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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

TEMA V | ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL

1. Immanuel Kant apresenta uma explicação dos deveres e dos direitos que se baseia na ideia
de que:
(A) As nossas vidas e liberdade são uma dádiva de Deus.
(B) Somos seres racionais, merecedores de dignidade e respeito.
(C) Podemos dispor da nossa vida e liberdade como nos aprouver.
(D) A moralidade tem que ver com a maximização da felicidade.

Cenário de resposta
1. (B).

2. Para Kant, quando o que fazemos é em função de um fim exterior a nós, estamos a agir:
(A) Moralmente.
(B) Autonomamente.
(C) Heteronomamente.
(D) Movidos pelo dever.

Cenário de resposta
2. (C).

3. Ao contrário de Bentham, Stuart Mill:


(A) Estabelece uma distinção qualitativa entre prazeres.
(B) Não reconhece qualquer distinção qualitativa entre prazeres.
(C) Afirma que os prazeres podem apenas distinguir-se quantitativamente.
(D) Sustenta que todas as preferências e prazeres são equivalentes.

Cenário de resposta
3. (A).

4. Segundo Stuart Mill, um governo, ao decidir que leis ou políticas promulgar, deve fazer aquilo
que:
(A) Maximize a felicidade dos governantes e legisladores.
(B) É seu dever, independentemente dos desejos da comunidade.
(C) É seu dever, independentemente das consequências.
(D) Maximize a felicidade da comunidade como um todo.

Cenário de resposta
4. (D).

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5. A ética de Stuart Mill é:


(A) Consequencialista, porque valoriza os resultados.
(B) Deontológica, porque valoriza os resultados.
(C) Consequencialista, porque valoriza os princípios.
(D) Deontológica, porque valoriza os princípios.

Cenário de resposta
5. (A).

6. Completa o esquema.

Cenário de resposta
6. (A) «Faça Y»; (B) Imperativos hipotéticos; (C) Incondicionais (absolutos); (D) A ação é representada
como um meio; (E) Ação por dever (moral); (F) Inclinação; (G) Autonomia.

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7. Começa por ler o excerto.

O imperativo categórico é, portanto, só um único, que é este: Age apenas segundo uma máxima
tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.

Immanuel Kant (1995). Fundamentação da metafísica dos costumes. Edições 70, pp. 58-59.

7.1. A afirmação anterior traduz os princípios fundamentais da ética kantiana e significa que:
(A) Devemos agir sempre pensando em nós mesmos, sem nos importarmos com os outros.
(B) Devemos agir sempre pensando nos outros, sem nos importarmos connosco mesmos.
(C) A nossa ação deve ser sempre baseada nos nossos desejos e inclinações, exclusivamente.
(D) A nossa ação deve ser racionalmente decidida, de forma a que possa valer para todos e
não apenas para nós mesmos.

Cenário de resposta
7.1. (D).

8. Começa por ler, atentamente, o texto.

Para Bentham, a ação moralmente correta, em qualquer circunstância, é aquela que tende para
a total maximização da felicidade. Este filósofo concebe a felicidade como um ditoso estado
mental, marcado pelo prazer e pela ausência de dor. Quanto mais disto houver no mundo,
melhor, não importando a forma como o prazer é produzido. Bentham, numa afirmação que se
tornou famosa, afirmou que os dardos (um jogo típico dos pubs) eram tão válidos como a
poesia, desde que dessem origem a quantidades semelhantes de prazer.

Nigel Warburton (2012). Grandes livros de filosofia. Edições 70, p. 161.

8.1. Considerando o conteúdo do texto, contrasta as perspetivas de Bentham e Mill quanto à


classificação dos prazeres.

