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POLÍCIA MILITAR DA BAHIA

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR


CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
(CESP 2023)

DISCIPLINA: SISTEMA DE SEGURANÇA E DEFESA SOCIAL


DOCENTE: ADELSON GUIMARÃES DE OLIVEIRA – CEL Ref. PM

GILVAN PEREIRA DE OLIVEIRA – CAP QOPMBA

RESUMO DO LIVRO
O ESPÍRITO MILITAR:
UM ANTROPÓLOGO NA CASERNA

Salvador/BA
2023
GILVAN PEREIRA DE OLIVEIRA – CAP QOPMBA

RESUMO DO LIVRO
O ESPÍRITO MILITAR:
UM ANTROPÓLOGO NA CASERNA

Resumo do livro O Espírito Militar: Um


antropólogo na caserna, apresentado ao
docente da disciplina: Sistema de Segurança e
Defesa Social, do Curso de Especialização em
Segurança Pública, da Academia de Polícia
Militar da Bahia, como requisito de
avaliação.

Docente: Adelson Guimarães de Oliveira Cel


Ref. PM

Salvador/BA
2023
CELSO, Castro. O Espírito Militar: um antropólogo na caserna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor Ltda, 2013.

O Espírito Militar: um antropólogo na caserna.

No capítulo MILITARES E PAISANOS, o autor faz uma descrição pormenorizada


de todo o processo de transformação a que é submetido o novato ao ingressar na AMAN,
Academia Militar das Agulhas Negras, pautando suas conclusões a partir de entrevistas junto
aos cadetes e oficiais daquela instituição de ensino. Descrevendo um conjunto de protocolos,
formais e informais, o autor mostra a forma brusca e intensa que marcam a passagem de um
estilo de vida civil para o modo de vida militar.

A “pressão” é a marca cotidiana na vida do cadete, o “bicho”, na caserna. Ordem


unida, educação física, instruções sobre regulamentos, “trotes”, dentre outras atividades,
ilustram a intensidade e variedade de atividades da semana de adaptação dos neófitos, cujo
objetivo é homogeneizar ou nivelar os cadetes em relação ao nível da formação militar.
Conceitos importantes são conhecidos nessa primeira fase, tais como: camaradagem,
companheirismo, honra, chefia/liderança, vibração, comprometimento etc.

Para o autor, a socialização dos militares na AMAN é produzida através de um


“espírito militar”, caracterizado a partir de um conjunto de crenças e elementos fundamentados
numa divisão entre o “aqui dentro” e o “lá fora” da corporação. Nesse contexto, “militares” e
“paisanos” são opostos dotados de atributos distintos, particularmente de índole moral.

Essas características, ainda segundo o autor, delineiam a oposição entre a ordem, a


correção e o espírito de coletividade, caracterizadores da vida na caserna, em oposição à
desordem, desatenção e o individualismo característicos da conduta dos “paisanos” ou civis.

No capítulo OS ESPÍRITOS DAS ARMAS, o autor descreve o momento em que o


cadete é chamado a escolher uma das sete Armas de combate do Exército brasileiro (infantaria,
engenharia, artilharia, intendência, cavalaria, comunicações e material bélico), quando então
passará para a fase de educação profissional, numa escolha definitiva para toda sua carreira
militar. O ato de escolha é feito individualmente e conforme a classificação de cada cadete. A
partir desse momento, finda-se os trotes e o cadete passa a “seguir seu próprio caminho” entre
irmãos de Arma, em alojamentos próprios, diferente mesa no refeitório e atividades específicas
para cada Arma.

No entanto, segundo o autor, esta escolha não é fácil e, nesse sentido, muitos
critérios são avaliados para obtenção desta escolha. Alguns optam pelo critério “local de
servir”, já que cada Arma possui unidade em cidades específicas do território brasileiro. Outros
baseiam suas escolhas pelo idealismo seguindo sua paixão, sua vibração, seu gosto pessoal.
Nas exatas palavras do autor, “cada Arma exige características de conduta e personalidade”.
Cada Arma tem um espírito e um conjunto de elementos e símbolos comuns que a distingue
das demais, tais como: missões, canções, motes, emblemas, patronos etc. aos quais o cadete
deve se amoldar.

