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Apresentação

A agroindústria canavieira tem-se caracterizado, tradicionalmente, como um


dos mais importantes segmentos da economia do País.

No início dos anos 70, o setor assumiu maiores responsabilidades, no cenário


económico nacional, na medida em que foi solicitado a contribuir para a solu-
ção da emergente crise energética, face a sua potencialidade de produção de
energia a partir de fonte renovável.

A essa solicitação se contrapôs a imediata resposta do setor, consubstancia-


da pelo exponencial acréscimo da produção de álcool assentado em tecnolo-
gia essencialmente nacional, evidenciando, uma vez mais, a capacidade de
iniciativa e empreendimento que identifica o empresário brasileiro.

Nesse contexto e em obediência ao princípio de que um grande empreendi-


mento se faz com homens, ideias e ações, a Copersucar vem despendendo
considerável esforço no aprimoramento, desenvolvimento e transferência de
tecnologias.

O Centro de Tecnologia Copersucar, ocupando uma área construída de dez


mil metros quadrados, abrigando um corpo técnico altamente especializado,
vem-se dedicando, há vários anos, a pesquisas, estudos e desenvolvimento
de novas tecnologias e aprimoramento de processos produtivos, bem como
a sua transferência às usinas cooperadas, em benefício do setor e do País.

O Ul Seminário de Tecnologia Industrial constitui-se em mais um evento que


demonstra o dinamismo e a objetividade que têm caracterizado o desenvolvi-
mento do CTC, consubstanciando os princípios que norteiam a atuação da
Copersucar.

A Diretoria
Introdução

A indústria brasileira de fabricação de açúcar e álcool, a par do grande au-


mento da capacidade de produção nos últimos anos, tem recebido, adaptado
e incorporado novas tecnologias. A atuação do Centro de Tecnologia Coper-
sucar, neste setor, tem sido significativa.

O objetivo da realização do III Seminário de Tecnologia Industrial é informar


as usinas cooperadas sobre a tecnologia disponível para uso imediato e sobre
os serviços prestados pela Divisão Industrial do CTC. Uma breve apresenta-
ção das tecnologias em desenvolvimento completa essas informações. Tópi-
cos selecionados pela maior relevância são discutidos, com a participação das
usinas, em mesas redondas. A atuação dos técnicos da Divisão Industrial con-
tinua a ser ampliada, levando os anais das reuniões técnicas a incluir, ao lado
de tópicos como Alimentação, preparo e moagem de cana, Fabricação de açú-
car e álcool e Utilidades, capítulos sobre Inspeção e controle de qualidade,
Controle da poluição e Outros produtos.

Os trabalhos apresentados resumem o desenvolvimento obtido, nos últimos


anos, pelos técnicos da Divisão Industrial do CTC com o apoio das usinas
cooperadas.

Centro de Tecnologia Copersucar


CENTRO DE TECNOLOGIA COPERSUCAR
Gerente: Manoel Sobral Jr.

DIVISÃO INDUSTRIAL
Chefia: Isaías de Carvalho Macedo

Coordenadoria de
Projetos Mecânicos
-CTDI-2

Coordenadoria
de Processos
-CTDI-3

Coordenadoria de
Utilidades
- CTDI-4

Laboratório de
Desenvolvimento
Industrial

Assessor: Manoel Regis Lima Verde Leal

Coordenador de Projetos Mecânicos: Paulo de Tarso Delfini


Coordenador de Processos: Carlos Eduardo Vaz Rossell
Coordenador de Utilidades: Karl Lorenz
COORDENADORIA DE PROJETOS MECÂNICOS
Coordenador: Paulo de Tarso Delfini

