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Instalações Elétricas II

Nova Metodologia
Material de Consulta dos Alunos
4º Tópico – Aterramento e SPDA

4.1 – Aterramento

O aterramento elétrico é, basicamente a uma das formas mais segura de


interferirmos na eletricidade de maneira a proteger e garantir um bom funcionamento
da instalação elétrica, além, é claro, de atender exigências de normas.

Segundo a ABNT, aterrar significa colocar instalações e equipamentos no mesmo


potencial de modo que a diferença de potencial entre a terra e o equipamento seja
zero. Isso é feito para que, ao operar máquinas e equipamentos elétricos ao realizar
uma manutenção, o operador ou o profissional da área elétrica não receba
descargas elétricas do equipamento que ele está manuseando, seja por corrente de
falta (fuga para massa) ou por descarga eletrostática.

4.1.1 – Normas Regentes

A NBR-5410 de 2004 normaliza o aterramento e a equipotencialização, no item 6.4, que é


complementada com a NBR-5419 que fala SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas
Atmosféricas).

4.1.2 – Tipos de Aterramento

O aterramento é a ligação de um equipamento ou de um sistema à terra, por motivos de


proteção ou por exigência quanto ao funcionamento do mesmo.

Aterramento de proteção: Ligação à terra das massas e dos elementos condutores


estranhos à instalação. Possui como objetivos:
 Limitar o potencial entre massas, entre massas e elementos condutores estranhos
à instalação e entre os dois e a terra a um valor seguro sob condições normais e
anormais de funcionamento;
 Proporcionar às correntes de falta para terra um caminho de retorno de baixa
impedância.

Aterramento funcional: Ligação à terra de um dos condutores vivos do sistema (em


geral, o neutro), proporcionando:
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 Definição e estabilização da tensão da instalação em relação à terra durante o
funcionamento (referência);
 Limitação de sobretensões devidas a manobras e descargas atmosféricas;
 Retorno de corrente de curto-circuito monofásica ou bifásica terra ao sistema
elétrico.

4.1.3 – Esquemas de Aterramento

De acordo com a NBR 5410, as instalações elétricas de baixa tensão devem obedecer,
quanto aos aterramentos funcional e de proteção, a três esquemas de aterramento
básicos (TT, TN e IT), designados pela seguinte simbologia:

1ª letra – indica a alimentação em relação à terra:


T – um ponto diretamente aterrado
I – nenhum ponto aterrado ou aterramento através de impedância razoável

2ª letra – situação das massas em relação à terra:


T – diretamente aterradas (qualquer ponto)
N – ligadas ao ponto de alimentação aterrado (sem aterramento próprio)
I – massas isoladas, não aterradas

Outras letras – especificam a forma de aterramento da massa, utilizando o aterramento


da fonte de alimentação:

S – neutro e proteção (PE) por condutores distintos (separados)


C – neutro e proteção em um único condutor (PEN).

Esquema TT: Um ponto da alimentação (em geral, o neutro do secundário do


transformador), é diretamente aterrado com eletrodos independentes das massas.

Todas as massas protegidas contra contatos indiretos devem ser ligadas a um ponto
único, para evitar malhas e surgimento de tensões de passo.

A proteção deve ser garantida por dispositivos DR pois representa o único meio adequado
para proteção contra choques elétricos (instalado na origem da instalação).

É recomendado para sistemas onde a fonte de alimentação e a carga estiverem distantes


uma da outra.
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Figura 1 Esquema TT

Esquema TN: Um ponto da instalação, em geral o neutro, é diretamente aterrado e as


massas dos equipamentos são ligadas a esse ponto por um condutor. Este esquema
pode ser classificado como:

TN-S – condutores neutro (N) e proteção (PE) distintos (separados):

 Os condutores neutro e proteção (PE) são separados;


 Possui baixa impedância para correntes de falta (altas correntes);
 Utilizado quando a distância entre a carga e a fonte não é muito grade;
 Neste esquema o condutor de proteção PE está sempre com tensão zero;
 A proteção deve ser garantida por dispositivos DR (diferencial-residual), que
detectam a corrente que escoa pela terra.

