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EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA

MONTEIRO LOBATO: Bom dia a todos, é uma alegria grandiosa poder estar participando do mês do
livro desta escola. Meu muito obrigado aos alunos do 8º ano, que abrilhantarão daqui a pouquinho,
com uma de minhas histórias. Obrigado também aos convidados que vieram até aqui. Meu muito
obrigado. Bom, nasci em Taubaté. Meus pais foram José Bento Marcondes Lobato e Olímpia
Monteiro Lobato. Desde pequeno, assim como qualquer criança, fui muito peralta, agitado, e tinha a
língua afiada. Nos meus tempos de infância, já fui alfabetizado por minha mãe. Depois entrei para a
escola, sai de Taubaté e fui estudar em São Paulo, já me preparando para a faculdade de direito.
Ingressei mais tarde na faculdade de direito, fui promotor, escrevi para vários jornais e revistas, dando
minhas opiniões, escrevendo contos, fábulas, como O rabo do macaco, os dois burrinhos, assim,
como muitos futuros autores desta escola fazem muito bem todos esses gêneros textuais, também fiz
muitos desenhos, caricaturas. Como puderam perceber sempre fui muito polêmico, e isso me
transformou em um estopim do movimento modernista. Fui registrado como José Renato Monteiro
lobato, mas posso confessar aqui, que até mudei de nome, e olha que não foram através de
heterônimos e pseudônimos não! Troquei de verdade, só para poder usar uma bengala que foi de
meu pai, e tinha as iniciais J.B.M.L, passei a ser José Bento Monteiro Lobato. Também fui casado,
com Maria Pureza, uma bela e pura esposa, tive 4 filhos, Marta, Edgar, Rute e Guilherme. Comprei
uma editora, que faliu mais tarde por causa do racionamento de energia, não pensem que só hoje
existe racionamentos, na minha época, essa palavra já existia. Voltando a literatura, minha obra de
maior destaque foram às aventuras das personagens do sitio do pica pau amarelo, como autor pré-
modernista, minha obras destacam-se pelo caráter nacionalista e social, destacando muito os meus
contos escritos, onde retratei os vilarejos decadentes, e as populações do Vale do Paraiba, quando se
deu a crise do plantio de café. Em meu livro URUPÊS, criei a figura do Jeca tatu, símbolo caipira
brasileiro, desmitificando a ideia de que todo protagonista precisa ser um galã.(Olha no relógio) Bom,
vou parando por aqui, já falei demais, e vocês querem ver os alunos do 8º ano atuando neste palco,
ne? Meu muito obrigado a todos pelo convite e até a próxima oportunidade. Um grande abraço. (Sai
Monteiro Lobato e entra os personagens do Sítio)

