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UNIDADE CURRICULAR: Introdução às Ciências Sociais

CÓDIGO: 41036

DOCENTE: Susana Vilas Boas

A preencher pelo estudante

NOME: Soraia Alexandra dos Santos Gonçalves Filipe

N.º DE ESTUDANTE: 2302167

CURSO: Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 20 de Dezembro 2023

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

A comunidade cigana em Portugal, historicamente, tem visto, a ser


perpetuado estereótipos e representação unilaterais sobre a sua si.
Torna-se portanto, necessário ir para além de uma reflexão teórica e
metodológica, sendo crucial o envolvimento enquanto pesquisador, e
a política de conhecimento por si aplicada na produção de saber junto
da comunidade, tendo como principal objectivo uma postura mais
participativa e ética, no tratamento da informação recolhida.

Tendo um papel activo durante a pesquisa em campo, e a influência


que as suas ações poderão desempenhar no processo de produção de
conhecimento, destaca-se a necessidade de transparência sobre as
escolhas feitas, considerando o seu posicionamento ético, a
determinação de metodologias e a forma como as vozes das pessoas
entrevistadas são incorporadas.

Como referenciou Laplantine (2007: 183-184, “ O primeiro tempo é o


da aprendizagem, através do convívio assíduo e de uma verdadeira
impregnação pelo seu objecto. Trata-se de interpretar a sociedade
estudada utilizando os modos de pensamento dessa sociedade, por
assim dizer, naturalizar-se por ela.”

Desta forma e sendo a única forma, de se poder construir um


conhecimento científico válido, é crucial, romper com o senso
comum, nas suas duas formas, onde a primeira teremos de colocar
de parte noções herdadas e na segunda as influências que o nosso
meio sócio-cultural, possam ter sobre o nosso julgamento.

Para aquisição de um conhecimento científico sobre o estudo da


comunidade cigana, é importante repensar as abordagens
metodológicas, que têm sido aplicadas, fomentando a
interdisciplinariedade e promovendo uma visão mais crítica e
participativa, a matriz disciplinar, poderá envolver métodos

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quantitativos ou qualitativos de diversas disciplinas de forma a
conseguir-se obter uma compreensão mais completa.

A falta de estudos, dentro desta comunidade, poderá ser atribuída a


uma visão disciplinar estreita que não reconhece a necessidade de
abordagens mais abrangentes, perpetuando assim estereótipos, ao
invés de uma análise mais holística da realidade vivida nestas
comunidades, que poderão ser relevantes na formulação de políticas
públicas por exemplo.

É necessário então encontrar uma linha orientadora, para a


construção do conhecimento. Esta linha que surge da problemática
teórica, que consiste na formulação de questões, que irão servir para
iniciar a investigação. Nestas questões deverá ser focado a realidade
social e através delas poderá escolher-se qual o melhor método a
aplicar em primeiro lugar.

Utilizando paradigmas, é possível desconstruir ideias, resultantes das


várias teorias (matriz disciplinar), até aí resultantes. A adoção de um
paradigma interpretativo, permitirá uma compreensão mais profunda
das experiências e significados subjacentes às práticas culturais dos
ciganos, superando abordagens puramente objectivas, um paradigma
pluralista, permitirá reconhecer a diversidade dentro da comunidade
cigana, evitando generalizações e destacando diferentes experiências
e identidades presentes e a implementação um paradigma
participativo, permitirá a envolvendo-se da comunidade no processo
de pesquisa, valorizando as suas perspectivas e contribuindo para a
produção de um conhecimento mais colaborativo.

“Do ponto de vista da produção Social dos sentidos, historicamente


os grupos Romani, sempre receberam nomeações e classificações que
foram atribuídas pelos não ciganos, que tinham e têm essa
necessidade para exercer controlo sobre essas sociedades” (Silva,
2018; Silva e Araújo, 2015).

