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BACHARELADO EM TEOLOGIA
CAMPINAS - SP
2024
MARCUS PAULO R. U. DE CAMARGO
CAMPINAS- SP
2024
SUMÁRIO
Introdução...................................................................................................................3
Oambientereligiosojudaico....................................................................................4
Ocontextoreligiosonão-judaico..............................................................................8
Filosofiasgreco-romanas,Fílonegnosticismo......................................................9
Conclusão.................................................................................................................12
Referências...............................................................................................................13
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Introdução
Estetrabalhocontemplaumresumodocontextohistóricoreligiosoefilosófico
dopovojudeu,queabrangeofinaldoperíodoveterotestamentário,passandopelas
transformaçõesreligiosasjudaicasdafaseintertestamentáriaesuasinfluências;são
expostostambémosmovimentosreligiososdoperíododoNT.quechegaramaofim
pela revolta judaica que causou a destruição do templo, finalizando umaépocade
escolas de pensamento judaicas divergentes. Ainda são abordadas as religiões
não-judaicasefilosofiasqueestavamemacontecimentoparaleloaocristianismoem
expansão.
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Émuitoimportanteesclarecerqueanomeação“judaísmo”paraomovimento
religiosojudeusedádepoisdasaídadoexíliobabilônicoconcedidapelospersasem
539a.C.,comisso,umretornoàspráticasreligiosasrealizadasnoreinodeJudáfoi
restabelecida. As ofertas de sacrifícios a Deus, hinos e salmos eram cantados,as
principais festas eram celebradas com a “reconstrução do templo”.
Apartirdoexílioecomadiáspora,osjudeusdispersosseencontravampara
manter um pouco das suas expressões religiosas como orações, meditações e
leituras da lei. Nesses encontros se davam as sinagogas, que só posteriormente
vieram a se tornar edifícios com a finalidade cultual.
Nessa nova fase do povo judeu, o restabelecimento da Lei promulgada por
Esdras(Ne8:1-9)porvoltade400a.Ctraziaumanovatonalidadereligiosaemque
afiguradoprofetajánãoeratãopresente.Osjudeusentãoseapegaramcommais
intensidade a Torá para alcançarem a aceitação de Deus. Depois disso, muitas
diferentesposturasreligiosasforamvistas,etrouxeramdiferentesinterpretaçõesda
Lei que duraram até depois de 70 d.C.
Como consequência dessa fase, Josefo, em suas narrações históricas do
período intertestamentário, evidencia três principais partidos, seitas ou escolas de
pensamentoemergentes:osfariseus,ossaduceuseosessênios.Entretanto,Brown
(2012), antes de expor detalhes mais prováveis sobre os três partidos, diz que é
preciso atenção em alguns pontos para então compreender um pouco sobre as
seitas:
Primeiro,essestrêsgruposinicialmentenãorepresentavammuitaimportância
para a maioria dos judeus.
Segundo, as diferenças entre os partidosnãosedavamsomenteemescala
religiosa.
Terceiro, o conhecimento sobre o surgimento de cada um deles é impreciso.
Quarto,osrelatosdeJosefosãoumtantoquantodivergentesaosrelatosdos
rabinos posteriores.
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Com relação propriamente aos grupos religiosos, os saduceus podem ter
raízes no período do sacerdócio de Sadoc, do tempo de Davi. Possivelmente
surgiram no período dos macabeus, relacionados ao sacerdócio do templo de
Jerusalémeaaristocraciahelenizadaquegovernavaemsuaépoca,eporisso,era
um partido distante do povo comum.
Os essênios teriam surgido entre 200 a.C. e 150 a.C. noperíododarevolta
macabaica que era envolvida numa expectativa apocalíptica. A descoberta dos
MMM (Manuscritos do Mar Morto) em 1947, expandiuacompreensãodessaseita,
pois a maior parte dosmanuscritosencontradosvemdeumassentamentoessênio
datado de 150a.Ca70d.C,localizadoemQumran.Suasprincipaiscaracterísticas
eram uma piedade semelhante a grupos monásticos;criamqueossereshumanos
eram guiados pelo Espírito da Verdade ou pelo Espírito da Falsidade; tinham um
“Mestre de Justiça” como intérprete da lei e guia; eles se afastaram do templo
porque,nopontodevistadeles,osacerdócioestavasobcorrupção;formavamuma
comunidade com práticas de vida estritas a Lei que era interpretada pelo seu
mestre; criam que sua comunidade era uma nova aliança e esperavam uma
iminentevindadomessias,pormeiodequemDeusexecutariajustiçaepuniriaseus
inimigos.
