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UNIVERSIDADE LUSIADA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESÁRIAIS


CURSO DE ECONOMIA

COMPILAÇÃO DE TEXTOS
INTRODUÇÃO À ECONOMIA 1

PARTE 1

PROFESSOR ASSOCIADO: TOMBWELE M.F. PEDRO (Ph.D.)


EMAIL: tmfp1952@gmail.com
Telefones: 00244 – 925791744/993333377/923800802

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PROGRAMA DA DISCIPLINA DA INTRODUÇÃO À ECONOMIA 1

I. INTRODUÇÃO - FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

1. Definições e Objecto da Economia & Ciência Económica


2. Ramos da Ciência Económica: Macroeconomia e Microeconomia
3. Problemas Fundamentais da Organização Económica
4. Princípios do Pensamento Economico

II. GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO ECONÓMICO

1. Diagrama Cronológico das Grandes Escolas de Pensamento


Económico
2. Dogmas das Escolas Mercantilista e Fisiocrática
3. Escola Clássica: Teoria de Crescimento Económico de Adams SMITH
4. Escolas Marginalista
5. Escola Keynesiana
6. Escola de Chicago

III. FORCAS DE MERCADO DA PROCURA (DEMANDA) E DA OFERTA

1. Teoria de Procura e da Oferta


2. Função e Curva da Procura (Demanda)
3. Forças Subjacentes à Curva da Procura
4. Função e Curva da Oferta
5. Forças Subjacentes à Curva da Oferta
6. Equilíbrio com as Curvas de Procura e da Oferta
7. Efeitos das deslocações na Procura e na Oferta
8. Interpretação da Variações no Preço e na Quantidade

IV. APLICAÇÕES DA CIÊNCIA DA OFERTA E PROCURA

1. Elasticidade Preço da Procura e da Oferta


2. Cálculo / Formulas de Elasticidades
3. Elasticidade e Receitas

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V. PROCURA E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

1. Teoria e Lei da Utilidade Marginal


2. Princípio da Igualdade Marginal
3. Economia do Vício
4. Paradoxo do Valor
5. Excedente do Consumidor

VI. ANÁLISE ECONÓMICA DE CUSTOS

1. Analise Económica dos Custos


2. Custos Económicos
3. Custos de Oportunidade e Mercados

BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL

(i) N. Gregory Mankiw, Introdução à Economia – Princípios de Micro e


Macroeconomia

(ii) Samuelson, P e W. Nordhaus, Economia, 16ª Ed., Tradução de Elsa


N. Fontainha, Mc Graw HILL, Lisboa, 1988

(iii) N. Gregory Mankiw, Princípios de Microeconomia, 3ª edição Norte


Americana

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS

CURSO DE ECONOMIA

PROGRAMA DA DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À ECONOMIA 1


ANO LECTIVO 2020

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1º SEMESTRE – OUTUBRO DE 2022 A FEVEREIRO DE 2023

Código: Ano curricular: 1º Ano Turma: E1M E E1N


Cidade: Luanda
Tipo de Unidade Curricular: SEMESTRAL

Regente: TOMBWELE Mampuya Francisco PEDRO, Ph.D. - (Professor Associado)


E-mail: tmfp1952@gmail.com

Tipo de Aula e Carga Horária (Tempo de Trabalho):

Aulas Teóricas: Aulas Prácticas: Aulas Teórico/Prácticas: Orientação Tutorial:

OBJECTIVOS GERAIS

1. Transmitir aos discentes a essência dos conceitos básicos da Ciência Económica afim de dota-los da
capacidade para analisar os diferentes fenómenos e questões de índole económica; e

2. Abordar de forma insipiente as grandes Teorias do Pensamento Económico

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

1. Estimular a apetência dos discentes em acompanhar a implementação das medidas e acções de


políticas económicas do Governo;
2. Analisar a organização e o funcionamento da actividade económica a luz das teorias económicas;
3. Introduzir a noção da Contabilidade Nacional para as questões de índole macroeconómica.

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.

COMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS

1. Abordagem preliminar das questões económicas que impactam na vida quotidiana das populações;
2. Perceção nítida da visão global sobre a essência do pensamento económico; e
3. Interpretação dos principais conceitos económicos para uso prático.

METODOLOGIA DE ENSINO

As aulas serão realizadas em regimes "teórico e prático".

CONTEUDO PROGRAMÁTICO

I. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA: INTRODUÇÃO

1. Definições e Conceitos da Economia e Ciência Económica


2. Ramos da Ciência Económica: Microeconomia e Macroeconomia
3. Problemas Fundamentais da Organização Económica
4. Princípios do Pensamento Economico

II. GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO ECONÓMICO

1. Introdução
2. Escolas Mercantilista e Fisiocrática
3. Escola Clássica
4. Escolas Marxista e Marginalista
5. Escola Keynesiana
6. Escola Neoclássica
7. Escola de Chicago

III. FORÇAS DE MERCADO DA PROCURA (DEMANDA) E DA OFERTA

1. Teoria de Procura e da Oferta


2. Função e Curva da Procura (Demanda)
3. Forças Subjacentes à Curva da Procura
4. Função e Curva da Oferta1.
5. Forças Subjacentes à Curva da Oferta
6. Equilíbrio com as Curvas de Procura e da Oferta
7. Efeitos das deslocações na Procura e na Oferta
8. Interpretação das Variações no Preço e na Quantidade

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IV. APLICAÇÕES DA OFERTA E DA PROCURA

1. Elasticidade Preço da Procura e da Oferta


2. Elasticidade e Receitas

V. PROCURA E COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

1. Teoria e Lei da Utilidade Marginal


2. Princípio da Igualdade Marginal
3. Economia do Vicio e Paradoxo do Valor
4. Excedente do Consumidor

VI. ANÁLISE DE CUSTOS

1. Analise Económica dos Custos: Curvas de Custo em U


2. Custos Económicos e Contabilidade das Empresas
3. Custos de Oportunidade e Mercados

VII. ANÁLISE DE MERCADOS PERFEITAMENTE CONCURRENCIAL

1. Maximização do Lucro
2. Concorrência Perfeita
3. Conceito de Eficiência
4. Falhas de Mercado
5. Papel da Intervenção do Governo

VIII. ESTRUTURA DO MERCADO

1. Definição de Mercado e Tipologia dos Mercados


2. Mercado de Concorrência Perfeita e a Teoria /Principio da Mão Invisível de Adams Smith
3. Conceitos de Monopólio e Oligopólio
4. Maximização de Preços pelos Monopólios
5. Monopólio e Intervenção Pública

IX. CONCORRÊNCIA MONOPOLÌSTICA E DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTO

1. Comportamento do Oligopólio
2. Noções básicas de Teoria de Jogos

X. EXTERNALIDADES

1. Externalidades e Ineficiência do Mercado


2. Políticas Públicas para as Externalidades

XI. MERCADOS DOS FACTORES DE PRODUÇÃO (TRABALHO, TERRA E CAPITAL)

1. Determinação de Rendimentos pelos Mercados


2. Produto Receita Marginal

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3. Equilíbrio Geral em todos os Mercados

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

Os métodos de avaliação serão consistentes com os estipulados no Regime Académico:


a) Participação nas discussões sobre as matérias ensinadas no decorrer das aulas;
b) Dois testes parcelares: Prova de Frequência e Exame final.

BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL

(iv) Samuelson, P e W. Nordhaus: Economia 16ª Ed., Tradução de Elsa N. Fontainha, Mc Graw HILL, Lisboa,
1988
(v) N. Gregory Mankiw: Princípios de Microeconomia, 3ª edição Norte Americana

(vi) N. Gregory Mankiw: Introdução á Economia – Princípios de Micro e Macroeconomia


(vii) Stanley L. Brue: História de História de Pensamento Económico Tradução da 6ª Edição Norte-
americana
Camsra Brasileiro de Livro, SP, Brazil

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Autor: Redento Maia


Título: Economia – Lições Fundamentais
Edição: 2º
Editora: Plural Editores

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TEMA I. INTRODUÇÃO - FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

1. DEFINIÇÕES E CONCEITOS DA ECONOMIA & CIÊNCIA


ECONÓMICA

2. RAMOS DA CIÊNCIA ECONÓMICA: MICROECONÓMICA E


MACROECONÓMICA

3. PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DA ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA

4. PRINCÍPIOS DO PENSAMENTO ECONÓMICO

TEMA I. INTRODUÇÃO - FUNDAMENTOS DA ECONOMIA

1. DEFINIÇÕES E OBJECTOS DA ECONOMIA & CIÊNCIA ECONÓMICA

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1.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO “ECONOMIA”

O termo ECONOMIA deriva do grego οικονομία (de οἶκος, translit. oikos,


'casa' + νόμος , translit. nomos, 'costume ou lei', ou também 'gerir,
administrar': daí "regras da casa” ou “administração doméstica, “ou seja,
“aquele que administra o lar”.
A princípio esta origem pode parecer estranha, mas, na verdade, lares e
economias tem muito em comum. Como uma família, a sociedade se
depara com muitas decisões. A administração dos recursos da sociedade é
importante porque os recursos são escassos. ESCASSEZ significa que a
sociedade tem recursos limitados e portanto, não pode produzir todos
bens e serviços que as pessoas desejam ter.
A Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus
recursos escassos. Os economistas, portanto, estudam como as pessoas
tomam decisões: o quanto trabalham, o que compram, quanto poupam e
como investam suas poupanças. Por fim, os economistas analisam as
forças e tendências que afectam a economia como um todo.
Não há mistério na definição de uma “economia”. Quer se esteja falando
de uma economia de uma cidade, de um país, ou do mundo inteiro, uma
economia é apenas um grupo de pessoas interagindo enquanto levam
suas vidas.
A economia é o estudo da forma como as sociedades utilizam recursos
escassos para produzir bens com valor e como os distribuem entre
pessoas diferentes.
Alfred Marshall, o grande economista do Seculo XIX, escreveu no seu livro
– Princípios da Economia – de que Economia é o estudo da humanidade
nas actividades comuns da vida.
Segundo o Dicionário económico de José Carlos Soares, Plátono editora, a
economia é a ciência de administração de recursos que (i) estuda as
formas do comportamento do consumidor, (ii) inventaria os seus desejos
ilimitados, (iii) possibilita o bom funcionamento das empresas , e (iv)
fornece as bases para a formulação de uma politica económica por parte
das empresas e do Estado, visando um fim último: a produção de bens e
serviços necessários á satisfação das populações através da utilização
racional dos recursos disponíveis escassos.

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Para os economistas clássicos como Adams Smith, David Ricardo ou John
Stuart Mill, a economia é o estudo do processo de produção,
distribuição, circulação e consumo de bens e serviços (Riqueza)

1.2. CONCEITO DE CIÊNCIA ECONÓMICA

Trata-se de uma ciência que consiste na análise


da produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
É também a ciência social que estuda a atividade económica, através da
aplicação da teoria económica, tendo, na gestão, a sua aplicabilidade
prática.

A ciência económica é uma disciplina das humanidades e das ciências


sociais que estuda de maneira científica o funcionamento da economia,
isto é, a descrição e análise da produção, comércio e consumo de bens e
serviços.

A Ciência económica diz que uma economia está a produzir


eficientemente quando não pode aumentar o bem-estar económico de
um individuo sem prejudicar o de um outro individuo qualquer.
Há duas características que são observadas e presentes em todas a
sociedades ou seja:
(I) As necessidades dos homens são virtualmente ilimitadas e;

(II) Os bens e serviços que satisfazem essas necessidades são limitados


ou escassos.

1.3. ESSÊNCIA E OBJECTO DA CIÊNCIA ECONÓMICA

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A essência da Ciência Económica é compreender a realidade da escassez
e, de seguida, prever como deve a sociedade organizar-se de um modo
que corresponda ao uso mais eficiente dos recursos.
Podemos afirmar que o objecto de estudo da economia consiste na acção
dos homens em reduzir aquele desequilíbrio sempre renovado entre as
necessidades e a sua satisfação, desequilíbrio.

2. RAMOS DA CIÊNCIA ECONÓMICA: MACROECONOMIA E


MICROECONOMIA

2.1. INTRODUÇÃO

A ciência económica tem como objecto o estudo de como os indivíduos e


a sociedade decidem o emprego de recursos escassos, que podem ter
usos alternativos, para produzir bens e serviços e reparti-los para serem
consumidos agora ou no futuro pelos agentes económicos.

2.2. CRITERIOS

Existe dois Critérios principais para separar as partes ou Ramos da


economia:
a) O Objecto de Estudo e;

b) O Caracter das Conclusões da Matéria estudada.

2.3. PRINCIPAIS RAMOS


Tradicionalmente, dentro da disciplina, há dois (2) ramos diferenciados
por seus Objectos de Estudo e seus Métodos: MICROECONOMIA e
MACROECONOMIA
Conforme o primeiro critério de Objectos de Estudo, a economia divida-se
em (i) MICROECONOMIA (Teoria Microeconómica), (ii)

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MACROECONOMIA, (iii) MESOECONOMIA, (iv) MEGAECONOMIA e (v)
ECONOMIA COMPARATIVA.
E conforme o segundo critério de Carácter das Conclusões da Matéria
estudada, distinguimos: (i) ECONOMIA POSITIVA e (ii) ECONOMIA
NORMATIVA.
Como em outras disciplinas, a economia tornou-se um espectro da teoria
econômica, que visa construir um corpo de resultados fundamentais e
abstratos sobre o funcionamento da economia, para a economia aplicada,
que usa Ferramentas de Teoria econômica e Disciplinas afins para estudar
áreas específicas como Trabalho, Saúde, Ímóveis, Organização industrial
ou Educação.
2.3.1. MICROECONOMIA OU TEORIA MICROECONÓMICA

a Microeconomia estuda o comportamento dos agentes econômicos


(indivíduos, famílias, empresas) e suas interações, especialmente nos
mercados.

O ponto de partida da investigação científica é o consumidor individual.


Nesta base, estudam-se os problemas relacionados com (i) as decisões de
produção das empresas, e (ii) formação dos preços e (iii) o equilibro do
mercado.

Revela a essência das questões ligadas ao comportamento racional dos


consumidores que distribuem os seus rendimentos entre vários bens
levantando em consideração as alterações ocorridas nos seus preços e o
nível dos seus rendimentos.

Inclui também a parte relativa à prosperidade. Nela estudam-se as


condições e os mecanismos para assegurar a harmonia entre os resultados
económicos, sociais e ecológicos da actividade económica dos agentes
económicos. As alterações nas condições em que funciona o negócio
transformam-se em premissas para a separação da assim chamada: “Nova
Microeconomia”.

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A Nova Microeconomia estuda os princípios e os critérios do
comportamento económico racional das empresas em função dos
indicadores globais da dinâmica da economia e numa investigação
profunda de marketing da conjuntura do mercado.

DEFINIÇÃO E OBJECTIVO DA TEORIA MICROECONÓMICA


A Teoria Microeconómica ou Microeconomia, preocupa-se em explicar o
comportamento económico das unidades individuais de decisão
representadas pelos consumidores, pelas empresas e pelos proprietários
de recursos produtivos.
Ela estuda a interacção entre empresas e consumidores e a maneira pela
qual produção e preços são determinados em mercados específicos.
A Teoria Microeconómica conhecida também como Teoria de preços,
trata-se basicamente dos fluxos de bens e serviços das empresas para os
consumidores, dos fluxos de recursos produtivos (ou seus serviços) dos
seus proprietários para as empresas, da composição desses fluxos e da
formação dos preços dos componentes desses fluxos.
Neste sentido, um dos objectivos básicos da Teoria microeconómica é
responder à questões do tipo:
a) O que determina o preço dos diversos tipos de bens e serviços?
b) O que determina a remuneração de um trabalhador?
c) O que determina o quando será produzido de cada mercadoria?
d) O que determina a maneira pela qual um individuo gasta sua renda
entre os mais diversos tipos de bens e serviços?
Oferta e Demanda (Procura) são duas palavras que os economistas usam
mais frequentemente E com boas razões. A oferta e a demanda são as
Forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que
determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual o
bem será vendido.
O mercado competitivo é um mercado em que há tantos compradores e
vendedores que cada um deles tem impacto insignificante sobre o preço
de mercado.