Engenheiros Técnicos
Fernando G. Guimarães Alfeu Packer
Gabriel Francisco Coelho Jr. António C. Tabai
José Roberto Estevam Benedito O.Campanha
José Santaella Redorat Jr. Celso António Furlan
Juan Bosco Zarruk Clever Fernando Guarda
Júlio S. N. Gago Dorival Pires da Costa
Luiz Carlos Felício Edson Ap. Munhoz
Manuel Horta Nunes Fernando A. Bocatto
Mário Shoiti Sato Francisco C. C. de Gregório
Massato Kawasaki Francisco Valadez
Raul Mazzafera Gilberto Ap. Rissi
Sidnei Luiz Bortolotti Gilberto Fernandes
José FranciscoThomazini
Guilherme Célia Filho
José Marcelino Fernandes
João Carlos de Matos
João Carlos Trevisan
João Osmar Corrêa
Jorge Petersen
José Roberto Nicoletti
Moisés Milanez
Sebastião Pinto da Silva
Sidmir D. dos Santos
Valdir N. Traina
Valdomiro Fidélis
Vicente Paulo de Almeida
COORDENADORIA DE PROCESSOS
Coordenador: Carlos Eduardo Vaz Rossell

Engenheiros Técnicos

Adilson Pires Afonso Adão Pereira Carneiro


Alberto Shintaku Aldo Calligaris Neto
André Elias Neto Almir José Christofoletti
António Rogério P. César António Carlos Penachioni
Carlos A. Gonzales António Roberto Bertolini
Cláudio X. Gonçalves Armando Tanaka
Danilo Tostes Oliveira Atio Mizuhira
Fernando C. Sampaio Carlos A. A. Soares
Helgo Paul H. Ackermann Jackson O. Zadra
Homero Tadeu de C. Leite João Luiz Foroni Avelar
Jaime Finguerut José Danilo Graciano
José A. Ghíraldini José Roberto Teister
José Everaldo E. Prado Marcos António Maistro
Luiz Carlos Pasquot Marcos César Landi
Karl Heinz Leimer Nelson Stuchi Jr.
Milton Vitorio D. Garcia Pedro Ludovico Lana
Paulo E. Mantelatto Ricardo Luiz Dias
Paulo H. H. Rheinboldt Salvador B. Anton
Raul de Cario Filho Sérgio lorio
Silvio Roberto Andrietta Valentin José Seguessi
Thoyoaki Igarashi
Tuko Nakahodo
Waldemir Pizaia
COORDENADORIA DE UTILIDADES
Coordenador: Karl Lorenz

Engenheiros Técnicos

Alfredo Carlos Gomes Adilson José Monte Bello


Anselmo Fioraneli António Carlos Medina
Arthur Padovani Neto António Celso Pinto
Cláudio S. Andrade Carlos Cascadan
Domingos I. P. Abreu Clarindo Dalpossolo Jr.
Francisco A. B. Linero Edson José Chiacchio
Helemilton Rios Moreira Jadir Gobbo
José Aparecido Affonso João A. de F. Nascimento
José Campanari Neto Jorge Noritomi
José Carlos L. Mazzoco José Carlos A. de Oliveira
Luiz Sanches Filho José Carlos Chiarinotti
Ricardo Pontieri Augusto José Roberto Sulatto
José Umberto Pesse
Marcelo R. Zanetti
Minoru Aida
Minoru Eisaqui
Ozório Godoy
Paulo S. Dédalo
Pedro Romero
Ricardo Lourencini Neto
Roberto Magdalon Barbato
Sumário

1 Alimentação, preparo e moagem de cana 3


1.1 Alimentação de cana 7
1.2 Preparo de cana 33
1.3 Moagem de cana 47
1.4 Movimentação do bagaço 117

2 Fabricação de açúcar e álcool 131


2.1 Tratamento de caldo 133
2.2 Fabricação de açúcar 213
2.3 Fabricação de álcool 301

3 Utilidades 437
3.1 Energia 439
3.2 Água 495
3.3 Instrumentação e controle de processos 527

4 Inspeçâo e controle de qualidade 587


4.1 Inspeçâo de equipamentos 589
4.2 Materiais 611

5 Controle de poluição 627


5.1 Águas de processo 629
5.2 Ar 683

6 Outros produtos 691


6.1 Bagaço 693
6.2 Vinhoto 707
6.3 Outros produtos 727
índice

1 Alimentação, preparo e moagem de cana


1.1 Alimentação de cana

Tecnologia disponível

Descarregamento de cana 9
Mesas alimentadoras 13
Esteira metálica 23
Correia transportadora, espalhador e eletroímã 27

