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PMBA01-MT-03.

001

MANUAL
DE DOUTRINA DE POLÍCIA OSTENSIVA

POLÍCIA MILITAR
PMBA01-MT-03.001

2020
Manual de Doutrina de
Polícia Ostensiva

PMBA01-MT-03.001
Governador do Estado Da Bahia
Rui Costa dos Santos

Secretário de Segurança Pública


Maurício Teles Barbosa

Comandante-Geral da Polícia Militar Da Bahia


Anselmo Alves Brandão - Coronel PM

Subcomandante-Geral da Polícia Militar Da Bahia


Paulo de Tarso Alonso Uzêda - Coronel PM

Comandante de Operações da Polícia Militar Da Bahia


Humberto Costa Sturaro Filho - Coronel PM
POLÍCIA MILITAR DA BAHIA

Manual de Doutrina de
Polícia Ostensiva

PMBA01-MT-03.001

1ª Edição​
Salvador, 2020
VENDA PROIBIDA
É pemitida a reprodução de dados e informações contidos nesta publicação, desde que citada a
fonte.
Comissão Editorial
Supervisor Geral Luiz Henrique Guedes Pires – CAP PM
Paulo de Tarso Alonso Uzêda – CEL PM Wilner Souto dos Reis Neves – CAP PM
Roberto José da Silva – CAP PM
Coodenador Roberto Bonfim da Fonseca – CAP PM
Jorge Ubirajara Pedreira – CEL PM Felipe Pedreira Perazzo – CAP PM
Carla Sousa de Oliveira – CAP PM
Redação Rafael Silveira de Souza – CAP PM
Marcelo Carvalho do Espírito Santo – MAJ PM Arthur Miranda de Faria – CAP PM
Maria de Oliveira Silva – CAP PM Júlio Cezar Muniz Lisboa – CAP PM
Roberto Cesar Pinho de Oliveira – CAP PM Alcilene Coutinho Ramso Assunção – CAP PM
Leandro Santos Santana – CAP PM Alessandra Brito dos Santos Souza – CAP PM
Marcos Paulo Melo Viroli – CAP PM Cristiane Alves Brito – TEN PM
Carlos André Neves Nogueira in memorian – CAP PM Tiago Marcelino Portela Pinheiro – TEN PM
Flúvio Arlei Andrade de Souza – TEN PM
Colaboradores
Alex dos Santos Figueiredo – MAJ PM Revisão Textual
Marcelo Jorge Franco Pires – MAJ PM Maria de Oliveira Silva – CAP PM
Telmo Carvalho Do Espírito Santo – MAJ PM Antônia Lilian Santana de Cerqueira – AL OF PM
Orlando Rodrigues Pereira Filho – MAJ PM
Elison Santos Oliveira – CAP PM Projeto Gráfico e Diagramação
Monivon dos Santos Costa – CAP PM Renan Alcântara Sant'Ana – SD 1ª CL PM
Luiz Cláudio de Jesus Nascimento – CAP PM Rogerio Chaves Barreto – SD 1ª CL PM

Informações
©2020. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA Telefones: (71) 3116-8857/8945/8876

COMANDO DE OPERAÇÕES POLICIAIS MILITARES Correio Eletrônico: coppm.esp@pm.ba.gov.br

Praça Azpicueta Navarro, S/N, - Largo dos Aflitos www.pm.ba.gov.br

40.060-030 | Salvador- BA Tiragem desta edição: 1.000 exemplares.

Ficha Catalográfica Polícia Militar da Bahia

Manual de Doutrina de Polícia Ostensiva da PMBA: PMBA01-MT-03.001. /


Polícia Militar da Bahia -- Salvador, 2020.
133 p.; il.

1. Polícia Militar - BAHIA. 2. Doutrina. 3. Polícia Ostensiva. 4. Sistema de


Policiamento. 5. Emprego Operacional. 6. Segurança Pública. I. Pedreira,
Jorge Ubirajara – Cel PM (Coordenador). II. Título.

CDD 353.9

Ficha catalográfica elaborada por Dourival da S. Guimarães Sobrinho.


CRB-5: BA0013650/0
5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BCS Base Comunitária de Segurança


BEIC Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação
BEPE Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos
Cel PM Coronel da Polícia Militar
CG Comando-Geral
CIPM Companhia Independente de Polícia Militar
COPPM Comando de Operações Policiais Militares
CPE Comando de Policiamento Especializado
CPR Comando de Policiamento Regional
CPR-Chp Comando de Policiamento da Região da Chapada
CPR-SO Comando de Policiamento da Região Sudoeste
CVLI Crimes Violentos Letais Intencionais
CVP Crimes Violentos Contra o Patrimônio
DMT Departamento de Modernização e Tecnologia
MDPO Manual de Doutrina de Polícia Ostensiva
OPM Organização Policial-Militar
Plano Estratégico do Sistema Estadual de Segurança
PLANESP
Pública
PM Polícia Militar
PMBA Polícia Militar da Bahia
PMSC Polícia Militar de Santa Catarina
POI Policiamento Ostensivo Integrado
PPCid Projeto Polícia Cidadã
POP Procedimento Operacional Padrão
SSP Secretaria de Segurança Pública
UOPM Unidade Operacional Policial-Militar

Fonte: A Comissão
LISTA DE FIGURAS

A Polícia Ostensiva e as fases do poder de polí-


Figura 1 40
cia
Figura 2 A amplitude da preservação da ordem pública 41

A preservação da ordem pública nas missões da


Figura 3 43
Polícia ostensiva
Diagrama das variáveis de Policiamento Ostensi-
Figura 4 79
vo na Bahia
Sistema de Policiamento Ostensivo Eclético
Figura 5 95
(SPOE)
Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido
Figura 6 99
(SPOH)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Indicadores da missão da UOPM 23

Princípios e Eixos Estruturantes da Estratégia


Quadro 2 62
Operacional
Resultados Alcançados pelos Princípios e Eixos
Quadro 3 62
Estruturantes da Estratégia Operacional
Espaço físico de atuação das organizações poli-
Quadro 4 106
ciais militares
Quadro 5 Organização das Zonas de Atuação da PMBA 115

Articulação operacional do Sistema de Policia-


Quadro 6 118
mento Ostensivo
Quadro 7 Matriz do Sistema de Policiamento e Prioridades 121
Sumário
CAPÍTULO I - FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS E SUA EVOLUÇÃO
HISTÓRICA.......................................................................................................15
1. APRESENTAÇÃO.......................................................................................15
2. OBJETIVOS.................................................................................................16
2.1 GERAL........................................................................................................16
2.2 ESPECIFICOS...........................................................................................16
3. HISTÓRICO DAS DOUTRINAS DE EMPREGO OPERACIONAL NA
PMBA.................................................................................................................17
3.1  DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL.......................................... 17
3.2  O POLICIAMENTO OSTENSIVO INTEGRADO (POI) NA PMBA.......... 18
3.3  O PROJETO POLÍCIA CIDADÃ (PPCID) NA PMBA............................... 20
3.4 A EXPANSÃO DO POLICIAMENTO TÁTICO E ESPECIALIZADO
NA BAHIA..........................................................................................................25
4.  POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA................................................. 28
4.1  NO CENÁRIO NACIONAL........................................................................ 28
4.2  NO CENÁRIO ESTADUAL........................................................................ 33
5. DOUTRINAÇÃO..........................................................................................35
5.1  MARCO CONCEITUAL............................................................................. 44
5.2  CONSEQUÊNCIAS QUE DERIVAM DA DOUTRINA.............................. 45
5.3  PRESSUPOSTOS BÁSICOS.................................................................... 45
5.4  PREMISSAS DO PLANEJAMENTO E DA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES
DE POLÍCIA OSTENSIVA................................................................................ 47
6.  CONTEXTO ESTRATÉGICO...................................................................... 47
6.1  SEGURANÇA, SEGURANÇA HUMANA E DEFESA SOCIAL................ 47
6.2  AMEAÇAS E RISCOS............................................................................... 50
7.  PLANEJAMENTO OPERACIONAL........................................................... 51

CAPÍTULO II - CONCEITOS E DIRETRIZES BÁSICAS.............................. 53


1.  CONCEITOS DE POLÍCIA OSTENSIVA................................................... 53
2.  DIRETRIZES BÁSICAS PARA O SISTEMA DE GESTÃO DE POLÍCIA
OSTENSIVA DA PMBA.................................................................................... 60
3.  A ESTRATÉGIA OPERACIONAL DA PMBA............................................ 61

11
CAPÍTULO III - PRINCÍPIOS, VARIÁVEIS, REQUISITOS BÁSICOS,
FORMAS DE EMPENHO DE POLÍCIA OSTENSIVA.................................... 63
1.  PRINCÍPIOS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO..................................... 63
2.  VARIÁVEIS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO....................................... 68
2.1  TIPOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO.............................................. 68
2.2 PROCESSO...............................................................................................70
2.3 MODALIDADES.........................................................................................71
2.4 CIRCUNSTÂNCIA...................................................................................... 73
2.5 SERVIÇO....................................................................................................73
2.6 LUGAR........................................................................................................74
2.7 EFETIVO....................................................................................................74
2.8 FORMA.......................................................................................................75
2.9  DURAÇÃO DO TRABALHO OPERACIONAL.......................................... 75
2.10 SUPLEMENTAÇÃO................................................................................. 76
2.11  DESEMPENHO E PERFORMANCE...................................................... 77
3.  REQUISITOS BÁSICOS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO................. 80
4.  FORMAS DE EMPENHO EM OCORRÊNCIAS........................................ 81
5.  ESTRATÉGIAS E PROGRAMAS DE POLICIAMENTO.......................... 84
5.1  ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO...................................................... 84
5.2  PROGRAMAS DE POLICIAMENTO........................................................ 85

CAPÍTULO IV - SISTEMA DE POLICIAMENTO E DOUTRINA DE EMPREGO


OPERACIONAL................................................................................................91
1.  SISTEMAS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO ....................................... 91
1.1  CONCEITOS DOS SISTEMAS DE POLICIAMENTO............................. 93
2.  DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL APLICADA AO SISTEMA
DE POLICIAMENTO OSTENSIVO HÍBRIDO (SPOH).................................. 98
2.1  INTEGRAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS SISTEMAS DAS ESTRATÉGIAS
E PROGRAMAS DE POLICIAMENTO NO SISTEMA DE POLICIAMENTO
OSTENSIVO HÍBRIDO (SPOH)...................................................................... 98
2.2  OBJETIVOS DA DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL............ 101
2.3  O MODELO ATUAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADE........................... 107
2.4 FUNDAMENTOS DA DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL
DA PMBA.........................................................................................................108

12
2.5  ESTRATÉGIAS DE EMPREGO OPERACIONAL.................................. 109
2.6  PRINCÍPIOS DO EMPREGO OPERACIONAL DA PMBA.................... 110
3.  ELEMENTOS DO PODER DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA...... 113
3.1 LIDERANÇA............................................................................................. 113
3.2 INFORMAÇÕES....................................................................................... 114
3.3  COMANDO E CONTROLE..................................................................... 114
3.4 INTELIGÊNCIA........................................................................................ 114
3.5 LOGÍSTICA............................................................................................... 114
3.6 PROTEÇÃO............................................................................................. 114
4.  ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO EM ZONAS DE ATUAÇÃO................ 115
5.  PLANO DE POLICIAMENTO INTELIGENTE......................................... 116
6.  EMPREGO DAS FORÇAS DE POLÍCIA OSTENSIVA.......................... 118
7. PRINCIPAIS IMPLICAÇÕES PARA O EMPREGO DA POLÍCIA
OSTENSIVA....................................................................................................122
7.1  COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS REQUERIDAS...................... 122
7.2  CAPACIDADES OPERATIVAS REQUERIDAS..................................... 125

REFERÊNCIAS..............................................................................................129

13
“Numa concepção mais moderna, a ação de
planejar é considerada um processo contínuo e
dinâmico, empregrado pela inteligência para a
solução de problemas.”
Guedes, 1990.

14
CAPÍTULO I -
FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1.  APRESENTAÇÃO

A doutrina de polícia ostensiva, atenta e sensível aos fenômenos


que ocorreram na área da segurança pública e áreas correlatas, vem
buscando fomentar, desde o advento da Constituição Federal de 1988, na
área da segurança pública, a aproximação com a comunidade, objetivando,
especialmente, a resolução colaborativa dos problemas de segurança, através
do envolvimento dos diversos atores sociais, instituindo assim uma ação legal,
legítima, estratégica e política, tornando-a absolutamente pertinente e adequada
para o eficaz exercício da atividade de polícia ostensiva.
No caminhar desta evolução, verifica-se a abordagem dos aspectos
de fundamentos constitucionais de polícia ostensiva e do exercício de poder
de polícia, robustecidos pelos conceitos de ordem pública, de preservação da
ordem pública e de competências constitutivas das Polícias Militares.
Na Polícia Militar da Bahia, a doutrina adotada e seguida busca reunir e
dispor da natural evolução do processo operativo desenvolvido ao longo dos tempos,
aprimorando-se com a inserção de conceitos e procedimentos de policiamento
modernos, objetivando adequar o passado às ações comprovadamente exitosas
do presente, pavimentando, assim, uma via mais promissora para o futuro.
Sua composição compreende níveis político, estratégico e operacional,
tornando a atividade de execução do policiamento ostensivo mais axiomática, alinhada
à estratégia operacional da instituição, adequando a realidade da execução aos modos,
modelos e meios disponíveis, resultando numa melhor adaptação às peculiaridades
regionais e locais típicas de um estado com dimensões continentais como a Bahia.
Assim, a presente doutrina credita-se como um dos principais vetores do
processo de firmação da PMBA perante o cenário nacional como uma instituição
prestadora de serviços policiais militares de excelência a todos os baianos e
àqueles que visitam o nosso Estado, tendo como base: a preservação da vida,
a gestão da qualidade, a polícia de proximidade e resolubilidade, a garantia dos
direitos humanos e a repressão policial militar qualificada.

15
Visando consolidar a Doutrina de Polícia Ostensiva da PMBA, o presente
Manual apresenta seus fundamentos que, entre outras coisas, compreende
ordem, consentimento, sanção e fiscalização de polícia, além de estabelecer
normas e orientações gerais sobre princípios, conceitos e características da
atividade de policiamento ostensivo, suas estratégias e seus sistemas, e é
destinado a orientar o emprego da força policial militar da Bahia no cumprimento
de suas missões e tarefas, no âmbito das Unidades Operacionais.
Os desdobramentos de atividades específicas, necessários ao perfeito
entendimento das missões a serem particularmente desenvolvidas, estarão contidos
em seus respectivos cadernos de instrução, como forma de melhor organizar todo
conteúdo e permitir as atualizações necessárias de forma sistematizada.

2.  OBJETIVOS

2.1  GERAL

Constituir fonte de consulta fundamental para o desenvolvimento e


sedimentação do ensino, da instrução e do desempenho da atividade de polícia
ostensiva.

2.2  ESPECIFICOS

- Estabelecer normas gerais, que não devem ser ignoradas, tampouco


contrariadas, em desdobramentos, nos Cadernos de Instrução1
específicos de cada “variável de Policiamento Ostensivo”;
- Estabelecer a integração de todas as estruturas dedicadas ao
Policiamento Ostensivo, de modo a culminar num funcionamento
harmônico, pela fixação de uma doutrina, facilitando, assim, a
concepção do planejamento, em seus escalões, visando atingir a
eficiência e a eficácia, na execução da atividade;
- Padronizar procedimentos operacionais comuns aos diversos tipos
de Policiamento Ostensivo;
1  A ser publicado posteriormente.

16
- Ressaltar o aspecto preventivo na execução das atividades policiais
militares;
- Sedimentar a doutrina de atuação da PMBA na execução do
policiamento, a partir concepção dos conceitos de Polícia Ostensiva
e “As fases do poder de polícia”.

3.  HISTÓRICO DAS DOUTRINAS DE EMPREGO OPERACIONAL


NA PMBA

3.1  DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL

Os resultados positivos alcançados pela Polícia Militar da Bahia, depois


da experiência exitosa do Policiamento Ostensivo Integrado (POI), no ano de 1985,
convalidaram o Sistema de Policiamento Ostensivo Integrado, como doutrina de
emprego operacional, tendo um Pelotão de Polícia Militar como unidade básica,
tática e operacionalmente ideal para execução da atividade de linha da corporação,
que foi publicada na Portaria nº CGC/014/06/91 e da Portaria nº 015/06/91, no
BGO nº 124, de 09 de julho de 1991; sendo aquela aprovada como o Manual de
Policiamento Ostensivo e a última ficando responsável por estabelecer normas e
critérios para implantação do referido sistema, respectivamente.
Considerando os aspectos doutrinários, analisamos a obra “O
Planejamento Operacional em Polícia Militar”, onde Guedes (1990, pág. 21-27),
afirma existir 03 (três) tipos de Sistemas de Policiamento Ostensivo:
a. O Especializado;
b. O Integrado;
c. O Eclético ou Misto.

Assim, o autor ressalta que, no Sistema de Policiamento Ostensivo


Integrado, a Organização Policial Militar (OPM) é capaz de atender a todo e qualquer
tipo de ocorrência, utilizando-se para tal de todos os tipos de policiamento; que o
Sistema de Policiamento Ostensivo Especializado era aquele no qual a Unidade
Básica de PM (Batalhão, Companhia, Esquadrão ou Regimento) executava um só
tipo de policiamento ostensivo no cumprimento de sua missão.

17
E, por conseguinte, o Sistema de Policiamento Ostensivo Eclético trazia
uma agregação do Especializado com o Integrado, dando ênfase ao modelo
Especializado, quando desempenhado na Região Metropolitana ou Capital; e o
Integrado, quando exercido na região do interior do Estado.
Devido à complexidade do cenário de segurança pública vivenciado já
à época, com o aumento dos índices de criminalidade e das ações de grupos
criminosos em vários municípios do território baiano, esta experiência objetivou
fomentar a integração dos diferentes tipos de policiamento, de modo que o policial
militar, com a prática, acabasse reunindo capacidades para desempenhar, em
seu labor diário, todos os tipos de policiamento ostensivo necessários, para fazer
frente e dar respostas efetivas às ocorrências.
Em face deste novo cenário, as Unidades Operacionais Especializadas
adotaram novas ações de atuação, voltadas para o enfrentamento destes grupos,
quase sempre fortemente armados, e com expertise em implantação de artefato
explosivo improvisado IED (Improvised Explosive Device), exigindo que a instituição
avançasse no campo doutrinário e de evolução institucional. Estes eram utilizados em
assaltos às agências bancárias e carros-fortes, modificando, portanto, em algumas
áreas, a forma de realizar o policiamento ostensivo, observando-se características
próprias de atuação, nas diversas regiões do território baiano. Desta forma, destaca-
se uma nova expansão do Sistema de Policiamento Ostensivo Especializado e na
consequente retração do Sistema de Policiamento Ostensivo Integrado.
Diante da inevitável expansão das Unidades Especializadas e Táticas,
sobretudo na região do interior do Estado, por força do enfrentamento de grupos
criminosos organizados ligados ao tráfico de entorpecentes, armas e munições,
o conceito de Sistema de Policiamento Ostensivo Eclético ou Misto, tornou-se
inapropriado. Uma vez que a ênfase do policiamento especializado e tático se deu
também no interior em áreas de divisas, em Municípios estratégicos, inclusive,
com utilização de grupamentos de unidades especializadas, que doutrinariamente
eram voltadas para intervenções rápidas, repressão qualificada e atendimento de
ocorrências de alto grau de complexidade; adveio, portanto, desta experiência, um
conceito novo de Sistema de Policiamento Ostensivo Hibrido.

3.2  O POLICIAMENTO OSTENSIVO INTEGRADO (POI) NA PMBA

No ano de 1974, ficou estabelecido o Sistema Integrado como a doutrina


de emprego operacional na Polícia Militar da Bahia, por meio da aprovação do
Plano de Policiamento Ostensivo Integrado da Região Metropolitana de Salvador.

18
O lançamento do Plano de Policiamento Ostensivo Integrado (POI) da
Região Metropolitana de Salvador, em 1974, no comando do Cel EB Durval de Matos
Santos, designado a Comandante-Geral da PMBA, materializou o Sistema Integrado
de Policiamento, como doutrina operacional da PMBA, tendo como mentor o Cel
PM João Damasceno Mansur de Carvalho, definindo que a sua operacionalização
ocorreria de modo integrado, envolvendo todos os tipos de policiamento ostensivo,
quer em nível de Batalhão ou Companhia em território baiano (BAHIA, 2019).
Neste entendimento, os quatro batalhões existentes em Salvador (dois
de ostensivo geral, um de trânsito e um de representação de segurança) foram
transformados em batalhões de policiamento integrado, responsáveis cada um
por uma quarta parte do espaço territorial da capital baiana.
O POI foi consolidado quando da edição da Lei nº 3.406, de 26 de
setembro de 1975, Lei de Organização Básica, a qual trazia em seu artigo 37:

Os Batalhões de Polícia Militar (BPM) e Companhias de Polícia


Militar (Cia PM) deverão, em princípio, integrar as missões de
policiamento ostensivo normal, de trânsito, de guardas, de
radiopatrulhamento, de choque, ou de outros tipos de acordo
com as necessidades das áreas por elas jurisdicionadas.

Esta nova estrutura organizacional trouxe para a instituição uma nova


forma de atuação para enfrentar melhor os desafios de segurança pública de
uma realidade apresentada pela sociedade, onde BORGES e BOAVENTURA
(2009, p. 6) sinalizam para o emprego da Polícia Militar mais racional, econômica
e eficiente no cumprimento das missões legais na RMS:

Esta transformação se consolidou no ano seguinte, de


1976, com os quatro batalhões ajustando à nova dinâmica
e às novas missões, criando-se um grande comando
intermediário, o Comando de Policiamento da Capital, com
o objetivo de coordenar, controlar e fiscalizar as atividades
operacionais na RMS. Ainda no ano de 1975 a Cia de
Rádio Patrulha se transforma em Companhia de Polícia
de Choque, e suas viaturas são distribuídas pelos quatro
batalhões. Em 1983 a Cia se transforma no Batalhão de
Choque. (BORGES e BOAVENTURA, 1991, p. 7).

O trabalho foi iniciado pelas companhias, e embora existissem


problemas como efetivo insuficiente e poucos recursos materiais, o sistema foi
avançando para o emprego nos pelotões. Assim, o POI ficou registrado como a
primeira ação de policiamento de proximidade com a comunidade baiana, sendo
um marco histórico doutrinário de emprego operacional da PMBA.

19
3.3  O PROJETO POLÍCIA CIDADÃ (PPCID) NA PMBA

A Constituição de 1988 traduz-se uma busca para a efetivação de


direitos fundamentais no Estado de Democrático de Direito, e, nesse sentido,
trouxe um novo contexto para as questões de segurança pública no país, onde
as Polícias Militares tiveram que se reorganizar, com as novas missões descritas
na Carta Magna brasileira.
Na Bahia, percebemos um caminho de avanços e retrocessos na
adoção de novos modelos de gestão da Segurança Pública, o qual redefine uma
nova estratégia de atuação da PMBA, não só sob o aspecto gerencial, mas,
sobretudo, na adoção de uma nova filosofia de trabalho com o Projeto Polícia
Cidadã (PPCid), no final da década de 90.
A perspectiva da Gestão da Qualidade para o serviço policial, diante da
urgente necessidade de modificar o desempenho administrativo e operacional da
Corporação, com o fito de torná-la mais próxima do atendimento satisfatório das
necessidades do cidadão baiano. Esta estratégia organizacional fundamentada
em ações preventivas, com a aproximação com a comunidade, proporcionava
um ambiente democrático na escolha de alternativas para resolução de conflitos
e redução da violência, e de uma atuação mais humanizada da Polícia Militar.
Sob forte influência da política internacional e globalização, agora em
um Estado Democrático de Direito, as políticas de Segurança Pública avançaram,
principalmente aplicando ferramentas de controle gerencial como Matriz Gut,
Método IARA, Diagrama 5W2H ou 4Q1POC, onde as técnicas tradicionais não
eram mais satisfatórias diante de um novo tipo de criminalidade difusa e calcada
no comércio internacional de drogas, cuja ação gerava uma violência residual
até então inédita para os parâmetros da época.
Para estabelecer controles eficazes, o Estado deve antes dominar
a massa de dados extraídos de estudos de base estatística, bem como de
pesquisas operacionais, para, só então, alocar corretamente os recursos
públicos. Esta nova lógica administrativa aportou no Brasil no início dos anos 90,
através da então chamada “reforma gerencial” proposta pelo economista Luiz
Carlos Bresser-Pereira, em substituição à administração burocrática existente
desde os tempos da colônia. A partir da implantação deste novo paradigma
(BRESSER-PEREIRA, 2008), os gestores deixariam de preocupar-se tão
somente com a lisura do processo, mas sobretudo com o resultado a partir de
metas preestabelecidas pelos setores estratégicos.

20
Em 1995 nasceu o Programa de Modernização da PMBA, por meio de
um convênio celebrado entre a Polícia Militar da Bahia e a Universidade Federal
da Bahia (UFBA). Da parceria intitulada “Programa PM-UFBA”, que realizou
uma série de estudos e projetos, marco histórico que definiram o pioneirismo da
Polícia Militar da Bahia, em âmbito nacional, onde foram realizados uma série de
estudos e projetos, tais como: Planejamento Estratégico na PM; Reestruturação
Organizacional; Projeto de redefinição dos níveis hierárquicos; Projeto de
implantação de qualidade em serviços de segurança pública.

Precisamente no ano de 1998, surge o Projeto Polícia Cidadã (PPCid),


lastreado em dois pilares básicos: a) a execução do policiamento comunitário; e
b) a adoção de ferramentas preconizadas pela Gestão da Qualidade.

O PROJETO POLÍCIA CIDADÃ se propõe a apresentar


soluções alternativas para o controle da criminalidade,
de forma que a comunidade respalde todas as ações de
polícia comunitária, e que a Polícia Militar busque sempre
atingir a excelência fazendo uso de modernos conceitos de
gerenciamento. (PPCid, 1999).

O PPCid foi criado através Nota de Serviço nº 001/99, publicada na Separata


ao BGO nº 61, de 30 de março de 1999. Ela disciplinou a sua operacionalização
no terreno das ações policiais, estabelecendo a Companhia Independente como
referência de organização menos burocrática em relação ao Batalhão PM.
O Projeto Polícia Cidadã é dividido em 06 (seis) linhas de ação, a saber:

- LINHA DE AÇÃO 1 – Integração com a comunidade


O objetivo principal consistia em admitir a Companhia Independente
como unidade básica de integração com a comunidade, instrumentalizando
novas concepções e pavimentando um canal de participação do cidadão-cliente
por intermédio da constituição do Conselho de Segurança Comunitária.
São práticas realizadas nesta linha de ação: Implantação do Conselho
Comunitário de Segurança (CCS) com reuniões preliminares; aprovação, registro
e publicação no Diário Oficial do Estado do CCS; criação de fóruns; realização
de reuniões semanais; levantamento do perfil histórico, socioeconômico, e
criminológico do bairro (cartas, mapas, questionários e contatos do PM com o
cidadão); promoção e manutenção dos indicadores estatísticos da localidade alvo
de implantação da nova filosofia; educação continuada, instrução e treinamento

21
do efetivo a ser empregado; promoção de ações sociais junto às comunidades;
instalação de comitê setorial de qualidade e de ouvidorias setoriais; conquistar
parceiros na comunidade, bem como fomentar atividades que alavanquem e
valorize a parceria PM e Comunidade.

- LINHA DE AÇÃO 2 – Reengenharia da Unidade Operacional PM


Tem como propósito a reestruturação da UOPM, voltando-a
prioritariamente para o atendimento das necessidades da comunidade, por
intermédio das suas subunidades e modernizar o funcionamento dos processos
internos das Unidades Operacionais dentro do enfoque da qualidade e da
produtividade, de modo a torná-las mais dinâmicas, melhorando assim as
condições de prestação do serviço.
São exemplos de atividades desta linha: reconhecimento da área de
atuação com seus setores e subsetores de responsabilidade territorial, bem como
comandantes de Companhia PM e Pelotão PM; implantação da Gestão pela
Qualidade Total; Confecção de Planos e Diretrizes de atuação; implantação de
cartões programas, controlando a execução destes com comprovação de relatório.

- LINHA DE AÇÃO 3 – Gestão do compromisso – Motivação


Tem por finalidade identificar os fatores que motivam o policial militar
a participar ativamente do novo modelo de gestão. Como ações desta linha,
podemos destacar a realização de melhorias visíveis e imediatas, como a
sobrelevação da identidade visual e instalação da sede da UOPM em um imóvel
amplo e digno; participação dos policiais em comissões nas decisões da unidade.
Destacam-se as seguintes atividades desta linha: a designação de
comissão de justiça/disciplina, compostas por oficiais e praças, que julga o desvio
de conduta e/ou ações elogiosas; a elaboração de relatórios de gestão e cartilhas
de Normas Gerais de Ação; a realização de competições esportivas com o efetivo
da Unidade; constituição de canal de comunicação desburocratizado e acessível;
formação de um núcleo religioso; criação de modelo de reconhecimento e valorização,
por meio da entrega de certificados e elogios afixados em parede e quadro de
aviso; realização de convênios em estabelecimentos comerciais e de ensino para
acesso aos policiais militares que se destacam na execução do policiamento; oferta
de bolsas de estudos em curso de línguas e pré-vestibulares, contribuindo para o
crescimento pessoal e profissional dos policiais militares, acarretando numa melhor
qualidade de auxílio ao turista, durante a prestação do serviço; realização de cursos
de capacitação para todo o efetivo nas temáticas de Qualidade Total, Direitos
Humanos e Atendimento ao Cidadão e Controle Emocional.