A seguir o autor descreve características próprias de cada Arma e do militar que a


integra: A Infantaria se dispõe em toda frente de combate. O infante mantém contato físico
direto com o inimigo, se sobressai por sua resistência física, suportando a falta de sono, de
comida e de conforto. A Cavalaria atua pelos flancos, no passado com os cavalos, no presente
com os tanques blindados. O cavalariano é um combatente corajoso e rápido. A Artilharia
apoia diretamente a Infantaria e a Cavalaria. O artilheiro executa um trabalho técnico, por isso
precisa ser meticuloso e exato. A Engenharia, no front, apoia as demais Armas, especialmente
a Infantaria, dando-lhe o suporte necessário para superação de obstáculos. As Armas restantes,
quais sejam, Material Bélico, Comunicações e Intendência, posicionam-se à retaguarda da
frente de combate, oferendo apoio técnico.

No capítulo DIGRESSÃO: UMA HISTÓRIA DA ACADEMIA MILITAR, o


pesquisador realiza uma viagem no passado e apresenta a história da AMAN (a partir de 1810),
trilhando pela história da profissionalização militar no Brasil, quanto aos debates entre
diferentes orientações sobre o perfil militar ideal que se almejava formar. Chama a atenção
nesse Destaca-se, um movimento oscilante entre a de elementos profissionais/militares ou
científicos/acadêmicos na formação dos futuros oficiais. Somente a partir da década de 1930
que se estabelece certo equilíbrio do currículo e na organização da academia, baseada em cinco
pontos centrais:

1) a relevância do curso na carreira dos oficiais, condição para ingresso e ascensão hierárquica;

2) o regime de enquadramento militar;

3) a homogeneização do corpo discente;

4) a igualdade formal entre as Armas e

5) a valorização da classificação escolar e consequentemente do mérito individual.

No capítulo OS CADETES E O MUNDO DE FORA, o autor apresenta, através dos


discursos dos cadetes, a identidade social do militar como uma construção natural da tensão
entre a “visão ideal” do mundo da caserna e a experiência do “mundo de fora”, ou seja, a
vivência dos cadetes em outros espaços extra muros da academia. Nesse cenário, há a
percepção de um descompasso entre a vida dentro da AMAN e aquela das camadas médias que
constituiriam seu círculo social principal. É em comparação com outros grupos de jovens,
geralmente estudantes universitários, que os cadetes medem o efeito do “prestígio da farda”,
bem como reforçam ou desconstroem as visões sobre si mesmos e sobre a instituição militar.

Por derradeiro, no capítulo UM ANTROPÓLOGO NA CASERNA, o autor explora


a dimensão reflexiva da pesquisa antropológica e apresenta o percurso de sua investigação. Se
nos primeiros capítulos, o autor aparece de forma secundária como um espectador e
entrevistador, que apresenta e analisa. Somente nos dois últimos capítulos do livro que
passamos a entender as estratégias mobilizadas pelo pesquisador em sua experiência de campo.
Podemos, assim, visualizar os tipos de relação construídas entre o antropólogo e o público de
sua pesquisa.

Membro da família militar, filho de um oficial superior já na reserva do Exército


brasileiro ao tempo da pesquisa, esse elemento facilitou as relações do autor com o mundo da
caserna, fator importante que permitiu o estabelecimento de uma relação de confiança com
seus interlocutores, já que estes o identificavam como pertencente àquele mundo. Neste último
capítulo, o autor se atém a relatar a forma como fora recebido na AMAN e conclui admitindo
que diversos aspectos da vida militar deixados em segundo plano, de modo que se ateve para
aproveitar o que a Academia parecia oferecer de mais relevante: a construção do espírito
militar.

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