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INSTITUTO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

MÓDULO: Planificar, Implementar e Manter Sistemas de Ligação à Terra e Protecção


Contra Descargas Atmosféricas
Qualificação: Electricidade Industrial
Código do Módulo: MO EPI025024192
Turma:TEI-2 e 3/CV5 1ª Semana: 12 a 17/02/2024
Plano de Sessões: 01 a 08
Elemento de Competência 1: Caracterizar os tipos de ligação à terra nas instalações
eléctricas industriais.
Critérios de Desempenho:
a) Explicar os diferentes tipos de ligação à terra nas instalações eléctricas industriais;
b) Explicar a importância das ligações à terra para a segurança de pessoas e bens durante a exploração
das instalações eléctricas;
c) Explicar a importância da resistividade do solo na resistência de uma ligação à terra.
Evidências Requeridas:
Evidência escrita ou oral em que o candidato demonstra que conhece a importância das ligações à
terra nas instalações eléctricas, tipos de terra, incluindo sua caracterização e componentes.

1. CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE LIGAÇÃO À TERRA NAS INSTALAÇÕES


ELÉCTRICAS INDUSTRIAIS

1.1. Introdução
Aterramento é a ligação de estruturas ou instalações com a terra, a fim de se estabelecer uma
referência para a rede eléctrica e permitir que fluam para a terra correntes eléctricas de naturezas
diversas, tais como:
▪ correntes de raios;
▪ descargas electrostáticas;
▪ correntes de filtros, supressores de surtos e pára-raios de linha;
▪ correntes de faltas (defeitos) para a terra.
1.2.Tipos de ligação à terra nas instalações eléctricas industriais
Nas instalações eléctricas, são considerados dois tipos básicos de aterramento:
▪ o aterramento funcional ou terra de serviço (Ts) , que consiste na ligação à terra de um dos
condutores do sistema (geralmente o neutro) e está relacionado ao funcionamento correto,
seguro e confiável da instalação;

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▪ o aterramento de protecção ou terra de protecção (Tp), que consiste na ligação à terra das
massas e dos elementos condutores estranhos à instalação, visando à protecção contra choques
eléctricos por contacto directo.
Podemos citar também o aterramento de trabalho, cujo objectivo é tornar possíveis – e sem perigo
– acções de manutenção sobre partes da instalação normalmente sob tensão, colocadas fora de serviço
para esse fim. Trata-se de um aterramento de carácter provisório, que é desfeito logo que cessa o
trabalho de manutenção.
Os critérios de aterramento de instalações de baixa tensão encontram-se bem estabelecidos na norma
NBR 5410:2004 (Instalações Eléctricas de Baixa Tensão), podendo ser complementados com as
recomendações constantes da norma NBR 5419:2005 (Protecção de Estruturas contra Descargas
Atmosféricas). A adopção dos padrões, dos critérios e das recomendações constantes nessas duas
normas proporciona protecção adequada às pessoas e edificações, bem como às instalações eléctricas
de baixa tensão e aos equipamentos.
A NBR 5410:2004, dentro das suas atribuições, fixa as condições que devem ser satisfeitas pelas
instalações eléctricas, a fim de garantir seu funcionamento adequado, a segurança de pessoas e
animais domésticos e a conservação de bens, abrangendo todas as redes eléctricas de energia ou de
sinal, internas ou externas à edificação. É a similar nacional da National Electric Code (NEC) dos
Estados Unidos e está em conformidade com as normas da IEC, sendo apropriada e compatível com
as condições brasileiras.
As actualizações das últimas revisões da NBR 5410:2004, relativas ao aterramento e à
compatibilidade electromagnética das instalações, podem ser assim resumidas:
▪ o aterramento único para toda a instalação deve ser integrado à estrutura da edificação - o
eléctrodo de aterramento preferencial em uma edificação é o constituído pelas armaduras de
aço embutidas no concreto das fundações das edificações;
▪ as entradas dos serviços públicos de energia e sinais (telefonia, TV a cabo etc.) têm de estar
localizadas próximas entre si e junto ao aterramento comum (os aterramentos de energia e de
sinal dos equipamentos devem ser comuns na entrada da instalação);
▪ o aterramento do neutro deve ser feito somente na entrada da edificação - daí em diante, o
neutro recebe o tratamento de um condutor vivo (energizado) – esquema TN-S;
▪ o condutor de aterramento tem de ser conduzido junto à cabeação de energia, desde a entrada
da instalação.
O sistema de aterramento de instalações de baixa tensão inclui os seguintes elementos:
▪ condutores de protecção;

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▪ condutores de ligação equipotencial e de aterramento;
▪ eléctrodos de aterramento.
A esses elementos devem ser acrescentados os dispositivos de protecção primária contra
sobretensões, a serem instalados na entrada de energia.
As definições relativas aos eléctrodos de aterramento são mais amplas e completas na NBR
5419:2005, elaborada com base na norma internacional IEC-61024:1998, que contempla a utilização
de ferragens estruturais para a função de eléctrodos de aterramento.
1.3.Integração dos aterramentos
A moderna tecnologia para o dimensionamento de sistemas de aterramento de instalações
industriais/comerciais, conforme estabelecido pelas normas NBR 5410:2004 e NBR 5419:2005,
recomenda a integração dos seus diversos subsistemas, dentre os quais se destacam:
▪ o neutro e os condutores de protecção da rede de distribuição de energia;
▪ o aterramento do sistema de protecção contra descargas atmosféricas;
▪ o aterramento das entradas de sinais e o “plano terra” para o aterramento de instalações
contendo equipamentos electrónicos (laboratórios, CPDs, estações de telecomunicações,
sistemas de controle de processo etc.);
▪ o aterramento de estruturas metálicas diversas (ferragens estruturais, esquadrias, tubulações,
tanques, cercas, painéis etc.).
Tal integração resulta em benefícios para o funcionamento do sistema, devendo, porém, ser realizada
com os devidos cuidados, de modo a evitar interferências indesejadas entre os diversos subsistemas.
Dentre as vantagens da integração dos aterramentos, destacam-se:
▪ equipotencialização de massas metálicas;
▪ unificação das referências de terra;
▪ redução da resistência de aterramento da instalação, em função da maior área da malha.
1.4. Esquemas de Aterramento e de Protecção Associado
As redes de distribuição são classificadas segundo diversos esquemas de aterramento, que diferem
entre si em função da situação da alimentação e das massas em relação à terra. Os diferentes sistemas
são classificados segundo um código de letras na forma XYZ, em que:
X = identifica a situação da alimentação em relação à terra:
T = sistema directamente aterrado;
I = sistema isolado ou aterrado por impedância.
Y = identifica a situação das massas da instalação em relação à terra:
T = massas directamente aterradas;