Figura 2 - Esquema TN-S


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TN-C – funções de neutro e proteção exercidas pelo mesmo condutor (PEN):

 O condutor neutro é também utilizado como condutor de proteção (PEN);


 Este esquema não é permitido para condutores de seção inferior a 10 mm2 (cobre)
e para equipamentos portáteis;
 Não se admite o uso de dispositivos DR;
 A tensão do condutor neutro junto à carga não é zero;
 Perigoso no caso de ruptura do condutor neutro.

Figura 3 - Esquema TN-C

TN-C-S – Esquemas TN-S e TN-C utilizados na mesma instalação.

 O esquema TN-C nunca deve ser utilizado a jusante do sistema TN-S;


 A proteção deve ser garantida por dispositivos DR pois representa o único meio
adequado para proteção contra choques elétricos.

Figura 4 - Esquema TN-SC


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Esquema IT: Muito usado no passado (EUA) e abandonado por problemas de tensões
transitórias que ocorriam em grandes instalações;

 Exige manutenção especializada (com inspeções e medições periódicas da


resistência de isolação);
 Usar onde é indispensável a continuidade do serviço (hospitais, indústrias, etc.);
 O DR é o dispositivo mais indicado para a proteção contra contatos indiretos

Figura 5 - Esquema IT

4.1.4 – Resistência de Aterramento Ideal

A versão anterior da ABNT NBR 5419:2005 apresentava uma recomendação de


resistência de aterramento de aproximadamente 10 ohms para eletrodo de aterramento
não natural, que desencadeou uma prática de avaliação de todo o SPDA através desse
valor. Logo, alcançar um valor menor que 10 ohms era indevidamente considerada
condição sine qua non para um SPDA adequado, de tal modo que se tornou comum
encontrar uma nota nos projetos solicitando que a resistência de aterramento deveria
apresentar um valor mínimo de 10 ohms em qualquer época do ano.

Avaliar todo o SPDA somente e através de um relatório da resistência de aterramento é,


no mínimo, uma irresponsabilidade muito grande. É muito possível um SPDA não atender
sequer a uma linha da ABNT NBR 5419 e se obter do seu aterramento um valor menor
que 10 ohms de resistência, principalmente quando não se aplicam os conceitos da ABNT
NBR 15749:2009, que é a norma que regulamenta métodos para medição de resistência
de aterramento.

Para o caso do aterramento funcional admita-se uma resistência de aterramento máxima


de 26 Ohms.
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4.1.5 – Disposição das hastes

A resistividade do solo varia com o tipo de solo, mistura de diversos tipos de solo, teor de
umidade, temperatura, compactação e pressão, composição química dos sais dissolvidos
na água retida e concentração dos sais dissolvidos na água retida. Os sistemas de
aterramento devem ser realizados de modo a garantir a melhor ligação com a terra.
Os principais são:
1. Uma haste simples cravada no solo;
2. Hastes alinhadas;
3. Hastes em triângulo;
4. Hastes em quadrado;
5. Hastes em círculos;
6. Placas de material condutor enterrado no solo (exceto o alumínio);
7. Fios ou cabos enterrados no solo.

Figura 6 - Disposições para as hastes de aterramento

O sistema mais eficiente de aterramento é o sistema de malha de terra.

Figura 7 - Malha de aterramento


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4.1.6 – Métodos de Medição

Medida através do “Medidor de Resistência de Terra” tipo “Megger” ou similar:


Este processo consiste, basicamente, em aplicarmos uma tensão entre terra a ser medido
e o terra auxiliar (eletrodos fixos ou eletrodos de corrente) e medirmos a resistência do
terreno até o ponto desejado (eletrodo móvel ou eletrodo de tensão). O esquema de
ligações é mostrado na figura abaixo:

Figura 8 - Medição de aterramento

4.1.7 – Correção da Resistividade do Solo

Todo sistema de aterramento depende da sua integração com o solo e da resistividade


aparente.
Se o sistema já está fisicamente definido e instalado, a única maneira de diminuir sua
resistência elétrica é alterar as características do solo, usando um tratamento químico.

O tratamento químico dever ser empregado somente quando:


 Existe o aterramento no solo, com uma resistência fora da desejada, e não se
pretende altera-lo por algum motivo;
 Não existe outra alternativa possível, dentro das condições do sistema, por
impossibilidade de trocar o local, e o terreno tem resistividade elevada.