Cenário de resposta
8.1. Mill construiu a sua própria versão do utilitarismo. Concordava com Bentham no que respeita à
maximização da felicidade, mas distinguia qualitativamente os prazeres em superiores (prazeres do espírito)
e inferiores (prazeres do corpo). Para Bentham, tudo o que importa são as experiências aprazíveis,
independentemente de como sejam produzidas: «os dardos (…) eram tão válidos como a poesia». Mill
discordava, defendendo que os prazeres do espírito, como a poesia, eram intrinsecamente mais válidos do
que os prazeres inferiores, como os dardos. Para Mill, «é melhor ser um ser humano insatisfeito do que um
porco satisfeito». Os seres humanos, ao contrário dos porcos, são capazes de experimentar prazeres
intelectuais e prazeres físicos, preferindo os primeiros aos segundos.

9. Começa por ler, atentamente, o texto.

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Pergunta
“Como podemos saber se o que as pessoas dizem ser moralmente correto é de facto correto?”

Resposta
Nicholas D. Smith: Alguns juízos morais parecem ser de tal maneira óbvios que ninguém os põe
seriamente em dúvida – por exemplo, que é errado pegar fogo a crianças. Contudo, exceção
feita aos casos óbvios, o facto é que em geral não sabemos o que é correto e o que é errado –
temos de recorrer aos nossos juízos para o avaliarmos, e os juízos humanos, como depreendo
que já se apercebeu, podem ser deveras falíveis e imperfeitos. Mas, só porque não sabemos
uma coisa, não temos de desistir, ou de eximir-nos a tentar sabê-la – as questões sobre o
moralmente correto e o moralmente errado são questões muito, muito importantes, pelo que
precisamos de não desistir e de dar o nosso melhor quando formulamos juízos morais. O modo
como nós os filósofos tentamos fazer o nosso melhor consiste em interpelar as principais teorias
e explicações sobre o bom e o mau que pessoas inteligentes ponderadas propuseram e depois
pensar como se aplicam essas teorias aos casos sobre os quais temos de ajuizar. Assim,
permita-me que exponha três tipos diferentes de teorias (não são os únicos, mas são
comummente tidos como três dos principais), apenas para lhe transmitir uma ideia de como isto
funciona:

1. Consequencialismo.
Agindo em conformidade com uma visão consequencialista, começamos por procurar identificar
que tipos de consequências são desejáveis e que tipos de consequências são indesejáveis. Posto
isto, consideramos os cursos de ação disponíveis e, à luz dos fins desejáveis e dos fins
indesejáveis identificados, fazemos o nosso melhor para antever todos os resultados previsíveis
relevantes desses vários cursos de ação possíveis. A melhor decisão é aquela que, tomando em
conta todas as consequências que conseguimos prever, parecer possuir, simultaneamente, a
maior probabilidade de conduzir aos melhores resultados e a menor probabilidade de conduzir
aos piores.

2. Deontologia. Uma perspetiva deontológica procurará compreender a correção e a incorreção


morais mediante uma regra básica que estaríamos dispostos a adotar como princípio. Assim, e a
título de exemplo, Immanuel Kant propôs o chamado «imperativo categórico». Uma das várias
formulações que Kant propôs para este imperativo foi «Age apenas segundo aquela máxima que
possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal». Dito de outra maneira, as
nossas ações serão morais somente se forem de tipo tal que queiramos que todas as pessoas as
sigam em todas as circunstâncias.

3. Teoria da virtude.
De acordo com esta perspetiva, começaremos por pensar no que caracterizaria um ser humano
verdadeiramente excelente, tentando depois modelar-nos à imagem desse ser humano no que

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respeita ao modo como agimos – e mesmo no que respeita ao modo como pensamos e
sentimos.

No entanto, há situações em que cada uma destas diferentes teorias lhe sugeriria que tomasse
um caminho diferente; quando assim acontecesse, achar-se-ia de volta ao início, isto é, a tentar
fazer o melhor uso possível da sua própria capacidade de ajuizar, procurando identificar todos os
pontos relevantes em questão. Portanto, mesmo aprendendo estas teorias na perfeição… haverá
muitas situações em que não poderá saber se o que decidiu fazer é correto ou errado. Todavia,
somos muitas vezes confrontados com situações em que temos de agir sem que saibamos
realmente qual seria o melhor curso de ação a adotar. Nem sempre podemos saber o que vai
acontecer quando vamos ao volante de um carro, por exemplo. Não obstante, há bons
condutores (e outros que não são tão bons!), porque começam por aprender o que é necessário
aprender para saber lidar com um carro e, volvida esta aprendizagem, conduzem sempre e
invariavelmente com toda a atenção e cuidado.

