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Engenharia Ecológica
& Tecnologia Ambiental
Engenharia Ecológica e Tecnologia Ambiental 2021, 22(2), 52–58 Recebido: 2020.12.22

https://doi.org/10.12912/27197050/133329 Aceito: 2021.02.12

ISSN 2719-7050, Licença CC-BY 4.0 Publicado: 2021.02.21

Uma solução eco-inovadora para reutilização de produtos químicos lixiviados

Lodo de Precipitação: Aplicação na Cobertura de Aterros Sanitários

Alfredo Martínez-Cruz1,2,3, Annabel Fernandes3,4,*, Filomena Ramos2 ,

Sofia Soares2, Pedro Correia2, Ana Baía3,4, Ana Lopes3,4, Fátima Carvalho2,3

1
Instituto de Engenharia, Universidade Nacional Autônoma do México, Circuito Escolar s/n, Ciudad Universitaria,
Delegação Coyoacán, Cidade do México 04510, México
2
Departamento de Tecnologia e Ciências Aplicadas, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Beja, 7800-
295 Beja, Portugal

3 FibEnTech/UBI-Unidade de Investigação em Materiais de Fibra e Tecnologias Ambientais, Universidade da Beira Interior,

6201-001 Covilhã, Portugal
4
Departamento de Química, Universidade da Beira Interior, 6201-001 Covilhã, Portugal
* Email do autor para correspondência: annabelf@ubi.pt

Abstrato
O lixiviado de aterro sanitário foi tratado por precipitação química e avaliou-se o potencial de utilização de misturas do lodo
de precipitação química (CPS) gerado e solo natural para cobertura dos resíduos sólidos em aterros sanitários.
Foram realizados ensaios com solos contendo 0, 5 e 10% de CPS, sendo determinados a matéria orgânica, pH, compactação,
condutividade hidráulica, granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade e índice de plasticidade. Verificou-se que a
lixiviação aumentou com a concentração de CPS, assim como o teor de partículas finas no solo, o que reduziu a
condutividade hidráulica. O pH foi o parâmetro mais afetado, com valores de 7,03, 7,12 e 11,46 para 0, 5 e 10% CPS,
respectivamente. Porém, a 5% de CPS, a biodegradabilidade foi favorecida sem aumento significativo no processo de
lixiviação, mostrando que o CPS pode ser utilizado como material de cobertura temporário, sem afetar negativamente o
sistema de aterro, sendo uma solução eco-inovadora para a disposição final de o lodo.

Palavras-chave: reaproveitamento de lodo, aterro, material de cobertura, precipitação química.

Introdução líquido com odor desagradável e altos valores de

+ e
demanda química de oxigênio (DQO), pH, NH4 ,
O aterro sanitário é, atualmente, o método mais metais pesados, sendo as características físico-químicas
aplicado para destinação de resíduos. Ao utilizar os dependentes da idade do aterro [Raghab et al. 2013].
princípios da engenharia, os resíduos são reduzidos ao
menor volume prático e confinados à menor área prática, Os processos convencionais de tratamento de
que é coberta com uma camada de solo para evitar lixiviados de aterros sanitários incluem tecnologias físico-
danos ou perigos à saúde ou segurança pública [Raghab químicas, biológicas e de membranas, gerando lodo
et al. 2013]. Esse processo gera lixiviados, representando como subproduto usual desses tratamentos. Esse lodo
um grande problema para a gestão de aterros de contém grande quantidade de poluentes, que podem
resíduos sólidos. causar poluição secundária ao meio ambiente se
O lixiviado de aterro é o líquido resultante da umidade manuseados de forma inadequada [Wang et al.
natural e da água presente nos resíduos, da degradação 2010, junho et al. 2015]. Portanto, o gerenciamento de
da matéria orgânica e da infiltração de água na cobertura lodo é de extrema importância e deve ser parte
e nas camadas internas das células do aterro [Peng fundamental de qualquer estação de tratamento de
2013]. É uma cor escura lixiviados de aterros sanitários [Xu et al. 2014].