VOVÓ: Ai, ai minhas pernas já não aguentam mais e eu ainda tenho que ensinar gramática aos meus
netos. Pedrinho, venha meu netinho, amanhã tem prova de língua portuguesa. Pedrinho!
PEDRINHO: (Pulando e brincando com o estilingue).
PEDRINHO:(correndo até sua avó) Estou aqui vovó. Estou aqui!
VOVÓ: Vamos iniciar a nossa aula de gramática para se preparar para a prova.
PEDRINHO: Vovó, canta aquela musiquinha que a senhora me ensinou, outro dia?
VOVÓ: Claro, meu netinho, lindo! Vamos lá! Me ajude a levantar, Pedrinho.
PEDRINHO: (surpreso) Levantar, mas pra quê, vovó?
VOVÓ: Oras, Pedrinho para eu cantar.
PEDRINHO: Mas você vai cantar com a boca, vovó.
VOVÓ: (Brava) Ah, menino! Deixe de ser malcriado, quero cantar em pé.
PEDRINHO: Então tá, vovó. (Ajuda a vovó a se levantar)
VOVÓ: (dá uma pigarreada e começa) Não tenho teto, não tenho casa....
PEDRINHO: (Brincando e esperando a vovó cantar, fica pasmado e diz): Pare com isso vovó, não
faça isso! Se meus colegas do CNSA ouvirem isso, vou passar a maior vergonha.
VOVÓ: Deixe disso, meu netinho! Dance um pouquinho com a vovó. Além disso você me pediu para
cantar.
PEDRINHO: Nem pense nisso, vovó! É para cantar outra música. Essa não! Que vergonha! (Expia
para ver se ninguém passou por ali)
VOVÓ: Ah, Tá. Canta uma outra música: Dom, dom, dom.
Pedrinho: (gritando) Pare, vovó !!! Não é essa é a dos ditongos!
VOVÓ: Ah, a dos ditongos!!! Por que não disse logo. Ditongos vão cair na prova.
PEDRINHO: Sim, vovó Benta, sim! Vovó: Vogais separadas é hiato, vogais juntas é ditongo, três
vogais de mãozinhas dadas é um tritongo, é um tritongo!!!
PEDRINHO: (Dança, enquanto a vovó canta). Vovó, mais uma vez!!! Vovó: Só se você cantar
comigo, meu netinho querido e fofinho!
VOVÓ E PEDRINHO: (Cantam juntos): Vogais separadas é hiato, vogais juntas é ditongo, três
vogais de mãozinhas dadas é um tritongo, é um tritongo!!!
(Emília aparece e fica expiando Pedrinho com a vovó com ar de deboche e inventando uma
travessura, entra e fica de lado ouvindo).
TIA NASTÁCIA: (Secando as mãos) Sinhá, o sinhá! Pare com essa cantoria e venha até aqui!
VOVÓ: O que foi, Nastácia?
(Tia Nastácia aparece e diz): Melhor, ir na cozinha comigo, pois tio Barnabé pegou um saci e
prendeu na garrafa. E eu tenho medo de saci, cruz credo!
VOVÓ: E Tia Nastacia!!! Saci é só folclore brasileiro!
TIA NASTÁCIA: Não entendo desse tal foque lóre. Só sei que o saci tá lá na garrafa!
VOVÓ: Vamos Anastácia, vamos ver isso! (Saem)
PEDRINHO: Eu dou uma estilingada no saci e faço ele meu escravo. Deixa essa garrafa dando sopa,
tio Barnabé.
EMÍLIA: Deixa de bobeira, menino! Eu vi, você e vovó numa cantoria só, de aulas de gramática, com
tantas regras. Por que, em vez de estarmos aqui a ouvir falar da gramática não havemos de passear
no país da gramática?
PEDRINHO: Que bobagem, Emília! Como você é uma boneca tonta! Esse país não existe e nunca
existiu! EMÍLIA: (bravinha) Existe sim! O rinoceronte até se propôs a nos levar até lá!
PEDRINHO: Duvido! E dou o dó! Só acredito vendo!
EMÍLIA: Ah é, seu Pedrinho!!! Narizinho, Narizinho!!!
NARIZINHO: O que foi, Emília!
EMÍLIA: Vamos fazer uma viagem para o país da Gramática.
NARIZINHO: País da gramática!!! Eu quero ir. Nem sei onde fica, mas eu quero ir sim! Adoro ler
livros, adoro ouvir as histórias da vovó Benta. Adoro as histórias dos autores brasileiros.
PEDRINHO: Já sei que vai dizer que Monteiro Lobato é seu preferido porque criou essa boneca feia
de pano.
EMÍLIA: (chamando Pedrinho para Briga) Feia só que não! Linda, para seu gosto.
NARIZINHO: (Separando os dois) Parem com isso!
VISCONDE: O que é esta confusão, novamente, Emília e Pedrinho? Parem com isso! Sejam
educados! PEDRINHO: Essa boboca, disse que existe o país da gramática, Visconde.
VISCONDE: É seu Pedrinho, se realmente existe eu não sei! Mas se existir, deve ser um país
fascinante com muitos livros, autores, imaginação, sons. Provavelmente com muitos livros de diversos
gêneros: contos, fábulas, crônicas, regras gramaticais, sons... Enfim tudo que a língua portuguesa e
suas generalidades pode nos oferecer para as mais diversas comunicações, sejam verbais ou não
verbais, imaginarias ou reais.
PEDRINHO: Ai, Visconde, até você vai acreditar nesta boneca de pano! Emília deve ter sonhado!
EMÍLIA: Eu não sonhei! Então, você vai ver, se não existe! (brava). Vamos até lá?
VISCONDE E NARIZINHO: Oba!!! Vamos logo! (Saem).
VOVÓ: (Entra correndo na sala). Ei, a onde vocês vão?
VISCONDE: Vamos ao país da gramática, Dona Benta!
VOVÓ: Uma vírgula, vocês vão? Não!!! Eu também vou com vocês!
TROCA O CENÁRIO
(A turma chegando e observando o país da gramática...)
PEDRINHO: Não vi nada de interessante até agora!
EMÍLIA: Cala a boca, seu menino chato!
VOVÓ: Parem os dois! (Caminham com medo.) Narizinho (entusiasmada e curiosa, ouve sons e
diz): Que zumbidos são esses?
EMÍLIA: Sons orais soltos no espaço! Aqueles produzidos pela boca! (Entram uma de cada vez as
letrinhas, dançando e repetindo AAAAA EEEE E, IIIIIII, OOOOOOO, UUUUUUUUU!!!).
NARIZINHO: Que sons orais nada, isso são letras!
EMÍLIA: Isso mesmo! Os sons fundem-se adiante formando as sílabas!
VISCONDE: As sílabas formam as palavras. Ouça Narizinho! Os sons estão começando a juntar-se!
(Sons são reproduzidos: BÁ, Bé, Ma, la, lu, li, Xa, bo – ne - ca.)
NARIZINHO: ( Muito encantada) É mesmo! Até ouço uma sílaba mais forte em cada palavra!
EMÍLIA: Essa sílaba chama-se Tônica!
NARIZINHO: (bem entusiasmada): O mesmo nome da mãe de Pedrinho!
Narizinho: Não, boba. Mamãe chama-se Tonica e a Emília está falando em sílaba Tônica. É muito
diferente!
(TODOS RIEM E SAEM CONVERSANDO ENTRE SI, BAIXINHO)
PASSA A MÚSICA DO SÍTIO DO PICA PAU AMARELO E ACABA.