Um aterramento elétrico é considerado satisfatório quando sua resistência encontra-se


abaixo dos 10 . Quando não conseguimos esse valor, podemos mudar o número ou o
tipo de eletrodo de aterramento. No caso de haste, podemos mudá-la para canaleta (onde
a área de contato com o solo é maior), ou ainda agruparmos mais de uma barra para o
mesmo terra.Caso isso não seja suficiente, podemos pensar em uma malha de
aterramento. Mas imaginem um solo tão seco que, mesmo com todas essas técnicas,
ainda não seja possível chegar-se aos 10 .

Nesse caso a única alternativa é o tratamento químico do solo. O tratamento do solo tem
como objetivo alterar sua constituição química, aumentando o teor de água e sal e,
consequentemente, melhorando sua condutividade. O tratamento químico deve ser o
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último recurso, visto que sua durabilidade não é indeterminada. O produto mais utilizado
para esse tratamento é o Erico – gel

Os materiais a serem utilizados para um bom tratamento químico do solo devem ter as
seguintes características:
 Boa higroscopia;
 Não ser corrosivo;
 Baixa resistividade elétrica;
 Quimicamente estável no solo;
 Não ser tóxico;
 Não causar danos a natureza.

O tipo mais recomendado de tratamento químico, é o uso do Gel químico, que é


constituído de uma mistura de diversos sais que, em presença da água, formam o agente
ativo do tratamento. Suas propriedades são:
 Quimicamente estável;
 Não solúvel em água;
 Higroscópico;
 Não é corrosivo;
 Não é atacado pelos ácidos contidos no solo;
 Seu efeito é de longa duração.

4.2 – SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas)

Serve para proteção de prédios, antenas, instalações industriais, tanques, tubulações e


pessoas contra as descargas atmosféricas e seus efeitos. Os sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas (SPDA) são compostos por dispositivos instalados nos pontos
mais altos das instalações e estruturas, elas proporcionam um caminho para terra
oferecendo a menor resistência elétrica possível, para desta forma, oferecer um caminho
para corrente criada pela descarga atmosférica fluir em direção a terra, sem danificar
equipamentos ou estruturas, além de proteger as pessoas dentro da instalação.

A utilização do SPDA não impede a incidência de descargas atmosféricas no local, as


descargas são fenômenos naturais causados, pelo atrito das nuvens no céu, este atrito
gera um efeito de eletrização de grande diferença potencial, desta forma é impossível
anular a indecência das descarregas, mais através dos SPDA´s podemos minimizar seus
efeitos nas instalações, construções e proteger as pessoas nelas abrigadas.

4.2.1 – Natureza dos Raios

Pequenos túneis de ar ionizado ficam, pelo poder das pontas, com alta concentração de
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cargas que vão, aos poucos, rompendo à camada de ar a procura de caminhos de menor
resistência.
Um fato interessante que se observa na natureza é que o raio prefere terrenos maus
condutores, como os graníticos ou xistosos, ao invés de terrenos bons condutores como
os calcários, o que explica a alta incidência de raios em Poços de Caldas, além também,
de se tratar de uma cidade com altitude bastante elevada. Isto se dá, porque o terreno
mal condutor entre a nuvem forma um grande capacitor. A enorme diferença de potencial
entre a nuvem e o solo provoca a ionização do ar. A ionização do ar diminui a distância de
isolação entre nuvem e o solo fazendo com que o raio caia neste terreno isolante (mal
condutor).

O trovão e o raio acontecem ao mesmo tempo, o primeiro é produzido pelo deslocamento


do a devido ao súbito aquecimento causado pela descarga. Como a velocidade da luz é
maior que a velocidade do som, primeiro vê o raio para depois ouvir o trovão.

Figura 9 - Formação dos raios

Alguns valores de raios medidos registrados foram colhidos na tabela abaixo.

Corrente 2.000 a 200.000 Ampères


Tensão 100 a 1.000.000 kV
Duração 70 a 200 m s
Potência liberada 1.000 a 8.000 milhões de kW
Energia 4 a 10 kWh

Observando-se tabela acima nota-se que a energia liberada pelo raio é relativamente
pequena, a potência é gigantesca, mas de pouca duração.

