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Diagnostico Meliponicultura Rs 6 Fev 2024
Diagnostico Meliponicultura Rs 6 Fev 2024
CIRCULAR:
divulgação técnica
DIAGNÓSTICO DA MELIPONICULTURA
NO RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre, RS
2024
Governador do Estado do Rio Grande do Sul: Eduardo Figueiredo Cavalheiro
Leite.
Comissão Editorial:
Loana Silveira Cardoso; Lia Rosane Rodrigues; Bruno Brito Lisboa; Larissa Bueno
Ambrosini; Flávio Nunes; Raquel Paz da Silva.
Catalogação e normalização:
CDU 638.12(816.5)
REFERÊNCIA
1 INTRODUÇÃO..................................................................... 8
2 METODOLOGIA .................................................................. 9
6 AGRADECIMENTO ........................................................... 47
REFERÊNCIAS .................................................................... 48
LISTA DE FIGURAS
DIAGNÓSTICO DA MELIPONICULTURA
NO RIO GRANDE DO SUL
1
Pesquisadora, Doutora em Gestão, Departamento de Diagnóstico e
Pesquisa Agropecuária (DDPA)/SEAPI. E-mail: larissabueno@gmail.com
2
Pesquisadora, Mestre em Ciências Sociais, Departamento de Diagnóstico
e Pesquisa Agropecuária (DDPA)/SEAPI. E-mail: denise-
kroeff@agricultura.rs.gov.br
3
Pesquisadora, Doutora em Zootecnia, Departamento de Diagnóstico e
Pesquisa Agropecuária (DDPA)/SEAPI. E-mail:
carolina.bremm@yahoo.com.br
4
Pesquisadora, Doutora em Ciências Veterinárias, Departamento de
Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA)/SEAPI. E-mail:
grreis@gmail.com
5
Extensionista, Mestre em Ciências Veterinárias, Emater-RS. Email:
roliveira@emater.tche.br
6
Extensionista, Mestre em Aquicultura, Emater-RS. Email:
sampaio@emater.tche.br
7
Pesquisadora, Doutora em Biociências, Departamento de Diagnóstico e
Pesquisa Agropecuária (DDPA)/SEAPDR. E-mail: siwitter@gmail.com
8
Jornalista, repórter fotográfico da Assessoria de Comunicação (SEAPI). E-
mail: fernandokdias@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
8
2 METODOLOGIA
10
3 RESULTADOS DA PESQUISA
14
Tabela 3. Principais fontes de renda das famílias*
n %
Atividade não agrícola 39 35,14
Produção de grãos 34 30,63
Meliponicultura 30 27,03
Apicultura 28 25,23
Aposentadoria 27 24,32
Fruticultura 20 18,02
Bovinocultura de leite 14 12,61
Outra produção vegetal 12 10,81
Bovinocultura de corte 11 9,91
Horticultura 11 9,91
Suinocultura 7 6,31
Outra criação animal 6 5,41
Avicultura 3 2,70
Silvicultura 2 1,80
*Mais de uma resposta possível.
15
gênero precisa ser revisado por taxonomistas. No que se
refere a T. angustula e T. fiebrigi, ambas conhecidas popu-
larmente por jataí, optamos por inserir apenas a segunda
espécie na listagem, pois elas são muito semelhantes, e
pode haver equívoco na identificação. Já para diferenciar
as duas espécies de Lestrimelitta registradas para o RS é
preciso utilização de estereomicroscópio e apoio de
taxonomistas. Estudos para revisão das espécies desse
gênero registradas para o estado estão em andamento no
DDPA. Com relação às abelhas Scaptotrigona (canudo,
tubiba e mandaguari), os nomes populares possivelmente
contém erros, pois os meliponicultores tem dificuldade na
identificação, especialmente da canudo (S. depilis) e da
tubiba (S. tubiba). Como não foram coletadas abelhas para
identificação, provavelmente mandaguari corresponde a
outra espécie do gênero introduzida no RS (S. postica) e,
portanto, não conste na Instrução Normativa nº.3 (RIO
GRANDE DO SUL, 2014). Neste estudo constatou-se
ainda a presença de espécies que não constam nessa
lista, como boca de renda, bugia, tataira e provavelmente
as referidas como manduri amarela e mandaguari. Pelos
nomes populares referenciados pelos meliponicultores,
pode tratar-se das espécies Melipona seminigra Friese,
Melipona mondury Smith, Oxytrigona tataira (Smith), Meli-
pona marginata Lepeletier e Scaptotrigona postica (Latreil-
le), respectivamente.