Após a peça, entram dois alunos que irão falar um pouco sobre o Dia do Livro.

18 de abril - Dia Nacional do Livro Infantil é a data escolhida para celebrar a literatura infantil nacional.
Isso porque, nesse dia, em 1882, nascia o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura
infantil brasileira. Portanto, é uma data que celebra esse tipo de literatura e homenageia esse escritor,
autor não só de textos para crianças, apesar de ser mais conhecido por eles.

"Por que o Dia Nacional do Livro Infantil é no 18 de abril?


O Dia Nacional do Livro Infantil foi criado pela Lei no 10.402, de 8 de janeiro de 2002: “Art. 1o Fica
instituído o Dia Nacional do Livro Infantil, a ser comemorado, anualmente, no dia 18 de abril, data
natalícia do escritor Monteiro Lobato”. Portanto, a data foi escolhida para homenagear o escritor
Monteiro Lobato, considerado o pioneiro, o pai da literatura infantil brasileira."
"Monteiro Lobato (1882-1948) não escreveu apenas para o público infantil. Sua literatura para adultos
está inserida no pré-modernismo, período literário que compreende os anos de 1902 a 1922. No
entanto, escrever para crianças deu a ele projeção nacional. Principalmente, após a sua morte,
quando a série Sítio do Picapau Amarelo foi adaptada para a televisão.
As personagens Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia e Dona Benta
exploram um mundo de fantasia, que dialoga com personagens e fatos históricos e com o folclore
nacional. A série Sítio do Picapau Amarelo é composta 24 títulos.

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