Os raios atingem diretamente a rede elétrica ou suas proximidades, preferencialmente em


lugares descampados e altos. Eles causam um aumento de tensão (voltagem) na rede
elétrica, que chamamos sobretensão.
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Ela se propaga na rede até que haja um ponto onde tenha passagem para a terra.
Para cada situação existe uma forma de você se proteger.

4.2.2 – Métodos de Proteção

A Norma Técnica NBR 5419/2015 da ABNT estabelece regras para a instalação de


sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). Os pontos mais altos e de
maior área de exposição são os que, estatisticamente, têm maior probabilidade de serem
atingidos pelo raio. Por mais eficiente que seja o sistema instalado, nunca oferecerá
segurança total, variando de acordo com o nível de proteção. Os sistemas de para-raios
destinam-se a proteger as edificações e as vidas humanas. Um para-raios bem instalado
minimiza os riscos de danos, mas a sua correta proteção é feita através da instalação de
supressores de surtos e de uma boa equalização das malhas de aterramentos existentes.
É importante ressaltar que os para-raios não protegem aparelhos eletrônicos e devem
passar por manutenção a cada seis meses ou imediatamente após ser atingido por um
raio.
Em edificações de altura superior à 12m e em terrenos maiores do que 1.500m 2 são
obrigatórias à instalação de para-raios.

Existem várias métodos para proteger um patrimônio das descargas atmosféricas. Dentre
elas podemos citar:

 Método Franklin: é o ideal para a proteção de edificações de pequeno porte ou


para proteger estruturas instaladas no alto de edificações de maior porte, como
luminosos, antenas ou outros equipamentos que ficam fora de proteção do prédio.
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Figura 10 - Método Franklin

 Método da Esfera Rolante ou Geométrico: a verificação de sua proteção


consiste em fazer rolar uma esfera fictícia, com raio determinado conforme a tabela
2, em torno da edificação a ser protegida.

Figura 11 - Método geométrico

 Método da Gaiola de Faraday: baseia-se na instalação de cabos horizontais na


cobertura de edificação de acordo com a tabela 2, funcionando como uma
blindagem, com a vantagem de reduzir a influência dos campos elétricos externos
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dentro da edificação. Todos os cabos de descidas devem ser equipotencializados,
bem como, todas as coberturas metálicas.

Figura 12 - Gaiola de Faraday

 Método de aterramento utilizando as ferragens da estrutura de concreto


armado: este é um assunto mais extenso e um pouco mais complexo do que os
outros tipos de aterramentos. Aos que se interessa pelo assunto, à bibliografia
mais acessível encontra-se no livro “Instalações Elétricas”, de Ademaro A. M. B.
Cotrim, publicado pela editora Makron Books, no capítulo “Os eletrodutos de
fundação e a equalização de potencial”, sobre as normas alemãs e a NBR 5410 –
instalações elétricas de baixa tensão.

O CBMERJ – Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Rio de Janeiro é


responsável em normalizar e aprovar os sistemas de SPDA, que se baseia na
classificação do risco de cada tipo de edificação.
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Links para vídeos do YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=4_NUFgO7HMU – Aterramento.

https://www.youtube.com/watch?v=gqJ2Vrsju5g – Tipos de aterramento.

https://www.youtube.com/watch?v=Jp30US5L40A – Métodos de medição da resistência


de aterramento.

https://www.youtube.com/watch?v=oNS833pTsaA – SPDA.

Bibliografia

https://www.saladaeletrica.com.br/aterramento-eletrico/ - último acesso em 03/09/2018 às


23h17min.

ABNT – NBR-5410 – Edição atualizada em 2004.

ROQUE, Lourival – Apostila sobre Aterramento e SPDA.

https://ensinandoeletrica.blogspot.com/2014/11/esquemas-de-aterramento-de-acordo-
com.html - último acesso em 04/09/2018 às 16h54min.

https://www.osetoreletrico.com.br/como-ficou-o-jargao-10-ohms-em-qualquer-epoca-do-
ano-para-o-caso-de-aterramento-nao-natural-com-a-nova-abnt-nbr-5419/ - último acesso
em 05/09/2018 às 11h23min.

https://www.mundodaeletrica.com.br/o-que-e-spda-sistema-de-protecao-contra-
descargas-atmosfericas/ - último acesso em 05/09/2018 às 12h01min.

NBR 5419 – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas.

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