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2.3.2. MACROECONOMIA

A Macroeconomia estuda os grandes agregados econômicos tais como


poupança, investimento, consumo e crescimento econômico. Ela Estuda o
estado da economia e o comportamento e dinâmica da mesma no seu
conjunto.
Como Campo de Estudos, a macroeconomia estuda (i) as alterações nos
indicadores globais e na estrutura económica; (ii) o emprego e o
desemprego; (iii) a inflação; (iv) o crescimento e o aproveitamento das
capacidades de produção; (v) o orçamento de Estado; (vi) o intercambio
comercial externo; (vii) a balança comercial e de pagamentos; (viii) as
condições internacionais para o funcionamento da economia nacional.
As principais tarefas da Macroeconomia reduzem-se ao estudo das
macrodependências e à elaboração da política económica e dos
mecanismos apropriados capazes de assegurar o crescimento económico,
o equilíbrio macroeconómico, um nível estável de preços, o pleno
emprego, a distribuição justa dos rendimentos e o aproveitamento
racional da natureza.

NOTA IMPORTANTE

A Microeconomia é o estudo da tomada de decisões individual de famílias


e empresas e sua interação em mercados específicos. A Macroeconomia é
o estudo de fenómenos que englobam toda a economia, incluindo
inflação, desemprego e crescimento económico.

Micro e Macroeconomia estão muito correlacionadas. Uma vez que as


mudanças na economia como um todo surge de decisões de milhares de
indivíduos, é impossível entender os factos macroeconómicos sem
considerar as decisões microeconómicas.

Apesar da ligação entre micro e macro, os dois campos são distintos.

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2.3.3. MESOECONOMIA

A Mesoeconomia Estuda o comportamento das companhias


transnacionais e multinacionais.
O seu surgimento é condicionado pela transnacionalização da produção e
do capital. Esta parte estuda os resultados da actividade internacional das
grandes corporações que exercem influência sobre as acções das
microunidades e dos indicadores macroeconómicos das economias
nacionais.
2.3.4. MEGAECONOMIA

A Megaeconomia analisa a interacção dos complexos económicos


nacionais.
Estuda o mecanismo, o efeito e os resultados da circulação dos bens, dos
serviços, dos capitais, da força de trabalho e dos conhecimentos
tecnológicos entre dois ou mais países. Dedica uma atenção especial às
influências das barreiras de protecção perante a importação e a
exportação, a evolução do sistema de divisas, os mercados financeiros
internacionais, os problemas globais da humanidade e do
desenvolvimento.

2.3.5. ECONOMIA COMPARATIVA

A economia Comparativa é uma disciplina independente ensinada em que


se faz uma análise comparativa dos vários sistemas económicos.

Para este fim, comparam-se os seus indicadores e estruturas aos


resultados e às consequências do seu funcionamento.
Sua tarefa consiste em prestar serviços para escolha de padrão óptimo de
desenvolvimento económico pelos países menos desenvolvidos.

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2.3.6. ECONOMIA POSITIVA

A economia positiva é uma reflexão teórica da actividade económica


objectiva tal como é, como foi e como será.
Caracteriza-se pelo estudo, pela descrição, pela sistematização e
sintetização dos factos, das condições, das causas e das circunstâncias que
determinam as relações, as interacções e os mecanismos funcionais da
economia sem proceder à avaliação do que é bom ou mau.
Dá resposta a várias questões muito importantes relativa ao
funcionamento e a situação da economia. Referem-se as questões tais
como:
(i) Qual é a influencia do desemprego sobre o nível de vida da
população?
(ii) De que forma a divida externa afecta o desenvolvimento
económico; etc…

2.3.7. ECONOMIA NORMATIVA

Enquanto a economia positiva se ocupa do mundo tal como ele é, a


economia normativa preocupa-se com o mundo como “deveria” ser, ou
seja, a economia normativa oferece diversas variantes de resposta
relativas a como deveria ser a economia do ponto de vista dos critérios
morais e subjectivos relativos aos processos que ocorreram, ocorrem ou
são iminentes na vida económica.
Procura também, por exemplo, determinar que espécie de bens devem
ser produzidos em condições de mercado livre ou que espécie de bens
devem sê-lo na base de decisões colectivas ou governamentais.

2.4. RAMO AFINS: ECONOMETRIA

A Econometria é o ramo da economia dedicado mais especificamente ao


estudo quantitativo dos modelos econômicos e ocupou um grande espaço
com um uso importante de métodos estatísticos.

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3. PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DA ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA

3.1. INTRODUÇÃO
A ciência e a experiência enfrentam constantemente problemas
relacionados com a escassez (limitação) dos recursos e o crescimento das
necessidades. Por si mesmo, esta contradição implica uma das variantes
possíveis. Conforme expressão bem feliz de Benjamin Franklin, os pobres
têm pouco, os mendigos nada, os ricos demasiados, mas nenhum deles o
suficiente.
3.2. PROBLEMAS ECONÓMICOS FUNDAMENTAIS
Qualquer sociedade humana, seja um pais industrial avançado ou não,
tem de enfrentar e resolver três problemas fundamentais e
interdependentes:
(i) Que bens devem ser produzidos e em que quantidades? Quanto de
cada um dos possíveis bens e serviços deve a sociedade produzir? E
quando deverão ser produzidos? Devemos hoje produzir olhos ou
camisas? Poucas camisas de alta qualidade ou muitas camisas
baratas? Devemos produzir muitos bens de consumo e muitos de
investimento?

(ii) Como devem os bens ser produzidos? Com que recursos e de que
forma tecnológica devem ser eles produzidos? Os bens serão
produzidos á mão ou com máquinas? Por sociedade anonima ou por
empresa publica do Estado?

(iii) Para quem devem ser produzidos os bens? Quem beneficiará dos
frutos, dos esforços económicos? Ou, de um modo mais técnico,
como irá o produto nacional ser repartido entre as diferentes
famílias? Iremos ter uma sociedade onde, muito poucos serão ricos
e muitos serão pobres? Deve a maior parte do rendimento
pertencer aos accionistas, aos trabalhadores ou aos proprietários da
terra.

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4. PRINCÍPIOS DO PENSAMENTO ECONÓMICO

4.1. SISTEMA DE CONCEPÇÃO


A economia ou Ciência económica tem a tarefa de enriquecer o nosso
conhecimento sobre a vida económica. Sua primeira função é cognitiva e
com base nela estabelece-se um sistema de concepção sobre o seguinte:
(i) As Relações económicas;
(ii) As Leis económicas e
(iii) Os Mecanismos da sua manifestação e utilização prática.

4.2. FUNÇÃO COGNITIVA


A função cognitiva da económica serve de ponto de partida. É com base
nela que se constroem a funções de visão do mundo, metodológica e
pratica. A economia oferece abordagens de partida para o estudo das
categorias, das leis económicas e dos mecanismos do seu aproveitamento
por outras disciplinas.
Entre economia e as restantes áreas das ciências económicas existem
ligações directas e inversas, através das quais elas enriquecem-se
mutuamente.
A função prática da economia exprime-se na elaboração de um
mecanismo de transformação dos conhecimentos teóricos em habilidades
práticas.

4.3. PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS

4.3.1. SÍNTESE DOS PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS


A economia formulou os seguintes Princípios Fundamentais do
Pensamento Económico:
(i) A escassez de produtos (e recursos) implica fazer despesas para sua
aquisição e utilização: A economia tem em conta a escassez dos
recursos económicos e o facto de os desejos das pessoas serem

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ilimitadas. Isto torna necessário procurar um aproveitamento
eficiente e uma gestão racional dos recursos.

(ii) As decisões são oportunas quando são racionais do ponto de vista


económico;

A escassez de recursos exige que a escolha de decisões seja dirigida


a um fim e leva ao seu aproveitamento mais eficiente: A economia
permite-nos aproveitar de forma mais completa os recursos
disponíveis porque descobre formas para resolver os três problemas
fundamentais de cada economia. (i) Que bens se produzem; (ii)
Como, e (iii) Para Quem.

(iii) A escolha sobre a influência de previsibilidade das alterações na


motivação económica dos agentes económicos: Eles orientam o seu
comportamento em função do seu interesse pessoal (auto-interesse
/ auto-satisfação).

(iv) O pensamento económico é marginal (limitativo) e compara-o


efeito de cada unidade de despesas complementares: Ele serve-se
de categorias e análises estremadas. Quando temos de decidir
entre recursos disponíveis, escolheremos aquele que nos oferece
mais produtos-limite ao mesmo preço.

(v) Qualquer actividade ou inactividade económica tem um efeito


secundário que se junta (ou desconta) ao primeiro efeito imediato:
A avaliação do efeito secundário de cada actividade (ou
inactividade) económica tem uma importância prática enorme e em
vários casos, esse efeito é negativo e +e superior ao efeito inicial
que se visa pela actividade respetiva.

(vi) As informações são um recurso semelhantes a todos os outros


recursos na vida económica: As informações são também um
recurso económico. Sem um número e uma qualidade de
informações necessárias é impossível tomar decisões viáveis.

(vii) A fiabilidade de uma determinada teoria económica verifica-se


através da sua capacidade de prever o desenvolvimento futuro da
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economia: A justificação de cada teoria económica verifica-se na
vida económica. Se ela não esta em condições de prever as
consequências de política económica, então é desnecessária.
4.3.2. DEZ (10) PRINCÍPIOS DA ECONOMIA

PRINCÍPIO EXEMPLOS

Tradeoff entre “Armas


e Manteiga”. Quando
mais for gasto em
defesa nacional para
proteger o pais de
agressores externos
(armas), menos se
1. As pessoas pode gastar com bens
enfrentam Tradeoff pessoais par aumentar
(Tomada de decisões) o padrão de vida
(manteiga).
Reconhecer os
tradeoffs da vida é
I. COMO AS importante porque as
PESSOAS TOMAM pessoas só tomam
DECISÕES decisões acertadas se
entendem as opções
disponíveis
A tomada de decisões
exige a comparação
dos custos e benefícios
2. O custo de dos vários cursos de
alguma coisa é aquilo acção. A decisão de
que você desiste para continuar seus
obtê-la estudos numa
faculdade. O benefício
é o enriquecimento
intelectual e melhores
oportunidades de
emprego ao longo de
toda vida. O custo é
somar a despesas com

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anuidades, livros,
moradia e alimentação
bem como o seu
tempo de ler os livros
e assistindo as aulas.
O custo de
oportunidade de um
item é aquilo que se
abre mo para obter
aquele item. Atletas
universitários que
poderiam tornar-se
esportistas
profissionais e ganhar
milhões abandonando
os estudos estão bem
conscientes de que o
custo de oportunidade
de seus estudos é
muito alto. (Não
surpreende que
muitas vezes decidam
que o benefício não
compensa o custo.
Um tomador de
decisões racional
empreende uma acção
3. As pessoas se e somente se o
racionais pensam em benefício marginal de
margem tal acção exceder seu
custo marginal. Ex. O
gestor da empresa de
transportes aéreos
que vende os
restantes assentos aos
passageiros standby a
um preço em baixa do
planificado pensando
no se avião vazio na
descolagem (200-195

21
e 5 lugares não
comprados).

O tomador de
decisões pode mudar
o seu comportamento
quando os custos ou
os benefícios se
alteram. Um imposto
4. As pessoas sobre a gasolina, por
reagem a incentivos exemplo, incentiva as
pessoas utilizar o
transporte publico em
vez do automóvel. A
lei do cinto de
segurança afecta a
segurança no transito.

O comercio entre dois


países pode beneficiar
ambos. O Comercio
permite que cada
pessoa se especialize,
mas actividades em
que é mais apta
5. O Comércio (vantagens
pode ser bom para comparativas).
todos Comercializando com
outros, as pessoas
podem comprar uma
maior variedade de
bens e serviços a um
custo menor.

A teoria subjacente à
planificação central
era a de que só o
governo poderia
organizar a actividade
económica de forma a

22
promover o bem-estar
económico para o pais
como um todo.
Numa economia de
II. COMO AS 6. Os mercados mercado as decisões
PESSOAS são geralmente uma do planificador central
INTERAGEM boa maneira de são substituídas pelas
organizar a actividade decisões de milhões
económica de famílias e
empresas.
Em seu livro de 1770,
o economista Adam
Smith fez a mais
famosa observação de
toda a teoria
económica: As famílias
e as empresas, ao
interagiram nos
mercados, agem como
que guiados por uma
“mão invisível”, que as
conduz a resultados
de mercados
desejáveis.
O governo intervém
na economia para
promover a eficiência
e a equidade. A mão
invisível orienta, em
geral, os mercados
7. Os governos, às para uma alocação
vezes, podem eficiente de recursos.
melhorar os Contudo, por várias
resultados dos razoes, a mão invisível
mercados as vezes não funciona.
Uma das possíveis
causas de falhas de
mercado são as
externalidades. A
externalidade é o

23
impacto das acções de
alguém sobre o bem-
estar dos que estão
em torno (ex. A
poluição).
Outra possível causa
das falhas do mercado
é o poder de mercado
que é a capacidade
que uma única pessoa
(ou pequeno grupo de
pessoas tem para
influenciar
indevidamente os
preços de mercado.

A mão invisível é ainda


menos capaz de
assegurar que a
prosperidade
económica seja
distribuída de forma
justa.
Quase toda aa
variação nos padrões
de vida pode ser
atribuída a diferença
na produtividade, isto
8. O padrão de é a quantidade de
vida de um pais bens e serviços
depende de sua produzida em uma
capacidade de hora de trabalho.
produzir bens e A relação fundamental
serviços entre produtividade e
padrão de vida é
simples, mas sua
implicação tem longo
alcance pois tem
implicações para a
política económica.

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Para melhorar o
padrão de vida, os
formuladores de
políticas publicas
devem aumentar a
produtividade
assegurando que os
trabalhadores tenham
III. COMO bom ensino, aa
FUNCIONA A ferramentas
ECONOMIA necessárias para
produzir bens e
serviços e acesso à
melhor tecnologia
disponível.
Em muitos casos de
inflação longa ou
persistente, o culpado
9. Os preços é sempre o mesmo, o
sobem quando o aumento na
Governo emite quantidade de moeda.
moeda demais A inflação é o
aumento de nível
geral de preços da
economia.

10. A sociedade Este tradeoff é


enfrenta um tradeoff denominado “Curva
de curto prazo entre de Phillips. A curto
Inflação e prazo este tradeoff
Desemprego. surge porque alguns
preços demoram a se
ajustar.

25
RESUMO:

As lições fundamentais sobre a tomada de decisões individual são que as


pessoas enfrentam tradeoffs entre objectivos alternativos, que o custo de
qualquer acção é medido em termos de oportunidades abandonadas, que
as pessoas racionais tomam decisões comparando custos marginais e
benefícios marginais e que as pessoas mudam seu comportamento em
função dos incentivos com que se deparam.
As lições fundamentais a respeito de interações entre pessoas são que o
comercio pode ser mutuamente benéfico, que os mercados costumam ser
uma boa maneira de coordenar o comercio entre as pessoas e que o
governo pode potencialmente melhorar os resultados do mercado quando
há falha de mercado ou quando o resultado não é equitativo.
As lições fundamentais sobre a economia como um todo são que a
produtividade é a fonte fundamental dos padrões de vida, que o
crescimento da moeda é a causa fundamental da inflação e que a
sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e
desemprego.

