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ADMINISTRAÇÃO

FINANCEIRA

MATERIAL DE APOIO

PROFESSOR ALEXANDRE RODRIGUES


INFORMAÇÕES GERAIS
Horário Manhã: Horário Noite:
07:50 – 08:40 19:15 – 20:05
08:40 – 09:30 20:05 – 20:55
09:30 – 09:50 intervalo 20:55 – 21:20 - intervalo
09:50 – 10:40 21:20 – 22:10
10:40 – 11:30 22:10 – 23:00

AVALIAÇÕES:

AV1 – Avaliação do Professor – Semana de 25 a 29/11/1013.


AV2 – Avaliação integrada em 10/12/2013 (Para as turmas a partir do
terceiro semestre).
AV3 – Avaliação integrada em 16/12/2013 (Para as turmas a partir do
terceiro semestre).

A avaliação do aproveitamento do aluno será realizada a partir de três


instrumentos de avaliação, identificados como AV1, AV2 e AV3, que serão
representadas numericamente em escala de 0 (zero) a 10 (dez). A AV1, aplicada pelo
professor, poderá ser prova, seminário, trabalho individual, trabalho em grupo ou ainda
uma composição entre esses métodos (a ser definido pelo professor) e a AV2 e AV3
serão avaliações integradas entre todas as disciplinas e aplicadas pela Universidade.
Para a composição da média final será desconsiderada a menor nota obtida entre
a AV1 (avaliação do professor), a AV2 e a AV3 (avaliações integradas), sendo apurada
a média aritmética entre as duas maiores notas. Estará aprovado o aluno que apresentar
frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) nas aulas da disciplina e média
6,0 (seis).
Todas as provas serão sem consulta e individuais, envolvendo compreensão,
aplicação e avaliação do conteúdo ministrado. O aluno que faltar nas avaliações
receberá 4 faltas e só poderá fazer a prova na semana subsequente ou em outra data
marcada pelo professor mediante deferimento da Secretaria em relação a sua
justificativa.

Regime Domiciliar:

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O aluno terá direito as tarefas substitutivas idênticas às aplicadas em classe
(prova ou trabalho) referente ao período de suas faltas abonadas (mediante a concessão
do regime domiciliar deferido e expedido pela secretaria). Sendo possível, é importante
que o aluno mantenha contato com os professores por e-mail.

Presenças:

A aprovação na disciplina está condicionada, além do aproveitamento de notas –


média 6,0 (seis), também a presença de 75% nas aulas, portanto o limite de faltas
corresponde a 25%, ou seja:
Carga horária de 80 horas – limite de faltas = 20 faltas
Carga horária de 40 horas – limite de faltas = 10 faltas

Justificativa de faltas:

Em caso de faltas por motivo justificável (como por exemplo, licença


maternidade, doenças infecto contagiosas ou crônicas e regime domiciliar, previstos em
Lei), os atestados deverão ser entregues diretamente à Secretaria respeitando os prazos
estabelecidos.

Orientações para as aulas:

A fim de que as aulas sejam bem aproveitadas, é importante a assiduidade e


educação (principalmennte mantendo o celular desligado ou na função vibra-call) de
todos os participantes, interagindo em todas as aulas de forma ativa e produtiva. Não
tenha medo ou vergonha de perguntar aquilo que não entendeu, a sala de aula é um
fórum de discussão e aprendizado.
Traga sempre às aulas sua apostila, caderno e calculadora. Organize sua agenda
de modo a dispor de tempo fora da sala de aula para seus estudos.

Composição do material:

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O material de apoio apresentado foi elaborado com base na bibliografia
apresentada e com participação de diversos professores da disciplina. Este material
deverá ser utilizado unicamente para auxiliar a compreensão dos assuntos abordados em
sala de aula, não podendo em hipótese alguma ser utilizado para fins comerciais.

Currículo resumido do professor:

Alexandre Rodrigues é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade


Nove de Julho, especialista em Administração Financeira e possui M.B.A. em
Administração de Finanças e Banking pelo Centro de Pós Graduação da Universidade
Nove de Julho, além de diversos cursos na área bancária. Sua experiência profissional
inclui 15 anos de experiência na área financeira e 5 anos na área de docência.

E-mail do professor: rodrigues@uninove.br

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

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INTRODUÇÃO

Este material possui o objetivo de apresentar a importância da disciplina de


administração financeira, o conteúdo programático a ser desenvolvido, os objetivos
pedagógicos e a referência bibliográfica.

A IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Esta é uma disciplina de formação profissional. É iniciada com a identificação do


ambiente financeiro da empresa, analisando as principais áreas de atuação da gestão
financeira e o objetivo central da administração financeira: criar valor para a empresa.
Em um mundo cada vez mais globalizado, é importante analisarmos as
características das corporações de capital aberto e as negociações em Bolsas de Valores.
Neste mesmo contexto, é imprescindível conhecermos os riscos a que estão
associados os negócios da empresa por meio do estudo de ativos financeiros que balizarão
os negócios da empresa tendo como parâmetro o mercado financeiro.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

O papel da administração financeira, funções do administrador financeiro, o


ambiente financeiro das empresas, administração de caixa, administração de contas a
receber, administração de estoques, administração de contas a pagar, necessidade de
capital de giro, contas de tesouraria, efeito tesoura nas atividades das empresas, mercado
primário de títulos, mercado secundário de títulos, captação de recursos, aplicação de
recursos, securitização, engenharia financeira, leasing e operações de proteção de ativos e
passivos das empresa.

OBJETIVO DA DISCIPLINA

 Compreensão: Gerar discussões teóricas de administração financeira para o


desenvolvimento do raciocínio lógico, crítico e analítico em operações com valores e
formulações matemáticas.
 Aplicação: Aplicar os instrumentos disponíveis no mercado financeiro e de
capitais por meio da adequada seleção desses instrumentos para captar e aplicar
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recursos nas empresas.
 Avaliação: Elaborar, implementar e consolidar projetos financeiros em
organizações reconhecendo e definindo problemas, equacionando soluções no processo
de tomada de decisão.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 4a. Edição. São Paulo:
Atlas, 2009.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 12ª ed.São Paulo:
Person, 2010.
ROSS, Stephen A. et all. Princípios de Administração Financeira. 2ª ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2002.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de


Janeiro: Campus, 1999.
DAMODARAN, Aswath. Finanças Corporativas: teoria e prática. 2ª edição. Porto
Alegre: Editora BookMan, 2004.
GROPPELLI, A. A. Administração financeira. 3a. Edição. São Paulo: Saraiva, 2010.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira: uma abordagem prática. 3ª edição. São
Paulo: Editora Atlas, 2001.
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e
gerencial.3ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 1995.

BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR

ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de Administração Financeira.