As espécies mais citadas pelos meliponicultores na
pesquisa foram: jataí (Figura 4), presente em 95,5% das
propriedades, tubuna (40,5%, Figura 5), mirim droriana
(36,9%, Figura 8) e mandaçaia (36,4%, Figura 6) (Tabela
4).
16
Tabela 4. Presença de espécies nativas nas propriedades por
mesorregião e RS (%)
(continua)
Nome Provável nome
COC COR MET NORD NOROE SUDE SODOE RS
comum científico
Abelha
limão/iratim Lestrimelitta spp. 0,00 2,70 2,70 0,00 4,50 0,00 0,90 10,81
Tetragona clavipes
Borá (Fabricius, 1804) 0,00 0,90 1,80 0,00 11,71 0,00 0,00 14,41
Scaptotrigona depilis
Canudo (Moure,1942) 0,00 5,41 3,60 0,90 15,32 1,80 0,00 27,03
Melipona bicolor
Guaraipo schencki (Gribodo, 0,00 2,70 4,50 1,80 2,70 0,00 0,00 11,71
1893)
Schwarziana
Guiruçu/me
quadripunctata
l do chão 0,00 0,00 3,60 0,00 1,80 0,00 0,00 5,41
(Lepeletier, 1836)
Nannotrigona
Iraí testaceicornis 0,00 3,60 2,70 0,90 8,11 0,90 0,00 16,22
(Lepeletier, 1836)
Trigona spinipes
Irapuá (Fabricius, 1793) 0,90 2,70 3,60 0,90 5,41 0,90 0,00 14,41
Tetragonisca fiebrigi
Jataí (Schwarz, 1938) 5,41 10,81 9,91 4,50 58,56 2,70 3,60 95,50
Melipona quadrifasciata
quadrifasciata
Mandaçaia (Lepeletier, 1836) 0,00 6,31 6,31 3,60 17,12 1,80 0,90 36,04
Melipona torrida
Manduri (Friese, 1916) 0,00 5,41 6,31 1,80 11,71 0,00 0,90 26,13
17
Tabela 4. Presença de espécies nativas nas propriedades por
mesorregião e RS (%)
(conclusão)
Mirim Plebeia remota
guaçu (Holmberg, 1903)
2,70 6,31 5,41 3,60 5,41 1,80 1,80 27,03
Scaptotrigona
Tubuna bipunctata (Lepeletier, 1,80 8,11 8,11 0,90 18,92 0,90 1,80 40,54
1836)
20
Figura 4. Jataí. A) Entrada do ninho; B) Armadilha; C) Interior do
ninho
Fonte: Fernando Kluwe Dias
21
Figura 5. Mandaçaia. A) Entrada do ninho; B) Interior do ninho.
Fonte: Fernando Kluwe Dias
22
Figura 6. Tubuna. A) Entrada do ninho; B) Interior do ninho.
Fonte: Fernando Kluwe Dias
23
Figura 7. Manduri. A) Entrada do ninho; B) Interior do ninho.
Fonte: Fernando Kluwe Dias
Alta resolução:
https://drive.google.com/file/d/1HoTwpUwnkqKHtCZbPFHJf1OynnCkRYuV/view?usp=
sharing
Arquivo compactado: 24
https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/202308/24100830-e-book-guia-de-
reconhecimento-de-abelhas-sem-ferrao-do-rio-grande-do-sul-2023-compactado.pdf
Figura 8. Mirim. A) Entrada do ninho de mirim droriana (formato
“boca de sapo”); B) Entrada do ninho de mirim emerina; C)
Interior do ninho de mirim guaçu.
Fonte: Fernando Kluwe Dias
25
3.3 Atividades e renda relacionadas à meliponicultura
26
Figura 9. Mel de abelhas sem ferrão e extrato de própolis
Legenda mel de abelhas sem ferrão: J) mel de jataí, G) mel de
guaraipo, E) mel de emerina, K) mel de canudo, T) mel de tubuna.