Os fariseus, não se preocupavam tanto com o sacerdócio, mas
representavam um rompimento com os governantes asmoneus, descendentes dos
macabeus,quesesecularizaram.ElesfundamentaramsuacrençanaLeideMoisés
e na Lei Oral, com interpretações derivadas da Lei Mosaica. Tinham crenças
diferentes dos saduceus, como por exemplo, criam na ressurreição e em anjos.
Para mostrar a desarmonia entre as seitas que também se estendem pelo
Novo Testamento, alguns conflitos marcantes causadores de desavenças são
citadosporBrown(2012,p.146):“Provavelmente,nofimdoséculoIIa.C.,umsumo
sacerdote(saduceu)desconhecidotentoumataroMestredeJustiçadeQumranno
Dia da Expiação, celebrado numa data peculiar do calendário essênio (lQ pHab
11,2-8 apud).” Também “Alexandre Janeu, saduceu, crucificou oitocentos homens
(aparentemente incluindo fariseus), enquanto suas esposas e filhos eram
dilacerados diante dos olhos deles (Guerra 1.4.6; #97; 1.5.3, #113; Ant.13.14.2,
#380 apud).” Estes e outros acontecimentos conflituosos se deram porque Roma
ainda não havia subjugado a região em que esses conflitos aconteceram.
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O contexto neotestamentário
Entrando no período do NT., Brown ressalta algumas questões importantes
que devem receber atenção pois são parte do contexto do NT e de Jesus:
Primeiramente,qualseriaopartidoreligiosomaisrelevante?Comoresposta,
Josefo quepareceserumpoucoinclinadoacontarahistóriadosfariseusdemodo
enviesado, mostra que os fariseus assumiram um papel de grandedestaqueentre
as pessoasdeseutempoequeatémesmoasoraçõeseritossagradosrealizados
eramdeprocedênciainterpretativadogrupofarisaico.Devidoaproeminênciadesse
partido, os saduceus acabavam se submetendo às suas interpretações.
Segundo, se os fariseus ocupavam esse destaque, porque tamanha ênfase
negativa em cima deste grupo? A figura hipócrita e negativa dos fariseus nos
evangelhos está bem relacionada ao fato de que, possivelmente, no período da
escrita dos evangelhos, poderia haver algum conflito entre cristãos e fariseus.
Entretanto,nodecorrerdodesenvolvimentofarisaico,muitosrabinostinhampráticas
morais equilibradas e sensatas, o que contribui para que não se considere o
movimento farisaico de todo ruim.
Por último,qualarelaçãodeJesuscomestasescolasdepensamento?Não
háconexõesdoministériopúblicodeJesuscomossaduceus,nemmesmovestígios
de semelhança de sua crença com este partido. Mas com relação às outras duas
escolas de pensamento a situação muda. Existem muitas semelhanças entre a
teologia deJesuscomadosfariseus,comoaressurreiçãoeaexistênciadeanjos.
Entreosessênios,parecehavermaisconexõesainda,Browncitaalgunsexemplos:
piedadeextraordinária,desinteressepelosbensmateriais,avidacelibatária.Apesar
desses paralelos, os evangelhos evidenciam práticas em Jesus que se opõem a
esses últimos grupos citados, o que define Jesus como somente um piedoso judeu.
Além das correlações com Jesus, seus primeiros seguidores também
receberam comparações como se o modelo de estrutura das sinagogas teria sido
base para a estrutura da igreja. Outro ponto era se o estilo de vida da igreja com
base na koinonia (igualdade/comunidade) não fazia referências às ideologias dos
essênios de uma vida comunitária.
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ArevoltajudaicasomadaàdestruiçãodotemplodeJerusalémem66-70d.C.
transformou o cenário religioso daquele tempo em diante. De acordo com Brown,
algunsgruposforamdestruídos,incluindoosessênios.Comadestruiçãodotemplo,
os saduceus perderam sua atuação gradualmente, visto que ela se dava no
sacerdócio quesemotemploerairrelevante.Osfariseusparecemtersedissolvido
no movimento rabínico que, diferente dos fariseus, não eram sectários e com o
tempo foram considerados pelas autoridades romanas representantes do povo
judeu. Após este período,ficaramaindamaisdefinidasastensõeseconflitosentre
critãos e judeus que podem ser vistas no relato bíblico. Rabinos formularam uma
espécie de bênção sinagogal que amaldiçoava e denunciava os cristãos e outros
grupos que eram considerados hereges e apóstatas. Estes eram maltratados e
expulsos do seu meio.
Brown menciona duas literaturas judaicas pós-bíblicasquepodemtrazerum
pouco de luz sobre o contexto religioso do NT. Embora elemesmodigaqueestas
obras causam preocupação e exigem confirmações para seu uso, pois podem
abrangercitaçõesdepensamentosepráticasqueabrangemoperíodoentreceme
mil anos depois do tempo de Jesus.
