seja o mecanismo
regulador do mercado).

Contudo, podem existir situações de desequilíbrios prolongados no mercado, em


que o mecanismo regulador (alteração do preço) deixa de funcionar. Isto ocorre
nomeadamente quando o Estado (através do Governo ou da entidade reguladora
do setor, por exemplo) intervém nos mercados fixando preços
máximos/mínimos!!

Daí no slide 47 a frase: “Como em todas as leis, existem exceções,


existindo situações de escassez ou excedente no mercado, por vezes
prolongadas (e não temporárias)!”

O Preço Teto consiste no preço máximo que pode ser cobrado pelo bem, fixado
pelo Governo/entidade reguladora.

A primeira questão é: porque razão o Estado poderá impor preços máximos? Para
defender os interesses dos consumidores! Por considerar que o preço de mercado

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livre desse bem é exagerado e que, a esse preço, algumas famílias de rendimentos
inferiores não teriam capacidade de aceder a esse bem. Assim, ao impor um preço
máximo, o Estado pretende garantir que mesmo as famílias de rendimentos inferiores têm
capacidade de adquirir o bem (normalmente em bens considerados essenciais).

Contudo, ao impor um preço máximo, o Estado estará a causar um desequilíbrio no


mercado, conduzindo a uma escassez prolongada do bem em questão. É por esta razão,
e por todas as consequências negativas que essa escassez prolongada poderá trazer, que
raras vezes o Estado impõe preços máximos.

Vejamos no caso concreto do gráfico apresentado. O preço de equilíbrio deste mercado é


de 50 u.m. (unidades monetárias; vamos admitir €/u.f.) e são transacionadas 5000 u.f.
(unidades físicas).
Por considerar que 50€ é um preço demasiado elevado, o Estado decide fixar um preço
máximo de 30€/u.f. O que acontece é que a esse preço, a quantidade que os consumidores
querem comprar (Qd) é de 7000 u.f. (pois o bem está mais barato), mas a quantidade que
as empresas desejam vender é de apenas 3000 u.f. (pois é menos interessante vender o
bem a este preço mais baixo). Desta forma, a imposição de um Preço Teto origina um
desequilíbrio no mercado, nomeadamente um excesso de procura (Qd>Qs) que se traduz
numa escassez do bem (não há bem suficiente no mercado), neste caso de 4000 u.f.
(escassez = -4000 u.f.).

Numa situação de mercado livre, i.e. se o mercado funcionasse livremente, sem


intervenção do Estado, o próprio mercado resolveria uma eventual escassez através do
aumento do preço. Contudo, nesta situação particular o preço não pode aumentar (pois
está fixado o preço máximo de 30€/u.f.), pelo que o mercado não consegue voltar a
equilibrar-se, persistindo esta situação de escassez.

A escassez prolongada no mercado trará outras consequências económicas negativas:


- Uma vez que não existe quantidade suficiente deste bem disponível no mercado, os
consumidores irão procurar outros bens substitutos, pelo que aumenta a procura desses
outros bens, causando uma pressão para o aumento do preço desses outros bens, cujo
preço não está tabelado/fixado (se, por um lado, o Estado pretendia permitir o acesso a
este bem a um preço acessível, por outro lado estará a fazer com que o preço dos outros
bens substitutos aumente, prejudicando assim os consumidores);
- Pode eventualmente acontecer (em especial nos casos em que é difícil encontrar bens
substitutos), surgirem situações de mercado negro (ou economia paralela) em que, ao
aperceberem-se de que existem consumidores a querer comprar o bem e não o
encontram no mercado, alguns produtores produzem e vendem em mercados ilegais o
bem em falta, a preços mais elevados do que no mercado lícito. Essa situação tem
outras consequências nefastas, nomeadamente a nível fiscal, etc…
- Uma vez que o bem em causa tem um preço teto, é desinteressante para as empresas
produzi-lo, pelo que o investimento naquele setor (indústria) diminui.

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Nota que, por definição, um preço teto é um preço abaixo do preço de equilíbrio. A
fixação de um preço teto acima do preço de equilíbrio do mercado faria com que a lei da
procura e da oferta conduzisse o mercado novamente para o ponto de equilíbrio (pois a
descida de preço é, neste caso, possível) e a medida implementada pelo Governo não teria,
assim, razão de ser.

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O Governo/entidade reguladora também pode, em situações muito excecionais,
decidir impor um preço mínimo legal, o chamado Preço Garantido.

Neste caso, o Estado pretende defender os interesses dos produtores, protegendo-


os de eventuais falências. Por considerar que o preço de mercado livre é tão, tão
baixo, que a vender a esse preço a maioria das empresas acabariam por ir à
falência, o Estado pode intervir e impor preços mínimos de venda, no sentido de
evitar a falência generalizada dos produtores daquele bem, e de lhes garantir
receitas que lhes permitam a continuidade da atividade.

Contudo, ao impor um preço mínimo, o Estado estará a causar um desequilíbrio


no mercado, conduzindo a um excedente prolongado do bem em questão. É
por esta razão, e por todas as consequências negativas que esse excedente poderá
trazer, que raras vezes o Estado impõe preços mínimos.