São Paulo: Editora Atlas, 2009.
Banco Central do Brasil.www.bcb.gov.br.
Bolsa de Valores de São Paulo. www.bovespa.com.br
CEPEFIN FEA/USP Ribeirão Preto. Finanças Corporativas de Curto Prazo: A gestão do
Valor do Capital de Giro. Vol.1 São Paulo: Editora Atlas, 2007

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CEPEFIN FEA/USP Ribeirão Preto. Finanças Corporativas de Longo Prazo: Criação de
Valor com Sustentabilidade Financeira. Vol. 2. São Paulo: Editora Atlas, 2007
Comissão de Valores Mobiliários. www.cvm.gov.br
FIPECAFI FEA/USP. Curso de Mercado Financeiro. São Paulo: Editora Atlas, 2010
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 18ª Ed. Rio de Janeiro:
Editora Qualitymark,2010.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira e Orçamentária. 8ª Ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2009.
HOJI, Masakazu. Práticas de Tesouraria: Cálculo Financeiro de Tesouraria. São Paulo:
Editora Atlas, 2001.
MÁLAGA, Flávio K. Análise de Demonstrativos Financeiros e da Performance
Empresarial. São Paulo: Editora Saint Paul, 2010.
MARQUES, José Augusto Veiga da Costa et all. Análise Financeira das Empresas. Rio
de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2008.
PADOVEZE, Clóvis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise Das Demonstrações
Financeiras. 3ª Edição. São Paulo, 2011.
ROSS, Stephen A.; WESTERFIEL, Randoph; JAFFE, Jeffrey F., Jaffe. Administração
Financeira: Corporate Finance. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
SANTI FILHO, Armando de; OLINQUEVITCH, José Leônidas. Análise de Balanços
para Controle Gerencial. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 1989.
SECURATO, José Roberto. Cálculo Financeiro das Tesourarias. 4ª Ed. São Paulo:
Editora Saint Paul, 2009.
SILVA, Edson Cordeiro da. Como Administrar o Fluxo de Caixa das Empresas. 4ª
edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010. SECURATO, José Roberto; SECURATO, José
Cláudio. Mercado Financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 3ª Ed. São
Paulo: Editora Saint Paul, 2009.
ZDANOWICZ. José Eduardo. Fluxo de Caixa. 8 edição. Porto Alegre: Editora Sagra
Luzzatto, 2000.

1. SIGNIFICADOS E OBJETIVOS DA ADMINISTRÇÃO


FINANCEIRA NAS EMPRESAS

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1.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS BÁSICOS

O que é Administração Financeira? A Administração Financeira diz respeito


às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores
financeiros gerenciam ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras
ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins
lucrativos. “Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como orçamentos,
previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de
investimento e captação de recursos” (Gitman, 1997, p. 4).

1.2. OBJETIVO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA OU


OBJETIVO ECONÔMICO DAS EMPRESAS

Quando alguém se dispõe a investir sua poupança em uma empresa, em vez de


aplicá-la em alternativas mais seguras, está disposto a assumir certo risco em troca de
um aumento no seu patrimônio ou riqueza pessoal. Assim, pode-se admitir que o
objetivo principal da empresa, e, por conseguinte, de todos os administradores e
empregados, é o de maximizar a riqueza de seus proprietários. Cada decisão
financeira deve ter como meta o aumento do valor da ação. Nessa busca, duas variáveis
conduzem as decisões: o retorno e o risco.
Segundo Hoji (2004, p. 21), “o objetivo econômico das empresas é a
maximização de seu valor de mercado, pois dessa forma estará sendo aumentada a
riqueza de seus proprietários (acionistas de sociedades por ações ou sócios de outros
tipos de sociedades)”.
Desse modo, a garantia de tais aumentos dar-se-á somente mediante a
consecução de esforços no sentido de avaliar a situação econômica e também financeira
da organização. Hoji (2004) também relata que a administração financeira de uma
empresa varia de acordo com o seu porte. Grandes empresas possuem um departamento
financeiro encarregado de tratar especificamente desse assunto, enquanto que nas
pequenas e médias empresas essa atividade pode ser desenvolvida pelo setor de
contabilidade ou até mesmo pelos seus proprietários. Enfim, a pessoa responsável pela
administração financeira pode receber diversas denominações – vice-presidente de
finanças, diretor financeiro, controller, gerente financeiro, entre outros.

1.3. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR


FINANCEIRO

As funções do administrador financeiro na empresa podem ser avaliadas com


base nas demonstrações contábeis básicas da empresa. Suas três atribuições primordiais
são:

a) Análise e planejamento financeiro, que envolve:


 Transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser
utilizada para orientar a posição financeira da empresa e promover a sua continuidade;
 Avaliação da necessidade de aumento ou redução da capacidade
produtiva;
 Determinação de que tipo de financiamento adicional deve ser realizado.
Essas três atividades são sustentadas pelas decisões de natureza estratégica, tática e
operacional. Os demonstrativos contábeis, principalmente o Balanço Patrimonial e a

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Demonstração do resultado do Exercício, são importantes fontes de informações para
elaboração de análise e planejamento financeiro.

b) Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de


Investimento): O administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos
que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Essa atividade está relacionada ao
lado esquerdo do Balanço. A composição refere-se ao montante de recursos aplicados
em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (fixos). Depois que a composição
estiver definida, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para
cada tipo de Ativo Circulante. Existem várias técnicas para avaliação dessas decisões de
investimento, como a Taxa Média de Retorno, Payback (Prazo de Retorno), VPL (Valor
Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno) e outras.

Decisões de investimento

Ativo Questões a serem respondidas

Ativo circulante Onde estão aplicados os recursos


financeiros?
Caixa e bancos Quanto em ativos circulantes? Quanto em
ativos permanentes? Em quais?
Estoques Qual a melhor composição dos ativos?

Outros Qual o risco do investimento?

Realizável a longo prazo Qual o retorno do investimento?

Contas a receber Quais novas alternativas de investimentos?

Adiantamento a coligadas Como decidir em que ativos investir?

Ativo permanente Como decidir em quais ativos investir?

Imobilizado Como maximizar a lucratividade dos


investimentos existentes?
Diferido O que deve ser descartado, reduzido ou
eliminado, por não acrescentar?

c.) Administração da estrutura financeira da empresa (Decisão de


Financiamento): Relaciona-se com o lado direito do Balanço Patrimonial da empresa e
envolve as fontes de recursos. Esta atividade do administrador financeiro possui um
enfoque principal:
 A decisão de qual a composição mais apropriada entre financiamento a
curto e a longo prazo a ser estabelecida, o que é bastante importante, pois afeta tanto a
lucratividade da empresa como sua liquidez global. Algumas decisões dessa natureza
exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas

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implicações a longo prazo. O Custo Médio Ponderado de Capital é uma medida eficaz
para este tipo de decisão.

É importante frisar que, embora as decisões de investimento e de financiamento


possam ser convenientemente visualizadas em associação com o balanço, tais decisões
são tomadas com base nos efeitos que terão sobre o fluxo de caixa.

Decisão de financiamento

Passivo Questões a serem respondidas

Passivo circulante Qual a estrutura de capital?

Fornecedores De onde vem os recursos?

Empréstimos e financiamentos Qual a participação de capital próprio?


E de capital de terceiros?
Outros Qual o perfil de endividamento?

Exigível a longo prazo Qual o custo de capital?


Como reduzir?
Financiamentos Quais as fontes de financiamento usadas e
seus respectivos custos?
Patrimônio líquido Qual o risco financeiro?

Capital social Quais deveriam ser eliminadas ou trocadas?

Reservas Qual o sincronismo entre os vencimentos das


dívidas e a geração de meios de pagamentos?