26
TEMA II: GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO ECONÓMICO

1. INTRODUÇÃO: VISÃO GLOBAL

2. ESCOLA MERCANTILISTA

3. ESCOLA FISIOCRÁTICA

4. ESCOLA CLÁSSICA

5. ESCOLA MARXISTA

6. ESCOLA MARGINALISTA

7. ESCOLA NEOCLÁSSICA

8. ESCOLA KEYNESIANA

9. ESCOLA DE CHICAGO

27
1. INTRODUÇÃO: VISÃO GLOBAL

As primeiras tendências do pensamento económico podem ser vinculadas


á Antiguidade. Por exemplo, a palavra economia remonta à Grécia antiga,
onde oeconomicus significava “gerenciamento das questões domésticas.
A história do pensamento económico interessa-nos tanto pelas conclusões
positivas a que chegaram os Pensadores das diferentes épocas como pelas
diferentes maneiras de pensar a economia. Tendo em conta que as teorias
se fizeram para explicar a realidade e que esta não é imutável, então as
teorias económicas e a evolução social terão de se interagir.
De referir que o próprio objecto da economia foi alterando ao longo de
tempo, ao longo da própria evolução social e económico das nossas
sociedades. A fixação de um objecto para a economia resultou de um
processo histórico, de uma evolução em que se conjugaram diferentes
desenvolvimentos económicos no seu sentido mais material, social e de
ideias.
Na China, é de realçar o pensamento de Lão Tseu, falecido em 604 antes
de Cristo, o importante filosofo Confúcio, que viveu entre 551 a.C. e
479ª.C. Na Grécia, poderemos distinguir entre pensadores anteriores a
Sócrates.
No período socrático, devemos referir Xenófanes, que consagrou à
economia trabalhos próprios, Platão, que se preocupou com que hoje
designamos como questões de natureza económica, e Aristóteles que,
entre outros contributos, soube fazer uma distinção primaria, muito
importante em economia, a distinção entre valor de uso e valor de troca, e
também se interessou pela presença da moeda na economia do seu
tempo. Tomas de Aquino (1225-1274) promoveu a ideia de um preço
justo: um preço em que nem o comprado nem o vendedor levam
vantagem sobre o outro.

28
Estes autores acabavam por se interessar mais pelos aspectos normativos,
isto é, interessavam-se sobretudo pelo que entendiam deve ser a
sociedade do se empo e pela justificação das suas próprias
recomendações. Ainda não vemos nestes autores o predomínio do
pensamento interpretativo, isso é, o domínio dos aspectos positivos,
afinal, daquilo que entendemos hoje por ciência económica.

A Bíblia contém vários pensamentos sobre a economia, incluindo aqueles


contrários ao empréstimo com cobrança de juros.
O nosso interesse na evolução do pensamento económico, leva-nos às
primeiras grandes tentativas de sistematização das ideias que
contribuíram para a formação da Ciência económica.

2. MERCANTILISMO

2.1. VISÃO GLOBAL


José Carlos Lopes no seu dicionário de economia esclarece que o
MERCANTILISMO é a corrente de pensamento económico desenvolvida na
Europa na Idade moderna, entre o século XV e os finais do século XVIII,
que corporiza um conjunto de medidas económicas a implementar pelos
diferentes Estados (Portugal, Inglaterra, França, etc.…) e segundo três
modelos: Bulionismo, Colbertismo e Mercantilismo comercial e marítimo.
Esta doutrina económica conhecida como Mercantilismo surgiu entre a
Idade Média e o período do Triunfo do laissez-faire. O mercantilismo pode
ser datado, aproximadamente entre 1500 e 1776.
Quatro pensadores que expressaram ideias mercantilistas: Mum, Malynes,
Davenant e Colbert.
Esta corrente de pensamento económico defendia a ideia de que a riqueza
de uma nação residia na acumulação de metais preciosos (ouro e prata),
pelo que se deveria incrementar as exportações e restringir as
importações.
Esta política comercial é conhecida por bulionismo ou metalismo.
O Estado mercantilismo tinha um papel activo neste processo de
acumulação de metais preciosos através de uma política de lançamento
de infraestruturas e de proteccionismo económico onde as indústrias
29
estavam protegidas da concorrência externa pelo aumento dos direitos
alfandegários sobre as importações.
Dentro deste processo de acumulação de metais preciosos, os Estados
promoveram a colonização de novos territórios africanos e americanos à
procura de matérias-primas e de novos mercados para os seus produtos
manufaturados.
O proteccionismo económico e o autoritarismo do Estado mercantilista
foram criticados pelos defensores do liberalismo económico e pelos
fisiocratas.
2.2. PRINCIPAIS DOGMAS DA ESCOLA MERCANTILISTA

(i) Ouro e Prata como Forma mais desejável da riqueza: Os


mercantilistas tendiam a associar a riqueza de uma nação ao
montante de ouro e prata que ela possuía.

(ii) Nacionalismo: Os países não podiam exortar simultaneamente mais


do que importavam. Portanto, cada um deveria promover
exportações e acumular riqueza á custo dos vizinhos. O
nacionalismo mercantilista levou, de maneira relativamente natural,
ao militarismo. Armadas (Exército) poderosas e frotas mercantes
eram um requisito absoluto.

(iii) Importação isenta de taxas de matérias primas: que não podiam ser
produzidas internamente, protecção para bens manufaturadas e
matérias-primas que podiam ser produzidas internamente e
restricção sobre importações de matérias-primas.

As proibições contra o movimento de saída de matérias-primas


ajudavam a manter baixos os preços de exportações de produtos
acabados.

(iv) Colonização e Monopolização do Comercio colonial: Os Capitalistas


mercadores eram a favor da colonização e queriam manter as
colónias eternamente dependentes e subservientes ao pais
colonizador. Quaisquer benefícios que chegasse às colônias em
virtude do crescimento e poder militar do Pais colonizador eram um
subproduto acidental da política de exploração.

30
(v) Oposição a pedágios (portagem), impostos e outras restrições sobre
o transporte de bens: Os escritores e profissionais liberais
mercantilistas reconhecem que os pedágios e os impostos poderiam
estrangular as empresas e elevar o preço das exportações de um
pais.

(vi) Forte controle central: Um forte controle governamental central era


necessário para promover metas mercantilistas. O Governo
concedia privilégios de monopólio a empresas envolvidas no
comercio exterior e restringia a livre entrada no comercio interno
para limitar a concorrência.

Um forte governo nacional era, portanto, necessário para garantir


uma regulamentação nacional uniforme.

Governos centrais também eram necessários para atingir metas


sobre Nacionalismo, colonialismo e comercio interno não
prejudicado por pedágios e impostos exorbitantes.

(vii) Importância de uma população numerosas e trabalhadora: Uma


população numerosa e laboriosa não só forneceria uma abundância
de soldados e marinheiros prontos para lutar pelo glória e riqueza
da nação, mas também manteria alta a oferta de mão de obra e os
salários, portanto, baixos.

Os mercantilistas deram uma contribuição duradora para a economia ao


enfatizar a importância do comercio internacional. Neste contexto,
também, desenvolveram a noção económica e de contabilidade do que é
hoje denominado balança de pagamentos entre uma nação e o resto do
mundo.

2.3. QUEM A ESCOLA MERCANTILISTA BENEFICIOU OU PROCUROU


BENEFICIAR?

Esta doutrina, obviamente, beneficiou os capitalistas mercadores, os reis e


os funcionários do Governo. Ela beneficiou especialmente aqueles que
eram mais poderosos e radicais e tinham os monopólios e privilégios mais
favoráveis.

31
2.4. AUTORES
Jean Baptiste COLBERT (1619-1683) representa o coração e a alma do
mercantilismo, que é chamado de Colbertismo na França. Ele foi ministro
da Fazenda (finanças) em França de 1661 a 1683, no Reinado de Louis XIV.
Colbert era bulionismo que acreditava que a força de um Estado depende
das suas finanças, que as suas finanças estão na colecta de impostos, por
sua vez, são maiores quando o dinheiro é abundante.
Colbert empenhou-se em facilitar o comercio interno. Era a favor de uma
população grande, trabalhadora e mal paga.

3. A ESCOLA FISIOCRÁTICA

3.1. VISÃO GLOBAL

Os autores que fundaram a escola fisiocrática surgem nos finais do


Reinado de Luís XV, em França. O fundador da Escola foi o médico da
Corte François QUESNAY (1694-1774) cuja obra mais importante foi o
“Tableau Économique (1758)”.
A Fisiocracia foi uma reacção ao Mercantilismo e às circunstâncias feudais
do antigo regime em França e, ainda assim, não conseguiu fugir
completamente dos conceitos medievais que impregnavam a sociedade
francesa.
Para o economista Emile James, três (3) aspectos que caracterizam estes
autores permitem-nos situa-los na história do Pensamento económico.

A esta questão davam uma


resposta sem qualquer
São os últimos autores a
ambiguidade: a Agricultura
questionar se certos ramos da
constituía a única fonte de riqueza,
actividade económica não
era o único ramo em que o output
contribuirão mais do que outros
tinha mais valor que os inputs.
para a riqueza de uma nação.

32
São os primeiros autores a colocar Nesse seu ideal surge como tema
a questão de quais as melhores central: a defesa e o
instituições para realizar o seu desenvolvimento da propriedade
ideal de organização económica privada
Como resultado dessa concepção,
viam a actividade económica em
São os primeiros autores a ver a
termos de circuito económico onde
actividade económica como um
uma divisão da sociedade em
fluxo continuo.
classes socias estava presente

3.2. PRINCIPAIS DOGMAS DA ESCOLA FISIOCRÁTICA


Os conceitos da Escola fisiocrática podem ser resumidos como se segue:
(i) Ordem natural: Os Fisiocratas introduziram a ideia de ordem natural
ao pensamento económico. O próprio termo “Fisiocrata” significa
“regra da natureza”. De acordo com esta ideia, as leis da natureza
governam as sociedades humanas da mesma maneira que as
descobertas de Newton governam o mundo físico.

(ii) Laissez-faire, Laissez-passer: Essa expressão, creditada a Vincent de


Gournay (1712-1759), na realidade, significa “deixe as pessoas
fazerem o que quiserem sem a interferência do Governo”.

(iii) Enfase na Agricultura: Os fisiocratas pensavam que a indústria, o


comercio e as profissões eram úteis, mas estéreis, simplesmente
reproduzindo o valor consumido na forma de matérias-primas e
subsistência para os trabalhadores.

Somente a agricultura (e, possivelmente, a mineração), era


produtiva, pois ela produzia um excedente, um produto líquido
acima do valor dos recursos usados na produção.

(iv) Taxação do proprietário de terra: Os fisiocratas pensavam que, com


a agricultura produzia excedente, que o proprietário de terra
recebia na forma de rendimento, somente ele deveria ser taxado.

(v) Inter-relação da Economia: Quesnay, em particular, e os fisiocratas,


em geral, analisaram o fluxo circular de bens e dinheiro dentro da
economia.

33
3.3. QUEM A ESCOLA FISIOCRÁTICA BENEFICIOU OU PROCUROU
BENEFICIAR?

Os camponeses poderiam ganhar, em última análise, com as ideias dos


fisiocratas, pois as obrigações onerosas aos donos de terra acabariam.
Mas, se os fisiocratas tivessem o que queriam, os camponeses teriam se
tornado trabalhadores assalariados em grandes fazendas.
Os fisiocratas eram particularmente a favor de fazendas capitalistas que
empregavam o trabalhador assalariado e técnicas avançadas.

3.4. AUTORES - François QUESNAY

3.4.1. BIBIOGRAFIA E OBRA


François QUESNAY (1694-1774), filho de um proprietário de terras, foi o
fundador e líder da Escola Fisiocrática. Educado por ser médico, fez
fortuna por meio da sua habilidade em medicina e cirurgia.
Para Quesnay, a sociedade era semelhante ao organismo físico. A
circulação da riqueza e bens na economia era como a circulação do sangue
no corpo.
O seu famoso trabalho “Tableau Economique”, criado para o Rei da França
em 1758 e revisado em 1766, mostrou o fluxo circular de bens e dinheiro
em uma economia ideal e livremente competitiva. Essa foi a primeira
análise sistemática do fluxo de riqueza no que mais tarde passou a ser
chamado de Base macroeconómica.

3.4.2. TABLEAU ECONOMIQUE DE QUESNAY

O quadro de Quesnay traça os gastos e, portanto, a receita recebida pelos


Fazendeiros, proprietários de terras e fabricantes / mercadores. Os
proprietários de terra utilizam o valor do rendimento do ciclo anterior
para comprar bens dos fabricantes/mercadores (Fluxo A) e alimentos dos
fazendeiros (Fluxo B), criando, assim, receita para essas duas classes.

34
A receita para os fazendeiros, por sua vez, permite que eles comprem
bens manufacturados dos fabricantes /mercadores (Fluxo C).
Os fabricantes /mercadores utilizam essa receita para comprar alimentos
de fazendeiros (Fluxo D), o que cria receita para eles.
Os fazendeiros pagam o aluguer correspondente ao arrendamento com as
suas receitas da agricultura (Fluxo E), e o ciclo se repete.

Figura do “Tableau Economique” de QUESNAY.

Classe
Classe proprietária Classe estéril
produtiva (Proprietários (Fabricantes e
(Fazendeiros) de terra) mercadores)

Produto Bruto
Total;
alimentos dos
fazendeiros,
sementes e Exporta metade
ração animal de seus alimentos
para o proximo e importa bens
ciclo manufacturados

Disponível para Arrendamento Estoque de


vendas do último ciclo manufacturados
do último ciclo

Receita com Receita de bens


alimentos manufacturados
vendidos para vendidos para os
os proprietários de
proprietários terras

35
de terras

Receita de bens
manufacturados
vendidos para os
fazendeiros
Receita com os
alimentos
/matérias
vendidos para
a Classe estéril
Receita de
arrendamento
dos
Fazendeiros

O CICLO CONTINUA

3.4.3. QUESNAY E O DIAGRAMA DE FLUXO CIRCULAR

O “Tableau economique” de Quesnay é um antecessor do Diagrama de


Fluxo circular ou circuito económico. O Quadro de Quesnay traça o gasto
ou o fluxo de receitas entre três (3) classes ou seja: fazendeiros, donos de
terra e fabricantes/mercadores.
Sua tabela implica, claramente, fluxos contrários de bens e serviços. Por
exemplo, os fabricantes e mercadores recebem receita, um fluxo
monetário, em troca por bens, um fluxo real que está se movendo no
sentido contrário.

Renda
monetária
(Salários,
Mercado de rendimentos,
Custos Recursos juros, lucros)

Recursos Terra, mão de


obra, capital,
habilidade

36
empresarial

Empresas Famílias

Bens e
Serviços Bens e Serviços

Receit Mercados de Gastos com o


a produtos consumo

4. ESCOLA CLÁSSICA

4.1. INTRODUÇÃO: VISÃO GLOBAL

A escola clássica começou em 1776, quando Adams Smith publicou seu


trabalho “A Riqueza da Nação” e terminou em 1871, quando W. Stanley
Jevons, Carl Menger e Leon Walras publicaram, independentemente,
trabalhos expondo as teorias neoclássicas.
Duas “REVOLUÇÕES”, uma relativamente madura e a outra apenas no
início, foram especialmente significativas para o pensamento económico
clássico:
(i) A Revolução Científica

Em 1687, Isaac Newton (1642-1727) promoveu significativamente as leis


científicas anteriores de Kepler sobre o movimento planetário e as leis
matemáticas de Galileu sobre o movimento dos corpos na terra. Newton
apresentou a lei de gravitação universal.