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N = massas ligadas ao ponto de alimentação, onde é feito o aterramento.
Z = disposição dos condutores neutro e de protecção:
S = condutores neutro e de protecção separados;
C = neutro e de protecção combinados em um único condutor (PEN).
Os diversos esquemas de aterramento TN, TT e IT são apresentados na Figura 1.1.

Figura 1.1-Esquemas de aterramento.

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A NBR 5410:2004 estabelece que as massas metálicas devem ser ligadas a condutores de protecção,
compondo uma rede de aterramento, e que um dispositivo de protecção deve seccionar
automaticamente a alimentação do circuito por ele protegido, sempre que uma falta entre parte viva e
massa der origem a uma tensão de contacto perigosa.
A tensão de contacto limite – aquela que uma pessoa pode suportar de maneira indefinida e sem risco
– é a função do modo como este contacto é estabelecido (humidade local e caminho percorrido no
corpo humano) e das condições ambientes (tipo de local onde ocorre o contacto e de piso). A NBR
5410:2004 identifica quatro níveis de risco a que uma pessoa pode ser submetida a um choque
eléctrico, associados às condições do contacto, apresentados nas Tabelas 1.1 e 1.2.
Tabelas 1.1- Resistência eléctrica do corpo humano (Tabela 19 da NBR 5410:2004)
Código Classificação Características Aplicações e exemplos
BB1 Alta Condições secas Circunstâncias nas quais a pele está seca
(nenhuma humidade, nem mesmo suor)
BB2 Normal Condições húmidas Passagem da corrente eléctrica de uma mão a
outra ou de uma mão a um pé, com a pele
húmida de suor, sendo a superfície de
contacto
significativa
BB3 Baixa Condições Passagem da corrente eléctrica entre as duas
molhadas mãos e os dois pés, estando as pessoas com
os pés molhados ao ponto de se poder
desprezar a resistência da pele e dos pés
BB4 Muito baixa Condições imersas Pessoas imersas na água, por exemplo em
banheiras e piscinas

Tabelas 1.2- Contacto das pessoas com o potencial de terra (Tabela 20 da NBR 5410:2004)

Código Classificação Características Aplicações e exemplos


BC1 Nulo Locais não condutivos Locais cujo piso e paredes sejam isolantes
e que não possuam nenhum elemento
condutivo
BC2 Raro Em condições habituais, as Locais cujo piso e paredes sejam isolantes,
pessoas não estão em com elementos condutivos em pequena
contacto com elementos quantidade ou de pequenas dimensões e de
condutivos ou postadas
tal maneira que a probabilidade de contacto
sobre
possa ser desprezada

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superficies condutivas
BC3 Frequente Pessoas em contacto com Locais cujo piso e paredes sejam
elementos condutivos ou condutivos ou que possuam elementos
postadas sobre superfícies condutivos em quantidade ou de dimensões
consideráveis
condutivas
BC4 Contínuo Pessoas em contacto Locais como caldeiras ou vasos metálicos,
permanente com paredes cujas dimensões sejam tais que as pessoas
metálicas e com pequena que neles penetrem estejam de contínuo em
possibilidade de poder contacto com as paredes. A redução da
interromper o contacto liberdade de movimento das pessoas pode,
por um lado, impedi-las de romper
voluntariamente o contacto e, por outro,
aumentar os riscos de contacto involuntário

O tempo máximo de seccionamento é determinado directamente em função da tensão nominal da


instalação e do esquema de aterramento, conforme a Tabela 1.3.
Tabela 1.3 -Tempos de seccionamento máximo (Tabelas 25 e 26 da NBR 5410:2004)
Esquemas de aterramento Tensão nominal (V) Tempo de seccionamento (s)
TN — fase-terra
Situação 1 Situação 2
IT — fase-fase
TN 115, 120, 127 0,8 0,35
220, 254, 277 0,4 0,20
400 0,2 0,05
IT 208, 220, 230 0,8 0,4
380, 400, 480 0,4 0,20
690 0,2 0,06

1.4.1- Esquema TN
O esquema TN (Figura 1.1(a), (b) e (c)) possui um ponto de alimentação directamente aterrado, sendo
as massas ligadas a esse ponto por condutores de protecção. A corrente de falta directa fase massa é
uma corrente de curto-circuito. Em função da combinação condutor de protecção/condutor neutro, o
esquema TN apresenta as seguintes variações possíveis:
▪ esquema TN-S (Figura 1.1(a)), em que o condutor neutro (N) e o condutor de protecção (PE)
são separados;
▪ esquema TN-C-S (Figura 1.1(b)), em que as funções de neutro e de protecção são combinadas
em um único condutor (PEN) em uma parte da instalação;