22
- LINHA DE AÇÃO 4 – Gestão da excelência – Indicadores
Tem como escopo fornecer informações sobre o desempenho da
UOPM. Preserva a ordem pública em parceria com a comunidade, na sua área de
atuação, através do policiamento ostensivo, com ênfase nas ações preventivas.
Conforme o PPCid, os indicadores nada mais são do que números que
nos indicam se as ações adotadas têm reflexo positivo ou negativo em relação
ao que queremos atingir. Funcionam como uma bússola, fornecendo dados
sobre o desempenho da organização e dos seus processos. Assim, fornecem
números que nos ajudam grandemente na tarefa de alinhar corretamente os
esforços na direção escolhida. Segue abaixo, alguns indicadores sugeridos no
referido Projeto e que podem ser utilizados pela gestão operacional das UOPM:

Quadro 1 – Indicadores da missão da UOPM

INDICADORES ITEM DA MISSÃO

Número de ocorrências Preservar a ordem

Índice da satisfação Em parceria com a comunidade

Taxa de impacto visual Através do policiamento ostensivo

Quantidade de ações Com ênfase para ações preventivas

Fonte:  PPCid, 1999

É importante acrescentar que é imprescindível o alinhamento desses


indicadores com a Política de Segurança Pública vigente, no âmbito nacional e
estadual, bem como aos Objetivos Estratégicos institucionais.

- LINHA DE AÇÃO 5 – Educação continuada


A educação continuada é fundamental para que todos os profissionais
possam atualizar-se permanentemente, cumprindo, assim, os requisitos que
deles se exigem no ambiente das organizações. Muitos são os cursos que se
desenvolvem na Corporação, porém esses cursos não são mais capazes de
atender integralmente à demanda existente. Por isso, a educação continuada
assume crescente importância em nossa Polícia Militar (PPCid,1999).

23
Os objetivos desta Linha de Ação são:
a. Estabelecer um processo de aprendizado contínuo dos membros
da Corporação, através da metodologia Educação Continuada;
b. Proporcionar à Corporação meios para que possa conduzir
de forma adequada a transmissão do conhecimento e das
informações aos seus integrantes; e
c. Incorporar nos policiais militares a cultura do aporte de
conhecimento.

- LINHA DE AÇÃO 6 – Núcleo de memória


Tem o objetivo de documentar todo o processo de implantação,
conservando-o e expondo-o de forma a facilitar o acesso para consultas, tendo
as seguintes ações:
» Levantamento de todo histórico do bairro;
» Realização de registro histórico da UOPM;
» Arquivo de fatos, fotos publicadas e outros;
» Registro em atas de todas as reuniões internas e externas;
» Documentação de todo o processo de implantação do projeto
Polícia Cidadã, Gestão pela Qualidade Total.

O Projeto Polícia Cidadã é um sinalizador que visa nortear as ações da


Polícia Militar da Bahia na busca da excelência na prestação de serviço de segurança
pública, adotando os princípios básicos da Gestão pela Qualidade Total, por nos dar
a oportunidade de melhor interagir como o cidadão-cliente, promover o crescimento
do ser humano, e oferecer um sistema gerencial completo que se coaduna com a
cultura e as necessidades da Corporação. Porém não podemos esquecer que tudo
isso só será possível com o envolvimento das pessoas desenvolvendo todas as
dimensões, e não apenas com aporte tecnológico (PPCid,1999).
Em 2000, o PPCid experimentou uma evolução de bons resultados,
todavia enfrentou dificuldades na cultura organizacional, o que resultou em seu
retrocesso. Em fevereiro de 2003, houve uma retomada significativa do referido
projeto, pois o mesmo se tornou Programa de Governo. Nesse período houve
um resgate da aplicabilidade da filosofia de polícia comunitária, tendo como
marco institucional a Nota de Serviço DQPDT-001/2003.
No ano de 2007, a União executou o Programa Nacional de Segurança
Pública com Cidadania (PRONASCI), articulando ações dos órgãos federais, em
cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios e com a participação das

24
famílias e comunidade. A sua execução se deu através de programas, projetos,
ações e mobilização social. O referido Programa foi instituído através da Lei nº
11.530, publicada em Diário Oficial da União em 25/10/2007 (ROCHA, 2018).
É importante destacar a importante influência que o PPCid traz para a
estratégia de policiamento comunitário na Bahia, principalmente na implementação
das Bases Comunitárias de Seguranças (BCS) e nas ações preventivas
desenvolvidas em todo território baiano pelas Unidades Operacionais da Polícia
Militar (UOPM), que são referenciais para a política de segurança pública do Estado.

3.4  A EXPANSÃO DO POLICIAMENTO TÁTICO E


ESPECIALIZADO NA BAHIA

Antes da implantação do Plano de Policiamento Integrado, em 1974,


as Unidades que atuavam na cidade do Salvador eram especializadas, cada
uma executando um tipo de policiamento, sendo o Batalhão de Representação
e Segurança (BRS) responsável pelo Policiamento de Guardas e de Choque.
O BRS foi extinto em 1975, dando origem a Companhia de Guardas
e Companhia de Choque, as quais foram elevadas no nível de Batalhão em
1983, através do Decreto nº 29.458, de 24 de janeiro de 1983, foi criado o então
Batalhão de Polícia de Choque – BPChq, que foi instalado na antiga Fazenda
Caji, em Lauro de Freitas-BA, onde funciona até os dias de hoje.
A Companhia de Polícia Florestal foi criada também em 1983, por
meio do Decreto Estadual nº 26.830/79, e hoje Companhia de polícia e Proteção
Ambiental – COPPA (Decreto Estadual nº 263/91), vem atuando na proteção e
defesa do meio ambiente em todo o Estado (SANTOS e FILHO, 2008).
O Esquadrão de Cavalaria, um dos mais antigos regimentos da Polícia
Militar, com nascedouro ainda no período colonial, após ser extinto na lei de
organização de efetivo da PMBA no ano de 1951, conforme publicação em B.G.
nº. 03, foi reativado em 1986 como Núcleo de Polícia Montada. Atualmente,
o Esquadrão de Polícia Montada executa o policiamento ostensivo geral no
processo montado, em apoio as Unidades Operacionais.
Essas Unidades eram subordinadas ao Comando de Policiamento
da Capital (CPC), mas atuavam também no interior de Estado em operações
específicas, sendo necessária a criação de um comando especializado próprio
para coordenar as atividades destas Unidades Operacionais Especializadas.
O Comando de Policiamento Especializado (CPE) foi criado em
09 de julho de 2003, através da Lei Estadual nº 8.636, tendo sua estrutura
organizacional e orgânica modificada por meio da Lei nº 13.201/14, atuando

25
como órgão coordenador e direcionador das ações e operações policiais
militares realizadas pelas Unidades Operacionais de seu orgânico, diretamente
subordinadas, de maneira harmônica e objetiva, com vistas a apoiar as demais
Unidades Operacionais da Polícia Militar em todo o território baiano.
O CPE surgiu a partir da necessidade apresentada por diversos
Municípios baianos na área de Segurança Pública com o início da operação
desencadeada na BA-210, que liga os municípios de Paulo Afonso a Sento Sé,
pelo Batalhão de Polícia Rodoviária, no ano de 2000, com o auxílio de 12 (doze)
guarnições do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR), que deslocaram-se até o
município de Rodelas, com o objetivo de fiscalizar o tráfego de veículos que
circulavam naquela rodovia, e que, devido as suas condições precárias, não
suportava veículos com peso bruto acima de 24 (vinte e quatro) toneladas.
No decorrer da Operação foram constatadas ocorrências de vários
assaltos nas cidades de Abaré, Chorrochó, Macururé e Rodelas, decorrentes
da migração de meliantes advindos do Estado de Pernambuco. Com a criação
da Associação dos Prefeitos do Sertão Baiano (APSB), no ano de 2001, houve
um grande empenho na busca de soluções e melhorias na área de Segurança
Pública, com o TOR (Tático Ostensivo Rodoviário), permanecendo em definitivo
naquela região, sendo posteriormente criada uma companhia nos mesmos
moldes da Companhia Independente de Operações e Sobrevivência em Área
de Caatinga (CIOSAC), da PMPE, iniciando desta forma o projeto e criação da
Companhia de Polícia de Ações em Caatinga (CPAC), em 18 de abril daquele
ano, e da Companhia Independente de Ações no Cerrado (CIAC), em 23 de
dezembro de 2003.
A partir daí destacamos pontos importantes para esta expansão:
- A repercussão positiva com a implantação da CIAC na Região
Oeste da Bahia levou ao Exmº Senhor Governador do Estado,
Paulo Souto, através da Lei nº 9.002, de 29 de janeiro de 2004,
a criar mais 04 (quatro) companhias independentes nas regiões
do interior: CAEMA (Companhia de Ações Especiais da Mata
Atlântica), CAESA (Companhia de Ações Especiais do Semiárido),
CAESG (Companhia de Ações Especiais do Sudoeste e Gerais) e
CAEP (Companhia de Ações Especiais do Paraguaçu), atualmente
denominadas Companhia Independente de Policiamento
Especializado (CIPE).
- É importante registrar que estas Companhias Especializadas
surgiram a partir de uma doutrina de polícia de Choque, que tem
sua origem como um pelotão na década de 70, e posteriormente,
através da Lei nº 3.406 – Lei de Organização Básica, em 26 de

26
setembro de 1975, onde se transforma em Companhia de Polícia
de Choque. Em 1979, ganha sede própria com status de Batalhão
e se torna uma das unidades operacionais mais importantes no
crescente cenário de violência urbana (PMBA, 2012).
- No que se refere o Policiamento Tático na Bahia, as Rondas
Especiais (RONDESP) surgiram como uma Operação do Comando
de Policiamento da Capital (CPC), na qual era empregada uma
única viatura sob o Comando do Capitão Coordenador do CPC, que
tinha como missão supervisionar todos os serviços operacionais dos
finais de semana, feriados e no período noturno na capital. Em 2002,
a RONDESP foi elevada informalmente, a status de Companhia, e
em 2006 adotou a cor marrom-café, após estudos do Departamento
de Modernização e Tecnologia da PMBA, além do aporte logístico
em número de viaturas e pessoal, que passou a atuar na Capital
e Interior, em grandes eventos ou missões pontuais devidamente
planejadas. Em 2008, recebeu maior representatividade, haja vista
a intenção Institucional em transformá-la em Batalhão, denominado
Batalhão Metropolitano de Rondas Especiais.
- Todavia, o referido Batalhão não foi efetivado, surgindo através da
Lei nº 11.356, de 06 de janeiro de 2009, 04 (quatro) Companhias
Independentes de Policiamento Tático (CIPT). Em 09 de dezembro
de 2014, através da Lei Estadual nº 13.201, foram criadas mais
06 (seis) CIPT no Interior do Estado: Norte, Sul, Leste, Oeste,
Sudoeste e Chapada.
- Em 2016, foi criado o primeiro curso de Patrulhamento Tático Móvel
CPATAMO da PMBA. Atualmente as CIPT/ Rondas Especiais,
juntamente com a Companhia de PATAMO, executam o policiamento
tático móvel na Bahia, exercendo um papel de extrema importância
no apoio às demais Unidades Operacionais da PMBA (RONDESP
SUL, 2018). Dessa forma, o Comando-Geral da Corporação, atento
para nova dinâmica criminal, ante a problemática apresentada pelo
cenário atual, através da assessoria do Comando de Operações da
Polícia Militar (COPPM), criou em 09 de agosto de 2017, a Companhia
de Patrulhamento Tático Móvel (Cia de PATAMO), inserida na
estrutura do Comando de Policiamento Especializado (CPE), como
Companhia orgânica e devidamente subordinada ao Batalhão de
Polícia de Choque (BPChq), a qual atua de forma complementar
às ações já desenvolvidas pelos respectivos Comandos Regionais,
sob nova perspectiva de execução de segurança pública, através do
emprego de efetivo altamente especializado, equipado e treinado
para executar o patrulhamento tático, devidamente atrelado ao
suporte de inteligência nas áreas de apoio em todo território baiano.

27
4.  POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA

4.1  NO CENÁRIO NACIONAL

- O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) - Lei nº 13.675,


de 11 de junho de 2018
No dia 11 de junho de 2018, foi publicado por sanção da Presidência
da República o Projeto de Lei n° 19 (PLC 19/2018), que cria o Sistema Único
de Segurança Pública (SUSP), também sendo criada a Política Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), ambos sob o mesmo diploma
legal (Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018), publicada no Diário Oficial da
União do dia 12 de junho de 2018 com o seguinte texto introdutório:

Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos


responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º
do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política Nacional
de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o
Sistema Único de Segurança Pública (SUSP, 2018).

A função e objetivo principal do SUSP é a integração das ações dos


órgãos de segurança pública de todo o país, realizando operações combinadas,
além da redução dos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) em todo
território nacional. Uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública (FBSP) e apresentada em 2018, mostrou que o total de mortes violentas
intencionais no Brasil em 2017 foi o maior já registrado, alcançando um total de
63.880 (sessenta e três mil oitocentas e oitenta) mortes, com um aumento de
2,9% em relação ao ano anterior.
No artigo primeiro, a lei institui o Sistema Único de Segurança Pública
(SUSP) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
(PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada,
sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e defesa social da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em articulação com a
sociedade.
Conforme o SUSP, as instituições nacionais de segurança pública que
compõem o sistema são:

28
» Polícia Federal;
» Polícia Rodoviária Federal;
» Polícia Civil;
» Polícia Militar;
» Corpo de Bombeiros Militares;
» Polícia Penal (EC nº 104/2019)2;
» Guardas Municipais.

Merece destaque o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa


Social, instituído pela União, com o prazo de 10 (dez) anos – o Decreto 9.489/18
prevê ciclos de implementação a cada dois anos. Devem ser criados planos
correspondentes dos demais entes federativos em até dois anos (seguindo a
orientação nacional), sob pena de não poderem receber recursos da União para
a execução de programas ou ações de segurança pública e defesa social.
Como um mecanismo de gestão eficiente, o mencionado Plano
configura a enunciação de objetivos e a especificação de estratégias que
serão concretizados em programas temáticos específicos. Esses programas,
por sua vez, serão compostos por atividades de planejamento e intervenção
integradas, 15 (quinze) concretizadas mediante a pactuação de metas e prazos,
fixados com base em matrizes de marco lógico e na definição de métodos para
a eleição de prioridades e a fixação de critérios para a alocação de recursos
e correspondentes cronogramas, insumos, custos, responsabilidades e riscos
envolvidos (BRASIL, 2018).
Além do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, existem
outros instrumentos de gestão da Política Nacional de Segurança Pública e
Defesa Social, a saber: Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das
Políticas de Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped); Sistema Nacional de
Informações de Segurança Pública, Prisionais e de Rastreabilidade de Armas
e Munições, e sobre Material Genético, Digitais e Drogas (Sinesp); Sistema
Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap); Rede Nacional
de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp); Programa Nacional de
Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida); Plano
Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jovens; e Mecanismos contra
lavagem de capitais.

2  Altera o inciso XIV do caput do art. 21, o § 4º do art. 32 e o art. 144 da Constituição Federal, para
criar as polícias penais federal, estaduais e distrital.

29
- Diretriz Nacional de Polícia Comunitária e Sistema Nacional de
Polícia Comunitária
A Diretriz Nacional de Polícia Comunitária reúne estratégias e filosofias
norteadoras para a aproximação entre a polícia e a comunidade. A consolidação
destas normas é o resultado de um acordo de cooperação técnica celebrado, em
2014, entre Brasil e Japão.
Neste momento, a SENASP3, as polícias militares de São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul, a Agência de Cooperação Internacional do Japão
e a Agência Nacional de Polícia do Japão, além de 22 Estados brasileiros,
estabeleceram uma parceria para disseminar e multiplicar os fundamentos da
polícia comunitária nipônica pelas instituições brasileiras de segurança pública,
onde a Bahia ganhou destaque a partir de 2011, com o trabalho desenvolvido
nas Bases Comunitárias de Segurança (BCS):

A Bahia foi visitada pelos peritos japoneses pela primeira vez


em 2015, sendo reconhecido o seu significativo avanço na
aplicação e disseminação da doutrina. Tal reconhecimento
veio através da elevação da Bahia a posição de “Estado
Disseminador da Filosofia de Polícia Comunitária”, almejando
futuramente chegar à condição de Estado Modelo, posição
atualmente reservada aos Estados de Minas Gerais, Rio
Grande do Sul e São Paulo (BAHIA, 2019, p.97-98).

A Diretriz também tem por objetivo a criação e a estruturação do Sistema


Nacional de Polícia Comunitária, fornecendo subsídios para o seu aperfeiçoamento
em todo o território nacional, alinhados com a atual Política Nacional de Segurança
Pública, conforme SUSP (2018), fundamentada no preceito da corresponsabilidade
para a construção de um ambiente social saudável, constituindo-se em norte
primordial para a legitimidade das ações policiais.
Na Diretriz, a Filosofia de Polícia Comunitária nas instituições de segurança
pública, trata como marco fundamental a obra do Sir Robert Peel sob os princípios
da Polícia Comunitária que foi implementada na Polícia Metropolitana da Inglaterra,
em 1829, buscando maior legitimidade e profissionalização (BRASIL, 2019).
A característica básica do modelo inglês foi a relocação dos policiais,
apresentando-os a comunidade e assim fomentando o estabelecimento da
parceria em prol da redução da violência. Daí sobrevém o conceito evolutivo de
polícia-política; outrora experimentava o controle e à subordinação da polícia sob
parte do poder executivo e/ou sob parte de líderes locais, transmudando para um
conceito progressista de uma instituição policial moderna, estatal e pública.
3  Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).

30
Numa observância global, vimos nesta Diretriz, da tão importante quanto à
experiência inglesa, apresenta-se o modelo de polícia do Japão, que é um dos mais
antigos na aplicação do policiamento comunitário do mundo, e hoje serve como
modelo para as Bases Comunitárias de Segurança instaladas na Bahia. A estrutura
básica do sistema japonês é datada de 1879, e combina a cultura tradicional com os
ideais democráticos do Pós Segunda Guerra Mundial. Tendo um modelo de polícia
única, a Polícia Nacional do Japão está dividida em províncias, e cada província
dispõe de um comando territorial. Estes, por sua vez, são subdivididos em “Koban”
ou “Chuzaisho”, sendo a primeira localizada em áreas com maior circulação de
pessoas e a segunda caracterizada por ser, também, residência do policial e de sua
família, com predominância nas áreas rurais. O modelo japonês é reconhecido por
suas características culturais de aproximação, respeito e cidadania.
Quando tratamos da filosofia de polícia comunitária no Brasil,
vislumbramos como referências principais países como Canadá, Estados Unidos
e Japão. Todas essas experiências deram suporte para a aplicação de modelos
piloto, como no Estado de São Paulo, em 1990, as quais buscavam mudanças
institucionais, principalmente na forma de agir e pensar do profissional de
segurança pública:

Em São Paulo, o método utilizado é o Koban, que ganhou


reforço com as capacitações em policiamento comunitário
promovidas pela Secretaria Nacional de Segurança Pública
(Senasp), a partir do convênio com o Japão. Desde o início do
acordo, em novembro de 2008, foram habilitados 359 policiais
do Brasil. Depois da renovação do convênio, a criminalidade
em São Paulo começou a cair. De 2000 para cá, houve uma
redução de 70% no número de homicídios na cidade. A
Polícia Comunitária foi um dos fatores decisivos, porque vai
além da atividade policial, envolve o cidadão. (Camilo, 2011).

Em linhas gerais, a pedra fundamental para a uma visão voltada


para preservação dos direitos humanos e fortalecimento da doutrina de polícia
comunitária no Brasil se deu com a publicação da Constituição Federal de 1988,
que ratificou os tratados internacionais firmados, além de enfatizar a garantia
das liberdades individuais do cidadão. Diante desta conjuntura, foi concebido o
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), no ano
de 2007, pelo Ministério da Justiça, maneado pela Lei nº 11.530/07, e destinado
à prevenção, controle e repressão da criminalidade; implementando políticas
sociais e ações de proteção às vítimas, tendo como mecanismo a agregação
entre união, estados e municípios em regime de cooperação e com participação
das comunidades e das famílias.

31
A SENASP vem estabelecendo normativas que, baseadas na filosofia
de polícia comunitária e no respeito aos direitos humanos, proporcionam a
criação de políticas de segurança pública em todo o território nacional, onde
a comunidade é parceira na transformação do tecido social, permitindo a
constituição de um sistema que se funda na cooperação e visão sistêmica.
Ressalta-se que conforme preceitua a Carta Magna, a polícia ostensiva,
de competência exclusiva das polícias militares; e a polícia judiciária, de competência
das polícias civis e da polícia federal, está no âmbito da União, enquanto que
aquelas atuam nos seus respectivos estados; todas previstas no art. 144, incisos I a
V do caput, da Constituição Federal. São instituições responsáveis pela segurança
pública em âmbito nacional, sendo que a presente Diretriz visa fortalecer as relações
das polícias entre si e primordialmente com as comunidades locais.
Ainda nesta Diretriz, destacamos pontos essenciais para conhecimento:

a. Finalidade
Definir os princípios basilares do Sistema Nacional de Polícia
Comunitária, fornecendo subsídios para o seu aperfeiçoamento em todo o
território nacional, tendo como fundamento a diretiva de que a Polícia Comunitária
é primordialmente uma filosofia e uma estratégia que inspira as instituições de
segurança pública em todas as suas vertentes, constituindo-se em um método
organizacional democrático que permite a coparticipação da sociedade para a
construção de um ambiente de paz e harmonia, no qual a atuação policial seja
voltada para o objetivo final de melhoria da qualidade de vida da população.

b. Objetivos
» São considerados os principais objetivos desta Diretriz Nacional:
» Padronizar fundamentos e conceitos de Polícia Comunitária;
» Difundir as diretivas gerais do Sistema Nacional de Polícia
Comunitária;
» Inspirar e basear a institucionalização de políticas e estratégias
organizacionais de Polícia Comunitária no âmbito das instituições
de Segurança Pública.

A publicação desta Diretriz Nacional de Polícia Comunitária foi um


passo essencial para nortear os rumos do policiamento comunitário no Brasil e um
marco de sucesso para a Política Nacional de Segurança Pública, convalidando
a Filosofia de Polícia Comunitária como estratégias das organizações policiais
militares em todo território brasileiro.

32
4.2  NO CENÁRIO ESTADUAL

4.2.1 O Pacto pela Vida – Lei nº 12.357, de 26 de setembro de 2011

A Política de Segurança Pública Estadual se redefiniu no ano de


2011, com o Pacto Pela Vida (PPV) no Estado da Bahia, que foi inicialmente
implementado como programa de governo e posteriormente elevado à condição
de programa de Estado, por meio da Lei nº 12.357, de 26 de setembro de 2011,
no âmbito do Sistema de Defesa Social (SDS), tendo por objetivo prioritário a
promoção da paz social. Observou-se neste contexto, uma nova vertente de
política pública de segurança, pactuada com a sociedade, integrada e alinhado
com o Poder Judiciário, a Assembleia Legislativa, o Ministério Público, a
Defensoria Pública, os Municípios e a União.

Art. 1º - Fica instituído, no âmbito do Estado da Bahia, o Sistema


de Defesa Social - SDS, com a finalidade de formular, implantar,
monitorar e avaliar a Política Pública de Defesa Social.
§ 1º - A Política Pública de Defesa Social resultará da
integração de projetos e ações nas áreas de Educação,
Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Cultura,
Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Saúde,
Promoção da Igualdade Racial, Políticas para as Mulheres,
Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Segurança Pública
e Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado
da Bahia, orientados com vistas à promoção da paz social.
§ 2º - O Sistema de Defesa Social será implementado em
articulação com as atividades institucionais dos Poderes
Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
Pública do Estado da Bahia.

O PPV estabeleceu para a sua gestão os indicadores de redução dos


Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI): homicídio doloso, latrocínio (roubo
seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte; e dos Crimes Violentos
contra o Patrimônio (CVP): roubos e extorsão mediante sequestro, classificação
estabelecida pela Secretaria Nacional da Segurança Pública (SENASP).
Por meio do PLANESP (Plano Estadual de Segurança Pública)
2012/2015, articulou-se interinstitucionalmente a participação comunitária para
prevenir e reprimir a violência, aperfeiçoando as instituições e fortalecendo
a gestão, intensificando a prevenção nas áreas consideradas sensíveis

33
no planejamento. O ponto primordial para o monitoramento das atividades
transversais se dá pela atuação direta do Governador da Bahia na condução
do PPV, que reúne esforços de 13 (treze) Secretarias de Estado, com o objetivo
principal de reduzir os índices de violência.
O PPV possui, dentre suas diversas linhas de ação, um novo modelo
de gestão, com a criação de diversas instâncias que se relacionam:
a. Um Comitê de Governança – tem em sua composição dirigentes
máximos dos Poderes e Instituições do Estado; responsável pela
definição das diretrizes estratégicas e pelo acompanhamento das ações;
b. Um Comitê Executivo – tem por característica o Governador do
Estado em sua presidência sendo integrado por representantes dos
Poderes e Instituições do Estado, com a finalidade de promover
a articulação entre os processos de formulação, implantação,
monitoramento e avaliação de suas ações;
c. Cinco Câmaras Setoriais – que tem por responsabilidade a definição
e a proposição de políticas setoriais que atuem na redução dos
índices de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI), na sua
respectiva área de atuação, são elas: Câmara de Segurança
Pública, Câmara Setorial de Prevenção Social, Câmara Setorial
de Articulação dos Poderes, Câmara Setorial de Enfrentamento ao
Crack e a Câmara Setorial de Administração Prisional;
d. O Núcleo de Gestão - tem por finalidade o monitoramento e
avaliação dos resultados do programa.

Nesse modelo de gestão, também foi pensado um formato de atuação no


território, de forma técnica, sendo elaborada uma distribuição para fins de execução
e monitoramento das ações do Programa e para a aferição dos indicadores: criação
de Regiões Integradas de Segurança (RISP), composta por Áreas Integradas de
Segurança (AISP), dentro do território do Estado da Bahia (BAHIA, 2019).
No âmbito das ações desenvolvidas, se destacam: Intensificação da
repressão qualificada mediante inteligência policial; Ações policiais preventivas
mediante a aproximação da polícia com a comunidade; e Implantação de Bases
Comunitárias de Segurança (BCS) em áreas consideradas críticas.

- O Plano Estadual de Segurança Pública - PLANESP


Os resultados conquistados nos últimos anos no estado da Bahia
demonstram o avanço das políticas públicas destinadas à melhoria das condições
de vida e bem-estar da sociedade baiana, notadamente, em razão de uma maior
oportunidade de participação dos diversos segmentos da população em todo o
ciclo necessário para a sua efetivação.

34
Na Segurança Pública, o modelo participativo foi incorporado aos
ciclos de planejamento estratégico, espelhando demandas históricas das
instituições policiais e da sociedade, bem como o legado decorrente das lições
aprendidas com o Plano Estadual de Segurança Pública (PLANESP) 2012-2015,
materializado através de uma série de projetos executados em conformidade
com aquela estratégia definida. (BAHIA, 2016).

5.  DOUTRINAÇÃO

A doutrina em seu significado mais amplo é o conjunto de princípios,


conceitos, normas, procedimentos e fundamentos, que norteiam e orientam
linhas de pensamento, ações, planejamento e operações, de forma integrada,
harmônica e padronizada.
A doutrina de polícia ostensiva constitui o conjunto harmônico de
ideias, conceitos, princípios, que definem, ordenam, distinguem, e qualificam
as atividades, o preparo e emprego da PMBA e de seus profissionais na sua
missão, bem como um conjunto de valores, fundamentos, conceitos, políticas,
estratégias, táticas, técnicas, normas e procedimentos da área operacional da
PMBA, que considera o modo de emprego mais provável em ações e operações
policiais militares e conjuntas com outros órgãos e instituições. Ela estabelece
uma orientação comum de emprego como referência na solução de problemas e
conflitos em segurança pública.
Com o advento da promulgação da Constituição da República Federativa
do Brasil (CF/1988), que instituiu o Estado Democrático de Direito, marco que
sinalizou o exercício da cidadania, dos direitos e garantias fundamentais e
instituir os conceitos de ordem pública.
O Decreto-Lei nº 667, de 1969, que foi modificado pelo Decreto Lei nº
2.010, de 1983, descreve assim as competências das polícias militares:

Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem e segurança


interna nos Estados, nos territórios e no Distrito Federal, compete
às polícias Militares no âmbito de suas respectivas jurisdições:
a) Executar com exclusividade, ressalvadas as missões
peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo,
fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de
assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem
pública e o exercício dos poderes constituídos;
b) Atuar de maneira repressiva, como força de dissuasão,
em locais ou áreas específicas, onde, se presume ser
possível a perturbação da ordem.

35
Já o Decreto-lei nº 88.777, de 30 de setembro de 1983, que aprova
o regulamento para as polícias militares e corpos de bombeiros militares (R-
200) no seu artigo 2º, inciso 27, define o Policiamento Ostensivo como – Ação
Policial, exclusiva das Polícias Militares em cujo emprego o homem ou a fração
de tropa engajados sejam identificados de relance, quer pela farda, quer pelo
equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública.
Na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, § 5º, a ampliação
de sua atuação, a Polícia Militar passa a realizar, a preservação da ordem pública
e a polícia ostensiva:

[...] Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...] V – Polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...] §5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e
a preservação da ordem pública (grifo nosso); aos corpos
de bombeiros militares, além das atribuições definidas em
lei, incumbe a execução da atividade de defesa civil.

