Contestação - Danone

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE

NILÓPOLIS/RJ

Reclamação Trabalhista

Processo nº: 0100978-79.2023.5.01.0501

DANONE LTDA. (Reclamada), pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o nº 23.643.315/0001-52, com sede à Avenida Paulista, 2.300, 21º Andar,
Conjunto 211, Edifício São Luís Gonzaga, Cerqueira César, São Paulo/SP, CEP 01310-300, por
seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamento no artigo 847 da CLT e artigo 335 e seguintes do CPC, apresentar
CONTESTAÇÃO, nos autos da Reclamação Trabalhista nº 0100978-79.2023.5.01.0501, que
lhe move FERNANDO DIAS FERREIRA JUNIOR (Reclamante), já devidamente qualificado nos
autos, de acordo com os argumentos de fato e de Direito a seguir delineados.

I – DA SÍNTESE DA INICIAL

1. Em razão de teóricas infrações cometidas ao longo do contrato de


trabalho, o Reclamante pleiteia a condenação da Reclamada ao pagamento dos seguintes
títulos:

a) Adicional de insalubridade em grau máximo em todo o período


contratual do Reclamante, com suas devidas integrações e reflexos
no FGTS com 40%, férias com acréscimo de 1/3, aviso prévio, 13º
Salário, RSR;

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b) Diferenças de salários apuradas entre os valores pagos à
Reclamante e a paga salarial do empregado VENDEDOR PROMOTOR
devidamente reconhecido, tanto na parte fixa como também no que
diz respeito ao pagamento de comissões, devendo ainda a
Reclamada arcar com o pagamento das referidas diferenças de
valores em aviso prévio, RSR, 13º salário, férias com 1/3, horas
extras, FGTS com 40%, durante todo o contrato de trabalho;

c) Diferenças de comissões de 9% sobre R$ 75.000,00;

d) Horas Extras acima da 8ª diária e 44ª semanal com acréscimo


de 70% ou 100%, com integração a remuneração para refletir sobre
o cálculo de aviso prévio, RSR, 13º salário, férias com 1/3
constitucional, FGTS com 40% e contribuições previdenciárias;

e) Intervalo Intrajornada com acréscimo de 50% ou 100%, com


integração a remuneração para refletir sobre o cálculo de aviso
prévio, RSR, 13º salário, férias com 1/3 constitucional, FGTS com
40%;

f) Tíquete refeição, referente a todos os sábados, domingos e


feriados trabalhados;

g) Devolução de diárias para viagem no valor médio de R$ 800,00


(oitocentos reais) com integração a remuneração para refletir sobre
o cálculo de aviso prévio, RSR, 13º salário, férias com 1/3
constitucional, FGTS com 40%;

h) Honorários de sucumbência;

2. Os pedidos formulados pelo Reclamante devem ser interpretados


restritivamente, nos termos do artigo 293 do Código de Processo Civil, aplicado,
subsidiariamente, à legislação trabalhista, nos termos dos artigos 8º e 769 da Consolidação
das Leis do Trabalho.

II – DO CONTRATO DE TRABALHO

3. O Reclamante foi admitido aos serviços da Reclamada em 01/02/2018


para a função de PROMOTOR VENDAS, cargo que ocupou até sua dispensa sem justa causa

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ocorrida em 07/11/2023, com aviso prévio indenizado, percebendo como última
remuneração a importância de R$ 1.758,45 (um mil, setecentos e cinquenta e oito reais e
quarenta e cinco centavos).

4. É conveniente salientar que o Reclamante desempenhou por todo


período imprescrito as funções em jornada externa, atendendo os seguintes clientes da
Reclamada:

Regional Rede Endereço Estado Cidade

AV DE SANTA Rio de Rio de


RJ A NOSSA DROGARIA
CRUZ Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ BERG R ALCOBACA
Janeiro Janeiro
R PREFEITO JOSE Rio de
RJ CASA DO SABAO Mesquita
MONTES PAIXAO Janeiro
AV DE SANTA Rio de Rio de
RJ DPSP
CRUZ Janeiro Janeiro
AV MINISTRO Rio de Rio de
RJ GERMANS
EDGARD ROMERO Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ GPA R DAS ROSAS
Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ HMB RUA SIBERIA
Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ INTERCONTINENTAL AV JOAO RIBEIRO
Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ INTERCONTINENTAL LRG DA PAVUNA
Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ INTERCONTINENTAL R CORDOVIL
Janeiro Janeiro
AV VISCONDE DO Rio de
RJ INTERCONTINENTAL Niterói
RIO BRANCO,171 Janeiro
Rio de Rio de
RJ INTERCONTINENTAL R PANAMA
Janeiro Janeiro
R ROQUE Rio de Rio de
RJ MULTIMARKET
BARBOSA Janeiro Janeiro
AV ALFREDO Rio de Rio de
RJ MULTIMARKET
ALBUQUERQUE Janeiro Janeiro
R NELSON DA Rio de Rio de
RJ MULTIMARKET
FONSECA Janeiro Janeiro

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Rio de Rio de
RJ MULTIMARKET EST DA POSSE
Janeiro Janeiro
R EUZEBIO Rio de São João
RJ MULTIMARKET
TOSTES Janeiro de Meriti
Rio de Rio de
RJ MULTIMARKET R MARUJA
Janeiro Janeiro
R TORRES DE Rio de Rio de
RJ PREMIUM
OLIVEIRA Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA R LIMITES
Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA R ANDRE FILHO
Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA AV BRASIL 22155
Janeiro Janeiro
AVENIDA PADRE Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA
ROSER Janeiro Janeiro
EST GETULIO DE Rio de
RJ REDE ECONOMIA Nilópolis
MOURA Janeiro
EST DO ENGENHO Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA
NOVO Janeiro Janeiro
R CAROLINA Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA
MACHADO Janeiro Janeiro
Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA EST DO PORTELA
Janeiro Janeiro
R CHRISOSTOMO
Rio de Rio de
RJ REDE ECONOMIA PIMENTEL
Janeiro Janeiro
OLIVEIRA
Rio de Rio de
RJ REDE UNIDOS EST SANTA MARIA
Janeiro Janeiro
Rio de São João
RJ REDE UNIDOS R COPACABANA
Janeiro de Meriti
AV DEPUTADO
Rio de São João
RJ REDE UNIDOS ULISSES
Janeiro de Meriti
GUIMARAES
EST MARECHAL Rio de Rio de
RJ RIO SUL
ALENCASTRO Janeiro Janeiro
AV PERIMETRAL
Rio de Duque de
RJ RIO SUL EXPEDIONARIO
Janeiro Caxias
JOSE AMARO
EST SAO PEDRO Rio de Rio de
RJ SUPER MARKET
DE ALCANTARA Janeiro Janeiro

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EST MARECHAL Rio de
RJ SUPER MARKET Nilópolis
CASTELO BRANCO Janeiro
Rio de Rio de
RJ SUPER MARKET R JAPOARA
Janeiro Janeiro
R CHRISOSTOMO Rio de Rio de
RJ VIANENSE
P. DE OLIVEIRA Janeiro Janeiro
EST MARECHAL Rio de
RJ VIANENSE Nilópolis
CASTELO BRANCO Janeiro
AV PRESIDENTE Rio de Duque de
RJ VIANENSE
KENNEDY Janeiro Caxias
EST MARECHAL Rio de
RJ VIANENSE Nilópolis
CASTELO BRANCO Janeiro
5. Ademais, requer que sejam observados os cargos, locais e períodos
acima mencionados para a apuração de provas, ficando impugnadas as informações diversas.

6. Os documentos acostados a peça vestibular comprovam a real data


de admissão e remuneração, restando impugnadas qualquer alegação em contrário.

7. Convém ressaltar que nos seguintes períodos de contrato de trabalho


o Reclamante esteve afastado das atividades laborais. Vide Ficha de Registro (doc. Anexo):

8. Portanto, devem ser excluídos de eventual condenação os dias em


que não houve a prestação de serviços, tais como férias, faltas, licenças e afastamentos.

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9. Todos os documentos anexados à reclamatória demonstram que não
houve qualquer irregularidade no curso do contrato de trabalho do Reclamante, bem como
que todas as verbas contratuais foram devidamente pagas, não lhe sendo nada mais devido
a qualquer título, inexistindo, pois, como prosperarem as infundadas alegações postas na
exordial.

10. Deverá ser privilegiada a utilização do Acordo Coletivo de Trabalho


entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias de Laticínios e Produtos derivados, do
açúcar, torrefação, moagem, solúvel de café e fumo dos municípios de São Paulo (capital),
Grande São Paulo, Mogi das Cruzes, São Roque e Cajamar e a Reclamada Danone.

11. De qualquer forma, em observância ao princípio da eventualidade, a


Reclamada passa a contestar especificadamente os pedidos elencados na inicial.

III - DOS CONTATOS PARA AUDIÊNCIA TELEPRESENCIAL

12. Neste ato, a Reclamada disponibiliza os seus contatos de e-mail para


comunicações e recebimento de convite para eventual audiência telepresencial:

trab.informacao@viseu.com.br
danone@viseu.com.br

PRELIMINARMENTE

A) DA APLICAÇÃO DA LEI 13.467/2017 AO CASO CONCRETO

13. Em que pese as alegações do Reclamante, necessário esclarecer que


as normas processuais produzem efeitos imediatos "tempus regitactum”, de modo que a Lei
13.467 /2017 é aplicável aos processos em curso a partir da vigência da lei, conforme teoria
do isolamento dos atos processuais, esculpida no artigo 14 do CPC, in verbis:

"A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente


aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e
as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada".

14. O artigo 791-A da CLT, ao estabelecer regramento celetista específico


para os honorários advocatícios sucumbenciais no âmbito desta Justiça Especializada,

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revogou as diretrizes do art. 14 da Lei n. 5.584/70, assim como os entendimentos previstos
nas Súmulas nº 219 e nº 329 do C. TST, restando superada a necessidade de assistência
sindical para condenação ao pagamento de honorários.

15. Mesmo que o contrato de trabalho tenha iniciado antes da vigência


da lei anterior, a lei aplica-se imediatamente a partir de sua vigência tanto na esfera
processual quanto na esfera material.

16. Há de se destacar que súmulas, orientações jurisprudenciais e


precedentes normativos não tem, nem nunca tiveram, força de lei, não podendo estabelecer
direitos não previstos em lei, nem revogar direitos positivados, pois, nos termos art. 22, inciso
I, da Constituição da República, compete privativamente à União legislar sobre direito do
trabalho.

17. Assim, sendo a presente reclamação trabalhista ajuizada em 2023 e o


contrato de trabalho encerrado em 2023, é certo que as alterações feitas na legislação
trabalhistas por força da lei 13.467/2017 são aplicáveis ao caso em tela, de rigor a sua
aplicação à presente demanda sejam normas de direito material, de direito processual ou as
chamadas normas híbridas (normas que envolvem matéria de direito material e processual,
como a questão dos honorários).

B) LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AO VALOR DOS PEDIDOS DA INICIAL

18. Com base na atual redação do artigo 840 da CLT, introduzida pela lei
13.467/17, nas ações ordinárias, o pedido deverá ser certo e determinado, com a indicação
de seu valor, em condição similar ao já ocorrido nas ações submetidas ao rito sumaríssimo.

19. O valor a ser apurado em liquidação de sentença de cada item não


poderá ultrapassar o valor lançado na exordial, sob pena de ofensa aos artigos 141 e 492 do
CPC, bem como o próprio artigo 840, § 1º da CLT.

20. A corte Superior Trabalhista já firmou o entendimento de que,


havendo pedido líquido e certo na petição inicial, a condenação deve limitar-se ao quantum
especificado, sob pena de violação aos arts. 141 e 492 do CPC.

21. Portanto, a matéria já se encontra aplicada conforme expressa


disposição legal quanto ao tema.

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22. Nossos Tribunais já têm decidido quanto ao tema, conforme ementas
a seguir:
IMPUGNAÇÃO AOS CÁLCULOS. LIMITAÇAO DO PEDIDO. Assim como
no Processo Civil, o Trabalhista é regido pelo princípio da
congruência, segundo o qual o juiz está sempre adstrito ao pedido e
à causa de pedir, de molde a proferir julgamento limitado à vontade
do autor, ou seja, julgar a lide "nos limites em que foi proposta",
segundo a dicção do art. 492 do CPC, sob pena de decidir fora do
pedido. No caso, presente a ocorrência de excesso de valor na
planilha de cálculos, uma vez que destoa da limitação contida na
inicial, impõe-se a retificação dos cálculos de liquidação, a fim de
adequá-los aos limites dos valores apontados na petição inicial, em
respeito ao princípio da adstrição ao pedido. (TRT-23 - ROT:
00003726220195230051 MT, Relator: ROBERTO BENATAR, Gab. Des.
Roberto Benatar, Data de Publicação: 30/03/2021)

LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS. VALOR INDICADO NA PETIÇÃO INICIAL.


Nos termos do art. 840, § 1º, da CLT, com redação dada pela Lei n.
13.467/2017, a reclamação escrita deverá conter pedido certo,
determinado e com indicação de seu valor. Assim, a nova sistemática
processual trabalhista vigente determina que a liquidação dos
pedidos é condição para a apreciação destes, sob pena de serem
extintos sem resolução do mérito. Some-se a isso que, consoante o
princípio da adstrição, a lide deve ser decidida nos limites de sua
propositura, sendo vedado ao julgador proferir decisão de natureza
diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade
superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Desse
modo, em sendo apresentados pedidos líquidos, estes definem os
contornos da condenação, a qual ficará limitada aos valores
especificados na petição inicial. Apelo obreiro ao qual se nega
provimento, neste aspecto. (TRT da 23.ª Região; Processo: 0000349-
75.2018.5.23.0076; Data: 18-11-2020; Órgão Julgador: Gab. Des.
Maria Beatriz Theodoro - 2ª Turma; Relator (a): MARIA BEATRIZ
THEODORO GOMES)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RITO


SUMARÍSSIMO. CONDENAÇÃO. LIMITAÇÃO DOS VALORES
INDICADOS NA EXORDIAL. Segundo entendimento perfilhado pelo
Tribunal Superior do Trabalho, na hipótese em que há pedido líquido
e certo na petição inicial, o julgador fica adstrito aos valores
atribuídos a cada um desses pedidos, de maneira que a condenação
em quantia superior àquela fixada pelo reclamante na reclamação
trabalhista caracteriza violação dos arts. 141 e 492 do CPC/2015.
Logo, prescinde de reforma a decisão regional que concluiu que, em
face dos pedidos atinentes à equiparação salarial e diferenças
salariais, a condenação deve se limitar aos valores liquidados de

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forma pormenorizada na exordial. Quanto aos demais pedidos,
deixou assentado que, uma vez arbitrado valor para a causa como
mero indicativo aproximado das pretensões deduzidas, o valor da
condenação será apurado em liquidação de sentença, exceto o valor
já liquidado constante do item 2 do rol de pedidos. Incidência da
Súmula nº 333 do TST. Agravo de instrumento conhecido e não
provido. (AIRR-10960-75.2018.5.15.0152, 8ª Turma, Relatora
Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 13/11/2020).