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▪ esquema TN-C (Figura 1.1(c)), em que as funções de neutro e de protecção são combinadas
em um único condutor (PEN) ao longo de toda a instalação.
No esquema TN-C, a protecção apenas pode ser realizada por dispositivo a sobrecorrente (disjuntor
convencional), uma vez que esse esquema é incompatível com o disjuntor DR (diferencial-residual),
enquanto no esquema TN-S ambos os dispositivos podem ser utilizados.
Em instalações alimentadas por rede de alimentação pública que utilize esquema TN, quando não
puder ser garantida a integridade do condutor PEN, devem ser utilizados disjuntores DR.
Nos sistemas TN, as características do dispositivo de protecção e as impedâncias dos circuitos devem
atender à seguinte condição:
Zs × Ia ≤ U0,
em que:
ZS = impedância do percurso da corrente de falta;
Ia = corrente que assegura a actuação do dispositivo de protecção em um tempo máximo, conforme a
Tabela 1.3;
U0 = tensão nominal fase-terra.
Tabela 1.4-Tipos de situação (Tabela C.1 da NBR 5410:2004)
Condição de influência externa Situação
BB1, BB2 Situação 1
BC1, BC2, BC3 Situação 1
BB3 Situação 2
BC4 Situação 2
BB4 Situação 3

Notas:
1) Alguns exemplos da situação 2:
– áreas externas (jardins, feiras etc.);
– canteiros de obras;
– estabelecimentos agro-pecuários;
– áreas de acampamento (campings) e de estacionamento de veículos especiais e reboques (trailers);
– volume 1 de banheiros e piscinas;
– compartimentos condutivos;
– dependências interiores molhadas em uso normal.

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2) Um exemplo da situação 3, que corresponde aos casos de corpo imerso, é o do volume zero de
banheiros e piscinas.
1.4.2-Esquema TT
O esquema TT (Figura 1.1(d)) possui um ponto de alimentação directamente aterrado, estando as
massas da instalação ligadas a pontos de aterramento distintos do ponto de aterramento da instalação.
A corrente de falta directa fase-massa é inferior a uma corrente de curto-circuito, podendo apresentar,
porém, magnitude suficiente para produzir tensões de contacto perigosas. Nos sistemas TT, a
protecção por disjuntor DR é obrigatória, devendo ser atendida a seguinte condição:
RA × IDn ≤ UL,
em que:
RA = resistência de aterramento das massas;
IDn = corrente diferencial-residual nominal;
UL = tensão de contacto limite.
1.4.3-Esquema IT
O esquema IT (Figura 1.1(e)) não possui nenhum ponto da alimentação directamente aterrado
(sistema isolado ou aterrado por impedância), estando, no entanto, as massas da instalação
directamente aterradas. As correntes de falta fase-massa não são elevadas o suficiente para dar origem
a tensões de contacto perigosas. Esses sistemas não devem possuir o neutro distribuído pela
instalação, sendo obrigatória a utilização de dispositivo supervisor de isolamento (DSI) com alerta
sonoro e/ou visual.
As massas podem ser aterradas de dois modos:
▪ individual (ou por grupos) — protecção igual à de sistemas TT;
▪ colectivamente aterradas — valem as regras do esquema TN.
O esquema IT deve ser restrito às seguintes aplicações:
▪ suprimento de instalações industriais de processo contínuo, em que a continuidade da
alimentação seja essencial, com tensão de alimentação igual ou superior a 380 V, com
atendimento obrigatório das seguintes condições:
✓ o neutro não é aterrado;
✓ existe detecção permanente de falta para a terra;
✓ a manutenção e a supervisão ficam a cargo de pessoal habilitado.
▪ suprimento de circuitos de comando, cuja continuidade seja essencial, alimentados por
transformador isolador, com tensão primária inferior a 1 kV, com atendimento obrigatório das
seguintes condições:

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✓ detecção permanente de falta para a terra;
✓ manutenção e supervisão a cargo de pessoal habilitado;
✓ circuitos isolados de reduzida extensão, em instalações hospitalares, onde a continuidade da
alimentação e a segurança dos pacientes seja essencial;
✓ alimentação exclusiva de fornos industriais;
✓ alimentação de rectificadores dedicados a accionamentos de velocidade controlada.
1.5. Eléctrodos de Aterramento
O eléctrodo de aterramento pode ser constituído por um único elemento ou por um conjunto de
elementos. O termo tanto se aplica a uma simples haste enterrada quanto a várias hastes enterradas e
interligadas e, ainda, a outros tipos de condutores em diversas configurações.
Um eléctrodo deve oferecer para diversos tipos de corrente (faltas para a terra, descargas
atmosféricas, electrostáticas, de supressores de surto etc.) um percurso de baixa impedância para o
solo. A eficiência do aterramento é caracterizada, em princípio, por uma baixa resistência. Na
realidade, o fenómeno depende de muitos factores, sobretudo a resistividade do solo, estendida a todo
o volume de dispersão, que representa a maior incógnita por ser bastante variável segundo a natureza
do terreno, a umidade, a quantidade de sais dissolvidos e a temperatura (quanto maior a resistividade
do terreno, maior a resistência de aterramento, mantidas as demais condições).
Devido à incerteza e à dificuldade na obtenção dos dados, é suficiente que o dimensionamento do
aterramento forneça, no mínimo, as seguintes indicações:
▪ os materiais a serem utilizados;
▪ a geometria do eléctrodo;
▪ a locação no terreno.
Na prática, é utilizado um eléctrodo em anel (Figura 1.2) lançado no perímetro da edificação, que
pode ser constituído por condutores horizontais e hastes interligadas entre si, directamente enterrados
no solo e/ou pelas próprias ferragens das fundações da edificação.

Figura 1.2- Eléctrodo em anel.

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A chamada “malha de terra” (Figura 1.3) é constituída pela combinação de hastes e condutores que
têm também a função de equalizar os potenciais na superfície do terreno, controlando as tensões de
passo e de contacto em níveis suportáveis para o corpo humano.
A resistência de aterramento de instalações de baixa tensão deve ser, se possível, inferior a 10 Ω, o
que pode ser obtido pela interligação de eléctrodos radiais ou em anel, admitindo-se também
configurações mistas. Esse valor de 10 é apenas referencial. A NBR 5419:2005 enfatiza esse aspecto.
O valor da resistência de aterramento é importante, porém o estabelecimento de equipotencialidade é
essencial. Em muitas situações, a combinação de solo de elevada resistividade e da pouca
disponibilidade de área para o lançamento do aterramento torna impossível a obtenção de resistências
inferiores a 10 (por exemplo, no caso de estações de telecomunicações no topo de morros).
O item 6.4.1.1.1 da NBR 5410:2004 estabelece que, quando o aterramento pelas fundações não for
praticável, o eléctrodo de aterramento deve ser no mínimo constituído por um anel, complementado
por hastes verticais, circundando o perímetro da edificação.
O item 6.4.1.1.4 da NBR 5410:2004 estabelece que não devem ser usadas como eléctrodo de
aterramento canalizações metálicas de fornecimento de água e outros serviços, o que não exclui a
ligação equipotencial das mesmas à barra de aterramento principal (BEP).