É importante destacar que no parágrafo 5º, a expressão polícia


ostensiva é nova e foi adotada para estabelecer a exclusividade constitucional
e ainda para expandir a competência dos policiais militares para além do
policiamento ostensivo, que é apenas uma fase da atividade de polícia. Conforme
o entendimento de Moreira Neto, a expressão utilizada no texto constitucional,
polícia ostensiva, expande a atuação das Polícias Militares à integralidade das
fases do exercício do poder de polícia.

A polícia ostensiva, afirmei, é uma expressão nova, não


só no texto constitucional, como na nomenclatura da
especialidade. Foi adotada por dois motivos: o primeiro, já
aludido, de estabelecer a exclusividade constitucional e, o
segundo, para marcar a expansão da competência policial
dos policiais militares, além do “policiamento” ostensivo. Para
bem entender esse segundo aspecto, é mister ter presente
que o policiamento é apenas uma fase da atividade de
polícia. A atuação do Estado, no exercício de seu Poder de
polícia, se desenvolve em quatro fases: a ordem de polícia, o
consentimento de polícia, a fiscalização de polícia e a sanção
de polícia. [...] o policiamento corresponde apenas à atividade
de fiscalização; por esse motivo, a expressão utilizada,
polícia ostensiva, expande a atuação das Policias Militares
à integralidade das fases do exercício do Poder de polícia.
(MOREIRA NETO, apud LAZZARINI, 1999, p. 103-104).

36
A Constituição do Estado da Bahia (CE/BA 1989), no seu art. 148
descreve: A Polícia Militar, força pública estadual, instituição permanente,
organizada com base na hierarquia e disciplina militares, compete, entre outras,
as seguintes atividades: “I – Polícia ostensiva de segurança, de trânsito urbano e
rodoviário, de florestas e mananciais e a relacionada com a prevenção criminal,
preservação, restauração da ordem pública.”.
Neste alinhamento, é importante que se compreenda a legítima missão
das Polícias Militares, como chama a atenção (SENEM e TEZA, 2015), para o
adequado entendimento dos termos “Polícia Ostensiva” e ainda “Preservação
da ordem pública”, que são de relevância fundamental, visto que vai importar
efeitos para miolo a ordem e segurança pública, sobretudo pela razão de serem
as missões primordiais destinadas constitucionalmente às Polícias Militares. Os
autores ainda afirmam que é preciso que a Polícia Militar primeiramente entenda
efetivamente o significado da missão a ela constitucionalmente delegada para
que então possa desempenhar suas atividades com a eficácia desejada.
Poder de Polícia é uma faculdade discricionária, a partir de visões
da coletividade. É constituído de ordem de polícia, consentimento de polícia,
fiscalização de polícia e sanção da polícia.
Positivação no Direito Pátrio - o artigo 145, II, da Constituição Federal
de 1988 e o artigo 78 do Código Tributário Nacional, sendo que este último
intenta trazer uma definição legal do que seria o poder de polícia:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da


administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção
de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação
dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966).
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder
de polícia quando desempenhado pelo órgão competente
nos limites da lei aplicável, com observância do processo
legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

- Características do Poder de Polícia


a. Discricionariedade: quando o texto legal faculta à Administração
pública uma margem de liberdade com relação aos atos a serem
praticados. Nestes casos, a discricionariedade do poder de polícia está

37
na valoração realizada pelo órgão público, acerca da conveniência e
da oportunidade, tão somente. Estando o ato em si, listado em rol
pelo próprio texto legal que, porventura estabeleça essa liberalidade.
Restando à Administração decidir qual o melhor momento, qual o meio
mais adequado e qual a sanção adequada em meio daquelas previstas
na norma legal. A discricionariedade é componente da maioria dos
atos de polícia;
b. Vinculação: ocorre quando a prática de polícia ostensiva estiver
previamente estabelecida em lei. Neste caso, a administração terá
sua atuação mitigada, segundo o que destina os ditames previstos
em norma restritiva;
c. Autoexecutoriedade: prerrogativa da administração pública de
praticar atos e colocá-los em pronta execução, sem, contudo, ter que
necessitar da homologação judicial e/ou da anuência de outro poder
qualquer. Sobreleva-se que, diversamente da discricionariedade,
a autoexecutoriedade não está presente em todas as ações de
polícia ostensiva; é necessário que haja mandamento legal anterior
definindo e autorizando de maneira expressa a prática, bem como
os limites de atuação, cabendo ao policial militar à obrigação de
atentar para os pressupostos legais e procedimentais, a fim de que
seja garantido o direito de defesa do envolvido na situação. Base
angular desta particularidade é o irrestrito respeito às normas legais
vigentes. Não há que se confundir jamais autoexecutoriedade com
arbitrariedade e abuso de poder, mas sim a defesa e resguardo do
interesse público;
d. Coercibilidade: comumente, as ações de polícia ostensiva são
revestidas de força coativa controlada. Nosso ordenamento jurídico
admite, inclusive, o uso da força controlada e de outros meios diretos
de coação, a fim superar eventuais recalcitrâncias que possam
obstaculizar a efetivação das atividades de polícia ostensiva.

Desse modo, Cepik (2018) preleciona que as medidas de proteção


devem guardar certa proporcionalidade em relação às ameaças percebidas
contra a existência, efetividade e autonomia de quem - ou do que - está sendo
protegido. Na ausência de proporcionalidade, a busca de segurança torna-se ela
própria uma ameaça à efetividade, autonomia e, no limite, à própria existência do
"objeto" da proteção. O requisito de proporcionalidade serve principalmente para
problematizar a noção (infelizmente, bastante comum) de segurança enquanto
uma condição absoluta de ausência de ameaça ou mesmo de incerteza.

38
- As fases do Poder de Polícia
A atuação do Estado no exercício do Poder de Polícia desenvolve-se
em quatro fases, que alguns autores chamam de ciclo de polícia. As fases do
ciclo de polícia são a ordem de polícia, o consentimento de polícia, a fiscalização
de polícia e a sanção de polícia.

» Ordem de Polícia
Tem seu nascedouro na lei, pois se trata de uma reserva legal (art. 5º, II), e pode
ser enriquecido discricionariamente, consoante as circunstâncias, pela Administração.
Exemplo: Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003).
É o preceito que dá validade à limitação prevista em norma, para
que não se pratique ato que afrontará o interesse público ou para que não
se desincumba de fazer algo que evitará tal lesão. Portanto, admitimos duas
modalidades de Ordem de Polícia:
a. Aquela que desautoriza de forma absoluta exercício de atividades
individuais ou de uso da propriedade privada (preceito negativo
absoluto); como, por exemplo, a vedação de autorização do porte
de arma de fogo de uso restrito das Forças Armadas;
b. Em que a proibição é explicita inicialmente, mas se tornará possível,
depois de realizada a devida avaliação, quando então a Administração
Pública consentirá o exercício de determinada atividade ou o uso de certa
propriedade privada (preceito negativo com reserva de consentimento).
Como é o caso da licença para construir (só se admite a construção se
ficar demonstrado que o projeto atende às regras da legislação específica).

» Consentimento de Polícia
Quando couber, será a anuência, vinculada ou discricionária, do
Estado para com a atividade submetida ao preceito vedativo relativo, sempre
que satisfeito os condicionamentos exigidos. Exemplo: vistoria preventiva de
praças esportivas para a realização de um campeonato de futebol.

» Fiscalização de Polícia
Uma forma ordinária e inafastável de atuação administrativa, através
da qual se verifica o cumprimento da ordem de polícia ou a regularidade da
atividade já consentida por uma licença ou um mandamento legal. A fiscalização
pode ser ex-officio ou provocada. No caso específico da atuação da polícia de
preservação da ordem pública, denomina-se como policiamento.

39
» Sanção de Polícia
É a atuação administrativa autoexecutória que se destina à repressão
da infração. No caso da infração à ordem pública, a atividade administrativa,
autoexecutória, no exercício do poder de polícia, se esgota no constrangimento
pessoal, direto e imediato, na justa medida para restabelecê-la. Como, por exemplo,
demolição de edificações, apreensão de mercadoria, guinchamento de veículo.

Figura 1: A Polícia Ostensiva e as fases do poder de polícia.

Poder de Polícia para Polícia Ostensiva

ORDEM DE
POLÍCIA

SANÇÃO DE
POLÍCIA CONSENTIMENTO
POLÍCIA OSTENSIVA DE POLÍCIA

FISCALIZAÇÃO
DE POLÍCIA

Fonte:  (ROCHA, 2018)

Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto é fundamental ter presente que


o policiamento é apenas uma fase da atividade de polícia. A atuação do Estado,
no exercício de seu poder de polícia, se desenvolve em quatro fases, conforme
Figura 01.

40
O autor ainda ressalta que o “policiamento” ostensivo corresponde
à atividade de fiscalização, ou seja, uma das fases do poder de polícia; por
esse motivo, a expressão utilizada, polícia ostensiva, expande a atuação das
polícias militares à integralidade das fases do exercício do poder de polícia.
Quanto à Preservação da Ordem Pública, Lazzarini (2003) afirmou
que a polícia tem por fim preservar a ordem, compreendendo a tranquilidade
pública, a segurança pública, a salubridade pública, por fim, a dignidade humana.

Figura 2: A amplitude da preservação da ordem pública

MANUTENÇÃO
DA
DA ORDEM
ORDEM
PÚBLICA

PRESERVAÇÃO
PRESERVA
V ÇÃO
VA
DA
DA ORDEM
ORDEM
PÚBLICA
RESTAURAÇÃO
RESTA
T URAÇÃO
TA
DA
D A ORDEM
ORDEM
PÚBLICA

Fonte:  (ROCHA, 2018)

Diante disso, “preservação” traz para a missão policial militar, um


largo entendimento para sua atuação, em que Rocha (2018) sinaliza para a
interpretação mais ampla, não só na manutenção da ordem, como também para
a restauração da ordem, conforme a figura 02. Assim, a Preservação da Ordem
Pública é o exercício dinâmico do poder de polícia, no campo da segurança
pública, manifestado por atuações predominantemente ostensivas, visando a
prevenir, dissuadir, coibir ou reprimir eventos que violem a ordem pública.
Compreende-se por ações e operações de manutenção ou do
restabelecimento da ordem pública, impedindo atos individuais ou coletivos que
atentem contra a segurança pública, as atividades lícitas, os bens públicos ou

41
particulares, a saúde e o bem-estar das populações, e a vida dos cidadãos,
preservando a situação de garantia e normalidade que o Estado assegura, ou
deva assegurar, a todos os membros da sociedade.
Para Lazzarini (2009), tranquilidade pública seria um nível em que a
sociedade convivesse de forma pacífica e harmoniosa, gerando dessa forma um
bem estar geral.
Moreira Neto (2005) afirma que salubridade pública consiste a
sociedade viver em condições de sanidade e higiene, mantendo as condições
de vidas adequadas aos habitantes.
Preleciona ainda o professor Álvaro Lazzarini que segurança pública
é o estágio em que a comunidade se encontra num clima de convivência
harmoniosa e pacífica, representando assim uma situação de bem estar social.
É um estado antidelitual, que resulta da observância dos preceitos tutelados
pelos códigos penais comuns e pela lei das contravenções com ações de polícia
preventiva e repressivas imediatas (LAZZARINI, 1994).
No que se refere à dignidade da pessoa humana, VAZ (2011) afirma
que é um princípio fundamental que norteia as relações entre os seres humanos
oriunda de razões éticas e jurídicas contra crueldades e atrocidades praticadas
pelos próprios seres humanos. Para NUCCI (2016), é essencial resguardar ao
indivíduo o mínimo material para um a vida decente, lhe garantindo ainda a
autoestima.
Manutenção é o ato ou efeito de manter; conservar, sustentar.
Preservação é o ato ou efeito de preservar, livrar de algum mal, manter
livre de corrupção, perigo ou dano, livrar, defender, resguardar.
Missão residual competência que decorre de um fato que
potencialmente afete a ordem pública e não constitui competência de nenhum
dos outros órgãos do sistema de segurança pública, ou seja, um fato que rompa
com o estado de normalidade e não esteja englobado como atribuição dos
demais órgãos do artigo 144 da CF/88 (VIEIRA, 2014).
A exegese do artigo 144 da Carta Magna, na combinação do caput
com seu §5º, deixa claro que na preservação da ordem pública, a competência
residual de exercício de toda atividade policial de segurança pública, não
atribuída aos demais órgãos, cabe à polícia militar (LAZZARINI, 1999).
Missão subsidiária decorre da existência de um fato potencialmente
ofensivo à ordem pública e há órgão competente para atuar, porém aquele órgão
se encontra inoperante ou incapaz de cumprir sua atribuição.

42
Figura 3: A preservação da ordem pública nas missões da Polícia Ostensiva

Preservação da Ordem Pública

SEGURANÇA
PÚBLICA

TRANQUILIDADE SALUBRIDADE
PÚBLICA PÚBLICA
PRESERVAÇÃO
DA ORDEM
PÚBLICA
MISSÃO MISSÃO
SUBSIDIÁRIA RESIDUAL

DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA

Fonte:  (ROCHA, 2018)

A complexa missão constitucional da Polícia Militar no que se refere a


“preservação da ordem pública” e às atividades de “polícia ostensiva”, conforme a
figura 03, ainda é questionada entre diversos doutrinadores, e infelizmente, ainda
há uma equivocada interpretação destes termos. Os autores SENEN e TEZA
(2014, p. 244-245) alertam que o adequado entendimento dos termos “Polícia
Ostensiva” e, ainda, “Preservação da ordem pública”, tem relevância fundamental,
visto que vai importar efeitos para a ordem e segurança pública. Tem relevância
ainda em razão de serem as missões primordiais destinadas constitucionalmente
às Polícias Militares. Para que a Polícia Militar possa desempenhar suas
atividades com a eficácia desejada, é necessário primeiramente entender
efetivamente o significado da missão a ela constitucionalmente delegada.

43
5.1  MARCO CONCEITUAL

A Polícia Militar da Bahia é uma instituição militar estadual permanente


regular, organizada com base na hierarquia, disciplina, respeito à dignidade da
pessoa humana, na utilização da gestão da qualidade para melhoria dos seus
processos e a adoção de estratégias, sistemas e programas de policiamento,
sobre a autoridade do Governador do Estado.
A doutrina de polícia ostensiva contempla o emprego dos elementos
da Força Policial Militar da Bahia como componentes vitais para o exercício do
poder de polícia, da preservação da ordem pública e o desenvolvimento social
econômico das regiões do Estado e seus cidadãos.
Os desafios de atuar em um ambiente complexo e multifacetado,
onde a impunidade, as ações de organizações criminosas, o envolvimento de
profissionais com a corrupção, com grupos de milícias, bem como o aumento
de indicadores de violência e criminalidade, exigem clareza, doutrina de preparo
e emprego para enfrentar e solucionar problemas e conflitos locais e regionais,
provocados por instabilidades sociais e econômicas.
Para fazer frente a esse cenário é vital que a PMBA seja constituída
por homens e mulheres que cultivem princípios, valores morais e intelectuais, e
sejam aptos a enfrentar os desafios em um ambiente estratégico complexo, cujos
cenários evoluem e transmudam rapidamente, demandando um direcionamento
político institucional para canalizar o poder de enfrentamento destes desafios,
estratégia operacional bem definida, traduzida, implementada e monitorada de
forma colaborativa e doutrina de polícia ostensiva e de emprego conhecida,
manuseada e aplicada adequadamente por todos os policiais militares.
Esta doutrina reconhece todos os sistemas de policiamento como
válidos e perfeitamente aplicáveis de forma harmônica e integrada em um
Sistema Híbrido de Policiamento Ostensivo, definido a partir deste Manual.
É também necessária à inserção dos diversos atores sociais, políticos e
institucionais no campo de atuação, inclusive de atores não estatais com elevado
poder de influenciar opiniões, defender interesses de grupos e de buscar a
confluência, otimização e formulação de políticas públicas, destinação de recursos
para programas e projetos nos territórios de identidade do Estado da Bahia.
Os efetivos das Unidades Operacionais Policiais Militares (UOPM)
empregadas em ações e operações policiais militares devem estar aptos a
conduzir ações e operações voltadas à preservação da ordem pública nas suas
dimensões de tranquilidade pública, salubridade pública, missão subsidiária,
missão residual e dignidade da pessoa humana.

44
Devido ao ambiente complexo e de mudanças constantes, a doutrina
deve ser flexível e capaz de adaptação fácil e rápida para qualquer cenário com
vistas a obter resultados significativos. Para tanto, os Comandantes de todos os
níveis devem possuir alto grau de conhecimento da doutrina e de liderança para
potencializar em seus subordinados a sinergia necessária ao desenvolvimento
adequado do processo de capacitação e utilização da doutrina.

5.2  CONSEQUÊNCIAS QUE DERIVAM DA DOUTRINA

As normas e procedimentos dos cadernos de instrução que detalham


os tipos, modalidades, processos, estratégias e programas de policiamento.
As bases para elaboração dos planos/programas de capacitação e
instrução do efetivo de Unidades Operacionais Policiais Militares.
A fundamentação para os procedimentos operacionais padrão (POP),
instrumentos que darão suporte e segurança ao policial militar durante a
execução de um determinado serviço, tarefa ou atividade.
Os fundamentos da educação policial militar que delinearão os planos
de ensino nos diversos níveis.
Os critérios para o aperfeiçoamento das estruturas operativas, a
determinação de meios e a tecnologia adequada.
As bases para a formação moral, intelectual e física do policial militar
da área operacional.

5.3  PRESSUPOSTOS BÁSICOS

Os pressupostos, conceitos e orientações gerais sobre as atividades


desenvolvidas pela polícia ostensiva, estabelecidas neste Manual, são
fundamentais para a consolidação do suporte doutrinário para o planejamento, a
execução e o controle das atividades desempenhadas na PMBA.
A uniformidade e a fixação do vocabulário técnico contribuem para
a padronização e para o aperfeiçoamento da atividade de polícia ostensiva e
devem ser praticados por todos os policiais militares da PMBA.
A missão da PMBA no contexto sistêmico da defesa social faz com que
ela assuma papel de relevância na preservação da ordem pública e na prestação
de serviços de segurança pública ao cidadão, na medida em que adota padrões

45
de proteção e socorro ou com atuação de apoio aos órgãos da administração
pública no exercício do poder de polícia no que couber e ainda na atuação
repressiva a cometimentos de delitos e restauração da ordem pública.
A PMBA está presente em todos os 417 (quatrocentos e dezessete)
municípios do Estado e na maioria dos distritos, bem como cultua o privilégio e a
condição de servidora mais acessível e visível ao público, e, portanto, com maior
capilaridade de interação social.
A atuação da PMBA como polícia de proximidade e resolutividade,
exige que esta seja uma organização vital para a resolução de conflitos com
atuação sobre causas e efeitos, sendo um desaguadouro natural da ansiedade
e tensões da comunidade.
A presença ostensiva, correta e vigilante do policial militar nos locais
de risco, a qualquer hora, inibe a ação do delinquente, dando ênfase à ação
preventiva. A ação de presença da PMBA reduz os riscos e estabelece um clima
de confiança no seio da comunidade.
O verdadeiro ambiente de segurança é alcançado quando ocorre a
combinação do aspecto objetivo, que é a ausência real de riscos e perigos,
desiderato dos órgãos de defesa social, com o aspecto subjetivo, definido como
crença nessa ausência de riscos (percepção de segurança), a ser cultivada e
reforçada junto à comunidade. A segurança objetiva, a segurança subjetiva e a
prestação de serviços de segurança pública ao cidadão, devem ser mobilizadas
de forma harmônica com ênfase na qualidade da oferta de serviços para evitar
riscos e aumentar a satisfação do cidadão, tornando menos subjetiva a atuação
da PMBA e sua produtividade operacional.
Muitas dificuldades encontradas no processo de planejamento,
coordenação, execução e controle da missão da Polícia Militar podem ser
enfrentados e vencidos com uma boa dose de criatividade e dedicação dos
policiais militares envolvidos. A única maneira de desenvolver a criatividade é
através do treinamento constante do raciocínio. Criatividade não é improvisação.
Pelo contrário, o policial militar criativo, treinado a pensar, é capaz de elaborar
planejamento mental rápido e instantâneo para agir com acerto.
A missão institucional da Polícia Militar da Bahia é também
responsabilidade individual de cada integrante da Corporação. Todo policial
militar precisa ter compromisso com os resultados. Significa que a missão só
estará cumprida se os resultados propostos forem alcançados.
A pesquisa de satisfação é uma técnica em que visa identificar as
necessidades e desejos da Corporação e do Consumidor (cidadão/comunidade),
com intuito de detectar procedimentos que visem suprir necessidades e satisfazer

46
expectativas, de todas as partes envolvidas no processo de oferta de serviços. Desta
forma, a atuação da PMBA deverá atender necessidades e satisfazer expectativas
dos cidadãos baianos e turistas que procuram os serviços da Corporação. Estes
serviços devem pautar por alto grau de excelência e controle de qualidade.

5.4  PREMISSAS DO PLANEJAMENTO E DA EXECUÇÃO DAS


ATIVIDADES DE POLÍCIA OSTENSIVA

- Observância e compatibilidade com o ordenamento jurídico vigente


e as políticas públicas de segurança adotadas;
- Respeito às garantias e aos direitos constitucionalmente
estabelecidos;
- Perfeito alinhamento com a missão, visão e valores da PMBA;
- Observação aos princípios, conceitos e doutrina de emprego
operacional da PMBA prescritos neste Manual;
- Observância das informações, técnicas e valores prescritos no
Manual de Planejamento Operacional em Polícia Militar (PMBA-01.
MT.03.002), elaborado por profissionais desta PMBA;
- Sistematização da elaboração e padronização dos instrumentos
normativos da instituição e definição dos modelos para elaboração
das diretrizes corporativas (Normas Gerais de Ação) e operacionais
(Procedimentos Operacionais Padrão) relacionadas às atividades
críticas.

6.  CONTEXTO ESTRATÉGICO

6.1  SEGURANÇA, SEGURANÇA HUMANA E DEFESA SOCIAL

Segurança é a condição privativa da ordem pública e da tranquilidade


pública que propicia aos cidadãos de um território usufruir dos seus direitos
fundamentais de cidadania plena e de qualidade de vida. CEPIK (2018) define
segurança como uma condição relativa de proteção na qual se é capaz de
neutralizar ameaças discerníveis contra a existência de alguém ou de alguma
coisa. Em termos organizacionais, acrescenta ele, segurança é obtida através
de padrões e medidas de proteção para conjuntos definidos de informações,
sistemas, instalações, comunicações, pessoal, equipamentos ou operações.

47
O conceito de segurança humana é originário da década de 90 e surge
com a pretensão de analisar os efeitos dos novos conflitos produzidos principalmente
no fim da Guerra Fria. De acordo com Fierke (2015, p. 156-157), o debate sobre
segurança humana destacou-se no momento em que foi entendido que os direitos
das pessoas eram mais importantes que os Estados. Nesse contexto do fim da
Guerra Fria, a maioria das fatalidades da guerra era de civis, do qual mais de trinta
milhões de pessoas perderam suas casas, milhares de crianças foram recrutadas
como soldados, e estupros se tornaram comuns nesse período. O que significa
que os problemas de segurança internacional não são apenas de conflitos entre os
Estados, de cunho puramente militar, mas também são problemas sociais, políticos
e econômicos, portando de responsabilidade de todos.
A segurança humana pode ser entendida a partir da junção de três
diferentes conceitos. O primeiro conceito surge a partir da ideia dos direitos
naturais, isto é, dos direitos individuais básicos, dos quais os Estados têm por
obrigação protegê-los e garanti-los. O segundo conceito é humanitário, que está
ligado aos esforços internacionais para garantir a ordem internacional em situações
como genocídio, crimes de guerra ou abolição de armas, que são considerados
ameaças aos direitos dos civis. O terceiro conceito, aborda sobre as ameaças
reais e potenciais na saúde e sobrevivência dos indivíduos. O que aponta que
abordagens como economia global, saúde ambiental, a atmosfera e os oceanos
podem impactar na segurança dos indivíduos (HAMPSON, 2008, p. 230- 231).
Defesa social é o conjunto de medidas e ações do estado, com
ênfase na prevenção e reação ao crime, à criminalidade e à violência, com o
fito de defender a vida, o patrimônio das pessoas e os interesses coletivos que
convivem em um território de forma harmônica e pacífica. Para Meireles (2011):

A expressão “defesa social” surgiu no Direito Penal e,


ali, coerente com argumentações contextuais, passou
por transformações semânticas, sem perder seus traços
originários, basicamente contidos na relação entre “crime”
e “proteção da sociedade”, ainda que, desde o pós-guerra
mundial, se fale em “nova defesa social”. Pretende-se, com
este trabalho, apresentar uma proposta de uma “novíssima
defesa social”, entendida como mecanismo de proteção
da sociedade, não apenas contra a espécie crime, mas, o
gênero-ameaças. (Meireles, 2011, p.02-03).

É imperioso destacar que o Programa Pacto pela Vida, criado através


da Lei nº 12.357/11 no âmbito do Estado da Bahia, instituiu o Sistema de Defesa
Social - SDS, com a finalidade de formular, implantar, monitorar e avaliar a Política
Pública de Defesa Social. E, portanto, exigem das instituições de segurança
interoperabilidades com os demais órgãos públicos do Estado da Bahia.

48
Nesta mesma perspectiva, a criação do Sistema Único de Segurança
Pública (SUSP) é um marco divisório na história do país. Implantado pela Lei
nº 13.675/2018, sancionada em 11 de junho de 2018, integrando os órgãos de
segurança pública, como as polícias civis, militares, federal, as secretarias de
segurança, as guardas municipais e polícia penal serão integradas para atuar
de forma cooperativa, sistêmica e harmônica, bem como compartilhando dados,
operações e colaborações nas estruturas federal, estadual e municipal.

6.1.1 São requisitos dos serviços de polícia ostensiva

- Regularidade
Exigem que os serviços prestados sigam padrões de qualidade
predefinidos de acordo com as exigências dos usuários, de acordo as condições
exigidas pela própria natureza do serviço e condições de sua prestação. A
qualidade deste serviço depende da capacidade de cumprir a missão, com
observância das exigências dos usuários e cumprimento dos protocolos e
Procedimentos Operacional Padrão (POP) de forma correta.

- Continuidade
Impõe ao serviço público o caráter de ser contínuo e sucessivo. Desta
forma, os serviços de polícia ostensiva devem ser internalizados aos usuários
como contínuos e acessíveis, devendo estar disponíveis em Carta de Serviços,
dispostas em um portal de serviços onde o cidadão solicite estes serviços de
forma ininterrupta a qualquer hora.

- Eficiência
Exige que o responsável pela prestação do serviço se comprometa com
o bom resultado prático da prestação que pretende oferecer aos usuários. Portanto,
é vital que os serviços definidos tenham seus processos vigiados e melhorados,
sejam transformados em Procedimentos Operacionais Padrão e sinalizadas quais
as metas e resultados a serem alcançados, possibilitando melhoramento e avaliação
constantes, além de capacitação continuada, com a busca de melhoria destes
processos e procedimentos e, por conseguinte a obtenção de melhores resultados.

- Eficácia
As atividades desenvolvidas pela PMBA devem necessariamente estar
associadas à noção do ótimo, de metas e tempo para sua concretização; devem
perseguir, por outro lado, a relação entre objetivos desejados e resultados obtidos.

49
- Efetividade
Hodiernamente, a doutrina incorporou um conceito mais complexo do
que a eficiência e a eficácia. Trata-se da efetividade, a qual examina em que
dimensão os resultados de uma ação trazem benefícios à sociedade, alterando
seu estado de coisas para melhor. De certo, resta-nos a inferência de que o
conceito de efetividade é mais abrangente que o da eficácia, ao passo que esta
nos mostra se o objetivo foi alcançado, aquela outra nos revela se tal objetivo
trouxe efetivamente melhorias à população pretendida.

- Segurança
O serviço deve ser ofertado aos usuários com máxima segurança.
Não deve ocorrer nenhum erro, omissão ou conduta inadequada, antiética ou
ilegal. As falhas devem ser imediatamente corrigidas e as anomalias registradas
e eliminadas, através de Grupos de Estudos, Análise de Estudos de Casos e/ou
Ação Correcional.

6.2  AMEAÇAS E RISCOS

A busca pela preservação da ordem pública perpassa pela oferta de


serviços de polícia ostensiva com alta qualidade (alta capacidade técnica dos
policiais militares no cumprimento dos POP, regularidade, continuidade nos
processos e protocolos, eficiência nos resultados almejados, e segurança, sem
erros, desvios de conduta e acidentes). Uma vez atingido este quadro desejável,
é preciso analisar fatores que colocam ou podem colocar o ambiente de trabalho
operacional do policial militar e as áreas de atuação da PMBA em risco e/ou
perigo. Desta análise extrai-se uma lista de ameaças e riscos.
Uma ameaça - concreta (identificável) ou potencial – pode ser definida
como a conjunção de atores sociais capazes de praticar desordens, delitos e
violência física praticada a terceiros, de forma intencional ou não, premeditada
ou não.
As desigualdades sociais, a degradação de grupos sociais como a
família, a igreja e escola, a ação de grupos criminosos que disputam territórios
para venda de drogas e o atendimento de furtos/roubos a lojas, bancos, carros,
residências e transeuntes.
Os riscos são definidos como situações de instabilidade cuja incidência
sobre a segurança não se considera provável no curto prazo, embora passasse
a se tornar uma ameaça.

