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UNIDADE CURRICULAR: Psicologia Geral

CÓDIGO: 41050

DOCENTE: Luís Nabais

A preencher pelo estudante

NOME:

N.º DE ESTUDANTE:

CURSO: Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 2023

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Em Portugal o números de idosos com mais de 65 anos, é cada vez maior, nos últimos dados
revelados pelo INE, é possível constatar um aumento expressivo, deste grupo a par com uma
diminuição da população mais jovem.

Neste contexto de envelhecimento populacional, é crucial perceber às dinâmicas associadas à


nossa realidade social. Esta faixa etária, depara-se com desafios de declínio cognitivo,
diretamente ligados à idade, no entanto e face ao número quase exponencial de crescimento
desta faixa, é passível observar preocupações crescentes com outras doenças
neurodegenerativas tais como a demência.

O estudo da memória é fundamental para a compreensão não apenas dos processos


cognitivos individuais, mas também os desafios enfrentamos pela sociedade, dentro deste
contexto de envelhecimento populacional. Vários são os autores, que fazem estudos profundos
sobre este tema, pois só com uma compreensão destas dinâmicas é possível desenvolver
estratégias de apoio adequadas.

O nosso cérebro passa por diferentes estágios durante o processo de envelhecimento, que
poderá resultar num envelhecimento “normal” (CCL) ou não. É portanto crucial distinguir o
envelhecimento normal de condições mais sérias, pois no primeiro as mudanças poderão
incluir uma diminuição subtil na velocidade de processamento, menor agilidade na recordação
de informações especificas e uma redução na capacidade de atenção, No entanto, estas
variações não impedem a funcionalidade quotidiana, ao contrario do declínio com condições
mais serias como as doenças neurodegenerativas que, comprometem substancialmente a
qualidade de vida e a autonomia da pessoa idosa.

“Nós somos em larga medida as nossas memórias (Mota, 2022).

Com o envelhecimento é possível identificar o declínio da memória. A memória episódica, que


esta relacionada com a lembrança de eventos pessoais, tende a reduzir progressivamente,
enquanto a memória semântica, associada ao conhecimento de fatos e conceitos, geralmente
ocorre em idades muito mais avançadas. Estas formas de memória são partes constituintes da
memória declarativa (explicita), que envolve a capacidade consciente de nos recordarmos de
algo. Em contraste a memória não declarativa ou processual (implícita), incluí habilidades
automáticas, como por exemplo lavar os dentes, geralmente permanecem inalteradas ao longo
da vida.

O declínio da memória manifesta-se geralmente através de um processamento de informação


mais lento, uma menor utilização de estratégias de otimização de aprendizagens, dificuldades
de concentração. Estes fatores contribuem para um declínio progressivo na memória imediata
e de curto-prazo. A memória de trabalho também ela poderá sofrer um declínio, sendo esta de

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extrema importância para as tarefas cognitivas tais como a resolução de problemas ou tomada
de decisões. Estes declínio rápido, a nível da memória estão normalmente associados a vários
fatores, que poderão condicionar este declínio.

Segundo Ramos (2003, p.795),” o que esta em jogo na velhice ´é a autonomia, ou seja, a
capacidade de determinar e executar os seus próprios desígnios”.

A capacidade funcional, surge então de mãos dadas com processo da memória. Estudos
realizados revelam que a auto-eficiência é mais baixa nos idosos e que esta se correlaciona
positivamente como desempenho objetivo em tarefas de memorização, a percepção negativa
sobre as suas próprias habilidades pode criar uma aversão a actividades que careçam de um
esforço de memória. Podendo por medo ou falta de confiança levar a reclusão social.

É aqui então desenhado um ciclo vicioso, onde as falhas de memória destes, ao serem
notadas, podem ser interpretadas como sinais de um declínio irreversível, levando à
insegurança, que por sua vez, pode afetar o desempenho clínico (West, Welch & Yassuda,
2000).

O interventor social desempenha aqui um papel crucial, ao ter a responsabilidade de


implementar ações e políticas que promovam o bem-estar dos idosos, tendo em consideração
as nuances associadas à memória e cognição. Este deve de estar ciente das disparidades
sociais que podem influenciar o acesso a recursos e serviços de apoio.

Em Portugal, a equidade no acesso à saúde e serviços sociais é cada vez mais complexa,
derivado a vários factores sócio-económicos e ao aumento da população idosa. No entanto
este interventor, actuará como facilitador, utilizando estratégias como as avaliações
individualizadas que permitem entender as necessidades específicas de cada pessoa, o
desenvolvimento de redes de apoio e implementação de programas de estimulação cognitiva e
sobretudo criar espaço para a educação e informação de forma desmistificar, este processo de
envelhecimento, irá permitir criação de condições, de forma a que os nossos idosos enfrentem
desafios cognitivos com mais confiança, melhorando a sua qualidade de vida e participação na
sociedade.

Os estudos realizados dentro deste campo promovem, a compreensão da importância da


estimulação a nível cognitivo. A memória é o elemento sem o qual, nada somos, nem nada
poderemos ser, e a sua preservação, merece a nossa melhor atenção. A estimulação para um
envelhecimento activo é uma das recomendações, resultantes dos estudos já realizados.

Em Portugal, sente-se agora uma mudança de paradigma, quando relacionada com a


psicologia, e as estratégias que ela sugere. Esperemos que também a população mais velha
tenha acesso a estas vantagens.

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Bibliografia:

Carlomanho, A. M. F., & Soares, E. (2011). Memória e envelhecimento humano: fatores de


risco e estratégias preventivas. In Congresso de Extensão Universitária (p. 952). Universidade
Estadual Paulista (Unesp).

Fonseca, A. M. (2005). Envelhecer em Portugal. Um olhar psicológico. Povos e Culturas, (10),


65-80.

Yassuda, M. S., Lasca, V. B., & Neri, A. L. (2005). Meta-memória e auto-eficácia: um estudo de
validação de instrumentos de pesquisa sobre memória e envelhecimento. Psicologia: reflexão e
crítica, 18, 78-90.

Ramos, L, R, (2003), Determinant factors for healthy aging among senior citizens in a large city:
the Epidoso Project in São Paulo. Cad. Saúde Pública, June, vol19, no3, p.793-797

West, R. L., Welch, D. C., & Yassuda, M. S. (2000). Innovative approaches to memory training
for older adults. Cognitive rehabilitation in old age, 81-105

Gonçalves, I., L., (Anfitrião), Mota, P., G., (Convidado), (2022/11/18), Impertinente, (podcast de
aúdio).https://ffms.pt/pt-pt/ffms-play/inpertinente-podcast/o-que-guarda-nossa-memoria?
utm_campaign=later-linkinbio-fundacao_ffms&utm_content=later-
31881921&utm_medium=social&utm_source=linkin.bio

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