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Para o processo de aterro sanitário é necessária
uma grande quantidade de materiais de cobertura para
cobrir os resíduos. Solo misturado com lodo pode ser
uma alternativa aos materiais de cobertura tradicionais.
Na verdade, a poluição causada pelas lamas pode ser
evitada num sistema de aterro fechado [Jun et al.
2015]. Normalmente, os sistemas de cobertura podem
ser divididos em cobertura temporária (incluindo
cobertura diária e cobertura provisória) e cobertura
final. O principal objetivo da cobertura temporária é
reduzir a infiltração da chuva e evitar que os resíduos
fiquem expostos à chuva [Kamon et al. 2002]. A Figura
1 mostra os critérios de construção dos sistemas de
cobertura recomendados pela Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos, que afirma que a
condutividade hidráulica recomendada na camada de
barreira em um sistema de cobertura para um aterro
municipal deve ser menor ou igual a 1×10-5 cm·sÿ1
[Kamon et al. 2002].
Li et al. (2003) e junho et al. (2015) sugeriram
que a cobertura temporária em um aterro sanitário
deveria permitir a recirculação do lixiviado, garantindo,
ao mesmo tempo, degradação uniforme e estabilidade
dos resíduos. Materiais alternativos de cobertura diária
são sugeridos no Guia Padrão para Avaliação e
Seleção de Coberturas Diárias Alternativas para
Aterros Sanitários [ASTM 2005], que inclui espumas,
lamas pulverizadas, geossintéticos e materiais
indígenas (como lodo, cinzas). e pneus triturados),
com diferentes níveis de permeabilidade [Jun et al.
2015].
A utilização de lamas desidratadas como material
temporário de cobertura de aterros também é uma
opção que tem sido amplamente estudada [Jiao 2007,
Zhou e Wu 2011, Chen et al. 2013]. Ainda assim, há
uma falta de compreensão profunda da interação entre
o solo, o lodo e a água da chuva [Li 2006, Yang et al.
2012]. Durante a operação e após o fechamento do
aterro sanitário, a cobertura provisória é embebida no
lixiviado.
Figura 1. Critério de construção para sistemas de cobertura recomendado pela USEPA (adaptado de Kamon et al. 2002)
O objetivo do presente estudo foi avaliar a
possibilidade de utilização de lodo de precipitação
química (CPS) misturado ao solo natural como
agregado para material de cobertura temporária em
aterro sanitário. O CPS foi obtido a partir de um
tratamento por precipitação química básica (BCP) do
lixiviado do aterro sanitário. A efetividade do reuso do
CPS foi acessada e discutida.
Materiais e métodos
As amostras de lixiviados do aterro sanitário foram
recolhidas à entrada de uma lagoa de estabilização
do aterro sanitário de resíduos não perigosos da
Associação de Municípios do Alentejo Central
(AMCAL), localizado em Vila Ruiva, Concelho de
Cuba, Distrito de Beja, Portugal.
A amostra de lixiviado foi tratada por processo de
precipitação química básica [Ramalho 2015], através
da adição de 160 mL de solução aquosa de óxido de
cálcio 200 g·L-1 a 1 L de lixiviado, com agitação
constante de 300 rpm, por 40 minutos. min. Seguiu-
se à precipitação um período de sedimentação de
duas horas, para separar o lodo do sobrenadante.
O CPS obtido foi então seco sob condições ambientes
para desidratar. O CPS foi caracterizado através de
condutividade elétrica, pH, sólidos totais, sólidos
voláteis, nitrogênio Kjeldahl total (TKN) e NH4
+
-N determinações, de acordo com o
Métodos padrão para exame de água e águas residuais
[APHA 2012].
O CPS foi misturado ao solo utilizado como
material de cobertura temporária do aterro sanitário da
AMCAL. Foram estudadas diferentes concentrações
mássicas de CPS, nomeadamente 0, 5 e 10%.
A amostragem superficial do solo foi realizada de
acordo com a norma ISO 18400-101:2017 [ISO 2017].
O solo foi classificado de acordo com o Sistema
Unificado de Classificação de Solos utilizando o
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Prática padrão para classificação de solos para fins
de engenharia ASTM D2487 [ASTM 2017a], com
base em determinações laboratoriais de características
de tamanho de partícula, limite de liquidez, limite
plástico e índice de plasticidade. A distribuição
granulométrica foi determinada de acordo com o