50
7.  PLANEJAMENTO OPERACIONAL

O Planejamento Operacional é focado no curto prazo e cobre cada uma


das tarefas ou operações individualmente. O seu foco de ação é “o que fazer”
e “como fazer” as atividades rotineiras da organização. Refere-se às tarefas e
atividades realizadas no nível operacional, por isso está voltado para a obtenção
de resultados satisfatórios (eficiência).
Para Chiavenato:
os planos operacionais cuidam da administração da
rotina para assegurar que todos executem as tarefas e as
operações de acordo com os procedimentos estabelecidos
pela organização, a fim de que possa alcançar os seus
objetivos (2014, p. 203).

O mesmo autor (2014 p. 203) apresenta que, mesmo heterogêneos e


diversificados, todo Plano Operacional deve ter:
a. Procedimentos relacionados aos métodos: sequência de
etapas e passos que devem ser rigorosamente seguidos para a
execução do plano. São guias para ação transformados em rotinas
e expressos em fluxos ou sequências de procedimentos ou rotinas.
b. Orçamentos relacionados ao custo4: estão relacionados com o
dinheiro dentro de um determinado período de tempo de execução
do plano. Podem se referir ao período de um ano (período fiscal),
ou a um determinado serviço ou atividade.
c. Programas ou programações relacionados ao tempo: estão
relacionados ao tempo. Correlacionam o variável tempo e atividades
que devem ser realizadas ou executadas.
d. Regulamentos relacionados a comportamentos das pessoas:
constituem comportamentos solicitados às pessoas. Especificam
como as pessoas devem se comportar em determinadas situações,
ou apontam o que “devem” ou “não devem” fazer, o que “podem” e
“não podem”.

4  Vide tópico exclusivo sobre Orçamento.

51
52
CAPÍTULO II -
CONCEITOS E DIRETRIZES BÁSICAS

1.  CONCEITOS DE POLÍCIA OSTENSIVA

A seguir, serão apresentados alguns conceitos atinentes à área de


Polícia Ostensiva.

- Segurança Nacional
É a sensação de garantia necessária e indispensável a uma sociedade
e a cada um de seus integrantes, contra ameaças de qualquer natureza (BRASIL,
2014)5.
No Brasil, a Lei de Segurança Nacional (LSN) tem como principal
objetivo a garantia da segurança nacional do Estado contra a subversão da lei
e da ordem. Atualmente, a Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, é a que
trata da Segurança Nacional, e traz em seu corpo a definição dos crimes contra
a segurança nacional, a ordem política e social, somados ao fato de estabelecer
o rito processual e o julgamento dos eventuais infratores.

- Defesa Nacional
É um ato, ou conjunto de medidas, atitudes e ações, que se
contrapõem a determinado tipo de ameaça, e que se caracteriza e dimensiona
para proporcionar a sensação adequada de segurança.6 (BRASIL, 2014).

- Paz Social
A Paz Social reflete um valor de vida, não imposto, mas decorrente
do consenso, em busca de uma sociedade caracterizada pela conciliação e
harmonia entre pessoas e grupos, principalmente entre o capital e o trabalho,
5  Doutrina Manual Terrestre, Exército Brasileiro, 1ª Edição. 2014.
6 Ibidem.

53
e por um sentido de justiça social que garanta a satisfação das necessidades
mínimas de cada cidadão, valorizando as potencialidades da vida em comum,
beneficiando a cada um, bem com o a totalidade da sociedade7 (BRASIL, 2014).

- Segurança Pública
Estado antidelitual, de valor comunitário, que resulta da observância
dos preceitos contidos na legislação penal, podendo resultar das ações policiais
preventivas ou repressivas ou ainda da simples ausência, mesmo que temporária,
dos delitos. A segurança pública é aspecto da ordem pública e tem nesta, seu
objeto (LAZZARINI, 1999).

- Defesa Pública
É o conjunto de atitudes, medidas e ações adotadas para garantir o
cumprimento das leis de modo a evitar, impedir ou eliminar a prática de atos que
perturbem a ordem pública. Visa também superar antagonismos ou pressões,
sem conotações ideológicas, que se manifestam ou produzem efeitos no âmbito
interno do país8 (BRASIL, 2014).

- Ordem Pública
Está descrito no Decreto nº 88.771/19839, como sendo o conjunto
de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por
escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público,
estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo
poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem
comum (BRASIL, 1983).
Para Marcineiro (2009), ordem pública não é algo que se impõe. É
algo construído por toda a sociedade, em que os agentes públicos de segurança
participam do processo, valendo-se para isso de conhecimento técnico-
profissional e das informações do ambiente onde se encontram inserido.
Lazzarini (2003) destaca que a ordem pública se caracteriza pela
ausência de desordem e compreende os aspectos da tranquilidade pública,
salubridade pública e segurança pública. Logo, é a situação de tranquilidade e
normalidade que o Estado deve assegurar às instituições e a todos os membros
da sociedade, consoante às normas jurídicas legalmente estabelecidas. A ordem

7 Ibidem.
8  Doutrina Manual Terrestre, Exército Brasileiro, 1ª Edição. 2014.
9  BRASIL (1983) R- 200 - Regulamento para as Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares
(R-200).

54
pública existe quando estão garantidos os direitos individuais, a estabilidade
das instituições, o regular funcionamento dos serviços públicos e a moralidade
pública, afastando-se os prejuízos à vida em sociedade, isto é, atos de violência,
de que espécie forem, contra as pessoas, bens ou o próprio Estado.

- Perturbação da Ordem
Abrange todos os tipos de ação, inclusive as decorrentes de
calamidade pública que, por sua natureza, origem, amplitude e potencial possam
vir a comprometer, na esfera estadual, o exercício dos poderes constituídos, o
cumprimento das leis e a manutenção da ordem pública, ameaçando a população
e propriedades públicas e privadas.

- Policiamento Ostensivo
É exclusivo das Polícias Militares em cujo emprego o homem ou o
grupamento engajados são identificados de relance, quer pela farda quer pelo
equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública10.
É a atividade dinâmica de execução da polícia ostensiva, que obedece
a características, princípios e variáveis próprias, objetivando satisfazer as
necessidades básicas das comunidades e do cidadão; permitindo, assim,
dada a maior proximidade, pavimentar a via de integração da Polícia Militar e
Comunidade, elo essencial para realização efetiva da política de segurança
pública contemporânea.
MOREIRA NETO (2009) afirma que a terceira fase da polícia ostensiva é
a fiscalização propriamente dita, e que esta possui dupla finalidade: num primeiro
momento, realiza a prevenção das infrações pela verificação da adequação
do cumprimento das ordens e se não ocorrem abusos do consentimento nas
utilizações de bens e nas atividades privadas; e, num segundo momento, prepara
a repressão das infrações pela constatação formal dos atos infratores.
Nesse entendimento, TEZA (2011) define que “policiamento” é somente
o ato de fiscalizar com a presença. Ou seja, refere-se apenas a uma das fases do
poder de polícia administrativa, enquanto a expressão “polícia ostensiva” é o todo,
abarcando todos os atos necessários para a prevenção do crime e desordens. É
importante observar que a fiscalização é correspondente ao termo “policiamento”.
Não se deve confundir o termo “polícia ostensiva” com “policiamento ostensivo”.
Em linhas gerais, o “policiamento ostensivo” se dá pela fiscalização de
atividades e comportamentos sociais, bem como da regulação da ordem pública,
fundamentado na resposta a todo tipo de delito, tendo a presença policial ostensiva
como sua principal ferramenta ao desestimulo da prática de crimes diversos.
10  BRASIL (1983) R- 200 - Regulamento para as Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares
(R-200).

55
- Planejamento Operacional / Plano Operacional
O Planejamento Operacional está relacionado ao cumprimento
de metas e objetivos estabelecidos, em que os policiais militares estarão
responsáveis pela sua execução.
Logo, o Planejamento Operacional é focado no curto prazo e cobre
cada uma das tarefas ou operações individualmente. O seu foco de ação é “o
que fazer” e “como fazer” as atividades rotineiras da organização. Refere-se às
tarefas e atividades realizadas no nível operacional, por isso está voltado para
a obtenção de resultados satisfatórios (eficiência), conforme descrito no Manual
de Planejamento Operacional em Polícia Militar.
No que se refere ao Plano Operacional, consideramos o instrumento
físico do planejamento operacional. Para Chiavenato (2014), os planos
operacionais cuidam da administração da rotina para assegurar que todos
executem as tarefas e as operações de acordo com os procedimentos
estabelecidos pela organização, a fim de que possa alcançar os seus objetivos.

- Ponto Crítico
Considerar-se-á como ponto crítico, local de maior concentração de
índice criminalidade na avaliação do levantamento estratégico (zonas quentes).

- Pontos Sensíveis
Considera-se como ponto sensível, todo local que apresente por suas
características aspectos de vulnerabilidade quanto à segurança; e que possibilite
ou exerça atração ao cometimento de ações delituosas (bancos, caixas eletrônicos
24h, shopping centers, centros comerciais, casas lotéricas e outros).

- Pontos Notáveis
Considera-se como ponto notável, todo aquele que tenha uma importância
social junto à comunidade, quer seja pela sua especialidade, pela singularidade,
utilidade ou até atração em face de suas características físicas e naturais.

- Itinerário de policiamento
É o trajeto que interliga pontos-base no posto, percorrido
obrigatoriamente pelo grupamento, motorizado ou não.

- Local de Risco
É todo local que, por suas características, apresente probabilidade de
ocorrência policial militar.

56
- Região Policial Militar
É o espaço geográfico atribuído à responsabilidade de um Comando
de Policiamento Regional (CPR). Este espaço é revelado pela manifestação do
corpo social, por meio de uma multiplicidade de interações sociais, políticas e
econômicas que as pessoas estabelecem entre si e delas para com o espaço.

- Área Policial Militar


É o espaço geográfico atribuído à responsabilidade de uma Organização
Policial Militar (OPM), ao nível de escalonamento dos Comandos de Policiamento
Regionais (CPR), Batalhão de Polícia Militar (BPM) ou Companhia Independente
de Polícia Militar (CIPM).

- Subárea Policial Militar


É o espaço geográfico, fração de área, atribuído à responsabilidade de
uma OPM, ao nível de escalonamento de Companhia de Polícia Militar (Cia PM)
pertencente ao orgânico do BPM.

- Setor Policial Militar


É o espaço geográfico, fração de subárea, atribuído à responsabilidade
de um Pelotão de Polícia Militar (Pel PM).

- Subsetor
É o espaço geográfico, fração de setor, atribuído à responsabilidade de
um Destacamento de Polícia Militar (DPM) ou a uma Patrulha de Polícia Militar.

- Posto - Módulo – Fixo ou móvel


É a edificação ou veículo de carroceria (Base Móvel), cujo espaço físico
se presume suficiente para que uma patrulha ou fração policial militar possa
desenvolver suas atribuições legais e regulamentares.
Tem como premissa imediata, pelo sobejar ostensivo, o incremento
da presença real da Polícia Militar naquela localidade, proporcionando ao
cidadão e à comunidade maior proximidade e interação, com diferenciada
atenção aos problemas que afetam a qualidade de vida local, em especial a
prevenção e combate ao crime, à reação qualificada à violência e a desordem.
Consolidando-se na metodologia da polícia orientada para o problema e polícia
de proximidade. Permitindo ao cidadão estabelecer um ponto de referência da
presença PM e consequente prestação de serviço de segurança pública. Como
premissa mediata, é também ponto de apoio para o PM na solução de demandas
administrativas, típicas do serviço policial militar.

57
Para cada processo, modalidade e condição de carga de trabalho,
o posto é elaborado a um módulo, e, havendo necessidade, poderão sobrevir
tantos quantos forem necessários.

- Ponto de Estacionamento
É o local onde a patrulha deve permanecer estacionada desde que não
esteja atendendo ocorrência policial ou em patrulhamento, sendo eles:

» Ponto de Estacionamento Principal - PEP


Ponto de estacionamento estabelecido segundo os critérios de
necessidade de policiamento preventivo de caráter mais permanente,
acessibilidade e visibilidade ao público e fluidez de trânsito.

» Ponto de Estacionamento Secundário - PES


Ponto de estacionamento estabelecido segundo critérios mais
flexíveis, constituindo instrumento para que o Comandante da UOPM possa, de
modo mais dinâmico, atender às demandas ocasionais e/ou extraordinárias de
policiamento preventivo.

- Ponto Base - PB
É o espaço geográfico que, por ser local de risco, exige a presença da
fração PM, de maneira contínua ou temporariamente.

- Ponto de Embarque e Desembarque - PED


Local onde a patrulha será deixada e recolhida, quando os patrulheiros
e forem transportadas para o posto.

- Roteiro de deslocamento
É o caminho a ser seguido, obrigatoriamente, pela patrulha em seu
deslocamento Unidade-Posto-Unidade, sendo previamente estabelecido.

- Base Comunitária de Segurança - BCS


Estrutura física dedicada ao policiamento comunitário, com a
finalidade de executar a polícia ostensiva em seus respectivos subsetores de
responsabilidade territorial, com foco nas ações preventivas, contribuindo nas
ações de prevenção primária. Assim, a BCS será uma referência no atendimento
à comunidade e na articulação com os demais órgãos do Sistema de Defesa
Social. Sua área será de aproximadamente 02 (dois) km² de área e estará
subordinada a Unidade Operacional Policial Militar (UOPM).

58
- Ação Policial Militar
É o desempenho da guarnição e/ou patrulha ao realizar missão
rotineira, dependente apenas do preparo policial militar recebido para o
exercício da atividade. As características da ação policial militar são a rotina
e a independência de planejamento específico elaborado, sendo exemplos o
radiopatrulhamento preventivo, o atendimento de ocorrências, abordagens e
similares.

- Operação Policial Militar


É a conjugação de ações, que exige planejamento anterior e específico,
executadas por grupamentos constituídos, podendo, inclusive, contar com a
participação de outros órgãos, públicos ou privados.

- Operações Policiais Especiais


Atividades de polícia ostensiva executadas pelo efetivo do Batalhão
de Operações Policiais Especiais (BOPE), que visam a preservação da ordem
pública, onde envolvam alto risco, atuando como efetivo de reação do Comando-
Geral, especialmente instruída e treinada para o emprego em ocorrências de alta
complexidade.
Dessa forma, cabe-lhe realizar ações antibombas, ações antiterror,
ocupações de pontos sensíveis e críticos para restauração da ordem, emprego
das alternativas táticas no Gerenciamento de Crises com reféns localizados,
intervenções em estabelecimentos prisionais em situações de crise, operações
de combate ao crime organizado, apoio a Defesa Civil nos casos de calamidade
pública, e outras ocorrências de alto risco determinadas pelo Comando-Geral.
O professor Marco Tulio Zanini (ZANINI et al. 2013) afirma que equipes
de operações especiais são equipes de alto desempenho que atuam sob alto
risco em cenários complexos e com grande imprevisibilidade.

- Teatro de Operações
Área onde é desenvolvida a ação/operação policial militar e onde
atuam os elementos operacionais.

- Inteligência de Segurança Pública - ISP


É o exercício permanente e sistemático de ações especializadas
para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera
da Segurança Pública, basicamente orientadas para produção e salvaguarda
de conhecimentos necessários para subsidiar os tomadores de decisão, para

59
o planejamento e execução de política de Segurança Pública e das ações para
prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza que
atentem à ordem pública, à incolumidade das pessoas e do patrimônio11 (SÃO
PAULO, 2006).

2.  DIRETRIZES BÁSICAS PARA O SISTEMA DE GESTÃO DE


POLÍCIA OSTENSIVA DA PMBA

a. A
s análises e trabalhos de planejamento que se desenvolverem
sobre subsistemas administrativos ou operacionais da Polícia
Militar devem levar em conta os objetivos globais da organização,
já que somente a consideração do todo, na análise de suas partes,
pode conduzir à maior eficiência operacional, com o máximo
aproveitamento da estrutura, levando ao aumento da eficácia;
b.
Proximidade da Administração ao Usuário: o gestor policial militar
(Comandante) deve estar próximo e participar ativamente da comunidade
a que serve, dialogando com as lideranças locais, promovendo
consultas e pesquisas de opinião, conhecendo as demais autoridades e
as necessidades específicas de sua área de atribuição, inclusive com a
utilização de plataformas e aplicativos digitais institucionais;
c.
Prioridade dos serviços de policiamento ostensivo com
multiatendimentos primários e secundários: o policial militar deve estar
qualificado para atender serviços prioritários, com a observância de
que um dos princípios básicos da polícia ostensiva é a universalidade.
O policial militar deve estar em condições de tomar providências, ainda
que preliminares, em qualquer ocorrência que deva atender;
d. Organização sistêmica da polícia ostensiva: o policiamento ostensivo deve
ser organizado de maneira sistêmica e integrada, de modo que todos os
tipos, processos, modalidades e programas de policiamento ostensivo
estejam interligados por sistema operacional informatizado e dispostos no
terreno de forma a assegurar o apoio efetivo (permanente) e eficaz (que
apresente o resultado desejado) a cada integrante do sistema;
e. Acessibilidade: o público deve ter facilidade de acesso ao sistema
policial. Essa facilidade é representada, no Sistema Gestão de
Polícia Ostensiva, pelo contato telefônico e pelo conhecimento
público dos locais onde a polícia pode ser encontrada;

11  SÃO PAULO. Polícia Militar do Estado de são Paulo. Normas para o Sistema Operacional de
Policiamento. 2006.

60
f. Responsividade: é o comportamento de resposta de um
sistema policial que tem grande importância sobre sua eficácia.
O comportamento responsivo deve solucionar, tomar a
responsabilidade para si, recepcionar questões e dúvidas no intuito
de respondê-las com plena efetividade.

3.  A ESTRATÉGIA OPERACIONAL DA PMBA

Diante da Política Nacional de Segurança Pública, e em meio às


mudanças sociais e econômicas da sociedade contemporânea, a Polícia
Militar da Bahia adotou novo sistema de gestão para desenvolver sua missão
constitucional, pautado no Plano Estratégico vigente. Dessa forma, coube ao
Comando de Operações Policiais Militares (COPPM) elaborar Plano Estratégico
setorial, a fim de cumprir as Objetivos Estratégicos Institucionais no âmbito
operacional.
A metodologia de formulação do planejamento estratégico do Comando
de Operações Policiais Militares (COPPM) e sua estratégia operacional têm como
principal objetivo guiar e alinhar as ações em todos os níveis da área operacional
de atuação do COPPM, buscar o alinhamento de todos os envolvidos com a visão,
missão, valores institucionais; eixos estruturantes, política e estratégia e realizar
seus processos de maneira efetiva, prestar seus serviços com maior qualidade
e satisfação do cidadão e impactar positivamente na imagem institucional e nos
indicadores estratégicos, criminais e operacionais.
As iniciativas, ações e projetos que integram o Plano Estratégico do
COPPM visam à adoção de uma Gestão do Policiamento que terá como ponto
de partida a Estratégia Operacional de Policiamento baseada em 06 (seis)
pilares: 1) proximidade; 2) resolutividade; 3) produtividade; 4) pronta resposta;
5) ações sobre causas; e 6) parcerias. Esta é gerenciada estrategicamente por
projetos, processos, diretrizes e ferramentas de qualidade, com o objetivo de que
a atuação policial enfatize a defesa da vida e a proteção das pessoas, resultando
na redução do risco e da percepção do risco para o crime, violência e desordem.
A proposta de atuação está diretamente pautada a sua missão
constitucional do dever de preservação da ordem pública, conforme descrito no
plano 412.

12  Plano Estratégico do Comando de Operações Policiais Militares, Seção de Gerenciamento de


Projetos (2018).

61
Existimos para articular e fomentar a excelência na prestação
de serviços na dimensão operacional da PMBA e deveremos atuar como:
Organização catalizadora de boas práticas de gestão operacional, difusora da
doutrina operacional e articuladora da estratégia operacional de policiamento,
que será alicerçado na:

Quadro 2 – Princípios e Eixos Estruturantes da Estratégia Operacional

Pronta Ações sobre


Proximidade Resolutividade Produtividade Parcerias
Resposta Causas

Alinhados
Conservadores Criteriosos Intransigentes
Criativos com Focados na com os
com nossas com os com a
as ações missão avanços
tradições recursos ilegalidade
tecnológicos

Fonte:  SGP/COPPM (2018)13.

E, desta forma, contribuiremos para elevação da qualidade dos serviços


de Polícia Ostensiva, reduzindo o risco e a percepção do risco para o crime,
violência e desordem, a níveis socialmente desejáveis e aceitos. Resultando nos
seguintes desideratos.

Quadro 3 – Resultados Alcançados pelos Princípios e Eixos Estruturantes da Estratégia


Operacional

SOCIEDADE E CIDADÃO

Ampliar as ações
Melhorar a
Aumentar a Fortalecer a de responsabilidade Reduzir locais de
qualidade de vida
confiança imagem social e dos Direitos risco
da população
Humanos

Fonte:  SGP/COPPM (2018)14.

13 Ibidem.
14 Ibidem.

62
CAPÍTULO III -
PRINCÍPIOS, VARIÁVEIS, REQUISITOS BÁSICOS,
FORMAS DE EMPENHO DE POLÍCIA OSTENSIVA

1.  PRINCÍPIOS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO

- Antecipação
A fim de ser estabelecido e alcançado o espírito predominantemente
preventivo do Policiamento Ostensivo, a iniciativa de providências estratégicas,
táticas, técnicas e operacionais, destina-se a minimizar a surpresa, caracterizar
um clima de segurança na comunidade e fazer face ao fenômeno da evolução
da criminalidade com maior presteza.
Muito do sucesso e efetividade na aplicabilidade deste princípio
depende da utilização dedicada da informação e conhecimentos administrativos
e criminológicos, uma vez que esses conhecimentos consubstanciarão
consideravelmente a concepção do planejamento institucional.

- Aplicação
Policiamento Ostensivo, por ser uma atividade facilmente identificada
pelo uniforme e aprestos, exige atenção e atuação ativas de seus executores,
de forma a proporcionar o desestímulo ao cometimento de atos antissociais, pela
atuação preventiva e reativa.

- Continuidade
Policiamento Ostensivo é atividade imprescindível, de caráter
absolutamente operacional e será exercido diuturnamente. A satisfação das
necessidades de segurança da comunidade compreende um nível tal de
exigências que deve encontrar resposta na estrutura organizacional, nas rotinas
de serviço e na mentalidade do policial militar.

63
- Emprego Lógico
A disposição de meios, para a execução do Policiamento Ostensivo,
deve ser o resultado de julgamento criterioso das necessidades, escalonadas em
prioridades de atendimento, da dosagem do efetivo e do material, compreendendo
o uso racional do que estiver disponível, bem como de um conceito de operação
bem claro e definido, consolidado em esquemas exequíveis.

- Isenção
No desempenho de sua atividade profissional, o policial militar
exercitará e garantirá todas as condições necessárias ao alcance da cidadania
plena. A ele cabe observar a igualdade do cidadão quanto ao gozo de seus
direitos e garantias, bem como do cumprimento de seus deveres perante a lei,
agindo com imparcialidade e impessoalidade.
Deve o PM possuir capacidade de manter-se neutro, de não se envolver
emocionalmente com as partes, de não se deixar “contagiar”, para assim poder
perceber as coisas de modo mais preciso, menos deturpado.

- Objetivo
O Policiamento Ostensivo visa à tranquilidade pública pelo
desencadeamento de ações e operações, isoladas ou integradas, com propósitos
particulares definidos.
É também objetivo do policiamento ostensivo garantir e/ou restabelecer
a ordem pública. O estado desvelado e sucessivo de ações e operações, com
seus aspectos e pormenores bem decididos, de maneira integrada ou não,
perfazem via obrigatória para a consecução irrefutável deste desígnio.

- Profundidade
A cobertura de locais de risco não ocupados e/ou o reforço a pessoal
empenhado devem ser efetivados ordenadamente, seja pelo judicioso emprego
da reserva, seja pelo remanejamento dos recursos imediatos, ou mesmo, se
necessário, pelo progressivo e crescente apoio, que assegure o pleno exercício
da atividade. A supervisão (fiscalização e controle) e a coordenação, realizadas
por Oficiais e Graduados, também integram este princípio, à medida que corrigem
distorções e elevam o moral do executante.

- Responsabilidade Territorial
Medida estratégica de subdivisão territorial em porções geográficas
menores; policiada, cuidada e protegida, segundo distribuição espacial

64
dos recursos policiais militares disponibilizados. Vislumbrando com isso,
emprego judicioso e técnico na atividade de linha da corporação. Deste modo,
descentralizando a responsabilidade operativa, segundo o escalonamento
vertical das composições dos encargos profissionais.
Fica evidenciado que o gestor de polícia possui liberdade para empregar
seu conjunto de recursos a fim de efetivar os tipos de planejamento institucionais
anteriormente concebidos. E, por lógico, atentando para as diretrizes oriundas
dos escalões superiores, no atendimento das necessidades de segurança
apresentadas por aquela comunidade.
Impõe-se, por outro lado, aos gestores o conceito de responsabilidade
territorial, na medida em que os vincula às ações desenvolvidas e aos resultados
obtidos na atividade de segurança pública em determinado espaço geográfico
de atribuições. Culminando, por certo, no curso das resoluções das pendências
vivenciadas, numa maior proximidade com o cidadão e com a comunidade.

- Universalidade
Policiamento ostensivo se desenvolve para a preservação da ordem
pública, tomada no seu sentido amplo.
A natural e, às vezes imposta, tendência à especialização, não
constitui óbice à preparação do policial militar capaz de dar tratamento adequado
aos diversos tipos de ocorrências. Aos PMs especialmente preparados para
determinado tipo de policiamento, caberá, a adoção de medidas, ainda que
preliminares, em qualquer ocorrência policial militar.
O desempenho de tarefas policiais militares específicas não desobriga
o PM do atendimento a outras ocorrências que presencie ou para as quais seja
chamado ou determinado.

- Unidade de Comando
Quando a atividade policial militar se desenvolve com o emprego de
diferentes frações, elementares ou constituídas, os escalonamentos, do primeiro ao
último, são ordenados e organizados, a partir de único Comandante, possibilitando
a unidade de esforço, pela aplicação coordenada de todos os meios.

- Superioridade
O pessoal a ser empregado seja na prevenção e/ou no atendimento
de uma ocorrência deverá ser sempre superior aos infratores, seja pelo número
de policiais militares, pelo uso da técnica e da tática, pelo armamento, pelo
posicionamento ou qualquer situação que privilegie a fração PM.

65
- Interoperabilidade
Habilidade que a Polícia Militar Estadual possui para operar em
conjunto com efetivos de outras Forças de Segurança, Órgão do Sistema de
Defesa Social e/ou das Forças Armadas, de maneira harmônica, integrada,
coordenada e complementar; quer seja em operações conjuntas, em atividades
interestaduais, perfazendo um ambiente inter-agências, para o fiel cumprimento
das missões estabelecidas.

- Características do Policiamento Ostensivo


São aspectos gerais que revestem a atividade policial militar, que identificam
o seu campo de atuação e as razões de seu desencadeamento, sendo elas, portanto:

a. Ação Pública
Objetiva alcançar o interesse geral da comunidade, resguardando o bem
comum em sua maior amplitude. Não se confunde com zeladoria, atividade de
vigilância particular de bens ou áreas privadas e públicas, nem com a segurança
pessoal de indivíduos sob ameaça. A atuação eventual nessas situações ocorre
por conta das excepcionalidades e não como regra de observância imperativa.

b. Dinâmica
O desempenho do sistema de policiamento ostensivo far-se-á, com
prioridade, no cumprimento e no aperfeiçoamento dos planos de rotina, com o
fim de manter continuado e íntimo engajamento da fração com sua circunscrição,
para obter o conhecimento detalhado do terreno e dos hábitos da população, a fim
de melhor servi-la. O esforço é feito para a manutenção dos efetivos e dos meios
na execução daqueles planos que conterão o rol de prioridades pela presença
continuada, objetivando criar e manter população a sensação de segurança que
resulta na tranquilidade pública, objetivo final da Preservação da Ordem Pública.
As Operações Policiais Militares, destinadas a suprir exigências não
atendidas pelo policiamento ostensivo em determinados locais, poderão ser
executadas esporadicamente, em caráter supletivo, através da saturação/
concentração maciça de pessoal e material, para fazer frente a inquietante
situação temporária, sem prejuízo para a Ordem de Polícia Ostensiva.

- Identificação
Policiamento Ostensivo é a atividade de preservação da ordem pública
em cujo emprego a fração é identificada de relance pela farda. O armamento,
equipamento, viatura e aprestos se constituem em formas complementares de
reconhecimento.

66
- Totalidade
É uma atividade essencialmente dinâmica que tem origem na
necessidade comum de segurança da comunidade, permitindo-lhe viver em
tranquilidade pública. Esta é desenvolvida sob os aspectos preventivo e
repressivo, consoante seus elementos motivadores, assim considerados os atos
que possam se contrapor ou se contraponham à ordem pública.
Consolida-se por uma sucessão de iniciativas de planejamento e
execução ou em razão de clamor público. Deve fazer frente a toda e qualquer
ocorrência, quer por iniciativa própria, quer por solicitação, quer em razão de
determinação. Havendo envolvidos (pessoas, objetos), quando couber, serão
encaminhados aos órgãos competentes ou estes cientificados para providências,
se não implicar em prejuízo para o desenlace do atendimento.