O mesmo se aplica quando ajuizamos sobre o bem e o mal. Estar atento às alternativas e às
questões relevantes, ser cuidadoso (não pense que sabe uma dada coisa quando não a sabe!), e
estar ciente das suas limitações são excelentes características a ter presentes quando se trata
de formular um juízo moral. E não há maneira de evitar a questão: todos nós somos chamados a
fazer juízos morais, pelo que o objetivo será sempre ajuizarmos tão bem quanto possível,
mesmo quando não estamos em condições de saber.

Alexander George (2008). Que diria Sócrates? Gradiva, pp. 94-96.

Será moralmente errado dizer às crianças que o Pai Natal existe?


9.1. Responde, justificadamente, à pergunta acima colocada, considerando as duas primeiras
teorias apresentadas no texto.

Cenário de resposta
9.1. Segundo a perspetiva consequencialista, «a melhor decisão é aquela que, tomando em conta todas as
consequências que conseguimos prever, parecer possuir, simultaneamente, a maior probabilidade de
conduzir aos melhores resultados e a menor probabilidade de conduzir aos piores». Assim sendo,
provavelmente, um consequencialista concorda que se diga às crianças que o Pai Natal existe. Trata-se de
uma mentira que gera mais resultados positivos do que negativos. «Um deontologista procurará
compreender a correção e a incorreção morais mediante uma regra básica que estaríamos dispostos a
adotar como princípio». Sendo que não estamos dispostos a universalizar e a adotar como princípio a regra
da mentira, um deontologista considerará errado dizer às crianças que o Pai Natal existe. Trata-se de uma

mentira e mentir é errado em si mesmo, independentemente dos sentimentos que nos conduzem a

fazê-lo ou do objetivo visado.

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10. Estabelece a correspondência entre a coluna A (pensadores) e a coluna B (ideias).


COLUNA A COLUNA B
A. Afirma que o valor moral de uma ação depende da intenção
do agente.

B. Defende que o princípio da moralidade é o princípio da


maior felicidade.

C. Declara que devo agir com imparcialidade, promovendo o


bem-estar da maioria.

KANT D. Considera que existem deveres que devem ser realizados


incondicionalmente.

E. Para ele, a felicidade (prazer) é o único fim desejável em si


mesmo.

F. Segundo ele, não é justificável mentir para salvar ou poupar


quem quer que seja.

G. Diz-nos que o valor moral das ações depende dos seus

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resultados.

H. Assegura que a moralidade não depende de circunstâncias


particulares.

I. Declara que o imperativo categórico é o único critério de


moralidade.

J. Afirma que devo agir por imposição racional, seguindo


apenas o dever absoluto.
MILL
K. Considera que mentir pode ser aceitável em algumas
circunstâncias.

L. Defende uma ética consequencialista.

M. Defende uma ética deontológica.

N. Distingue prazeres físicos (inferiores) de prazeres espirituais


(superiores).

O. Distingue imperativos hipotéticos de imperativos


categóricos.

P. Declara que a boa vontade é a única coisa boa em si


mesma.

Cenário de resposta
10. Kant. A; D; F; H; I; J; M; O; P. Mill. B; C; E; G; K; L; N.

11. O termo “consequencialismo” é usado para descrever teorias que:


(A) Avaliam as ações em função da intenção do agente.
(B) Avaliam as ações atendendo aos resultados efetivos ou previstos.
(C) Valorizam o cumprimento incondicional e absoluto da lei moral.
(D) Avaliam as ações desprezando os benefícios que delas resultem.