VALOR DA CAUSA. LIMITAÇÃO. De acordo com a nova redação do §


1º do art. 840 da CLT, conferida pela Lei 13.467/2017, a parte tem o
dever de indicar o valor de seu pedido. Sendo assim, deve a sentença
limitar a condenação ao montante fixado pela parte autora em sua
petição inicial, sob pena de afronta ao princípio da adstrição. Recurso
a que se nega provimento. (TRT da 23.ª Região; Processo: 0000545-
39.2019.5.23.0002; Data: 24/08/2020; Órgão Julgador: 1ª Turma-
PJe; Relator: PAULO ROBERTO RAMOS BARRIONUEVO)
PEDIDO LÍQUIDO E CERTO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO. ARTS. 141
e 492 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. De acordo com as disposições
dos arts. 141 e 492 do CPC, o juiz decidirá a lide nos limites em que
foi proposta, sendo-lhe defeso condenar a parte ré em quantidade
superior ao que foi demandado. No caso, considerando que o Autor,
em observância ao novo teor do art. 840, § 1º, da CLT, delimitou o
valor dos pedidos contidos na inicial, a condenação deve se ater aos
valores elencados na peça vestibular. Assim, dá-se parcial
provimento ao recurso da Acionada, no particular, com a
determinação de que a liquidação dos pedidos deferidos em
sentença não poderá ultrapassar o quantum delimitado na inicial,
ressalvada a incidência de correção monetária e juros (exegese da
Súmula n. 211 do TST). (TRT da 23.ª Região; Processo: 0000887-
60.2018.5.23.0107; Data: 29-11-2019; Órgão Julgador: Gab. Des.
Tarcísio Valente - 1ª Turma; Relator (a): TARCISIO REGIS VALENTE)

23. Portanto, deve ser considerada os pedidos da inicial para liquidação


da condenação, com limitação ao valor da causa.

C) DA INADEQUAÇÃO AO ART. 840 §1º DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO -


IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

24. Ante a ausência de liquidação, é possível constatar que o valor da


causa, é incompatível com os pedidos formulados em sua causa de pedir, sendo certo que
não foi apresentada indicação de valores pedido a pedido que pudesse amparar os valores
apontados, que, diga-se de passagem, foram lançados a esmo pelo Reclamante.

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25. Deste modo, basta uma simples leitura do rol de pedidos para se
observar que o valor da causa é muito além do informado pelo Reclamante, o que torna
inevitável a afronta ao artigo 840, §1º, da Consolidação das Leis do Trabalho, alterado pela
Lei nº 13.467/2017.

26. Sem prejuízo do mérito da presente defesa, por meio da qual será
possível verificar que nada é devido o Reclamante, na eventualidade da Reclamada vir a
sucumbir a quaisquer dos pedidos feitos na inicial, tais verbas merecem ser calculadas
levando-se em consideração o real valor do proveito econômico pretendido ou deferido, e
não o absurdo montante inserido pelo Reclamante.

27. Assim, merece ser acolhida a presente preliminar de incorreção


quanto o valor da causa, devendo o mesmo ser alterado para valor compatível com os pedidos
em si e com o proveito econômico pretendido através de cada pleito, devendo ser observado,
no caso de sucumbência da Reclamada, os aspectos ora suscitados.

28. Por tais razões, requer-se que a presente ação seja extinta sem
julgamento do mérito nos termos do artigo 485 do Código de Processo Civil e §3º do artigo
840 da Consolidação das Leis do Trabalho: “Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º
deste artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito.”, condenando-se o Reclamante
no pagamento das custas e demais despesas processuais.

PREJUDICIAL DE MÉRITO

A) DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL E DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DO FGTS

29. A Danone requer que este MM. Juízo declare a prescrição dos
eventuais créditos resultantes da relação de trabalho sub judice, naquilo que ultrapassarem
o período de cinco anos contados da propositura desta ação que ocorreu em 08/12/2023, ou
seja, todos aqueles anteriores à data de 08/12/2018.

30. Isso porque, dispõe o artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal:

“Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...) XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho.”

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31. Desta forma, a prescrição ora indicada deve ser acolhida, para
extinguir o processo com resolução de mérito em relação aos pleitos anteriores a
08/12/2018, eis que a presente ação foi ajuizada somente em 08/12/2023, tudo em atenção
ao disposto no artigo 269, inciso IV, do Código de Processo Civil, aplicado juntamente com o
artigo 769 da CLT, bem como artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal.

32. Ressalte-se, ainda, que a prescrição quinquenal é aplicável também


com relação ao FGTS, conforme entendimento do STF, no julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) 709212, com repercussão geral reconhecida.

NO MÉRITO

A) DAS DIFERENÇAS SALARIAIS


A.1) DAS ATIVIDADES REALIZADAS

33. O Reclamante afirma em sua inicial que, não obstante ter sido
contratado para exercer o cargo de PROMOTOR DE VENDAS, executava as mesmas atividades
atribuídas ao cargo de VENDEDOR PROMOTOR, porém, com o recebimento de remuneração
inferior.

34. Segundo afirmações do Reclamante, o Vendedor Promotor recebia


comissões somadas a salário fixo que na época alcançava o valor de R$ 2.600,00, bem como,
recebiam a parte fixa do salário somada a comissões na base de 9% do total de vendas
efetuadas no mês mensais no montante médio de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais);

35. Assim, pleiteia o pagamento de diferenças salariais.

36. No entanto, as afirmações feitas pelo Reclamante em sua inicial não


refletem a realidade.

37. Primeiramente, é importante destacar que o cargo de VENDEDOR


PROMOTOR foi extinto pela Reclamada a muitos anos, porém, ainda assim, as atividades que
eram desempenhadas por empregados ocupantes desse cargo, não se assemelham com as
atividades executadas pelo PROMOTOR DE VENDAS, cargo do Reclamante.

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38. Tal fato é tão verdade que o Reclamante alega que apresenta nos
autos as fichas de evolução funcional e salários do empregado ANDRÉ LUIZ DA CRUZ para
comprovar suas alegações, e sequer anexa em sua inicial.

39. A Reclamada puxou em seus arquivos e o funcionário Andre Luiz da


Cruz Azeredo foi admitido em 04/09/1995 pela LPC, que foi sucedida pela Danone. Ainda, a
Reclamada.

40. Ora, se o Reclamante se sentiu lesado durante todo o pacto laboral,


por qual motivo ele não indica um paradigma? Ou mais, por qual motivo o Reclamante não
se valeu de documentos recentes para comprovar a existência do cargo de VENDEDOR
PROMOTOR e a remuneração que lhe era paga?

41. Era simples, se havia outros empregados na mesma função e com


salário distintos, bastava indicar um paradigma e a Reclamada realizaria a juntada de seus
documentos.

42. As respostas para as perguntas acima são muito simples. O


Reclamante não indicou paradigmas, pois não existem empregados da Reclamada que
ocupem o cargo de VENDEDOR PROMOTOR, quanto mais recebendo a remuneração
descrita pelo Reclamante em sua inicial.

43. A Reclamada nega que tenha prometido ao Reclamante ou a qualquer


outro funcionário o pagamento de comissão, bem como, nega que tenha empregados
ocupantes do cargo de VENDEDOR PROMOTOR, quanto mais que recebem parcela fixa de R$
2.600,00, acrescida de 9% a título de comissão sobre as vendas realizadas, bem como, nega
que os promotores/repositores realizavam vendas. Tal afirmação é fantasiosa e demonstra a
estratégia do Reclamante ao fazer alegações desencontradas, tudo porque não conseguiu de
fato formular um pedido certo e determinado, seja a título de equiparação salarial, acúmulo
ou desvio de função, muito menos à título de supostas comissões.

44. Apesar do Reclamante NUNCA ter exercido a função de PROMOTOR


VENDEDOR, para demonstrar que o pedido da Reclamante foge da realidade, a Reclamada
junta aos autos os documentos referentes ao colaborador ANDRE LUIZ, demonstrando que a
diferença salarial requerida nunca poderia chegar a R$ 2.600,00 + 9% a título de comissões.

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45. Fato é que o Reclamante foi contratado para o cargo de PROMOTOR
DE VENDAS, cargo este que tinha como principais atividades:

PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES

Responsável por implementar as premissas do “construindo resultados” (espaço,


sortimento, layout-blocagem e localização, precificação da gôndola, animação)
limpeza dos espaços ocupados pela Danone

Responsável pelo controle de estoque e controle FIFO, minimizando as perdas de


produtos no PDV;
Acompanhar o processo de descarte de mercadorias;
Implementar ações de sell out definidos pelo GA e pela cia.

Operacionalizar a emissão dos pedidos de compra negociados pelo gestor respeitando


o horário limite diário de faturamento de cada local e canal;
Preencher os relatórios inerentes da função

Reportar as ocorrências diárias.

Garantir as premissas do “Construindo Resultado” para atingimento das metas


individuais e contribuindo para o resultado da área e da regional.

46. O Reclamante foi contratado na função de Promotor de Vendas e


recebeu seu salário de forma escorreita com o correto pagamento das remunerações
variáveis baseado nas metas alcançadas e de acordo com os critérios estabelecidos pela
Reclamada.

47. Nesse contexto, cumpre esclarecer que, dentre as atividades


realizadas pelo Reclamante, por exemplo, estava a de realização de rodízio de produtos, que
nada mais é do que o controle de validade das mercadorias comercializadas, de forma que a
exposição nas gôndolas e prateleiras se dê de maneira organizada, para que os produtos com
vencimento mais próximos sejam vendidos primeiro.

48. Por isso, as gôndolas das lojas devem estar sempre bem arrumadas,
com os produtos expostos de maneira que chame a atenção do cliente a adquirir aquele
produto. Os preços dos produtos devem estar em local visível, os produtos danificados ou

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vencidos devem ser retirados das gôndolas, os espaços de armazenamento devem estar
limpos e organizados, tudo para potencializar as vendas dos produtos.

49. Ressalte-se que a função do promotor é verificar o estoque da loja e,


notando a falta de algum produto, informar ao gerente da loja e este por sua vez, faz o pedido
e negocia os valores com os gerentes de área da Reclamada. Veja que a atividade é
implementar ações de Sell in (entrada do produto na loja) e sell out (saída do produto para o
consumidor final).

50. Por isso, para a execução do trabalho, evidentemente que é


necessário que o promotor receba um telefone celular, bem como tenha ciência dos pedidos,
dentro da área de responsabilidade do promotor.

51. A Reclamada aproveita para citar duas definições do verbo vender:

1. transitivo direto e bitransitivo


transferir (bem ou mercadoria) para outrem em troca de dinheiro.
2.
transitivo direto
praticar o comércio de, comerciar com, negociar.

52. Ressalte-se que os produtos da Reclamada são auto vendáveis e a sua


promoção depende única e exclusivamente da propaganda de massa. Ou seja, repita-se que
o Reclamante não fazia venda, mas apenas o abastecimento e organização dos mesmos nos
supermercados.

53. O Reclamante jamais se dirigia ao responsável de compra do


supermercado para venda e negociação de produtos.

54. As vendas, portanto, eram feitas entre a gerência dos supermercados


e o Gerente de Área comercial da Reclamada, cargo este superior ao do Reclamante. Cumpre-
nos ainda esclarecer que a realização e efetivação das vendas só poderia se dar pelo Gerente
de Área, pois era quem tinha poder de negociação, conceder descontos, maior expertise e
mais experiência comercial que seus subordinados.

55. Logo, pela leitura da exordial, constata-se que as atividades


desempenhadas pelo Reclamante faziam parte de seu trabalho. Observa-se, inclusive, que o

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Reclamante jamais realizou atividades de responsabilidade de outros funcionários, nem
nunca esteve sobrecarregada com atividades fora de suas funções.

56. A Reclamada impugna os documentos apresentados pelo Reclamante


com a sua inicial, haja vista que se tratam de documentos genéricos, retirados de contexto, e
que não possuem qualquer tipo de assinatura ou registro do destinatário que possa
demonstrar a finalidade de tais manuais. Resta claro que o Reclamante retirou os documentos
de contexto, tudo para fantasiar uma situação que não reflete a realidade.

57. No mais, importante destacar que, toda e qualquer alteração


contratual é previamente acordada com o empregado e devidamente formalizada em sua
CTPS e ficha de registro, com o reajuste salarial equivalente, não sendo verificada qualquer
irregularidade a este título.

58. Some-se aos fatos ora avençados que a Reclamada, na qualidade de


empresa multinacional do ramo alimentício e nutricional, possui um amplo quadro de
funcionários, de forma que nenhum deles é sobrecarregado, muito menos pode alegar
insuficiência de mão de obra que justifique acúmulo ou desvio de funções.

59. O Reclamante atuou somente em tarefas atinentes às suas funções,


de modo que toda a atividade prestada pelo Reclamante se encontra proporcional e
corretamente remunerada pelo salário mensal, nada mais lhe sendo devido.

60. Desta forma, não há que se falar no pagamento de diferenças salariais,


quanto mais acrescida de comissão, haja vista que, conforme será detalhado abaixo, a
Reclamada jamais pagou comissão aos seus empregados e jamais pactuou no contrato de
trabalho do Reclamante QUALQUER comissão.

61. Vejamos Excelência, que o reclamante, como Promotor de Vendas, lhe


cabia a execução de tarefas correlatas a promoção da venda dos produtos, o que envolve
diversas tarefas dentro do escopo de suas atribuições, todas compatíveis com a condição
pessoal e cargo ocupado do reclamante.

62. Além disso, dado o porte e estrutura organizacional da Reclamada, a


mesma possui empregados suficientes, divididos entre os setores e departamentos, sendo
certo ainda, que a remuneração dos empregados sempre foi quitada de acordo com a própria
função exercida.

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63. Desse modo, inexistindo previsão legal, contratual ou normativa, a
execução de tarefas correlatas às principais, desde o início do contrato, na mesma carga de
trabalho, não enseja o direito à percepção de acréscimo salarial.

64. De toda forma, efetivamente, através do contrato de trabalho o


empregado integra-se à organização empresarial, nela assumindo determinada função, que
pode ser definida como o conjunto de serviços e tarefas que formam o objeto da prestação
de serviços.

105. A Reclamada entende que a parte Reclamante, ao alegar fato


extraordinário, diverso da presunção humana, pretendendo o recebimento de valores em
razão de acúmulo de função, fez recair sobre si todo o ônus da prova, nos termos do artigo
818, da Consolidação das Leis do Trabalho, cumulado com o inciso I, do artigo 373, do vigente
Código de Processo Civil, pois incumbe ao autor à prova dos fatos constitutivos do seu direito.

65. O artigo 456, parágrafo único da CLT, todavia, estabelece que, quando
não existir prova a respeito da função exercida, ou quando esta não for contratada por
cláusula expressa, presume-se que “o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível com a sua condição pessoal” (art. 456, parágrafo único da CLT).

66. Cumpre salientar que o reclamante somente exerceu atividades


compatíveis com o cargo ocupado, e dentro da sua condição pessoal.

67. O reclamante não embasa o seu pleito em quadro de carreira de modo


a justificar a eventual diferença salarial pretendida, deixando ainda de demonstrar
desequilíbrio na relação contratual ou ainda que sua força de trabalho foi utilizada em
excesso, deixando de apontar quais seriam as supostas atividades ou serviços que estaria
além daquelas previstas para o seu cargo, ou seja, não se desincumbiu do ônus que lhe
incumbia.

68. Nesse sentido:

ACÚMULO DE FUNÇÃO - INCABÍVEL - O simples exercício de algumas


tarefas componentes de outra função compatível com sua condição
pessoal não configura, automaticamente, a ocorrência de uma efetiva
alteração funcional no tocante ao empregado. É preciso que haja uma
concentração significativa do conjunto de tarefas integrantes da
enfocada função para que se caracterize a alteração funcional
objetivada, máxime quando existe tal previsão no próprio contrato de

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trabalho. Trata-se de simples poder diretivo do empregador. Recurso
não provido. (TRT-01ª R. - RO 0010372-95.2015.5.01.0206 - 3ª T. - Rel.
Antonio Cesar Coutinho Daiha - DOERJ 01.04.2016 )

ACÚMULO DE FUNÇÃO - DIFERENÇAS SALARIAIS - INEXISTÊNCIA DE


CLÁUSULA EXPRESSA - ARTIGO 456, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CLT -
Não há qualquer previsão legal ou convencional que autorize o
deferimento de diferenças salariais ou indenização em virtude do
eventual exercício acumulado de funções pelo obreiro dentro de uma
mesma jornada de trabalho, quando não há cláusula expressa no
contrato de trabalho quanto às atividades a serem exercidas, razão
pela qual se presume que o autor se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível com sua condição pessoal, nos termos do parágrafo único
do art. 456 da CLT . (TRT-09ª R. - RO 0001002-56.2014.5.09.0028 - Rel.
Francisco Roberto Ermel - DJe 02.06.2015 - p. 330)

69. Em nenhum momento o reclamante comprovou ou descreveu (i)


quais atividades eram inerentes ao cargo ocupado; (ii) qual o tempo da jornada que exercia
cada função indicada como acumulada; (iii) quais eram os empregados que supostamente
exerciam a alegada função e se as atividades eram executadas com igual perfeição técnica e
igual produtividade.

