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POLÍCIA MILITAR DA BAHIA

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR


CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
(CESP 2023)

DISCIPLINA: SISTEMA DE SEGURANÇA E DEFESA SOCIAL


DOCENTE: ADELSON GUIMARÃES DE OLIVEIRA – CEL Ref. PM

EUDER DOS SANTOS NASCIMENTO – CAP QOPMBA

RESENHA CRÍTICA
O ESPÍRITO MILITAR:
UM ANTROPÓLOGO NA CASERNA

Salvador-BA
2024
EUDER DOS SANTOS NASCIMENTO – CAP QOPMBA

RESUMO DO LIVRO
O ESPÍRITO MILITAR:
UM ANTROPÓLOGO NA CASERNA

Resumo do livro O Espírito Militar: Um


antropólogo na caserna, apresentado ao
docente da disciplina: Sistema de
Segurança e Defesa Social, do Curso de
Especialização em Segurança Pública, da
Academia de Polícia Militar da Bahia, como
requisito de avaliação.

Docente: Adelson Guimarães de Oliveira


Cel Ref. PM.

Salvador-BA
2024
CELSO, Castro. O Espírito Militar: um antropólogo na caserna. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor Ltda, 2013.

O Espírito Militar: um antropólogo na caserna.

No capítulo inaugural, MILITARES E PAISANOS, o autor utiliza uma


narrativa descritiva do processo de ruptura do estilo de vida civil para a militarização do
neófito cadete ao ingressa na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN.

Expressões como “bicho”, nominação dada aos alunos do primeiro ano do


curso, explicitam o rigor do tratamento que lhes é dado, bem como a pressão que
sofrem a fim de desenvolverem o perfil militar desejado, através de estímulos que
otimizem o desenvolvimento do “ethos guerreiro”, como a prática constante de
educação física , de ordem unida e a submissão dos cadetes a vexatórios trotes durante
a rotina de aquartelamento.

A camaradagem, o companheirismo, a honra, a chefia/liderança, a vibração


e o comprometimento, são conceitos exaustivamente trabalhados no período inicial de
curso. A fiscalização intensa das rotinas e o rigoroso cumprimento de horários visam
nivelar a nova turma que ingressa na Academia Militar, havendo significativos estímulos
as atividades coletivas, em detrimento do individualismo.

A vida civil é continuamente contrastada com os valores e a busca pela


perfeição da vida militar. Discursos opondo a qualidade da pedagogia, a segurança da
engenharia, a limpeza dos quartéis e a dedicação dos profissionais militares em relação
aos civis, nominados de “paisanas”, são esforços continuados para desenvolver o
sentimento de pertencimento no jovem cadete.

No capítulo 2, OS ESPÍRITOS DAS ARMAS, o autor focaliza um importante


e crucial momento da vida do cadete, que é a escolha de uma das sete Armas de
combate do Exército brasileiro (infantaria, engenharia, artilharia, intendência, cavalaria,
comunicações e material bélico). Após esta etapa, o militar deixa para trás a fase de
“bicho”, ingressando efetivamente em uma atividade profissionalizante específica da
carreira militar, passando a ter alojamento, refeitório, educação e rotina próprias da
arma escolhida, a qual é realizada através de um processo de escolha individualizado,
de acordo com a classificação do cadete no curso, ou seja, obedecendo-se o critério
de antiguidade.
A Infantaria é a arma que se apresenta na frente do combate, o infante
mantém contato físico direto com o oponente. Enquanto que a Cavalaria atua pelos
flancos e a Artilharia apoia diretamente a ambos. A Engenharia, apoia todas as demais
Armas, em especial a Infantaria, dando-lhe o suporte necessário para transpor os
obstáculos. O Material Bélico, as Comunicações e a Intendência, são a retaguarda da
frente de combate, cedendo suporte técnico.

No capítulo 3, DIGRESSÃO: UMA HISTÓRIA DA ACADEMIA MILITAR, o


autor discorre sobre a histoiricidade dialógica acerca do perfil ideal intentado na
formação do oficial militar. Todavia, partir da década de 1930 se estabelecem cinco
pontos centrais a serem trabalhados: a) a relevância do curso na carreira dos oficiais,
condição para ingresso e ascensão hierárquica; b) o regime de enquadramento militar;
c) a homogeneização do corpo discente; d) a igualdade formal entre as Armas; e, e) a
valorização da classificação escolar e consequentemente do mérito individual.

No capítulo 4, OS CADETES E O MUNDO DE FORA, há uma análise da


percepção dos cadetes extra-muros, relacionando a rotina de outros jovens do mesmo
círculo social, a exemplo dos universitários, com o prestígio e a honra da farda dos
cadetes.

Por fim, no capítulo 5, UM ANTROPÓLOGO NA CASERNA, o autor discorre


sobre a sua peleja invetigativa e antropológica para a elaboração da obra. O fato de
ser filho de um oficial superior da reserva do Exército brasileiro contribui efetivamente
para a sua aproximação do público alvo da pesquisa, os cadetes.

Conforme se observou alhures, a obra possui importante e escasso conteúdo


bibliográfico para a compreensão da formação militar, das rotinas acadêmicas e do
perfil intentado pela direção pedagógica de uma escola militar de status superior. A
dificuldade de acesso ao cotidiano intra-muros dos quartéis e o estudo de um público
tão peculiar dificultam a amplitude da produção científica em torno do tema, portanto,
esta obra possui singular valor antropológico.

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