Cenário de resposta
11. (B).

12. Kant defende que a imoralidade de matar, roubar, mentir, etc. reside fundamentalmente no
facto de serem ações:
(A) Contra a religião.
(B) Contra o Estado.

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(C) Contra a razão.


(D) Contra o outro.

Cenário de resposta
12. (C).

13. Para Kant, agir moralmente é agir:


(A) Por imposição racional, mesmo com prejuízo dos próprios interesses.
(B) Conforme a lei, mesmo que em contradição com a razão.
(C) Cumprindo a norma da comunidade e evitando os possíveis prejuízos.
(D) Procurando não colocar em causa os interesses próprios e alheios.

Cenário de resposta
13. (A).

14. Para Stuart Mill, ao avaliarmos as consequências de uma ação, apenas interessa:
(A) O sentido de dever que levou o seu agente a praticá-la.
(B) As emoções ou sentimentos que guiaram o seu autor.
(C) As intenções do agente ou autor da ação em causa.
(D) A quantidade de felicidade ou de infelicidade criadas.

Cenário de resposta
14. (D).

15. Para o utilitarismo de Stuart Mill:


(A) Os prazeres espirituais e prazeres físicos são igualmente importantes.
(B) Os prazeres físicos são mais valiosos, porque mais intensos.
(C) Os prazeres espirituais são mais valiosos, pois produzem maior felicidade.
(D) Um prazer superior ou espiritual deve dar sempre lugar aos inferiores.

Cenário de resposta
15. (C).

16. A ética é a disciplina filosófica também conhecida como filosofia moral. Diga em que consiste
a ética normativa.

Cenário de resposta
16. A ética normativa é a investigação teórica que visa estabelecer e justificar princípios éticos gerais.
Oferece, debate e critica conceções de bondade: que ações são moralmente corretas e porque o são? A

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teoria moral de Kant e a ética utilitarista de Mill são exemplos de sistemas que procuram responder aos
problemas da ética normativa.

17. O panorama da ética normativa inclui, entre outras, perspetivas deontológicas e


consequencialistas. Por que razão a ética kantiana é deontológica?

Cenário de resposta
17. A ética kantiana é deontológica porque defende o caráter absoluto do dever moral. Romper uma
promessa ou mentir é sempre condenável, independentemente das circunstâncias particulares do agente ou
das consequências da ação.

18. Os imperativos são fórmulas que expressam a noção de dever ser. Caracterize o imperativo
categórico.

Cenário de resposta
18. O imperativo categórico exprime a lei moral sob a forma de dever, ordenando sem condições e não
admitindo exceções. É uma fórmula absoluta que nos diz “deves fazer X” ou “não deves fazer X”, sem mais.
Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. Eis,
em resumo, a fórmula do imperativo categórico.

19. O utilitarismo clássico pode ser resumido a três pressupostos básicos. Aponte as principais
características do utilitarismo de Stuart Mill.

Cenário de resposta
19. O utilitarismo de Stuart Mill é uma teoria consequencialista, hedonista e imparcial.

20. Considera o texto.

O objeto da ética é dizer-nos quais são os nossos deveres, ou por que meios podemos conhecê-
los; mas nenhum sistema de ética exige que o único motivo de tudo o que façamos seja um
sentimento de dever. Pelo contrário, noventa e nove por cento das nossas ações são realizadas
por outros motivos, e está muito bem assim, se a regra do dever não as condena. (…) Quem
salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente correto, quer o seu motivo seja o
dever ou a esperança de ser pago pelo seu incómodo (…).

John Stuart Mill (2005). Utilitarismo. Gradiva, pp. 64-65.