70. Nos termos do parágrafo único do artigo 456 da CLT, na ausência de


prova em contrário ou de cláusula expressa a esse respeito, entende-se que o empregado, ao
ser contratado, se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.

71. Permissa vênia, o reclamante se obrigou, por força do contrato de


trabalho, à prestação de todo e qualquer serviço compatível com sua condição, conforme
prevê o parágrafo único do artigo 456 da CLT, em observância ao princípio da máxima
colaboração que o empregado deve ao empregador.

72. Importante ressaltar que cabe ao empregador, no exercício do seu


poder diretivo, estabelecer as atribuições inerentes a cada função. Pode ampliá-las ou reduzi-
las. É o “jus variandi”. Incide, sim, na hipótese, o disposto no art. 456, parágrafo único, da
Consolidação das Leis do Trabalho.

73. Neste sentido, o entendimento dos Tribunais pátrios:

DIFERENÇAS SALARIAIS. DESVIO OU ACÚMULO DE FUNÇÃO. Sendo


o trabalhador admitido para exercer determinada função e estando
previamente ciente do salário a que faria jus, de regra, prevalece o

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entendimento de que o propalado desvio de função enquadra-se no
jus variandi da empregadora, a teor do que dispõe o parágrafo único
do artigo 456 da CLT. (PROC. 0001474-93.2013.5.15.0135 – 4a VT DE
SOROCABA – RELATOR: LUIZ ROBERTO NUNES

DIFERENÇAS SALARIAIS. DESVIO DE FUNÇÃO. INDEVIDAS. Dispõe o


artigo 456, parágrafo único, da CLT, que, à falta de prova ou
inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o
empregado obrigou-se a todo e qualquer serviço compatível com sua
condição pessoal. Assim, o exercício de atividades diversas,
compatíveis com a condição pessoal do trabalhador, não enseja o
pagamento de acréscimo salarial por acúmulo de funções, posto que
são remuneradas, pelo salário, todas as tarefas desempenhadas
dentro da jornada normal de trabalho. Mantém-se. (TRT-15 - RO:
00103354320145150132 0010335-43.2014.5.15.0132, Relator: OLGA
AIDA JOAQUIM GOMIERI, 1ª Câmara, Data de Publicação:
08/02/2017)

DIFERENÇAS SALARIAIS. DESVIO E ACÚMULO DE FUNÇÃO.


INDEVIDAS. O art. 456 da CLT, em seu parágrafo único, prevê que "à
falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível com a sua condição pessoal". Destarte, não há que se falar
em acúmulo de funções, já que as tarefas desempenhadas pelo
Reclamante eram inerentes ao encargo da função para a qual fora
contratada. Reforma-se. (TRT-15 - RO: 00105399520155150021
0010539-95.2015.5.15.0021, Relator: OLGA AIDA JOAQUIM
GOMIERI, 1ª Câmara, Data de Publicação: 11/08/2016)

74. Assim, sabido que o empregado deve entregar sua força de trabalho
durante um determinado número de horas, presume-se que nesse período deverá exercer
todas as atividades a que esteja apto a praticar, sem que isso importe acréscimo salarial.

75. Na ausência de cláusula expressa limitativa das atribuições do cargo,


presume- se que o trabalhador se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua
condição pessoal, nos termos do parágrafo único do art. 456 da CLT, não fazendo jus a
qualquer acréscimo salarial.

76. Data vênia, não há amparo legal e jurídico ao pedido de cumulação de


remunerações (plus salarial) decorrente de "desvio", por inteligência do parágrafo único do
art. 456 da CLT. Nesse sentido:

ACÚMULO DE FUNÇÃO - ATIVIDADES COMPATÍVEIS - ART. 456 DA


CLT - O entendimento predominante nesta Primeira Turma é no

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sentido de que falta amparo legal e jurídico ao pedido de cumulação
de remunerações (plus salarial) decorrente de "acúmulo de funções".
Não é possível o trabalho em duas funções ao mesmo tempo para a
mesma empresa, pois ou bem se faz uma, ou outra tarefa, ou estas se
alternam, mas não as duas ao mesmo tempo. Tratando-se de
atividades correspondentes, sem que para uma se exija maior
capacitação técnica ou intelectual do que para outra, a ampliação das
atribuições, na forma retratada nos autos, se implicou aumento da
jornada, gera o direito ao pagamento de horas extras, e não
complementação salarial. Destarte, aplicável o art. 456, parágrafo
único da CLT, que dispõe que: "à falta de prova ou inexistindo cláusula
expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a
todo e qualquer serviço compatível com sua condição pessoal".
Recurso do autor a que se nega provimento, no particular. (TRT-09ª R.
- RO 0002117-26.2015.5.09.0013 - Rel. Edmilson Antonio de Lima - DJe
18.06.2019 - p. 737)

ACÚMULO DE FUNÇÃO - ATIVIDADES COMPATÍVEIS - ART. 456 DA


CLT - O entendimento predominante nesta Primeira Turma é no
sentido de que falta amparo legal e jurídico ao pedido de cumulação
de remunerações (plus salarial) decorrente de "acúmulo de funções".
Não é possível o trabalho em duas funções ao mesmo tempo para a
mesma empresa, pois ou bem se faz uma, ou outra tarefa, ou estas se
alternam, mas não as duas ao mesmo tempo. Tratando-se de
atividades correspondentes, sem que para uma se exija maior
capacitação técnica ou intelectual do que para outra, a ampliação das
atribuições, na forma retratada nos autos, se implicou aumento da
jornada, gera o direito ao pagamento de horas extras, e não
complementação salarial. Recurso do autor ao qual se nega
provimento, no particular. (TRT-09ª R. - RO 0000478-
02.2012.5.09.0005 - Rel. Edmilson Antonio de Lima - DJe 25.06.2019 -
p. 410)

77. O parágrafo único do artigo 456 da CLT assegura que o empregador


pode exigir do empregado qualquer atividade lícita dentro da jornada normal, desde que seja
compatível com a sua condição pessoal e que não esteja impedida no seu contrato de
trabalho.

78. Ainda que assim não fosse, as provas colhidas nos autos não indicam
a ocorrência de diferenças salariais, mas tão somente, o fato de que o reclamante ter várias
atividades no decorrer da jornada, o que não, necessariamente, implica a ocorrência de
desvio de função, até porque, diga-se, tais atividades encontravam-se no escopo do cargo ao
qual então ocupava, ou seja, operador de loja.

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79. Ademais, é certo que a jurisprudência pátria já referiu, mais de uma
vez, que o trabalhador não faz jus ao pagamento de um plus salarial pelo fato de exercer uma
ou várias atividades durante o cumprimento do contrato de trabalho. Isso porque a legislação
trabalhista adotou o critério tempo – e não o de especialidade de funções – como
determinante para a contraprestação do empregado.

80. Assim, sabido que o empregado deve entregar sua força de trabalho
durante um determinado número de horas, presume-se que nesse período deverá exercer
todas as atividades a que esteja apto a praticar, sem que isso importe acréscimo salarial.

81. Como regra geral, o empregado é remunerado em razão do fator


temporal. É o tempo à disposição do empregador o critério fundante da remuneração do
empregado (seja no critério hora, dia ou mês). Daí por que a remuneração por acúmulo de
função tem caráter excepcional, pois só incide quando incompatíveis as funções
desempenhadas, ou por expressa previsão normativa (legal ou convencional); isto é, a
contratação do trabalhador para exercer certa função não obsta a que ele venha a
desempenhar, licitamente, tarefas compatíveis e/ou correlatas com essa função. É essa a
ideia que se extrai, inclusive, do disposto no art. 456, § único, da CLT.

82. No entanto, outras atividades poderiam ser exercidas, sendo que tal
condição por si só não autorizaria o pleito de pagamento de diferenças salariais por desvio de
funções, porquanto, não se exigiria maior conhecimento técnico, estando plenamente
adequadas à capacidade do reclamante, tampouco jornada superior a contratada.

83. Esta delegação de eventuais funções diversas daquelas exercidas pelo


seu empregado – dentro do seu horário normal de trabalho – decorre do “Jus Variandi” do
empregador e, igualmente, pelo poder de comando que exerce sobre seus funcionários,
permitindo-lhe endereçar tarefas diversas ao empregado.

84. Diante das informações expostas, ainda que se admitindo,


cautelosamente, o exercício de outras atividades que não àquelas que fora contratado o
empregado, não há que se cogitar um suposto pagamento de diferenças salariais, uma vez
que as atividades exercidas estavam dentro do limite permitido pelo poder diretivo do
empregador, estando as mesmas ao alcance físico e intelectual do Reclamante.

85. Por tal razão, isoladamente, já seria suficiente a afastar a pretensão


do pedido em tela. Ocorre que há outros motivos e que igualmente levam a sua
improcedência. São eles:

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a) Inexiste amparo legal e normativo às diferenças salariais
requeridas pelo reclamante. Neste sentido, a reclamada invoca as
disposições contidas no II, do art. 5º, da Constituição Federal;
b) É impossível o exercício simultâneo da promoção e dos produtos e
negociação d evenda, por impossibilidade material. Assim, o salário
mensalmente auferido pela parte autora remunerou todo o trabalho
por ela prestado;
c) O Reclamante sempre percebeu salário compatível com as funções
desempenhadas;
d) Nosso ordenamento jurídico não prevê o pagamento de salário por
funções, apenas pelo tempo trabalhado;
e) A reclamada não possui quadro de carreira organizado e aprovado
pelo Ministério do Trabalho;
f) No caso dos autos, não se poderia arbitrar plus salarial, sob pena de
violação ao art. 444 da CLT, somente cabendo diferenças salariais se
uma das funções desenvolvidas ensejasse salário superior por
disposição legal, coletiva ou regulamentar, o que efetivamente não
é o caso dos autos.
g) Pela parte expositiva da inicial, depreende-se que as atividades
mencionadas pela parte demandante teriam abrangido todo o
período de labor e, assim sendo, foram desempenhadas desde o
início do contrato de trabalho, integrando-o tacitamente (art. 443,
da CLT). Tal é dito sem prejuízo das razões anteriormente
apresentadas e na pior das hipóteses.

86. Desta feita, roga-se pela total improcedência do pedido.

A) DAS DIFERENÇAS SALARIAIS


A.2) DOS CRITÉRIOS PARA PAGAMENTO DA PARCELA VARIÁVEL. DA INEXISTÊNCIA DE
COMISSÕES.

87. Oportuno esclarecer que na vigência do pacto laboral, nos termos do


contrato de trabalho entabulado entre as partes, restou ajustado com o Reclamante o
pagamento de salário fixo mensal, além de remuneração variável consubstanciada em
prêmios pela satisfação de metas.

88. Os prêmios eram pagos em razão de objetivo específico, concursos ou


campanhas realizadas ao longo do ano.

89. Ressalta-se que tais regulamentos são compartilhados com os


superiores hierárquicos do Reclamante, no caso, os Gerentes de Áreas e estes repassam as
informações aos respectivos Promotores.

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90. Essas metas são avaliadas pela conquista de espaço nas gondolas
(novas prateleiras que antes aquele cliente não tinha com produtos da Danone), limpeza,
reposição, organização, sortimento (variedade de produtos da Danone) e o marketing
(merchandising) dos produtos expostos (principalmente em campanhas específicas).

91. Os documentos ora anexados aos autos pela Reclamada tais como,
Política de Remuneração Variável, contrato de trabalho presumem-se verdadeiros, pelo que
cabe ao Reclamante, nos termos dos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC a comprovação das
alegações postas na petição inicial.

92. No mais, os documentos trazidos pela defesa revelam que a


Reclamada pagava prêmios em razão de objetivo específico, concursos ou campanhas
realizadas ao longo do ano.

93. Anualmente, a Reclamada repassa aos promotores de vendas os


folders explicativos da remuneração variável do ano vigente, conforme se verifica dos
documentos anexos.

94. Verifica-se, portanto, que o Reclamante sempre teve ciência das


metas a serem alcançadas mensalmente, bem como conhecia sobre a política de pagamento
dos prêmios. Ressalte-se que a política sobre a remuneração variável é amplamente divulgada
e explicada aos empregados pelos seus gestores em reuniões podendo nesta oportunidade
serem sanadas qualquer tipo de dúvidas.

95. O simples fato de haver variação nos valores pagos a título de


premiação durante a contratualidade não enseja a conclusão de que houve pagamento a
menor de aludida verba, notadamente porque eventuais importâncias devidas a tal título,
como dito alhures, estavam atreladas ao atingimento de metas, bem como, a campanhas
específicas.

96. Todos os documentos ora anexados aos autos, como os holerites e


políticas de remuneração variável, corroboram com a tese de defesa apresentada pela
empresa e demonstram claramente que a empresa sempre cumpriu com o que foi pactuado,
inclusive em relação aos prêmios sobre as variáveis e metas atingidas, como também sobre a
natureza da parcela.

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97. Ou seja, a simples análise de tais documentos revela que o padrão
remuneratório do Reclamante nunca foi prejudicado, tendo este recebido todos os direitos
aos acertos ocorridos desde o início da relação empregatícia e com base em todos os
parâmetros legais.

98. Esclarece-se ainda, de acordo com o Regulamento, o percentual


calculado é pago sobre o salário fixo do mês e sempre no dia 30 do mês subsequente ao
período avaliado.

99. Insta salientar que analisando os contracheques do Reclamante, este


recebeu remuneração variável em praticamente todos os meses do contrato, em valores
correspondentes ao atingimento das metas e que estes foram devidamente integrados no
cálculo das demais verbas.

100. A política de metas se insere no âmbito do poder diretivo do


empregador, sendo defesa a interferência do Poder Judiciário, exceto no caso de violação a
preceitos de ordem imperativa ou princípios, em especial o da isonomia entre os empregados,
não sendo este o caso dos autos.

101. Além disso, totalmente inverídico que foi prometida uma


porcentagem de 9% sobre vendas que chegavam até R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais),
isso porque o valor é completamente fora da realidade, a Reclamada seria uma empresa
trilionária já que todos os promotores representados pelo Dr. RODRIGO DIAS DA SILVA
(OAB/RJ 133.863) e DR. JORGE ANTONIO ROQUE DE AMORIM (OAB/RJ 145.241) fazem a
mesma quantidade vendas.

102. Ressalta-se que jamais foi prometida qualquer comissão ao


Reclamante e se não há acordo expresso a respeito, o Reclamante não faz jus a comissões por
venda de produtos.

103. Nesse sentido é o seguinte precedente recente do TST:

“BANCÁRIO. COMISSÃO PELA VENDA DE PRODUTOS NÃO


BANCÁRIOS. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. Não há
transcendência da causa relativa ao indeferimento de comissões pela
venda de produtos não bancários, quando o v. acórdão regional, ao
afirmar a ausência de acordo entre as partes acerca do pagamento e
que essas tarefas se inserem no conjunto das atribuições do autor,

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decide em consonância com a jurisprudência pacífica desta Corte
Superior. Transcendência da causa não reconhecida e recurso de
revista não conhecido.” (RR-10745-60.2019.5.03.0100, 8ª Turma,
Relator Ministro: Aloysio Correa da Veiga, DEJT 23/9/2022)

104. O valor é completamente absurdo e não retrata a realidade,


tampouco, a política de remuneração variável, haja vista que o Reclamante não recebe
comissões sobre as vendas, mas eventualmente recebe remuneração variável de acordo com
a desempenho e exposição dos produtos nas lojas.