O impacto de Newton pode ser percebido nas ideias da escola clássica. De


acordo com os clássicos, as instituições feudais remanescentes e os
controles restrictivos do mercantilismo não eram mais necessários. Para
eles, a ciência económica fez surgir uma natureza tao verdadeira quanto a

37
vontade de Deus, anteriormente. Se a vontade divina tivesse criado um
mecanismo que funcionasse harmoniosa e automaticamente em
interferências, o “laissez-faire seria a forma mais alta de sabedoria nas
questões sociais. As leis naturais guiariam o sistema económico e as
acções das pessoas.

O pensamento newtoniano, na economia clássica, forneceu uma ideologia


que justificou as rendas da propriedade. Como uma lei natural é melhor
quando deixada desobstruída e como a poupança privada e a moderação
contribuem para o bem da sociedade, a renda, o juro e os lucros são
apenas recompensas para a propriedade e o uso produtivo da riqueza.

(ii) A Revolução Industrial


Em 1776, a Revolução Industrial estava apenas começando, mas se
intensificou durante o período em que os economistas clássicos mais
recentes escreveram. No seculo XVII, a Inglaterra acompanhou a Holanda
no comercio e ficou atras da França na produção. Mas, na metade do
seculo XVIII, a Inglaterra ganhou supremacia tanto no comercio como na
indústria. Tanto a Revolução Industrial como a economia política clássica
se desenvolveram inicialmente na Inglaterra. Smith e seus companheiros,
que viveram durante os primeiros estágios da Revolução Industrial, não
conseguiam identificar adequadamente o significado desse fenómeno e a
direcção que esse desenvolvimento tomaria.
Esse conhecimento é normalmente mostrado por meio de investigação do
passado; mas eles estavam cientes do crescimento substancial da
manufactura, do comercio e das invenções, além da divisão de trabalho.
Este incremento da indústria levou a uma ênfase maior no aspecto
industrial da vida económica no pensamento económico.

4.2. PRINCIPAIS DOGMAS DA ESCOLA CLÁSSICA


A doutrina clássica é geralmente chamada de Liberalismo Económico. Suas
bases são (i) liberdade pessoal, (ii) propriedade privada, (iii) iniciativa
individual, (iv) empresa privada e (v) interferência mínima do Governo.
O termo Liberalismo deve ser considerado no seu contexto histórico: as
ideias clássicas eram liberais, em contraste com as restrições feudais e
mercantilistas sobre a escolha de profissões, transferências de terras,
comércio e etc…

38
As características desse conjunto de pensamentos serão resumidas como
se segue:
(i) Envolvimento mínimo do Governo: O primeiro princípio da escola
clássica era que o governo governa o mínimo. As forças do mercado
livre e competitivo guiariam a produção, a troca e a distribuição. A
Economia era considerada auto-ajustável e tendendo na direcção
do emprego total sem intervenção do Governo. A actividade do
Governo deveria ser limitada à aplicação dos direitos de
propriedade e ao fornecimento da defesa nacional e da educação
pública.

(ii) Comportamento económico de Auto-interesse: Os economistas


clássicos supunham que o comportamento de auto-interesse é
básico para a natureza humana. Os produtores e s mercadores
forneciam bens e serviços com o desejo de fazer lucros. Os
trabalhadores ofereciam seus serviços para obter salários e os
consumidores compravam produtos como uma maneira de
satisfazer seus desejos.

(iii) Harmonia de Interesses: Com a excepção de David Ricardo, os


clássicos enfatizavam a harmonia natural de interesses numa
economia de mercado. Ao correr atras de seus interesses
individuais, as pessoas atendiam aos melhores interesses da
sociedade.

(iv) Importância de todos os recursos e actividade económicas: Os


clássicos assinalavam que todos os recursos económicos – terra,
mão de obra, capital e habilidade empresarial – bem como as
actividades económicas – agricultura, comércio, produção e
comercio internacional – contribuíam para a riqueza de uma nação.
Os mercantilistas tinham dito que a riqueza derivava do comercio.
Os fisiocratas acreditavam que a terra e a agricultura eram as fontes
de riqueza.

(v) Leis económicas: A escola clássica deu grandes contribuições para a


economia ao concentrar a análise em teorias económicas explicitas
ou “leis”. Exemplos incluem a lei da vantagem comparativa, a lei de
rendimento cada vez menores, a teoria da população de Malthus, a
lei dos mercados (Lei de SAW), a teoria de renda de Ricardo, a teoria

39
quantitativa da moeda e a teoria do valor-trabalho. Os clássicos
acreditavam que as leis da economia são universais e imutáveis.

4.3. QUEM A ESCOLA CLÁSSICA BENEFICIOU OU PROCUROU


BENEFICIAR?
No longo prazo, a economia clássica atendeu a toda a sociedade porque a
aplicação de suas teorias promovia o acúmulo de capital e o crescimento
económico. Ela dava respectabilidade aos empresários, num mundo que
anteriormente tinha direcionado as honras e a renda para a nobreza e os
abastados.
Os mercadores e os industriais obtiveram um novo status e dignidade,
como promotores da riqueza da nação, e os empresários estavam seguros
de que, ao procurar o lucro, estavam atendendo à sociedade.
Essas doutrinas, em última análise, levaram a mais benefícios materiais
para proprietários e gerentes das empresas, pois as ideias clássicas
ajudaram a promover o clima político, social e económico que estimulou a
indústria, o comercio e o lucro.
4.4. AUTORES

4.4.1. ADAM SMITH (1723-1790)


Adams Smith, o brilhante e amável fundador da escola clássica, nasceu na
cidade industrial e portuária de Kirkcaldy, Escócia. Smith frequentou a
Glasgow College muito jovem, aos 14 anos. Posteriormente, estudou
ciência moral e política e línguas na Balliol College de Oxford.
Em 1776, Smith publicou sua Obra “An Inquiry into the nature and causes
of wealth of nations”, que tinha iniciado, em França, dez anos antes. O
sucesso do livro foi imediato e isso estabeleceu definitivamente o
prestígio de Smith.
O pensamento de Adams Smith recebeu várias influências importantes. A
primeira, e talvez a principal, foi o clima intelectual geral de sua época.
Este foi o período conhecido como iluminismo. Esse movimento
intelectual ergueu-se sobre dois pilares: a habilidade de raciocínio das
pessoas e o conceito da ordem natural. A segunda influência que Smith
recebeu foi dos fisiocratas, especialmente de Quenay e Turgot. Ele elogiou
o sistema fisiocrático “como toda a sua imperfeição” como “talvez o mais
próximo da verdade que já tivesse sido publicado sobre o assunto da
economia política.

40
O ataque dos fisiocratas ao mercantilismo e suas propostas para remover
as barreiras comerciais ganharam sua admiração.
A “Riqueza das Nações” constitui o tratado económico de 900 páginas de
Smith. “An Inquiry into the nature and causes of wealth of nations” surgiu
em 1776, o ano da Revolução Americana. Foi o livro que o consagrou
como um dos principais pensadores na história do pensamento
económico. Por isso, as reflexões contidas em “The wealth of nations”
exigem um exame cuidadoso.
A “Divisão de trabalho”, ou seja, “Of the Division of Labour” é o primeiro
capítulo do livro “The wealth of nations”, uma frase pouco conhecida na
época de Smith. A primeira passagem é a seguinte:

“O maior aperfeiçoamento nos poderes produtivos do trabalho e a


maior parte da técnica, habilidade e julgamento com os quais
estejam direccionados ou aplicados em qualquer lugar parecem ter
sido os efeitos da divisão do trabalho.”

A divisão de trabalho, disse Smith, aumentará a quantidade de produção


por três (3) razões:
(i) Primeiro, cada trabalhador desenvolve uma habilidade maior na
realização de uma simples tarefa respectivamente.
(ii) Segundo, economiza-se o tempo, pois se o trabalhador não puder ir
a trabalho, outro fará a sua função.
(iii) Terceiro, o maquinário pode ser desenvolvido para aumentar a
produtividade, uma vez que as tarefas tenham sido simplificadas e
feitas habitualmente por meio da divisão de trabalho.

VALOR

Numa afirmação em que apresenta o “paradoxo água – diamante”, Smith


observou que há dois (2) tipos de valor. A palavra VALOR, como pode ser
observada, tem dois significados diferentes, algumas vezes, expressa a
utilidade de um objecto específico e, algumas vezes, o poder de compra
de outros bens que a posse desse objecto confere. Um dele pode ser
chamado “valor de uso”; o outro, “valor de troca”.

41
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DE ADAMS SMITH
Smith viu a economia como um crescimento e um desenvolvimento
económico global e acentuado. A figura a seguir resume os vários
elementos constituintes da Teoria do Desenvolvimento Económico de
Smith.

Acumulo
Divisão de de Capital
Trabalho (seta a)

Increment
Increment o da
o da Reserva
Produtivid de
ade (setas salários
b e c) (seta g)

Increment
o da Salários
Produção mais altos
Nacional (seta h)
(seta d)

Increment
oa
Riqueza
da Nação
(seta e)

Smith afirmou que a divisão de trabalho estimula o acúmulo de capital


(seta a) e que os dois trabalham juntos para aumentar a produtividade do
trabalho (setas b e c).

42
O incremento na produtividade do trabalho aumenta a produção nacional
(seta d), que amplia o mercado e justifica a distância entre a divisão de
trabalho e o acúmulo de capital (seta f).
Como o resultado do acumulo de capital, as reservas de salários crescem
(seta g) e os salários aumentam (seta h).
Os salários mais altos motivam o crescimento inda maior da produtividade
(seta i).
O crescimento da produção nacional aumenta o número de bens
disponíveis para o consumo, o que, para Smith, constitui a riqueza de uma
nação (seta e).

4.4.2. THOMAS ROBERT MALTHUS (1766-1834)


Thomas MALTHUS é uma figura importante, embora controversa, no
pensamento da economia clássica. Ele abordava tópicos como o
crescimento da população, a metodologia de contabilidade do produto
interno bruto (PIB), a teoria do valor, os retornos decrescentes, a renda da
terra e a demanda agregada.

O Jovem Malthus formou-se na Jesus College em 1788 e foi ordenado


sacerdote da Igreja da Inglaterra. Seu “An Essay on the Principle of
Population “apareceu em 1798, e uma versão ampliada foi publicada em
1803.
TEORIA DA POPULAÇÃO DE MALTHUS
Na primeira edição de “An Essay on the Principle of Population “, Malthus
decidiu “demonstrar a causa de muita daquela pobreza e miséria
observável entre classes mais baixas de cada nação”.
Malthus apresentou sua lei da população: quando não controlada, a
população aumenta geograficamente; os meios de subsistência
aumentam, na melhor das hipóteses, somente aritmeticamente. Ou seja,
a população tende a aumentar à taxa de 1, 2, 4, 8, 16, 32 e assim por
diante, enquanto a taxa de aumento dos meios de subsistência é, na
melhor das hipóteses, somente 1, 2, 3, 4, 5, 6. Pode-se dizer com
segurança, portanto que a população, quando não controlada, aumenta
numa progressão geométrica de tal natureza que ela dobra a cada 255
anos…

43
CONTROLES PREVENTIVOS E POSITIVOS DO CRESCIMENTO DA
POPULAÇÃO
Os controles preventivos do crescimento da população são aqueles que
reduzem a taxa de natalidade. O controle preventivo que Malthus
aprovava era denominado restrição moral. As pessoas que pudessem
sustentar filhos deveriam adiar o casamento ou nunca casar.
Malthus também reconhecia certos controles positivos da população –
aqueles que aumentam a taxa de mortalidade. Eles eram a fome, a
miséria, a praga e a guerra. Malthus elevou esses controles à posição de
fenómenos ou leis naturais. Eles eram males necessários para limitar a
população. Esses controles positivos representavam punições para as
pessoas que não tinham praticado a restrição moral.
De acordo com Malthus, então, a pobreza e a miséria são o castigo natural
para o fracasso das “classes inferiores” na tentativa de restringir sua
reprodução. Desse ponto de vista, seguiu-se uma conclusão política
altamente significativa: Não deve haver ajuda do Governo para o pobre.
Fornecer ajuda a eles poderia fazer com que mais crianças sobrevivessem,
piorando, em última análise, o problema da fome. Esta foi a maneira como
ele colocou a questão na segunda edição de “Essay”, em 1805.

4.4.3. DAVID RICARDO (1772-1823)

Embora Smith tenha siso o Fundador da Escola Clássica e tenha lhe dado
sua forma dominante, David RICARDO, um contemporâneo de Malthus,
foi a figura principal na promoção do maior desenvolvimento das ideias da
escola. Ricardo demonstrou as possibilidades de utilizar o método
abstrato de raciocínio para formular as teorias económicas. Ele ampliou o
escopo de investigação económica para a distribuição de renda.
RICARDO foi o terceiro de 17 filhos de imigrantes judeus que se mudaram
da Holanda para a Inglaterra. Ele foi educado para os negócios de
corretagem de acções do seu pai.
Os princípios de Ricardo para ganhar dinheiro na Bolsa de valores podem
ser para muitos tão interessantes quanto ao desenvolvimento de sua
teoria de economia abstrata. Ricardo também creditou seu sucesso
financeiro ao facto de se satisfazer com os pequenos lucros, nunca
44
retendo mercadorias ou títulos por muito tempo quando pequenos lucros
poderiam ser auferidos rapidamente.
QUESTÃO DA MOEDA
Em 1797, mais de duas décadas depois da guerra entre a Inglaterra e a
França, um pânico e uma corrida ao ouro esgotaram perigosamente as
reservas no Banco da Inglaterra. Quando o governo suspendeu o
pagamento em dinheiro, a Inglaterra se encontrou numa situação
irreversível, no que diz respeito ao papel-moeda. Em outras palavras, as
pessoas que acumulavam o papel – moeda na podiam troca-lo por ouro.
O preço de ouro subiu gradualmente da paridade de preço de
aproximadamente 3,17 libras esterlinas por onça para um preço de
mercado de 5,10, em 1813. Isso foi acompanhado por uma inflação geral
de preço.
O problema de acordo com Ricardo, não era o alto preço do ouro, mas
particularmente o baixo valor da libra esterlina. Agora era necessário,
simplesmente oferecer mais libras para comprar uma onça de ouro. A
solução que Ricardo propus foi o retorno ao padrão ouro.

TEORIA DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES E DA RENDA


A Lei dos Rendimentos decrescentes e a teoria da renda desenvolveram-
se em resposta ao debate sobre as leis dos cereais. O conceito dos
rendimentos decrescentes na agricultura remonta a TURGOT, funcionário
do Governo Francês e fisiocrata.
Ricardo tornou-se o primeiro economista a formular um princípio
marginal na análise económica. Sua teoria da Renda, portanto, é
produtiva para a posterior promoção da Escola Marginalista.
4.4.4. JEAN BAPTISTE SAY (1767-1832)
Jean Baptiste SAY, um francês que popularizou as ideias de Adam Smith no
continente, teve como principal trabalho “A Treatise on Political
Economy”, publicado em 1803.

A carreira de SAY temporariamente interrompida, pois Napoleão se irritou


com suas opiniões exageradas sobre o “Laissez-faire”. Depois de algum

45
tempo da derrota de Napoleão em Waterloo, SAY tornou-se professor de
Economia política, após ter ficado vários anos envolvido nos negócios.

A LEI DOS MERCADOS DE SAY

Mas o que deu fama a SAY foi a sua teoria de que a superprodução em
geral é impossível. Smith mesmo lembrou de tal lei e afirmou
especificamente: Um determinado mercador, com uma abundância de
bens em sua loja, pode algumas vezes ser arruinado por não ser capaz de
vende-los a tempo. Mas uma nação não deve estar sujeita ao mesmo
desastro.

A medida que uma economia cresce, ela simultaneamente gera uma


oferta de bens elevada e pagamentos altos para os factores de produção,
o que, por sua vez, gera uma demanda elevada pelos bens. Da mesma
maneira, num comercio internacional, à medida que um pais produz mais,
ele pode exportar mais e pode, portanto, importar mais. Nos comércios
nacional e internacional, “a oferta cria a sua própria demanda” no longo
prazo.