AprimeirasãoosTargunsquesãotraduçõesaramaicasliteraisoulivresdos
livros bíblicos para os judeus que já não falavam hebraico. Em meio aos livros
bíblicos está o Gênesis Apócrifo que foi encontrado em Qumran. Outro material
incluído nos Targuns estãoosMidrashquesãocomentárioslivresdoPentateucoe
de outros livros bíblicos, escritos a partir do séc.II d.C..
AsegundaliteraturaéaMixnáfeitaporvoltade200d.C..Elasetratadeuma
codificaçãoescritaemhebraicodaleioralqueerausadaaoladodaLeiconservada,
o Pentateuco. A autoria daMixnáédeRabiJudá,emborasejamatribuídosaoseu
conteúdocercade150mestresqueviveramentre50a.Ce200d.C..Seuconteúdo
tratadequestõesmuitoimportantesquesãocomoumarespostaliteráriaainfluência
romanasobreopovojudeu.SomadoaoconteúdodaMixnáestãoaTosepta,queé
outra coleção de comentários e leis datadas do séc II ou IV d.C; e mais dois
comentários aramaicos, um chamado Talmude Palestinense e Talmude Babilônico.
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As religiões mistéricas se davam em encenações e cerimônias religiosas
secretas que levavam seus seguidoresaparticipardaimortalidadedosdeuses.Os
envolvidos nesse tipo de religião poderiam vir de qualquer classe e viviam em
companheirismo. Um exemplo dessa religiosidade é o culto ao deus do vinho,
Dionísio, que era cultuado usando bebidas e rituais para que o seus adeptos
pudessem alcançar um transe, e em êxtase, recebiam o dom da vida direto do
contato com seu deus.
Segundo o autor, por mais que a Filosofia seja pouquíssimo abordada no
N.T.,elaaindaéumcampoaserobservado,pelofatodeserocampoquemaisse
aproxima do monoteísmo, ou seja, o campo de pensamento mais próximo do
cristianismo. Brown ainda aponta que ainda que ele aborde as filosofias de forma
individual, as pessoas daqueles tempos escolhiam o que mais lhes agradava de
diversas fontes teológicas e filosóficas.
Platonismo(427-347a.C.)ApesardenãomuitopresentenostemposdoN.T.
o platonismo trouxe embasamento para diversas outras filosofias. (Posteriormente
trouxe enorme influência para os padres da Igreja). Sua doutrina principal trazia o
conceitodemundomaterialemundoideal,noqualsefazianecessárioabrirmãodo
materialpeloespiritual.algumaspessoasfaziamcontrasteentreestepensamentoe
oevangelhodejoãoondedizqueJesusveiodoaltoparatrazeraverdade(Jo.3,31;
1,9; 4,23).
Epicureus (342-270 a.C.): Epicuro era um homem bom e honesto, ao
contrário da expressão “epicurismo” onde se encontra os prazeres na lascívia e
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imoralidades sexuais, não usava palavreado rebuscado para tratar com pessoas
comuns,apelavaparaossentidos.NãoacreditavanaexistênciadeDeusoudeuses,
nem que estes teriam algo que ver com a criação da humanidade, tinha a morte
como o fim da vida e nada mais existia após esta. “Considerando os princípios
fundamentais do epicurismo, não admira que os atenienses se rissem do discurso
de Paulo no Areópago, quando ele pregou Jesus e a ressurreição (At 17.18-32).”
(Tenney, 2008, p.87). ”O pensamento epicurista explicaria por que Paulodizquea
pregaçãodoCristocrucificadoéloucuraparaosgregos(1Cor1,23).”.(Brown,2004.
p.160).
Sofistas (algo entre 483 a.C. e 376 a.C.): Havia filósofos sofistas, mas não
havia filosofia sofista. Os sofistas viajavam de cidade em cidade vendendo seus
ensinamentos. Enfatizavam o sucesso material e eram famosos por conseguirem
discutir sobre qualquer assunto, sendo o assunto verdadeiro ou não, daí vem o
termopejorativo“sofisma”,termoquedesignaumaargumentaçãocomfinalidadede
gerarilusãodaverdade.OautorfazumcomparativocomainsistênciadePauloem
pregar a respeito de Jesus com a prática dos mestres sofistas da cidade.
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período datado dos escritos de João. Segundo o autor “é bem possível que os
‘anticristos’ que abandonaram a comunidade joanina (1Jo. 2,18-19) tornaram-se
gnósticos e levaram o evangelho para aquele ambiente.”.
Conclusão
Referências
BROWN,RaymondE..IntroduçãoaoNovoTestamento.2.ed.SãoPaulo:Paulinas,2012.
141-167 p. ISBN 978-85-356-1343-8.
TENNEY, Merrill C.. O Novo Testamento sua origem e análise. São Paulo: Shedd
Publicações, 2008.