105. Em caso análogo, nos autos da Reclamação Trabalhista movida pela


Sra. VERLAINE DE AVILA FERREIRA em face da Danone, processo n° 0101428-
93.2017.5.01.0222, o juízo julgou um caso idêntico patrocinado pelos patronos do
Reclamante, e indeferiu o pedido da Reclamante em razão dos seguintes motivos:

“(...)
PAGAMENTO DE COMISSÕES
Alega a autora que "era remunerada com salário fixo somado a
comissões mensais, que eram descritas sob as rubricas "variável PLF",
"variável UHT" ou outras com a transcrição "premio" ou
"remuneração variável" além disso informa que : "ficou ajustado que
A Reclamante receberia a parte fixa do salário somada a comissões
na base de 9% do total de vendas efetuadas realizava vendas mensais
no montante aproximado de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), porém,
não se sabe a razão, os referidos valores não eram devidamente
contabilizados para efeitos de pagamento à Reclamante.

A Reclamada aduz que tais valores eram pagos a título de premiação,


integrando a remuneração da autora, em parcelas variáveis.
Neste sentido, a ré juntou recibos de pagamentos com valores
variáveis, por amostragem, ID. 4b35e1c - Pág. 8.

As testemunhas da autora e da ré ainda esclareceram que se a


equipe atingisse a meta havia o pagamento de prêmios, que era um
percentual do salário, pago no contracheque.

Assim, restou comprovado que tal valor de premiação era pago de


forma variável, caso a reclamante atingisse as metas mensais.

Não comprovado diferença no pagamento das referidas comissões,


improcede o pedido da autora, bem como improcede seus reflexos.”

Grifos da Reclamada

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106. Ante todo o exposto, não poderá se dar provimento à pretensão
obreira já que esta não apresentou qualquer fundamentação legal ou normativa a amparar
seu pedido, de forma que deve ser rejeitado, por força do artigo 5º, inciso II, da Constituição
Federal, pois a Reclamada “não está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei”, especialmente, reitere-se, pelo fato de a parte Reclamante jamais ter
desviado suas funções.

107. Conquanto, em face da ausência de pressupostos que possibilitem a


declaração do exercício de desvio de função e, ainda, pela inocorrência de atribuição, ao
Reclamante, de atividades e tarefas diversas daquelas para as quais fora contratada, o pedido
de reconhecimento do desvio de função e o respectivo adicional decorrente deste restam
totalmente prejudicados.

108. Sendo assim, o respectivo pedido deve ser julgado TOTALMENTE


IMPROCEDENTE de plano.

109. Por fim, uma vez que o Reclamante não demonstrou eventuais
diferenças a título de remuneração variável e reflexos, deverão ser julgados improcedentes
os referidos pleitos.

110. Ademais, o Reclamante não faz qualquer prova da remuneração


variável que acredita lhe ser devida. Nesse sentido, vejamos a jurisprudência:

MÉDIA SALARIAL A MAIOR. ÔNUS DA PROVA DA PARTE


RECLAMANTE. COMPETE AO RECLAMANTE PROVAR QUE RECEBIA
MÉDIA SALARIAL MAIOR DO QUE AQUELA COMPROVADA
DOCUMENTALMENTE, BEM COMO QUE LABORAVA EM
SOBREJORNADA. IN-TELIGÊNCIA DOS ARTS. 818 DA CLT E 333, I, DO
CPC. EM NÃO SE DESVENCI-LHANDO DO ONUS PROBANDI, MANTÉM-
SE A SENTENÇA INTEGRALMENTE. RECURSO ORDINÁRIO CO-NHECIDO
E IM-PRO-VIDO.1

ÔNUS DA PROVA. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. De acordo com o


previsto no art. 818 da CLT, a prova do fato constitutivo incumbe à
parte a quem aproveita. Logo, era ônus do reclamante provar a
existência de diferenças de comissões não adimplidas ou de vícios de
consentimento no recibo de quitação que deu ampla e irrevogável

1
(TRT-22 - RO: 3528420155220004, Relator: ENEDINA MARIA GOMES DOS SANTOS, Data de
Julgamento: 29/02/2016, TRIBUNAL PLENO, Data de Publicação: 02/03/2016)

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quitação das parcelas a esse título. Não tendo deste se desincumbido
a contento, nada mais lhe é devido.2

111. Contudo, pelo princípio da eventualidade, caso V. Exa entenda por


bem condenar a Reclamada ao pagamento de diferença salarial, fica desde já sugerido o
importe de 1% do seu salário base, limitado a 100% do salário base, pautado pelo princípio
da razoabilidade e pelas métricas da Reclamada, autorizada a dedução dos valores pagos
mês a mês.

112. Além do mais, a apuração das diferenças salariais alegadas pelo


Reclamante deve ser efetuada de forma analítica, e não de forma genérica e simplista como
feito na exordial, de modo apto a caracterizar a sua efetiva ocorrência, sob pena de
improcedência do pedido.

113. Por fim, na eventualidade do pedido do Reclamante ser julgado


procedente, o que não se espera, requer que haja a dedução ou compensação dos valores
pagos à título de remuneração variável.

114. Nesta esteira, também não há de se falar em reflexos dos repousos semanais
remunerados e destes reflexos nas demais verbas. Isso porque a incidência de parcelas já acrescidas
pelos DSR’s sobre as demais parcelas listadas pelo Reclamante configura repercussão sobre
repercussão (“efeito cascata”), o que é repudiado pelo ordenamento jurídico pátrio, devendo ser
observado por este D. Juízo.

115. Portanto, corolário lógico, improcedente o principal, nada é devido a


título de integração do DSR sobre as comissões, devendo ser julgado improcedente os
pedidos.

A) DAS DIFERENÇAS SALARIAIS


A.3) DA FORMA DE CÁLCULO

116. No tocante a compreensão sobre as regras que norteiam o cálculo da


remuneração variável, a Danone sempre se preocupou em dar visibilidade para os Gerentes,
Supervisores e Promotores sobre como a sua renda variável é calculada, quais são os critérios
que norteiam o seu cálculo e um pode atuar para melhorar os seus resultados e, por
consequência, aumentar o valor da sua remuneração variável.

2
(TRT-3 - RO: 00100390520185030103 0010039-05.2018.5.03.0103, Relator: Convocado Ricardo
Marcelo Silva, Nona Turma)

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117. No que se refere aos valores recebidos à título de variável, vários
fatores incidem sobre essa porcentagem, fatores estes, de conhecimento da Reclamante,
conforme apontado acima e repassado aos promotores nas reuniões com seus gestores.

118. Inicialmente, o cálculo é feito com base no atingimento dos objetivos


(valores definidos como meta) os chamados KPI’s (Key Performance Indicators)). Esses
objetivos são definidos de acordo com o histórico e potencial do mercado regional.

119. A partir do atingimento do objetivo em dinheiro é indicado um


percentual para pagamento.

120. O valor indicado pelo Reclamante é absurdo.

121. É completamente absurdo e não retrata a realidade, tampouco, a


política de remuneração variável, haja vista que o Reclamante não recebe comissões sobre as
vendas, mas eventualmente recebe remuneração variável de acordo com a desempenho e
exposição dos produtos nas lojas. Vejamos exemplo de 2018/2019:

122. Pela política de 2018/2019 é possível notar que cada produto em


exposição o promotor de vendas recebe uma porcentagem sobre o salário, com potencial
máximo de receber 113% do salário a título de remuneração variável.

123. Em 2020, as definições gerais eram:

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✓ PLF + LATICÍNIOS: contempla todas as marcas de Iogurte,
Cream Cheese, Manteiga e Queijo;

✓ UHT Y+PB: contempla marcas Silk, Yoprouhte Danoninho PB;

✓ UHT DANETTE: contempla somente a marcar uhtdanette;

✓ As marcas de UHT, mesmo que contemplem o mesmo nome


de marcas de PLF, não somam ao resultado de PLF;

✓ No KPI de Inovação, a cia indicará os produtos à serem


apurados dentro do mês;

✓ No KPI de Apostas, a cia indicará os produtos à serem


apurados dentro do mês;

✓ Novas marcas podem ser adicionadas conforme ciclo de


inovação da companhia;

✓ Apuração de Danoninho: não contempla Danoninho


Cremoso;

✓ No KPI de Distribuição Numérica, um cliente Broker não será


considerado na base de varejo;

✓ Em caso de exceção, na ausência de meta de algum KPI, o


potencial desta categoria será apurado com o resultado de
Total PLF;

124. É importante explicar a Regra de 01/2020 até 03/2020:

125. Como funciona o Atingiu Garantiu:

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• Para ter direto ao “atingiu, garantiu!” o PUMA terá que atingir, no mínimo, 100% da
meta de PLF+LAT. Ao atingir 100% ele terá garantido o ganho da faixa de 100% das
demais marcas.
• No exemplo ao lado, o atingimento de PLF+LAT foi de 105%, como o atingimento foi
maior que 100% o gatilho “atingiu, garantiu!” foi ativado.
• Em Activao resultado foi de 95% que garantiria um ganho de 4,6%, no entanto, o gatilho
entrou em funcionamento e aumentou o ganho para 9% (faixa 100%);
• Em aposta, o puma não conseguiu bater o mínimo de 95%, mas como ele atingiu
PLF+LAT tem direto a remuneração da faixa 7% (faixa de 100%)
• Já em UHT (Y+PB) o resultado do PUMA foi de 120% que é maior que a faixa a de 100%
(faixa de garantia do gatilho) então, ele ganha pelo atingimento da marca, neste caso 15%.

126. Segue exemplo de cálculo de variáveis aplicados até 03/2020:

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127. Ressaltamos que em 2020 houve alteração do Pilar do Execução para
UHT Regional (Pandemia), não houve a preocupação com nota de loja e para garantir esse
valor foi calculado com base no UHT Regional e o Sell out ficou mais simples, apurando só
o total cia (plf + lat + uht y pb + uht danette)

128. Assim, também não procede que os valores poderiam chegar a R$


2.600,00 eis que considerando o salário base do Reclamante e as regras de remuneração
variável, o valor da RV nunca poderia chegar a R$ 2.600,00.

129. Dessa maneira, os documentos ora anexados aos autos, como os


holerites e políticas de remuneração variável corroboram com a tese de defesa apresentada
pela empresa e demonstram claramente que a Danone sempre cumpriu com o que foi
pactuado, inclusive em relação aos prêmios sobre as variáveis e metas atingidas, como
também sobre a natureza da parcela.

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130. Por fim, diante de toda documentação apresentada nos autos, a parte
Reclamante sequer apresentou demonstrativo de diferenças de forma satisfatória e cabível
diante dos parâmetros legais e contratuais.

131. Portanto, os pedidos relacionados ao pagamento de remuneração


variável devem ser julgados improcedentes, principalmente nos moldes exorbitantes trazidos
pela Reclamante.

B) DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

132. O Reclamante alega que sempre trabalhou em ambiente insalubre


aduzindo que adentrava em câmaras frias ou congeladas, pleiteando assim, adicional de
insalubridade.

133. Todavia, a pretensão do Reclamante não merece prosperar.

134. Ademais, ao contrário do que restou alegado, o Reclamante não


estava exposto a agente insalubre durante todo o contrato de trabalho, quanto mais sem a
utilização de equipamento de proteção adequada.

135. As disposições normativas que tratam dessa verba estão contidas no


texto constitucional (artigo 7º, XXIII) e nos artigos 189 a 192 da CLT.

136. A insalubridade, é definida pela legislação em função do tempo de


exposição ao agente nocivo, considerando ainda o tipo de atividade desenvolvida pelo
empregado no curso de sua jornada de trabalho, observados os limites de tolerância, as taxas
de metabolismo e respectivos tempos de exposição.

137. Conforme restará comprovado no decorrer da instrução processual,


sobretudo após a realização da perícia técnica a cargo do Reclamante, este sempre exerceu
as suas funções em local salubre.

138. A bem da verdade, o Reclamante recebeu corretamente todos os


Equipamentos de Proteção Individual necessários para a realização de suas atividades, quais
sejam, calças térmicas, japonas, toucas, luvas térmicas, bala clavas e cintos ergonômicos,

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sendo estes capazes de eliminar completamente eventual risco a que poderia ser exposto.
Vejamos as imagens à título de exemplificação:

A luva é tricotada com revestimento de poliuretano aprovada contra agentes


mecânicos, abrasivos, cortante e perfurantes para o maior risco durante a
atividade porém você tem a luva que também mantem a mão aquecida
considerando que a exposição tem curtos períodos.

Com fechamento em elástico nas laterais, dorso acolchoado, confeccionado em


couro preto ou branco palmilha de montagem em material sintético, solado em
poliuretano bidensidade com biqueira de aço.

Calça Térmica

Proteção das pernas do usuário contra agentes térmicos - frio, para temperatura
Ambiente abaixo de -5ºc.

Japona Térmica com Capuz

Proteção troco e membros superiores do usuário contra agentes térmicos - frio, para
temperatura Ambiente abaixo de -5ºc.

Balaclava/ Capuz Térmica com Capuz

Capuz de segurança confeccionado em malha de suedine (poliéster e algodão)


para temperatura ambiente acima de -5ºc.

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139. O fornecimento de tais equipamentos, nos termos do artigo 191 da
Consolidação das Leis do Trabalho, descaracteriza a insalubridade.

140. A Reclamada esclarece que todos os Promotores de Vendas da


Reclamada recebem treinamento adequado pertinente a função que irá executar, bem
como Equipamentos de Proteção Individual justamente para elidir qualquer agente nocivo
à saúde, tudo de acordo com o que prevê a NR -15 e demais normas de segurança do
trabalho, saúde e meio ambiente.

141. Ressalta-se que tais treinamentos sobre saúde e segurança no


trabalho são renovados anualmente pela Reclamada.

142. E não é só. Não há o que se falar em ambiente insalubre nos


supermercados ou postos de venda dos produtos da Danone.

143. Isso porque, os produtos da Reclamada - alimentos lácteos - são


armazenados em câmaras de refrigeração, e não câmaras frias, cuja temperatura é
inadequada para laticínios, sob pena de estragarem e serem descartados.

144. É de conhecimento geral que se colocado um Danone acima de 0ºC,


estes congelam, perdendo-se, portanto, a consistência e até gosto original do produto
quando retornar ao seu estado original.

145. Com efeito, cumpre salientar a diferença entre câmaras de


congelamento e câmaras de refrigeração: aquelas servem para o armazenamentos de
alimentos ou produtos que possam ser congelados sem perderem a com isso suas
propriedades alimentícias ou de utilização, ou seja, que podem ser estocados a temperaturas
de até -18ºC (dezoito graus Celsius negativos); já estas (de refrigeração), estão voltadas para
conservação de produtos frescos, tais como legumes, ovos e queijos por um breve espaço de
tempo, caso em que a temperatura do ambiente geralmente estará acima de 0ºC (zero graus
Celsius).

146. Ademais, o enquadramento das atividades e operações consideradas


insalubres, devido à exposição ao frio, está contemplado no Anexo nº 9 da norma
regulamentadora NR-15, da Portaria nº 3.214/78, que determina:

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As atividades ou operações executadas no interior de câmaras
frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que
exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão
consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção
realizada no local de trabalho.

147. Importante observar que o trabalho do Reclamante era realizado em


supermercados e, havia o ingresso em câmeras refrigeradas, e apenas, e tão somente, quando
era necessária a reposição de mercadorias dos produtos da Reclamada nas gôndolas e
prateleiras dos supermercados.

148. O desempenhar das suas atividades no interior da câmara resfriada


ou da área de gondolas não ocorre forma contínua durante a jornada de trabalho.