5. ESCOLAS MARXISTA

5.1. INTRODUÇÃO: VISÃO GLOBAL

A Revolução Industrial acabo coma segurança da velha economia artesã


dos camponeses agrícolas com o advento das grandes fábricas. Em volta
dessas fábricas surgiram favelas com multidões, onde o vicio, o crime, a
doença, a fome e a miséria constituíram um estilo de vida. Os direitos
políticos para os assalariados não existiam, e os sindicatos eram ilegais.
Esta cenário pedia por uma reforma económica. Entretanto, a maioria dos
proprietários de capital – frequentemente citando declarações de Smith e
outros clássicos – sustentavam, com teimosia, o conceito de que o melhor
governo é aquele que interfere o mínimo na economia.

46
Alguns historiadores concluem que o fracasso do sistema anterior
ofereceu uma força adicional à ascensão do Socialismo Marxista, e mais
socialistas moderados persuadiram os industriais a se unirem aos
movimentos humanitários.

5.2. TIPOS DE SOCIALISMO

5.2.1. SOCIALISMO UTÓPICO


Este tipo de socialismo data de aproximadamente 1800, com Henri Comte
de Saint- Simon, Charles Fourier e Robert Owen como figuras principais.
Eles desenvolveram suas ideias na época em que os trabalhadores
indústrias ainda eram fracos e desorganizados, desmoralizados pelas
rápidas mudanças da revolução Industrial, desprovidos de privilégios e
ainda não cientes do seu poder latente.
Os socialistas utópicos consideravam a economia de mercado competitiva,
injusta e irracional. Eles organizavam os conceitos das organizações
sociais perfeitas e, então, conclamaram o resto do mundo a adoptá-los.
Pregaram mais a união universal do que a luta de classes e confiaram nos
capitalistas para cooperar com eles e até mesmo financiar seus projectos.

5.2.2. SOCIALISMO DE ESTADO


Este envolve a posse do governo e a operação de todos os sectores ou de
sectores específicos da economia com propósito de alcançar mais os
objectivos sociais gerias de que o lucro.
A antiga União Soviética é um exemplo de nação em que todos os sectores
principais eram, até recentemente propriedades do Estado e
administrados por ele.
5.2.3. SOCIALISMO CRISTÃO
Esta versão do socialismo desenvolveu-se na Inglaterra e na Alemanha
após 1848, com Charles KINGSLEY como o principal defensor na Inglaterra.
Esse socialismo surgiu após o fracasso dos moimentos radicais nesses dois
países. O consolo da religião era oferecido aos trabalhadores para aliviar
seu sofrimento e proporcionar esperanças.
47
Charles KINGSLEY (1819-1875) foi sacerdote, poeta, romancista e
reformador. Foi capelão da Rainha Victoria, professor de história moderna
em Cambridge e cónego de Westminster. Ele passou para o movimento
cartista quando foi para Londres durante os períodos turbulentos de 1848.
Kingsley repudia as reuniões de massa, a violência física, as greves dos
sindicalistas e o ódio dos ricos pelos pobres. Os ricos são ignorantes, e não
hostis.
As doutrinas de Kingsley incluíram o amor, a religião, as associações
cooperativas, as reformas sanitárias e a educação.
5.2.4. ANARQUISMO
Com Pierre – Joseph Proudhon (1809-1865) como um dos primeiros
teóricos, o anarquismo declarava que todos as reformas do governo são
coercivas e que deveriam ser abolidas.
Os anarquistas não acreditavam que a sociedade não tinha ordem, mas
principalmente que a ordem da sociedade surgia dos grupos do governo
autônomo por meio do esforço voluntário ou aliado. A natureza humana,
eles afirmavam, é essencialmente boa se não for corrompida pelo Estado
e suas instituições.
A propriedade privada deveria ser substituída pela posse colectiva de
capital pelos grupos cooperativos.
Os anarquistas previam as comunidades se empregando na produção e
comercializando com outras comunidades, com as associações de
productores controlando as produções agrícola, industrial e até intelectual
e artística.
A compreensão mútua, a cooperação e a liberdade total caracterizariam a
sociedade anarquista. A iniciativa individual seria encorajada, e cada
tendência para a autoridade uniforme e centralizada seria eficientemente
controlada. Embora os métodos para alcançar seus objectivos sejam
diferentes, a comunidade ideal dos anarquistas se parece com a dos
socialistas utópicos.
5.2.5. SOCIALISMO MARXISTA
O socialismo marxista ou “cientifico”, baseia-se numa teoria de valor do
trabalho e uma teoria de exploração dos assalariados pelos capitalistas.

48
Embora Marx e Engels desprezassem o capitalismo com entusiasmo, eles
respeitavam o grande aumento na produtividade e a produção resultantes
dele.
Os críticos socialistas da economia pregavam uma reforma drástica: Sua
objecção ao Capitalismo e aos males reias era moral. Karl Heinrich MARX
(1818-1883), o líder teórico do “Socialismo Científico”, descartava essa
abordagem. Ele procurava mostrar que o Capitalismo tinha contradicções
internas que garantiriam seu possível fim.
Marx acreditava que a revolução social era inevitável nos países
capitalistas desenvolvidos. Juntamente com o seu compatriota, Friedrich
ENGELS (1820-1895), defendia a ideia de que os trabalhadores de todo o
mundo deveriam se unir para antecipar esse evento.
A classe trabalhadora, ao derrubar o Estado burguês, estabelecerá sua
própria ditadura do Proletariado para destruir a classe burguesa.
Com o socialismo resultante, a propriedade privada dos bens de consumo
é permitida com a exepção da terra e do capital, em geral possuídos pelo
governo central. A produção é planificada, assim como a taxa de
investimento, sendo o objectivo do lucro e o livre -mercado eliminados
como as principais forças da economia.

5.2.6. COMUNISMO
De acordo com Marx, o Comunismo é o estado da sociedade que
finalmente substitui o socialismo. Sob o socialismo, o slogan é “De cada
um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com o seu
trabalho.”
Sob o comunismo, o slogan torna-se “De cada um de acordo com a sua
habilidade, para cada um de acordo com sua necessidade.”.
Isso pressupõe uma superabundância de bens em relação aos desejos, a
eliminação dos pagamentos em dinheiro com base no trabalho realizado e
uma devoção á sociedade tão abnegada quando a lealdade de uma pessoa
á sua família.

49
Actualmente, os chamados países comunistas têm estabelecido, na
verdade, o socialismo de Estado ou então no processo de estabelece-lo.
O Comunismo não existe em nenhum lugar, exceto em pequenas
comunidades cooperativas, geralmente motivadas por uma religião
comum ou outras campanhas ou fervores.
5.2.7. REVISIONISMO
Na Alemanha, o revisionismo era defendido por Eduard BERNSTEIN (1850-
1932). Na Inglaterra, os socialistas fabianos, liderados por Sydney e
Beatrice Webb (1859-1947; 1858-1943), eram revisionistas, mas
diferentemente do movimento de esquerda alemã, eles nunca aderiram
ao marxismo para qualquer iniciativa significativa.
O revisionismo abjurava a luta de classes; negava que o estado fosse
necessariamente um instrumento da classe rica e fixava suas esperanças
na educação, nas propagandas eleitorais e no ganho do controle do
governo por meio do voto secreto.

5.2.8. SINDICALISMO
Georges SOREL (1847-1922) promoveu e popularizou este tipo de
socialismo nos círculos de trabalho nos países latinos da Europa.
Os sindicalistas eram contra o parlamentar o militarista. Eles acreditavam
que o socialismo deteriora as crenças burguesas quando empregado na
actividade política e parlamentar.
O sindicalismo se diferenciou do anarquismo, pois acreditava
exclusivamente no unionismo revolucionário e na greve em geral para
derrubar o governo. Mas favorecia a abolição da propriedade privada e a
extinção do governo político.
4.2.9. SOCIALISMO DA GUILDA
G.D.H. COLE (1889-1959), professor de economia de Oxford University, foi
o principal defensor desse tipo de socialismo. Era primeiramente um
movimento britânico, de gradualismo e de reforma, e atingiu seu apogeu
aproximadamente na época da Primeira guerra Mundial.
Os socialistas de guilda aceitaram o Estado como uma instituição
necessária para expressar os interesses gerais dos cidadãos enquanto
50
consumidores. O governo deveria desenvolver a política económica geral
para a comunidade, não meramente para os trabalhadores. A Nação não
seria dividida entre campos opostos de capital e mão de obra.

4.3. QUEM A ESCOLA CLÁSSICA BENEFICIOU OU PROCUROU


BENEFICIAR?
Muitos grupos moderados (socialistas utópicos, cristãos e da guilda)
afirmaram representar os interesses de todos, com ênfase primordial
sobre as necessidades e os interesses dos trabalhadores.
Eles serviram aos trabalhadores ao estimular a consciência da sociedade e
ao inspirar os reformadores da classe média, promovendo, desse modo, a
reforma da legislação.
O socialismo cristão surgiu numa época em que as doutrinas socialistas
estavam ganhando espaço entre os trabalhadores. Seus adeptos
perceberam que o movimento radical deveria ser cristianizado, senão o
cristianismo perderia sua atraccão.
Muitos grupos socialistas radicais (marxista, anarquista e sindicalista)
declararam a luta de classes contar os ricos. Seu único objectivo era
promover os interesses da classe trabalhadora. Por meio da actividade
variada dos sindicatos, da pressão parlamentar ou da ameaça de revoltas,
sua agitação e organização ajudaram no ganho de conceitos dos
capitalistas.

5. ESCOLA MARGINALISTA

1. VISÃO GLOBAL
O início da Escola marginalista data de 1871, o ano em que JEVONS e
MENGER publicaram seus influentes livros sobre a Teoria da Utilidade
Marginal. O economista David RICARDO aplicou a abordagem marginal em
sua teoria sobre a Renda. Entre esses precursores estavam, Antoine
COURNOT e Jules DUPUIT, em França, e Johann Von Thunen, na
Alemanha.

51
Graves problemas económicos e sociais permaneceram sem solução até
um século após o início da Revolução Industrial. A pobreza espelhava-se,
embora a produtividade estivesse aumentada drasticamente.
A tendência do século XIX, na Europa, era desenvolver três métodos de
ataque, pressionando os problemas sociais, e todos os três ignoravam os
preconceitos da economia clássica. Esses métodos deveriam promover o
socialismo; apoiar o sindicalismo ou exigir do governo uma acção para
melhorar as condições controlando a economia, eliminando abusos e
redistribuindo renda.

2. PRINCIPAIS DOGMAS DA ESCOLA MARGINALISTA


As ideias básicas de Escola marginalista são as seguintes:
(i) Foco na Margem: Essa escola direcionou sua atenção ao ponto em
que As decisões são tomadas; em outras palavras, à margem de
lucro. Os marginalistas ampliaram para toda a teoria económica o
princípio marginal desenvolvido por RICARDO em sua Teoria da
Renda.

(ii) Comportamento económico racional: Os marginalistas supuseram


que as pessoas agem racionalmente ao comparar prazeres e
trabalho, ao medir a utilidade marginal de diferentes bens e ao
equilibrar as necessidades presentes contra as futuras.

(iii) Ênfase na Microeconomia: A pessoa física e a empresa assumem o


centro do palco no drama marginalista. Em vez de considerar a
economia agregada ou a macroeconomia, os marginalistas
consideraram o processo de tomada de decisões individuais, as
condições de mercado para um determinado tipo de bem, o
resultado de empresas especificas e assim por diante.

(iv) O uso do método abstrato e deductivo: Os marginalistas rejeitavam


o método histórico em favor do método analítico e abstrato
desenvolvido por ricardo e outros clássicos.

(v) A ênfase na Livre Concorrência: Os marginalistas normalmente


baseavam suas análises na suposição da livre concorrência. Esse é

52
um mundo de empreendedores pequenos, individualistas e
independentes, inúmeros compradores, muitos vendedores,
produtos homogéneos, preços uniformes e nenhuma propaganda.

(vi) Teoria de Preço orientada pela Demanda: Para os primeiros


marginalistas, a demanda tornou-se a principal força na
determinação do preço. O economista enfatizará o custo da
produção (suprimento) como factor determinante e significativo do
valor de uso.

(vii) Ênfase na Utilidade subjectiva: De acordo com os marginalistas, a


demanda depende da utilidade marginal, que é um fenômeno
subjectivo e psicológico. Os custos de produção incluem os
sacrifícios e os aborrecimentos de trabalho, gerenciar um negócio e
economizar dinheiro para formar um fundo de capital.

(viii) Enfoque no Equilíbrio: Os marginalistas acreditavam que as forças


económicas geralmente se movem em direcção ao equilíbrio – um
balanceamento entre forças opostas. Toda vez que os distúrbios
causam desarticulação, ocorrem novos movimentos em direcção ao
equilíbrio.

(ix) Fusão de terra e bens de capital: Os marginalistas juntaram a terra e


os recursos capitais em suas análises e referiam-se a juros,
rendimento e lucro como sendo o retorno para os recursos de
propriedade.

(x) Mínimo envolvimento do governo: Os marginalistas deram


continuidade á defesa pelo envolvimento mínimo do governo na
economia, apresentada pela escola clássica, com a política mais
desejada. Em muitos os casos, nenhuma interferência nas leis
económicas naturais seria prescrita se fossem realizados grandes
benefícios sociais.

3. QUEM OS MARGINALISTAS BENEFICIARAM OU PROCURARAM


BENEFICIAR?

53
Os marginalistas procuraram favorecer os interesses de toda a
humanidade, promovendo um melhor entendimento de como um sistema
de mercado aloca os recursos com eficiência e promove a liberdade
económica. Em grande escala, os marginalistas atingiram seu objectivo
com êxito.
O marginalismo – economia do liberalismo ou o conservadorismo político
– também beneficiou aqueles cujo interesse era simplesmente a
manutenção do statu quo: isto é, aqueles que resistiam a mudança. Este
tipo de teoria beneficiou os empregadores (embora na verdade, a maioria
deles não tenha compreendido isso) opondo ao Sindicalismo e atribuindo
o desemprego a salários artificialmente altos, inflexíveis por um ou por
ambos os lados.

4. LEI DA UTILIDADE MARGINAL DESCRESCENTE DE JEVONS


A lei da utilidade marginal de Jevons resolveu o paradoxo da água e do
diamante que confundia alguns economistas clássicos. Adam Smith
acreditava que a utilidade não tem nada a ver com a grandeza do valor de
troca, porque a água é mais útil que o diamante, embora os diamantes
sejam mais valiosos do que a água.

O princípio da utilidade marginal decrescente revela que, embora a


utilidade total da água seja maior que a utilidade total dos diamantes, o
grau final da utilidade ou a utilidade marginal do diamante é bem maior
que a utilidade marginal de água.

5. AUTORES
Antoine Augustin COURNOT (1801-1877) foi um matemático francês que
publicou tratados sobre matemática, filosofia e economia.
Ele foi o primeiro economista a aplicar a matemática na análise
económica, mas seu primeiro trabalho foi esquecido até depois de sua
morte, quando JEVONS, MARSHALL e FISHER continuaram sua obra.
Ele foi o primeiro economista a desenvolver modelos matemáticos
concisos sobre monopólio, duopólio e livre concorrência.
54
COURNOT é considerado o precursor da Escola Marginalista porque
muitas duas suas análises enfatizaram as taxas de variação do custo total e
das funções da receita.