Figura 1.3-Malha de terra.


A Tabela 1.5 apresenta as dimensões mínimas de diferentes tipos de eléctrodos de aterramento, bem
como as recomendações quanto ao posicionamento dos mesmos, onde se destacam:
▪ condutores nus;
▪ hastes, cantoneiras ou tubos;
▪ fitas ou cabos de aço;
▪ ferragens do concrecto armado.
Quanto aos aterramentos para sistemas de protecção contra descargas atmosféricas, a NBR 5419:2005
admite duas alternativas de configuração para os eléctrodos do sistema de aterramento:

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Arranjo A Composto por eléctrodos radiais (verticais, horizontais ou inclinados) e indicado para
pequenas estruturas (com perímetro de até 25 m) em solos de baixa resistividade (de até 100 Ω × m),
e cada condutor de descida deve ser conectado, no mínimo, a um eléctrodo distinto, com extensão
mínima de 5 m para condutores horizontais e 2,5 m para hastes verticais (enterrados a uma
profundidade de 0,5 m e distantes pelo menos 1 m das fundações da edificação), de modo que
resultem em resistências de aterramento inferiores a 10 Ω, como explicado anteriormente.
Tabela 1.5. Dimensões mínimas de eléctrodos de aterramento
(Fonte: Tabela 51 da NBR 5410:2004)
Material Superfície Forma Dimensões mínimas
Diâmetro(mm) Secção Espessura do Espessura média do
2
(mm ) material revestimento(𝝁𝒎)
(mm)
Aço Zincada a quente(1) Fita(2) - 100 3 70
ou inoxidável(1) Perfil(2) 120 3 70
Haste de 15 - - 70
secção
circular(3)
Cabo de - 95 - 50
secção
circular
Tubo 25 - 2 55
Capa de cobre Haste de 15 - - 2000
secção
circular(3)
Revistida de cobre Haste de 15 - - 254
por electrodeposição secção
circular(3)
Fita - 50 - -
Cabo de - 50 2 -
secção
(1)
Cobre Nu circular
Cordoalha 1,8(cada veio) 50 - -
Tubo 20 - 2 -

Zincada Fita(2) - 50 2 40

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LEGENDA
(1)Pode ser utilizado para embutir no concreto.
(2)Fita com cantos arredondados.
(3)Para eléctrodo de profundidade.
Arranjo B
Composto de eléctrodos em anel ou embutidos nas fundações da estrutura, sendo obrigatório nas
estruturas de perímetro superior a 25 m.
Vale lembrar que – mais do que os horizontais – os eléctrodos de aterramento verticais apresentam
maior eficiência na dissipação de descargas impulsivas para o solo, tais como as que caracterizam as
descargas atmosféricas. Os aterramentos do sistema de protecção contra descargas atmosféricas e da
instalação eléctrica devem ser interligados, de preferência, em um eléctrodo comum, conforme
apresentado na Figura 1.4.
O arranjo B, quando embutido nas fundações da edificação, apresenta diversas vantagens com relação
ao arranjo A, dentre as quais se destacam:
▪ menor custo de instalação;
▪ vida útil compatível com a da edificação;
▪ resistência de aterramento mais estável;
▪ maior protecção contra seccionamentos e danos mecânicos.
1.6. Ligações de aterramento
O item 6.4.2.1.3 da NBR 5410:2004 estabelece que, em qualquer instalação, deve ser previsto um
terminal ou uma BEP, que deve localizar-se na edificação, podendo ser a ele ligados os seguintes
condutores:
▪ condutor de aterramento (que interliga o eléctrodo de aterramento à BEP);
▪ condutores de protecção principais (PE);
▪ condutores de equipotencialização principais;
▪ condutores terra paralelos (PEC);
▪ condutor neutro, se o aterramento deste for previsto neste ponto;
▪ barramento de equipotencialização funcional, se necessário;
▪ condutores de equipotencialização ligados a eléctrodos de aterramento de outros sistemas (por
exemplo, SPDA);
▪ elementos condutivos da edificação.

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A interligação do neutro da rede externa de distribuição, quando a alimentação for realizada em baixa
tensão, é essencial para a obtenção do grau mínimo de efetividade de aterramento do neutro,
conforme os projetos de redes de distribuição padronizados pelas concessionárias de energia elétrica.
A Figura 1.5 apresenta um esquema de ligação equipotencial para a utilização em instalações
prediais. A Figura 1.6 apresenta as diferentes configurações de aterramento de mastro para-raios e de
antenas, com relação ao terminal de ligação equipotencial.
As conexões para o aterramento de tubulações metálicas devem utilizar cintas/braçadeiras do mesmo
material do tubo, de modo a evitar corrosão por formação de pares galvânicos. No caso da
canalização de gás, deve ser instalada uma luva isolante próximo à sua entrada na edificação, de
modo a promover a separação elétrica entre a rede pública de gás e a instalação do consumidor.

Figura 1.4. Descrição dos componentes de aterramento de acordo com a NBR 5410:2004.