Vejamos no caso concreto do gráfico apresentado. O preço de equilíbrio deste


mercado é de 50 u.m. (unidades monetárias; vamos admitir €/u.f.) e são
transacionadas 5000 u.f. (unidades físicas).
Por considerar que 50€ é um preço demasiado baixo, o qual conduziria muitos
dos produtores à falência, o Estado decide fixar um preço mínimo de 70€/u.f. O
que acontece é que a esse preço, a quantidade que os consumidores querem
comprar (Qd) é de apenas 3000 u.f. (pois o bem está mais caro), enquanto a

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quantidade que as empresas desejam vender é de 7000 u.f. (pois é mais interessante
produzir e vender o bem a este preço mais elevado). Desta forma, a imposição de um
Preço Garantido origina um desequilíbrio no mercado, nomeadamente um excesso de
oferta (Qs>Qd) que se traduz num excedente do bem (existe bem a mais no mercado),
neste caso de 4000 u.f. (excedente = 4000 u.f.).

Numa situação de mercado livre, i.e. se o mercado funcionasse livremente, sem


intervenção do Estado, o próprio mercado resolveria um eventual excedente através da
diminuição do preço. Contudo, nesta situação particular o preço não pode diminuir (pois
está fixado o preço mínimo de 70€/u.f.), pelo que o mercado não consegue voltar a
equilibrar-se, persistindo esta situação de excedente.

A existência de excedentes no mercado trará outras consequências económicas negativas:


- Os elevados stocks de produtos armazenados que saem do mercado por não existirem
compradores trazem problemas e elevados custos de armazenamento para as empresas
(se forem bens perecíveis uma boa parte da produção pode mesmo estragar-se antes de
conseguir ser vendida);
- Para escoarem essa produção excedentária as empresas vêm-se obrigadas a efetuar
descontos encapotados, ou seja descontos de quantidade em que o preço a que
formalmente vendem é o legalmente imposto, mas oferecem aos clientes maior
quantidade (exemplo: paga 1 e leva 2);
- O facto de o produto estar protegido por um preço mínimo, mais elevado do que seria o
seu preço de mercado livre, faz com que a sua produção seja atrativa do ponto de vista
das empresas, na perspetiva de receitas garantidas; pelo que ocorrerá um maior
investimento no setor (indústria), conduzindo à sobreprodução do produto.

Nota que, por definição, um preço garantido é um preço acima do preço de equilíbrio. A
fixação de um preço garantido abaixo do preço de equilíbrio do mercado faria com que a
lei da procura e da oferta conduzisse o mercado novamente para o ponto de equilíbrio
(pois a subida de preço é, neste caso, possível) e a medida implementada pelo Governo
não teria, assim, razão de ser.

Em síntese, a imposição administrativa de preços nos mercados, por parte do Governo ou


da entidade reguladora do setor, conduz a desequilíbrios nos mercados, que não
conseguem ser solucionados pelo mercado (como vimos em relação aos desequilíbrios
temporários, que ocorrem quando o mercado funciona livremente) e que arrastam consigo
um conjunto de consequências económicas negativas. Razões que justificam que raras
vezes o Estado intervenha nos mercados impondo preços! Só mesmo em situações muito
excecionais. Na maioria das vezes é preferível deixar o mercado funcionar livremente
(como vimos, tendencialmente equilibrado) e, se necessário, auxiliar consumidores ou
empresas de outras formas que não seja a fixação de preços.

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Este capítulo sobre Elasticidades tem por objetivo aprofundar o estudo da
Procura/Oferta. Ou seja, compreender melhor a reação dos
consumidores/produtores a determinadas ocorrências que podem acontecer nos
mercados.

A compreensão da procura/oferta centrou-se, até agora, na análise da relação


qualitativa entre duas variáveis, mais propriamente, no impacto -- positivo ou
negativo -- que determinados fatores exercem na quantidade procurada/oferecida
de um bem. Por essa prisma, identificámos duas principais categorias de relações
de natureza qualitativa:
- Relações diretas (ou no mesmo sentido) entre um dado determinante da
procura/oferta (seja o preço do bem ou outros fatores explicativos da
procura/oferta) e a quantidade procurada/oferecida.
- Relações inversas (ou em sentido contrário) entre um dado determinante da
procura/oferta (seja o preço do bem ou outros fatores explicativos da
procura/oferta) e a quantidade procurada/oferecida;

Assim, por exemplo, percebemos que o aumento do preço de um bem conduz,


ceteris paribus, à redução da sua quantidade procurada (Lei da Procura). Mas,
será que essa reação é igual em todos os bens? Será que a quantidade procurada
reage muito ou pouco às alterações no preço?
Em relação aos outros determinantes da procura, como é que, por exemplo, os

53
preços dos outros bens (substitutos ou complementares) afetam em concreto o consumo do
bem que estamos a analisar? E quanto ao rendimento dos consumidores, o seu impacto no
consumo será igual em todos os bens?

Estas são algumas das questões que se pretendem esclarecer com o estudo das
Elasticidades. Com o capítulo das elasticidades vamos dar um passo em frente e
quantificar (traduzir em números) este tipo de relações. Assim, a relação quantitativa entre
um dado determinante da procura/oferta e a quantidade procurada/oferecida será analisada
usando o conceito essencial de elasticidade.

Sendo possível estudar elasticidades da procura e elasticidades da oferta, iremos no


presente capítulo centrarmo-nos apenas na resposta da procura do consumidor a variações
de fatores como preços ou rendimento.