1.2 Preparo de Cana

Tecnologia disponível

Picadores e desfibradores convencionais Copersucar 35


Desfibrador Copersucar 10 41

1.3 Moagem de Cana

Tecnologia disponível

Calha de alimentação por gravidade (Chute Donnelly), rolo de


pressão e rolo alimentador 49
Sistema de embebição 57
Esteira entre moendas 65
Componentes da moenda 71
Rolo superior sem flange 81
Serviços

Especificações técnicas para compra de equipamentos (moagem).... 85


Projeto de instalação de equipamentos para preparo, alimentação,
moagem de cana e transporte de bagaço 89
Preparo de moendas 91

Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Controle operacional de moendas 97


Frisos 101
Peneiras rotativas 105
Medições de torque, potências e tensões mecânicas 109
Manutenção e lubrificação industrial 113

1.4 Movimentação do bagaço

Tecnologia disponível

Esteiras metálicas para bagaço 119

Serviços

Especificações técnicas de correias transportadoras para bagaço 127

2 Fabricação de açúcar e álcool

2.1 Tratamento do caldo

Tecnologia disponível

Decantador sem bandeja tipo SRI 135


Balão de flâsh 141
Aquecimento com trocador de calor regenerativo 145
Preparo do leite de cal 151
Dosagem por sacarato de cálcio 155
Aplicação de hidrociclones e peneiras no tratamento do caldo 159
Multijato ejetor para sulfodefecação 165
Tratamento de caldo para destilaria - Opções disponíveis 169
Preparo e dosagem de floculantes 179
Aquecimento por contato direto e resfriamento por flash 183

Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Melhorias do processo de calagem 189


Utilização de S02 liquefeito na sulfitação do caldo de cana 195
Flotação de caldo filtrante 201
Peneiramento de caldo clarificado 205
Torre de resfriamento para caldo e vinhaça 209
2.2 Fabricação de açúcar

Tecnologia disponível

Projeto e modernização da seção de evaporação 215


Projeto e modernização do setor de cozimento 221
Sistemas de produção de vácuo 225
Separadores de arraste 231
Arraste de açúcar em secadores - Câmara de lavagem 237
Caixa de sedimentação de xarope 241
Acondicionamento e manejo de açúcar em contêineres 245
Secagem de açúcar cristal 249
Lavagem do açúcar nas centrífugas com água superaquecida 253
Instalação de imãs no polimento do açúcar cristal 257
Aletas circulares para secadores rotativos 261

Serviços

Avaliação da capacidade instalada 265


Orientação técnica no processo de fabricação de açúcar 271
Implantação do controle químico na usina 275
Cálculo de consumo de vapor no processo 279
Condução do cozimento 283
Contaminação bacteriológica em açúcar cristal 285
Carta consulta - Justificativa técnica de aquisição de equipamentos. 287
Laudos técnicos 289

Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Clarificação - Flotação do xarope 291


Avaliação dos efeitos de moagem de cana com ponta na fabricação
de açúcar e álcool 295
Secagem de melaço 299

2.3 Fabricação de álcool

Tecnologia disponível

Opções de processo para produção de álcool de qualidade e/ou


para redução de álcool de 2.a 303
Decantador horizontal de lamelas 311
Refinação de álcool baixo (álcool de 2.a) 321
Aumento da capacidade efetiva de produção de álcool etílico
hidratado 325
Parque de tanques de álcool 331
Sistema de armazenamento de benzol 339
Parque de armazenamento de ácido sulfúrico 343
Fermentação contínua 351
Fechamento de dornas de fermentação alcoólica para recuperação
de etanol dos gases 355
Resfriamento de dornas 361
Controle microbiológico da fabricação de açúcar e álcool 369
Tratamento ácido contínuo 375
Misturadores estáticos no preparo de mosto 379