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Os condutores utilizados para as ligações equipotenciais ao terminal principal devem possuir seção
mínima igual à metade do condutor de protecção de maior bitola da instalação, com um mínimo de 6
mm2 . Admite-se um máximo de 25 mm2 para condutores de cobre ou secção equivalente para outros
metais. Os condutores destinados à conexão de massas metálicas aos eléctrodos enterrados deverão
possuir as bitolas mínimas constantes da Tabela 1.6.
Em redes industriais, as ligações equipotenciais podem ser realizadas pela conexão dos condutores de
protecção dos equipamentos eléctricos ao barramento PEN dos quadros/painéis de distribuição e/ou
pela conexão directa de estruturas metálicas, em geral, à malha de aterramento.
A utilização dos condutores de protecção dos equipamentos eléctricos para o aterramento do
maquinário por eles accionado é adequada, usualmente, para instalações abrigadas no interior de
prédios, galpões etc. No caso de instalações abertas ou ao tempo, é importante – além do uso de
condutores de protecção dos motores eléctricos – que sejam realizadas conexões das estruturas
metálicas directamente à malha de aterramento, procedimento este que se justifica por diversas
razões, entre as quais:
▪ as distâncias entre os motores e os CCMs (centros de controle de motores) são, em geral,
maiores do que no interior de edificações;
▪ em condição de chuva, as tensões de toque e passo são agravadas em função de as superfícies
das estruturas e do piso estarem molhadas;
▪ há riscos associados à exposição direta a descargas atmosféricas.

Figura 1.5. Ligação equipotencial e aterramento de para-raios e de antenas.

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Tabela 1.6. Seções mínimas de condutores de aterramento enterrados no solo
Fonte: Tabela 52 da NBR 5410:2004
Protegidas contra danos mecânicos Não protegidas contra danos
mecânicos
Protegidos contra Cobre:2,5 mm 2 Cobre:16 mm 2
corrosão Aço:10 mm 2 Aço:16 mm 2
Não protegidos Cobre:50 mm 2 (solos ácidos ou alcalinos)
contra corrosão Aço:80 mm 2

As descidas de um sistema de protecção contra descargas atmosféricas constituem-se em casos


particulares de condutores de aterramento. O condutor de descida não deve ser encaminhado no
interior de um ducto metálico ou, quando embutido em colunas de concreto, não deve ser lançado no
centro das ferragens, de modo a evitar o aumento da sua impedância. A Tabela 1.7 apresenta as
secções mínimas para esses condutores, em função dos materiais utilizados e da fracção da corrente
de descarga prevista para circular nos mesmos.
Tabela 1.7. Secções mínimas dos condutores de descida e eléctrodo de aterramento
Fonte: Tabela 3 da NBR 5419:2005
Secção do condutor (mm2)
Material Descida Eléctrodo de aterramento
Cobre 16 50
Alumínio 25 -
Aço galvanizado a quente 20 80

1.7. Condutores de Proteção


O condutor de proteção tem por função o aterramento das massas metálicas de equipamentos
eléctricos. O seu dimensionamento visa à protecção de pessoas contra choques eléctricos devido a
contactos indirectos – ou seja, o toque na carcaça de um equipamento (ou estrutura metálica anexa)
que ficou sob tensão em consequência de uma falha de isolamento interna; bem como ao desempenho
adequado dos dispositivos protectores, sejam por sobrecorrente (fusíveis e disjuntores) ou a corrente
diferencial-residual (interruptor ou disjuntor DR).
Em função do esquema de aterramento da instalação, o condutor de protecção proverá o aterramento
das massas metálicas a ele conectadas, directamente no ponto de aterramento da alimentação

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(esquema TN, predominante em redes industriais) ou em ponto distinto do de aterramento da
alimentação (esquemas TT e IT).
A NBR 5410:2004 considera que a continuidade do condutor de protecção vem a ser um dos cinco
ensaios básicos a que uma instalação deve ser submetida quando do seu comissionamento.
A secção mínima do condutor pode ser determinada pela expressão (aplicável apenas para tempos de
atuacção dos dispositivos de protecção inferiores a 5 segundos):

em que:
S = secção mínima do condutor de protecção (mm2);
I = valor (eficaz) da corrente de falta que pode circular pelo dispositivo de protecção, para uma falta
directa (A);
t = tempo de actuação do dispositivo de protecção (s);
K = constante definida na Tabela 1.8 (factor que depende do material do condutor de protecção, de
sua isolação e outras partes, bem como das temperaturas inicial e final).
Tabela 1.8. Valores de K — Dimensionamento de condutores de proteção, temperatura
ambiente de 30 °C
Fonte: Tabelas 53 a 57 da NBR 5410:2004
Cabos isolados Material da cobertura
Tipo de condutor Material do PVC 70 °C EPR/XLPE 90 °C
condutor
Independentes (condutores, cabo Cobre Alumínio Aço 143 176
unipolar ou cabo nu em contacto com 95 116
a cobertura do cabo) 52 64
115 143
Veias de cabos unipolares Cobre Alumínio 76 94

Material
Cabos nus condições de aplicação Cobre Alumínio Aço
Visíveleemárearestrita(500°C) 228 125(300°C) 82
Condições normais (200°C) 159 105 58
Riscodeincêndio(150°C) 138 91 50
Temperaturas máximas entre parênteses.

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Nas instalações fixas, com esquemas de aterramento TN, as funções de condutor de protecção e
neutro podem ser combinadas (condutor PEN), desde que essa parte da instalação não seja protegida
por um dispositivo DR, sendo admitidas as seguintes secções mínimas:
▪ 10 mm2 em cobre;
▪ 16 mm2 em alumínio;
▪ 4 mm2 se o condutor fizer parte de um condutor concêntrico
Tabela 1.9. Seção mínima do condutor de protecção (mm 2 ) em função da secção do condutor-
fase
Fonte: Tabela 58 da NBR 5410:2004
Condutores-fase Condutor de proteção
S < 16 S
16 < S< 35 16
S > 35 S/2