Fonte: Fernando Kluwe Dias
27
Figura 10. Caixas para abrigar ninhos de diferentes espécies
de meliponíneos e cera de tubuna
Fonte: Fernando Kluwe Dias
28
Figura 11. Educação ambiental
Fonte: Rosana Morais
29
Figura 12. Culturas agrícolas do RS onde a meliponicultura
auxilia na polinização
Fonte: Fernando K. Dias, Cleyton Geuster, Patricia Nunes-Silva
30
Os dados mostram uma produção anual de 47,7
colônias em média por meliponicultor, sendo muito acentuada
a variação entre os números máximo e mínimo, 488 e zero,
respectivamente. A moda, quantidade mais frequente de
colônias produzidas ficou em dez. A maior parte dos
meliponicultores não respondeu a quantidade de colônias
produzidas conforme as espécies de meliponíneos. A tabela
seguinte (Tabela 7) foi elaborada com base no retorno
daqueles que responderam de forma completa.
31
Questionamos os meliponicultores sobre os valores de
venda das colônias por espécie. A maior parte das respostas
se referiu à venda de colônias de jataí. Elaboramos uma
tabela com todos os registros recebidos e as médias dos
valores, bem como valores máximo e mínimo (Tabela 8).
32
Das abelhas nativas do RS, verifica-se que as colônias
das espécies de maior valor são borá (T. clavipes) e guiruçu
(S. quadripunctata) seguidas de tubiba (S. tubiba), guaraipo
(Melipona bicolor schencki) e mirim saiqui (P. saiqui), o que
pode estar relacionado ao fato destas espécies serem mais
raras ou de ninhos subterrâneo como a guiruçu.
Perguntados sobre as principais destinações dos
produtos da meliponicultura, 85% dos respondentes
consideraram o autoconsumo como importante e muito
importante, enquanto a doação aparece de forma mitigada, a
troca é a via menos importante. A venda aparece como
importante e muito importante para quase 47% (Figura 13).
Troca por outros produtos ou serviços 35,1 25,2 14,4 21,6 3,6
Doa pra amigos, vizinhos e parentes 11,7 22,5 27,9 27,9 9,9
Autoconsumo 1,8
5,4 7,2 27,0 58,6
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Sem Importância Pouco Importante
Razoavelmente Importante Importante
Muito importante
33
5% da renda total da família. Um grupo menor, 4,5%, gera
mais de três salários mínimos mensais com a meliponicultura,
o que perfaz de 21 a 50% da renda familiar.
A maior parte dos meliponicultores, 55%, vê potencial
de geração de renda para a família a partir da atividade,
14,4% não acreditam nessa possibilidade, enquanto 30% têm
dúvidas a respeito. Os produtos com maior potencial de
geração de renda são o mel, para 91% dos meliponicultores, e
a produção de colônias, para 57%, em menor proporção, a
própolis, na opinião de 35% deles.
Os dados sobre comercialização mostram que 58,55%
dos meliponicultores vendem mel, 41,4% vendem colônias de
abelhas, 13,5% vendem própolis. Entre os que coletam mel, a
média de produção anual é de 22 quilogramas, vendido por
cerca de R$ 91,00 o quilograma, podendo variar, entretanto,
de R$ 35,00 a R$ 240,00. Normalmente é feita uma coleta
anual. A produção e o preço de venda das colmeias variam de
acordo com as espécies, a espécie mais produzida e cujas
colônias são comercializadas em maior quantidade é a jataí,
cada colônia é vendida em média por R$ 176,8. A venda de
pólen e própolis é bem mais restrita. Apenas um dos
entrevistados aluga colônias para polinização, o preço
cobrado é de R$ 50,00/mês/colônia (Tabela 9).
34
A maior parte das vendas é feita de forma direta, na
propriedade rural, por meio da internet ou em grupos de
mensagens e em feiras de produtores. A venda em pontos de
comércio, no varejo de vendas ou serviço, é menos frequente
(Tabela 10).
35
culturas agrícolas e ao fato da meliponicultura ser uma prática
ambientalmente sustentável e que contribui para a
conservação da biodiversidade (Figura 14).
Meliponicultores Extensionistas
36
O uso medicinal dos produtos da meliponicultura foi
considerado “importante” ou “muito importante” por quase
90% dos meliponicultores. A contribuição da atividade para a
segurança alimentar das famílias, facilidade no manejo e alto
valor agregado dos produtos também são destacados. De
maneira geral, todas as opções foram consideradas
relevantes, sendo as menos importantes, a alta demanda dos
consumidores pelos produtos da meliponicultura e o interesse
da gastronomia no mel de abelhas sem ferrão.