20.1. Interpreta o exemplo do texto, considerando a perspetiva do autor.

20.2. Como se posicionaria Kant relativamente à afirmação de Mill? Fundamenta.

Cenários de resposta

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20.1. A ação de salvar alguém de se afogar (exemplo do texto) é moralmente correta, independentemente
da intenção e dos motivos do agente. Para Stuart Mill, o valor moral da ação depende apenas das suas
consequências. Salvar uma vida promove a felicidade (prazer) e evita a infelicidade (dor). A felicidade é um
bem em si mesmo.
20.2. Kant defende uma ética racional e deontológica e, portanto, opor-se-ia à posição utilitarista de Stuart
Mill. Para Kant, é na intenção do agente, na obediência ao imperativo categórico (dever), que se encontra o
critério de moralidade. Apenas é moralmente boa a ação realizada por dever. Quem salva alguém de se
afogar faz, sem dúvida, o que é correto, mas a sua ação só será moral se o motivo da ação for a obediência
ao princípio de salvar vidas em si mesmo.

21. Se defender que há ações boas ou más em si mesmas estarei a:


(A) Defender uma ética consequencialista.
(B) Opor-me a uma ética deontológica.
(C) Defender uma ética deontológica.
(D) Defender uma ética utilitarista.

Cenário de resposta
21. (C).

22. Lê, atentamente, o texto seguinte.

A nossa conduta deveria ser determinada por princípios. Nesse sentido, o deontologismo teria de
ser o ponto de partida. (…) Por outro lado, também é verdade que temos de ultrapassar o velho
conceito de ação do deontologista, que parece reduzido ao próprio instante em que a ação se
realiza. Pelo contrário, a ação está situada no tempo e produz consequências. Daí que, em
muitas situações e por mera sensatez, o deontologista deva ceder lugar ao consequencialista.
Javier Sábada (2004). Filosofia para um jovem. Presença, p. 100 (adaptado).

22.1. Aponta um exemplo de cada uma das éticas citadas no texto.

22.2. Caracteriza cada um dos dois tipos de ética citados no texto.

Cenários de resposta
22.1. Ética deontológica: filosofia moral de Kant. Ética consequencialista: filosofia utilitarista de Stuart Mill.
22.2. Deontologismo: faz depender a moralidade ou imoralidade de uma ação do respeito por princípios
absolutos e incondicionais. Consequencialismo: faz depender a moralidade ou imoralidade de uma ação
das consequências previsíveis que dela possam advir.

23. Lê, atentamente, o texto seguinte.

É frequente considerarmos a liberdade como a ausência de obstáculos àquilo que queremos


fazer. Kant discorda. Tem uma noção mais rígida e exigente de liberdade. O seu raciocínio é o

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seguinte: quando nós, à semelhança dos animais, procuramos ter prazer ou evitar a dor, não
estamos realmente a agir livremente.
Michael J. Sandel (2011). Justiça. Fazemos o que devemos? Presença, p. 117.

23.1. Esclarece o que significa agir livremente, para Kant.

23.2. Diferencia, na perspetiva de Kant, moralidade de legalidade.

Cenários de resposta
23.1. Ajo livremente quando o meu comportamento é autónomo, quando ajo de acordo com uma lei que a
mim mesmo racionalmente imponho. Ajo livremente quando a minha ação não é exteriormente determinada
e, por isso. posso ser responsabilizado por ela. Ajo livremente quando o faço guiado por imperativos
categóricos (universalizáveis).
23.2. A moralidade é uma ação que implica autonomia, ação por dever (praticada por pura obediência à lei
em si mesma) e orientada por imperativos categóricos. Legalidade é uma ação heterónoma (orientada por
ditames exteriores à lei moral), em conformidade com a norma, mas não por dever, orientada por
imperativos hipotéticos.

24. Lê, atentamente, o texto que se segue.

Conseguimos, portanto, mostrar, pelo menos, que, se o dever é um conceito que deve ter um
significado e conter uma verdadeira legislação para as nossas ações, esta legislação só se pode
exprimir em imperativos categóricos, mas de forma alguma em imperativos hipotéticos.

Immanuel Kant (1960). Fundamentação da metafísica dos costumes. Atlântida, pp. 61-62.