Método de Teste Padrão para Análise de Tamanho
de Partículas de Solos ASTM D-422 [ASTM 2007]. As
determinações do limite de liquidez limite de
plasticidade e índice de plasticidade foram realizadas conforme
10 [ASTM 2010]. O teor de matéria orgânica foi
determinado pelo método de Walkley e Black [Galantini
et al. 1994]. O pH foi determinado de acordo com o
método EPA 9045D, delineado pela Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos [US EPA
2004].
Também foram determinadas as características
de compactação e condutividade hidráulica do solo e
das misturas solo+CPS. O método de compactação,
utilizado para determinar a relação entre o teor de
água de moldagem e o peso unitário seco dos solos,
seguiu a norma ASTM D698-12e2, utilizando o
Standard Effort [ASTM 2017b]. A condutividade
hidráulica do poroso saturado foi analisada de acordo
com a norma ASTM D 5084–03 [ASTM 2016]. Três
repetições foram realizadas para cada determinação.
Para avaliar a possível mobilidade dos
contaminantes presentes no material de cobertura
pela introdução do CPS, os testes de lixiviação foram
realizados com base no Standard EPA Test Method
1312 [US EPA 1994]. Experimentos do tipo batelada
foram realizados em escala laboratorial, utilizando
água reagente ASTM tipo II como fluido de extração,
por um período de 48 horas de lixiviação. A fase
líquida foi analisada através de pH, condutividade
elétrica, potencial de oxidação-redução, absorbância
em 254 e 410 nm, DQO, demanda bioquímica de
oxigênio (DBO5 ), dureza total e cálcica, total e, SO4
+-
alcalinidade da fenolftaleína, Clÿ 2ÿ, e NH4
N determinações, realizadas em triplicado. Todas as
determinações foram realizadas de acordo com o
Tabela 1. Caracterização do lodo de precipitação
química utilizado no estudo
Valor médio ±
Parâmetro
Desvio padrão
pH 12,40±0,02
Condutividade elétrica, mS·cmÿ1 28,5±0,2
Sólidos totais, % 98±1
Sólidos voláteis, % 11±1
Nitrogênio Kjeldahl total, g·kgÿ1 2,0 ± 0,2
0,15±0,02
N-NH4 +, g·kgÿ1
54
Métodos padrão para exame de água e águas
residuais [APHA 2012].
Resultados e discussão
A Tabela 1 apresenta a caracterização do CPS
obtido a partir do tratamento de precipitação química
básica de lixiviados de aterro sanitário. O elevado
valornorma
de pH ASTM
apresentado
D4318-deveu-se ao hidróxido de
cálcio formado pela reação do óxido de cálcio com
água no processo BCP. O resultado da condutividade
elétrica indicou alta salinidade do CPS.
+-N e TKN foram
A relação entre NH4
7,5% e, quando comparado com a mesma relação
para o lixiviado bruto (88%), sugere um bom NH4
+
-N remoção durante BCP.
A amostra de solo do aterro AMCAL, utilizada
neste estudo para misturas CPS+solo, era composta
por 65,71% de cascalho, 22,95% de areia, 6,94% de
silte e 4,4% de argila. De acordo com o Sistema
Unificado de Classificação de Solos [ASTM 2017a], o
solo utilizado no presente estudo é classificado como
cascalho argiloso com areia, misturas de cascalho-
areia-argila, símbolo do grupo GC. A distribuição
granulométrica da amostra analisada é apresentada
na Figura 2 e a análise do solo é apresentada na
Tabela 2. Um fato importante a destacar é a ausência
de matéria orgânica no solo. Além disso, o valor do
pH indica um solo neutro.
Para as diferentes concentrações de CPS
utilizadas, o teor de umidade ótimo para atingir a
densidade máxima, resultante dos ensaios de
compactação, foi de 8,6 ± 0,1%, 9,9 ± 0,2% e 10,8 ±
0,2% para 0, 5 e 10% de CPS, respectivamente. (Fig.
3). Quanto à condutividade hidráulica das amostras
compactadas com teor de umidade ótimo (teste de
Proctor, para densidade máxima), os resultados
obtidos foram 4,6 ± 0,1, 3,2 ± 0,1 e 1,3 ± 0,1×10-6
cm·sÿ 1, para 0, 5 e 10% CPS, respectivamente. O
aumento na concentração de CPS aumenta o conteúdo
de partículas finas no solo, aumentando o ótimo
Tabela 2. Caracterização do solo utilizado como
cobertura diária no aterro sanitário da AMCAL
Parâmetro Valor médio
pH 6,9
Matéria orgânica 0,1%
Limite de liquidez 32%
Limite de plástico 23%
Índice de plasticidade 9%
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Figura 2. Análise granulométrica do solo utilizado como cobertura diária no aterro sanitário da AMCAL