6. GRÁFICO DA EVOLUÇÃO

1875 1900 1925

Concorrência Imperfeita

Percursores
Cournot, Dupuit
Marginalismo e Neoclassismo
Jevons, Menger, Von Wiesser, Clark e Marshall

Economia Matemática
Walras, leontief, Hicks

Escola
Keynesiana
Economia Financeira
Wicksell, fisher, Hawtrey

6. ESCOLA NEOCLÁSSICA

1. VISÃO GLOBAL A ESCOLA NEOCLÁSSICA


O pensamento microeconómico dos marginalistas, foi gradualmente
transformado no que hoje chamamos de economia neoclássica. Como neo
significa “novo”, neoclassismo implica uma nova forma de classicismo. Os
economistas neoclássicos eram “marginalistas”, no sentido de que
enfatizavam a tomada de decisões e a determinação dos preços na
margem.

55
Alfredo MARSHALL (1842-1924) foi o grande sintetizador, procurando
combinar o melhor da economia clássica com o pensamento marginalista,
produzindo, assim, a economia neoclássica.
Marshall popularizou o método diagramático moderno para a economia –
para o desenvolvimento dos estudantes iniciantes – que ajudou a elucidar
certos princípios fundamentais. Embora fosse um matemático experiente
que generosamente colocou a matemática nos rodapés e nos apêndices,
era céptico em relação ao valor geral da matemática na análise
económica.

2. UTILIDADE E DEMANDA
De acordo com Marshall, a demanda baseia-se na lei da utilidade
marginal decrescente. “A utilidade marginal de algo para uma pessoa
diminui a cada aumento no total daquilo que ele já utiliza desse item”.
Marshall introduziu duas qualificações importantes nesse ponto.
(i) Primeiro, ele indicou que se preocupava com um momento no
tempo, que um intervalo de tempo é muito curto para se considerar
qualquer mudança no caracter e nos gastos de uma pessoa em particular.
(ii) A segunda qualificação de Marshall sobre a lei de utilidade marginal
decrescente refere-se a bens de consumo que são individuais.

3. LEI DA DEMANDA
A Lei da Demanda de Marshall é resultante de suas noções de utilidade
marginal decrescente e da escola racional do consumidor. Marshall
ilustrou a lei da demanda com uma tabela e uma curva da demanda. Ele
desenhou essa curva da demanda assumindo que o período do tempo é
suficientemente curto para justificar uma suposição ceteris paribus.

4. EXCEDENTE DO CONSUMIDOR

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Marshall defendia que a utilidade total de um bem é a soma das utilidades
marginais sucessivas de cada unidade adicionada.

7. ESCOLAS KEYNESIANA

1. VISÃO GLOBAL DA ESCOLA KEYNESIANA


O sistema de ideias Keynesiana é uma das escolas mais significativas do
pensamento económico. A escola começou com a publicação de “The
General Theory of Employment, interest and Money de Keynes, em 1936, e
actualmente marca importante presença na economia ortodoxa.

57
As ideias de Keynes receberam ímpetos da Grande Depressão dos anos 30
(1929), a pior que o mundo ocidental já conhece. Os fundamentos de suas
ideias datam de antes de 1929. O trabalho de muitos economistas,
incluindo o de Mitchell e seus associados no National Bureau of Economic
Research, estava na estrutura da economia agregada, ou macroeconomia,
em vez de na microeconomia da escola neoclássica.
A Primeira Guerra Mundial e os controles económicos exigiam uma visão
geral da economia. O crescimento da produção e do comercio em larga
escala deixou a economia mais susceptível às medidas e aos controles
estatísticos, tornando-se cada vez mais necessário á medida que o publico
esperava que o governo tratasse mais activamente do desemprego. O
pensamento Keynesiana também teve suas raízes na grande preocupação
com a estagnação secular ou com a taxa decrescente de crescimento.
Depois que a Grande Depressão começou no início dos anos 30, muitos
economistas dos Estados Unidos defenderam políticas que mais tarde
seriam chamadas de Keynesianismo.

2. PRINCIPAIS DOGMAS DA ESCOLA KEYNESIANA


As principais características e princípios da economia Keynesiana estão
listados a seguir:
(i) ÊNFASE MACROECONÓMICA
Keynes e seus seguidores preocupam-se com os determinantes das
quantias totais ou agregados de consumo, poupança, renda, produção e
emprego. Estavam menos interessados, por exemplo, em como uma
empresa individual decide sobre seu nível de emprego que maximizam o
lucro do que na relação entre gastos totais na economia e o conjunto de
tais decisões.
(ii) ORIENTAÇÃO PELA DEMANDA
Os economistas keynesianos reforçavam a importância da demanda
efectiva (agora chamada de gastos agregados) como o determinante
imediato da renda nacional, da produção e do emprego.
(iii) INSTABILIDADE NA ECONOMIA

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De acordo com os Keynesianos, a economia tende a aumentos rápidos
recorrentes, porque o nível de gastos planeados com investimentos é
irregular. As alterações no plano de investimento fazem com que a renda
e a produção nacional mudem em quantias maiores do que as mudanças
iniciais nos investimentos.
(iv) INFLEXIBILIDADE NOS SALÁRIOS E NOS PREÇOS
Os Keynesianos apontam que os salários tendem a ser inflexivelmente
decrescentes, devido a factores institucionais como os contratos com os
sindicatos, as leis de salário mínimo e os contratos implícitos. Em períodos
de queda na demanda agregada por bens e serviços, as empresas
respondem às vendas mais baixas com a redução de preços e a demissão
de empregados, sem insistir nas reduções salariais.
Os preços também caem; a queda na demanda efectiva causa inicialmente
reduções na produção e no emprego em vez de queda no nível dos
preços. A deflação ocorre somente em condições de recessão
extremamente grave.

(v) POLíTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS ACTIVAS


Os economistas keynesianos defendiam que o governo deveria intervir
activamente por meio de políticas fiscais e monetárias adequadas afim de
promover o pleno emprego, a estabilidade de preços e o crescimento
económico.
Para combater a recessão ou a depressão, o governo deveria aumentar os
seus gastos ou reduzir impostos, sendo que essa poção aumentaria os
gastos com o consumo privado. Ele deveria também aumentar a oferta da
moeda ara baixar as taxas de juros, na esperança de que isso encorajasse
os gastos com investimentos.

Para conter a inflação causada por gastos agregados excessivos, o governo


deveria reduzir seus próprios gastos, aumentar os impostos para reduzir
os gastos com o consumo privado ou reduzir a oferta de moeda para
elevar as taxas de juros, o que refrearia os gastos excessivos com
investimentos.

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3. QUEM A ESCOLA CLÁSSICA BENEFICIOU OU PROCUROU
BENEFICIAR?
O grande sucesso da economia Keynesiana ocorreu principalmente
porque ela tratou de um problema urgente de seus dias: a depressão e o
desemprego. Além disso, ela oferecia algo para quase todas as pessoas e
racionalizava o que já estava seno feito por necessidade.
A sociedade ganha com o pleno emprego, e os indivíduos ou grupos que
perdem por causa dele (por exemplo, os administradores de programas de
assistência aos desempregados) podem ser facilmente ignorados.
Os contratos do governo beneficiavam os juros e estimulavam o governo a
tirar a economia da recessão ou depressão. Os fazendeiros, por muito
tempo, foram favorecidos com políticas monetárias confortáveis e baixas
taxas de juros.
Nas décadas de 1960 e 1970, os consumidores em geral olhavam de forma
favorável para a redução dos impostos e apoiavam os políticos que a
sugeriam e votavam a seu favor.

4. AUTORES

60
John Maynard KEYNES (1883-1946) era filho de pais eminentemente
intelectuais, que viveram mais que ele. Seu pai era John Neville Keynes,
um ilustre economista lógico e político.

Keynes foi uma figura importante tanto no mundo dos assuntos práticos
como na vida académica. Foi presidente de uma empresa de seguros de
vida, actuou como director de outras empresas e foi membro do corpo
administrativo do Banco da Inglaterra.

8. OUTRA ESCOLAS: ESCOLA DE CHICAGO: NOVO CLASSICISMO


A fase moderna da escola económica de Chicago começou em 1946,
quando Milton FRIEDMAN ingressou na Faculdade da Universidade de
Chicago.
A perspectiva de Chicago é uma variante do neoclassicismo e é conhecida
como “Novo Classicismo.
Os princípios e as características mais importantes da Escola de Chicago
podem ser resumidos da seguinte maneira:
(i) Comportamento ideal: Os membros da escola reforçam o princípio
neoclássico de que as pessoas tendem a maximizar seu bem estra;
isto é, elas se comprometem a optimizar o comportamento no
momento de suas decisões. A unidade económica básica é o
individuo.

(ii) Preços e Salários controlados tendem a ser uma boa estimativa dos
preços e salários da concorrência a longo prazo.

61
(iii) Orientação Matemática: a escola de Chicago confia muito na
teorização matemática, utilizando o método de equilíbrio
marshalliano e a abordagem de equilíbrio geral de Walras.

(iv) Rejeição do Keynesianismo: A economia é auto- ajustável e


reguladora, com pequenas fluctuações auto-restrictivas. Recessões
e depressões profundas são resultantes de Política Monetária
inadequada, e não de mudanças autónomas nos gastos.

(v) Governo limitado. O Governo é inerentemente ineficiente como um


agente para atingir os objectivos que podem ser satisfeitos por meio
de trocas privadas.
Os defensores das ideias de Chicago ajudaram a convencer aa população
em geral e os oficiais eleitos de que o sistema do mercado concorrente, se
deixado relativamente libre da intervenção do governo, produz liberdade
económica máxima, que, por sua vez, gera bem-estar individual e
colectivo máximo.

RESUMO DA CORRENTE DO PENSAMENTO ECONÓMICO – TEMA II


62
Façamos uma viagem pela história do pensamento económico,
percorrendo o longo caminho desde Aristóteles à época actual. O
conhecimento da história do pensamento económico é uma base
importante para compreender os vários temas económicos. A
compreensão de conceitos económicos, a interpretação de um gráfico ou
de uma ideia passam pela apreensão de como as teorias económicas se
desenvolveram no passado.
O pensamento económico teve início na Grécia, com Sólon, Xenofonte,
Platão e Aristóteles, e continuou com os escolásticos medievais, segundo
uma perspectiva normativa: Preço justo ou a condenação do juro como
fonte de rendimento. O pensamento económico continuou com os
mercantilistas, fisiocratas, clássicos (Adam Smith, David Ricardo….). os
socialistas (Owen, Marx…) e os neoclássicos (Walras, Marshall….). No
século XX, sobressaem o pensamento Keynesiano e as contribuições de
vários economistas contemporâneos: Milton Friedman, Robbins, Pareto,
Galbraith, Pigou….
A economia moderna foi muito influenciada pela contribuição do Escocês
Adam Smith que, na sua Obra A Riqueza das Nações, estabeleceu alguns
princípios fundamentais da economia que ainda servem de guia dos
economistas. Adam Smith analisou os salários e a inflação, abordou a
repartição dos rendimentos e a formação dos preços e desenvolveu a
doutrina da mão invisível, onde reconheceu o mercado como mecanismo
coordenador da economia. Malthus e David Ricardo são defensores dos
rendimentos decrescentes e da repartição do rendimento social limitado
entre intervenientes do processo produtivo. Analisou, entre outros temas,
os padrões de comércio internacional, a teoria do valor trabalho e a
repartição do rendimento na economia capitalista.
No século XIX, Karl Marx fez a crítica mais influente à economia de
mercado e á ciência económica, ao defender que esta forma de
organização económica é uma forma de exploração do homem pelo
homem. Marx defendia que toda a riqueza era produzida pelo trabalho
humano e que os donos do capital se limitavam a apropriar-se da riqueza
produzida pelos trabalhadores.

63
As ideias marxistas foram criticadas por Bohm-Bawerk, Ludwing Von
Mises, Friedrich Hayek e outros. Estes constituíam a escola neoclássica,
que dominou o pensamento económico até à década de 30 do século XX.
A decadência da econ0omia clássica fez surgir a economia neoclássica,
que se debruçou, sobretudo, sobre as políticas governamentais, no âmbito
da economia do bem-estar, e aplicou o marginalista à economia.
O marginalismo surgiu, no final do século XIX, de uma série de obras que
trouxeram os fundamentos par uma nova concepção da Economia, que
introduz na análise clássica formulação matemática e a teoria subjectiva
do valor, as quais contribuíram para o desenvolvimento da ciência
económica. Carl Menger (1840-1921), Jevons (1835-1882), Walras (1834-
1910) foram a primeira geração de marginalistas. O marginalismo,
desenvolvido na escola de Cambridge teve em Alfred Marshall o seu
expoente máximo. A análise de Marshall considerou que os preços são
determinados, simultaneamente, por factores de custo e de procura e
reconhece as complexas interdependências que concorrem no mercado.
As escolas de Lausana e Viena foram outros grandes centros dos
marginalistas.
O marginalismo será grande importância para o desenvolvimento da
Microeconomia como ramo da Economia, como iremos comprovar na s
próximas lições.
Nos anos 30, a teoria económica neoclássica foi posta em causa por John
Maynard Keynes. A teoria económica defendida pelos economistas
liberais não apresentava soluções para resolver a crise capitalista de 1929,
proporcionando o aparecimento da contribuição de John Maynard Keynes
(1884-1946), com a sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro. A
teoria Keynesiana pôs em causa a lei clássica de Jean-Baptiste Say que
sustentava que a superprodução era impossível. As teorias neoclássicas
defendidas por Alfred Marshall e Irving Fisher, nomeadamente sobre a
moeda e a nível dos preços, foram reformuladas em bases Keynesianas. A
teoria Keynesiana aceitou a Microeconomia da escola neoclássica,
desenvolveu a Macroeconomia e apresentou uma nova interpretação da
realidade económica. Propôs a intervenção do Estado na economia com o
objectivo de estimular o crescimento e baixar o desemprego.

64
A economia Keynesiana é o principal suporte das economias dos Estados
Unidos, da Europa, do Japão e, mais recentemente, dos países da Europa
do Leste. Actualmente não se pode falar de uma economia de mercado e
de uma economia de direcção central puras. Ambas utilizam princípios da
outra. Daí se designarem por economias mistas.
Os economistas liberalistas da escola de Chicago (Milton Friedman, Hayek,
Knight, Stigler, e Gary Becker) referem o papel do indivíduo na economia e
no mercado, e defendem o papel reduzido do Estado. São os novos
defensores do laissez-faire. Pensam que o Estado não deve interferir em
certos domínios como a assistência social às classes sociais necessitadas, a
prevenção rodoviária, o auxílio a doentes com Sida, etc. Milton Friedman,
no seu livro Capitalismo e Liberdade, de 1992, critica os programas dos
governos por interferirem na liberdade individual e não serem eficazes.
As ideias por eles defendidas foram bem aceites pelos conservadores, na
década de 1980.
Surgem igualmente outras correntes que se opõem às ideias
Keynesianas:

 Os macroeconomistas dos mercados livres, muito ligados à escola


de Chicago, fundam um grupo, em 1970, onde se destacam Robert
Lucas e Thomas Sargent. Concordam com as ideias da escola de
Chicago sobre a limitação do papel do Estado e defendem que a
liberdade pessoal promoverá o crescimento económico.
 Os economistas Marxistas, que afirmam que o capitalismo
apresenta muitas deficiências, pelo que deve ser substituído, por
um sistema mais justo, eficiente e equitativo.
 Galbraith, da Universidade de Harvard, estudou o comportamento
dos consumidores e das empresas. Afirma que o consumidor é
soberano, sublinhado uma ideia dos economistas liberais do século
XX. Galbraith afirma também que o sector público é ineficiente, ao
contrário do que acontece no sector privado, que considera um
elemento fundamental no processo de crescimento económico dos
países.