Serviços

Modernização de unidades de fermentação 385


Orientação nas etapas de destilação..... 387
Consultoria e assessoria na implantação e/ou tranferência de uma
destilaria 391
Orientação nas etapas de fermentação 393
Controle químico na destilação para a obtenção de álcool hidratado
e anidro 397
Controle operacional da fermentação 403

Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Fracionamento de óleo f usei 407


Desenvolvimento de tecnologia para melhoria da qualidade do
AEHC 411
Estudo de corrosão pelo álcool etílico e de solução hidroalcoólicas... 419
Estudo da desidratação do álcool com peneiras moleculares 421
Melhoria da fermentação descontínua 425
Desenvolvimento da fermentação contínua 429
Avaliação de biocidas na produção de açúcar e álcool 431

3 Utilidades

3.1 Energia

Tecnologia disponível

Desaerador térmico 441


Limpeza contínua de salão de caldeiras 445
Secador de bagaço 447
Tubulações de vapor vivo e água de alimentação de caldeiras 453
Atenuadores de ruídos 455
Alimentação de bagaço em caldeiras 459

Serviços

Especificações para compra e análise de propostas - Caldeiras e


periféricos 461
Orientação sobre a seleção, instalação e manutenção de turbinas a
vapor .' 463
Controle de desempenho de caldeiras 465
Análise energética da usina 467
Co-geração de vapor e energia elétrica 471
Orientação sobre casa de força: especificação, manutenção e
projetos básicos 475
Orientação e projetos dos sistemas de potência das usinas 477
Projetos de instalações elétricas em áreas classificadas 479
Aterraménto 483
Correção do fator de potência 485
Sincronização de turbogeradores 487
Controle dê demanda de energia elétrica 489
Controle de qualidade em equipamentos elétricos 491

Estudos e tecnologias em desenvolvimento

Análise da geração e consumo de energia elétrica 493

3.2 Água

Tecnologia disponível

Tratamento primário de água para a indústria: ETA 497


Abrandamento de água para a indústria 503
Resfriamento de águas 509
Dimensionamento de sistemas hidráulicos 511
Filtro ascencional 513
Balanço hídrico 519
Serviços

Licença de captação 521


Controle químico do tratamento de água 525

3.3 Instrumentação e controle de processos

Tecnologia disponível

Controle analógico de alimentação automática de moendas 529


Controle de pH na calagem a quente e a frio 533
Controle de evaporação múltiplo efeito 539
Controle de nível no tubulão e pressão da fornalha em caldeiras a
bagaço 543
Controle e registro de vazão e água de embebição 547
Controle digital de moendas ; 551
Controle da fermentação 555
Controle de combustão em caldeiras a bagaço 561
Medição de vazão de vapor de escape 567

Serviços

Projeto, detalhamento, especificação de compra, supervisão de


montagem, calibração e partida de sistema de controle em geral 571
Análise de propostas de compra, supervisão de montagem,
calibração e acompanhamento da partida de sistemas fornecidos
por terceiros 575
Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Controle digital de evaporação múltiplo efeito 577


Medição de vazão de caldo misto com medidor eletromagnético 581

4 Inspeção e controle de qualidade

4.1 Inspeção de equipamentos

Serviços

Inspeção anual de caldeiras 591


Inspeção de projeto, fabricação e montagem de caldeiras novas 593
Inspeção de turborredutores 595
Inspeção de tanques de álcool 601
Inspeção de equipamentos diversos 607

4.2 Materiais

Serviços

Especificação de materiais e tratamentos térmicos 613


Especificações técnicas e aplicações de solda 617
Análise e prevenção de corrosão 621