1.4. RESPONSABILIDADES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

Até o fim do século passado tinha-se como regra


geral, que a empresa era a responsável perante terceiros
(fornecedores, clientes, governo, etc), pelos atos
praticados por seu(s) administrador (es), restando à
empresa o direito de agir regressivamente contra o
administrador para reaver as perdas e danos eventualmente
causados por este administrador.
O novo Código Civil (NCC), ao contrário do regime anterior, permite que toda
sociedade possa ser administrada por terceiros estranhos ao quadro societário, ou seja,
que não sejam sócios.
A responsabilidade do administrador, sócio ou não, sempre será solidária e
ilimitada para com a sociedade e terceiros que se relacionam com a mesma. Essa regra
vale para todos os tipos societários em nossa legislação.
O alcance da responsabilidade do administrador de empresas pode ser analisado
sob os seguintes aspectos:

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a.) A responsabilidade civil do administrador pode resultar em situações tais
como: obrigação de indenizar a sociedade por perdas e danos causadas por qualquer ato
ilícito cometido, por culpa ou dolo, dentro de suas atribuições (vazamento de
informações confidenciais da empresa, por exemplo); por descumprir as deliberações
dos sócios da sociedade; ou com violação da Lei (um exemplo pode ser citado um
determinado fabricante de veículo cujo cinto de segurança não era eficiente em
momentos de colisão) ou do contrato social, em especial pelo não cumprimento dos seus
deveres legais (como o de diligência, de lealdade, de não agir em conflito de interesses
com a sociedade, usar a empresa como fiadora de seus amigos ou parentes, por
exemplo) atuando com desvio de finalidade (empresa industrial que passa a
comercializar sem ter realizado a devida alteração social) ou com confusão patrimonial
(ex. Pagando os gastos pessoais ou de sua família). Em tais ocasiões, o administrador,
poderá responder pelos danos causados à sociedade com seus bens pessoais.
Acrescente-se que nada impede que um prejudicado mova processo não apenas
contra a empresa, mas também contra os sócios e seus administradores. Ou seja, o
administrador responde PESSOALMENTE por prejuízos que causarem (Código Civil
art. 50 e Lei das S.A. 6404/76 art. 158), como, por exemplo, nas relações de consumo.

b.) A responsabilidade tributária, quando por exemplo, o administrador não


recolhe os tributos, apesar de a empresa dispor dos recursos para tanto.
“Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou
infração de lei, contrato social ou estatutos:
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privado.”
O administrador responde pelo pagamento dos impostos com seus bens pessoais.

c.) A responsabilidade administrativa ocorre quando o administrador cometer


infração à ordem econômica (ex. formação de cartel – dividindo o mercado ou
estabelecendo preços de comum acordo com seus concorrentes; cessação parcial ou
total das atividades da empresa) ou estabelecer concorrência desleal (dumping –
vendendo abaixo dos seus custos; utilização de marca ou embalagem que induza o
consumidor a erro).
O artigo 23, II, da Lei 8.884/94 estabelece multa devida pelo administrador
quando ele é responsável, direta ou indiretamente, pela infração cometida pela
sociedade. Além disso, poderá estar sujeito a outras penas, tais como a publicação, em
meia página e a expensas do infrator, em jornal indicado na decisão, de extrato da
decisão condenatória, por dois dias seguidos, de uma a três semanas consecutivas;
impossibilidade de parcelamento de tributos federais devidos pelo infrator ou para que
sejam cancelados, no todo ou em parte, incentivos fiscais ou subsídios públicos, etc.
Normalmente estas punições são estabelecidas pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica – CADE – com base na legislação 8.884/94.

d) A responsabilidade trabalhista ocorre quando, por exemplo, determinada


empresa foi condenada em processo trabalhista a pagar os direitos do funcionário e não
foram localizados bens da empresa ou dos seus sócios para quitar estas dívidas. Diante
desta hipótese é possível que o administrador venha a responder pelo pagamento dos
débitos trabalhistas.

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e) A responsabilidade criminal, ocorre quando, por exemplo, o administrador
aprovar o fornecimento ou oferta de produtos ou serviços nas condições proibidas pelo
Código de Defesa do Consumidor (condições de oferta e qualidade), omitir sobre o
perigo do produto nas embalagens ou publicidade (a tintura de cabelo, o cigarro, bebida
etc) ou não informar corretamente dados técnicos do produto (ex. micro-ondas). As
penas variam de 1 mês a 2 anos de detenção e multa.
Em suma, ao longo do tempo foi ampliada de forma significativa a
responsabilidade dos administradores das empresas. Portanto, cabe a eles adotarem as
cautelas necessárias nos atos de gestão, a fim de evitar futuros prejuízos. Na hipótese do
administrador causar danos à empresa, surgiu no mercado uma modalidade específica
de seguro para conselheiros, diretores e administradores. Este seguro surgiu em 1960
nos Estados Unidos, para atender as necessidades das empresas de capital aberto
pagarem as indenizações de ações voltadas contra os seus administradores. Em 1995
este tipo de seguro foi introduzido no Brasil para proteger os administradores de
empresas que estavam lançando ADR’s (títulos) na bolsa de valores Americana. Em
1997, em função da abertura do mercado e das privatizações, a procura pelo seguro no
Brasil aumentou em mais de 500%, por parte dos administradores estrangeiros que
vieram assumir cargos em empresas no país.
Em virtude das mudanças na legislação, aumentou a procura do seguro por parte
dos administradores de Fundos de Pensão. Com a entrada em vigor do Novo Código
Civil (NCC), instituído pela Lei nº 10.406, de 10.01.2002, visto que ocorreram
alterações significativas no tocante às obrigações e responsabilidade dos
administradores nas sociedades.
O NCC, ao contrário do regime anterior, permite que toda sociedade possa ser
administrada por terceiros estranhos ao quadro societário, ou seja, que não sejam sócios
e a responsabilidade do administrador, sócio ou não, sempre será solidária e ilimitada
para com a sociedade e terceiros que se relacionam com a mesma. Essa regra vale para
todos os tipos societários em nossa legislação.

1.5. ESTUDO DE CASO: OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO

Em 1993, Michael Eisner, presidente da Disney, recebeu US$ 230 milhões, uma
das maiores quantias pagas por uma empresa a um executivo em um único ano, quantia
esta maior que o PIB de alguns países. O curioso é que os acionistas dessa empresa não
reclamaram da quantia paga a seu principal executivo, dado que, sob seu comando, os
lucros da Disney nesse período saltaram de US$ 60 milhões para US$ 2 bilhões entre
1984 a 1995. O valor de mercado da empresa aumentou em mais de US$ 25 bilhões,
provocando um aumento de 14 vezes no valor do investimento dos acionistas.
Roberto Goizueta, da Coca-Cola, aumentou o valor da empresa em um período
de dez anos em aproximadamente US$ 50 bilhões.
Andy Grave, da Intel, obteve lucros em torno de 40% ao ano para os acionistas
da empresa na década de 90.
O que esses extraordinários executivos fizeram?

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1.6. PROFISSIONAIS DA ÁREA DE FINANCEIRA E
OPORTUNIDADES DE CARREIRA

Suas atividades abrangem decisões estratégicas, como a seleção de alternativas


de investimentos e as decisões de financiamento de longo prazo, além das operações de
curto prazo, como a gestão do caixa, o gerenciamento do risco e tantas outras. Sua área
de abrangência é ampla, ocupando-se do processo financeiro, dos mercados e das
instituições financeiras, dos instrumentos financeiros e das finanças pessoais,
governamentais e corporativas.
O campo da administração financeira abrange ampla gama de tarefas e
atividades, e os administradores financeiros encontram grandes oportunidades de
contribuírem para o sucesso dos negócios empresariais.
Como oportunidade de carreira, o administrador financeiro pode trabalhar, por
exemplo, como:

 Analista de ações (Bolsa de valores e consultorias independentes),


 Analista de crédito e cobrança (consultorias independentes e executivos de
empresas),
 Gerente de projetos (setor privado e público),
 Tesoureiro, (pagamentos e recebimentos das empresas públicas e privadas),
 Controller,
 Coordenador de planejamento e controle financeiro. (Empresas públicas e
privadas),
 Gerente de bancos,
 Em corretoras, distribuidoras, bolsas de valores, (associações privadas ou
vinculadas a instituições bancárias),
 Consultor autônomo de investimentos,
 Analista de risco, normalmente ligado à área estratégica de empresas ou
bancos,
 Orientador de seguros,
 Enfim, em inúmeras atividades.