65
FICHA COMPLEMENTAR – TEMA II

CRESCIMENTO ECONÓMICO A LONGO PRAZO

I. INTRODUÇÃO

1. Definição e Factores determinantes do Crescimento Económico


O dicionário define o crescimento económico como o termo económico
que traduz o aspecto quantitativo de uma economia e que corresponde ao
aumento da produção total de um pais durante um certo período. O
Crescimento Económico é uma das questões mais importantes da análise
macroeconómica.
Este crescimento é usualmente avaliado e quantificado pela taxa de
crescimento anual do PNB (PIB) e/ou do produto per capita, e
corresponde a uma expansão da fronteira de possibilidades de produção.
O crescimento económico depende dos seguintes factores: (i) Dimensão
de mercados – Aumento de dimensão do mercado (crescimento
populacional e aumento do poder de compra); (II) Investimento e (iii)
Progresso Técnico /tecnológico. O crescimento económico é uma
condição necessária e não suficiente para que haja desenvolvimento
económico. Pode haver crescimento económico sem desenvolvimento
económico.
2. Definição do Desenvolvimento Económico e o Produto Interno
Bruto (PIB)
O desenvolvimento económico é um termo económico que se define pela
capacidade de uma sociedade satisfazer as suas necessidades e atingir
determinado nível de bem-estar. Haverá desenvolvimento económico
quando o crescimento económico se traduzir no aspecto qualitativo, ou
seja, quando se estender às várias regiões do país, contribuir para a
redução das assimetrias da repartição pessoal do rendimento, respeitar os
cidadãos, independentemente da sua raça, sexo, e classe social, e
promover o bem-estar social.

66
A estatística – chave usada para monitorar o crescimento económico é o
PIB per Capita, ou seja, o produto interno bruto real dividido pela
população.
O PIB mede o valor total da produção de bens e serviços finais de uma
economia bem como a renda obtida nessa economia em dado ano. O PIB
real separa mudanças na quantidade de bens e serviços dos efeitos de um
nível de preços (inflação) que esteja subindo. O PIB per capita isola os
efeitos de uma mudança na população.
Por exemplo, tudo o mais mantido constante, um aumento na população
reduz o padrão de vida para a pessoa media. Haverá mais pessoas para
dividir dado montante de PIB real. Um aumento no PIB real que é igual ao
crescimento da população deixa o padrão de vida media sem modificação.

O crescimento económico de longo prazo depende quase inteiramente de


um ingrediente “Produtividade crescente”: O crescimento económico
sustentado ocorre somente quando a quantidade de produto produzida
pelo trabalhador medio aumenta constantemente.

II. TAXA DE CRESCIMENTO

1. Variação das taxas de crescimento de um pais para outro


Em 1820, de acordo com estimativas do Historiador económico Angus
Maddison, o México tinha um PIB per capita um pouquinho maior do que
o do Japão. Hoje, o Japão tem um PIB per capita superior ao da maioria
dos países europeus. No longo prazo – desde 1820 – o PIB real per capita
cresceu 1,9% ao ano no Japão, mas apenas 1,3% ao ano no México.
Como é de esperar, economias com crescimento rápido tendem a ser
economias que adicionam ao seu capital físico, aumentam seu capital
humano ou apresentam rápido progresso tecnológico.
Histórias de sucesso económico notável, como o Japão nos anos 1950 e
1960 ou a China de hoje, tendem a ser países que fazem as três coisas;
rapidamente acrescentam ao seu capital físico, através de poupança e
gastos de investimento elevados, melhoram seu nível educacional e tem
rápido progresso tecnológico. Há evidências, também, da importância de
67
políticas governamentais, direitos de propriedade, estabilidade política e
boa governação.

2. PIB Real per capita dos Estados Unidos

ANO % PIB Real per capita de % PIB Real per capita de


1900 2010
1900 100% 13
1920 136 18
1940 171 23
1980 454 60
2000 696 92
2010 758 100%

A tabela acima mostra o PIB Real per capita, em dólares americanos em


anos selecionados, expresso de duas maneiras como percentagem do
nível de 1900 e como percentagem do nível de 2010.
Em 1920, a economia americana já produzia por pessoa 136% do que
produzia em 1900. Em 2010, produzia 758% do que produzia em 1900, ou
seja, um aumento de mais de sete (7) vezes. Alternativamente, em 1900, a
economia americana produziu apenas 13% do que produzia em 2010.
A tabela nos informa que o PIB real per capita em 1900 era apenas 13% do
nível do PIB de 2010, isto é, uma família típica em 1900 provavelmente
tinha um poder de compra correspondente a apenas 13% do poder de
compra de uma família típica de 2007. Isso seria cerca de $ 6.100 (por
ano) em dólares de hoje, representando um padrão de vida que hoje
consideraríamos de pobreza extrema. Por memoria, em 2010, a família
americana mediana tinha uma renda anual de cerca de $ 50.000. A família
típica americana de hoje que fosse transportada de volta para os Estados
Unidos de 1900 iria se sentir muito destituída.

68
3. POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS
Políticas Governamentais podem aumentar a taxa de crescimento
económico através quatro (4) canais principais:
(i) Subsídios do Governo à Infraestrutura
Os governos podem desempenhar um papel importante directo
construindo infraestruturas tais rodovias, linhas de transportes de energia
eléctrica, portos, redes de informação e outros projectos de capital fixo
em grande escala que fornecem uma base ou os fundamentos para a
actividade económica.
(ii) Subsídios Governamentais à Educação
Diferente do capital físico, que é criado principalmente através de gastos
de investimento dos indivíduos e companhas privadas, grande parte do
capital humano de uma economia.
É o resultado de gastos governamentais em educação.
(iii) Subsídios do Governo à Pesquisa
O progresso tecnológico é em larga medida resultado da iniciativa do
sector privado. Mas em países avançados muita pesquisa e
desenvolvimento de grande importância é feita também por agências
governamentais.
(iv) Manutenção de um Sistema Financeira que funcione.
Os governos também têm um papel importante indirecto tornando
possíveis elevados gastos de investimento privado. Tanto a quantidade de
poupança quanto a capacidade de uma economia de canalizar a poupança
para o gasto em investimentos productivos dependem das instituições da
economia.

69
4. “O MILAGRE DA LESTE ASIÁTICO”: EXEMPLO DE SUCESSO
Em 1960, a Coreia do Sul era um pais muito pobre. De facto, em 1960, seu
PIB real per capita era mais baixo que o da India hoje. Mas, a partir do
início dos anos 1990, a Coreia do Sul começou uma ascensão económica
extremamente rápido; o PIB real per capita cresceu mais de 7% ao ano
durante nas de 30 anos. Hoje, a Coreia do Sul, embora um pouco mais
pobre que a Europa ou os Estados Unidos, parece muito mais como um
pais economicamente avançado.
A Coreia do Sul, contudo, é apenas parte de um fenómeno mais amplo
frequentemente mencionado como o Milagre Economico do Leste
Asiático. Elevadas taxas de crescimento primeiro aconteceram na Coreia
do Sul, em Taiwan, Hong Kong e Singapura, mas depois se espalharam
pela região, nomeadamente para a China.

70
TEMA III. FORÇAS DE MERCADO DA PROCURA (DEMANDA) E
DA OFERTA

1. INTRODUÇÃO

2. TEORIA DE PROCURA (DEMANDA) E OFERTA

3. FUNÇÃO E CURVA DA PROCURA

4. FORÇAS SUBJACENTES À CURVA DE PROCURA

5. FUNÇÃO E CURVA DE OFERTA

6. FORÇAS SUBJACENTES À CURVA DE OFERTA

7. EQUILIBRIO COM AS CURVAS DE PROCURA E OFERTA

8. EFEITOS DAS DESLOCAÇÕES NA PROCURA E NA OFERTA

9. INTERPRETAÇÃO DAS VARIAÇÕES NO PREÇO E NA


QUANTIDADE

71
FORÇAS DE MERCADO: A PROCURA (DEMANDA)

1. INTRODUÇÃO

O sistema de preços desempenha um papel importante no


sistema económico, constituindo os preços um dos melhores
mios de transmissão de informação entre compradores e
vendedores no mercado.

O mercado pode ser definido como a instituição que facilita o


processo de troca ao permitir o encontro entre compradores e
vendedores. A noção de mercado implica a noção de troca. Nos
mercados os compradores estão do lado da procura e
vendedores do lado da oferta.

A procura e a oferta são proposições que predizem o


comportamento dos indivíduos em respostas a mudança no seu
ambiente económico.

2. FUNÇÃO PROCURA

2.1. DEFINIÇÃO DA PROCURA – QUANTIDADE PROCURADA

A procura traduz o que um individuo (ou grupo de indivíduos)


deseja e é capaz de obter no mercado, num determinado
período de tempo, a um determinado preço, considerando todos
os outros factores constantes além do preço desse bem,
traduzindo a condição ceteris paribus.

A quantidade procurada é a máxima quantidade que um comprador


deseja e pode comprar a um dado preço, a qual pode não ser igual à
quantidade actualmente comprada a esse preço.

72
2.2. PREÇOS RELATIVOS VERSUS PREÇOS MONETÁRIOS
O preço relativo de qualquer bem é o seu preço em termos de outro bem.
O preço monetário de um bem é o preço que é pago, correntemente, em
unidades monetárias (euros, dólares, kwanzas, etc…)

2.3. DEFINIÇÕES DE “BEM”

BENS: Meios materiais ou imateriais que as pessoas utilizam, bem ou mal,


para satisfazer as necessidades. Consumir bens não significa que faça bem
à saúde do consumidor (Ex: O tabaco). Em termos económicos, é o meio
utilizado na satisfação de uma necessidade, mesmo que o seu consumo
seja nocivo. O tabaco, em termos económicos, é mais um bem, apesar de
ser nocivo à saúde. Os bens podem ser livres (a luz e o calor solares, o
vento, etc.) e económicos (o pão, a gasolina, o carvão, etc.).

2.3.1. BEM SUBSTITUTO: Aquele bem que pode ser usado no lugar de
outro, satisfazendo, pelo menos aproximadamente, as mesmas
necessidades. Por exemplo, a margarina e a manteiga. Se o preço de
um bem substituto aumento a quantidade procurada do outro bem
tende a aumentar.

2.3.2. BEM COMPLEMENTAR: É o que é usado em conjunto com outro


para satisfazer uma necessidade. Por exemplo, os computadores e
as impressoras. No caso dos bens complementares a subida do
preço de um bem leva a que a quantidade do complemento
diminui.

2.3.3. BEM INFERIOR: É o bem cuja procura varia inversamente com o


rendimento. Se o rendimento aumenta a procura do bem diminui e
vice-versa.

2.3.4. BEM NÃO RELACIONADO: Os bens que não são relacionados são
designados por bens independentes, significando que a variação do
preço de um bem não afecta a quantidade procurada do outro,
tendo apenas em consideração o efeito rendimento.

73
2.3.5. BEM NORMAL: É aquele bem para o qual, com todo o resto
contante (ceteris paribus), a quantidade procurada varia
directamente com o rendimento, ou seja, a procura aumenta com a
subida do rendimento e desce com a diminuição do rendimento.

2.3.6. BEM VEBLEN OU DE OSTENTAÇÃO: Muitos indivíduos desejam


mostrar o seus status aos outros, mesmo que seja virtual, através
de bens cujo preço é elevado, em termos relativos. Uma forma de o
fazerem é através da ostentação, da utilização ou consumo de bens
cujo preço é elevado em comparação com bens substitutos cujo
preço é mais baixo. O aumento do preço induz estes consumidores
à procura desses bens cujo preço aumenta, para além de
determinado preço umbral.

2.3.7. BEM GIFFEN: É o bem inferior cuja procura varia inversamente com
o preço do bem.

2.3.8. BEMS DE PRODUÇÃO OU INDIRECTOS: Aqueles que servem para a


produção de outros bens e, geralmente, têm mais de uma utilização
(Ex: Máquinas de costura, máquina de fazer blocos…).

2.3.9. BENS DURADOUROS: Aqueles que podem ser várias vezes. (Ex:
Computador, automóvel, casa…).

2.3.10. BENS ECONÓMICOS: Aqueles que existem em quantidades


limitadas. É necessário pagar um preço para os obter. Como são
escassos devem ser poupados (Ex: Alimentos, livros, serviços de
saúde…).

2.3.11. BENS FINAIS: Aqueles que já sofreram todas as transformações


possíveis (Ex: Máquina, Casaco…).

2.3.12. BENS FUNGÍVEIS OU SUCEDÂNEOS: Bens Fungíveis são aqueles que


podem ser perfeitamente substituídos na satisfação de uma
necessidade: Cerveja ibérica e cerveja do norte. Já os Bens
Sucedâneos são aqueles que podem ser imperfeitamente

74
substituídos na satisfação de uma necessidade: Óleo e azeite ou
água e sumo.

2.3.13. BENS IMATERIAIS OU SERVIÇOS: Aqueles que não têm existência


física (Ex: Consulta médica, corte de cabelo….).

2.3.14. BENS INTERMÉDIOS: Aqueles que são consumidos durante a


produção dos bens como matérias-primas (Farinha) e matérias
subsidiárias (Fermento).

2.3.15. BENS LIVRES: Aqueles que existem em quantidades ilimitadas e que


para os consumir não é preciso dar algo em troca (Ex: água do mar,
calor solar, luz do sol…).

2.3.16. BENS MATERIAIS: Aqueles que têm existência física (Ex: pão,
máquina…).

2.3.17. BENS NÃO DURADOUROS: Aqueles que são utilizados só uma vez
para a satisfação das necessidades. Extinguem-se no momento em
que são utilizados (Ex: o leite, a batata…).

2.3.18. BENS PRIVADOS: Aqueles que são produzidos e utilizados


privadamente (Ex: Casacos, alimentos…).

2.3.19. BENS PÚBLICOS: Aqueles cujo o consumo é feito simultaneamente


por vários indivíduos e cujos benefícios revertem a favor das
populações, sem que o seu custo seja superior ao que se verificaria
se fosse destinado a um determinado indivíduo. (Ex: iluminação
pública, estradas….).

Pelas suas características, estes bens não podem ser comparados


nem vendidos no mercado e é necessária a intervenção do Estado
para os produzir ou estimular a produção e a oferta destes bens.

2.3.20. BENS SUPERIORES: São aqueles em que um aumento do rendimento


determina um aumento mais do que proporcional do consumo (Ex:
lazer e cultura).

75
2.4. FACTORES DETERMINANTES DA PROCURA
A quantidade procurada de um bem qualquer, x, que um individuo deseja
comprar é determinado por vários factores, entre os quais se destacam:
(i) Px: o preço desse bem c;
(ii) Ps: os preços dos bens substitutos;
(iii) Pc: os preços dos bens complementares;
(iv) Pn: os preços de outros bens;
(v) Y: rendimento Y;
(vi) T: gostos;
(vii) Pe: expectativas dos futuros preços;
(viii) Dy: distribuição de rendimento Dy;
(ix) B: efeito bandwagen;
(x) F: Preços de Factores de produção (Custos de produção)
(xi) W: riqueza;
(xii) N: variação da população.
A função procura é dada pela expressão:
D = f (Px,Ps,Pc, ………Pn,Y,T,Pe, Dy, B, W,F,N)

A procura é influenciada por factores externos e internos, nomeadamente:

(a) Factores externos: Entre os factores externos, podem destacar-se o


marketing das empresas sobre o produto, a promoção, o preço, o
lugar. A cultura do consumidor como a religião, a etnicidade, os
grupos de referência a classe social.

(b) Factores internos: O consumidor é também influenciado por fatores


internos tais como processo psicológico traduzido na motivação, na
percepção, nos factores viscerais, nas atitudes e no conhecimento
das várias marcas.