149. Não há a necessidade de contar, organizar as câmaras dos


supermercados, ressalta-se que o caminhão descarrega o palete dos produtos e já coloca no
local correto, cabendo ainda ao supermercado sua estocagem. Inclusive, sequer era obrigação
do Reclamante estar nos supermercados em dias de entregas, até porque não dá para ficar à
mercê das transportadoras, sendo que, cabia ao reclamante apenas a reposição nas gondolas,
restando impugnada a versão da exordial.

150. No mais, resta impugna a afirmação de que o Reclamante adentrada


em câmaras frias para organizar produtos que nem eram da Reclamada. Tal afirmação não
reflete a realidade, haja vista que nenhum empregado da Reclamada possui autorização para
manejar produtos que não sejam da própria DANONE.

151. Inclusive, nenhum cliente da Reclamada recebe cargas dia sim dia não,
já que os pedidos são semanais/quinzenais e não diários.

152. Ainda, a Reclamada impugna de forma veemente a afirmação do


Reclamante de que realizava a limpeza e faxina das câmaras resfriadas, ressaltando que
referida tarefa não compete ao promotor de vendas não estando em seu escopo de trabalho,
bem como, importante pontuar que as câmaras resfriadas são dos clientes atendidos pelo
Reclamante e não da Reclamada, sendo sem fundamentos tais declarações, sendo passível de
advertência e justa causa.

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153. Ainda, ao contrário do que restou alegado pelo Reclamante, o mesmo
não estava sujeito à umidade/molhado de forma que pudesse lhe causar danos, muito menos
exposto a produtos de limpeza.

154. Como exaustivamente explanado, os produtos da Reclamada são


lácteos e armazenados em câmaras resfriadas.

155. Esclareça-se ainda que o contato com agente insalubre, quando


eventual, não enseja o pretendido adicional, conforme aplicação analógica da Súmula nº
364/TST.

156. Deste modo, não há que se falar em condenação da Reclamada ao


pagamento de adicional de insalubridade, integração e reflexos sob esse título.

157. Por cautela, se houver condenação a título de adicional de


insalubridade, esse D. Juízo deverá tomar como base o salário-mínimo nacional e não o salário
base do Reclamante. Isto porque, nos moldes da Súmula vinculante nº 4 do Excelso Supremo
Tribunal Federal, prevalece a aplicação do salário-mínimo (interpretação conjunta da Súmula
Vinculante 4, art. 7º, XXIII, da Constituição e 192 da CLT).

C) DOS REFLEXOS DO ADICIONAL NAS DEMAIS VERBAS

158. O pagamento dos adicionais de insalubridade e periculosidade estão


sujeitos a alterações de acordo com a realidade do trabalho desenvolvido, não havendo
habitualidade no seu recebimento, ademais o parágrafo 1o. do artigo 457 da CLT não elenca
o adicional compulsório, assim, indevida a integração do adicional no cálculo da base das
horas extras, conforme se vê no julgado abaixo transcrito:

"INTEGRAÇÃO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE NA BASE DE


CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS - IMPOSSIBILIDADE. O art. 457, § 1º, da
CLT, ainda que exemplificativamente, menciona parcelas que
integram o salário, não elencando dentre elas qualquer dos adicionais
compulsórios. Isso porque, ainda que se considere o adicional de
periculosidade (assim como os demais adicionais compulsórios)
parcela de natureza salarial, esta não integra o salário-base para fins
de incidência de outros adicionais, sob pena de propiciar a alteração
indireta do valor do salário-hora, com a nefasta incidência de adicional
sobre adicional. Recurso de Revista conhecido e desprovido." (TST RR
508.287/98.6 - Ac. 5ª T., 18.4.01, Rel. Min. Rider de Brito).

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159. Decisão proferida pelo C. TST, determinou a impossibilidade de
integração do adicional de periculosidade e/ ou insalubridade na base de cálculo das horas
extras, conforme a ementa abaixo transcrita:

"INTEGRAÇÃO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE NA BASE DE


CÁLCULO DAS HORAS EXTRAS - IMPOSSIBILIDADE - O ART. 457,
PARÁGRAFO 1º DA CLT, AINDA QUE EXEMPLIFICATIVAMENTE,
MENCIONA PARCELAS QUE INTEGRAM O SALÁRIO, NÃO ELENCANDO
DENTRE ELAS QUALQUER DOS ADICIONAIS COMPULSÓRIOS. E ISSO
PORQUE, AINDA QUE SE CONSIDERE O ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE (ASSIM COMO OS DEMAIS ADICIONAIS
COMPULSÓRIOS) PARCELA DE NATUREZA SALARIAL, ESTA NÃO
INTEGRA O SALÁRIO BASE PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE OUTROS
ADICIONAIS, SOB PENA DE PROPICIAR A ALTERAÇÃO INDIRETA DO
VALOR DO SALÁRIO-HORA, COM A NEFASTA INCIDÊNCIA DE
ADICIONAL SOBRE ADICIONAL. RECURSO DE REVISTA CONHECIDO E
DESPROVIDO." (Mencionado julgado fora integralmente publicado
na Revista LTR, volume 11, de novembro de 2001, página 1366).

160. Portanto, requer, caso haja eventual condenação ao adicional de


insalubridade e periculosidade que o mesmo não incida no pagamento das horas extras, sob
pena de pagamento de adicional sobre adicional, o que é vedado pela legislação pátria, e
locupletamento sem causa do Reclamante.

161. Por fim, não há também o que se falar em condenação reflexo do


adicional de insalubridade em DSR, isto porque, o adicional de insalubridade já remunera os
dias de repouso semanal e feriados, nos termos da OJ 103 da SDI-I do TST.

103. Adicional de insalubridade. Repouso semanal e feriados. O


adicional de insalubridade, porque calculado sobre o salário-mínimo
legal, já remunera os dias de repouso semanal e feriados.

162. Desta feita, restam impugnadas as pretensões obreiras, visto que não
há verbas concernentes ao aviso prévio, 13º, férias e demais verbas, bem como horas extras.

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D) DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS. DA JORNADA EXTERNA. ENQUADRAMENTO NO
INCISO I, DO ARTIGO 62 DA CLT

163. O Reclamante alega que por todo pacto laboral sempre se efetivou
na seguinte jornada:

(i) De segunda a sábado, das 8h às 19h.


(ii) Uma vez na semana participava de reuniões de vendas no final
do dia, cumprindo a jornada das 8h às 21h;
(iii) um domingo por mês e aos feriados, com exceção dos dias
25/12 e 01/01, das 08h às 12h.

164. Assim, o Reclamante pretende o pagamento de horas extras e reflexos


nas demais verbas salariais, sob a alegação de que não recebeu pelo labor prestado em
sobrejornada.

165. No entanto, nada é devido, como será demonstrado a seguir.

166. Inicialmente, cumpre relembrar que o pedido do Reclamante deve


ser analisado dentro dos limites objetivos da lide, sob pena de julgamento extra ou ultra
petita. A jornada alegada pelo Reclamante é a descrita acima, portanto qualquer outra
jornada eventualmente alegada em depoimento pessoal configura contradição, que, por
conseguinte, ensejará a improcedência do pedido. Este é o posicionamento da nossa
jurisprudência, conforme se observa:

JORNADA DE TRABALHO. CONTRADIÇÃO. TESE INICIAL.


DEPOIMENTO PESSOAL OBREIRO. O trabalho extraordinário, por sua
própria natureza, exige a produção de prova ampla e cabal. Não
apresentada nos autos prova suficiente da prestação de serviços
durante o intervalo intrajornada, além de verificada a divergência
entre a jornada declinada na exordial e aquela descrita no
depoimento pessoal obreiro, improcede o pedido de pagamento de
horas extras. (TRT-2 - RO: 00012929420135020030 SP
00012929420135020030 A28, Relator: SONIA MARIA LACERDA, Data
de Julgamento: 24/02/2015, 5ª TURMA, Data de Publicação:
27/02/2015)

167. Cabe pontuar que as jornadas apontadas não guardam qualquer


espécie de relação com os reais e efetivos horários cumpridos pelo Reclamante durante toda
a vigência de seu contrato de trabalho, o que dispensa maiores considerações, por tratar-se

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de jornada absurda superior a 44 horas semanais. Evidentemente que o Reclamante não
laborou em jornada tão extensa conforme narra, até mesmo porque dita jornada é
incompatível com as necessidades da empresa, dos seus clientes, e provavelmente, com as
possibilidades do Reclamante, ficando desde já impugnada por irreal..

168. Ora Excelência, o princípio da primazia da realidade e da persuasão


racional, consubstanciados na livre apreciação da prova impõem a rejeição dos horários
declinados na inicial, por si só, já que se tratar de jornada humanamente impossível de ser
cumprida por tantos tempos.

169. Nesse sentido, vejamos a jurisprudência:

“JORNADA INVEROSSÍMIL. O princípio da primazia da realidade e da


persuasão racional, consubstanciados na livre apreciação da prova
impõem a rejeição dos horários declinados na inicial, por se tratar de
jornada inverossímil3.

170. Evidentemente que o Reclamante não laborou em jornada tão


extensa conforme narra, até mesmo porque dita jornada é incompatível com as necessidades
da empresa, dos seus clientes, e provavelmente, com as possibilidades do Reclamante,
ficando desde já impugnada por irreal.

171. Entretanto, não obstante o acima mencionado, que fulminam o pleito,


não é menos certo destacar a TOTAL AUSÊNCIA DO DIREITO DO RECLAMANTE ÀS HORAS
EXTRAS POSTULADAS, isto porque, o Reclamante desde sua admissão exerceu suas funções
em jornada externa, incompatível com controle de jornada, não possuindo, em face de
peculiaridades de sua atividade, jornada de trabalho específica, fiscalizada e controlada pela
Reclamada, já que exerce sua função externamente.

172. A exceção prevista no artigo 62 inciso I da CLT é inerente a quem


exerce jornada externa, vez que, sem possibilidade de controle de jornada laboral.

173. A qualidade de trabalhador externo do Reclamante encontra-se


devidamente comprovada, nos termos da lei, ratificando e convalidando as atividades
externas por ele desenvolvidas. Trata-se de serviço externo, no qual se torna impossível o

3
(TRT-1 - RO: 01003181020175010012 RJ, Relator: CELIO JUACABA CAVALCANTE, Data de
Julgamento: 13/11/2018, Gabinete do Desembargador Célio Juaçaba Cavalcante, Data de
Publicação: 01/12/2018)

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controle e fixação do tempo efetivamente dedicado ao trabalho, razão pela qual, o Diploma
Consolidado, notadamente no artigo 62, inciso “I", exclui do capítulo atinente a jornada de
trabalho tais empregados, considerados trabalhadores externos, cujo teor ora se transcreve:

Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:


I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a
fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na
Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de
empregados;

174. Portanto, no desempenho das funções de Promotor de Vendas o


Reclamante atuava com a liberdade para gerir seu tempo e sua jornada de trabalho de acordo
com a necessidade do cliente atendido.

175. Vale relembrar que quando de sua contratação, o Reclamante teve


pleno conhecimento de que exercendo a função de Promotor de Vendas não teria controle
de jornada, pois suas atividades seriam exercidas externamente.

176. Na contratação do Promotor de Vendas é recomendado que realize


suas atividades dentro de 44 horas semanais, de segunda à sexta com no mínimo 1 hora
para refeição e de sábados alternados com horários reduzidos.

177. No desempenho de seu cargo, o Reclamante exercia atividades


exclusivamente externas e não estava subordinado a qualquer tipo de controle jornada,
podendo iniciar e encerrar sua jornada na hora que lhe conviesse com única orientação de
não deixar os supermercados desabastecidos, pois não havia possibilidade de a Reclamada
controlar a jornada do Reclamante.

178. O Reclamante jamais esteve obrigado a comparecer na sede da


Reclamada no início ou no fim de sua jornada, bem como, não era obrigada a informar quando
iniciava ou encerrava suas atividades por meios físicos ou digitais.

179. O Reclamante não realizava fiscalização do labor do Reclamante por


meio de palm top ou mesmo pelo telefone celular, vez que tais aparelhos não têm qualquer
atributo de controle, tais como: GPS, login/logout, redes sociais, etc.; e são utilizados apenas
com o único intuito de agilizar a execução de suas atividades e não de controlar o horário dos
empregados.

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180. A Reclamada não realizava fiscalização do labor do Reclamante por
meio de ligações ou mesmo por aplicativo, vez que os aparelhos e aplicativos fornecidos não
têm qualquer atributo de controle, estes são utilizados apenas com o único intuito de agilizar
a execução de suas atividades, consultar preços e não de controlar o horário dos empregados.

181. Ora Excelência, a Reclamada é uma multinacional com milhares de


Promotores em todo o país, os Supervisores da Reclamada são responsáveis por diversos
Promotores, sendo humanamente impossível que seus supervisores além do trabalho da
rotina diária, ainda fiscalizasse a jornada dos Promotores, muito menos por um aplicativo
como whats app com o envio de áudios ou por ligação.

182. Frisa que, a Reclamada não mantém nenhuma fiscalização de horários


mediante visitas e ligações, conforme alegado pelo Reclamante.

183. O fato de eventualmente se ativar em locais “apontados pelos


supervisores” não altera a sua condição externa já que incompatível com eventual controle,
até porque, as lojas são meras sugestões para que o Promotor se organize melhor, por
exemplo, realizando lojas mais próximas uma da outra em uma sequência, contudo, estes
sequer são obrigados a segui-los ou até mesmo de fazer no mesmo dia, podendo se organizar
da melhor forma para atender o cliente na semana, possuindo apenas a obrigação de não
deixar as lojas de sua responsabilidade desabastecidas na semana.

184. Inclusive é previsto no Parágrafo Único da cláusula 75 do Acordo


Coletivo de Trabalho que a utilização de telefones celulares ou roteirização não são utilizados
como meios de controle da jornada, observe:

185. Eventuais reuniões mensais dos promotores, não eram de vendas,


bem como, jamais foram realizadas fora do horário comercial, sendo que poderiam ocorrer
no máximo 1 vez ao mês e não ultrapassaram 10/15 minutos. Portanto, impugna-se a
informação de que elastecia sua jornada até as 19h uma vez por semana.

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186. Impugnamos os documentos de “apresentação” juntados (id.
a1cec6b), ressaltando que não são do período imprescrito, bem como, não se trata de
documentos direcionados ao Reclamante.

187. E não é só, o trabalho externo exercida pelo Promotor de Vendas é


reconhecido inclusive como tal no Acordo Coletivo de Trabalho firmado com o sindicato:

188. Define-se como serviço externo aquele que não comporta qualquer
tipo de controle de horário de trabalho, como é o caso do Reclamante. Se as circunstâncias
do trabalho executado evidenciam impossibilidade de controle da jornada de trabalho, é
evidente a inserção do contrato de trabalho na exceção prevista no art. 62, inciso I, da CLT.

189. Nesse sentido, vale trazer à baila julgado que corrobora tal assertiva,
consoante se infere:

TRABALHO EXTERNO. IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE DA


JORNADA. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Como o Reclamante laborava
em serviços externos, como promotor de vendas, visitando
estabelecimentos de clientes da reclamada, sem ter que comparecer
diariamente na sede da empresa, encontra-se inserido na regra
disposta no art. 62, I, da CLT, não fazendo jus a horas extras. (TRT-3 -
RO: 00109851320195030015 MG 0010985-13.2019.5.03.0015,
Relator: Rodrigo Ribeiro Bueno, Data de Julgamento: 10/06/2020,
Nona Turma, Data de Publicação: 12/06/2020.)

190. No presente caso é certo que o Reclamante não conseguiu


demonstrar o suposto controle da sua jornada cumprida externamente, pelo que não resta
dúvida que o pedido de horas extras está fadado à improcedência.