1.7. O PAPEL DO TESOUREIRO E DO CONTROLLER

Tesoureiro

É responsável pela manutenção do caixa da empresa, pelos recebimentos e


pagamentos diários, pela liberação de crédito para clientes, pelas negociações com
bancos para aquisição de recursos de curto prazo (financiamento de capital de giro) e
pelas aplicações dos recursos excedentes no curto prazo.
Suas principais atribuições são:

 Administração de caixa
 Administração de crédito e cobrança
 Administração do risco
 Câmbio
 Decisão de financiamento
 Decisão de investimento
 Planejamento e controle financeiro

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 Proteção de ativos
 Relações com acionistas e investidores
 Relações com bancos

Controller

É responsável pelo acompanhamento e fiscalização das atividades financeiras de


curto e de longo prazos, pelas contabilidades fiscal e gerencial, aqui incluída a
divulgação dos resultados da empresa para acionistas, partes interessadas e governo e,
finalmente, pelo gerenciamento da estrutura de capital da empresa: formas de captação
de recursos de longo prazo, endividamento junto a instituições financeiras, emissões de
debêntures, ações, e outros títulos de dívida.
Suas principais atribuições são:

 Administração de custos e preços


 Auditoria interna
 Contabilidade
 Orçamento
 Patrimônio
 Planejamento tributário
 Relatórios gerenciais
 Salários
 Sistemas de informação

1.8. O RELACIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA


COM OUTRAS CIÊNCIAS

A Administração financeira utiliza-se de conceitos de outras ciências, tais como


economia, contabilidade, direito etc.
A economia, através da Macroeconomia, dá subsídios sobre o ambiente global
em que a empresa opera ou deseja operar e, através da Microeconomia, permite a
melhor escolha das estratégias operacionais para a empresa. Visto que o campo de
Finanças está estreitamente relacionado ao da economia e que a maioria das empresas
opera dentro da Economia, o administrador financeiro deve compreender o arcabouço
econômico e estar atento às consequências dos vários níveis de atividade econômica e
das mudanças na política econômica.
A contabilidade apresenta uma relação tão próxima com a Administração
Financeira que os leigos acabam por considerar as duas ciências como unas. Isto é
errôneo. Na verdade, a função contábil é uma sub-função da administração financeira
que desempenha papel importante ao fornecer os dados necessários à perfeita
administração financeira da organização. A contabilidade tem como finalidade registrar
todos os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das
entidades. Para tanto, utiliza-se do Regime de Competência, onde as receitas são
reconhecidas no momento da venda (independente da data do seu recebimento) e os
gastos no momento de sua ocorrência ou utilização (independente da data de seu
pagamento).
A Administração Financeira que tem como objetivos o planejamento, a
administração e o controle das entradas e saídas de fundos, adota assim o Regime de

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Caixa, onde as receitas e despesas são reconhecidas somente no momento em que
efetivamente ocorrem as respectivas entradas e saídas de caixa.
O direito influencia diretamente a administração financeira ao impor normas de
condutas às organizações e aos seus participantes.

1.9. FUNÇÕES E ATIVIDADES DA TESOURARIA

A tesouraria é vista como uma das áreas mais importantes para o bom
funcionamento de uma empresa, possibilitando os negócios, buscando reduzir custos
com visão de maior rentabilidade nas aplicações e projetos, tendo assim maior fluxo de
caixa.

• Planejamento Financeiro: responsável por elaborar e analisar o planejamento


do capital, viabilizando os melhores investimentos para adquirir valores de forma
segura.

• Administração do Fluxo de caixa: controlar e analisar o fluxo de caixa para


suprir as necessidades que ocorram, facilitando os recebimentos e pagamentos da
empresa.

• Negociação e controle de aplicações financeiras: deve-se fazer um estudo


verificando qual investimento trará maior rentabilidade e saber qual é o limite de crédito
mais viável para a instituição.

• Negociação e controle de empréstimos e financiamentos: verificar as


necessidades e negociar uma linha de crédito com menos custos nos empréstimos e
financiamentos.

• Negociação e controle de garantias e seguros: certificar-se que os


documentos entregues são os mais seguros para a instituição e saber negociar com a
seguradora.

• Administração de riscos de flutuação de preços e taxas: estudar as


operações financeiras com intuito de eliminar ou reduzir variações indesejáveis.

• Operação de câmbio: fato que ocorre com a moeda estrangeira junto ao


Banco Central, necessárias em exportações e importações, mais que oferece riscos, se
não for gerenciada e registrada de maneira adequada.

• Crédito de cobrança: é o cadastramento de clientes, ato de cobrar e receber


duplicatas dentro dos prazos, renovação de novos créditos.

• Contas a pagar: cabe a essa conta um eficiente controle gerencial, pois através
dele obtemos informações importantes para o planejamento das atividades financeiras,
apoiando assim nas tomadas de decisões.

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QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO TEXTO

1.) Descreva a relação geral entre Administração Financeira e Economia e


explique como o administrador financeiro se baseia nos princípios de Macro e
Microeconomia.
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2.) Como o administrador financeiro depende do contador? De que forma o


resultado da Contabilidade age como insumo para a Administração Financeira?
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3.) Qual a diferença entre Contabilidade e Administração Financeira com


respeito à tomada de decisão?
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4.) Quais são as três funções do administrador financeiro com respeito às


demonstrações financeiras da empresa?
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5.) Qual é a meta do administrador financeiro? Mostre como se comprova que a


meta foi atingida.
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6.) A meta da Administração Financeira poderá conflitar com a maximização
do lucro, de cinco formas. Discuta brevemente essas cinco razões, mostrando como elas
dão suporte à meta da Administração Financeira.
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7.) É verdade que “se uma empresa for lucrativa sua sobrevivência está
garantida”? Explique.
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ESTUDO DE CASO

João e Maria trabalham na BAISER, um importante


produtor de “chá de cevada gaseificada” no Brasil. João
trabalha como auxiliar financeiro e Maria como vendedora.
Na última quarta-feira, durante um almoço eles começaram a conversar:
- Olá João, como vai?
- Bem, apesar de o meu chefe andar mal humorado nos últimos dias.
- Mas por qual razão?
- Eu acho que apesar dos esforços do departamento financeiro, o preço da ação da
empresa na Bovespa caiu aproximadamente 50% nos últimos dois meses. E tal
acontecimento deve indicar que há algo de errado na empresa, pois as ações dos
concorrentes subiram, em média, 35% no mesmo período.
- Eu acho que você está enganado. Meu departamento está vendendo cada vez
mais. A cada dia nossa empresa aumenta sua participação no mercado.
- Eu seu disso. Porém o mais curioso é que o nosso lucro também tem sido muito
bom. Bem maior que o dos concorrentes.
Após este breve diálogo ambos se sentiram frustrados. Afinal, ambos estavam se
esforçando ao máximo e, no entanto, a empresa perdia valor no mercado de ações.
João continuou:
- Na semana passada peguei da gaveta do diretor financeiro um documento
sigiloso vindo do RH (Recursos Humanos). Ao ler tal documento verifiquei que a maior
parte da remuneração dos cargos de direção era vinculada ao lucro líquido. Ou seja, os
diretores ganham um fixo mais um prêmio. Sendo que o prêmio é função do valor do
lucro líquido.