5 Controle de poluição

5.1 Águas de processo

Tecnologia disponível

Pré-decantador Copersucar 631


Água de lavagem de cana decantador Copersucar 637
Decantador de água de retentores de fuligem 641
Tratamento primário e secundário de efluentes via lagoas de
estabilização 645
Tratamento primário e secundário de efluentes domiciliares das
usinas 649

Serviços

Obtenção de licença de instalação e funcionamento 657


Projeto de tratamento de efluentes industriais para os organismos
de controle 661
Controle químico de sistema de tratamento de efluentes 665
Assessoria na elaboração de projetos para o PROCOP 667
Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Tratamento biológico: estudo de tratamento em lagoas e filtros


biológicos 671
Otimização do decantador de água de lavagem de cana 677
Tratamento de efluentes de refinaria de açúcar por processo de
biodigestão 679

5.2 Ar

Tecnologia disponível

Retentores de fuligem 685

6 Outros produtos

6.1 Bagaço

Tecnologia disponível

Avaliação do manejo do bagaço em regiões urbanas 695


Compáctação de bagaço 699
Produção de ração por auto-hidrólise 703

6.2 Vinhoto

Tecnologia disponível

Recirculação de vinhaça 709

Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Biodigestão de vinhaça 715


Ultrafiltração e osmose reversa 719
Concentração de vinhaça por evaporação com bicos aspersores 723

6.3 Outros produtos

Tecnologia disponível

HTM - High Test Molasses 729


Produção de fetilizantes fluidos 733
Secagem de levedura 739

Estudos e tecnologia em desenvolvimento

Bicarbonato de amónia 743


Produção de acetona butanol 747
ALIMENTAÇÃO, PREPARO
E MOAGEM DE CANA
1 Alimentação, preparo e moagem de cana

No início da década dos 70, a tecnologia de moagem disponível no Brasil po-


dia ser considerada ultrapassada, principalmente se comparada a outros cen-
tros produtores de açúcar, como Austrália e África do Sul. Com o objetivo de
atender ao interesse das cooperadas, a Copersucar iniciou, de forma pionei-
ra, o desenvolvimento dessa tecnologia, que abrange os setores de alimenta-
ção, preparo e moagem de cana, pela contratação de um corpo técnico e da
assessoria da Deon Hullet do Brasil. Esta assessoria trazia a tecnologia sul-
africana, principalmente para os processos de preparo e moagem de cana, além
de atuar também no desenvolvimento de outros setores do processo de fabri-
cação de açúcar e álcool.

O trabalho foi iniciado pela introdução no sistema de preparo de desfibrado-


res e picadores de lâminas oscilantes e no sistema de moagem do rolo de pres-
são, calha "Donnelly", embebição composta e metodologia para regulagem
das moendas. As etapas iam desde o dimensionamento, até o detalhamento
para fabricação e montagem dos equipamentos necessários. Os primeiros re-
sultados foram a elevação da extração e aumento significativo da moagem.

Complementando o desenvolvimento, com o objetivo de melhorar o sistema


como um todo, foram elaborados projetos detalhados de outros equipamen-
tos, desde a alimentação de cana até o transporte de bagaço: mesas alimen-
tadoras convencionais e 45°, esteiras metálicas, correias transportadoras, ins-
talação de eletroímã, espalhador de cana, transportadores de bagaço etc.