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Podemos analisar três diferentes tipos de impactos nas quantidades procuradas,
por parte dos consumidores:

- A Elasticidade Preço da Procura (abreviada de EPP) analisa o impacto que


uma alteração no preço do bem X tem na quantidade procurada desse mesmo
bem X. A Lei da Procura diz-nos que existe uma relação inversa entre o preço
do bem X (Px) e a quantidade procurada desse bem X (Qdx), ou seja, quando o
preço do bem X diminui, ceteris paribus, os consumidores tendem a comprar
mais desse bem, ou seja a quantidade procurada do bem X aumenta; e quando
o preço do bem X aumenta, ceteris paribus, a quantidade procurada do bem X
diminui. Contudo, a amplitude ou intensidade dessa reação não é a mesma nos
diferentes bens. É exatamente isso que a EPP nos permite compreender,
quantificando a relação entre o preço do bem e a quantidade procurada desse
bem.
- Em alguns bens, a quantidade procurada reage muito às variações do
preço do próprio bem;
- Noutros bens, a quantidade procurada reage pouco às variações do
preço do próprio bem.

- A Elasticidade Preço Cruzada da Procura (também abreviada pelas suas


iniciais, de EPCP) analisa o impacto que uma alteração no preço de outros
bens (substitutos ou complementares) tem na quantidade procurada do bem X.

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Ou seja, permite quantificar a relação entre o preço de outro bem Y (Py) e a quantidade
procurada do bem X (Qdx), dependendo da relação de substituição ou
complementaridade que se estabelece entre os dois bens, designadamente:
- A relação direta entre o preço de bens substitutos (Py) e a quantidade procurada
do bem X (Qdx): exº: se o preço da massa diminuir, a quantidade procurada de
massa irá aumentar e, consequentemente, a procura de arroz diminuirá (ceteris
paribus);
- A relação inversa entre o preço de bens complementares (Py) e a quantidade
procurada do bem X (Qdx): exº: se o preço dos automóveis diminuir, os
consumidores irão comprar mais automóveis, pelo que irão também consumir
mais combustíveis, ou seja a procura de combustíveis aumenta;

- A Elasticidade Rendimento da Procura (ERP) analisa o impacto que uma alteração


no rendimento dos consumidores tem na quantidade procurada do bem X, permitindo
quantificar a relação entre o rendimento (Y) e a quantidade procurada do bem X
(QdX):
- Para a maioria dos bens, existe uma relação direta entre o rendimento (Y) e a
quantidade procurada do bem X (Qdx), pelo fato de, em circunstâncias normais,
se o rendimento dos consumidores aumentar, então eles terão mais poder de
compra pelo que irão comprar maiores quantidades da maioria dos bens, pelo
que a sua procura aumentará.
- Contudo, existem alguns bens em que esta relação não ocorre, mas sim uma
relação inversa entre o rendimento (Y) e a quantidade procurada do bem X
(QdX), uma vez que se o rendimento dos consumidores aumentar, por passarem
a ter maior poder de compra, passam a consumir mais de outros bens que antes
não conseguiam comprar, substituindo o consumo daqueles que costumavam
comprar, diminuindo assim a procura de certos bens. exº: se o rendimento dos
consumidores aumentar, mais consumidores poderão passar a ir de automóvel
para o emprego/escola, pelo que a procura de passes dos transportes públicos,
ceteris paribus, diminui.

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Comecemos pela análise da EPP/Elasticidade Preço da Procura.
- Para percebermos a importância do conceito de elasticidade e subsequente
necessidade do seu cálculo, comparemos as duas figuras acima apresentadas
(figuras 1 e 2), com as devidas explicações dadas no slide seguinte.
- Reparem que para uma mesma variação (diferença entre valores) no preço do
bem, as variações na quantidade procurada do bem são diferentes entre a
figura 1 e a figura 2; assim, um movimento de A para B na curva da procura da
figura 1 mostra que perante uma variação negativa do preço em 10 u.m.
(diminuição do preço de 20 para 10 u.m.), a quantidade procurada apresenta
uma variação positiva de apenas 1 u.f. (aumento da quantidade procurada de 3
para 4 u.f.), ao passo que o movimento de A para B na curva da procura da
figura 2 mostra que perante a mesma variação negativa do preço (diminuição
do preço de 20 para 10 u.m.), a quantidade procurada apresenta uma variação
positiva de 2,5 u.f. (aumento da quantidade procurada de 1,5 para 4 u.f.).
Verifica-se, portanto, que a quantidade procurada reagiu mais (é mais sensível)
à variação do preço neste segundo caso (figura 2) do que no primeiro (figura 1)
e isso não será certamente indiferente para o produtor do bem em causa, como
veremos mais à frente.

55
56
A EPP mede a variação da quantidade procurada de um bem (QdX) quando o seu
preço (Px) varia. A definição precisa de elasticidade é a variação percentual da
quantidade procurada do bem X dividida pela variação percentual do preço do
bem X. Os passos necessários para o cálculo deste rácio ou divisão encontram-se
no slide seguinte.

57
Nota bem:
- A variação absoluta abrevia-se por ∆ e a variação percentual por ∆%. A primeira
calcula-se pela diferença entre valores de uma dada variável; por exemplo, ∆Q =
Q2-Q1 e a segunda considera essa variação absoluta relativamente aos valores
médios da variável em causa; considerando o mesmo exemplo, ∆%Q = ∆Q / Q
média = (Q2-Q1) / (Q1+Q2)/2; podemos multiplicar o resultado por 100 para que
o resultado final fique em percentagem (%).
- Ao contrário do slide anterior, esta fórmula de cálculo da EPP apresenta
módulos (| |) apenas para facilitar os cálculos, pois, por definição, a EPP assumirá
sempre valores negativos que, em valor absoluto (ou seja, em módulo), passam a
valores positivos (|-| = +).