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- Isto é muito bom! É como eu trabalho. Não importa nada a não ser vender cada
vez mais, pois maior será meu rendimento. E, se o lucro for maior, os dividendos não
serão maiores?
- Não necessariamente. Na nossa empresa os dividendos são pagos obedecendo ao
mínimo legal previsto na Lei 6.404/76 aos acionistas preferenciais, nada recebendo o
acionista ordinário.
- Você quer dizer que nem todo lucro vai para os acionistas.
- Exatamente. Uma parte vai para os diretores, outra para os preferenciais e,
finalmente, a maior parte é reinvestia dentro da empresa.
- Você quer dizer que o retorno dos acionistas não é satisfatório?
- Sei lá. Vamos retornar ao trabalho já estamos atrasados.
Terminado o almoço cada um retorna ao seu departamento. Todavia, Maria fica
com algumas dúvidas.

Você, como estudante de finanças corporativas e amigo de Maria recebe um e-


mail com as seguintes perguntas e prováveis respostas formuladas pela própria colega.
Assinale a alternativa que responda corretamente às dúvidas de Maria.

1.) Segundo a ótica administração financeira, qual o objetivo principal da Baiser?


a.) Lucro;
b.) Fazer o melhor “chá de cevada gaseificado”;
c.) Satisfazer os clientes da empresa;
d.) Maximizar a riqueza dos acionistas.

2.) É correto afirmar que a Baiser é:


a.) Uma M.E. ou E.P.P.;
b.) Uma sociedade de responsabilidade limitada (Ltda.);
c.) Uma sociedade anônima fechada;
d.) Uma sociedade anônima aberta.

3.) Se a Baiser fosse uma firma individual, quem a representaria?


a.) O proprietário da empresa;
b.) Os sócios da empresa;
c.) O Conselho de Diretores da empresa;
d.) Os acionistas da empresa.

4.) Qual do seguinte deveria ser considerado como uma vantagem da firma
individual na sua forma de organização?
a.) Largo acesso aos mercados de capitais.
b.) Responsabilidade ilimitada.
c.) Um pool de especialistas.
d.) Lucros tributados em somente um nível.

5.) Uma razão comum para as sociedades limitadas converterem-se para a forma
de organização em corporação é que a sociedade:
a.) Enfrenta rapidamente exigências de financiamento crescentes.
b.) Deseja evitar a dupla taxação dos lucros.
c.) Emitiu todas as suas ações.
d.) Contratos expiram após dez anos de uso.

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6.) Uma corporação é considerada fechada quando:
a.) Seus títulos não são negociados em Bolsas de valores.
b.) O valor de mercado das ações é estável.
c.) Opera numa pequena área geográfica.
d.) O administrador também serve como o conselho de diretores.

7.) Quando o acionista A vende suas ações ordinárias da Baiser ao mesmo tempo
em que o acionista B compra a mesma quantidade da Baiser, a empresa recebe:
a.) O valor do dólar da transação.
b.) A quantia de dólares da transação, menos a comissão de corretagem.
c.) Somente o valor nominal das ações ordinárias.
d.) Nada, trata-se somente de movimentação de patrimônio entre pessoas.

8.) Um mercado primário seria utilizado pela Baiser quando:


a.) Investidores compram ou vendem os títulos existentes.
b.) Lotes ações ordinárias são trocados.
c.) Títulos são emitidos inicialmente.
d.) Uma comissão deve ser paga sobre a transação.

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2. RELATÓRIOS CONTÁBEIS FUNDAMENTAIS

Para um melhor aproveitamento da disciplina, vamos recordar um pouco sobre os


relatórios contábeis, ferramentas importantes para bom entendimento do curso.
Um relatório contábil é a exposição ordenada de dados de uma organização
colhidos pela contabilidade. Tais relatórios podem ser obrigatórios (quando exigidos ela
lei) ou não obrigatórios. Os relatórios contábeis obrigatórios são conhecidos como
demonstrações financeiras.
Os relatórios obrigatórios, no Brasil, são elencados pela Lei 6.404/76, a saber:
Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração de
Lucros ou Prejuízos Acumulados (se Ltda.) ou Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido (se S/A) e demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos
(S/A).

2.1 O BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial é uma foto da situação patrimonial de uma organização,


apresenta uma demonstração resumida da posição financeira da empresa em
determinado momento. É assim dividido:

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Permanente
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Patrimônio Líquido
Capital social

Da ilustração anterior, conclui-se que ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO


LÍQUIDO.
No balanço, as contas estão classificadas segundo os elementos do patrimônio que
registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação
financeira da empresa.

No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos


elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
a) ativo circulante (também denominado capital de giro);
b) ativo realizável a longo prazo;
c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo
diferido.

No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:


a) passivo circulante;
b) passivo exigível a longo prazo;
c) resultados de exercícios futuros;

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d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de
reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados.

Em cada grupo do ativo, as contas serão classificadas do seguinte modo:


a) No ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do
exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício
seguinte;
b) no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do
exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos
a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da
companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da
companhia;
c) em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os
direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se
destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;
d) no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à
manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa
finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial;
e) no ativo diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a
formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou
creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.

É importante destacar que nas empresas em que o ciclo operacional tiver duração
maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o
prazo desse ciclo.

No Passivo (Passivo exigível) são registradas as obrigações da empresa, inclusive


financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente.
São classificadas no passivo circulante, as obrigações que vencerem no exercício
seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior,
observado o disposto no parágrafo único do artigo 179 da lei 6404/76.
São classificadas no exigível a longo prazo, as obrigações que venderem em prazo
superior a um exercício social.
No Patrimônio Líquido, a conta do capital social discrimina o montante subscrito
e, por dedução, a parcela ainda não realizada. Nas reservas de reavaliação são
registradas as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em
virtude de novas avaliações com base em laudo aprovado pela assembleia-geral. Serão
classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros
da empresa.

2.2. A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIOS - DRE

É o demonstrativo contábil que demonstra o resultado de uma organização em


determinado período. Fornece um resumo financeiro dos resultados operacionais da
empresa.
A DRE é, como regra geral, ordenada através da separação das receitas, custos e
despesas operacionais ou não de forma vertical e dedutiva. Para sua elaboração segue o
chamado regime de competência, segundo o qual as receitas e as despesas devem ser
incluídas na apuração do resultado o período em que ocorrerem, independentemente de
recebimento ou pagamento.

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Em outras palavras: “Reconhece as receitas no momento da venda e as despesas,
quando incorridas.”

A demonstração do resultado do exercício discriminará:

a) a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e


os impostos;
b) a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços
vendidos e o lucro bruto;
c) as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
d) lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais;
(Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995)
e) o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o
imposto;
f) as participações de debêntures, empregados, administradores e partes
beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou
previdência de empregados;
g) o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital
social.