Mais recentemente, a evolução da tecnologia com a utilização de soldas es-


peciais nos rolos das moendas, aliada à operação adequada do sistema, ele-
vou a extração a níveis comparáveis aos dos centros açucareiros mais desen-
volvidos. Em termos de capacidade, os resultados foram melhores ainda, che-
gando a números superiores, se levarmos em conta o porte dos equipamen-
tos utilizados.
/// SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Após alguns anos de experiência, a Divisão Industrial tem, hoje, uma linha pa-
dronizada de combinação de todos esses equipamentos, que se constitui nu-
ma tecnologia de moagem totalmente dominada e em plena fase de transfe-
rência às usinas. Resumidamente, a combinação básica desses equipamen-
tos poderia ser descrita como se segue:

- Mesas alimentadoras 45 °: dada a sua principal característica (inclinação


45°, formam uma camada de pouca espessura que facilita sobremaneira a ali-
mentação da esteira metálica e propicia uma lavagem de cana mais eficiente;

- Esteiras metálicas: toda a sua estrutura (parte rodante e acionamento) deve


ser dimensionada com velocidade apropriada, resistência e capacidade sufi-
cientes para atender a moagem;

- Picadores e desfibradores: ambos montados sobre a esteira metálica, do ti-


po de lâminas oscilantes com velocidade periférica de 60m/s, fornecendo e
80 a 85% de células abertas. Para níveis de moagem elevados, são instalados
dois picadores antes do desfibrador, o primeiro trabalhando como nivelador;

- Espalhador, eletroímã, correia transportadora e calha "Donnelly": o espalha-


dor fornece à correia transportadora uma camada de cana de altura uniforme.
A alta velocidade da correia gera uma camada fina que facilita a ação do ele-
troimã e, principalmente, possibilita uma alimentação mais adequada à calha
"Donnelly". Esta, além de formar um "pulmão", força a alimentação pelo pe-
so da coluna de cana formada em seu inteior. Possibilita ainda a instalação
de dispositivos de controle automático da alimentação da moendas;

- Rolo de pressão: é um 4? rolo, de grande diâmetro, acionado por rodete, ins-


talado nas moendas tradicionais, com o objetivo de melhorar a alimentação
e aumentar a capacidade, possibilitando o uso de taxas de embebição mais
elevadas;

- Sistema de embebição composta: consiste na edição de toda a água no últi-


mo terno e retorno do caldo extraído para o terno anterior, em contracorrente
com o fluxo da cana, sendo o caldo misto constituído dos caldos do primeiro
e do segundo terno;

- Preparo e regulagem das moendas: as moendas devem ser adequadamente


ajustadas (aberturas, frisos, diâmetro dos rolos, traçado das bagaceiras) em
função da moagem. Para melhorar as condições de "pega" fundamental para
atingir boas extrações e capacidade, é imprescindível o uso intensivo de sol-
da especial nos flancos dos frisos.

A definição da combinação dos equipamentos citados (bem como do lay-out


industrial) é feita numa fase preliminar através de um anteprojeto da instala-
ção. O anteprojeto se presta, ainda, à elaboração detalhada de especificação
para compra de equipamentos, tanto do setor de moagem como de transpor-
te de bagaço.
-4-
ALIMENTAÇÃO DE CANA

Além disso, procurando adequar as moendas existentes às novas condições


de moagem (caracterizadas pelo elevado nível de capacidade e aplicação de
pressões hidráulicas recomendadas), a Divisão Industrial tem projetado a maio-
ria de seus componentes principais, conferindo a eles um dimensionamento
correto e cuidadosa escolha dos materiais, processos de fabricação, monta-
gens, etc. Eixos, mancais e pinhões de moenda, vedação dos mancais, volan-
deiras, eixos de engrenagens do acionamento, palitos são alguns dos elemen-
tos projetados.

Para ilustrar a elevação do desenvolvimento, nestes últimos anos, em termos


de extração e capacidade de moagem, o gráfico apresentado a seguir mostra
os números de uma moenda 37"x78" de uma usina que utilizou gradativa-
mente a tecnologia da Copersucar, a partir de 1978: para uma moagem de
400TCH, normal para esta moenda, e considerando uma safra de 180 dias,
a diminuição de 0,5% na pol do bagaço representaria aproximadamente 45.000
sacos de açúcar adicionais.