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Aplicando a fórmula de cálculo da EPP (do slide anterior), considerando os
valores apresentados na Figura 1 (slide 22), a EPP assume o valor de 0,43.

Consoante, o valor obtido para a EPP, podemos, assim, classificar a Procura do


bem em 3 tipos:

- Procura rígida (ou inelástica), quando o valor da EPP é < 1 (no caso em
apreço; EPP = 0,43), ou seja, quando o numerador da fração (∆%Q) é < que o
denominador (∆%P) (no exemplo é o que acontece (0,286 < 0,667)),
traduzindo que a quantidade procurada varia menos que proporcionalmente
(ou seja, numa % menor) relativamente à variação do preço; significa,
portanto, que a QdX reage pouco às alterações do Px.
- Procura elástica, quando o valor da EPP é > 1 (seria o caso da EPP calculada
usando os valores da Figura 2, slide 22), ou seja, quando o numerador da
fração (∆%Q) é > que o denominador (∆%P), traduzindo que a quantidade
procurada varia mais que proporcionalmente (ou seja, numa % maior)
relativamente à variação do preço; significa, portanto, que a QdX reage muito
às alterações do Px.
- Procura unitária, quando o valor da EPP é = 1 (caso menos comum, mas
ainda assim possível de acontecer), ou seja, quando o numerador da fração
(∆%Q) é = ao denominador (∆%P), traduzindo que a quantidade procurada
reage na mesma proporção que as alterações do preço, o mesmo é dizer que a

59
quantidade procurada varia proporcionalmente (ou seja, na mesma %) relativamente à
variação do preço; significa, portanto, que a QdX reage proporcionalmente às
alterações do Px.

Recordemos que o sinal da EPP é sempre negativo. Assim, no exemplo apresentado, EPP
= 0,43, apenas porque se usaram módulos para simplificar os cálculos (EPP = |−0,43| =
0,43). Contudo, é importante não esquecer a intuição por detrás deste sinal negativo
esperado para a EPP: segundo a lei da procura, quando o preço aumenta, a quantidade
procurada diminui e vice-versa; logo, em termos de cálculo da EPP teremos sempre um
valor negativo a dividir por um valor positivo e vice-versa, pelo que o resultado dessa
divisão (a EPP) dará sempre um valor negativo. Assim, interpretamos uma EPP = |−0,43|
= 0,43 da seguinte forma: uma diminuição do preço de 1% conduz a um aumento da
quantidade procurada de 0,43% e vice-versa.

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Carvalho, Pedro Dominguinhos, Raquel
Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 59
- A EPP tende a ser, em geral, pequena nos bens de primeira necessidade, como
o pão e cereais, combustíveis e alimentação e alta nos bens sumptuários / de
luxo, como divertimento e catering.
- O primeiro grupo constitui o grupo dos bens com procura rígida, i.e. em que
EPP<1, o que significa que a quantidade procurada destes bens reage pouco (é
menos sensível) às alterações do seu preço. De facto, por exemplo, no caso do
pão e cereais, mesmo que o preço do pão aumente, os consumidores vão
continuar a consumir pão, podem até consumir um pouco menos, porque está
mais caro, mas apenas ligeiramente menos. Da mesma forma que, se o preço
do pão diminuir, os consumidores não vão passar a consumir muito maior
quantidade, pelo contrário, poderão até consumir um pouco mais, por que está
mais barato, mas apenas ligeiramente mais.
- O segundo grupo constitui o grupo dos bens de procura elástica, i.e. em que
EPP>1, o que significa que a quantidade procurada desses bens reage muito (é
mais sensível) às alterações do seu preço.
- Com os exemplos apresentados também percebemos que há procuras mais ou
menos rígidas e procuras mais ou menos elásticas!
- Por exemplo, no grupo dos bens de procura rígida o pão e cereais
(EPP=0,05) são o bem que tem procura mais rígida, ou seja, em que a
QdX reage menos às variações do Px. Por sua vez, as bebidas
alcoólicas são os bens que apresentam uma procura menos rígida
(EPP=0,83). Deste modo, dentro dos bens de procura rígida
(0<EPP<1), quanto mais próximo de 0 for o valor da EPP, mais rígida é

60
a procura do bem; quanto mais próximo de 1 for o valor da EPP, menos rígida é
a procura do bem.
- Também no grupo dos bens de procura elástica (EPP>1) existem diferenças:
quanto mais próximo de 1 (mas superior a 1) for o valor da EPP, menos elástica
é a procura do bem; quanto mais elevado for o valor da EPP, mais elástica é a
procura do bem, ou seja, mais reage a QdX às alterações no Px.

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Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 60
A receita total é, por definição, igual ao preço vezes a quantidade (RT = P x Q).
Assim, conhecendo a EPP, a empresa pode prever o que acontece à receita total
quando o preço do bem se altera.

Esta é, aliás, a grande mais valia da EPP para as empresas. O facto de,
conhecendo a EPP do bem que vendem, conseguirem antecipar como é que os
consumidores (QdX) vão reagir às alterações do preço do bem (Px), ou seja, se
vão reagir muito ou pouco às variações do preço, e assim perceberem qual é a
melhor estratégia de preços, ou seja, se devem aumentar ou diminuir o preço do
bem, com o intuito de aumentar as suas receitas.