24.1. Distingue imperativo categórico de imperativo hipotético.

Cenário de resposta
24.1. O imperativo categórico exprime-se sob a forma “Deves fazer X”. É absoluto e ordena sem condições.
Só ele exprime a lei moral. O imperativo hipotético exprime-se sob a forma “Se queres Y, deves fazer X”. É
relativo e ordena mediante condições. As ações realizadas em função de inclinações, desejos ou interesses
não possuem valor moral.

25. Como seres racionais, segundo Kant, temos certos deveres. Estes deveres são válidos:
(A) Sejam quais forem as consequências que possam deles advir.
(B) Dependendo das consequências que possam deles advir.
(C) Se, e apenas se, não colocarem em causa os interesses próprios.
(D) Se, e apenas se, não colocarem em causa os interesses alheios.

Cenário de resposta

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25. (A).

26. Para Kant, a boa ação é:


(A) A que tiver maior probabilidade de trazer maior felicidade.
(B) A que previsivelmente trouxer maior bem-estar aos afetados.
(C) A que for racionalmente fiel ao dever em si mesmo.
(D) A que constituir um melhor meio para atingir um dado fim.

Cenário de resposta
26. (C).

27. Segundo Mill, quando se trata de tomar decisões morais importa:


(A) Ignorar os interesses do agente que pratica a ação.
(B) Considerar as intenções do agente pratica a ação.
(C) Ignorar as consequências previsíveis da ação.
(D) Considerar as consequências previsíveis da ação.

Cenário de resposta
27. (D).

28. Na perspetiva utilitarista:


(A) Há primado dos fins sobre os meios.
(B) Há primado dos meios sobre os fins.
(C) Existe desprezo pela felicidade.
(D) Existe desprezo pelos deveres.

Cenário de resposta
28. (A).

29. A objeção do “bode expiatório” é apontada ao utilitarismo e prende-se com:


(A) A rigidez dos deveres categóricos, absolutos e incondicionais.
(B) Os riscos de o sistema poder pôr em causa os direitos de alguns.
(C) O desprezo pela maximização da felicidade do maior número.
(D) A dificuldade em quantificar a felicidade e prever as consequências.

Cenário de resposta
29. (B).

30. Lê, atentamente, o texto seguinte.

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Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há além disso muitas almas de disposição tão
compassiva que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse, acham íntimo
prazer em espalhar alegria à sua volta e se podem alegrar com o contentamento dos outros,
enquanto este é obra sua. Eu afirmo, porém, que neste caso uma tal ação, por conforme ao
dever, por amável que ela seja, não tem, contudo, nenhum verdadeiro valor moral (…).

Immanuel Kant (1995). Fundamentação da metafísica dos costumes. Edições 70, p. 27.

30.1. Contrasta as éticas de Kant e Mill.


Na tua resposta deves integrar, pela ordem que entenderes, os seguintes aspetos: padrão de
moralidade em Kant e Mill e vantagens das éticas de Kant e Mill.

Cenário de resposta
30.1. Kant: é na intenção do agente, na obediência ao imperativo categórico (dever incondicional), que se
encontra o critério de moralidade; é moralmente boa a ação realizada por dever. Para Kant, uma ação moral
tem de ser executada por respeito à lei em si mesma e não apenas como resultado de uma inclinação, de
um sentimento ou da possibilidade de qualquer tipo de benefício para o seu autor (ética deontológica).
Stuart Mill: segundo o critério da maior felicidade (ou utilidade), é moralmente boa a ação cujas
consequências previsivelmente promovem o bem-estar (prazer) do maior número de pessoas. Para Stuart
Mill, a intenção e o caráter do agente são irrelevantes, importando fundamentalmente os seus resultados
(ética consequencialista). Kant valoriza os princípios morais, não fazendo depender a moralidade de
circunstâncias particulares; valoriza a pessoa enquanto fim em si mesmo e opõe-se à sua
instrumentalização. Stuart Mill valoriza a felicidade enquanto ideal moral e político e dá importância às
circunstâncias particulares e aos efeitos práticos das ações.

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