- Legalidade
As atividades de Policiamento Ostensivo desenvolvem-se dentro dos
limites que a lei estabelece. O exercício do poder de Polícia é discricionário,
mas não deve ser exercido com arbitrariedade. Tendo por balizadores o próprio
ordenamento jurídico, com especial atenção ao que estabelecem os direitos e
garantias fundamentais previstos na Constituição Federal.
Haverá, no entanto, situações em que o PM atuará de maneira
discricionária; mesmo nesses casos, seus limites de laboração continuarão
sendo as normas constitucionais.

- Ação de Presença
É a manifestação que dá a comunidade a sensação de segurança,
pela certeza de cobertura do aparato policial. Ação de presença real consiste
na presença física do PM nos locais onde a probabilidade de ocorrência seja
grande.
Ação de presença potencial é a capacidade do policiamento ostensivo,
num espaço de tempo mínimo, acorrer ao local onde a ocorrência policial-militar
seja iminente ou já tenha surgido.
A postura e compostura; a maneira técnica e profissional de se
comunicar com o cidadão; a integração e interação proativa com o ambiente;
a busca dinâmica em visualizar, entender e interpretar as relações sociais
ocorridas naquele universo podem individual ou conjuntamente influenciar para
definir quanto à redução ou ampliação da ação de presença policial, contribuindo
decisivamente no encorajamento ou na dissuasão da ocorrência delituosa.

67
2.  VARIÁVEIS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO

São os critérios que identificam os aspectos principais da execução


do policiamento ostensivo, tais como, tipo, processo, modalidade, circunstância,
serviço, lugar, tempo e número.

2.1  TIPOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO

São qualificadores das ações e operações, estão os seguintes:


- Policiamento Ostensivo Geral
Tipo de policiamento ostensivo que visa a satisfazer as necessidades
básicas de segurança, inerentes a qualquer comunidade ou a qualquer cidadão.
São exemplos de Policiamento Ostensivo Geral:
» Policiamento Turístico
Policiamento ostensivo que visa a preservação da ordem pública, do
patrimônio cultural material e imaterial, acolhimento ao turista em razão do seu
estado de vulnerabilidade, nos logradouros públicos que pelas características
naturais, revência cultural e/ou histórica, número de visitantes, se tornaram
pontos de visitação turística.
» Policiamento em Grandes Eventos
Policiamento Ostensivo destinado a eventos (especiais ou
extraordinários) sejam espetáculos musicais, eventos desportivos, festas
populares e outros. Tem como missão promover de forma preventiva ou repressiva,
alternada ou concomitante, o policiamento ostensivo em eventos especiais ou
extraordinário, criando assim uma doutrina para atuação em locais de eventos,
difundindo através da realização de cursos e em paralelo confeccionar a emissão
de laudos de segurança através da realização de vistorias em estádios.

- Policiamento de Trânsito Urbano e Rodoviário


Policiamento ostensivo de cunho preventivo, corretivo ou resolutivo
especializado na execução, fiscalização e defesa do trânsito, em estradas e rodovias,
nas quais são reunidos um conjunto de ações, intervenções ou medidas de polícia
ostensiva, desenvolvidas no cenário do trânsito com mister precípuo a garantia e o
respeito às normas e leis, estabelecidas por órgão competente, de acordo com o
Código de Trânsito Brasileiro e legislação pertinente, bem como a observância de
direitos e deveres, visando a manutenção ou preservação da ordem pública.

68
- Policiamento de Guarda
Tipo específico de policiamento ostensivo que visa à guarda de
aquartelamentos, à segurança externa de estabelecimentos prisionais e à
segurança física das sedes dos poderes estaduais e outras repartições públicas
de importância, assim como à escolta de presos fora das instituições prisionais.

- Policiamento de Choque
Policiamento Ostensivo que dispõe de técnicas, táticas e equipamentos
especiais empregados sob égide das doutrinas de Choque e uso diferenciado
de meios nas missões de retomada da Ordem Social, depois de esgotados os
recursos convencionais do policiamento ostensivo de preservação da Segurança
Pública.

- Policiamento Ostensivo Ambiental


Tipo específico de policiamento ostensivo executado para a preservação
da ordem pública por meio da defesa à fauna; à flora; às extensões d'água e
mananciais; bem como, contra a caça e a pesca ilegais; a poluição; a destruição
de sítios arqueológicos; a extração irregular de minérios; dentre outras. Vale
dizer, forma de exercício do poder de polícia apta a garantir o uso racional e legal
dos recursos naturais, a partir de fiscalizações realizadas de maneira singular
ou em cooperação com órgãos competentes federais, estaduais e municipais.
Igualmente, em articulação ou contribuição com a sociedade.

- Policiamento Tático
É o tipo de Policiamento Ostensivo voltado para situações que
exigem um efetivo com treinamento específico para atuação em ocorrências
mais graves, como roubos e aquelas envolvendo o crime organizado, e que
exijam técnicas, táticas, equipamentos e armamentos específicos, com vistas à
repressão qualificada.

- Policiamento Especializado
Ações policiais militares que pela criticidade e níveis de esforço
elevados, extrapolam a capacidade técnica e operacional dos recursos do
policiamento ostensivo geral, demandando o empenho de efetivo e procedimentos
operacionais específicos, tanto na questão da preparação, adequação e
organização profissionais, quanto nos materiais e equipamentos utilizados.

69
2.2  PROCESSO

São caracterizados pelos meios de locomoção utilizados, que podem ser:

a. A pé
É o policiamento ostensivo, em cujo emprego o homem ou efetivo
fracionado é identificado pela farda ou equipamento e tem por objetivo principal
atingir visibilidade à população, proporcionando maior interação com a
comunidade;

b. Motorizado
É o policiamento realizado com a utilização de veículos motorizados de 04
(quatro) ou 02 (duas) rodas. No policiamento motorizado, existe a grande vantagem
da flexibilidade, da velocidade para se chegar à ocorrência, no caso de viaturas
automóveis, e a flexibilidade e o poder de acesso, no caso das motocicletas;

c. Montado
É o policiamento ostensivo geral que, utilizando como meio de
locomoção o cavalo, visa satisfazer as necessidades básicas de segurança,
inerentes a qualquer comunidade ou qualquer cidadão.” Excepcionalmente pode
atuar como policiamento guarda, ambiental ou de choque;

d. Aéreo
Trata-se da forma de policiamento ostensivo que se utiliza do vetor
aéreo, empregando aeronaves operadas por efetivo técnico especializado, com
vistas ao atendimento, prioritariamente, de demandas de alta complexidade, ou
seja, aquelas cuja dimensão supera a capacidade de resposta dos processos
convencionais de policiamento;

e. Em embarcação
Consiste na forma de policiamento ostensivo em ambientes aquáticos,
sendo eles telassociclo (ecossistemas marinhos) e limnociclo (ecossistemas de
água doce), utilizando como meio de locomoção e embarcações, principalmente
moto-aquática; lancha e canoa motorizada. Esse tipo de policiamento visa,
sobretudo, proteger as comunidades ribeirinhas, salvaguardar os recursos
hídricos e combater a pesca proibida;

70
f. Em bicicleta ou quadrículos
É o policiamento ostensivo que emprega o policial utilizando a bicicleta ou
quadriculo, conciliando a interação com o cidadão e cobrindo uma área até quatro
vezes maior que a verificada no policiamento ostensivo a pé. Garante ainda a presença
da Polícia Militar em áreas onde não é possível o policiamento com carros ou motos.

2.3  MODALIDADES

São modos peculiares de execução do policiamento ostensivo:

a. Patrulhamento
Ação de controle de polícia ostensiva executada rotineiramente por
uma patrulha por meio da observação atenta em relação ao ambiente patrulhado,
objetivando, primordialmente, pela simples presença, interferir positivamente para a
prevenção de ilícitos penais e infrações administrativas; fiscalizando, reconhecendo,
protegendo ou mesmo utilizando a força diferenciada em confrontos e combates.
» Força de Emprego Tático Operacional
Ações de polícia ostensiva direcionadas à prevenção de crimes
violentos ou à sua reação imediata, em pontos de alta incidência nas áreas de
responsabilidade de uma UOPM, demandam patrulhas reforçadas em efetivo
e armamento, com treinamento tático diferenciado. Atualmente são realizadas
pelas Companhias de Emprego Tático Operacional (CETO) e os Pelotões de
Emprego Tático Operacional (PETO).
» Patrulhamento Tático Móvel
É o policiamento empregado em apoio à determinada área da Região
Policial Militar, como reserva tática móvel predominantemente motorizada,
caracterizando-se pela pronta resposta de ações dinâmicas de observação,
vigilância, identificação e ocupação, com vistas à repressão qualificada de
Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e dos Crimes Violentos Contra o
Patrimônio (CVP). Atualmente realizam com EXCLUSIVIDADE o Patrulhamento
Tático: As Companhias de Policiamento Tático – CIPT (Rondesp) e Companhia
de Patrulhamento Tático Móvel (Cia PATAMO) do Batalhão de Polícia de Choque.
» Patrulhamento Especializado
É o conjunto de forças policiais militares que atuam em razão de
certas peculiaridades da região, na repressão ao crime organizado ou em
locais com alto índice de crimes violentos, ocorrências de vulto, eventos de

71
importância, controle de tumultos e ações para restauração da ordem pública
de maior magnitude. O Patrulhamento Especializado é executado em apoio
aos Comandos de Policiamento Regionais. Atualmente são realizadas pelas
Companhias Independentes de Policiamento Especializado (CIPE).
» Patrulhamento Aéreo
É o policiamento empregado em ações que demandem o uso de
aeronave, sobrevivendo a ambientes hostis, mitigando danos à própria aeronave,
bem como a seus ocupantes. Para tanto, a operação aérea policial militar adota
doutrina e disciplina que equilibrem a segurança de voo com a efetividade no
desempenho das ações. O objetivo é reduzir a um nível controlado os riscos
potenciais resultantes do produto da atividade de Segurança Pública com a
atividade aérea, bem como atuar como ferramenta de prevenção qualificada, ou
ainda atender demandas de defesa e proteção social;

b. Permanência
É a atividade predominantemente estática executada pelo policial
militar, isolado ou não, em local de risco ou posto fixo, dentro do módulo,
preferencialmente contando com possibilidade de comunicação;

c. Diligência
É a atividade dedicada de busca, localização e apreensão de objetos
e/ou identificação, busca e captura de pessoas em flagrante delito ou mediante
mandado judicial; resgate de vítimas;

d. Escolta
É a atividade de policiamento ostensivo de risco que envolve uma
conjugação de ações e técnicas, destinada ao acompanhamento, e/ou custódia
de pessoas – presas ou não - ou bens, em deslocamento.
São tipos comuns de escoltas:
- De pessoas presas ou apreendidas;
- De testemunhas sob proteção judicial;
- De dignitários;
- De bens e valores;
- De torcidas organizadas.

72
2.4  CIRCUNSTÂNCIA

São condições que dizem respeito à multiplicidade, à dimensão e à


frequência com que se torna exigido o policiamento ostensivo.

- Rotineira
É o emprego rotineiro de meios operacionais em obediência a um plano
sistemático, que contém a escala de prioridades. Oportuniza, por suas próprias
peculiaridades, um ambiente aproximado da certeza, possibilitando assim
tomada de decisões mais acertadas. É contemplado com a possibilidade de ser
amparado pelo planejamento estratégico, tático e operacional da instituição PM.

- Especial
É o emprego temporário de meios operacionais, em eventos previsíveis
que exijam esforço específico. Possibilitando, portanto, à organização PM,
elaboração de planejamento tático e operacional. Favorece, em face de suas
características, ao estabelecimento de um ambiente de risco naquilo que diz
respeito às decisões. Não se podendo predizer os resultados das alternativas
com certeza, mas apenas com certa probabilidade.

- Imprevisível
É o emprego eventual e temporário de meios operacionais, em face de
acontecimentos imprevistos, que em certos casos podem exigir manobra e/ou
alocação de recursos. Apresenta, por outro lado, em face de suas particularidades,
um ambiente de incertezas no que diz respeito às decisões. Sabendo-se pouco
acerca das alternativas e de seus respectivos resultados.

2.5  SERVIÇO

Incumbência que abarca atividade de prevenção primária e secundária,


efetivadas à consecução da Segurança Pública, tencionando prevenir o
acontecimento de delitos de toda sorte e/ou infrações administrativas passíveis
ao controle da polícia militar.

- Ordinário
Movimentação de efetivo já em atividade ou comtemplada pela sua
carga horária previamente estabelecida, e em conformidade com a legislação
remuneratória vigente;

73
- Extraordinário
Utilização de efetivo em horário diverso ao de rotina, sendo necessária
a alocação de recursos para sua manutenção. Adicional pago aos policiais
militares empregados no policiamento em situações excepcionais ou temporárias,
que demandam a realização de jornada extra de trabalho.

2.6  LUGAR

É o espaço físico em que se emprega o Policiamento Ostensivo.

- Urbano
É o policiamento executado nas áreas edificadas e de maior
concentração populacional dos municípios.
Caracteriza-se, entre outras coisas, pela disposição contínua dos
imóveis e pela ocupação intensiva do espaço geográfico. Comumente, apresenta
alta densidade populacional.

- Rural
É o policiamento executado em áreas que se caracterizam pela
ocupação extensiva, fora dos limites da área urbana municipal.
Evidencia-se, dentre outras, pela disposição descontinua dos imóveis
e pelo preenchimento moderado do espaço geográfico. Usualmente, é marcante
sua baixa densidade populacional. É preciso, no entanto, identificar áreas rurais e
não caracterizar regiões em “predominantemente rurais” ou “predominantemente
urbanas”, sem contar com as inúmeras regiões “intermediárias”.

2.7  EFETIVO

É uma fração empenhada em uma ação ou operação.

- De Reforço
É o efetivo em auxílio a outro Comando Regional ou OPM para cumprir
a missão, ficando este grupo sob comando direto da unidade reforçada.

74
- De Apoio
É o efetivo em auxílio a um Comando Regional ou OPM para cumprir
de acordo com especificidade da OPM, mantendo o grupamento solicitado sob
seu comando próprio, direto e diretrizes especificas da sua atividade, mas atuará
de forma integrada com a unidade apoiada para cumprimento da missão.

Tipos de Guarnição:
- Guarnição Tipo A – 02 (dois) PM;
- Guarnição Tipo B – 03 (três) PM;
- Guarnição Tipo C – 04 (quatro) PM.

2.8  FORMA

É a disposição da efetivo no terreno para execução do Policiamento


Ostensivo.

- Desdobramento
Constitui a distribuição das UOPM no terreno, devidamente articuladas
até o nível GPM, com limites de responsabilidades perfeitamente definidos.
Evidencia-se, dentre outras, pela disposição descontinua dos imóveis
e pelo preenchimento moderado do espaço geográfico. Usualmente, é marcante
sua baixa densidade populacional. É preciso, no entanto, identificar áreas rurais e
não caracterizar regiões em “predominantemente rurais” ou “predominantemente
urbanas”, sem contar com as inúmeras regiões “intermediárias”.

- Escalonamento
É o grau de responsabilidade dos sucessivos distintos níveis da
cadeia de comando, no seu espaço físico. No seu estabelecimento, observa-se
necessariamente a hierarquia entre os postos, graduações e funções.

2.9  DURAÇÃO DO TRABALHO OPERACIONAL

a. JORNADA
Período de tempo, nas 24 horas do dia, em que o PM desenvolve a
atividade policial militar.

75
b. TURNO
É um período de tempo, previamente determinado, dentro da jornada.

c. CICLO
É o conjunto de dias de empenho incluindo o descanso e a folga.

d. PERÍODO
Conjunto de ciclos em que o descanso e/ou folga percorre todos os dias
da semana, envolvendo o equilíbrio de emprego entre as equipes de trabalho.

e. FOLGA
É o espaço de tempo que fecha um ciclo, no qual o PM está liberado
da escala de serviço.

f. DESCANSO
É o espaço de tempo entre dois empenhos diários consecutivos, ou
apenas o emprego noturno (após às zero horas).

2.10  SUPLEMENTAÇÃO

São recursos adicionais como armamentos, equipamentos, que


aumentam a capacidade operacional em ações ou operações rotineiras ou
especificas, com destaques para:
» Cães
Os cães desenvolvem diversas ações policiais, englobando o
patrulhamento tático e especializado, operações de busca e resgate, ações de
controle de distúrbios civis, controle de rebeliões e fuga de presos, detecção de
entorpecentes e armas, e policiamento em praças desportivas. Também atuam
em apresentações de cunho educacional e recreativo, formaturas e desfiles de
caráter cívico-militar, além de apoio a outras UOPM.
» Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS)
A atividade policial com Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS),
conhecidas por drones, é uma atividade de policiamento aéreo que emprega tecnologia
com o objetivo de minimizar riscos, baixar custos e otimizar as operações policiais.

76
2.11  DESEMPENHO E PERFORMANCE

Desempenho é uma ação ou efeito de cumprir uma atividade e/ou


tarefa. Está relacionada com a execução da atividade e/ou tarefa.
Performance é o resultado do cumprimento de uma atividade e/ou
tarefa. Está relacionada com o equilíbrio entre produtividade e resultado no
cumprimento de atividade e/ou tarefa.
Quanto ao desempenho e performance as atividades se dividem em:
Atividades de Polícia Ostensiva e Atividades de Policiamento Ostensivo:

2.11.1 ATIVIDADE DE POLÍCIA OSTENSIVA

São relacionadas às atividades de emprego sistêmico de Polícia


Ostensiva pela PMBA, abrangente: Definição de serviços prioritários ofertados
ao cidadão, uso de indicadores e prioridades de atuação, desenvolvimento
de repressão qualificada (ações de impacto imediato), adoção de estratégias
de prevenção ao crime e a desordem, e, análise e soluções de problemas de
segurança pública. Sendo apresentadas da seguinte forma:

a. Atividade Preventiva de Polícia Administrativa:


É aquela que envolve ações preventivas policiais militares e incidem
seus impactos sobre pessoas, bens, serviços e patrimônio, como:
- Redes de Prevenção
- Consultoria de Prevenção
- Laudos Técnicos
- Termo de Interdição
- Vistoria Preventiva

b. Atividade Repressiva de Polícia Administrativa:


- É aquela que envolve ações Repressivas policiais militares e incide seus
impactos sobre pessoas e impacto imediato sobre delitos cometidos,
como:
- Repressão qualificada – são atividades que envolvem técnicas, táticas,
ações e operações policiais militares por Unidade Operacional, nível
Batalhão ou Companhia Independente, de forma isolada ou integrada no
enfrentamento de pessoas ou organizações criminosas;

77
- Repressão qualificada Tática – são atividades que envolvem técnicas,
táticas, ações e operações policiais militares por Unidade Operacional,
nível Companhia Independente de Policiamento Tático, de forma isolada
ou integrada no enfrentamento de pessoas ou organizações criminosas,
além de atuar na neutralização de forças adversas e defesa territorial;
- Repressão qualificada Especializada – são atividades que envolvem técnicas,
táticas, ações e operações policiais militares de alto risco por Unidade
Operacional Especializada, de forma isolada ou integrada, no enfrentamento
de organizações criminosas e uso de artefatos químicos e explosivos.

2.11.2 ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO (POLICIAMENTO


OSTENSIVO)

Refere-se ao emprego das OPM, através do Policiamento Ostensivo.


Sendo dividida em:

a. Atividade de linha:
São as atividades do emprego do policiamento ostensivo, diretamente
ligadas ao público, como:
- Rádio Patrulhamento;
- Visitas e Reuniões Comunitárias;
- Repressão Qualificada.

b. Atividade Auxiliar:
São as atividades de emprego imediato e de suporte ao PM em
atividade linha, como:
- Logística e Transporte;
- Inteligência;
- Instrução Continuada;
- Sala de rádio e de meios.

c. Atividade de Assessoria:
São as atividades de análise, estudos e aconselhamento referente ao
suporte ao PM em atividade linha e melhoria do emprego operacional, como:
- Avaliação de desempenho e performance;
- Análise Criminal;
- Planejamento Operacional;
- Gestão de Pessoal e Administrativo-financeiro.

78
d. Atividade de Reforço Operacional:
São as atividades de emprego de efetivo de OPM administrativas em
apoio ou reforço a OPM operacional.

2.11.3 PARTICULARIDADES

Nenhum critério em si pode ser tomado como melhor indicação ou


mais eficaz, já que o pleno rendimento operacional será obtido, se necessário,
pela associação das variáveis.
São fatores intervenientes básicos:
» Fatores determinantes: tipicidade, gravidade, e incidência de
ocorrências policiais militares, presumíveis ou existentes;
» Fatores componentes: custos; espaços a serem cobertos;
mobilidade, possibilidade de contato direto, objetivando conhecimento
local de atuação e relacionamento; autonomia; facilidade de
supervisão e coordenação; flexibilidade; proteção ao PM;
» Fatores Condicionantes: local de atuação; características físicas e
psicossociais; clima dia da semana; horário; disponibilidade de recursos.

Figura 4 – Diagrama das variáveis do Policiamento Ostensivo na PMBA

SUPLEMENTAÇÃO

FORMA TIPO

EFETIVO PROCESSO

POLICIAMENTO
OSTENSIVO
(VARIÁVEIS)
DURAÇÃO MODALIDADE

DESEMPENHO CIRCUNSTÂNCIA

LUGAR SERVIÇO

Fonte:  SGP/COPPM. Adaptado de BRASIL, 1981 (2020).

79
3.  REQUISITOS BÁSICOS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO

São comportamentos padronizados que proporcionam as condições


básicas para o pleno exercício das funções policiais militares e, por isso, refletem
o nível de qualificação profissional do homem e da corporação. Compreendem
os requisitos básicos, as formas de empenho em ocorrências, os fundamentos
legais e as técnicas mais usuais.
O desempenho das funções de policiamento ostensivo impõe como
condição essencial para eficiência operacional, o completo conhecimento da
missão, que tem origem no prévio preparo técnico-profissional, decorre da
qualificação geral e específica, e se completa com o interesse do PM.
Às vezes, a inconsciente predisposição em evidenciar postura proativa,
conduz o profissional à no transcurso da recepção das informações da missão,
dá-la como entendida, e aligeirar para seu cumprimento. O que pode ser fator
dificultador para o êxito numa ocorrência habitual.
Buscar, de maneira dinâmica e objetiva, as informações imprescindíveis
para o efetivo atendimento de um episódio, é demonstração de senso técnico e
cautela, imprescindíveis a um profissional de Segurança Pública.

- Conhecimento do Local de Atuação


Compreende o conhecimento de todos os aspectos físicos do terreno,
de interesse policial militar, assegurando a familiarização indispensável ao
melhor desempenho operacional.

- Acessibilidade
Deve ser facilitado à comunidade o acesso aos serviços da Polícia
Militar, seja pelo telefone ou pelo local de estacionamento da patrulha. Também
devem ser amplamente divulgados os endereços das unidades policiais militares
em todo território baiano.

- Relacionamento
Compreende o estabelecimento de contatos com os integrantes da
comunidade, proporcionando a familiarização com seus hábitos, costumes e
rotinas, de forma a assegurar o desejável nível de controle policial militar, para
detectar e eliminar as situações de risco, que alterem ou possam alterar o
ambiente de tranquilidade pública.

80
- Postura e Compostura
A atitude, compondo a apresentação pessoal e a correção de maneiras
no encaminhamento de qualquer ocorrência, influi decisivamente na confiabilidade
do público em relação à Corporação e mantém elevado o posicionamento do
PM, facilitando-lhe, em consequência, o desempenho operacional.

- Comportamento na ocorrência
O caráter impessoal e imparcial da ação policial militar revela a natureza
eminentemente profissional da atuação, em qualquer ocorrência, e requer seja
revestida de urbanidade, energia serena, brevidade compatível e, sobretudo, isenção.

4.  FORMAS DE EMPENHO EM OCORRÊNCIAS

- Averiguação
É o empenho do PM, visando à constatação do grau de tranquilidade
desejável e/ou à tomada de dados e exame de indícios, que poderão conduzir a
providências subsequentes.
A averiguação, comumente, é realizada para esclarecer, certificar
e identificar a motivação da ocorrência de atitudes suspeitas que, por sua
anormalidade e inadequação, acabam por demandarem uma atenção especial
por parte do aparato policial-militar. De igual modo, o encontro não usual com
objetos ou do flagrante alteração na integridade física de instalações, requerem
atenção especial do aparato policial-militar.

- Orientação
É o ato de prevenir a ocorrência de delitos através do esclarecimento
ao cidadão, sobre as medidas de segurança que o mesmo deve adotar.
Como recai sobre o policial militar a responsabilidade da segurança
pública, deve ser ele principal articulador da disseminação do aconselhamento
da comunidade nessa área de interesse.
Transmitir orientações com técnica, propriedade e pertinência,
corrobora para que o cidadão se sinta mais protegido e respeitado, causando,
portanto, nele uma sensação de ser a sua segurança pessoal um dos propósitos
da instituição, resultando numa vinculação de parceria, ajuda reciproca, confiança
e respeito ao serviço realizado pela Polícia Militar.

81
A urbanidade, correção de atitudes, boas maneiras e cortesia, devem
pautar toda qualquer interação do policial militar com a comunidade, sobretudo
quando partem do PM informações, sugestões, solicitações e até determinações
que acarretarão necessariamente na mudança de comportamento e atitude do
cidadão.

- Advertência
É o ato de interpelar o cidadão encontrado em conduta inconveniente,
buscando a mudança e sua atitude, a fim de evitar o cometimento de contravenção
penal ou crime.
Uma vez que a prevenção é principal pilar da atividade de polícia
ostensiva, deve, sempre que válido e apropriado, o PM intervir no curso das
atitudes antissociais, advertindo seu protagonista, alterando o andamento da
consecução, de modo que eventual liame com o cometimento de delito seja
interrompido no seu nascedouro.
Sobreleva-se que advertência nada tem que ver com ameaça. Deve-se
evitar, por outro lado, emitir, num tom profissional, lição de educação moral ao
cidadão, sobretudo em ambientes abertos ao público. A advertência é, antes de
tudo, uma interpelação levada a cabo pelo policial militar, convidando alguém a
modificar seu comportamento e sua atitude, passando então a se portar de modo
conveniente, preestabelecido para a situação e/ou em conformidade com o legal
e socialmente previsto.

- Prisão
É o ato de privar da liberdade alguém encontrado em flagrante delito
ou em virtude de mandado judicial.

- Flagrante delito
Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
deverão prender quem:
a. Está cometendo a infração penal;
b. Acaba de cometê-la;
c. É acompanhando pela autoridade/agente policial, pelo ofendido
ou por qualquer do povo, logo após cometer a infração penal, e é
encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele o autor da infração.

82
- Mandado judicial
É a ordem escrita da autoridade competente (juiz de Direito)
determinando a:
a. Prisão preventiva;
b. Prisão em virtude de pronúncia;
c. Prisão por efeito de condenação;
d. O mandado judicial deve ser lavrado pelo escrivão e assinado pela
autoridade que o expede; designando a pessoa que deve ser presa,
pelo seu nome, alcunha e sinais característicos; mencionando a
infração penal que motivou a prisão; e deverá necessariamente ser
dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.

- Precauções
a. A prisão pode ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
desde que respeitadas às restrições relativas à inviolabilidade do
domicílio;
b. Para efetuar a prisão, é admissível que o policial-militar empregue
força física moderada, sempre sem violência arbitrária ou abuso de
poder, nos casos de resistência, agressão e/ou tentativa de fuga.

- Assistência
É todo auxílio essencial ao público, prestado pelo policial militar de
forma preliminar, eventual e não compulsória.

- Autuação
É o registro escrito da participação do PM em ocorrência, retratando
aspectos essenciais, para fins legais e estatísticos, normalmente materializado
em ficha, Registro de Ocorrência Policial (ROP), Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO) ou Boletim de Ocorrência da Polícia Civil.
a. Em se tratando de infração penal, terá sempre em vista o êxito da
persecução criminal;
b. O PM, ao registrar particularidades de ocorrência atendida, deve
primar pela imparcialidade, somente mencionando circunstâncias
relevantes constatadas. Não deve, portanto, sob qualquer pretexto,
transcrever as versões apresentadas pelas partes envolvidas ou
conclusões pessoais apressadas.

83
- Aspectos relevantes
a. A atuação, em termos preventivos, da PMBA, é importantíssima, porque
a simples ação de presença ostensiva, hábil, atenta, apoiada sempre
no exemplo e no espírito de justiça, constitui fator de desestímulo à
prática de ilícitos penais e a melhor garantia da respeitabilidade da lei;
b. Em razão de a Polícia Militar atuar de maneira ostensiva, exercendo
suas atribuições à vista de todos, utilizando uniforme que a identifica,
o PM deve adotar, permanentemente, elevada conduta moral, quer
no exercício funcional, quer na vida privada;
c. Na execução do policiamento ostensivo, o PM deve colocar-se,
sempre, em condições de observar bem e, simultaneamente,
ser facilmente visto, com o objetivo de melhor atender, em caso
de informações e auxílio ao público, ou desestimulando, em
decorrência, a prática de ações antissociais e/ou delituosas.