Atualmente, trabalha-se no aprimoramento do sistema implantado, buscan-


do, por exemplo, um controle operacional de moendas mais adequado, siste-
mas e/ou técnicas de embebição mais eficientes, materiais e frisos de rolos
de moendas melhores, alternativas para um preparo de cana com índice de
células abertas superior a 90% etc., sempre com o objetivo de oferecer às
usinas cooperadas a melhor tecnologia.

Por outro lado, o crescente interesse pela tecnologia de extração por difusão
levou o CTC a estruturar um programa para estudar e assimilar essa tecnolo-
gia, de modo a permitir um suporte técnico adequado às cooperadas que de-
sejarem considerar essa opção, no caso de uma ampliação ou remodelação
do setor de extração de caldo.

5
ALIMENTAÇÃO DE CANA
Descarregamento de Cana

1 Introdução
No decorrer das últimas safras, com as usinas sendo equipadas conveniente-
mente no sistema de alimentação, preparo de cana e moagem, a capacidade
das moendas tem aumentado significativamente. Mas torna-se também ne-
cessário melhorar a eficiência do descarregamento da cana na usina para es-
tocagem ou diretamente para a moagem. Nesse aspecto, em termos de de-
sempenho, o hilo tem grande importância, pois além de facilitar o descarre-
gamento, torna simples a operação e a manutenção, e seu custo inicial é re-
lativamente baixo. Com a intensificação da colheita mecanizada, os tomba-
dores hidráulicos tornaram-se uma opção interessante para o descarregamento
de cana picada.

2 Equipamento

2.1 Hilo

A estrutura principal é constituída de três tubos de 8" Schedule 80. Os dois


tubos dianteiros, montados paralelamente, são fechados na parte superior por
um tubo de 12" Schedule 40, onde estão fixadas as roldanas dos cabos
de sustentação da carga. O terceiro tubo fecha a estrutura em formato
triangular, inclinado para a frente, de forma a permitir a passagem do cami-
nhão com carga. Os três tubos principais são interligados entre si, por tubos
de 4" Schedule 80, o que dá maior rigidez à estrutura (Fig. 1-01).

O acionamento, posicionado na parte central do tripé, formado pelos tubos


principais, é constituído de um motor de 70 cv, redutor de eixos paralelos
e tambor. A capacidade de carga é de 20 toneladas, com velocidade de ele-
vação de 16 m/minuto.
/// SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL

t t t 11 T j

Figura 1-01: Descarregamento de cana

O balanção, para maior estabilidade da carga, é suportado por dois cabos,


distantes 1,5m entre si. O posicionamento se faz pelos cabos auxiliares co-
mo contrapeso.

2.2 Tombador Hidráulico

Os componentes e a estrutura do tombador hidráulico ficam embutidos no


piso, para permitir que a área em que está instalado fique livre, quando fora
de operação. O equipamento é composto de dois cilindros hidráulicos de 5",
que posiciona e recolhe duas vigas de apoio, articuladas na extremidade opos-
ta. Em cada uma das vigas de apoio é fixado o cilindro hidráulico principal,
com diâmetro de 6", que executa o basculamento da carroceria (Fig. 1-02).
- 10-
ALIMENTAÇÃO DE CANA
Tecnologia disponível

3 Comentários
Existe no mercado diversos fabricantes de hilo cujos equipamentos têm de-
monstrado bom desempenho. Apesar desse aspecto, a Divisão Industrial exe-
cutou o projeto justamente para possibilitar às usinas a construção, por con-
ta própria, de grande parte do equipamento. A primeira unidade, construída
conforme o projeto da Divisão Industrial, foi instalada na Usina São Martinho
para descarregamento direto de cana na mesa alimentadora da Moenda 84".

A aplicação do tombador hidráulico é especialmente indicada no caso do pá-


tio de cana. A mesa do pátio pode, então, receber cana picada ou inteira, di-
retamente dos caminhões (com carroceria articulada ou através do trator com
garra) nesse caso, o tombador fica totalmente embutido no piso.
-11 -
/// SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL

12-

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