Figura 3. Resultados dos ensaios de compactação obtidos para as diferentes concentrações de CPS no solo

teor de umidade e redução da condutividade hidráulica,
conforme relatado por Rico e del Castillo (1992). Para
todas as concentrações de CPS estudadas, os
resultados de condutividade hidráulica estiveram
dentro dos limites recomendados pela USEPA, com
valores inferiores a 1×10-5 cm·sÿ1 [Kamon et al. 2002].
A adição de CPS ao solo aumenta o teor de
partículas com dimensões menores que 0,002 mm,
permitindo efeito semelhante ao da argila, que se
supõe ter significativa capacidade de melhorar a
plasticidade e as condições de compactação do solo
que atuam da mesma forma. como argila, com
significativa capacidade de modificar as condições de
compactação do solo [Safari e Bidhendi 2007]. A
compactação é um processo mecânico que, através
da aplicação repetida e rápida de cargas ao solo, leva
à diminuição do seu volume e, consequentemente, à
diminuição do índice de vazios e ao aumento do peso
seco. Esta redução de volume resulta essencialmente
da expulsão de ar dos vazios do solo, sem qualquer
mudança no teor de água ou mudança no volume das
partículas sólidas durante o processo.
Ao aplicar uma determinada energia de compactação,
a massa específica resultante é função do teor de
umidade que o solo contém. Quando compactado com
baixo teor de umidade, o atrito entre as partículas é
muito alto e nenhuma redução significativa de vazios
é alcançada. Na compactação com maiores teores de
umidade, a água atua como lubrificante entre as
partículas que deslizam entre elas, acomodando-se
em um arranjo mais compacto.
As misturas solo+CPS, com diferentes teores de
CPS, foram submetidas a testes de lixiviação e os
resultados são apresentados na Tabela 3. A adição de
CPS ao solo resultou em aumento do pH do lixiviado
resultante, principalmente a 10% de CPS. O valor
negativo encontrado para o potencial de oxidação-
redução, a 10% CPS, é consistente com um meio
redutor, que é alcalinizado pela geração de íons OH-.
Reações como a redução de

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Tabela 3. Resultados dos testes de lixiviação utilizando diferentes concentrações de CPS