5.  ESTRATÉGIAS E PROGRAMAS DE POLICIAMENTO

5.1  ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO

São mecanismos de comando voltados para o emprego dos recursos


(humanos e materiais) para coordenar forças policiais em um território, notadamente
no emprego de operações e ações de Polícia Ostensiva e de Preservação da
Ordem Pública, com vistas a cumprir a missão constitucional e oferecer serviços
prioritários de segurança pública ao cidadão. São Estratégias de Policiamento:

- Tradicional ou Combate Profissional do Crime


Estratégia que consiste no foco direto sobre o controle do crime,
através de atividades especializadas e definidas pela função sem território fixo
de atuação, com a utilização de patrulhas motorizadas e ligadas a central de
rádio, que atendem as chamadas.

- Policiamento Estratégico
O conceito desta estratégia reside no controle do crime, não somente
no atendimento das chamadas feitas a central de rádio e despachadas para
as viaturas, mas sim de investigar, estudar e pesquisar, através de análises
criminais, o comportamento de criminosos e vítimas e dos aspectos facilitadores

84
do acontecimento do crime devido ao ambiente, direcionando a distribuição de
patrulhas no terreno, observando dias, horários e locais de maior índice criminal
e modo de atuação de supostos criminosos.

- Policiamento Orientado ao Problema


Estratégia pautada na resolução dos problemas de crime, medo
e desordem, observando a origem das causas e envolvendo todos os atores
envolvidos no problema na busca de soluções pactuadas, ampliando o campo
de interação e eficácia.

- Policiamento Comunitário
É uma estratégia organizacional que visa à aproximação das estruturas
de segurança pública com a comunidade, buscando restabelecer a confiança
e o entendimento das demandas sociais, orientando suas atividades para a
resolução das causas dos problemas com a participação do cidadão.

- Repressão Qualificada
É uma estratégia organizacional que visa ao enfrentamento da
criminalidade através das ações de Inteligência Policial e Forças Táticas,
buscando o menor efeito colateral possível a sociedade, com o apoio de técnicas
do Uso Diferenciado da Força (UDF), Tecnologias e Armas Não Letais (TANL).

5.2  PROGRAMAS DE POLICIAMENTO

São subdivisões dos tipos de policiamento ostensivo voltados para


determinados objetivos e públicos específicos, constituídos por conjuntos de
diretrizes e projetos de implantação duradoura, ajustáveis ao longo do tempo, que
traduzem a estratégia operacional da Instituição. A organização do policiamento
em Programas define melhor os padrões de execução e facilita o planejamento
orçamentário para sua manutenção. O êxito dos Programas depende da
combinação das diretrizes, da logística e do empenho dos Comandantes (em
todos os escalões), bem como do efetivo policial que o desempenhará. São
exemplos de Programas de Programas de Policiamento na Bahia:

- Programa de Policiamento Escolar


Atividade de policiamento ostensivo exercida através de um serviço
direcionado e voltado para a promoção da segurança no atendimento das
demandas da comunidade escolar. A atuação em um policiamento escolar,

85
consiste na visita aos estabelecimentos de ensino para atendimento das
demandas escolares, em reforço ao policiamento das Unidades Operacionais e
sendo realizada pela Operação Ronda Escolar.
A implementação do policiamento estará orientada pela doutrina
da polícia comunitária, tendo por objetivo a prevenção da violência, o
desencadeamento de ações operacionais direcionadas aos perpetradores de
atos ilícitos, a salvaguarda da incolumidade das pessoas e do patrimônio e da
melhoria do sistema de segurança escolar.

- Programa de policiamento Universitário


Programa que tem como objetivo intensificar o policiamento Ostensivo
no entorno das instituições de Ensino Superior de um Município, proporcionando
aos discentes, docentes e demais integrantes da comunidade acadêmica um
aumento da sensação de segurança em torno das Universidades e Faculdades.

- Programa de Prevenção e repressão a Roubo e Furto de Veículos


Programa de policiamento ostensivo concebido a partir de demandas
sociais, critérios de atuação, acompanhamento e controle de criminalidade
específicos, desencadeado por meio das modalidades de permanência e
patrulhamento, no processo motorizado, com o emprego de guarnições
embarcadas em veículos de 04 (quatro) rodas. Voltado para a prevenção, o
combate e a repressão qualificada a subtração e receptação de veículos, em suas
diversas destinações e modalidades, o que determina a constante atualização
de seu emprego operacional, atuando preventivamente em ações ostensivas de
forma imediata, aliadas a ações na esfera da inteligência.
Realizada pela Operação de Prevenção e Combate a Roubo de
Veículos (APOLO), esta visa prevenir, reagir qualificadamente e enfrentar
a criminalidade violenta, representando apoio operacional nas diversas
circunstâncias e demandas de policiamento ostensivo, bem como suspendendo
as demais unidades de policiamento ostensivo geral no tocante a análise e
acompanhamento da evolução criminal relativa a veículos.

- Programa de Policiamento Comunitário


Programa policiamento que tem for finalidade a aproximação
com a sociedade, buscando o estabelecimento de parceria entre a polícia
e a comunidade com o intuito de resolver os problemas de forma preventiva,
estabelecendo uma convivência pacífica e harmoniosa na sociedade. Consiste
em realizar visitas comunitárias e solidárias; reuniões comunitárias e fomento
aos Conselhos Comunitários de Segurança e Defesa Social; e estímulos aos
Projetos Sociais que transformem realidades nas comunidades.

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- Programa de Rádio Patrulhamento
Programa de policiamento que tem por finalidade prevenir e reprimir
ações delituosas praticadas contra roubo e furto de veículos, em locais de grande
número de ocorrências deste tipo de delito, e nas vias de grande movimentação
de tráfego e saída das grandes cidades.

- Programa de Policiamento com Motocicletas


Programa de policiamento voltado ao aprimoramento do emprego
desse processo de policiamento na prevenção de ilícitos penais, principalmente
nos grandes corredores de trânsito dos Municípios mais populosos, segundo a
análise e estudo das variáveis indicadoras de criminalidade, de forma a permitir o
acompanhamento e mensuração da sua eficácia em períodos pré-estabelecidos.

- Programa de Prevenção e Repressão a Roubo a Coletivos


Programa de policiamento ostensivo concebido a partir de demandas
sociais, critérios de atuação, amortização e controle de criminalidade específicos,
desencadeado por meio da modalidade patrulhamento e do processo motorizado,
com o emprego de guarnições embarcadas em veículos de 02 (duas) ou 04
(quatro) rodas. Voltado para a prevenção, o combate e a repressão qualificada
a roubos em ônibus coletivo, estações de transbordo e rodoviária e pontos de
parada, de maneira imediata; e, mediatamente, como fração de polícia militar,
imbuída de todas as atividades próprias de polícia ostensiva.
Realizada pela Operação de Repressão a Roubo em Coletivos –
GÊMEOS, esta visa prevenir, reagir qualificadamente e enfrentar a criminalidade
violenta, mais precisamente àquela guiada para o cometimento de delitos no
interior de ônibus coletivos, pontos de embarque e tudo o mais que envolva a
utilização do transporte público.

- Programa de Policiamento de Proteção a Grupos Vulneráveis


Programa de policiamento voltado ao atendimento específico e
qualificado de grupos em situação de vulnerabilidade social, ou seja, grupos que
possuem características e condições que os tornam mais propensos a serem
vítimas de violência. Os grupos vulneráveis reconhecidos pela Organização das
Nações Unidas (ONU) são: a) crianças e adolescentes; b) mulheres; c) idosos;
d) população de rua; e) pessoas com deficiência física ou sofrimento mental; f)
Público LGBT; g) Turistas.

87
Podemos exemplificar:
» Policiamento de Proteção às mulheres vítimas de violência
doméstica
Desempenhado pela Ronda Maria da Penha, onde este atua de forma
estratégica e articulada com a Rede Estadual de Enfrentamento à Violência
contra a Mulher. Este policiamento ostensivo de cunho preventivo visa proteger
mulheres em situação de violência doméstica e familiar que tiveram Medida
Protetiva de Urgência deferida pelo poder judiciário. Tem como missão possibilitar
às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar que estejam sob proteção
do Estado baiano a salvaguarda da vida e a garantia dos direitos humanos.
» Programa de Policiamento Turístico
É voltado para um grupo específico e vulnerável, os turistas. Este
policiamento visa fortalecer a segurança e orientação dos visitantes nacionais e
estrangeiros nas regiões turísticas e de lazer no Estado.

- Programa Força Tática


Programa de policiamento cujo efetivo se faça necessário, com apoio
das Unidades Operacionais PM que desempenham policiamento tático, em
razão de certas peculiaridades da região onde atua e do índice de criminalidade
monitorados pelos indicadores de referência do Plano Estratégico vigente.

- Programa de Policiamento Fazendário


Policiamento que visa garantir o exercício do poder de polícia dos
servidores da Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ), na execução das
atividades fazendárias (fiscalização e arrecadação de tributos e todos os
componentes da receita pública estadual) em todo território baiano.

- Programa Atena XXI


Desenvolver ações de Polícia Ostensiva de forma inovadora como
finalidade a implantação de um conjunto de projetos e ações que envolvem 03
(três) dimensões: Sabedoria (conhecimento dos problemas de uma localidade),
Estratégia (arte de desenvolver atividades complexas e articuladas para resolver
problemas e prevenir desordem, medo e crimes em uma localidade) e Justiça
(Utilização de técnicas e procedimentos para a solução de conflitos e violência
de uma comunidade), com ênfase na construção de comunidades reflexivas,
com acesso à justiça restaurativa, modelo inovador de polícia ostensiva e
fortalecimento da cidadania e de Direitos Humanos.

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- Programa de Policiamento e Reforço Operacional
Programa de Policiamento de emprego do efetivo da atividade-meio da
Polícia Militar da Bahia em reforço as Unidades Operacionais Policiais Militares
às atividades de polícia ostensiva de segurança, em subordinação ao Comando
de Operações Policiais Militares.

- Programa Educacional de Resistência às Drogas


É um programa preventivo social Internacional, posto em prática
também pela Polícia Militar Bahia na rede de ensino público e privado, com o
objetivo de prevenir ou reduzir o uso de drogas e a violência.
O programa é aplicado através do esforço cooperativo entre Polícia
Militar, Escola e família, oferecendo atividades educacionais em sala de aula,
ajudando as crianças e adolescentes a criar alternativas para o futuro, consciente
do exercício de sua cidadania, mediante decisões certas e saudáveis, as quais
implicam, com bastante ênfase, a resistência ás pressões cotidianas ao uso de
drogas e a violência.

89
90
CAPÍTULO IV -
SISTEMA DE POLICIAMENTO E DOUTRINA
DE EMPREGO OPERACIONAL

1.  SISTEMAS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO

Trata-se do conjunto de Organizações Policiais Militares, funções,


características, princípios, variáveis, disposições legais e regulamentos, técnicas
e rotinas, coordenados em si, formando um todo harmônico com estrutura
organizada e modelo próprio, para a consecução de um fim real e determinado:
a preservação da ordem pública.
São três os modelos de Sistema de Policiamento Ostensivo:
- Especializado;
- Integrado;
- Eclético ou Misto.

Segundo Churchman (1971, apud MARTINELLI, 2006), sistema é


um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades.
Nessa perspectiva, em um sistema, o todo é considerado superior à soma das
suas partes e tem características próprias. Oriundo do grego o termo “sistema”
significa “combinar”, “ajustar”, “formar um conjunto”.
Para Chiavenato (2006, p.72), sistema é um conjunto de elementos
dinamicamente relacionados entre si, formando uma atividade para atingir um
objetivo, operando sobre entradas e fornecendo saídas processadas.
Logo, contemplamos que o Sistema é um conjunto de partes inter-
relacionadas que contribuem ou operam para atingir um objetivo comum
seguindo um propósito, ou razão de existir (missão). Em um sistema, o todo é
maior do que a soma das partes isoladas, e todo sistema é subsistema de um
sistema maior.

91
Na PMBA, a origem dos Sistemas de Policiamento foi registrada na
obra “O Planejamento Operacional em Polícia Militar”, publicada em 1990, de
autoria do Cel PM RR Edmundo Guedes. Para o autor, sistema de policiamento
é o conjunto de funções, características, princípios, variáveis, disposições legais
e regulamentos, técnicas coordenadas em si, formando um todo harmônico
com estrutura organizada e modelo próprio, para construção de um fim real e
determinado, que é a preservação da ordem pública (GUEDES, 1990, p. 20).
O autor ainda afirma que o sistema de emprego da PMBA se fundamenta
em 03 (três) Subconjuntos: Doutrina (fundamentada na atuação preventiva,
repressiva, operativa e gerencial); Conjuntura (contexto histórico, político, social,
econômico e tecnológico no qual a PM atua) e Legislação (Constituição Federal,
Estadual e Portarias voltadas ao policiamento). O modelo do “modus operandi”
como um todo caracteriza o sistema que se apresenta como três modelos: o
Especializado, o Integrado, e o Eclético ou Misto.
Diante dessa estrutura, o autor afirma que os sistemas especializado e
integrado servem apenas como parâmetro doutrinário, e que, na prática, apenas o
policiamento eclético é operacionalizado, já que nenhuma Corporação consegue
ter efetivo necessário para especializar as suas Unidades Operacionais em todo
território do Estado, bem como é necessário ter Unidades Especializadas para
executar ações específicas em intervenção qualificada ou em complemento às
ações de policiamento integrado.
Assim, podemos acompanhar a evolução do policiamento ostensivo
na Bahia, primeiramente no ano de 1991, com a aprovação do Manual de
Policiamento Ostensivo Integrado (POI), determinando o seu uso no planejamento
estratégico, tático e operacional na corporação, através da publicação da Portaria
nº CG-0143/06/91, devido à exitosa experiência no 7º BPM e sua consolidação
em todas as Unidades Operacionais da Corporação.
Em seguida, o advento da Implantação do Projeto Polícia Cidadã, em
1998, que instituiu a Gestão pela Qualidade Total como metodologia de suporte
gerencial à execução do policiamento comunitário, no qual foram inseridos
conceitos gerenciais, sendo adotados, neste contexto, o Batalhão Gestor e a
Companhia Independente; a proposta do Batalhão Gestor foi abandonada após 01
(um) ano de implantação, e as Companhias Independentes disseminadas em todo
o território baiano, com estrutura diferente da proposta inicial do projeto, contudo
permanecendo como principal modelo de Unidade Operacional da Policia Militar.
Entre os anos de 2008 a 2012, com o aumento dos índices de criminalidade,
a implantação de programas como PRONASCI (Programa Nacional de Segurança
Pública e Cidadania) e o Pacto Pela Vida, demandaram ações para fortalecimento
de operações especiais, de repressão qualificada ao crime organizado e

92
grupos criminosos em todo o território baiano, através da articulação de efetivo
especializado e suporte de inteligência, ampliando atuação e criação de Unidades
Especializadas; bem como, a instalação de Bases Comunitárias de Segurança
(BCS), em áreas de risco e altos índices de CVLI, como Política de Segurança
Pública de Estado (Pacto Pela Vida), importada do estado de Pernambuco. Dessa
forma, houve uma mudança na Doutrina de Emprego Operacional da PMBA,
desta vez, com a inserção da BCS (Base Comunitária de Segurança), da CIPE
(Companhia Independente de Policiamento Especializado) e CIPT (Companhia
Independente de Policiamento Tático), bem como de novos Comandos Regionais
no interior do Estado. Diante deste cenário, foi necessário reordenar o Sistema e
os princípios de desdobramento de território, responsabilidade territorial e Unidade
de Comando, contidos neste Manual de Doutrina de Polícia Ostensiva.
Considerando esta evolução do policiamento atrelado as novas políticas
de segurança pública, bem como ao planejamento estratégico da Corporação,
os Sistemas de Policiamento modificaram bastante as suas estruturas,
significados e conceitos, devido à evolução do emprego operacional, inserção de
estruturas policiais militares instaladas nos espaços físicos. Requerendo assim,
a adequação tanto dos Sistemas, quanto da doutrina de emprego operacional,
ajustando e articulando as estruturas, os princípios e a missão de cada uma das
Unidades de forma harmônica, doutrinária, conjuntural e legal.
Atualmente, a Doutrina de Emprego Operacional da PMBA está
calcada num Sistema Híbrido, pois é formado por Unidades Operacionais que
desenvolvem o Sistema Integrado, a exemplo dos Batalhões e Companhias
Independentes, por Unidades Especializadas instaladas em várias áreas do
território baiano, tanto na Capital e no interior, tendo, inclusive, mais de uma
Unidade Especializada por Comando Regional. Destacamos também, a existência
da estratégia de Policiamento Comunitário nesse contexto, com a presença das
Bases Comunitárias de Segurança (BCS) fortalecendo a importância das ações
preventivas como pilar essencial na preservação da ordem pública.

1.1  CONCEITOS DOS SISTEMAS DE POLICIAMENTO

O conceito do Sistema já foi abordado anteriormente, bem como o


conceito de Sistema de Policiamento. Agora vamos definir o conceito de Híbrido,
Sistema Híbrido e Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido. Tanto em Logística,
como em Marketing, quanto em Administração, o termo “híbrido” atualmente é
muito utilizado por ser caracterizado pela combinação de modelos de várias formas,
permitindo uma diversidade de opções de emprego, contudo, com uma adequada
articulação de processos que requerem atuação sistemática e coordenada.

93
A visão da PMBA descrita no Plano Estratégico 2017-2025, “A
PMBA Rumo ao Bicentenário”, sinaliza para uma atuação focada na oferta
de serviços: “Ser referência Nacional até 2025, pela excelência na prestação
de serviços de Polícia Ostensiva e Cidadã.” Para alcançar este desiderato, é
vital a adoção de sistema de administração que auxilia na tomada de decisões
táticas, operacionais da produção, logística, inteligência, comunicação social e
marketing. Dessa forma, saberemos o que produzir, para quem produzir, quanto
produzir, quando produzir, com que recursos produzir, como garantir a qualidade
da que entrega; com a observância que o contexto social de atuação da PMBA é
complexo e multifocal, caracterizado pelo aumento da capacidade e velocidade
de atendimento com qualidade, e, pela resolutividade dos problemas com
atuação, ética e responsável com a imagem institucional.
O Sistema é considerado híbrido quando este tem a vocação de alinhavar
as ações de gestão estratégicas contidas na Estratégia Operacional da PMBA à
grande capacidade de resolução de problemas do policiamento ofertado ao cidadão.
Então, o Sistema de Policiamento Ostensivo Hibrido (SPOH), é a
combinação de dois ou mais subsistemas (Integrado e Especializado), capaz
de articular sistematicamente as ações da estratégia operacional, as ações de
resolução de problemas de segurança pública através da aproximação com a
comunidade, respeito à dignidade da pessoa humana, oferta de serviços ao
cidadão e repressão qualificada, visando a consecução da missão de preservar
a ordem pública e a cidadania, com o fito de ser referência nacional até 2025 em
prestação de serviços de polícia ostensiva e cidadã.
No Sistema de Policiamento Ostensivo Hibrido (SPOH), a PMBA
dá ênfase tanto ao modelo Integrado, quanto ao Especializado, na região da
Capital, Metropolitana e no Interior, combinando também ações estratégicas de
policiamento com as de resolutividade de problemas, que afetam o cidadão na
preservação da vida, da ordem pública e da cidadania.
O Sistema de Policiamento Ostensivo Especializado é caracterizado
por Unidade Básica da PM (Cia, Esqd, Btl ou Regimento) que executa um só tipo
de Policiamento Ostensivo (PO), e a aplicação de todos os seus meios humanos,
materiais e estruturais, para o cumprimento da missão a qual foi destinada.
Já o Policiamento Ostensivo Integrado é caracterizado por Unidade
Básica da PM (Cia, Esqd, Btl ou Regimento) que executa mais de um tipo de
Policiamento Ostensivo (PO), coordenadamente, numa determinada área ou
subárea de responsabilidade territorial, sob um só comando.
No que tange ao Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido é
caracterizado pela combinação dos modelos Especializado e Integrado na
execução do Policiamento Ostensivo (PO) seja na Capital ou Interior, sendo este
o adotado pela PMBA anteriormente.

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Figura 5: Sistema de Policiamento Ostensivo Éclético (SPOE)

Fonte:  (SGP/ COPPM, 2019).

O Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido possui o formato que


permite a combinação dos Subsistemas de Policiamento Ostensivo Integrado e
Especializado, articulado com as estratégias, os programas de policiamento do
Subsistema de Inteligência Policial Militar.
Desta forma, a proposta consiste em considerar que as unidades
operacionais PM (BPM e CIPM) adotarão o Subsistema de Policiamento Ostensivo
Integrado, que será também agregará a Filosofia de Polícia Comunitária, através
do Projeto Policia Cidadã (policiamento ostensivo executado com suporte
gerencial de gestão pela qualidade), sendo articulado com as estratégias
(policiamento comunitário, orientado ao problema, estratégico, tradicional e
repressão qualificada) e os programas de policiamento (policiamento escolar,
combate ao furto e roubo de veículos, combate ao furto e roubo de coletivos,
Proteção de Grupos Vulneráveis e outros), do Subsistema de Inteligência e do
Subsistema de Suporte ao Policiamento Ostensivo.
Também considerar que as UOPM adotando o Subsistema de
Policiamento Especializado, que será também composto por estratégias de
policiamento, do Subsistema de Inteligência e do Subsistema de Suporte ao
Policiamento Ostensivo.
Nesta proposta será considerado Pelotão de Polícia Militar (Pel PM)
como unidade básica, tática e operacionalmente ideal para a execução da
atividade de fiscalização, atuando num espaço definido – Setor (setorização
do policiamento), sob um só comando, em mais de um tipo de policiamento
ostensivo, numa ação integrada, para as Unidades Operacionais (BPM e CIPM)
que atuam no Subsistema de Policiamento Ostensivo Integrado (POI). Muitas
cidades do interior do Estado há algum tempo já atuam neste modelo, devendo

95
os demais municípios, inclusive a Capital e Região Metropolitana de Salvador
(RMS), adotarem como padrão. Para as Unidades Operacionais do orgânico
do CPE, a atuação consistirá em complemento ou suplemento as ações e
operações das Unidades de POI, como reforço e/ou nas atividades específicas
da missão destas UOPM no Subsistema de Policiamento Especializado (POE)
como complemento ou suplemento as ações.
Estas ações e operações serão precedidas de Planejamento próprio
do Comando de Operações da Polícia Militar, do Comando de Policiamento
Especializado e Comando de Policiamento Regional. A Unidade Básica de
atuação será a guarnição tipo “C”, que terá obrigatoriamente um plano de ação
de emprego, uma matriz de responsabilidade e um cartão de prioridade de
policiamento para cada turno de serviço. Deverá ser entendido como Setor, cujo
espaço físico/geográfico variará de 1 km a 15 Km², atribuído ao Pel PM, sob
comando de um Tenente PM, no qual sejam considerados os seguintes fatores:
a. Densidade demográfica e o grau de urbanização;
b. Volume, densidade e intensidade na circulação de veículos e pessoas;
c. Características topográficas do terreno;
d. Locais prioritários de policiamento ostensivo, pontos críticos,
sensíveis e notáveis existentes;
e. Características das atividades locais predominantes, tais como:
residencial, comercial, industrial, recreativa, escolar etc.
f. Índice de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI);
g. Grau de desordem (áreas com pontos de pichações, moradores de
rua, usuários de drogas, pontos de vendas de drogas, e outros).

As UOPM deverão elaborar levantamento estratégico de suas


respectivas áreas de responsabilidade, realizando o desdobramento em setores e
subsetores, atribuindo Comando a estes. No Subsistema, buscar-se-á a atuação
da PMBA através da incorporação e compreensão de 07 (sete) componentes:
a. Os aspectos físicos do terreno, indispensáveis ao bom desempenho
operacional;
b. A aproximação com a Comunidade, através de contatos constantes,
proporcionando a familiarização com os hábitos, rotinas e costumes
locais, para detectar e eliminar as situações e locais de riscos que
alteram ou possam alterar o ambiente de tranquilidade pública;
c. A adoção de Método IARA (Identificar, Analisar, Resolver, Avaliar)
para solução de problemas de policiamento com a participação
de integrantes e lideranças da comunidade, com a elaboração e

96
execução de plano de ação e Procedimentos Operacionais Padrão
(POP) validado por todos os atores sociais envolvidos: lideranças
comunitárias, representantes de órgãos federias, estaduais e
municipais, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério
Público (MP), Poder Judiciário;
d. Utilização de mecanismos de Mediação Comunitária, de Conflitos e
Justiça Restaurativa;
e. Definição de Serviços Prioritários de Policiamento Ostensivo, com
mecanismos de avaliação pelo cidadão;
f. Utilização de Termo Circunstanciado de Ocorrências (TCO) para
crimes de menor potencial ofensivo;
g. Uso de tecnologia Mobile para informatização dos processos e
dados relativos ao policiamento ostensivo.

Do ponto de vista da Polícia Militar, o Subsistema de Policiamento


Ostensivo Integrado (POI), este sistema visa:
a. Fortalecer a relação e interação entre o Policial Militar e o Cidadão;
b. Aumentar a confiança e a credibilidade da PMBA junto à sociedade;
c. Ampliar as ações de responsabilidade social com o apoio de
instituições parceiras;
d. Melhorar a imagem institucional;
e. Valorizar o policial militar com uma Doutrina de Policiamento
atualizada;
f. Estimular o cidadão a atuar como um agente participativo e
fiscalizador da busca de um ambiente seguro e ordeiro;
g. Resgatar e valorizar a figura do Tenente como comandante de
setor e de Oficial de Operações, do sargento PM com atribuição de
responsabilidade de Comandante de Subsetor, do Cabo PM como
Comandante de Guarnição de Rádio Patrulha para atendimento de
ocorrências, prestação de serviços prioritários e aplicação de Termo
Circunstanciado de Ocorrências, e do Soldado como operador de
procedimentos operacionais padrão.

97
2.  DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL APLICADA AO
SISTEMA DE POLICIAMENTO OSTENSIVO HÍBRIDO (SPOH)

2.1  INTEGRAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS SISTEMAS DAS


ESTRATÉGIAS E PROGRAMAS DE POLICIAMENTO NO SISTEMA DE
POLICIAMENTO OSTENSIVO HÍBRIDO (SPOH)

O Sistema de Policiamento Ostensivo Hibrido (SPOH) utilizará um


grande conjunto de soluções tecnológicas, logísticas, de inteligência policial
militar, de Gestão de Pessoas como suporte da atividade de policiar e de gerir
o policiamento, para a execução de Rotinas Operacionais com alto padrão de
qualidade, grande grau de complexidade e resolução de entraves na gestão de
recursos humanos (efetivo qualificado e motivado), logísticos (equipamentos e
veículos adequados e disponíveis), bem como informações e dados fidedignos
para facilitar análises e tomada de decisão.
Neste sentido, a articulação entre os Subsistemas pretende criar um
fluxo de trabalho lógico, mais simples, otimizado e informatizado, com uma cadeia
operacional mais integrada, capaz de tornar processos mais eficazes, eliminar riscos
operacionais e dirimir índices de erros, retrabalhos e esforços desnecessários. A
integração dos Subsistemas de Policiamento visa promover uma grande melhoria no
desempenho e na organização das ações e operações policiais militares, processos
finalísticos da PMBA e na oferta de serviços aos cidadãos.
Na teoria dos sistemas dinâmicos há uma definição formal para sistemas
híbridos, atribuída a sistemas que apresentam, simultaneamente, comportamentos
dinâmicos de tempos contínuos e discretos em espaços definidos. Um Sistema
híbrido é uma coleção de Sistemas dinâmicos, cada um representando um modo
do sistema, com um sistema maior e autônomo, baseado em regras responsável
pela integração e articulação entre os sistemas dinâmicos.
Os sistemas híbridos fornecem estrutura básica e uma metodologia para
a combinação de subsistemas autônomos inteligentes entre si, mas harmônicos e
integrados para atingir um propósito. Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido
(SPOH) é ao mesmo tempo a estrutura básica e uma metodologia capaz de
combinar, articular e integrar os subsistemas de Policiamento Ostensivo Integrado
(POI), Policiamento Especializado (POE), Inteligência Policial, de suporte ao
Policiamento Sistêmico (logística, gestão de pessoas e tecnologia) em uma única
Matriz. Com isso, é capaz de: reduzir custo, otimizando o policiamento e melhorando
a performance no atendimento ao cidadão; otimizar Processos gerenciais, de apoio

98
e finalísticos de policiamento ostensivo; realizar gestão inteligente do policiamento
que articulam subsistemas, estratégias e programas de policiamento em locais de
riscos, e pontos críticos e de altos índices de criminalidade, para ofertar serviços
com qualidade e preservar a vida, a ordem pública e a cidadania.

Figura 6: Sistema de Policiamento Ostensivo HÍBRIDO (SPOH)

SISTEMA DE POLICIAMENTO
OSTENSIVO HÍBRIDO

SUBSISTEMA INTEGRADO

SUBSISTEMA ESPECIALIZADO

FILOSOFIA DE
POLÍCIA COMUNITÁRIA

SUBSISTEMA DE SUPORTE AO
POLICIAMENTO OSTENSIVO

ESTRATÉGIA DE POLICIAMENTO

PROGRAMAS DE POLICIAMENTO

SUBSISTEMA DE
INTELIGÊNCIA

Fonte:  Os redatores (2020).