2.3. DEMONSTRAÇÃO SIMPLIFICADA DOS PRINCIPAIS


RELATÓRIOS CONTÁBEIS USADOS PELA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA

22
3. AMBIENTE FINANCEIRO NAS EMPRESAS – SUBDIVISÕES DO
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O conjunto das instituições que formam o SFN, constituem o chamado Mercado


Financeiro. O Mercado Financeiro é onde se desenvolvem todas as a atividades de
intermediação financeira, ou seja, é o local aonde os tomadores de recursos (agentes
deficitários) vão para pegar emprestado dinheiro dos ofertadores (agentes
superavitários). Neste meio campo estão os intermediários financeiros fazendo a
ligação entre os dois tipos de agentes.
Um pouco mais complexo do que isso o Mercado Financeiro pode ser dividido
em quatro outros mercados também muito conhecidos, demonstrados no organograma
abaixo:

ORGANOGRAMA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

MERCADO FINANCEIRO

MERCADO DE
MERCADO DE MERCADO
CRÉDITO
CAPITAIS CAMBIAL MERCADO
PRAZOS CURTO,
MÉDIO E PRAZOS CURTO, À VISTA E A CURTO
MONETÁRIO
ALEATÓRIOS. MÉDIO, LONGO E PRAZO
INDETERMINADO À VISTA CURTO E
Financiamentos: Transformação da CURTÍSSIMO PRAZO
Capital de Giro, Financiamentos:
Moeda Estrangeira
Capital Fixo, Capital de Giro, Controle da Liquidez
em Moeda Nacional
Habitação, Rural e Capital Fixo, Bancária
e Vice-Versa
Consumo. Underwriting, Ações
e Debêntures.

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Para facilitar nossa compreensão, vamos detalhar cada um deles:

3.1. MERCADO DE CRÉDITO

Mercado de crédito é o nome dado a parte do sistema financeiro onde ocorre o


processo de concessão e tomada de crédito, ou seja, é o mercado onde são efetuados os
empréstimos e financiamentos de curto, médio e em menor escala, longo prazo, visando
atender desde as necessidades de consumo corrente de bens duráveis até o capital de
giro das empresas, sendo o mercado onde são feitos os empréstimos do dia-a-dia.
O mercado de crédito envolve duas partes, uma credora e outra devedora, que
normalmente estabelecem uma relação contratual entre si, podendo ser formal ou
informal. Esta situação sugere que uma das partes, a credora conceda liquidez à outra,
mediante um premio de liquidez ou de risco, comumente intitulado de juros. Nesta
relação à parte credora oferece um bem a parte devedora, que na sociedade capitalista é
a moeda fiduciária ou escritural.
Segundo o novo dicionário do Aurélio, crédito é definido como cessão de
mercadoria, serviço ou importância em dinheiro, para pagamento futuro. Assim sendo,
ao dispormos a terceiro uma determinada mercadoria, mediante ao compromisso, formal
(contrato) ou informal, de reembolso no futuro, estamos vendendo a crédito. Quando
dispomos a terceiro uma importância em dinheiro mediante o compromisso, formal ou
informal, de pagamento no futuro, estamos emprestando a crédito.
O mercado de crédito serve de alavancagem para a maioria das economias
desenvolvidas do mundo, já no Brasil este mercado ainda tem pouco expressão, devido
a taxa de juros no Brasil estar entre as mais altas do mundo. No entanto o mercado de
crédito está em grande expansão, segundo a FEBRABAN em julho de 2008 o crédito
alcançou o seu recorde histórico, chegando a 37% do PIB brasileiro, ultrapassando a
casa de 1 trilhão de reais, onde o crédito destinado a pessoa física corresponde a cerca
de 370 bilhões de reais.
No sistema capitalista os principais agentes de concessão de crédito são as
instituições financeiras, embora existam vários outros agentes, como as empresas para
seus clientes e as pessoas físicas para seus parentes e amigos. As instituições financeiras
são os principais agentes pelo seu poder de arregimentar recursos, e pelo grau de
especialização que alcançam no processo de emprestar e principalmente receber seus
empréstimos.
Neste mercado, cabe destacar a importância de dois tipos de instituições que
dentre outras, fazem parte do mercado bancário:

 BANCOS COMERCIAIS

Os Bancos Comerciais têm como principal característica, a criação de moeda,


através da captação de recursos em depósitos à vista que são repassados na forma de
operações de crédito.
Os bancos autorizados a manter contas correntes para seus clientes captam
recursos através dos depósitos à vista, e estes recursos podem ser utilizados para
emprestar aos clientes demandadores de crédito. Estes clientes tomadores, ao receberem
os recursos, depositam (os mesmos) em conta corrente, utilizando-os ao longo de um
período e não imediatamente, de forma que uma parte destes recursos fica novamente
disponível, fornecendo mais capacidade de empréstimos para os bancos e este processo
contínuo multiplica a moeda muitas vezes.

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O Banco Central controla esta capacidade de multiplicação de moeda pelo
instrumento “recolhimento compulsório” (o BACEN define se há compulsório, sobre
que produtos ele incide, qual percentual deve ser depositado compulsoriamente e se há
remuneração). Quando o Banco Central estabelece compulsório sobre algum produto
(normalmente depósitos à vista e a prazo) ou quando aumenta o percentual cobrado, ele
está retirando dinheiro de circulação (e vice-versa), alterando o “efeito multiplicador de
moeda”. No caso do depósito à vista, caracterizado pelos saldos paralisados em contas
correntes, o percentual atualmente é de 43%.
Dentre os principais produtos de crédito oferecidos pelos bancos comerciais,
podemos citar as linhas de desconto de títulos, adiantamento sob caução de títulos,
crédito pessoal, crédito rural, cheque especial, financiamento de capital de giro e
operações de câmbio, entre muitas outras.
Estes bancos têm ainda a prestação de serviços como outro foco de atuação,
onde podemos citar cobrança, ordens de pagamento, transferência de recursos,
pagamento de cheques, recebimento de impostos e tarifas públicas, custódia de valores,
serviços de câmbio, entre muitos outros.

 BANCOS DE INVESTIMENTO

Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especializadas


em operações de participação societária de caráter temporário, de financiamento da
atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de
recursos de terceiros e devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e
adotar obrigatoriamente em sua denominação social a expressão "Banco de
Investimento".
Estas instituições não possuem contas correntes e captam recursos via depósitos
a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de cotas de fundos de
investimento por eles administrados. As principais operações ativas são financiamento
de capital de giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários,
depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos (Resolução CMN 2.624,
de 1999).

3.2. MERCADO DE CAPITAIS (VALORES MOBILIÁRIOS)

Uma condição essencial para maximizar o crescimento econômico é que o


sistema financeiro funcione de modo a alocar os recursos financeiros aos projetos de
maior produtividade e muito embora alguns analistas vejam os mercados de capitais (e
os mercados acionários em particular) em países em desenvolvimento como cassinos,
com pouco impacto sobre crescimento econômico, evidências recentes sugerem que os
mercados acionários podem ser instrumentos de promoção do desenvolvimento
econômico.
No Brasil, o avanço do processo de estabilização macroeconômica, bem como o
crescente consenso acerca do que gera instabilidade econômica, têm permitido que as
atenções se voltem para o aperfeiçoamento institucional como bancos, a criação de
mecanismos e agências regulatórias, e o desenvolvimento dos mercados de capitais.
O mercado de capitais pode ser definido como um conjunto de instituições que
negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a canalização dos recursos dos
agentes compradores para os agentes vendedores. Ou seja, o mercado de capitais
representa um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de
viabilizar a capitalização das empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas.