Tal esquema de aterramento exige continuidade do condutor PEN desde o transformador e recomenda
o multiaterramento do condutor de protecção, sobretudo nas entradas de edificações. Se, a partir de
um ponto qualquer da instalação, o neutro e o condutor de protecção forem separados, não é
permitido religá-los após esse ponto. No ponto de separação, devem ser previstos terminais ou barras
separadas para o condutor de protecção PE e o neutro. O condutor PEN deve ser ligado ao terminal
ou à barra previstos para o condutor de protecção PE e aterrado na BEP da edificação (esquema TN-
C-S).
A secção mínima de qualquer condutor de protecção que não faça parte do mesmo invólucro que os
condutores vivos deverá ser de 2,5 ou 4,0 mm2 , respectivamente, se possuir ou não protecção
mecânica. Podem ser utilizados como condutores de proteção:
▪ veias de cabos multipolares;
▪ condutores isolados ou cabos unipolares em uma conduta comum aos condutores vivos;
▪ condutores isolados, cabos unipolares ou condutores nus independentes, com trajecto idêntico
aos circuitos protegidos;
▪ protecções metálicas ou blindagens de cabos;
▪ electroductos e outras condutas metálicos.
Elementos metálicos – tais como protecções e blindagens de cabos de energia, invólucros de
barramentos blindados e electroductos – poderão ser interligados como condutores de protecção se a

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sua continuidade eléctrica for garantida e se a sua condutância atender aos critérios de
dimensionamento aqui apresentados. Cabem, ainda, as seguintes observações:
▪ os invólucros de barramentos blindados devem permitir a conexão de condutores de proteção
em todos os cofres de derivação;
▪ as canalizações de água e gás não devem ser utilizadas como condutores de proteção;
▪ somente cabos ou condutores podem ser utilizados como condutores PEN;
▪ um condutor de proteção pode ser comum a vários circuitos de distribuição ou terminais,
quando estes estiverem contidos em um mesmo conduto (devendo, nesse caso, ser
dimensionado com base no condutor-fase do circuito mais carregado).
É fundamental ressaltar a importância do agrupamento do elemento de protecção (condutor,
blindagem ou electroducto) próximo aos condutores vivos do circuito correspondente, de modo a
minimizar a impedância do circuito, garantindo um caminho de retorno natural para as correntes de
falta fase-terra, tendo em vista a melhor actuação das protecções por sobrecorrente.
Outros caminhos de retorno – tais como malha de aterramento ou estruturas metálicas – apresentam
elevada impedância, em função dos afastamentos para com os condutores vivos, e permitem o
surgimento de tensões ou correntes induzidas em outros circuitos ou estruturas condutoras existentes
nas imediações.
Há riscos associados ao campo electromagnético resultante do retorno inadequado de altas correntes
de curto-circuito. Entre eles, além dos potenciais de toque perigosos, podem ser citados o surgimento
de centelhamentos em conexões metálicas electricamente imperfeitas (crítico em ambientes de
atmosferas explosivas) e induções de tensões e correntes em circuitos de sinal, com consequências
que vão do simples ruído à queima de placas e componentes.
Toda instalação eléctrica de alta e baixa tensão, para funcionar com desempenho satisfatório e ser
suficientemente segura contra risco de acidentes fatais, deve possuir um sistema de aterramento
dimensionado adequadamente para as condições de cada projecto.
Um sistema de aterramento visa à:
▪ segurança de actuação da protecção;
▪ protecção das instalações contra descargas atmosféricas;
▪ protecção do indivíduo contra contactos com partes metálicas da instalação energizadas
acidentalmente;
▪ uniformização do potencial em toda área do projecto, prevenindo contra lesões perigosas que
possam surgir durante uma falta fase e terra.

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1.8. Protecção contra contactos indirectos
O acidente mais comum a que estão submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalham
em processos industriais ou desempenham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais,
é o toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado electricamente sob
tensão entre fase e terra. Assim, entende-se por contacto indirecto aquele que um indivíduo mantém
com determinada massa do sistema eléctrico que, por falha, perdeu sua isolação e permitiu que esse
indivíduo ficasse submetido a determinado potencial eléctrico.
O limite de corrente alternada suportada pelo corpo humano é de 25 mA, sendo que, na faixa entre 15
e 25 mA, o indivíduo sente dificuldades em soltar o objecto energizado. Entre 15 e 80 mA, o
indivíduo é acometido de grandes contracções e asfixia. Acima de 80 mA, até a ordem de grandeza de
poucos amperes, o indivíduo sofre graves lesões musculares e queimaduras, além de asfixia imediata.
Acima disso, as queimaduras são intensas, o sangue sofre o processo de electrólise, a asfixia é
imediata e há necrose dos tecidos. A gravidade dessas lesões depende do tempo de exposição do
corpo humano à corrente eléctrica.
1.8.1. Tensão de contacto ou de toque
É aquela a que está sujeito o corpo humano quando em contacto com partes metálicas (massa)
acidentalmente energizadas. A Figura 1.6(a) mostra as condições de um indivíduo submetido a uma
tensão de toque. A Figura 1.6(b) mostra o esquema eléctrico correspondente.

Figura 1.6. Tensão de toque.

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1.8.2 Tensão de passo
Quando um indivíduo se encontra no interior de uma malha de terra e por meio desta está fluindo,
naquele instante, determinada corrente de defeito, fica submetido a uma tensão entre os dois pés,
conforme se pode observar na Figura 1.7(a), e a Figura 1.7(b) mostra o circuito eléctrico
correspondente.
Cabe salientar que a corrente eléctrica quando injectada no solo, por eléctrodos ou directamente por
descarga atmosférica, se dispersa em forma de arcos com o centro no local de penetração, podendo
provocar uma tensão de passo ΔVp, conforme ilustra a Figura 1.8, para o caso de uma descarga
atmosférica.

Figura 1.7.Tensão de passo.

Figura 1.8.Tensão de passo por raio.