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191. Desta maneira, mais uma vez, a Reclamada rechaça o pedido do
Reclamante para aplicação da Súmula 338 do TST em caso de ausência dos cartões de ponto,
isto porque, o Reclamante não tinha sua jornada controlada.

192. Desta feita, compete ao Reclamante comprovar que sua jornada era
controlada, pois a presunção é que a lei e o contrato de trabalho são respeitados e labor
extraordinário deve ser provado.

193. De toda sorte, a jornada narrada JAMAIS refletiu a real jornada do


Reclamante, restando assim, impugnada.

194. Nota-se, portanto, que o Reclamante tenta maliciosamente atribuir


uma responsabilidade inexistente à Reclamada, na medida em que menciona uma jornada de
trabalho completamente inverídica. Observe-se, quanto a este aspecto, que compete ao
Reclamante comprovar suas alegações, conforme prescrevem o artigo 818 da CLT e o artigo
373, inciso I, do NCPC, uma vez que é seu o ônus da prova referente às suas alegações.

195. Inclusive, em hipóteses como a dos autos, em que é inconteste o


exercício do labor externo (reforçado pelo Acordo Coletivo e contrato de Trabalho), cabe
ao Reclamante a prova de que era possível o controle e mensuração dos seus horários de
trabalho. Trata-se de fato constitutivo do direito do Autor. Isso porque a realização das
atividades fora do estabelecimento do Empregador, por sua própria natureza, possui
presunção relativa de incompatibilidade da fiscalização de jornada. Vejamos a recente
jurisprudência do TST:

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. ACÓRDÃO


REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS Nº 13.015/2014 E
13.467/2017. 1. TRABALHO EXTERNO. PRESUNÇÃO RELATIVA DE
IMPOSSIBILIDADE DO CONTROLE DE JORNADA. ÔNUS DA PROVA.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. CONHECIMENTO E
PROVIMENTO. I. Na hipótese, é incontroverso que o Reclamante
exercia trabalho externo na função de montador. A Corte de origem,
ao decidir sobre horas extras, manteve a sentença em que se atribuiu
à Reclamada o encargo de demonstrar a impossibilidade dos controles
dejornada. II. Trata-se de controvérsia acerca da distribuição do ônus
da prova relativo à jornada de trabalho, na hipótese de execução de
labor externo (art. 62, I, da CLT). III . Reconhecida a transcendência
jurídica da causa, pois envolve questão pendente de jurisprudência
pacífica consolidada no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho ou
em decisão de efeito vinculante no Supremo Tribunal Federal. IV . Em
hipóteses como a dos autos, em que é inconteste o exercício do labor

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externo, cabe ao Reclamante a prova de que era possível o controle e
mensuração dos seus horários de trabalho. Trata-se de fato
constitutivo do direito do Autor. Isso porque a realização das
atividades fora do estabelecimento do Empregador, por sua própria
natureza, possui presunção relativa de incompatibilidade da
fiscalização de jornada. V. Nesse sentido, fixa-se o entendimento no
sentido de que o exercício de trabalho externo possui presunção
relativa de inviabilidade da fiscalização dos horários de labor,
cabendo ao Autor prova em contrário, por se tratar de fato
constitutivo do seu direito. VI. Recurso de revista de que se conhece,
por violação do art. 818 da CLT, e a que se dá provimento.
(TST - RR: 10017940820165020322, Relator: Alexandre Luiz Ramos,
Data de Julgamento: 03/08/2021, 4ª Turma, Data de Publicação:
06/08/2021)

196. Os empregados que exercem cargo externo, como era o caso do


Reclamante, estão excluídos de qualquer controle de jornada e, bem assim, de todo o
Capítulo II Da Duração do Trabalho. Por outras palavras, os ocupantes de cargo de em jornada
externa não estão submetidos a controle de ponto e, por isso, não fazem jus ao recebimento
de horas extras.

197. Ao estabelecer como critério a incompatibilidade de fixação de


horário de trabalho, entendeu o legislador que o subjetivismo do primeiro critério teria sido
afastado. Entretanto, não foi o que ocorreu, pois mais uma vez tentou-se interpretar a
incompatibilidade de fixação de horário de trabalho com a impossibilidade de controle de
horário. Ora, a fixação de horário de trabalho diz respeito a hora de início e término do
trabalho a ser prestado e não à jornada que se refere ao número de horas de trabalho
prestadas em um dia. É óbvio que se fixarmos o horário de trabalho, estaremos de forma
reflexa fixando a jornada por este praticada, no entanto, o mesmo não se dá se apenas
estabelecermos a jornada (diária ou limite semanal). Existem situações que, como a dos
autos, que pela peculiaridade do tipo de prestação de serviços, há uma incompatibilidade na
fixação do horário de trabalho, no entanto, isso não equivale a dizer que este trabalhador
terá que permanecer à disposição do empregador sem qualquer limite!

198. Estabelecidas tais premissas, verifica-se a total improcedência dos


pedidos em questão.

199. Isto posto, resta incontroverso que o Reclamante jamais laborou em


regime de sobrejornada, por não haver qualquer fiscalização de seus horários durante a
vigência do pacto laboral.

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200. Por não haver qualquer tipo de fiscalização de jornada do Reclamante
durante toda a vigência do pacto laboral, improcede o pedido ao recebimento de horas
extraordinárias, intervalo intrajornada e reflexos.

201. Contudo, em atendimento ao Princípio da Eventualidade, convém


frisar que o eventual deferimento de horas extras deve sofrer a limitação imposta pela
jurisprudência, no sentido de serem excluídos do cômputo da sobrejornada os minutos que
antecedem ou sucedem a jornada de trabalho, na forma da Súmula 366 do TST.

202. Em que pese a impossibilidade de fiscalização da jornada de trabalho


diária da parte Reclamante, repita-se que a sua rotina de trabalho poderia perfeitamente ser
desempenhada no curso de 8 (oito) horas.

203. Outrossim, o eventual deferimento de horas extras também está a


merecer a limitação sedimentada na jurisprudência do C. Tribunal Superior do Trabalho, a
qual prevê a integração do pagamento das horas de sobrejornada limitada a duas horas
diárias, nos termos da decisão abaixo transcrita:

É entendimento dessa Corte que a integração ao salário no valor pago


a título de serviço suplementar está limitada ao máximo de 02 (duas)
horas diárias.” (RR-1341/88.7, Ac.2ª T-0982/89, DJU 18.8.89; RR-
511/88.1, Ac. 3ª T-1755/89, DJU 16.6.89; AG-E-RR-3.454/80, Ac. STP-
1.860/87, DJU 17.9.87)

204. Estabelecidas tais premissas, verifica-se a total improcedência dos


pedidos em questão.

205. Na remota hipótese de acolhimento do pedido de horas extras, pelo


menos no que diz respeito aos reflexos das horas extras em repouso semanal remunerado e
feriados e, destes, em férias acrescidas de 1/3, 13º salário, aviso prévio e FGTS acrescido de
40%, a pretensão obreira não merece prosperar, haja vista que tal prática acarretaria a
incidência de adicional sobre adicional.

206. Por fim, na hipótese de acolhimento do pedido de horas extras, o que


se admite tão somente em respeito ao princípio da eventualidade, em razão da natureza da
remuneração percebida pela parte Reclamante - composta de valor fixo e de renda variável -
, eventuais diferenças devem ser apuradas de acordo com a previsão contida na OJ 397 da

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SDI-1 do TST, sendo que, em relação à parte fixa, são devidas as horas simples acrescidas do
adicional de horas extras e, em relação à parte variável, é devido somente o adicional de horas
extras, aplicando-se o disposto na Súmula nº 340 do TST.

E) DAS HORAS EXTRAS POR AUSÊNCIA DE INTERVALO INTRAJORNADA

207. Afirma o Reclamante que, por ter laborado na jornada acima


mencionada, não gozou integralmente do intervalo de refeição e descanso – fruindo de
apenas 30 minutos–, razão pela qual pleiteia como hora extra o intervalo supostamente
violado, bem como reflexos.

208. O Reclamante durante todo o seu contrato laboral exerceu suas


atividades externamente, não tendo como sofrer qualquer tipo de fiscalização no tocante ao
seu horário de refeição e descanso, não havendo, portanto, que se falar em horas extras por
ausência de intervalo, conforme legislação trabalhista em vigor.

209. Outrossim, deve ser observado que há sempre orientações dos


gerentes de área e supervisores para que os funcionários externos usufruam a hora integral
para refeição e descanso, inclusive havendo previsão neste sentido no contrato de trabalho
assinado entre as partes.

210. Inclusive, nos termos do Acordo Coletivo de Trabalho firmado com o


sindicato, encontra-se implícito no fornecimento de Vale Refeição/Alimentação a
concessão do intervalo de refeição de no mínimo 1 hora para o labor externo, senão
vejamos:

211. Ante o exposto, contesta-se a alegação de que o Reclamante não


usufruía de 01 (uma) hora de intervalo para refeição e descanso pelo exposto alhures, razão
pela qual tal pleito deve ser afastado.

212. Assim sendo, deverá o Reclamante fazer prova de suas alegações,


ônus que lhe compete com exclusividade, a teor do quanto dispõem os artigos 818, I, da CLT,

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por se tratar de fato constitutivo do seu direito. Este é o entendimento pacificado de nossa
jurisprudência, conforme precedente de jurisprudência do TST abaixo colacionado:

AUSÊNCIA DOS CARTÕES DE PONTO. INTERVALO INTRAJORNADA.


ÔNUS DO RECLAMANTE. A presunção favorável ao empregado gerada
pela sonegação patronal dos registros de ponto não se estende ao
intervalo intrajornada, cuja anotação não é obrigatória, consoante o
art. 74, § 2º, da CLT em sua redação então vigente, que fazia menção
a "pré-assinalação". Não havendo prova da irregularidade na fruição
da pausa, cujo ônus competia ao Reclamante, são indevidas as horas
extras correspondentes, assim como seus reflexos. Apelo da ré
provido, no ponto. (TRT-2 10009501720195020043 SP, Relator:
KYONG MI LEE, 3ª Turma - Cadeira 2, Data de Publicação: 09/03/2021)

213. Ainda, o incontroverso trabalho externo, sem qualquer fiscalização


do interregno, faz presumir o gozo integral da pausa destinada à alimentação e descanso,
tratando-se de condição obstativa à percepção de horas fictas intervalar, não se aplicando
a súmula 338 do TST. Vejamos a jurisprudência:

INTERVALO INTRAJORNADA. TRABALHO EXTERNO. PRESUNÇÃO DE


GOZO. A decisão regional está em consonância com jurisprudência
deste Tribunal Superior no sentido de que, mesmo ante a
possibilidade de controle de jornada, em virtude de trabalhador
externo poder estabelecer o seu próprio horário, o gozo do intervalo
para , ante a autorização legal para dispensa do registro, refeição é
presumido o que afasta o direito às horas extraordinárias.
Precedentes. Incidência da Súmula 333 do TST. Agravo de
instrumento a que se nega provimento (...)." (ARR-1476-
22.2012.5.06.0144, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 27/03/2020)

214. Portanto, restam improcedentes os pleitos de pagamento de horas


extras por ausência do intervalo intrajornada e reflexos, constantes do rol de pedidos da
inicial.

F) DA NATUREZA INDENIZATÓRIA. DAS CAUTELAS EM MATÉRIA DE INTERVALO


INTRAJORNADA

215. Caso se entenda pelo deferimento das horas decorrentes do intervalo


intrajornada, o que se admite em face do princípio da eventualidade, deve ser deferido

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apenas o tempo remanescente da uma hora, a fim de evitar o bis in idem e o
enriquecimento sem causa.

216. Ora, a antiga redação do §4º do artigo 71 da CLT já mencionava


claramente remunerar o "período correspondente" ao intervalo não concedido, sendo
evidente quanto à abrangência de período parcial nos casos em que a supressão não é inteira.
Prestigiada jurisprudência já trilhava esse entendimento, conforme precedente abaixo
colacionado:

INTERVALO. CONCESSÃO PARCIAL. OJ 307 DA SDI-1 DO C. TST. Quando


há concessão parcial do intervalo intrajornada, o pagamento previsto
no artigo 71, § 4º da CLT deve corresponder apenas ao período não
concedido. A interpretação que se deve dar ao entendimento
sedimentado na Orientação Jurisprudencial nº 307 da SDI-I do TST é
no sentido de que o valor a ser quitado é o total do período
correspondente à não concessão. Assim, se a não-concessão é parcial,
a remuneração também deve ser proporcionalmente parcial.
Sentença que se mantém. (TRT-9 357201125906 PR 357-2011-25-9-0-
6, Relator: SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS, 6A. TURMA, Data de
Publicação: 28/02/2012)

217. Demais disso, ainda por cautela, cumpre observar que o pagamento
por intervalo não concedido – se vier, por absurdo, a ser deferido –, reveste-se de natureza
indenizatória e não gera nenhum reflexo ou integração em outras verbas, muito menos nas
descritas na inicial.

218. A nova redação do § 4º do art. 71 da CLT (alterado pela Lei


13.467/2017), encerrou a controvérsia com relação a estes temas e positivou expressamente
a intenção do Legislador dispondo que:

§ 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada


mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais,
implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período
suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor
da remuneração da hora normal de trabalho.

219. Nesta esteira, também não há de se falar em reflexos das horas extras
nos repousos semanais remunerados e destes reflexos nas demais verbas. Isso porque a
incidência de parcelas já acrescidas pelos DSR’s sobre as demais parcelas listadas pelo

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Reclamante configura repercussão sobre repercussão (“efeito cascata”), o que é repudiado
pelo ordenamento jurídico pátrio, devendo ser observado por este D. Juízo.

220. Por fim, não há que se falar em condenação da Reclamada ao


pagamento da hora integral, devendo ser considerada, para todos, os fins a confissão do
Reclamante de que gozava de 30 minutos.

G) DOS DOMINGOS E FERIADOS LABORADOS

221. O Reclamante pleiteia o pagamento de horas extras sob a alegação de


que laborou aos domingos e em todos os feriados, exceto natal e ano novo, sem perceber o
adicional de horas extras de 100%.

222. A Reclamada impugna a alegação de que o Reclamante laborava aos


domingos e feriados, razão pela qual tal pleito deve ser afastado.

223. Conforme tópico anterior, o Reclamante durante todo o seu contrato


laboral exerceu suas atividades externamente, não tendo como sofrer qualquer tipo de
fiscalização no tocante ao seu labor em feriados, não havendo, portanto, que se falar em
horas extras por labor aos feriados, conforme legislação trabalhista em vigor.

224. Ainda, nenhum dos promotores da Reclamada exerce seu labor aos
domingos e feriados, o horário sugerido na contratação do Promotor de Vendas é de 8 (oito)
horas diárias em dias úteis, sempre respeitando o limite de 44 horas semanais.

225. O artigo 1º, da Lei nº 605, de 1949, concedeu ao trabalhador o direito


a uma folga semanal de 24 horas, preferencialmente aos domingos, disposição transformada
em garantia constitucional pela Carta Maior (artigo 7º, inciso XV) e em consonância com o
artigo 67 da CLT.

226. Diante disso, a lei é bastante clara ao dispor que a folga deve ser
concedida preferencialmente aos domingos, sem, contudo, impedir que seja usufruída pelo
empregado em outro dia da semana, motivo pelo qual o labor aos domingos não enseja o
direito à dobra, caso a folga seja realizada em outro dia da semana (artigo 9º, Lei n. º 609, de
1949 e Lei 10.101 de 2.000).

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227. Assim, não há que se cogitar pagamento em dobro ou de horas
extraordinárias quando concedida a folga em outro dia da semana, haja vista tal possibilidade
se encontrar prevista no diploma legal acima invocado, não se tratando, portanto, de trabalho
em dias de folgas.

228. A Reclamante sempre teve a concessão correta de suas folgas, bem


como, jamais laborou em dia destinado ao seu dia de descanso.