Apesar do interesse da gastronomia pelo mel de
abelhas-sem-ferrão ser uma opção considerada menos
importante pelos meliponicultores e técnicos, cabe salientar
que chefs renomados já incorporaram o produto como
ingrediente de seus menus. Em artigo publicado pela Forbes,
Mafra (2021) relata que chefs, como Alex Atala, que comanda
o D.O.M. (restaurante „duas estrelas‟ no Guia Michelin), entre
outros, utilizam o mel de abelhas nativas com usos originais.
Esses preparos destacam o mel de abelhas-sem-ferrão como
ingrediente e mostram que a gastronomia pode constituir um
nicho de mercado para os meliponicultores.
No que se referem às dificuldades, o maior entrave
apontado por meliponicultores e técnicos para o
desenvolvimento da meliponicultura no Rio Grande do Sul,
considerando-se a soma das respostas “importante” e “muito
importante”, está relacionado ao desmatamento e ao uso de
agrotóxicos (Figura 15). O resultado corrobora dados de
outros estudos, como o de Maia (2013), no Rio Grande do
Norte, e o de Barbieri Júnior (2018), no estado de São Paulo.
37
Meliponicultores Extensionistas
38
de políticas públicas e dificuldade com a legislação para
venda dos produtos da atividade.
No que se refere à legislação para coleta e
regularização dos produtos da meliponicultura para a venda,
neste estudo, 60% dos técnicos e 50% dos produtores
apontam como um entrave relevante. Esse problema se
relaciona a dificuldades de acesso ao mercado para os
produtos da meliponicultura, onde a maioria dos técnicos
(56%) identifica um entrave importante, enquanto entre os
meliponicultores a opinião sobre esse fator aparece de forma
mitigada (41% “importante” e “muito importante” e 39% “sem
importância ou pouco importante”).
40
unificando esforços para impulsionar a comercialização dos
produtos da meliponicultura, como apontou Jaffé et al. (2015).
O destaque para o incremento, ou melhoria, nos
canais de comercialização para os produtos da
meliponicultura, constatado nesse estudo, se relaciona a
dificuldades de acesso ao mercado para os produtos da
meliponicultura e com a legislação para coleta e regularização
dos produtos da meliponicultura para a venda, também
apontada como um dos entraves para o desenvolvimento da
meliponicultura no RS. Na próxima seção o leitor encontrará
uma revisão acerca da legislação para mel de meliponíneos
no país.
41
4 LEGISLAÇÃO PARA MEL DE MELIPONÍNEOS NO
BRASIL
45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
46
criação de abelhas nativas e incrementar os resultados da
atividade no estado.
Os resultados obtidos nesta pesquisa demonstram a
importância da meliponicultura no RS, em especial para
agricultura familiar, e, servem de subsídios para elaboração
de políticas públicas que estimulem seu desenvolvimento e
valorização, não apenas dos produtos, como mel, cera,
própolis, mas também dos serviços ambientais
proporcionados pela atividade ao setor produtivo e à
sociedade como um todo.
6 AGRADECIMENTO
47
REFERÊNCIAS
49
Presidência da República, 2018. Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=1
3680&ano=2018&ato=b91UTV61UeZpWTa4d. Acesso em: 15
out. 2021.
50
(Hymenoptera, Apidae): a mini-review. Apidologie, Paris, v.
23, p. 509–522, 1992.
51
EVANGELISTA–RODRIGUES, A. et al. Análise físico-química
de méis das abelhas Apis mellifera e Melipona scutellaris
produzidos em duas regiões no Estado da Paraíba. Ciência
Rural, Santa Maria, v. 35, n. 5, p. 1166-1171, 2005.
DOI:10.1590/S0103-84782005000500028.
52
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Tabela 7 - Produção de origem animal, por tipo de produto,
segundo o Brasil, as Grandes regiões e as unidades da
federação. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA. PPM - Pesquisa da Pecuária Municipal. [Rio
de Janeiro]: IBGE, [2020]. Disponível em:
https://sidra.ibge.gov.br/geratabela?name=Tabela%207.xlsx&f
ormat=xlsx&medidas=true&query=t/74/g/2/v/allxp/p/2020/c80/
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53
MAIA, U.M. Diagnóstico da meliponicultura no Estado do
Rio Grande do Norte. 2013. Dissertação (Mestrado em
Ciência Animal) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido,
Mossoró, 2013.
55
SOUZA, B. et al. Composition of stingless bee honey: setting
quality standards. Interciencia, Caracas, v. 31, n. 12, p. 867-
875, 2006.
56