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Esse mercado tem por funções básicas contribuir para o desenvolvimento
econômico, atuando como propulsor de capitais para os investimentos, estimulando a
formação da poupança privada e permitir e orientar a estruturação de uma sociedade
pluralista, baseada na economia de mercado e permitindo a participação coletiva de
forma ampla na riqueza e nos resultados da economia.
Os principais títulos negociados são ações, debêntures e commercial papers,
sendo que a distribuição e prestação de serviços do mercado de capitais brasileiro é feito
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sociedades corretoras de valores
mobiliários, sociedades distribuidoras de valores mobiliários, bancos de investimento,
bancos de desenvolvimento, bolsas de valores, bolsas de mercadorias e futuros, mercado
de balcão organizado, administradores de carteira, agentes autônomos de investimento,
investidores institucionais, pessoas físicas e jurídicas não financeiras e estrangeiros,
além das empresas de liquidação e custódia de valores.

No Brasil, não existem títulos ao portador e quase à totalidade dos títulos


negociados é escritural, o que demanda alto grau de sofisticação operacional das
empresas de liquidação e custódia. Todos os negócios em bolsas de valores são
realizados por meio das sociedades corretoras e as comissões praticadas são
estabelecidas de forma competitiva e todos os negócios são executados em nome do
cliente final.
Podemos subdividir o mercado de capitais em dois grandes segmentos: um
institucionalizado e um não institucionalizado. No segmento não institucionalizado, a
negociação é de forma direta entre empresa e investidor sem a participação de
instituições financeiras. Geralmente, as negociações desse mercado ocorrem no
mercado de balcão e as negociações deste segmento são controladas pelos órgãos de
controle e acompanhamento de mercado.

De acordo com a forma de exposição dos títulos no mercado de capitais, as


empresas podem ser consideradas:
 Companhia Fechada: São empresas que seus títulos não são negociados em
Bolsa e quando necessitam obter recursos financeiros promovem subscrições de ações
pelos próprios acionistas ou por um grupo restrito de pessoas, através do direito de
preferência em subscrever ou através de contrato de participação acionária.
 Companhia Aberta: Uma companhia é considerada aberta quando promove
a colocação de valores mobiliários em bolsas de valores ou no mercado de balcão.

Os títulos negociados neste mercado podem ser divididos em:

 AÇÕES

As ações são títulos de propriedade de uma parte do capital social da empresa


que as emitiu e quem as possui, pode-se considerar sócio da empresa emissora. As ações
“são títulos de renda variável”.
Podem ser considerados direitos dos acionistas o direito à participação nos
lucros sociais, o direito de transmissão, o direito a voto, o direito a informações
(Disclosure), o direito de preferência na subscrição de novas ações e o direito de
retirada.
As ações podem ser classificadas como preferenciais e ordinárias, sendo que a
legislação obriga a empresa emitente a lançar, no mínimo 1/3 do seu capital social em

26
ações do tipo ordinária e no máximo 2/3 em ações do tipo preferencial. Possuem como
principais características:

- Ações Preferenciais: Os portadores das ações preferenciais não possuem o


direito a voto nas assembleias gerais, mas tendo como principal vantagem à prioridade
no recebimento de dividendos. Caso a empresa emitente das ações não distribua durante
3 anos consecutivos o pagamento de dividendos, as ações preferenciais adquirem direito
de voto.

- Ações Ordinárias: As ações ordinárias têm como característica principal o


direito a voto nas assembleias gerais, dando assim, ao acionista o direito legal de
controle sobre a organização. O peso do voto está diretamente ligado à quantidade de
ações em seu poder, e no caso de dissolução da entidade jurídica esse acionista será o
último em prioridade de recebimento do espólio da mesma. Geralmente o dividendo
pago a ação ordinária é 10% menor do que o pago as preferenciais.

Forma de circulação das ações:


São 3 as formas de circulação das ações:
 Nominativas: São emitidas cautelas em nome do proprietário dessas ações. A
cautela identifica, entre outros dados a companhia, o proprietário, o tipo da ação, a
forma de emissão e os direitos já exercidos.
 Ao Portador: Não consta o nome do comprador da ação, possuindo como
característica a livre transferência de pessoa para pessoa. Desde o governo Collor esse
tipo de ação está proibido de circular.
 Escritural: Não há emissão de título de propriedade, sendo que a
movimentação ou transferência e realizada por meio de empresa custodiante,
inexistindo a movimentação física dos títulos.

Os ganhos com ações para os acionistas se dão sob a forma de proventos, que a
empresa distribui considerando seus resultados no exercício do período. Os proventos
mais comuns são:
 Dividendos: São valores representativos de parte do lucro líquido da empresa
no exercício corrente ou em exercícios passados, correspondente ao percentual mínimo
de 25%, que são distribuídos anualmente a seus acionistas. As ações negociadas em
bolsa anterior a distribuição dos dividendos são denominadas, como ações “Com ou
Cheias”, que dão ao seu portador o direito de receber proventos distribuídos pela
empresa. Após a distribuição do dividendo as ações da empresa passam a ser negociadas
como “Ex ou Vazias”, pois os direitos ao provento já foram exercidos.
 Bonificação: Recebimento gratuito de novas ações proporcionalmente a
quantidade possuída pelo acionista decorrente da incorporação de reservas de lucro ao
capital social. A bonificação pode ser feita mediante a emissão de novas ações ao valor
nominal ou aumentando esse valor nominal das ações (carimbo).
 Juros sobre capital próprio: Remuneração originada pela retenção de lucros
retidos em exercícios anteriores. A grande vantagem dessa modalidade de provento, é
que o valor pago ao acionista é contabilizado como custo e, portanto o imposto de
Renda pago pela empresa torna-se menor.

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 Direitos de Subscrição: Os atuais acionistas têm preferência na subscrição de
novas ações.

Após o lançamento das ações, as empresas poderão, em função de suas


necessidades desdobrarem ou agruparem essas ações. No mercado esses processos são
conhecidos como:
 Split: Distribuição de novas ações aos acionistas com o objetivo de dar maior
liquidez aos títulos no mercado.
 Inplit: Condensação do capital em um menor número de ações com
consequente aumento do valor patrimonial da ação.

As negociações com ações possuem taxas de corretagem e emolumentos que são


cobradas pelas corretoras tanto na compra quanto na venda dos papéis (sendo de livre
negociação entre clientes e corretoras), incidindo em cada ordem enviada à Bovespa e
executada, podendo ser corretagem fixa, estipulando regras em função da característica
da operação ou corretagem variável, utilizando o modelo padrão de mercado, que é
calculado de acordo com a tabela a seguir:

Os emolumentos são pequenas taxas cobradas sobre as movimentações


financeiras na compra ou na venda de títulos e representam uma porcentagem mínima
do capital. A taxa varia de acordo com o tipo de operação, que podem ser operações
normais ou day-trade (são operações onde a compra e a venda, de um mesmo ativo, é
realizada no mesmo pregão, ou seja, num único dia).