Vejamos a relação entre a EPP e a receita total, tendo como ponto de partida um
aumento do preço (variação positiva do preço):

- Quando a procura é elástica em relação ao preço (EPP > 1, ou seja, ∆%Q >
∆%P), um aumento do preço faz diminuir a receita total, pois a quantidade
procurada diminui mais que proporcionalmente relativamente à variação do
preço (variação negativa da quantidade procurada > variação positiva do
preço). Ou seja, apesar de o preço aumentar, isso provoca uma diminuição
significativa (maior do que o aumento do P) na quantidade vendida, pelo que,
considerando o efeito conjugado de P e Q, as RT vão ser menores.
- Quando a procura é rígida em relação ao preço (EPP < 1, ou seja, ∆%Q <

61
∆%P), um aumento do preço faz aumentar a receita total, pois a quantidade procurada
diminui menos que proporcionalmente relativamente à variação do preço (variação
negativa da quantidade procurada < variação positiva do preço). Ou seja, o aumento do
preço irá provocar uma diminuição mais ligeira (menor do que o aumento do P) na
quantidade vendida, pelo que, considerando o efeito conjugado de P e Q, as RT vão ser
maiores.
- No caso fronteira de procura unitária (ou com elasticidade unitária i.e. EPP = 1, ou seja,
∆%Q = ∆%P), um aumento do preço não tem qualquer efeito na receita total, pois a
quantidade procurada varia proporcionalmente, em sentido oposto, às alterações do
preço (variação negativa da quantidade procurada = variação positiva do preço). Ou
seja, se o preço aumentar vai provocar uma diminuição proporcional na quantidade
vendida, anulando assim o efeito do aumento do preço, pelo que as receitas totais vão
permanecer inalteradas.

Logo, muitas empresas querem saber se aumentando os preços irão aumentar ou diminuir
a receita. Pela análise que fizemos, ambos os cenários são possíveis, dependendo do tipo
de procura que a empresa enfrenta!

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Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 61
Consideremos agora a relação entre a EPP e a receita total, partindo de uma
diminuição do preço (variação negativa do preço); facilmente antecipamos que
o impacto dessa alteração do preço sobre a receita total será exatamente o oposto:

- Quando a procura é elástica em relação ao preço (EPP > 1, ou seja, ∆%Q >
∆%P; no exemplo em concreto: EPP = 1,5 > 1, ou seja, ∆%Q (15%) > ∆%P
(10%)), uma diminuição do preço faz aumentar a receita total, pois a
quantidade procurada aumenta mais que proporcionalmente relativamente à
variação do preço (variação positiva da quantidade procurada > variação
negativa do preço). Ou seja, a diminuição do preço irá provocar um aumento
significativo na quantidade vendida (de 15%, maior do que a diminuição de
10% do P), pelo que, considerando o efeito conjugado de P e Q, as RT vão ser
maiores.
- Quando a procura é rígida em relação ao preço (EPP < 1, ou seja, ∆%Q <
∆%P; no exemplo em concreto: EPP = 0,5 < 1, ou seja, ∆%Q (5%) < ∆%P
(10%)), uma diminuição do preço faz diminuir a receita total, pois a
quantidade procurada aumenta menos que proporcionalmente relativamente à
variação do preço (variação positiva da quantidade procurada < variação
negativa do preço). Ou seja, a diminuição do preço irá provocar um aumento
ligeiro na quantidade vendida (de apenas 5%, menor do que a diminuição de
10% do P), pelo que, considerando o efeito conjugado de P e Q, as RT vão ser
menores.
- No caso fronteira de procura unitária (EPP = 1, ou seja, ∆%Q = ∆%P = 10% no

62
exemplo dado), uma diminuição do preço não tem qualquer efeito na receita total, pois
a quantidade procurada varia proporcionalmente, em sentido oposto, às alterações do
preço (variação positiva da quantidade procurada = variação negativa do preço). Ou
seja, se o preço diminuir vai provocar um aumento proporcional na quantidade vendida,
anulando assim a diminuição do preço, pelo que as receitas totais vão permanecer
inalteradas.

Também quando as empresas querem saber se diminuindo os preços irão aumentar ou


diminuir a receita, ambos os cenários são possíveis, dependendo do tipo de procura que a
empresa enfrenta!

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Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 62
Em síntese:
- Começando por uma leitura horizontal da tabela apresentada, depreendemos
que dependendo do tipo de procura, as diferentes estratégias de preço
(aumentos ou diminuições) têm diferentes impactos nas receitas totais:
- Quando a procura é rígida, ou seja, a quantidade procurada é pouco
sensível (responde fracamente) às variações do preço, o preço é a
variável que “comanda” a evolução das receitas totais; assim,
recordando que RT = P x Q, perante uma procura rígida: a subida do
preço prevalece à descida da quantidade procurada e, como tal, a
receita total também sobe; tal como a descida do preço prevalece à
subida da quantidade procurada e, como tal, a receita total também
desce;
- Quando a procura é unitária, ou seja, a quantidade procurada responde
proporcionalmente às variações do preço, nem a subida nem a descida
do preço farão alterar as receitas totais, que se manterão inalteradas,
uma vez que a quantidade procurada reage em sentido oposto e na
mesma % às variações do preço.
- Quando a procura é elástica, ou seja, a quantidade procurada é muito
sensível (responde fortemente) às variações do preço, a quantidade
procurada é a variável que “comanda” a evolução das receitas totais;
assim, recordando que RT = P x Q, perante uma procura elástica: a
subida do preço é ultrapassada pela descida da quantidade procurada e,
como tal, a receita total desce; tal como a descida do preço é

63
ultrapassada pela subida da quantidade procurada e, como tal, a receita total
sobe.