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1.8.2.1. Limite da tensão de passo para um indivíduo no interior de uma malha de terra
É a tensão limite de passo, ΔVp, que, durante o funcionamento de uma instalação de terra, pode
aparecer entre os pés de uma pessoa dando um passo de abertura igual a 1 m, em conformidade com a
Figura 1.9.
Para reduzir as tensões perigosas de passo, por exemplo, as subestações são dotadas de uma camada
de brita cuja espessura pode variar entre 10 e 20 cm, melhorando o nível de isolamento do operador,
conforme se observa na Figura 1.4.

Figura 1.9. Indivíduo sobre uma malha de terra.


Para o caso de a subestação ficar distante das instalações industriais propriamente ditas, pode ser
conveniente a construção de outra malha de terra para a ligação das partes metálicas das máquinas e
equipamentos de produção. As malhas devem, porém, ser interligadas.
A malha de terra produz maior segurança quando construída sob o local em que foram instalados os
equipamentos a ela conectados, pois esse procedimento uniformiza o potencial na área em questão.
1.9. Aterramento dos equipamentos
Era prática anterior a instalação de três malhas de terra nos projectos industriais, respectivamente,
para ligação dos pára-raios, equipamentos de alta-tensão e equipamentos de baixa tensão. Verificou-
se, entretanto, que, interligando-se as diferentes malhas de terra, obtinha-se um aterramento de maior
eficiência e segurança.
À malha de terra construída sob o terreno no qual está implantada a subestação devem ser ligadas as
seguintes partes do sistema eléctrico:
▪ Neutro do transformador de potência.
▪ Pára-raios instalados na(s) extremidade(s) do ramal de ligação.
▪ Carcaça metálica dos equipamentos eléctricos: transformadores de potência, de medição, de
protecção, disjuntores, capacitores, motores etc.

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▪ Suportes metálicos das chaves fusíveis e seccionadoras, isoladores de apoio, transformadores
de medição, chapas de passagem, telas de protecção, portões de ferro etc.
▪ Estruturas dos quadros de distribuição de luz e força.
▪ Estruturas metálicas, em geral.
Para o caso de a subestação ficar distante das instalações industriais propriamente ditas, pode ser
conveniente a construção de outra malha de terra para a ligação das partes metálicas das máquinas e
equipamentos de produção. As malhas devem, porém, ser interligadas.
A malha de terra produz maior segurança quando construída sob o local em que foram instalados os
equipamentos a ela conectados, pois esse procedimento uniformiza o potencial na área em questão.
1.10- Elementos de uma malha de terra
Os principais elementos de uma malha de terra são:
a) Eléctrodos de terra
Também chamados de eléctrodos verticais, podem ser constituídos dos seguintes elementos:
▪ Aço galvanizado
Em geral, após determinado período de tempo, o eléctrodo (haste cantoneira ou cano de ferro) sofre
corrosão, aumentando, em consequência, a resistência de contacto com o solo. Seu uso, portanto,
deve ser restrito.
▪ Aço cobreado
Dada a cobertura da camada de cobre sobre o vergalhão de aço, o eléctrodo adquire elevada
resistência à corrosão, mantendo suas características originais ao longo do tempo. O processo de
electrodeposição tem-se mostrado, na prática, mais eficiente do que o processo de encamisamento da
haste, que, quando submetida a choques mecânicos para cravamento no solo, muitas vezes tem-se o
vergalhão de aço separado da capa de revestimento. A Figura 1.10 mostra dois diferentes tipos de
eléctrodo de terra: haste prolongável e haste normal.

Figura 1.10. Hastes de terra: haste prolongável (parte superior) e haste normal (parte inferior).

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b)Condutor de aterramento
No caso de solos de características ácidas, pode-se utilizar o condutor de cobre nú de secção não
inferior a 16 mm2. Para solos de natureza alcalina, a seção do condutor de cobre não deve ser inferior
a 25 mm2. Em subestações industriais, aconselha-se, até por motivos mecânicos, a utilização do
condutor de aterramento com secção não inferior a 25 mm2. A grandeza da corrente de defeito fase-
terra poderá determinar secções superiores. A Figura 1.11(a) mostra a secção de cabo utilizado como
condutor de aterramento.
c) Conexões
São elementos metálicos utilizados para conectar os condutores nas emendas ou derivações. Existe
uma grande variedade de conectores, porém destacam-se os seguintes.
▪ Conectores aparafusados
São peças metálicas de formato mostrado na Figura 1.12(b), utilizadas na emenda de condutores.
Sempre que possível deve-se evitar sua utilização em condutores de aterramento.
▪ Conexão exotérmica
É um processo de conexão a quente em que se verifica uma fusão entre o elemento metálico de
conexão e o condutor. Existem vários tipos de conexão utilizando este processo. A Figura 1.12(c)
ilustra uma conexão exotérmica do tipo derivação (T). Já a Figura 1.12(d) mostra uma conexão
exotérmica do tipo cruzamento (X).
A conexão exotérmica é executada no interior de um cadinho, sendo que, para cada tipo de conexão,
há um modelo específico de cadinho. A Figura 1.12(e) ilustra um cadinho próprio para a conexão do
tipo (I) para emenda de condutores.

Figura 1.12. Acessórios para malha de terra.