76
O efeito framing, que consiste no efeito de enquadramento da
apresentação de um determinado bem ou serviço, influenciará a procura
dos indivíduos, nomeadamente: através da ligação que produz dos
factores externos aos factores internos desencadeando uma tendencial
escolha de um determinado individuo pelo produto em questão.
2.5. EFEITOS DE VARIAÇÃO DE PREÇO
A variação do preço (explicito ou implícito) leva à existência de dois
efeitos:
(i) O efeito Rendimento; e

(ii) O efeito Substituição.


A lei de procura funciona devido ao efeito total ou efeito preço que é a
soma do efeito rendimento e do efeito substituição.
Efeito Rendimento: O efeito rendimento é o efeito de uma variação do
preço na quantidade procurada resultante do facto de o consumidor ficar
com mais ou menos rendimento real provocado pela alteração do peço do
bem, ceteris paribus.
Efeito Substituição: O efeito substituição verifica-se quando a variação do
preço relativo de um bem se altera, levando os consumidores a alterarem
a composição da procura dos bens a fim de maximizarem a sua utilidade.
Se o preço de um bem sobe, os consumidores tendem a substituí-lo (pelos
menos em parte) por um outro bem.
Efeito total ou efeito preço: O efeito total ou efeito preço traduz-se no
somatório dos dois efeitos, o efeito rendimento e o efeito substituição.
Efeito snob: O efeito snob traduz-se numa curva de procura crescente,
quando aos indivíduos snobs. No efeito snob, o individuo procura
diferenciar-se dos outros. Assim, a procura de um bem pelo efeito snob
leva a que a procura de um bem decresça (para os indivíduos snob).
Efeito Bandwagon (Procura bandwagen): Nos casos em que os indivíduos
tendem a procurar mais de um determinado bem devido a que muitos
outros o procurem e consumem, existe o chamado efeito de maioria,
efeito chefe ou Bandwagon Effect. O desejo dos indivíduos para usarem os
bens que outros também usam, sobretudo os indivíduos aos quais se

77
desejam associar em termos de status, deve-se ao facto de se poderem
considerar dentro da moda, pelo efeito imitação.

3. CURVA DA PROCURA – FUNÇÃO INVERSA DO PROCURA

3.1. DEFINIÇÃO DA CURVA DA PROCURA


A curva da procura evidencia a quantidade procurada de um bem para
vários preços, considerando-se que os outros determinantes da procura
não variam (condição ceteris paribus), sendo essa relação, entre o preço e
a quantidade procurada, normalmente inversa, pelo que a curva da
procura tem um declive (inclinação) negativo, onde por convenção, se
mede o preço (P) no eixo dos ordenados e a quantidade procurada (X) no
eixo das abcissas, que é conhecida por função da procura.
Em outras palavras, a curva da procura é desenhada de cima para baixo,
da esquerda para a direita, e sua inclinação negativa indica que a
quantidade procurada aumenta à medida que o preço baixa. Esta
característica ilustra a lei da procura decrescente, que se aplica a
praticamente todos os bens, livros, açúcar, trigo, roupas, aparelhos de
som, etc…
Ceteris Paribus
Hipótese a considerar em certas leis e funções económicas em que se
consideram vários factores constantes, excepto aquele que está a ser
investigado. Esta Expressão latina é muito utilizada na análise económica.
Ex: A procura de um bem depende do seu preço (P), do preço dos bens
sucedâneos (P´), do gosto (G). A lei procura de um bem relaciona a
procura desse bem em relação ao seu preço mantendo os outros factores
constantes.
LEI DA PROCURA DECRESCENTE

78
Segunda essa lei, portante, toda a vez que o preço diminui a quantidade
procurada aumenta. Toda a vez que o preço aumenta, a quantidade
procurada diminui,
3.2. FUNÇÃO DA PROCURA
Podemos apresentar a expressão analítica de uma função procura através
de uma equação de primeiro grau, expressando a procura do bem por X,
por simplificação: X = a – bP
Onde, X representa a procura do bem que é a variável dependente, P
representa o preço do bem, sendo a variável independente, e a e b são
parâmetros.
A função inversa da procura é dada pela seguinte expressão:
P = a – 1/b X
Em termos gráficos, a função procura (inversa) numa versão linear
apresenta o seguinte decliva ou inclinação:
Curva da procura (função inversa)

A inclinação negativa da curva da procura reflete a lei geral da procura,


significando que existe uma relação inversa entre a quantidade procurada

79
e o preço do bem, para a maioria dos bens (excepto para os bens Giffen e
para os bens com o efeito snob ou bens Veblen).
O efeito da variação do preço de um bem X, mantendo-se constante os
restantes factores, faz com que o consumidor altere a quantidade
comprada do bem.

FORÇAS DE MERCADO: A OFERTA

4. FUNÇÃO OFERTA

4.1. DEFINIÇÃO DA QUANTIDADE OFERTADA


A quantidade oferecida para cada nível de preço é o máximo de bens e
serviços que os vendedores desejam e são capazes de oferecer aquele
preço, durante um período mantendo os outros factores constantes
(ceteris paribus)
Tal como o caso de procura, a quantidade oferecida altera-se de acordo
com uma variedade de factores. A lei da Oferta diz que a quantidade
oferecida aumentará quando o preço sobe e descerá se o preço baixar,
ceteris paribus. Deste modo, verifica-se uma relação directa entre o preço
e a quantidade oferecida, ao contrário do que acontece no caso da
procura.

4.2. RAZÕES (DETERMINANTES) DO AUMENTO DA QUANTIDADE


OFERECIDA
A quantidade oferecida normalmente aumentará quando o preço sobe,
por várias razões:
(i) Um preço mais elevado tenderá a aumentar os lucros dos
vendedores actuais, dados os custos de produção; levando-os a
aumentar a oferta;

(ii) Um maior preço atrairá novos fornecedores;

80
(iii) Para além de certo montante de produção, os custos aumentam
cada vez mais rapidamente.
O primeiro e o terceiro determinantes afectam a oferta no curto prazo,
enquanto o segundo afecta-a no longo prazo.

4.3. CURVA DA OFERTA

A oferta de um determinado bem varia directa e positivamente ao seu


preço. A um determinado preço, os vendedores estarão dispostos a
oferecer X unidades de bem em causa. Quando o preço desce a
quantidade oferecida baixa, o que significa que a quantidade oferecida
diminui à medida que o preço diminui. Quando o preço sobe, o inverso
verificar-se-á.
A curva de oferta tem uma inclinação positiva devido ao custo marginal
crescente: a produção de uma unidade adicional aumenta o custo
adicional ou custo marginal.

4.4. FUNÇÃO OFERTA


A função Oferta pode ser expressa, de forma simples por uma função
linear:
Xs = a + bP
Sendo Xs a oferta do bem, P o preço e sendo a e b parâmetros, o que pode
ser visualizado no seguinte gráfico:

81
O gráfico mostra a relação positiva entre o preço e a quantidade oferecida
pelos productores. Um aumento do preço leva a uma maior oferta do
bem.

4.5. FACTORES QUE DESLOCAM A OFERTA


Existem alguns factores que fazem com que a curva da oferta se desloque,
diminuindo os níveis de produção ou, ao invés, aumentando-os. Podemos
enumerar os seguintes:
(a) Custos de produção: Normalmente, a oferta é afectada pelos
factores com influência nos custos unitários de produção. As
principais razões pelas quais os custos de produção variam são:

(i) Alterações nos preços das matérias primas e outros factores


de produção;
(ii) Alterações na tecnologia;
(iii) Mudanças organizacionais;
(iv) Política governamental: subsídios
(v) Outros factores além dos mencionados, nomeadamente
variações no preço de petróleo ou expectativas de varia
ordem.

82
(b) O maior lucro de produtos alternativos (produtos substitutos); se
um produto substituto se torna mais rendível para os productores a
sua produção aumentará com sacrifício do menos rendível;

(c) A maior rendibilidade de bens produzidos conjuntamente;

(d) Choques de varia natureza, como por exemplo, guerras ou a sua


ameaça e acontecimentos naturais;

(e) Expectativas relacionadas com os preços futuros de outros bens;

(f) Números de vendedores.

4.6. LEI DA OFERTA


A quantidade ofertada de um bem geralmente varia directamente co o seu
preço, presumindo-se que todos os outros factores que influenciam a
oferta permanecem inalterada. Isto significa que a quantidade de um bem
oferecido á venda aumenta à medida que o preço desse bem se eleva, e
diminui quando o preço desse bem baixa.

4.7. EQUAÇÃO DA OFERTA


A função geral da Oferta pode ser formalizada do seguinte modo:
Xs = f (Px, C, R, Pe, μ um )
Onde
Xs representa a quantidade oferecida;
Px , o preço do bem x;
C os custos de produção;
R, rendimentos
Pe, as expectativas; e
μ outros factores que influenciam a oferta.

Ou

83
QsA= f ( PA, PB, PC, T, F, M, E, ….)
Onde
QsA , quantidade oferecida do bem A
PA, Preço do bem A
PB e PC como Preços dos bens relacionados que são produzidos (n
sucedâneos/complementares na produção – B, C)
T, Tecnologia
F, Preços dos factores de produção (Custos de produção)
M, meteorologia
E, Expectativas

5. EQUILÍBRIO COM AS CURVAS DE PROCURA E OFERTA /


EQUILÍBRIO DO MERCADO DE UM BEM

5.1. DEFINIÇÃO DO EQUILÍBRIO DO MERCADO

Combinando a procura e a oferta são determinados o preço e a


quantidade de equilíbrio. O equilíbrio do mercado é dado onde a
procura e a oferta se igualam. Formula: Xd = Xs

5.2. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

84
O gráfico anterior representa o equilíbrio de mercado do bem X. O ponto
de equilíbrio do mercado é dado pela intercessão das curvas de procura
(D= Demand em inglês) e da oferta (O = S - Supply), determinando o preço
e a quantidade que equilibra este mercado.

5.3. EXEMPLOS DE EQUILIBRIO DE MERCADO

5.3.1. Se em determinada região, existirem 50 empresas oferecendo um


dado bem, cada um destes produtores enfrenta as seguintes funções de
procura e de oferta dos compradores e dos produtores individuais,
respectivamente: Xd = 14 – 2P e Xs = 20P – 2. Sendo Xd, a quantidade
procurada e Xs, a quantidade oferecida e P, o preço unitário do bem no
mercado. No mercado existem 10.000 compradores deste produto. Quer
saber-se qual é o preço (P), do bem e a quantidade de equilíbrio no
mercado.

85
RESOLUÇÃO
Começamos por explicar a função da oferta no mercado que é dada por:
(i) Xs ou S = n.x Xs = 50 (20P – 2) Xs mercado = 1.000P –
100
A função da procura global no mercado (Xd) será dada por:
(ii) Xd ou D = 10.000(14 – 2P) X = 140.000 – 20.000P
O equilíbrio no mercado resultará da igualdade entre a procura (D) e a
oferta (S) globais no mercado, ou seja, D=S. Então, igualando as duas
funções da procura e da oferta, tem -se:
(iii) 140.000 – 20.000P = 1.000P - 100
Resolvendo esta equação do primeiro ordem a P, tem-se
(iv) - 20.000P – 1000P = - 140.000 – 100 - 21.000P = - 140.100
O que significa que o preço de equilíbrio é:
(v) P = - 140.100/- 21.000 = 6,67 Euros
Pelo simples facto de existir, como pressuposto, a soberania do
consumidor, optamos por calcular a quantidade de equilíbrio através da
função de procura: X = 140.000 – 20 (6,67);

(vi) Isto é, a quantidade de equilíbrio é dada por; X = 140.000 –


133.400= 6.600 unidades

Conclusões: Quando o mercado está em equilíbrio não existe nem


excesso de procura nem excesso de oferta. Os preços são os mecanismos
através dos quais o mercado afecta (tendencialmente de forma eficiente)
os recursos produtivos.

5.3.2. SITUAÇÃO DO MERCADO

Quantidade Quantidade
Preço por Kg Procurada Oferecida Pressão sobre o
(Akz) (Kg por mês) (Kg por mês) Situação do Mercado Preço

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Excedente ou Excesso Descida
A - 100,00 20 150 de oferta (+130) (descendente)

Excedente ou Excesso Descida


B -70,00 50 120 de oferta (+ 70) (descendente)
Equilíbrio de Mercado
E - 40,00 80 80 (0) Neutral
Escassez de Oferta ou
Excesso de procura
F - 20,00 110 40 (+70) Subida (ascendente)
Escassez de Oferta ou
Excesso de procura
G - 10,00 130 20 (+110) Subida (ascendente)

Este equilíbrio tem lugar para o preço igual à 40,00 Akz por Kg. Para o
preço maior, a quantidade oferecida excede a procurada e as existências
fazem com que o preço diminui.

O equilíbrio do mercado verifica-se com o preço e a quantidade com que


as forças da procura e da oferta se equiparam. Nesse ponto, o montante
que os consumidores/demandantes querem comprar é exactamente igual
ao montante que os vendedores/ofertantes querem vender.

Em troca, para qualquer preço inferior ao do equilíbrio, a quantidade


procurada supera a oferecida, os demandantes insatisfeitos fazem subir o
peço até à situação de equilíbrio. (Gráfico será explicada na aula prática)

6. EFEITOS DAS DESLOCAÇÕES NA PROCURA E NA OFERTA

6.1. A análise do esquema da procura e da oferta pode ajudar muito


para além do conhecimento do preço e da quantidade de equilíbrio. Pode
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ser igualmente utilizada para prever o impacto das mudanças nas
condições económicas sobre os preços e as quantidades.

Por exemplo, suponha que condições meteorológicas desfavorecidas


fazem aumentar o preço do trigo, o principal ingrediente do pão.
Isto faz deslocar a curva do pão para a esquerda.
Pelo contrário, a curva de procura não se deslocou porque o desejo de
sanduiches das pessoas é pouco afectado pelas situações meteorológicas.

Fontes: Internet Google


Deslocações da Procura e da Efeito sobre o Preço
Oferta e a Quantidade
Se a procura A curva da Procura-se para a Quantidade
aumenta direita Preço + +
Se a procura A curva da Procura-se para a Quantidade
baixa esquerda Preço - -

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Se a oferta A curva da Oferta desloca-se Quantidade
aumenta para direita Preço - +
Se a oferta A curva da Oferta desloca-se Quantidade
baixa para esquerda Preço + -

NOTA

6.2. A demonstração nas diferentes curvas será feita nas aulas práticas
(Ver Economia – Samuelson, páginas 56 e 57)

Quando se alteram os elementos subjacentes à produção ou à oferta, isso


leva a deslocações na procura ou na oferta e a variações no preço e na
quantidade de equilíbrio do mercado.

7. INTERPRETAÇÃO DAS VARIAÇÕES NO PREÇO E NA


QUANTIDADE

7.1. O aumento do preço significa que a procura do “pão” aumentou ou


que passou a ser mais caro produzir este bem? A resposta correcta
é que, sem informações, não sabemos. Tanto pode ser uma coisa,
como podem ser as duas.

Vejamos um outro exemplo. Se estão a vender-se menos bilhetes


de avião, significa que as tarifas aéreas aumentaram ou que a
procura de transporte aéreo ou que a procura de transporte aéreo
diminuiu? As companhias aéreas estão muito interessadas na
resposta a esta questão.

7.2. Os economistas enfrentam este tipo de questões constantemente.


Quando os preços e as quantidades variam num mercado, a
situação reflecte uma variação no lado da oferta ou da procura?
Por vezes, em situações simples, a analise simultânea do preço e da
quantidade dá uma pista sobre se foi a curva da oferta que se
deslocou ou se foi a curva da procura.

Por exemplo, um aumento do preço do pão acompanhado de uma


diminuição na quantidade sugere que a curva da oferta se deslocou
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para a esquerda (uma diminuição da oferta). Um aumento do preço
acompanhado de um acréscimo na quantidade indica que a curva
da procura de pão provavelmente se deslocou para a direita (um
acréscimo na procura).

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