- Uma leitura vertical da tabela reforça que uma mesma alteração no preço do bem tem
impactos diferentes sobre a receita total, consoante o tipo de procura que o bem
enfrenta. Assim:
- Uma subida do preço, provoca: uma subida nas receitas totais dos bens de
procura rígida; mas uma descida nas receitas dos bens de procura elástica; e não
tem impacto nas receitas dos bens de procura unitária;
- Uma descida do preço, provoca: uma descida nas receitas totais dos bens de
procura rígida; uma subida nas receitas dos bens de procura elástica; e não tem
impacto nas receitas nos bens de procura unitária.

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Carvalho, Pedro Dominguinhos, Raquel
Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 63
Vários fatores influenciam o facto de determinado bem ter procura mais elástica
ou mais rígida. Ou seja, existem um conjunto de aspetos que fazem com que os
consumidores, ou as quantidades procuradas por estes, reajam mais ou menos (ou
sejam mais ou menos sensíveis) às alterações do preço do bem. São os chamados
determinantes da EPP, ou seja, fatores que influenciam o valor da EPP e,
portanto, a respetiva classificação dos bens, entre os quais:
- a natureza dos bens: em geral, bens mais essenciais têm uma procura mais
rígida, pois os consumidores necessitam mesmo do consumo desses bens, pelo
que reagem pouco às oscilações do seu preço; bens mais dispensáveis têm, em
geral, uma procura mais elástica, pois se o seu preço aumentar, por exemplo,
podem facilmente viver sem esses bens, pelo que reagem mais às oscilações do
preço.
- os gostos dos consumidores e contexto socioeconómico: a procura de arroz
na China, por exemplo, é muito mais rígida do que noutros países, uma vez
que é a base da alimentação dos chineses, pelo que mesmo que o seu preço
aumente não diminuirão muito o seu consumo (o mesmo se pode dizer do pão
em Portugal, base da alimentação dos portugueses).
- a existência de substitutos imediatos: os bens que têm substitutos próximos
tendem a ter procuras mais elásticas, uma vez que se, por exemplo, o preço
aumentar, facilmente os consumidores substituem esse bem por outro
substituto existente no mercado; bens com maior dificuldade de substituição
tendem a ter procuras mais rígidas (como o exemplo apresentado da gasolina:
se eu tiver um automóvel a gasolina, mesmo que o seu preço aumente, não

64
posso substituir por outros combustíveis, pois o carro não é compatível com outros
combustíveis, então terei de continuar a abastecer o meu automóvel com gasolina).
- a percentagem do rendimento absorvida: em geral, quanto maior for a % de
rendimento absorvida pelo consumo desse bem, mais elástica é a sua procura. Nos
exemplos apresentados:
- o automóvel absorve uma elevada porção do rendimento do consumidor, pelo
seu elevado preço. Imaginemos que um automóvel custa, em média, 30.000€, se
o seu preço aumentar 10%, esse aumento é, em termos absolutos, bastante
significativo (aumenta 3.000€), pelo que os consumidores irão reagir bastante a
esse aumento do preço, diminuindo significativamente a compra de automóveis,
daí ter uma procura mais elástica;
- já no caso do lápis, a % do rendimento absorvida é muito reduzida, pelo próprio
valor reduzido dos lápis. Se o preço médio dos lápis for de 1€, e se o seu preço
aumentar 10%, esse aumento (de 0,10€) é tão insignificante que os
consumidores quase nem se vão aperceber do aumento do preço, pelo que irão
reagir muito pouco ao aumento do preço, daí que a procura de lápis não
diminua muito, apresentando uma procura mais rígida.
- o período de tempo que os consumidores levam a ajustar-se à variação dos preços: a
capacidade para ajustar os padrões de consumo a médio/longo prazo, implica que a
EPP seja em geral maior no longo prazo do que no curto prazo.

© Ângela Nobre, Boguslawa Sardinha, Luísa


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Recordando o slide 21, a EPCP/Elasticidade Preço Cruzada da Procura
analisa o impacto que uma alteração no preço de outros bens (substitutos ou
complementares) tem na quantidade procurada do bem X.

A EPCP é definida e calculada de modo semelhante à EPP, sendo que agora


confrontamos a quantidade procurada do bem X (Qdx) com o preço de outro bem
Y (Py) – e não com o preço do mesmo bem (Px), como acontecia na EPP. Assim,
a EPCP mede a variação da quantidade procurada de um bem (QdX) quando o
preço de outros bens (substitutos ou complementares) varia. A definição precisa
de elasticidade é a variação percentual da quantidade procurada do bem X
dividida pela variação percentual do preço do bem Y. Os passos necessários para
o cálculo deste rácio ou divisão são idênticos aos definidos para o cálculo da EPP
(slide 25).

Note-se, porém, que, se na EPP usávamos módulos para simplificação de


cálculos, no caso da EPCP (e o mesmo acontecerá para a ERP!) nunca se fará uso
de módulos, pois o sinal da EPCP, como veremos de seguida, é decisivo para
perceber a relação de consumo entre os bens X e Y (ou seja, para perceber se são
substitutos ou complementares).