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O único caminho, para a produção de um conhecimento científico
sobre esta comunidade passa como já foi indicado anteriormente pela
sua interdisplinariedade, mas, obviamente, que esta produção
enfrenta desafios, para os quais deverá ser feito um esforço adicional
de criticidade, de forma a poder identificar e supera-los à luz do
objectivo final, de transparência e veracidade dos conhecimentos
produzidos.

Torna-se crucial, evitar interpretações baseadas na nossa própria


cultura, deve-se procurar compreender a perspectiva cigana sem
ideias pré-concebidas, aqui falamos do etnocentrismo e a
familiaridade com o social e senso comum. Uma vez que também a
nós estamos inseridos numa sociedades, e que esta, na sua
generalidade, poderá ter à partida ideias e ideais, pré-concebidos
pelo objecto em investigação.

Outro obstáculo, poderá, surgir com a generalização de algumas


características culturais. O reconhecimento da dicotomia entre
natureza e cultura e a dicotomia entre indivíduo e sociedade, é
necessário, para reconhecimento da diversidade dentro da
comunidade cigana em termos de tradições, práticas e identidades. É
esperado aqui um certo comportamento social, inerente, à sua
pertença, na comunidade. Estes comportamento são ensinados e
aprendidos de forma a que estes elementos façam parte dela, sem
conflito, uma vez que um não existe sem o outro. Não há
reconhecimento de indivíduos sem sociedade nem sociedade sem o
reconhecimento de indivíduos. Só com esta tomada de atenção é
possível evitar, a proliferação de estigmas.

É ainda importante ressalvar a importância de reconhecer e superar,


algumas interpretações históricas, que têm por base uma distorção
da realidade, que podem influenciar a análise, tendo em conta os

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contextos específicos e a evolução temporal da comunidade em
Portugal.

É importante também, dentro desta temática ter em conta que as


desigualdades sociais estruturadas, podem influenciar uma vez que
esta comunidade tem vindo a ser marginalizada ao longo dos anos.

A constatação destas limitações epistemológicas ressalvam a


importância de preencher estas lacunas através de pesquisas que
adotem uma abordagem abrangente, com métodos quantitativos e
qualitativos, sensíveis à diversidade de experiências dentro da
comunidade em Portugal, ajudando a contribuir para uma
desmistificação, relativa às suas práticas, tradições e costumes,
promovendo um conhecimento científico que permita em última
instância a criação de políticas sociais mais eficazes e integradoras,
promovendo um enaltecimento, de uma etnia, através dos seus
costumes, e não o que tem sido feito em grande maioria, que, origina
uma reflexão marginalizada desta comunidade em Portugal.

Bibliografia:

Domingues, J. (29 de Dezembro 2023). Comunidade Cigana: as


inverdades levam à descriminação e exclusão. UALmedia. Disponível
em: https://ualmedia.pt/comunidade-cigana-as-inverdades-que-
levam-a-discriminacao-e-exclusao/

Laplantine, F. (2007). Aprender antropologia. Tradução Marie-Agnès


Chauvel. São Paulo: Brasiliense

Magano, O. (2014), Introodução às Ciências Sociais, Lisboa,


Universidade Aberta.

Silva, A. A. J. (2018). Produção Social de Sentidos em Processos


Interculturais de Comunicação e Saúde: a apropriação das políticas
públicas de saúde para ciganos no Brasil e em Portugal. (Doutorado).

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– Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em
Saúde, Instituto de Comunicação e Informação Científica e
Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz.

Silva, A. A. J.; Araújo, I. S. (2015). Vigilância, controle e políticas


públicas de saúde para ciganos: reflexões sobre desigualdade e
exclusão. In: Colóquio semiótica das mídias, Vol. 6, 1, 2015.
Jarapatinga (AL):Centro Internacional de Comunicação e Semiótica.
UFAL. Disponível em: http://ciseco.org.br/index.php/edicao-4-
2015/194-vigilancia-controle-e-politicas-publicas-de-saude-para-
ciganos-reflexoes-sobre-desigualdade-e-exclusao

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