Esta integração e articulação são desenvolvidas em 03 (três) dimensões:


a. Dimensão estratégica: realizada pelo Comando de Operações
da Polícia Militar (estratégica estadual) e pelo Comando de
Policiamento Regional e Especializado. Nesta dimensão, o Sistema
de Policiamento Ostensivo Híbrido (SPOH) tem articulação
máxima de planejamento e tomada de decisões e integra todos os
subsistemas: POI, POE, IP e SPO, com a elaboração de Planos,
para região sob sua responsabilidade;

99
b. Dimensão Tática: realizado pelo Comando da Unidade operacional
(BPM, CIPM, CIPT e CIPE). Nesta dimensão o SPOH tem a sua
integração e articulação ideal de planejamento, tomada de decisões
e execução de policiamento com a utilização dos subsistemas: POI
ou POE, IP e TI;
c. Dimensão Operacional: realizada pelo comando de Setor e
subsetor de uma UOPM. Nesta dimensão o subsistema híbrido
tem a integração e articulação moderada de planejamento, tomada
de decisões e execução de policiamento com a utilização do
subsistema POI, as estratégias e os programas de policiamento.
Esta dimensão é vital para atendimento e prestação de serviço ao
cidadão, tendo como prioridade máxima.

- Finalidade
Estabelecer doutrinas de emprego operacional na Polícia Militar da
Bahia, com vistas a padronizar as atividades dos órgãos de execução territoriais
(CPR, BPM e CIPM) e, supletivamente, dos órgãos de execução especializada
(CPE), estabelecendo conceitos básicos para disponibilizar o funcionamento
Estratégico, Tático e Operacional das ações e operações policiais militares das
Unidades Operacionais e Especializadas, inserindo-as num sistema operacional
único: O Sistema de Policiamento Ostensivo Hibrido (SPOH).

- Situação
A evolução e inovações processadas durante os últimos 30 (trinta) anos
na PMBA, decorrentes da complexidade do contexto e do ambiente social de
atuação, tornam necessária a atualização da doutrina de emprego operacional,
previsto no Plano Estratégico da PMBA vigente. Devido à falta de sistematização
de metodologias de policiamento inseridas e incorporadas no cotidiano da PMBA,
esta proposta de emprego operacional, por ser geral e ampla, a qualifica como
fonte doutrinária e balizadora da execução da gestão do policiamento ostensivo.
O estabelecimento do Sistema de Gestão Operacional do Policiamento, previsto
no Plano Estratégico da PMBA 2017-2025, que derivou no Sistema de Gestão de
Polícia Ostensiva da Polícia Militar (SGPOPM), contribuiu para a necessidade de
formalização desta doutrina de emprego.

100
2.2  OBJETIVOS DA DOUTRINA DE EMPREGO OPERACIONAL

2.2.1 Conceituando

- Sistema de Emprego Operacional Híbrido


É um sistema de policiamento no qual a Polícia Militar da Bahia emprega
seus meios de forma combinada, integrada e articulada com subsistemas, bem
como estratégias e programas de policiamento através das suas unidades
operacionais, nas suas respectivas áreas de responsabilidade.

- Subsistemas de Policiamento Especializado


É um Sistema de policiamento em que a unidade básica da PM (BPM,
CIA, Esqd. ou Regimento) executa um tipo de Policiamento Ostensivo para
cumprir sua missão.

- Subsistema de Inteligência Policial (SIP)


É a parte do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido, responsável pela
atividade permanente e sistemática de ações para identificação, acompanhamento,
produção e avaliação de informações, ameaças, riscos reais, potenciais e dados
necessários ao planejamento, execução e avaliação do policiamento ostensivo,
bem como o monitoramento de criminosos e seus modus operandi.

- Subsistema de Suporte à Gestão Operacional do Policiamento


Ostensivo
É um Subsistema composto por diretivas de Suporte à Gestão
do Policiamento Ostensivo e que são formadas por definições estratégicas
relacionadas a todos os recursos dimensionados para a operacionalização da
atividade de linha da corporação, que necessitam estar alinhadas às demandas
atuais e futuras, conforme estabelecido em Plano Estratégico da PMBA.

- Conceitos Relativos às Dimensões do Policiamento


O Policiamento Ostensivo Híbrido está dimensionado da seguinte forma:
» Dimensão Estratégica
Realizada pelo Comando de Operações da Polícia Militar (estratégica
estadual) e pelo Comando de Policiamento Regional e Especializado, com ações
voltadas para o planejamento, tomada de decisões e articulação operacional em
todos os Subsistemas.

101
» Dimensão Tática
Realizado pelo comando da UOPM, com ações de execução do
policiamento e utilização dos Subsistemas POI ou POE.

» Dimensão Operacional
Realizada pelo comando de setor e subsetor de uma UOPM, tem a
integração e articulação moderada de planejamento, tomada de decisões e
execução de policiamento com a utilização do subsistema POI, as estratégias e
os programas de policiamento.

2.2.2 Conceitos Relativos aos Níveis de Policiamento

- No nível do Comando de Operações


Aplicação do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido na dimensão
estratégica, em todo território baiano, com a gestão da estratégia operacional
nos processos gerenciais. Atualização e difusão de doutrina, estabelecimento de
diretrizes e metas, e realização de operações policiais militares. Neste nível, as
Unidades Operacionais PM são divididas em territoriais, aquelas que executam
o Policiamento Ostensivo Integrado, e Unidades Especializadas, aquelas que
executam um tipo de policiamento ostensivo (específico especializado).
» Policiamento Ostensivo
Atividade de manutenção da ordem pública, executada exclusivamente
pela Polícia Militar, com características, princípios e variáveis próprias. (vide ítem 5.8)
» Policiamento Ostensivo Integrado
É a execução integrada de mais de um tipo de policiamento ostensivo,
por uma mesma Unidade Operacional PM, no seu espaço físico definido.
» Policiamento Ostensivo Especializado
É a execução de apenas um tipo de policiamento ostensivo específico
por Unidade Específica.

» Policiamento Ostensivo Híbrido


É a execução combinada, integrada de mais de um tipo de policiamento,
com suporte gerencial da gestão da qualidade, pelas Unidades Operacionais PM,
de ações e operações especiais de complemento e suplemento ao policiamento
integrado pelas Unidades Operacionais Especializadas, executando de forma
articulada estratégias e programas de policiamento.

102
- No nível de Comandos de Policiamento
A Aplicação do Sistema de Policiamento Ostensivo Hibrido na dimensão
estratégica, nas áreas de atuação dos Comandos de Policiamento Regionais
(CPR) que contempla todo o território do estado, e em algumas regiões onde atua
o Comando de Policiamento Especializado (CPE), com a combinação, integração
e articulação dos subsistemas, estratégias e programas de policiamento, dando
suporte às Unidades subordinadas. Neste nível, as unidades territoriais são de
responsabilidade do Comando Regional (CPR), e as Unidades Especializadas,
do Comando de Policiamento Especializado (CPE).

- No nível de Batalhão (Territoriais e Especializados)


Aplicação do Sistema de Policiamento Integrado nas Unidades
Operacionais de Polícia Militar e do Sistema de Policiamento Especializado nas
Unidades Operacionais Especializadas. O Batalhão Policial Militar executa todos os
tipos de policiamento necessário para preservar a vida, a ordem pública e a cidadania.
O BPM possui na sua estrutura Companhias de Policiamento Ostensivo Integradas.
O Batalhão especializado executa apenas um tipo de policiamento ostensivo, assim
como suas Companhias de Policiamento Ostensivo Especializadas.

- No nível de Companhia Independente de Polícia Militar


(Territoriais e Especializadas)
A aplicação do Subsistema de Policiamento Ostensivo Integrado (POI) em
Companhias Independentes Territoriais e do Policiamento Ostensivo Especializado
(POE) nas especializadas. A CIPM executa vários tipos de policiamento ostensivo
e possui na sua estrutura Pelotões e Grupos de P.O. integrados.
A CIPE (Companhia Independente de Policiamento Especializado)
também executa vários tipos de policiamento, contudo, possui uma missão tática
específica e especializada, voltada para intervenções rápidas e de repressão
qualificada a grupos criminosos e ações de alta periculosidade em áreas rurais,
comerciais e industriais.
A CIPT (Companhia Independente de Policiamento Tático) executa
o policiamento tático, regionalizado e voltado para o apoio e recompletamento
do policiamento ostensivo das UOPM de um CPR (Comando de Policiamento
Regional). É a força tática do CPR voltada para intervenções rápidas e repressão
qualificada em locais de risco e áreas de altos índices de criminalidade na área,
preferencialmente em áreas urbanas.

103
- No nível de Companhia de Polícia Militar
Em uma Companhia Independente os seus Pelotões executam vários
tipos de Policiamento Ostensivo Integrado (POI), e na Companhia de um
Batalhão Especializado os seus pelotões são especializados, isto é, executam
um tipo de Policiamento Ostensivo Especializado (POE).

- No nível de Pelotão Policial Militar


Um Pelotão de uma UOPM executa vários tipos de Policiamento
Ostensivo Integrado (POI) e seus grupos também. Um Pelotão de uma Unidade
Operacional Especializada executa apenas um tipo de Policiamento Ostensivo
Especializado (POE), assim como seus grupos.

- No nível de Grupo de Polícia Militar


Um grupo em seu subsetor executa vários tipos de Policiamento Ostensivo
Integrado (POI). Quando um grupo de uma Unidade Operacional Especializada
executa apenas um tipo de Policiamento Ostensivo Especializado (POE).

2.2.3 Conceitos relativos à Doutrina de Espaço Físico

Para um eficiente desempenho da Polícia Militar no espaço físico


são importantes e vitais quatro componentes: a Organização Policial Militar,
os Subsistemas de Policiamento da Organização, a Dimensão de Atuação e o
Homem Policial Militar.

- Espaço Físico
É o elemento fundamental para a execução das atividades de Polícia
Militar, e é construído de área, população e características.
A Organização Policial Militar (OPM): é um órgão gerencial da Polícia
Militar, que deve coordenar dirigir, controlar as ações de polícia ostensiva, de
acordo com as necessidades de preservação da ordem pública, e pode ter
autonomia administrativa ou administrativa/operacional.
Conforme a Lei de Organização Básica (LOB), nº 13.201/2014, a
Organização Policial Militar, com autonomia administrativa, é a que dispõe de
organização e meios para exercer plena administração própria e tem competência
para praticar todos os atos administrativos decorrentes da gestão de pessoas e
de bens do Estado (BAHIA, 2014). Neste caso, a LOB se refere aos Comandos
e Departamentos que possuem a missão gerencial e estratégica na Instituição.

104
Contudo, além dessa autonomia, algumas OPM, como os Comandos
Regionais e Comando Especializado, ainda admitem a responsabilidade
territorial, pois coordenam e supervisionam as Unidades Operacionais Policiais
Militares (UOPM).
Os Subsistemas do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido sob
responsabilidade da Organização Policial Militar: são conjuntos de elementos
independentes e inter-relacionados que compõem o Sistema maior (Híbrido),
caracterizados pela combinação destes.
A Dimensão da atuação da Organização Policial Militar: é o órgão que
vai se responsabilizar pela manutenção da ordem num determinado espaço físico.
O Homem Policial Militar: É o responsável direto pela execução do
policiamento ostensivo em determinado espaço físico. A sua importância cresce
na medida de sua vinculação com a comunidade.

- Território Policial Militar


Espaço físico total do Estado atribuído para fins de execução de Polícia
Ostensiva ao Comando de Operações Policiais Militares, visando à preservação
da vida, da ordem pública e da cidadania.

- Território Especial de Polícia Militar


Espaço físico definido e atribuído ao Comando de Policiamento
Especializado.

- Região Policial Militar


Espaço físico definido, parte de um território policial militar atribuído para
fins de execução de Polícia Ostensiva a um Comando de Policiamento Regional.

- Área de Força Tática Especial


Espaço físico definido, parte de uma região policial militar, atribuído a
uma Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE).

- Área de Força Tática Regional


Espaço físico definido, semelhante a da região policial militar, atribuído
a uma Companhia de Policiamento Tático (CIPT);
Área Policial Militar: espaço físico definido, parte de um ou mais
municípios, atribuído para fins de execução de polícia ostensiva, a um batalhão
ou a uma Companhia Independente de policiamento ostensivo integrado.

105
- Subárea Policial Militar
Espaço físico definido, parte de uma área policial militar, atribuído
para fins de execução de polícia ostensiva a uma Companhia de policiamento
ostensivo integrado.

- Setor Policial Militar


Espaço físico definido, parte de uma subárea policial militar, atribuído
para fins de execução de polícia ostensiva a um Pelotão.

- Subsetor Policial Militar


Espaço físico definido, parte de um Setor Policial Militar, atribuído para fins
de execução de polícia ostensiva a um Grupo de policiamento ostensivo integrado.
A Pentalogia, espaço, subsistemas, dimensão e o homem policial militar,
são a base da estrutura do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido, que buscará
uma melhor prestação de serviço da PM ao cidadão, e deve ser escalonada para
melhor atendimento e gerenciamento dos recursos disponíveis para as Unidades
cumprirem a missão. Esta Pentalogia é representada conforme quadro abaixo:

Quadro 2: Espaço físico de atuação das organizações policiais militares

ORGANIZA-
ESPAÇO FÍSICO DIMENSÃO SUBSISTEMA HOMEM PM
ÇÃO PM

Território Policial Estratégica POI, POE, SPI


CG Cel PM
Militar Normativa e SPO

Território Policial Estratégica POI, POE, SPI


COPPM Cel PM
Militar Operacional e SPO

Território Especial Tática Especia- Todos exceto


CPE Cel PM
Policial Militar lizada (POI)

Todos exceto
Região Policial Militar CPR Tática Regional Cel PM
(POE)

Área de Força Tática Operacional


CIPE POE Maj PM
Especial Policial Militar Especial

Estratégias, Pro-
Área de Força Tática Operacional
CIPT gramas e Forças Maj PM
Regional Policial Militar Regional
Táticas

Operacional
Área Policial Militar BPM/CIPM POI Ten Cel/Maj PM
Territorial

106
Estratégias e
Subárea Policial Militar CIA PM Operacional Cap PM
Programas

Setor Policial Militar PEL PM Operacional POI; Ten PM

Estratégias e
Sub setor Policial Militar Gp PM Operacional SGT PM
Programas

Fonte:  SGP/COPPM (2019)

2.3  O MODELO ATUAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

O modelo atual de emprego operacional da PMBA atualmente está


sendo gerido e executado de forma híbrida e a sistematização deste Manual é de
extrema importância para o desempenho das funções policiais-militares de forma
eficiente e eficaz, além de possibilitar novos estudos, visando o aperfeiçoamento
para acompanhar e atender a dinâmica social.
Como desafios, pode-se citar:
a. Articular de forma harmônica os subsistemas, as estratégias e os
programas de policiamento, e os princípios de responsabilidade
territorial e de Unidade de Comando;
b. Definir a responsabilização dos espaços territoriais entre as Unidades
voltadas ao POI e as Unidades Operacionais Especializadas;
c. Definir a atuação das Unidades Operacionais, como as CIPE,
Batalhão de Choque, CPATAMO e CIPT, bem como das subunidades
de emprego Tático, CETO, PETO;
d. Estabelecer processo de execução da atividade de policiamento
desde a estratégica adotada da demanda de serviço, passando
pela capacidade de solucionar problemas de policiamento, até a
oferta de serviços e posterior avaliação pelo cidadão-cliente;
e. Utilizar Sistema Mobile para gerenciar os processos, produtos e
resultados de maneira informatizada e ágil;
f. Destinação de recursos financeiros para programas de policiamento
desenvolvido hibridamente: policiamento integrado e especializado;
g. Elaboração de planos de policiamento inteligentes, projetados e
executados de forma híbrida, constando ações dos Subsistemas:
Policiamento Integrado, Policiamento Especializado e Ações de
Inteligência Policial Militar;

107
h. Elaboração Diretriz Institucional em alinhamento com a Diretriz
Nacional de Polícia Comunitária: fortalecimento da Doutrina
de Emprego Operacional, com ênfase na Filosofia de Polícia
Comunitária, como base para a execução do policiamento ostensivo
preventivo na Polícia Militar da Bahia.

2.4  FUNDAMENTOS DA DOUTRINA DE EMPREGO


OPERACIONAL DA PMBA

Com o fito de cumprir sua destinação constitucional, a PMBA, valendo-


se dos elementos de poder de enfrentamento da violência e do crime, aplica
os princípios do Sistema de Gestão Operacional, o Policiamento Ostensivo,
os Direitos Humanos e da Gestão da Qualidade, desenvolve o Sistema de
Policiamento Ostensivo Híbrido para articular e integrar as ações de suas OPM,
especialmente UOPM, de forma harmônica, utiliza estratégias, táticas, técnicas
e procedimentos operativos e participa da estratégia de emprego das instituições
de segurança pública do Estado da Bahia e da União para se manter preparada
e em constante emprego em grau de excelência.
A Estratégia Policial Militar é a arte e a ciência de prever o emprego,
preparar, orientar e aplicar o poder policial militar na resolução de conflitos sociais,
de problemas de segurança pública, de violência, de crimes, e de ofertas de
serviços ao cidadão, visando à consecução ou manutenção dos objetivos fixados.
Os princípios do Sistema de Gestão de Polícia Ostensiva da Polícia
Militar (SGPOPM) são preceitos filosóficos básicos que alicerçam o referido
sistema e dão o direcionamento político deste, decorrentes do contexto atual
de atuação da PMBA e do estabelecido em seu Plano Estratégico vigente. São
pontos de referência que orientam e subsidiam os Comandantes de Unidades
Operacionais no planejamento, na execução, no controle e na avaliação do
Policiamento Ostensivo Híbrido. O Comandante, ao planejar e executar uma
ação e/ou operação policial militar, deve observar os princípios e aplicá-los
criteriosamente em face de uma situação problema.
O poder de atuação da PMBA no enfrentamento da violência reflete-
se em oito elementos: liderança, comando e controle, informações, inteligência,
logística, tecnologia da informação, movimento e modus operandi dos criminosos,
e proteção. Todos são igualmente importantes, tanto no preparo, quanto no
emprego dos meios para cumprimento das missões.

108
2.5  ESTRATÉGIAS DE EMPREGO OPERACIONAL

As Unidades Operacionais da PMBA poderão ser empregadas de


forma singular (isoladas), conjunta (com outras Unidades Operacionais e/ou em
parcerias com outros órgãos federais, estaduais e municipais), por meio das
estratégias: Preventiva, Ação Independente, Parceria, Presença, Proximidade,
Dissuasão, Resolutividade, Reativa.
a. Preventiva: caracteriza-se por uma ação temporária adotada
deliberadamente ante a uma possível situação de ameaça ou risco
à ordem pública;
b. Ação independente: caracteriza-se pelo emprego do poder
policial militar de enfrentamento da violência, por uma Unidade
Policial Militar, em decorrência da ação rotineira do seu emprego.
Esta estratégia é balizada por Diretriz Operacional e segue um
procedimento operacional padrão para execução;
c. Parceria: caracteriza-se pelo emprego do poder policial militar de
enfrentamento da violência em conjugação a esforços de outras
organizações policiais, administrativas e jurídicas, com o fito de
realizar ações e operações em conjunto;
d. Presença: caracteriza-se pela presença policial militar em
todo território baiano, com a finalidade de cumprir a destinação
constitucional e as atribuições;
e. Proximidade: caracteriza-se pela aproximação da Unidade
PM, Pelotão PM e/ou Policial Militar com a comunidade para
fortalecimento da cidadania, parceria no enfrentamento da
desordem, do crime e da violência, e desenvolvimento de ações
policiais com qualidade e de responsabilidade social;
f. Dissuasão: caracteriza-se pela manutenção de forças táticas
e especiais suficientemente poderosas e prontas para emprego
imediato, capazes de desencorajar qualquer ação ou ameaça de
Organizações Criminosas contra a Ordem Pública;
g. Resolutividade: caracteriza-se pela capacidade de resolver
problemas, conflitos e situações de uma localidade com a
participação dos atores sociais, envolvidos de forma validada,
pactuada e satisfatória;
h. Reativa: caracteriza-se pelas iniciativas de enfrentamento eficaz dos
elementos adversos ao ordenamento jurídico, econômico e social,
concentrando ações em áreas de riscos sob controle de facções

109
criminosas, buscando a retomada destas áreas pelo Estado, e a
ordem e a tranquilidade pública para os cidadãos nestas residentes.
Esta estratégia deve ser publicizada com o uso da inteligência e
unidades especializadas, com apoio de atores sociais e órgãos
públicos para o fortalecimento do Estado e da cidadania, evitando
incursões temporárias e arriscadas;

2.6  PRINCÍPIOS DO EMPREGO OPERACIONAL DA PMBA

Os princípios devem ser aplicados com a observância dos cenários de


cada local e a natureza da situação.

- Diretrizes, objetivos e metas


Dizem respeito ao direcionamento estratégico, tático e operacional das
intenções e métricas claramente definidos e atingíveis, a fim de serem obtidos
os efeitos desejados. Uma vez fixados a diretriz, o objetivo e a meta, deve-se
nela perseverar, sem permitir que as circunstâncias dos conflitos cotidianos
façam perdê-lo de vista. Dirija cada operação para uma diretriz, objetivo e meta
claramente definidos, decisivos e tangíveis.

- Reativa
Caracteriza-se por levar prioritariamente a ação preventiva para o
campo de atuação (território), com o uso de métodos de prevenção primária com
custo menor, mas com efeitos duradouros, e, subsidiariamente, a ação repressiva
aos criminosos, de forma a se obter e manter as iniciativa das ações, estabelecer
o ritmo das ações e operações, e impor a vontade contra a ação criminosa. Pela
ação repressiva, previna-se de forma a alcançar, manter e assegurar a ordem
pública e o território livre das ações criminosas.

- Simplicidade
Decorre da preparação e da execução de ordens e planos de forma clara e
facilmente entendíveis, com o fito de reduzir a possibilidade eventual de equívocos
na sua compreensão, sem prejuízo da precisão e da flexibilidade necessárias.
Manifesta-se também pelo estabelecimento de uma relação de Comando clara,
objetiva, direta e ininterrupta. Prepare planos claros e descomplicados, como
também ordens concisas, para obter um completo entendimento.

110
- Surpresa
Consiste no emprego simultâneo, articulado, sigiloso e ágil de forças
policiais militares em ações e operações em um contexto de tempo e espaço, onde
os elementos adversos e/ou membros de grupos criminosos não estejam preparados
ou só percebam a situação quando já não podem apresentar uma reação eficiente.
Manifesta-se pela audácia nas ações, sigilo, inovação tecnológica, velocidade de
execução das ações e dissimulação de intervenções, frente a elementos adversos
num tempo, local ou na situação onde este não esteja preparado.

- Segurança
Consiste nas medidas necessárias à liberdade de ação e à preservação
da integridade física dos policiais militares e cidadãos residentes na comunidade,
que não possuam envolvimento com ações criminosas, tendo por finalidades:
negar aos criminosos e elementos que vazam informações sobre ações e
operações o uso da surpresa e do monitoramento; impedir que estes elementos
interfiram de modo decisivo nas operações; e restringir a liberdade de ação
destes em locais de alta concentração de pessoas inocentes e nos ataques a
pontos críticos, sensíveis e notáveis. Nunca permita que os criminosos obtenham
uma vantagem inesperada. Para tanto, o monitoramento com câmeras e uso de
drones são vitais para a consecução das ações e operações policiais militares.

- Economia de força ou meios (Emprego lógico)


Caracteriza-se pelo uso econômico, articulado e harmônico das forças
territoriais, táticas regionais, táticas especiais e especializadas, e distribuição e
emprego lógico dos meios disponíveis para a obtenção de esforço e resultado
máximo nos locais e ocasiões decisivos. O poder de enfrentamento disponível
deve ser empregado de forma racional, de maneira mais eficaz possível nas
ações e serviços prioritários; deve-se destinar o mínimo indispensável de poder
de enfrentamento para as ações secundárias.

- Superioridade numérica e manobra


Compreende a concentração de forças para obter a superioridade
numérica em uma intervenção, ação ou operação policial militar; sustentar
este esforço acarretará uma persuasão de reação do criminoso e na redução
intervenção policial militar. Concentre um poder para maior enfrentamento no
momento e local decisivos.

111
- Articulação das forças policiais militares
Caracteriza-se pela capacidade de movimentar, dispor e integrar
forças territoriais, táticas e especializadas, de forma a reduzir ameaças de
riscos, colocando os criminosos em desvantagem relativa e alcançar resultados
esperados, com menor custo operacional (efetivo e material) e superposição
de efetivo. A articulação das forças procura reduzir a capacidade de coesão
dos criminosos e a superioridade destes, por meio de variadas, simultâneas e
sistêmicas ações localizadas e inesperadas, em áreas que sobram impactos ou
de influência do grupo criminoso. Coloque o inimigo numa posição desvantajosa,
pela aplicação flexível e articulada das forças policiais militares.

- Moral
Define o estado de ânimo ou atitude mental de um indivíduo ou de um
grupo de indivíduos, que se reflete na conduta das frações de efetivo policial militar.
A estabilidade e a moral individuais são fundamentais na qualidade da formação,
na natureza do indivíduo e determinadas por suas reações à disciplina, ao risco,
ao treinamento e à liderança; o contínuo aprimoramento e a manutenção de uma
moral elevada são essenciais ao sucesso no emprego operacional. Para tanto,
os desvios de conduta devem ser rigorosamente e exaustivamente apurados e
punidos, e os elogios constantemente reconhecidos e valorizados.

- Prontidão
Capacidade de pronto-atendimento da UOPM de fazer frente às
situações que podem ocorrer no enfrentamento da violência e na oferta de
serviços prioritários de polícia ostensiva cidadã. Fundamenta-se na doutrina,
organização, treinamento, material, educação pessoal, infraestrutura, fatores
determinantes de sucesso em ações e operações para a geração de capacidades,
sugeridas a uma operatividade de excelência.

- Unidade de comando
Caracteriza-se pela atribuição da autoridade a um só policial
militar em um território, ou seja, o Comandante. O Sistema de Policiamento
Ostensivo Híbrido combina vários grupamentos com diferentes Subsistemas
de policiamento, atuando em conjunto e de forma articulada; contudo, requer
a Unidade de Comando dentro de cada Sistema e esta mesma Unidade de
Comando atribuída ao Comandante de maior Posto do Sistema na dimensão
estratégica maior. Para cada ação e operação, a obtenção da Unidade de
Comando de esforços é condição essencial para o êxito.

112
- Legitimidade
Necessidade de atuar conforme preconizam as leis, regulamentos,
compromissos assumidos pelo Estado e o Sistema de princípios e valores éticos
que alicerçam a PMBA.

- A PMBA como um sistema amplo e articulado


Para a condução da Corporação, a fim de uma maior eficiência
operacional com o máximo de aproveitamento da estrutura cada Unidade
Operacional Policial Militar, deve ajustar seu Plano de Comando, os seus
planos operacionais e planos administrativos, e adequá-los aos objetivos
organizacionais, aos planos estratégicos da PMBA e à doutrina de emprego
operacional.

- Equidade
Os recursos da PMBA devem ser distribuídos de forma racional por
todos os Municípios baianos, em conformidade a demandas de serviços de
polícia ostensiva e cidadã de cada área, e de acordo com a utilização de critérios
técnicos pré-estabelecidos em matrizes organizacionais.

- Responsabilidade territorial
O território baiano é dividido em frações de supervisão e de referência
para a correta administração do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido, que
obedece a critérios técnicos definidos em estudos realizados pelo COPPM e
aprovados pelo Comando-Geral, tendo cada fração um único Comando, sendo
comandado por um Comandante de fração maior.

3.  ELEMENTOS DO PODER DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA

3.1  LIDERANÇA

Competência individual que confere ao indivíduo a capacidade de


dirigir e influenciar outros policiais militares, por meio de incentivo, objetividade
e exemplo.

113
3.2  INFORMAÇÕES

Representações inteligíveis de objetos, fatos e acontecimentos nos


domínios real, virtual e subjetivo. Integram os processos para construção do
conhecimento, compreensão atualizada do campo de atuação policial militar e
consciência situacional do processo decisório.

3.3  COMANDO E CONTROLE

Conjunto de atividades, tarefas e sistemas inter-relacionados que


permitem aos comandantes de OPM o exercício de autoridade e direção das ações.

3.4  INTELIGÊNCIA

Conjunto de atividades, tarefas e sistemas inter-relacionados empregados


para assegurar a compreensão sobre o ambiente operacional às ameaças, os
riscos, os criminosos (atuais e potenciais), os cenários e os aspectos sociais,
políticos e geográficos (terreno); executar as tarefas associadas as operações de
inteligência (reconhecimento, vigilância, aquisição/busca de alvos).

3.5  LOGÍSTICA

Conjunto de atividades, tarefas, sistemas inter-relacionados para


prover apoio e serviços às atividades operacionais de uma UOPM durante uma
ação ou operação.

3.6  PROTEÇÃO

Conjunto de atividades empregadas para a preservação dos policiais


militares e cidadãos residentes envolvidos em uma operação, residentes e
presentes na localidade.

114
4.  ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO EM ZONAS DE ATUAÇÃO

A organização do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido em zonas


de atuação visa à utilização de estruturas independentes, porém harmônicas,
enxutas, com amplo uso de tecnologias (monitoramento de câmeras, drones e
sistema mobile), otimização de processos e treinamento contínuo dos integrantes
policiais militares, das forças territoriais, táticas e especializadas.
O escalonamento em zonas de atuação em operações consiste na
articulação das forças policiais militares em situação de redução de locais de riscos,
com o enfrentamento a grupos criminosos instaladas nestes locais, misturados
à população local, que provoca dificuldade de acesso de estrutura da PM a estas
comunidades e possuem altos índices de crimes violentos letais e intencionais (CVLI).
Esse escalonamento é constituído pelas dimensões: estratégica (Estadual e Regional),
tática e operacional, pelas zonas de atuação do Sistema e seus modi operandi.