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Calculada a EPCP, podemos, assim, classificar a relação de consumo dos dois
bens em análise (X e Y) nos seguintes 3 tipos:

- Bens Substitutos, quando o valor da EPCP é > 0, o mesmo é dizer, a EPCP


apresenta um sinal positivo. Tal acontece quando o numerador da fração
(∆%Qdx) apresenta uma variação no mesmo sentido que o denominador
(∆%Py), o que significa que, se o preço do bem Y (no exemplo dado, café)
aumenta, sabemos, pela Lei da Procura, que, ceteris paribus, a quantidade
procurada do bem Y diminui, aumentando a quantidade procurada de bens
substitutos ao bem Y, como é o caso do bem X (chá); de igual forma, se o
preço do bem Y diminui, a quantidade procurada do bem Y aumenta, ceteris
paribus, e, consequentemente, diminui a quantidade procurada de bens
substitutos ao bem Y, como é o caso bem X; significa, portanto, que há uma
relação direta entre o preço de bens substitutos (Py) e a quantidade procurada
do bem X (QdX).

- Bens Complementares, quando o valor da EPCP é < 0, o mesmo é dizer, a


EPCP apresenta um sinal negativo. Tal acontece quando o numerador da
fração (∆%Qdx) apresenta uma variação em sentido contrário ao denominador
(∆%Py), o que significa que, se o preço do bem Y (no exemplo dado, café)
aumenta, sabemos, pela Lei da Procura, que, ceteris paribus, a quantidade
procurada do bem Y diminui, diminuindo também a quantidade procurada de
bens complementares ao bem Y (que são utilizados em conjunto), como é o

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caso do bem X (açúcar); de igual forma, se o preço do bem Y diminui, a quantidade
procurada do bem Y aumenta, ceteris paribus, e, consequentemente, aumenta a
quantidade procurada de bens complementares ao bem Y, como é o caso bem X;
significa, portanto, que há uma relação inversa entre o preço de bens complementares
(Py) e a quantidade procurada do bem X (QdX).

- Bens indiferentes ou independentes, quando o valor da EPCP é = 0, ou seja, quando a


quantidade procurada do bem X (no exemplo dado, livros) permanece inalterada, ou
seja, não se altera perante aumentos ou diminuições do preço do bem Y (café),
traduzindo que a quantidade procurada do bem X não reage às alterações do preço do
bem Y, o mesmo é dizer que os bens em causa não apresentam qualquer relação de
consumo entre si.

A interpretação do valor concreto da EPCP (idêntica à interpretação que fizemos do valor


da EPP) permite perceber qual a variação percentual que irá ocorrer na quantidade
procurada do bem X (QdX) perante uma variação de 1% no preço do bem Y (Py).
Exemplos:
- EPCPx,y = 0,8, significa que a QdX irá variar (no mesmo sentido) 0,8% perante uma
variação de 1% no Py, ou seja, se o Py aumentar 1%, isso irá provocar um aumento de
0,8% na QdX (e vice-versa).
- EPCPx,y = - 1,5, significa que a QdX irá variar (em sentido oposto) 1,5% perante uma
variação de 1% no Py, ou seja, se o Py aumentar 1%, isso irá provocar uma diminuição
de 1,5% na QdX (e vice-versa).

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Em síntese, a leitura da tabela apresentada permite compreender que,
dependendo da relação de consumo entre os 2 bens, as variações no preço do bem
Y (Py) têm diferentes impactos na quantidade procurada do bem x (QdX):
- Quando os bens são substitutos (EPCP>0), Py e QdX variam no mesmo
sentido, ou seja, o aumento do Py provoca um aumento na QdX,
enquanto a diminuição do Py provoca uma diminuição na QdX;
- Quando os bens são complementares (EPCP<0), Py e QdX variam em
sentido oposto, ou seja, o aumento do Py provoca uma diminuição na
QdX, enquanto a diminuição do Py provoca um aumento na QdX;
- Quando os bens são indiferentes (EPCP=0), Py não tem influência na
QdX, ou seja, mesmo que o Py aumento ou diminua, a QdX vai
permanecer inalterada.

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Finalmente, como vimos no slide 21, a ERP/Elasticidade Rendimento da
Procura analisa o impacto que uma alteração no rendimento dos consumidores
tem na quantidade procurada do bem X, permitindo quantificar a relação entre o
rendimento (Y) e a quantidade procurada do bem X (QdX).

Note-se que, à semelhança das elasticidades anteriores (EPP e EPCP), também a


ERP mede a variação da quantidade procurada de um determinado bem (QdX),
mas neste caso se houver uma alteração no rendimento dos consumidores
(enquanto no caso da EPP era perante a variação no preço do próprio bem (Px), e
no caso da EPCP era perante a variação no preço de outro bem Y (Py)).

A definição precisa de elasticidade é a variação percentual da quantidade


procurada do bem X dividida pela variação percentual do rendimento (Y). Os
passos necessários para o cálculo deste rácio ou divisão são idênticos aos
definidos para o cálculo da EPP (slide 25), com a salvaguarda assinalada no
cálculo da EPCP (slide 32), isto, é, sem recurso a módulo, pois o sinal da ERP,
como veremos de seguida, é decisivo para perceber o impacto que o rendimento
tem no consumo do bem e a respetiva classificação do bem.