Concentração de CPS no solo
Parâmetro
0% 5% 10%

pH 7,03±0,03 7,12±0,03 11,46±0,07

Potencial de oxidação-redução, mV 186±4 172±2 -25±1

Absorvância a 254 nm (diluição 1:50) 0,012±0,002 0,017±0,001 0,032±0,001

Absorvância a 410 nm 0,066±0,001 0,071±0,001 0,093±0,001

Demanda química de oxigênio, mg·L-1 245±2 263±8 498±2

Demanda química de oxigênio dissolvido, mg·L-1 68±1 104±7 374±4

Índice de biodegradabilidade 0,11 0,21 0,13

Demanda bioquímica de oxigênio, mg·L-1 27 ± 2 56±2 67±3

Alcalinidade total, mg·L-1 CaCO3 238±8 340±9 626±13

Alcalinidade da fenolftaleína, mg·L-1 CaCO3 Não detectado Não detectado 408±11

Cl- , mg·L-1 15±3 122±2 460±5

2-
SO4 , mg·L-1 11,7±0,2 15,1±0,1 27,1±0,2

NH4 +-N, mg·L-1 0,19±0,08 0,23±0,08 0,9±0,2

Condutividade elétrica, mS·cm-1 232 513 2165

Dureza total, mg·L-1 CaCO3 47,1 94,2 306,1

Dureza do cálcio, mg·L-1 CaCO3 19 57 254

o sulfato e a geração de metano, ambos desejados no
processo de aterro, são favorecidos nessas condições.
Os resultados de absorbância em 410
nm indicam um aumento na intensidade da cor com a
concentração de CPS. Da mesma forma, o conteúdo
em compostos de alto peso molecular, com alto grau de
aromatização e grupos fenólicos, diretamente
relacionados com a absorbância em 254 nm, aumentou
com a concentração de CPS. Na verdade, todos os
parâmetros analisados aumentaram seus valores com
a concentração de CPS, principalmente quando a
concentração de CPS foi alterada de 5 para 10%.
A adição de CPS ao solo aumenta a eletricidade
condutividade cal e dureza total e cálcica. Novamente,
este aumento é mais pronunciado quando a concentração
de CPS é aumentada de 5 para 10%. O aumento da
dureza pode ser atribuído ao cálcio presente no CPS,
proveniente da adição de hidróxido de cálcio durante o
processo de precipitação química. O aumento da
condutividade elétrica também pode ser explicado pela
presença de cálcio, bem como de outras espécies
iônicas presentes no CPS, como cloreto e sulfato.
ser gerado no aterro, favorecendo o sistema de aterro.
Atendendo aos resultados descritos, pode-se
concluir que o CPS pode ser empregado com sucesso
como agregado para material de cobertura em aterros
sanitários. Embora haja aumento do pH e dos sólidos
dissolvidos, não há impacto negativo na operação do
aterro.
O aterro AMCAL produz, durante a estação
chuvosa, até 50 m3 por dia de chorume [Figueira 2009].
Considerando que cada litro de lixiviado tratado gera
27,8 g de CPS [Ramalho 2015], seriam produzidos
aproximadamente 1.390 kg de CPS por dia. A aplicação
de uma mistura de solo + CPS-5% resultaria em,
aproximadamente, 27.800 kg de material de cobertura
por dia, o que, segundo Ramalho (2015), garante a total
integração do lodo produzido ao sistema de aterro,
proporcionando uma -alternativa inovadora para seu
uso.
Conclusões

Em relação ao índice de biodegradabilidade (relação
entre DBO5 e DQO, BI) dos lixiviados obtidos nos testes
de lixiviação, o maior IB foi encontrado para a mistura
solo + CPS-5%, com aumento de 91% em relação ao
solo sem lodo. Este resultado indica que a adição de
CPS a 5% tem um efeito positivo na biodegradabilidade
dos lixiviados que serão
O solo utilizado neste estudo como material de
cobertura foi o cascalho argiloso com areia, com baixa
condutividade hidráulica quando compactado (ÿ 1×10-5
cm·sÿ1), conforme recomendado para o correto
funcionamento do aterro sanitário. A adição de CPS ao
solo utilizado como material de cobertura aumentou o
pH e a umidade ótima de compactação.
No entanto, esta condição é compensada pela

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redução da condutividade hidráulica, para que o
aumento da umidade não prejudique o correto
funcionamento do aterro devido ao escoamento
superficial, embora seja necessário um bom sistema
de drenagem na superfície para evitar alagamentos.
A adição de CPS ao material de cobertura
também levou ao aumento do material fino, que atua
da mesma forma como se fosse argila. Assume uma
estrutura em forma de painéis, com pilhas vazadas
entre eles, permitindo a compactação.
A mistura solo+CPS-5% apresentou os melhores
resultados. Isso levou a um aumento da
biodegradabilidade do lixiviado, no teste de lixiviação,
sem aumentar o processo de lixiviação, como ocorreu
no caso da mistura solo+CPS-10%.
A utilização de lodo como agregado para o
material de cobertura temporário não afeta
10. Galantini J., Rosell R., Iglesias J. 1994. Determinação de
negativamente o aterro e pode prevenir os problemas
de poluição causados pelo manejo do lodo. Assim,
a adição de CPS ao solo habitualmente utilizado
como material de cobertura é uma opção eco- 11. ISO 2017. Qualidade do Solo – Amostragem. ISO 18400
inovadora e amiga do ambiente que evita a má
gestão do lodo e os efeitos adversos do sistema de aterro.
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio financeiro
recebido da Fundação para a Ciência e a Tecnologia,
FCT, através do financiamento da UID Fiber Materials
and Environmental Technologies (FibEnTech),
projeto UIDB/00195/2020, e do financiamento
contratual concedido a A. Fernandes.
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