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d) Condutor de protecção
É aquele utilizado para a ligação das massas (por exemplo, carcaça dos equipamentos) aos terminais
de aterramento parcial e principal. Este último será ligado à malha de terra por meio do condutor de
aterramento. A NBR 5410 estabelece a secção mínima dos condutores de protecção e as condições
gerais de instalação e operação.
1.11. Resistência de um sistema de aterramento
Em um sistema de aterramento, considera-se como resistência de terra o efeito de três resistências, a
saber:
▪ A resistência relativa às conexões existentes entre os eléctrodos de terra (hastes e cabos).
▪ A resistência relativa ao contacto entre os eléctrodos de terra e a superfície do terreno em
torno dos mesmos.
▪ A resistência relativa ao terreno nas imediações dos eléctrodos de terra, denominada, também,
resistência de dispersão.
O primeiro componente é de valor desprezível perante os demais e, portanto, não é considerado no
dimensionamento do sistema de aterramento.
Na prática, a resistência de terra pode ser geralmente identificada como as demais resistências
especificadas.
Cabe salientar que é grande a densidade de corrente nas imediações dos eléctrodos de terra, sendo
notável o valor da resistência eléctrica, conforme se observa na ilustração da Figura 1.13. Como a
corrente se dispersa de maneira eficiente no solo, tornando a densidade praticamente nula, a
resistência do solo no percurso da corrente eléctrica é considerada desprezível, conforme pode ser
visto na Figura 1.14.
Investigações realizadas mostram que 90 % da resistência eléctrica total de um terreno que envolve
um eléctrodo nele enterrado se encontram geralmente dentro de um raio de 1,8 a 3,5 m do eixo
geométrico do referido eléctrodo. Dessa forma, explica-se por que é normal durante o tratamento do
solo, com o uso de produtos químicos, retirar a terra em torno do eléctrodo e misturá-la às substâncias
redutoras de resistência do solo. Na realidade, produz-se artificialmente um eléctrodo de grande seção
transversal, cuja resistência pode ser dada pela conhecida expressão R = ρ × L/S, em que R é
inversamente proporcional à área S.
A Figura 1.15 representa a resistência de um sistema de terra de eléctrodos verticais em paralelo, cada
qual tendo uma resistência de terra de 100 Ω, em função do número de eléctrodos e da distância entre
estes. Por este gráfico pode-se determinar, para um número total de 20 hastes de um sistema de
aterramento, mantido a uma distância de 3 m entre si, a resistência equivalente, que é de 14 Ω.

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Mantendo-se, porém, o mesmo número de hastes e aproximando-as entre si para uma distância de 1,5
m, a resistência equivalente obtida é de 23 Ω, aproximadamente.

Figura 1.13. Dispersão de corrente por eléctrodo.

Figura 1.14. Percurso da corrente de defeito fase-terra.

Deve-se ressaltar que a distância mínima entre eléctrodos contíguos deve corresponder ao
comprimento efectivo de uma haste. Este procedimento deve se ao fato de que quando dois eléctrodos
demasiadamente próximos são percorridos por uma elevada corrente de falta, dispersa por ambos,
esta provoca um aumento na impedância mútua. A Figura 1.15 expressa a eficiência de um sistema de
eléctrodos verticais em paralelo, em função da quantidade de eléctrodos utilizada e da distância entre
estes.

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Figura 1.15 Resistência de terra dos eléctrodos.

Na prática, a resistência dos dispersores em paralelo exige que o terreno tenha certas dimensões,
muitas vezes não disponíveis em áreas de instalações industriais. A aplicação de muitas hastes em
terrenos de pequenas dimensões resulta, essencialmente, um notável desperdício de material, com
resultados pouco compensadores.
1.11. Resistividade do solo
Para o projecto de um sistema de aterramento, é de primordial importância o conhecimento prévio das
características do solo, principalmente no que diz respeito à homogeneidade de sua constituição. A
Tabela 1.10 fornece a resistividade de diferentes naturezas de solo compreendidas entre valores
inferior e superior, que podem ser usados na elaboração de projecto de malha de terra, desde que não
se disponha de medições adequadas. Para cálculos precisos de resistividade do solo é necessário,
porém, realizar medições com instrumentos do tipo Megger de terra.
Tabela 1.10. Resistividade dos solos

Resistividade ( Ohm  m )
Natureza dos solos Mínima Máxima
Solos alagadiços e pantanosos - 30
Lodo 20 100
Húmus 10 150
Argilas plásticas - 50

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Argilas compactas 100 200
Terras de jardins com 50% de humidade - 140
Terras de jardins com 20% de humidade - 480
Argila seca 1500 5000
Argila com 40% de humidade - 80
Argila com 20% de humidade - 330
Areia com 90% de humidade - 1300
Areia comum 3000 8000
Solo pedregoso nú 1500 3000
Solo pedregoso coberto de relva 300 500
Calcários moles 100 400
Calcários fissurados 500 1000
Xisto 50 300
Micaxisto - 800
Granito e arenito 500 10000

Avaliação Formativa (1)

Caro(a) estudante
Depois da consideração que foi feita, verifique se percebeu a matéria até aqui abordada, respondendo
as questões seguintes:

1. O que entende por aterramento eléctrico?


2. Quais são os tipos de aterramento mais usados nas instalações eléctricas?
2.1. Caracterize cada um deles.
3. A moderna tecnologia para o dimensionamento de sistemas de aterramento de instalações
industriais/comerciais, conforme estabelecido pelas normas NBR 5410:2004 e NBR 5419:2005,
recomenda a integração dos seus diversos subsistemas. Quais são as que mais se destacam?
4. Falar das vantagens da integração dos aterramentos.
5. Desenhar os seguintes circuitos de aterramento e dizer como estão ligados em relação ao Neutro,
Terra e Massa:

a) TNS b) TN-C-S c) TN-C d) TT e) IT

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6. De que forma podemos construir um eléctrodo de aterramento?

7. Caracterizar o (os) eléctrodo (os) de aterramento.


8. Quais são as indicações a ter em conta no dimensionamento de um sistema de aterramento?

9. Qual é a finalidade de um sistema de aterramento?

10. Em relação à protecção contra contactos indirectos, mencionar o acidente mais comum a que
estão submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou
desempenham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais
11. O que entende por:

a) Tensão de choque?

b) Tensão de passo?

12. Explicar como podemos construir malha de terra construída sob o terreno no qual está implantado
um Posto de Transformação Particular?

13. Quais são os principais elementos de uma malha de terra?

13.1. Caracterize cada um deles.

14. Explicar a importância da resistividade do solo na resistência de uma ligação à terra.

BIBLIOGRAFIA:

[1] . Geraldo Kindermann- Aterramento Eléctrico, 3a Edição-Porto Alegre, 1995. Brasil;

[2]. Hélio César- Instalações Eléctricas, 16ª Edição-Rio de Janeiro. Brasil;

[3]. Notas do Formador.

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