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Calculada a ERP, podemos, assim, classificar o bem em análise (bem X) nos
seguintes tipos:

- Bens Normais, quando o valor da ERP é > 0, o mesmo é dizer, a ERP


apresenta um sinal positivo, o que ocorre quando o numerador da fração
(∆%Qdx) apresenta uma variação no mesmo sentido que o denominador
(∆%Y), o que significa que, se o rendimento dos consumidores aumentar, a
quantidade procurada bem X também aumenta, face ao maior poder de compra
que apresentam e se o rendimento diminuir, a quantidade procurada do bem X
diminuirá -- é o que acontece na grande maioria dos bens. Isto significa,
portanto, que, no caso dos bens normais, há uma relação direta entre o
rendimento (Y) e a quantidade procurada do bem X (QdX).

- Bens Inferiores, quando o valor da ERP é < 0, o mesmo é dizer, a ERP


apresenta um sinal negativo, o que ocorre quando o numerador da fração
(∆%Qdx) apresenta uma variação em sentido contrário ao denominador
(∆%Y), o que significa que se o rendimento dos consumidores aumenta, a
quantidade procurada do bem X diminui -- é o que acontece com alguns bens,
designadamente aqueles que podem agora (com a melhoria do poder de
compra dos consumidores!) ser substituídos por outros que os consumidores
mais apreciam mas antes não podiam comprar; de igual forma, se o
rendimento diminuir, a quantidade procurada do bem X aumentará,
substituindo os outros bens cuja procura diminui face à perda de poder de

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compra registada; significa, portanto, que, no caso dos bens inferiores, há uma relação
inversa entre o rendimento (Y) e a quantidade procurada do bem X (QdX). Um dos
exemplos mais comuns apresentados como bens inferiores são os produtos de marca
branca, cujo consumo aumenta quando o rendimento do consumidor e, portanto, o
poder de compra diminui e vice-versa.

Para a maioria dos bens, importa também perceber se os consumidores reagem muito ou
pouco às oscilações do seu rendimento. Assim, no caso dos bens normais, ainda é
possível distinguir as seguintes subclassificações:

- Bens de 1ª necessidade, quando o valor da ERP > 0, mas < 1, ou seja, quando
o numerador da fração (∆%Qdx) é < que o denominador (∆%Y), traduzindo que
a quantidade procurada varia menos que proporcionalmente (ou seja, numa %
menor) relativamente à variação do rendimento; significa, portanto, que a QdX
reage pouco (é menos sensível) às alterações do Y. De fato, é esse o
comportamento tendencial dos consumidores perante os bens essenciais ou de
primeira necessidade, aumentando (diminuindo) a quantidade procurada desses
bens numa proporção menor à subida (descida) do rendimento.
- Bens de luxo, quando o valor da ERP é > 1, ou seja, quando o numerador da
fração (∆%Qdx) é > que o denominador (∆%Y), traduzindo que a quantidade
procurada varia mais que proporcionalmente (ou seja, numa % maior)
relativamente à variação do rendimento; significa, portanto, que a QdX reage
muito (é mais sensível) às alterações do Y. De fato, é esse o comportamento
tendencial dos consumidores perante os bens dispensáveis ou de luxo,
aumentando (diminuindo) a quantidade procurada desses bens numa proporção
maior à subida (descida) do rendimento.

A interpretação do valor concreto da ERP (idêntica à interpretação que fizemos do valor


da EPP e da EPCP) permite perceber qual a variação percentual que irá ocorrer na
quantidade procurada do bem X (QdX) perante uma variação de 1% no rendimento dos
consumidores (Y). Exemplos:
- ERPx = 0,5 significa que a QdX irá variar (no mesmo sentido) 0,5% perante uma
variação de 1% no rendimento, ou seja, se o rendimento aumentar 1%, isso irá provocar
um aumento de 0,5% na QdX (e vice-versa).
- ERPx = - 0,8 significa que a QdX irá variar (em sentido oposto) 0,8% perante uma
variação de 1% no rendimento, ou seja, se o rendimento aumentar 1%, isso irá provocar
uma diminuição de 0,8% na QdX (e vice-versa).

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Em síntese, a leitura da tabela apresentada permite compreender que,
dependendo do tipo do bem em questão, as variações no rendimento dos
consumidores (neste caso estamos a analisar um aumento do rendimento) têm
diferentes impactos na quantidade procurada do bem x (QdX):
- No caso dos bens normais (ERP>0), rendimento (Y) e QdX variam no
mesmo sentido, ou seja, o aumento do rendimento provoca um
aumento na QdX;
Dentro dos bens normais podemos distinguir:
- Os bens de luxo (ERP>1), em que o aumento do
rendimento provoca um aumento mais que proporcional
na QdX;
- Os bens de 1ª necessidade (0<ERP<1), em que o
aumento do rendimento provoca um aumento menos
que proporcional na QdX;
- No caso dos bens inferiores (ERP<0), Y e QdX variam em sentido
oposto, ou seja, o aumento do rendimento provoca uma diminuição na
QdX.

Também poderíamos, em alternativa, analisar para uma diminuição no


rendimento dos consumidores:
- No caso dos bens normais (ERP>0), a diminuição do rendimento
provoca uma diminuição na QdX;

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- Nos bens de luxo (ERP>1), a diminuição do rendimento provoca
uma diminuição mais que proporcional na QdX;
- Nos bens de 1ª necessidade (0<ERP<1), a diminuição do
rendimento provoca uma diminuição menos que proporcional na
QdX;
- No caso dos bens inferiores (ERP<0), a diminuição do rendimento provoca um
aumento na QdX.

© Ângela Nobre, Boguslawa Sardinha, Luísa


Carvalho, Pedro Dominguinhos, Raquel
Pereira, Rogério Silveira, Sandrina Moreira 70

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