229. Como mencionado, o ônus da prova no que se refere à prestação de


serviço em horário extraordinário cabe ao Reclamante, conforme entendimento constante
do artigo 818, da Consolidação das Leis do Trabalho cumulado com o inciso I, do artigo 373,
do Código de Processo Civil.

230. Ainda, cumpre destacar que o Reclamante não menciona os feriados


individualizado que eventualmente teria laborado, observe que na capital do Rio de Janeiro
pode existir feriados municipais e nacionais, sendo que o Reclamante não individualiza se
trabalhou em feriados nacionais, municipais e quais foram, o que por si só acarreta a
improcedência do pleito em questão.

231. Quanto às alegações de labor nos feriados, melhor sorte não assiste a
Reclamante, uma vez que o trabalho era desenvolvido de segunda à sexta-feira e jamais
houve a prestação de serviço pela Reclamante nos dias de feriados e naqueles destinados às
folgas, ficando impugnada qualquer alegação contrária.

232. Ainda, conforme se verifica nos autos, não há uma prova contundente
sequer de que, havia labor aos feriados, não desincumbindo assim, o Reclamante, de ônus
que lhe competia.

233. Diante do exposto, o pedido deve ser julgado improcedente, bem


como seus reflexos.

H) DO TÍQUETE REFEIÇÃO

234. Sustenta o Reclamante que laborava aos sábados, domingos e


feriados sem receber o correspondente vale refeição.

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235. No caso concreto, a Reclamada ratifica que os pagamentos foram
corretamente realizados, quando efetivamente devidos (vide Extrato Vale Alimentação), de
forma diversa do alegado pelo Reclamante, sendo certo que em nenhum momento o
Reclamante se desincumbiu de seu ônus probatório a fim de comprovar a efetiva diferenças
em seu favor.

236. De toda sorte. a Reclamada se compromete ao pagamento de mensal


de um valor fechado de R$ 483,00 a título de vale refeição, sempre que respeitada as regras
presentes no mesmo dispositivo.

237. Independente se o mês possui 28, 30 ou 31 dias, a Reclamada se


compromete a um valor fechado e ele não sofre variações por dias de trabalho.

238. Vale ressaltar que NÃO havia labor em sábados, domingos e feriados.

239. E não é só, a Reclamada sempre quitou os benefícios em importe


superior ao devido, ainda que se considere-se a quitação em uma jornada de segunda a sexta.

240. Por fim, a Reclamada impugna o valor de R$ 43,00 lançado pelo


Reclamante, isto porque, à título exemplificativo, a partir da sua admissão a Reclamada quitou
R$ 115,00/mensais à título de vale alimentação previsto na cláusula 9 do ACT 2019/2020
(anexo à defesa) e o importe de R$ 483,00/mensais era pago à título de vale refeição.

241. Ademais, não há estipulação normativa e a Reclamada sempre arcou


com valor mensal fechado do referido benefício, não havendo o que se falar em diferenças
devidas.

242. Vale ressaltar que o Recorrente não o reclamante não juntou norma
coletiva especificando o pagamento do vale refeição, tampouco que estipule um valor
específico por cada dia trabalhado, não havendo o que se falar em diferenças.

243. Dessa forma indevida as diferenças em favor do Reclamante.

I) DESCONTOS INDEVIDOS – DIÁRIAS DE VIAGEM.

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244. O Reclamante alega que sofria descontos mensais das diárias
de viagem, dessa maneira, pleiteia o Reclamante a devolução dos descontos sob o argumento
de serem indevidos

245. De início a Reclamada impugna a média apontada de R$ 800,00 reais


devendo considerar os valores constantes nos Demonstrativos de Pagamentos.

246. Esclarece a Reclamada que todos os promotores de vendas recebem


valores a título de ajuda de custo suas diárias de viagens, sendo que, esses valores são
depositados antecipadamente, antes do início mês, na conta corrente do Reclamante e
quitados conforme as necessidades das atividades desempenhadas pelo Reclamante.

247. Frisa-se que referido valor é direcionado para que pudesse suportar
despesas de deslocamentos, sem qualquer natureza salarial.

248. Quanto a alegação de descontos, por se tratar de valores adiantados


ao Reclamante, apenas compunham no seu contracheque com a finalidade de
contabilização, não sendo realizado qualquer desconto efetivo ou ilegal em seu salário.

249. Trata-se de lançamentos para fins CONTÁBEIS, de idêntica forma em


relação as férias.

250. Os valores de Diárias de Viagem são pagos separadamente entram


como proventos e saem como descontos, já que foram pagas durante o mês, separado do
pagamento do salário.

251. Não há um desconto efetivo, ele é lançado como desconto apenas


para contabilização.

252. Vejamos à título de exemplificação:

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253. Já que as diárias não integram o salário e são realizados como
adiantamento no mês anterior, os descontos ocorrem apenas como lançamentos contábeis,
até para não considerar a integração nas demais verbas, considerando para fins de integração
apenas as verbas salariais.

254. Fato é que, o desconto não afetou o salário que o Reclamante


receberia, considerados os demais descontos.

255. Ressalta-se que os demonstrativos de pagamento gozam de


presunção de veracidade.

256. Observe o entendimento do TST à esse respeito:

PROVA DE PAGAMENTO . FICHAS FINANCEIRAS. MEIO DE PROVA


IDÔNEO. Segundo o quadro fático delineado pelo Tribunal, o

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reclamante cingiu-se a impugnar as fichas financeiras, sob o
argumento de que estas não continham sua assinatura. Logo, não
atacado o conteúdo de tais papéis ou negado o recebimento dos
valores nele consignados, conclui-se que as fichas financeiras são
válidas enquanto meio de prova. Isto porque é sabido que o mundo
moderno já não concebe pagamento de trabalhador em "boca de
caixa" até mesmo por medida de segurança. O estágio atual permite
às empresas pagamento de salário por depósito bancário e as fichas
financeiras constituem o controle da empresa de que tais depósitos
foram efetuados. Assim, data vênia, tais documentos presumem-se
válidos no sentido de que demonstram depósito efetuado. Não basta
assim a simples impugnação por ausência de assinatura, uma vez que
pode o empregado demonstrar a sua imprestabilidade com a
apresentação de simples extrato bancário. Recurso de Revista
conhecido e provido para determinar o abatimento dos valores
consignados nas referidas fichas a título de horas in itinere.

(TST - RR: 3182220125050511, Data de Julgamento: 21/10/2015, Data


de Publicação: DEJT 23/10/2015)

257. Ora, torna-se medida de prudência que o caso sub judice seja
analisado sob a ótica do princípio da verdade real, tendo em vista a realidade fática
consistente no incontroverso pagamento das diárias de viagem como adiantamentos,
conforme valores discriminados nas Ficha Financeiras e Demonstrativos de Pagamento.

258. E não é só, se deferido a devolução de descontos, além de conivente


com a aventura jurídica do Reclamante ao pleitear os valores ao qual não faz jus, o
Reclamante será premiado em nítido enriquecimento sem causa.

259. Ademais, com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 o artigo 457


da CLT, que dispõe sobre o conceito de remuneração e salário do empregado foi atingido pela
lei de reforma trabalhista, mudando as regras sobre o pagamento das diárias de viagem.

260. Considera-se Diária de Viagem o valor pago pelo empregador ao


empregado para custeio de despesas decorrentes do exercício de atividades fora da sede da
empresa, como deslocamento, alimentação e hospedagem, por exemplo.

261. Desta maneira, as diárias de viagem pagas ao empregado, não


integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário.

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262. A regra deve ser aplicada mesmo que o valor pago como diárias de viagem
esteja acima de 50% da remuneração mensal do empregado, conforme preceitua o Art. 457
§ 2º CLT, bem como das cláusulas vigentes do Acordo Coletivo de Trabalho, por isso seu
lançamento, para fins de registro.

263. Cumpre esclarecer que nos Acordos Coletivos de Trabalhos entre o


Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Produtos derivados, do açúcar,
torrefação, moagem, solúvel de café e fumo dos municípios de São Paulo (capital), Grande
São Paulo, Mogi das Cruzes, São Roque e Cajamar e a Reclamada Danone (referente aos anos
2017/2018, 2018/2019 e 2019/2020) as cláusulas nº 70, 71 e 72 estabelecem claramente a
NÃO INTEGRAÇÃO DA REMUNERAÇÃO. Vejamos:

• 2017/2018:

• 2018/2019:

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• 2019/2020:

• 2020/2021

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• 2021/2022

• 2022/2023:

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264. Dessa forma, não há que se falar em qualquer integração das diárias para
viagem ao salário.

265. Nesse sentido é a jurisprudência:

DIÁRIAS PARA VIAGEM. Pois bem, as diárias quando pagas até 50%
do salário não são consideradas salários (art. 457 da CLT). Quando não
consideradas salário sequer precisam constar no recibo salarial, pois
podem ser pagas "por fora".
(TRT-1 - RO: 01018717420165010482 RJ, Relator: IVAN DA COSTA
ALEMAO FERREIRA, Data de Julgamento: 13/11/2018, Nona Turma,
Data de Publicação: 27/11/2018)

266. Nos termos do art. 818 da CLT e art. 373, I do NCPC é ônus da autora
comprovar os fatos constitutivos dos seus direitos, portanto cabe a parte Reclamante apontar
e comprovar as diferenças que entende como devida.

267. Portanto, restam impugnados os pedidos integração das diárias de


viagem.

268. Assim sendo, imprescindível sejam examinados todos os fatos aqui


expostos, a apreciação do conjunto probatório ofertado pela Reclamada, que não pode ser
penalizada em prol do enriquecimento ilícito do Reclamante.

269. Sendo assim, requer pela improcedência de referido pedido de


devolução de descontos das diárias de viagem e de integração na remuneração.

J) DO PEDIDO DE BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA E DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS

270. A presente ação foi ajuizada na vigência da Lei nº 13.467/17, logo,


para a concessão do benefício da gratuidade de justiça, devem ser observados os parâmetros
dispostos no art. 790 da CLT, em especial o disposto nos parágrafos 3º e 4º.

271. Da leitura dos documentos anexados com a exordial, verifica-se que o


Reclamante não preenche os requisitos do artigo 14 da Lei nº 5.584/70, muito menos
comprovou o seu alegado estado de miserabilidade nos termos do inciso LXXIV do artigo 5º
da Constituição Federal.

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272. O Reclamante também não faz prova de seu atual salário.

273. Logo, não deve ser concedido por esse D. Juízo o pedido de benefício
da justiça gratuita.

274. Em decisão recente do TRT da 3ª Região em 27/02/2024, tendo como


Reclamante LARISSA PAULA FERREIRA LUIZ, e como Reclamada GENERAL MILLS BRASIL
ALIMENTOS LTDA, no processo número 0010155-22.2023.5.03.0075 o Tribunal Regional
entendeu que, a mera apresentação de declaração de pobreza não autoriza o deferimento
do benefício, que não pode ser concedido por presunção, tampouco comprova a
insuficiência financeira exigida pela Súmula 463 do TST, cabendo ao requerente demonstrar
o seu estado de insuficiência atual, o que não ocorreu no caso paradigma, afastando assim
a concessão do benefício de justiça gratuita.

275. A Recorrente transcreve o acórdão do TRT atual:

“JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


A reclamada se insurge contra o deferimento da justiça gratuita à
reclamante, aduzindo que não restaram preenchidos os requisitos
para a concessão do benefício
Ao exame.
A ação foi ajuizada em 17/02/2023, após a entrada em vigor da Lei
13.467/2017, devendo a matéria ser analisada à luz do artigo 790, §3º,
da CLT.
E, diante da expressa determinação contida no parágrafo 4º do
referido dispositivo, a parte deve comprovar a insuficiência de
recursos para fazer jus ao benefício em questão, não havendo mais
lugar para a aplicação subsidiária do art. 99, § 3º, do CPC.
Assim, a mera apresentação de declaração de pobreza não autoriza o
deferimento do benefício, que não pode ser concedido por
presunção, tampouco comprova a insuficiência financeira exigida pela
Súmula 463 do TST, cabendo ao requerente demonstrar o seu estado
de insuficiência atual, o que não ocorreu
O Reclamante trabalhou para a reclamada no período de 13/11 /2021
a 07/11/2022, tendo como última remuneração o valor de R$
1.781,75 (TRCT ID. 7e6a3af), inferior a 40% do teto de benefícios da
Previdência Social, que, em 2024, equivale a R$ 3.114,41 (conforme
Portaria Interministerial MPS/MF Nº 2, de 11/01/24). O ajuizamento
da ação se deu mais de três meses após a sua dispensa, e ela não

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cuidou de anexar aos autos a cópia integral de sua CTPS, mas apenas
parte dela (contrato com a reclamada - ID. 20784fd), a fim de
demonstrar a inexistência de novo vínculo ou que, tendo celebrado
contrato de trabalho, a remuneração não atinge o limite previsto na
CLT.
Sendo assim, e diante da impugnação expressa da reclamada, não há
como manter a sentença que deferiu à reclamante a gratuidade,
porquanto o legislador, por meio da reforma trabalhista, afastou a
possibilidade de concessão do benefício por presunção. Não
comprovado o efetivo estado de insuficiência, nos termos dos §§ 3º e
4º do art. 790 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017,
dá-se provimento ao apelo para afastar a gratuidade reconhecida em
primeiro grau à reclamante,
De conseguinte, condena-se o Reclamante ao pagamento de
honorários advocatícios em prol dos procuradores da reclamada, no
percentual de 10% sobre o valor dos pedidos julgados totalmente
improcedentes.”

276. Ainda, em se tratando de ação ajuizada após a entrada em vigor da Lei


nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), incide o art. 791-A, caput, da CLT, sendo
devidos honorários advocatícios em razão da sucumbência do Reclamante.

277. Portanto, em caso de sucumbência recíproca, deverá ser a parte


Reclamante condenada a pagar em favor dos patronos da Reclamada honorários de 15%, em
respeito ao trabalho exercido pelo patrono da Reclamada no decorrer deste litígio, inclusive
com a dedução/abatimento desse valor sobre o eventual crédito do Reclamante.

278. Apenas por extrema cautela, com relação à suspensão da exigibilidade


do pagamento dos honorários sucumbenciais pela parte Reclamante, com fundamento no §
4º do artigo 791-A da CLT, por conta do benefício da justiça gratuita, destaca-se que o artigo
admite pagamento quando há créditos capazes de suportar tal despesa:

§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha


obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de

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existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do beneficiário.
(grifos da Reclamada)

279. Dessa forma, por extrema cautela, desde já requer a Reclamada que,
caso a parte tenha créditos obtidos em juízos capazes de suportar as despesas decorrentes
da sucumbência, seja nos autos desta reclamatória ou em qualquer outro processo judicial,
tal verba deverá ser paga não obstante a concessão do benefício da justiça gratuita.

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CONDIÇÃO


SUSPENSIVA DE EXIGIBILIDADE. O art. 791-A, §4º, da CLT disciplina
que as obrigações decorrentes da sucumbência ao beneficiário da
justiça gratuita ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade no
caso de a parte não obter, em juízo, créditos capazes de suportar a
despesa. No caso, a sentença foi publicada de maneira líquida e o
crédito líquido da parte autora comporta o pagamento
dos honorários sucumbenciais. Assim, não há falar em aplicação
do art. 791-A, §4º, da CLT ao caso. Apelo do Reclamante não provido,
no particular. (TRT 23ª R.; ROT 0000712-59.2019.5.23.0001; Tribunal
Pleno; Relª Desª Beatriz Theodoro; DEJTMT 14/01/2021; Pág. 51)

280. Diante do exposto, resta claro que deverá ser acolhido o pedido da
Reclamada de deferimento dos honorários sucumbenciais, assim como a declaração da
inaplicabilidade da suspensão da sua exigibilidade, garantindo ao patrono da Reclamada o
direito de exigi-los do eventual crédito que venha a ser auferido pelo Reclamante.