Quadro 3: Organização das Zonas de Atuação da PMBA

DIMENSÃO OPM ZONA MODUS OPERANDI

Estratégico
CG Território do Estado Estabelecer Normas e diretrizes
Normativa

Estratégico Levantamento logístico, articular forças poli-


COPPM Território do Estado
Operacional ciais e órgãos externos

Apoio logístico, articular com forças regionais,


Tático Regional CPR Território da Região
territoriais e táticas.

Tático Especial CPE Território do Estado Apoiar o CPR

Operacional Força de reação e emprego tático do Cmt do


CIPT Território da Região
Regional CPR

Apoiar CPR e UOPM da Região no enfren-


Território da Região
Operacional tamento ao crime organizado, em ações de
CIPE / área delimitada da
Especializado grupos fortemente armados e a redução de
CIPE
Crimes contra a vida.

Pontos Críticos e Controlar acesso, inquietar com ações de


Operacional sensíveis e notáveis abordagens e fiscalização de trânsito, desen-
BPM/CIPM
Territorial da área de responsa- volver estratégias e programas de policiamen-
bilidade to e fortalecer a cidadania.

Fonte:  SGP/COPPM (2019)

115
5.  PLANO DE POLICIAMENTO INTELIGENTE

É o conjunto de ações desenvolvidas para obtenção do conhecimento


através da análise criminal de dados de sistemas inteligentes (informatizados),
visando identificar áreas prioritárias de ações de policiamento ostensivo e locais
de riscos e violentos para a confecção de cartões de prioridade de patrulhamento
e permanência. Serão direcionados de forma técnica para realização do
policiamento ostensivo orientado às prioridades e aos problemas de uma
localidade, e de operações para a redução de índices criminais nestes locais.
O Plano de Ação de Policiamento (PAP) é um documento operacional
elaborado após um diagnóstico de segurança pública de uma localidade para
orientar a atuação de policiais militares na solução dos problemas detectados,
possibilitando acompanhamento, monitoramento e avaliação.
O Plano de Ação de Policiamento é realizado pela UOPM em conjunto
com o Comando Regional que, se precisar de apoio de força tática especial ou
regional, acordará com o Comandante das referidas forças a confecção dos PAP
destas Unidades.
O Cartão de Prioridade de Policiamento é a representação gráfica ou
a descrição dos subsetores com seus limites, indicação legendada dos vários
itinerários designados para as forças territoriais táticas regionais, horários de
estacionamento e indicação de pontos de estacionamento principais e secundários,
alvo de ação esperada do Policial Militar nos locais e horários descritos no referido
cartão, de modo a refletir o Patrulhamento Preventivo Orientado.
A responsabilidade pela execução básica da malha protetora em
cada região e do Comando de Policiamento Regional através de suas UOPM,
desdobradas no terreno, destacadas pela aplicação e pelas variáveis de atuação
e interesse, com a observância de prioridades para a redução de locais de riscos e
zonas quentes de crimes; em permanência, patrulhamento ou ação de resolução
de problemas, com a utilização de Planos de Ação de Policiamento e/ou Cartão
de Prioridade de Patrulhamento; no processo motorizado e no processo a pé,
através do Posto de Atendimento Policial (PAPM); localizados estrategicamente
em locais cujos índices de criminalidade requeiram; e em locais de riscos e
pontos críticos.
Este escalonamento é dividido do 1º ao 5º esforços, a saber,
imprescindíveis, interdependentes e autônomos quando isolados: autoridade,
processo decisório e estrutura. Quanto à autoridade, será sempre a maior na
Região o Comando do Policiamento Regional, quando se tratar de atuação
integrada no Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido. Quanto ao processo

116
decisório no nível estratégico, o COPPM. No nível Tático Especial o CPE, e no
nível Tático Regional o CPR. E quanto à estrutura a unidade básica do Sistema
é o Pelotão PM (Territorial/Integrado e/ou Especializado) tendo o CPR como
articulador principal.
- Articulação Operacional do Sistema de Policiamento Ostensivo
Híbrido:
No 1º esforço concentra-se a atuação preventiva (proativa) do
policiamento ostensivo e suas estratégias voltadas para a proximidade
(policiamento comunitário), resolutividade (resolução), policiamento orientado
para o problema e análise/monitoramento (polícia integrada e especializada);
qualquer Guarnição de Policiamento Ostensivo (PO) deve se antecipar a
ocorrência de situações de riscos, ameaças, acidentes e desordem, agora
de forma padronizada. Notadamente, as Bases Comunitárias de Segurança
(BCS) desenvolverão com os BPM e CIPM, ações de responsabilidade social e
programas de policiamento.
No 2º esforço, atendimento à solicitação de serviços de policiamento
e de ocorrências policiais (responsividade), tendo a qualidade na prestação dos
serviços e tempo resposta ao atendimento ao cidadão como importantes neste
momento, utilizando a estratégia de policiamento tradicional ou profissional.
Com o 3º esforço, ocorre o primeiro recobrimento da malha protetora de
uma área operacional, onde cada Unidade Operacional (BPM e CIPM) utilizará
uma força de manobra tático móvel (CETO ou PETO), através de guarnições
táticas operacionais, caracterizadas por uma atuação dinâmica em horários e
locais de riscos e pontos críticos, sensíveis e notáveis em manobras táticas.
Como o 4º esforço, ocorre o segundo recobrimento da malha protetora
através da Companhia de Policiamento Tático (CIPT), força de manobra tática
regional do Comando de Policiamento Regional (CPR), caracterizada por uma
atuação dinâmica, na área de atuação do CPR em horários e locais de riscos na
modalidade de permanência e patrulhamento seguindo um Cartão de Prioridades
de Patrulhamento.
Como 5º esforço, considerado o terceiro recobrimento da malha
protetora, através de forças de manobras táticas especiais; no Interior,
pelas CIPE em cada CPR, conforme área especial definida através de
dimensionamento, atuando em ações, operações e intervenções rápidas
em zonas preferencialmente rurais, industriais e comerciais por cartão de
prioridades de patrulhamento e planos próprios.
O 6º esforço consiste no quarto recobrimento da malha protetora
de todo o Estado, com as Unidades Especializadas sediadas na Capital, que
poderão ser utilizadas (CPE- BPCHOQUE E PATAMO, GRAER e BOPE).

117
Quadro 4: Articulação do Sistema de Policiamento Ostensivo Híbrido

ESFORÇO CARACTERÍSTICAS RESPONSÁVEIS

Atuação preventiva (proativa) com as estratégias de proxi-


Guarnições de POG, BCS,
1º midade, resolutividade e análise criminal, e programas de
BPM e CIPM
policiamento.

Prestação de serviços e atendimento de ocorrências. Res-


BPM e CIPM, Guarnições
2º ponsividade (tempo resposta), estratégia tradicional (190) e
de RP
qualidade.

1º recobrimento de malha protetora, com emprego tático BPM (CETO) CIPM



operacional da UOPM. (PETO)

2º recobrimento de malha protetora, com força de manobra


4º CPR (CIPT)
tático regional.

3º recobrimento de malha protetora, com forças de manobra


5º Interior (CIPE)
tático especializada.

4º recobrimento de malha protetora, com Unidades Especia-


CPE - BPChp (PATAMO)
6º lizadas e Especial sediadas na Capital e empregadas em todo
BOPE, GRAER e BPChq
Estado.

Fonte:  SGP/COPPM (2019)

6.  EMPREGO DAS FORÇAS DE POLÍCIA OSTENSIVA

A complexidade econômica, social, política e geográfica dos cenários e


dos espaços nos quais a PMBA atua, exigem da Corporação um preparo adequado
para cumprir sua missão constitucional da preservação e restauração da ordem
pública, garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos e dos poderes constituídos.

- Capacidade
É a aptidão requerida a uma Organização Policial Militar para que possa
cumprir determinada função ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de fatores
determinantes inter-relacionados e indissociáveis: doutrina, organização (processos),
processos organizacionais, treinamento, material, educação, pessoal e infraestrutura.
Para que as Unidades atinjam o nível máximo de eficiência operativa, é necessário
que possuam as capacidades que lhes são requeridas na sua plenitude15.
15  BRASIL. Exército Brasileiro (Estado Maior). Doutrina Militar Terrestre (EB20-MF-10.102), 2014.

118
As capacidades são alinhadas às políticas e estratégias nacionais
e estaduais de segurança pública, da PMBA, e são baseadas na análise de
conjuntura e seus cenários prospectivos, com o objetivo de identificar as ameaças
concretas e potenciais à preservação e manutenção da ordem pública. A geração
de capacidades exige o atendimento dos seguintes fatores determinantes:
a. Doutrina: é o fator base para os demais, sendo materializada pelos
produtos doutrinários. Ex: formulação de base doutrinária de uma
OPM com a descrição de sua visão, tarefas, atividades, protocolos
que irá cumprir em ações e operações;
b. Organização (estrutura organizacional e processos): consistem na
obtenção das capacidades, atreladas aos processos e respectivas
estruturas organizacionais responsáveis, com vistas a evitar
redundância de competências ou desnecessariamente de estruturas;
c. Treinamento: compreende as atividades de preparo do efetivo para
cumprimento de tarefas e atividades, obedecendo a programas e
ciclos específicos;
d. Material: compreende todos os materiais e sistemas para uso da PMBA
no desenvolvimento da polícia ostensiva, com o acompanhamento
da evolução de tecnologias de emprego policial militar. É expresso
pelo quadro de distribuição de material dos elementos de emprego,
e inclui as necessidades decorrentes de permanência e sustentação
das funcionalidades desses materiais e sistemas durante o ciclo de
vida (permanência no inventário da PMBA);
e. Educação: compreende todas as atividades de educação
(formação, capacitação, instrução e habilitação), destinadas ao
desenvolvimento do integrante da PMBA quanto à sua competência
individual requerida. Essa competência deve ser entendida como
capacidade de mobilizar simultaneamente e de maneira inter-
relacionada de conhecimentos, habilidades e atitudes, valores
e experiências, para decidir e atuar em situações diversas. O
desenvolvimento da liderança policial militar é o fator fundamental
na geração de capacidades;
f. Pessoal: abrange todas as atividades relacionadas aos integrantes
da PMBA, nas funcionalidades: plano de carreira, higidez física,
avaliação, valorização profissional, moral e qualidade de vida. É
uma abordagem sistêmica voltada para a geração de capacidades,
que considera todas as ações relacionadas com o planejamento,
a organização, a direção, o controle e a coordenação das
competências necessárias à dimensão humana;

119
g. Infraestrutura: engloba todos os elementos estruturais - instalações
físicas, equipamentos e serviços necessários -, que dão suporte
à utilização e ao preparo dos elementos de emprego de acordo
com a especialidade de cada um, e o atendimento a requisitos de
exercício funcional;
h. A PMBA deve desenvolver capacidade para atender a quatro
requisitos simultaneamente: servir e proteger as pessoas; garantir
direitos fundamentais dos cidadãos; garantir a atuação de órgãos
do Estado; e reduzir índices de crime, da criminalidade e da
violência com proatividade, repressão qualificada e oferta de
serviços prioritários. Tais capacidades implicam na existência e
fortalecimento de Unidades Operacionais, com emprego de 1º e 2º
esforços (proximidade e resolubilidade), para respostas imediatas
e contínuas, auxiliadas/apoiadas por outras que recompletam e
atuam da forma específica, através do Policiamento Ostensivo
Especializado, pela mobilização de recursos materiais e humanos.

120
UOPM/
Prioridades Estratégias Emprego Instrumentos
Programas
-POPs
-Diagnóstico
1º e 2º
Unidade Territorial Todas -Plano de Ação
Esforços
-Plano de Comando
-Diretrizes e Metas
Universalidade-Prestação -Visitas Comunitárias
de serviços: ordinários e 3º Esforço, -Reuniões Comunitárias
extraordinários Unidade de Força -Estratégica
Operação - Diagnóstico e Plano de Ação

Fonte:  (SGP/COPPM, 2019).


Tática Regional -Repressão Qualificada
Conjunta - Plano de Comando

INTEGRADO
-POPs
-Visitas comunitárias
-Reuniões comunitárias
RONDA -Policiamento Comunitário
1º Esforço -Mobilização comunitária
-Gestão setorial do ESCOLAR -Policiamento Orientado ao problema
-Campanhas comunitárias
policiamento (território)
-Pesquisa
-Visitas orientadas
RONDA MARIA -Policiamento Estratégico
1º Esforço -Visitas solidárias
DA PENHA -Policiamento Tradicional
-Campanhas comunitárias
-Aproximação com a
-Diagnóstico e Plano de Ação
Comunidade -Policiamento Orientado ao problema 3º Esforço,
-Cartão Programa

121
APOLO -Policiamento Estratégico Operação
-POPs
-Repressão Qualificada Conjunta
-Relatórios de avaliação
-Resolução dos problemas
de forma integrada e -Diagnóstico e Plano de Ação

SISTEMA HÍBRIDO
-Policiamento Orientado ao problema 3º Esforço,
participativa -Cartão Programa
GÊMEOS -Policiamento Estratégico Operação
-POPs

INTEGRADO
-Repressão Qualificada Conjunta
-Relatórios de avaliação
-Policiamento Orientado ao problema -Diagnóstico e Plano de Ação
-Policiamento Comunitário 1º e 2º -Oficinas de Planejamento
ATHENA XXI
-Policiamento Estratégico Esforços -Planos de Curso e de capacitação
-Repressão Qualificada -POPs
-Plano de Comando
-Policiamento Estratégico -Diretrizes e Metas
4º Esforço,
-Especialização Unidade -Repressão Qualificada -Cartão Programa
Operação
Especializada -Policiamento Orientado ao problema -Diagnóstico
Conjunta
-Apoio e Re- -Plano de Ação
completamento -POPs
5º Esforço, -Plano de Comando
-Serviços específicos Unidade de Força -Policiamento Estratégico Operação -Diretrizes e Metas
Quadro 5 - MATRIZ DO SISTEMA DE POLICIAMENTO E PRIORIDADES

ESPECIALIZADO
tática / -Repressão Qualificada conjunta -Cartão Programa
-Funções específicas Especializada Projeção de -Diagnóstico e Plano de Ação
força -POPs
7.  PRINCIPAIS IMPLICAÇÕES PARA O EMPREGO DA POLÍCIA
OSTENSIVA

A PMBA deve desenvolver o processo de transformação do preparo


e emprego do efetivo operacional de forma coerente com o ambiente em
que atua, com o objetivo de dotar seus profissionais de novas competências
e capacidades, sendo fundamental para atuar tanto na prevenção de atos
delituosos, desenvolvimento social e da cidadania em territórios com altos
índices de criminalidade e violência, bem como na repressão a grupos
criminosos e ao crime organizado, com o fito de obter resultados na redução de
indicadores criminais, aumento de indicadores de produtividade e otimização de
recursos humanos e tecnológicos, tanto dissuadindo o cometimento de crimes e
desordens, quanto dando respostas imediatas e eficazes aos serviços ofertados.

7.1  COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS REQUERIDAS

As competências requeridas necessárias ao desempenho de cargos e


funções de polícia ostensiva estão apoiadas na aquisição de conhecimentos e no
desenvolvimento de habilidades, atitudes, valores institucionais e na experiência.
Com o fito de preparar os recursos humanos para atuar neste novo conceito
doutrinário de polícia ostensiva, os policiais militares (homens e mulheres)
deverão ser capacitados e habilitados a atuar em ações e operações no sentido
amplo, integrado e híbrido em situações de prevenção, quanto de repressão, e
de desenvolvimento social e cidadania em um território, com ênfase em ações
preventivas, em parceria com outros órgãos e atores sociais. Nesse ambiente
complexo e instável, a adaptabilidade, a mediação de conflitos, a compreensão
da importância, do envolvimento e comprometimento dos atores envolvidos
nos problemas, responsáveis pela resolução dos problemas e que a atuação
repressiva e qualificada, é um procedimento integrante do rol de solução dos
problemas, mas que não deve ser a primeira nem a única alternativa - são os
principais atributos requeridos aos integrantes da PMBA.
São competências requeridas:

a. Liderança
O que torna uma organização excelente é a existência de um sistema
de liderança “forte”, envolvendo todos os níveis da organização. Preconiza
a atuação dos líderes de forma inspiradora, exemplar e com constância de

122
propósito, estimulando as pessoas em torno de valores, princípios e objetivos da
organização, explorando as potencialidades das culturas presentes, preparando
líderes e interagindo com as partes interessadas.

b. Gerir estratégias e planos


Entende-se por estratégia o caminho escolhido pela organização
para concentrar esforços para cumprir sua missão, alcançar sua visão de
futuro e assegurar o atendimento das necessidades e expectativas das partes
interessadas. Essa competência significa a projeção e compreensão de cenários
e tendências prováveis do ambiente e dos possíveis efeitos sobre a organização.

c. Gerir relações institucionais


A Polícia Militar da Bahia faz parte de um sistema de segurança pública,
onde estão inseridos diversos órgãos e atores, mesmo fora de uma mesma
secretaria de Estado. A gestão dessas relações se dá pelo compartilhamento das
atribuições, dentro das esferas de competência legais, sem olvidar das missões
residuais, quando não constitui competência de nenhum dos outros órgãos, nem
das missões subsidiárias, quando o órgão competente se encontra inoperante
ou incapaz de cumprir sua atribuição.

d. Gerir relações com os cidadãos


Os cidadãos são os destinatários ou usuários dos produtos
disponibilizados pela instituição. A relação com os cidadãos preconiza a interação,
o entendimento de suas necessidades e o atendimento às suas expectativas,
solucionando um problema ou gerando valor para as suas atividades.

e. Gerir pessoas
Essa competência orienta a criação de condições favoráveis e seguras
para as pessoas se desenvolverem integralmente, com ênfase na maximização
do desempenho, no fortalecimento de crenças, costumes e comportamentos
favoráveis a excelência. Contempla a organização de cargos e funções, a
capacitação do servidor para a execução das competências e atribuições da
função e a identificação e tratamento dos fatores que afetam o bem-estar e a
satisfação das pessoas na organização.

123
f. Gerir processos
Processos são atividades que seguem uma sequência lógica e que
dependem uma das outras numa dependência clara. A excelência na gestão dos
processos se traduz ao agregar elementos valorativos sem desperdício de recursos
ao longo do fluxo, enfatizando a forma como são definidos, organizados, analisados
e melhorados os processos, para assegurar o atendimento das necessidades e
expectativas dos cidadãos e demais órgãos envolvidos na resolução dos problemas.

g. Gerir resultados
A competência “gerir resultados” diz respeito ao alcance de indicadores
que permitam avaliar o nível de atingimento dos requisitos esperados ou
pactuados com os órgãos envolvidos na resolução dos problemas, tendo
como consequência a satisfação das necessidades. Desta forma, ocorre o
monitoramento e registro por meio de indicadores de desempenho, informações
numéricas que quantificam os processos, produtos e serviços.

h. Desenvolver gestão participativa e prestar contas


Essa competência significa que a comunidade participa na escolha
de prioridades a serem resolvidas e avaliação do serviço executado, através de
conselhos comunitários de segurança, os quais sempre manterão o foco na melhoria
geral da qualidade de vida. A Polícia Militar orienta sobre o sistema de segurança e a
comunidade informa problemas através dos conselhos comunitários de segurança,
urnas, disque-denúncias, contatos pessoais, sistema de compliance e outros meios.

i. Desenvolver ações de fortalecimento da cidadania


Opção das organizações policiais por participar no desenvolvimento
de uma sociedade democrática, desloca a ênfase do controle social para a
mediação de conflitos. Dada a proximidade e a participação da comunidade,
a supervisão acontece de forma natural, sem constrangimentos, pois o próprio
policial se sente constrangido em agir de maneira errada ou se omitir perante
as demandas vindouras. A polícia resgata sua função, assumindo compromisso
existencial de defesa do pacto social com o respeito à vida antes de tudo.

j. Desenvolver controle da qualidade


No policiamento ostensivo, a identificação da qualidade é orientada
ao cidadão-cliente, sendo estabelecida por vários meios, inclusive conselhos
comunitários. É importante priorizar os problemas críticos na função desempenho,

124
confiabilidade, custo, desenvolvimento etc. Os problemas que assolam as
questões de segurança pública de maneira direta ou indireta devem, após
ação conjunta (polícia e comunidade), serem priorizados, norteando as ações
destinadas à prevenção. É necessário que todos os servidores se comprometam
com o resultado do seu próprio trabalho, em todas as fases (todos os processos),
do planejamento à atividade de linha.

k. Desenvolver a profissionalização das atividades de polícia


ostensiva
Quando se fala em polícia ostensiva, não se pode olvidar que o policial
deve estar sempre pronto para agir em situação de repressão, pois o crime
sempre existirá (mesmo que em menor escala) e o policial não o deixa de ser. O
acompanhamento é fundamental para medir os resultados ao longo do projeto e,
caso necessário, corrigir os rumos daquilo que não esteja adequado à consecução
dos objetivos previamente delineados. Mediação de conflitos com isenção e
técnica, treinamento constante em defesa pessoal, tiro de defesa e técnicas de
intervenção aprimoradas são formas de desenvolver a profissionalização das
atividades de polícia ostensiva.

7.2  CAPACIDADES OPERATIVAS REQUERIDAS

A doutrina de Polícia Ostensiva caracteriza-se por um equilíbrio e


sinergia entre os sistemas: Integrado (universal), desenvolvido por unidades
com responsabilidade territorial, composto também pela filosofia de polícia
comunitária (cidadã), e do Especializado (desenvolvido por Unidades com
missões específicas); portanto, é Híbrido (aglutina os sistemas de forma autônoma
e harmônica). Este modelo exigirá e permitirá que a PMBA esteja ajustada às
necessidades decorrentes das tarefas e missões que deverá executar. Para
isso será necessário mapear as novas capacidades requeridas, em um trabalho
sustentado por uma doutrina efetiva. A partir do nível político – SUSP (Sistema
Único de Segurança Pública), Diretriz Nacional de Polícia Comunitária, Plano
Nacional e Estadual de Segurança Pública, Pacto Pela Vida (PPV) e Plano
Estratégico da PMBA - são determinadas quando as capacidades (institucionais)
requeridas por força da Polícia Ostensiva, e, na sequência, definidas quais as
capacidades operativas são necessárias às forças que serão empregadas - ou a
cada Organização Policial Militar para que passou a cumprir as tarefas e missões
que lhes competem.

125
São capacidades operativas requeridas:

a. Adaptabilidade
Característica de uma força ou do Comandante e de integrantes dessa
força, que lhes permite ajustarem-se à constante evolução da situação e do
ambiente operacional, e adotarem soluções mais adequadas aos problemas
de segurança pública que se lhes apresentem. Também, esta característica
possibilita uma rápida adaptação às mudanças nas condicionantes que
determinam a seleção e a forma, como os meios serão empregados, em qualquer
faixa do espectro da atividade policial militar.

b. Atuação integrada
A necessidade de especializações não deve impedir a atuação
generalista dos policiais, segundo o princípio da universalidade. O objetivo
comum às organizações que compõem o Sistema de Segurança Pública é o bom
atendimento à população. Todos os policiais devem ser atores nesse processo
de integração. O trabalho integrado deverá ser cooperativo e complementar,
respeitando a missão, cultura e tradição de cada organização.

c. Proximidade com resolubilidade


A essência do serviço policial militar é trabalhar próximo à comunidade,
interagindo, buscando identificar o serviço policial e atuando de forma preventiva,
antecipando-se aos fatos, com foco na resolução de problemas.

d. Criatividade e dedicação
Criatividade não é improvisação. Pelo contrário, o policial militar
criativo, treinado a pensar, é capaz de elaborar planejamento mental rápido e
instantâneo para agir com acerto. Implica em pensar os problemas, procurando
soluções adequadas, em engajar-se na tarefa de superação dos obstáculos que
se antepõem aos objetivos. A única maneira de desenvolver a criatividade é
através do treinamento constante do raciocínio.
O policial militar deve estar sempre pensando numa alternativa melhor
para a execução de seu trabalho, de maneira que agrade à comunidade, que
seja eficiente, eficaz e efetivo, que a solução aplicada à situação não cause
transtorno nem traumas às pessoas não envolvidas diretamente no fato.

126
e. Compromisso com resultados
A missão institucional da Polícia Militar é também responsabilidade
individual de cada integrante da Corporação. Todo policial militar precisa ter
compromisso com os resultados. Sendo uma responsabilidade, tal compromisso
deve ser assumido por todos, qualquer que seja seu grau hierárquico. Significa
que a missão só estará cumprida se os resultados propostos forem alcançados.
Este compromisso individual deve ser forjado pelo senso do dever cumprido,
cujo êxito da missão dependerá da abnegação e participação solidária de cada
membro da equipe. O senso da missão compartilhada norteará os caminhos da
Corporação na busca da perenidade institucional, partindo do princípio de que
todos, do soldado ao coronel, são responsáveis pelo sucesso das atividades
operacionais.

f. Marketing institucional
Conjunto de atividades em que se visa identificar as necessidades e
desejos da Corporação e da Comunidade, com intuito de detectar procedimentos
que visem suprir necessidades e satisfazer desejos, de todas as partes
envolvidas no processo. É, portanto, suprir, atender necessidades e satisfazer
desejos. Embora muitas organizações tenham adotado esse conceito, muitas
falham em dar o seguinte passo lógico: medir periódica e sistematicamente o
nível de satisfação de seus vários públicos, em nosso caso, a Comunidade e
o efetivo da unidade, a fim de verificar se estão alcançando seus objetivos e
proporcionando-lhes melhor qualidade de vida.

g. Domínio da tecnologia
A incorporação de tecnologias ampliou a consciência situacional em
todos os níveis de planejamento e condução das operações, possibilitando o
controle de ações táticas por autoridades situadas nos níveis mais altos. Da
mesma forma, as ações individuais ou de frações elementares podem repercutir
consideravelmente nos níveis político, estratégico e operacional. Os novos
recursos tecnológicos acessíveis à sociedade passaram a exercer influência
direta no planejamento e na condução das operações policiais militares. Dessa
realidade, decorre a facilidade de permanente acompanhamento e o maior poder
de influência dos diversos atores sobre as operações em curso, como também a
facilidade de acesso à tecnologia por atores aparentemente mais fracos, fatores
que os tornam ameaças a considerar.

127
h. Ênfase na ação proativa e preventiva
O emprego das frações deve obedecer a um criterioso planejamento,
elaborado em bases realísticas e dados estatísticos confiáveis, que atente para
as informações pertinentes à defesa pública e aos anseios e necessidades da
comunidade, propiciando a aplicação de recursos humanos e materiais nos
horários e locais de maior risco. Se não for possível agir diretamente sobre
a vontade do agente, a Polícia Militar deve restringir a oportunidade de ação
do delinquente, dando ênfase à ação preventiva, decorrente de planejamento
cuidadoso, com escolha de itinerários e locais de Ponto Base estabelecidos com
critérios científicos, através de análise das informações espaciais e temporais,
inibindo a oportunidade de delinquir e interrompendo o ciclo da violência.

i. Rapidez no atendimento
A rapidez na resposta é fator primordial para a eficiência e eficácia
das ações e operações a cargo da Polícia Militar, cujo objetivo maior é prestar
um atendimento ao público com excelência. O tempo de resposta à solicitação
da Comunidade deve ser o mínimo necessário. A agilidade no atendimento não
deve significar o desprezo dos necessários cuidados por parte do policial militar,
quanto à sua segurança e à de terceiros; a rapidez deve ser compatível com a
urgência de sua intervenção. A surpresa de uma operação está proporcionalmente
ligada à rapidez, de como é desencadeada e executada. Quanto mais rápida for
a ação, maior a surpresa e menor a possibilidade de reação. A rapidez é fator de
sucesso no cumprimento da missão.

j. Qualidade na prestação dos serviços


Uma das grandes preocupações do Comando da Polícia Militar
é com o aprimoramento técnico-profissional do homem. Assim, a busca do
aperfeiçoamento das técnicas e táticas de policiamento e da racionalização
do emprego dos recursos deve traduzir-se na melhoria, cada vez mais, do
atendimento à sociedade. É de fundamental importância avaliar junto ao público
externo a qualidade do serviço prestado pela PMBA.

k. Transparência e controle das atividades


Transparência das ações é um pré-requisito básico para desenvolver a
confiança, não só entre as organizações envolvidas, como entre a comunidade
e os policiais. A comunidade será incentivada a fazer o acompanhamento do
programa, participando da avaliação conjunta de suas ações e de sua divulgação
junto à mídia, superando o histórico de uma cultura que considera particulares

128
as informações produzidas no exercício da função pública. Quanto maior for a
interação entre a polícia e a comunidade, tanto mais será natural a situação de
transparência e controle das atividades, haja vista que as ações serão, via de
regra, desenvolvidas em conjunto.

- Valorização do policial militar


A Corporação tem o compromisso de promover a defesa de direitos
relacionados à atuação dos Policiais Militares, mesmo em parcerias com outros
órgãos, a fim de facilitar o atendimento jurídico assistencial aos policiais militares. Além
disso, valorizar o profissional também é confiar em sua competência e na experiência
adquiridas na formação continuada que recebem, envolvendo-o em ações preventivas.
Policial militar reconhecido é policial militar satisfeito e comprometido.

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