K) DOS PEDIDOS REFLEXOS

281. Como bem anotado nas linhas anteriores, os pedidos elencados na


inicial não merecem acolhimento.

282. Diante disso, o destino do acessório deve guiar-se pela sorte do


principal, ou seja, como os requerimentos iniciais não devem ser cominados à Ré, não se pode
falar em condenação ao pagamento dos consectários legais.

L) DA COMPENSAÇÃO

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283. Na remota hipótese de algum título ser deferido o Reclamante, o que
não se espera e se admite apenas para argumentar, a Reclamada invoca o instituto da
compensação, nos termos do artigo 767 da CLT, e da Súmula nº 48 do Egrégio Tribunal
Superior do Trabalho, impondo-se que os valores eventualmente deferidos sejam
compensados com os já pagos sob os mesmos títulos e mencionados ao longo desta
contestação.

M) DA ÉPOCA PRÓPRIA PARA A APLICAÇÃO DE JUROS E DA CORREÇÃO MONETÁRIA

284. No tocante ao adequado momento para a aplicação de juros e


correção monetária, a Reclamada requer que seja considerado o disposto na Súmula 381 do
TST, que define o seguinte conceito:

“O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente


ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data
limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária
do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do
dia 1º.”

285. O que se busca esclarecer por meio de tal entendimento é que a


obrigação não pode ser exigida do devedor antes do seu prazo final para pagamento. Logo, a
correção monetária só poderá ter início no momento que a obrigação se torna exigível, tudo
de acordo com o parágrafo 1º, do artigo 1º, da Lei nº 6.899/81.

286. Na hipótese de a obrigação consistir no pagamento de verbas de


natureza salarial, o seu pagamento só se torna exigível no 5º dia útil do mês subsequente a
prestação do serviço, critério esse que se enquadra ao disposto no artigo 2º do Decreto-Lei
nº 75/66, aplicado em conjunto com o parágrafo único do artigo 459 da Consolidação das Leis
do Trabalho.

287. Dessa forma, a Reclamada requer que a correção monetária incidente


sobre as eventuais verbas deferidas no presente feito sejam aplicadas seguindo os critérios
da Súmula nº 381 do E. Tribunal Superior do Trabalho.

N) DOS DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

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288. A Reclamada requer a aplicação do disposto nos artigos 43 e 44 da Lei
nº 8.212/91, dos artigos 27 e 39 da Lei 8.218/91, do artigo 46 da Lei nº 8.541/92, bem como
da Lei nº 8630/93, no tocante as deduções a título de contribuição fiscal e previdenciária
sobre as verbas de natureza salarial eventualmente deferidas no presente feito.

289. Com relação a contribuição fiscal, é pacífico que essa deve incidir
sobre os rendimentos pagos em cumprimento da decisão judicial e ser retido na fonte pela
pessoa natural ou jurídica obrigada ao pagamento do crédito trabalhista, no momento em
que o rendimento se torne disponível para o beneficiário, observando o montante total das
parcelas passíveis de tributação fiscal.

290. Ademais, as contribuições previdenciárias devidas pelo Reclamante


devem ser dela descontadas e apuradas mês a mês, em consonância ao disposto no art. 276,
§ 4º, do Decreto n º 3.048/99, que regulamentou a Lei nº 8.212/91.

291. Tal pretensão se justifica, pois a Reclamada não pode responder por
obrigações personalíssimas à figura do Reclamante, sendo válidas as deduções dos
recolhimentos previdenciários e fiscais incidentes sobre a sua cota parte em eventual
condenação, tudo de acordo com o disposto pela OJ 368, I, da SDI-I, do C. TST:

DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. CONDENAÇÃO DO


EMPREGADOR EM RAZÃO DO INADIMPLEMENTO DE VERBAS
REMUNERATÓRIAS. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO PELO
PAGAMENTO. ABRANGÊNCIA (DJ 20, 21 e 23.05.2008)
A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições social e
fiscal, resultante de condenação judicial referente a verbas
remuneratórias, é do empregador e incide sobre o total da
condenação. Contudo, a culpa do empregador pelo
inadimplemento das verbas remuneratórias não exime a
responsabilidade do empregado pelos pagamentos do
imposto de renda devido e da contribuição previdenciária que
recaia sobre sua quota-parte.

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292. Diante do exposto, na hipótese de ocorrer a condenação da
Reclamada ao pagamento de parcelas de natureza salarial, deve o Reclamante responder pela
sua cota parte dos descontos fiscais e previdenciários.

O) DA CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC, EM SUBSTITUIÇÃO À


INCIDÊNCIA AUTÔNOMA DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS.

293. Por fim, cabe a Reclamada destacar que não há que se falar em
aplicação do índice IPCA-E para fins de correção monetária das verbas trabalhistas, muito
menos em aplicação da Súmula nº 73 do TRT da 3ª Região.

294. Ademais, necessário destacar que o STF determinou, na última sessão


plenária de 2020, que é inconstitucional a aplicação da Taxa Referencial (TR) para a correção
monetária de débitos trabalhistas e de depósitos recursais no âmbito da Justiça do Trabalho.
Decidiram ainda que, até que o Poder Legislativo delibere sobre a questão, devem ser
aplicados o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), na fase pré-
judicial, e, a partir da citação, a taxa Selic, índices de correção monetária e juros vigentes para
as condenações cíveis em geral.

295. Inclusive, o E. STF modulou os efeitos da decisão – ao entendimento


de que os processos em curso que estejam na fase de conhecimento (independentemente de
estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma
retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de alegação futura de
inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao posicionamento do
STF.

296. Assim, requerer a Reclamada seja aplicada a taxa SELIC desde a sua
citação, sem incidência autônoma de um índice de correção monetária e de juros mensais,
com incidência do IPCA-E na fase pré-judicial.

297. O marco temporal da aplicação da SELIC está muito claro na parte


dispositiva do voto vencedor do Min. Gilmar Mendes:

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“Nesse sentido, há de se considerar que à atualização dos
créditos decorrentes de condenação judicial e à correção dos
depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho
deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa,
os mesmos índices de correção monetária e de juros vigentes
para as hipóteses de condenações cíveis em geral, quais sejam
a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação,
a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil).”

298. E aplicação ÚNICA da SELIC, sem incidência autônoma de correção


monetária e de juros mensais, também está expressa com todas as letras no voto vencedor
no Min. Gilmar Mendes:

“A análise conglobante dos juros e correção monetária não é


inédita ou desarrazoada. Ela tem sido realizada por esta Corte
há décadas. (...) Portanto, para os críticos – de que estaríamos
diante de institutos jurídicos diversos e inconfundíveis (correção
monetária e juros) –, respondo que o Direito e seu intérprete
não podem fechar os olhos para a realidade, sendo prova disso
a jurisprudência de longa data do Supremo Tribunal Federal,
que sempre tratou a condição inflacionária do país na análise da
taxa de juros e vice-versa. (...) Sendo assim, posiciono-me pela
necessidade de conferirmos interpretação conforme à
Constituição dos dispositivos impugnados nestas ações,
determinando que o débito trabalhista seja atualizado de
acordo com os mesmos critérios das condenações cíveis em
geral. Além disso, entendo que devemos realizar apelo ao
Legislador para que corrija futuramente a questão, equalizando
os juros e a correção monetária aos padrões de mercado e,
quanto aos efeitos pretéritos, determinarmos a aplicação da
taxa Selic, em substituição à TR e aos juros legais, para calibrar,
de forma adequada, razoável e proporcional, a consequência
deste julgamento.”

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299. Cabe ressaltar que a taxa Selic já engloba juros, assim, eventual
incidência autônoma de incorrerá em anatocismo (juros sobre juros), que é vedado pelo STF:

Súmula 121

É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente


convencionada.

300. Em recente decisão proferida pelo Ministro Alexandre de Moraes,


Reclamação nº. 46.023, em 01/03/2021, restou consignado que aplicação de juros de mora
autônomos cumulado com a atualização monetária pela taxa SELIC, implica em violação ao
quanto decidido na ADC nº. 58/59:

“(...) Assim, a determinação conjunta de pagamento de juros


de mora, equivalentes aos índices da poupança, e de
atualização monetária pela taxa SELIC, como consta do ato ora
reclamado - implica em violação ao quanto decidido na ADC 58,
ADC 59, ADI 6021 e ADI 5867 (Rel. Min. GILMAR MENDES).
Diante do exposto, com base no art. 161, parágrafo único, do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, CONHEÇO
PARCIALMENTE da presente reclamação e, nessa parte, JULGO
PROCEDENTE o pedido para cassar a decisão reclamada
somente no que determinada a incidência de juros de mora
equivalentes aos índices de poupança, a partir do ajuizamento
da ação”.

301. Como se trata de tese obrigatória fixada pelo Pleno do E. STF em


julgamento de ação de controle concentrado de constitucionalidade, o efeito vinculante da
decisão “deve ser observado desde a sessão em que proferida”, sem necessidade de
aguardar-se a publicação do acórdão nem o seu trânsito em julgado – na linha da
jurisprudência fixada pelo E. STF:

“A questão ora posta em julgamento consiste em saber se o


efeito vinculante de uma decisão adotada pelo Pleno em ADI
deve ser observado desde a sessão em que proferida ou se é

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necessária, para a produção de efeitos, a publicação do acórdão.
(...) Com efeito, o Pleno da Corte, no julgamento da Reclamação
no. 2.576-4/SC, rel. Min. Ellen Gracie, assentou não ser
necessário o trânsito em julgado para que a decisão proferida
em julgamento de mérito em ADI produza seus efeitos: ‘AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS
DEDECLARAÇÃO. CUMPRIMENTO DA DECISÃO. Desnecessário o
trânsito em julgado para que a decisão proferida no julgamento
do mérito em ADI seja cumprida. Ao ser julgada improcedente a
ação direta de inconstitucionalidade ADI no. 2.335 a Corte,
tacitamente, revogou a decisão contrária, proferida em sede de
medida cautelar...’ Está presente, portanto, a plausibilidade
jurídica da tese de que, proferida decisão em ADI, seu efeito
vinculante produz-se antes da publicação, o que conduz à
conclusão, em exame preambular, de que a decisão atacada
afronta a autoridade decisória da Corte.” (STF, Rcl 16031 MC /
SP, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 21/08/2013, pub. DJE nº
167, divulgado em 26/08/2013, g.n.)

302. Enfim, é o cenário perfeito para a Reclamada formular o respeitoso


pedido de aplicação da tese obrigatória fixada pelo E. STF, determinando a aplicação do IPCA
na fase pré-judicial e da Selic a partir da citação como índice de correção monetária e de juros
mensais.

P) DO REQUERIMENTO SOBRE JUNTADA DE DOCUMENTOS

303. Neste momento, estão sendo anexados todos os documentos que


comprovam os argumentos lançados na contestação, em atenção ao artigo 818 da CLT e ao I,
do artigo 373, do CPC.

304. Logo, há que se lembrar que a penalidade prevista no artigo 400, do


Novo Código de Processo Civil só é aplicável quando houver prévia intimação judicial para a
juntada de documentos.

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305. Além disto, a não apresentação dos documentos solicitados, somente
importa em presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial, quando houver omissão
injustificada, a qual, entretanto, pode ser elidida por prova em contrário, conforme Súmula
338, do Tribunal Superior do Trabalho.

306. Diante do exposto, não há o que se falar em aplicação do artigo 400


do CPC, pois todos os documentos necessários para a comprovação dos fatos narrados na
presente defesa foram apresentados, sendo certo que a Reclamada não pode se ver
prejudicada pela não apresentação de documentos que não estão sob a sua guarda.

307. Em tempo, restam impugnados os documentos apresentados pelo


Reclamante com sua inicial, pois estas não se prestam para comprovar suas alegações.

Q) DA EMISSÃO DE OFÍCIOS

308. Impugna a Reclamada eventual expedição de ofícios aos órgãos


competentes, por inexistente qualquer irregularidade no contrato firmado com o
Reclamante.

309. Ademais, esta Especializada é órgão julgador, não fiscalizador,


podendo o Reclamante dirigir-se aos órgãos administrativos citados para denunciar os fatos
que entende como fraudulentos. Certamente, eventual infração à legislação trabalhista por
até equivocada interpretação ou omissão passível de integral suprimento por decisão judicial
não ensejam expedição de ofícios a autoridades administrativas, para o fim de aplicação de
sanções cabíveis.

VII - CONCLUSÃO E REQUERIMENTOS FINAIS

310. Como se vê, a ação deve ser julgada improcedente, porém, se outro
for o entendimento do Juízo e algum valor vier a ser deferido o Reclamante, o que se admite
apenas por eventualidade, requer:

i) Seja acolhida e declarada a prescrição quinquenal, inclusive a do


FGTS, e sejam julgados improcedentes todos os pedidos formulados na
inicial.

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ii) No caso de procedência de pedido decorrente do disposto em
Convenção ou Acordo Coletivo, deve ser observado o período de sua
vigência.
iii) Todos os valores deverão ser apurados em regular execução de
sentença, com a observância mês a mês, da correta evolução salarial do
Reclamante; Compensação dos valores já pagos (artigo 767 da CLT);
iv) Devem ser abatidos da condenação as verbas pagas sob o mesmo
título à Reclamante, bem como devem ser excluídos dos cálculos os dias
em que não houve a prestação de serviços, tais como férias, faltas e
licenças e afastamentos.
v) A correção monetária e juros de mora deverão ser aplicados após
tornarem-se exigíveis, nos termos do artigo 2º, II e III do Decreto-Lei nº
75/66 c/c parágrafo único do artigo 459 do Diploma Consolidado, isto é,
a exigibilidade projeta-se para o mês subsequente ao da prestação de
serviços;
vi) Das verbas condenatórias, deverão ser feitos os descontos
previdenciários, bem como a retenção de Imposto de Renda, do crédito
total do Reclamante, em conformidade com o artigo 27 da Lei nº
8.218/91;
vii) No caso de a sucumbência recíproca das partes, requer que seja
aplicado o disposto no artigo 791-A da CLT, sendo o Reclamante
condenada no pagamento de honorários sucumbenciais de 15% sobre o
valor da condenação homologado em liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou sobre o valor atualizado da causa,
devendo tal valor ser deduzido do crédito devido à Reclamante.
viii) Condenação do Reclamante ao pagamento das custas
processuais a serem fixadas;
ix) Os critérios de juros e correção monetária deverão respeitar o
decidido em controle concentrado de constitucionalidade pelo E. STF na
ADC 58/59.

311. Diante de todo o exposto, a Reclamada requer se digne Vossa


Excelência em acolher as preliminares e a prejudicial arguidas e, quanto ao mérito, seja a
presente ação julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE, condenando o Reclamante ao
pagamento das custas e despesas processuais, e demais cominações legais, por medida da
mais lídima JUSTIÇA!

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312. Protesta-se provar o alegado por todas as provas em direito
admitidas, notadamente pelo depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão
(Súmula nº 74 Colendo TST), oitiva de testemunhas, perícias, juntada de novos documentos
e demais provas porventura necessárias para o deslinde da controvérsia.

313. Ainda, o patrono da Reclamada reconhece como sendo autênticas as


cópias dos documentos acostadas a presente defesa, para efeitos do artigo 830 da CLT.

314. Requer que as futuras intimações e notificações referentes ao


presente feito, sejam realizadas em nome do advogado GUSTAVO VISEU, OAB/SP 117.417,
com endereço profissional à Rua Funchal, 263, 10º andar 04551-060 São Paulo/SP, sob pena
de nulidade, conforme determina a Súmula 427 do C. Tribunal Superior do Trabalho.

Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo/SP, 25 de abril de 2024.

GUSTAVO HENRIQUE DOS SANTOS VISEU


OAB/SP 117.417

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