O ganho líquido obtido pelo investidor no mercado a vista é tributado à alíquota


de imposto de renda vigente, como ganho de renda variável, sendo calculado
considerando o preço de venda menos preço de compra e menos os custos de transação
(corretagem, emolumentos e demais taxas sobre a operação). Os prejuízos obtidos nesse
e em outros mercados (ex.: opções) podem ser compensados, exceto em operações

28
iniciadas e encerradas no mesmo dia (daytrade), que somente poderão ser compensados
com ganhos em operações da mesma espécie (daytrade).
O Sicalc (Sicalc – Secretaria da Receita Federal – Apuração de I.R.) foi
desenvolvido para auxiliar o contribuinte no cálculo de acréscimos legais e emissão do
Darf para pagamento. O código da receita (DARF) para recolhimento de “ganho de
capital” de pessoa física é 6015 e de pessoa jurídica é 3317. Este programa executa o
cálculo da multa e dos juros moratórios para os pagamentos efetuados após a data de
seu vencimento e imprime Darf, tanto para pagamentos em atraso, quanto para
pagamentos no prazo, através do endereço:

https://pagamento.serpro.gov.br/sicalcweb/default.asp?TipTributo=1&FormaPagto=1

 DEBÊNTURES

As debêntures são títulos nominativos, negociáveis, representativos de dívida de


médio e longo prazos contraídas pelas companhias (S/A de capital aberto) junto aos
seus debenturistas, que rendem juros, prêmios e outros rendimentos fixos ou variáveis,
sendo todas as características definidas em escritura. As taxas de juros oscilam
conforme o mercado financeiro, guardando correlação com as taxas de captação de
bancos. Apesar de serem títulos de longo prazo, as taxas de juros podem ser repactuadas
(renegociadas). Havendo cláusula de repactuação, se os investidores não aceitarem as
novas taxas propostas pela empresa, ela terá que recomprar os títulos.
As debêntures podem ser de dois tipos:
 Simples: não podem ser convertidas em ações, prazo mínimo de emissão de 1
ano e seu resgate só pode ser efeito em moeda nacional;
 Conversíveis: Podem ser convertidas em ações de emissão da empresa, nas
condições estabelecidas pela escritura de emissão, podendo ser resgatada em moeda
nacional. Assim, esse tipo, além das taxas de remuneração, oferece como atrativo o fato
de poder proporcionar eventuais lucros por ocasião da conversão em ações. Seu prazo
mínimo de emissão é de 3 anos.
Quanto à forma, as debêntures podem ser classificadas da seguinte maneira:
 Nominativas: São debêntures em cujos certificados constam o nome do
titular, sendo a transferência de propriedade registrada em livro mantido pela companhia
emissora e o certificado substituído por outro com o nome do novo titular.
 Escriturais: São as que não têm certificado, sendo mantidas em contas de
depósitos em nome de seus titulares, nas instituições financeiras depositárias designadas
pela emissora.
Quanto às espécies de garantia, classificam-se em sem garantia, com garantia
real ou com garantia flutuante.
Quanto ao vencimento, as debêntures podem ser com prazo determinado e
com prazo indeterminado (debênture perpétua), ficando o vencimento condicionado a
eventos especiais expressos na escritura da emissão.

 COMMERCIAL PAPERS

O Commercial Paper tem sido utilizado para viabilizar a captação de recursos


financeiros para o custeio de empresas, geralmente com momentâneos problemas de
liquidez, como uma alternativa além dos empréstimos bancários.
O objetivo principal deste título é a obtenção de recursos reclamados pelo
desenvolvimento da atividade econômica de uma sociedade anônima, constituindo-se

29
como instrumento para financiamento do capital de giro, tais como, pagamento de
impostos, aquisição de matéria-prima e eventuais imprevistos de caixa. Uma
característica importante é que esses títulos só podem ser emitidos por empresas de
capital aberto S/A’s.
O Commercial Paper apresenta como característica mais atraente a flexibilidade
e a livre determinação de prazos, e no momento da emissão dos títulos à emissora e o
investidor discutem não apenas o percentual de juros como também os prazos.
Os Commercial Papers podem ser classificados em:
 Financial papers, que são emitidos por empresas ligadas à área financeira e
como estas fornecem constantemente capitais de curto prazo, precisam obter constantes
recursos também de curto prazo, sendo o seu principal meio de captação de capital.
Além das financeiras, também as empresas de holdings bancárias utilizam-se destes
papéis para os seus negócios. Portanto, o financial paper é emitido continuamente e em
grande volume, para atender às constantes necessidades de capital.
 Industrial papers, que são emitidos por empresas de atividades gerais, para
atender às suas necessidades temporárias e sazonais de recursos. Como essas empresas
normalmente não precisam de capital elevado a curto prazo e nem continuamente,
emitem seus títulos através de distribuidores com elevadas taxas de juros.

3.3. MERCADO CAMBIAL

É o mercado onde são realizadas operações que envolvem a necessidade de


conversão de moeda estrangeiras em moedas nacionais e vice e versa. Os elementos que
participam deste mercado se dividem nos que produzem divisas (exportadores, os que
tem a receber empréstimos ou investimentos do exterior e turistas estrangeiros); e os
que remetem divisas (os importadores, os que devem recursos ao exterior através de
empréstimos ou repasses de lucros ou dividendo e turistas estrangeiros).
A política cambial refere-se aos regimes cambiais, ou seja, a atuação do
Governo sobre a taxa de câmbio, realizada através do Banco Central, que pode ser:
 Câmbio fixo: O valor de divisas pré-fixado pelo Banco Central por tempo
indeterminado, sendo essa uma medida geralmente irrealista e só possui chance de
funcionar em países sem inflação. Há um tipo de fixação conhecida em inglês como
dirty-floating na qual não há pré-fixações mas intervenções sem mostrar ao mercado as
metas cambiais da autoridade cambial.
 Câmbio flexível ou flutuante: Quando seu valor é determinado no mercado
de divisas através de interação das forças de oferta e demanda, sendo também conhecido
como "câmbio livre" ou clean floating, pois há plena liberdade de variação da taxa de
câmbio, determinada pelas forças de mercado.

Em relação à classificação da taxa de câmbio, podemos classificar:


 Taxa de câmbio nominal: É a definição do preço de uma unidade de
moeda estrangeira expressa em relação à moeda nacional, como por exemplo (tendo por
base o dólar), a relação 1 US$ = X R$.
Uma elevação na taxa implicaria em uma desvalorização nominal da taxa de
câmbio, ou em outras palavras, esse cenário indica que a moeda nacional vale menos
em relação à moeda estrangeira. Por outro lado, se houver uma queda da taxa, isso
representa uma valorização do câmbio, ou seja, a moeda nacional valendo mais do que
antes, possibilitando comprar uma unidade de moeda estrangeira com uma quantidade
menor de moeda nacional e como a taxa de câmbio tem papel fundamental nas relações

30
de comércio exteriores, impacta diretamente sobre os importadores e exportadores de
bens e serviços.
 Taxa de câmbio real: Os economistas e o mercado empresarial consideram
a taxa de câmbio real, que envolve em seu cálculo a influência da inflação no mercado
nacional e no mercado estrangeiro.

3.4. MERCADO MONETÁRIO

Este mercado tem como característica principal operações que se realizam a


curto prazo ou curtíssimo prazo. É utilizado como instrumento de política monetária,
pois através dele o Banco Central atua sobre o nível de liquidez da economia. Desta
forma, visando o controle desta política, o Governo pode realizar emissões, reservas
compulsórias (percentual sobre os depósitos que os bancos comerciais devem reservar a
disposição do Banco Central), open market, ou seja, compra e venda de títulos públicos,
redescontos, ou seja, empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais e
regulamentação sobre crédito e taxa de juros.
Se o objetivo for controlar a inflação, deve-se diminuir o estoque monetário da
economia, aumentando as reservas compulsórias ou a venda de títulos no open market.
Já se a meta for crescimento econômico, a medida adotada é o aumento do estoque
monetário.
Para controlar o meio circulante, o principal instrumento utilizado pelo Banco
Central são os Títulos Públicos (Lei nº 10.179 de 6 de fevereiro de 2001), utilizados
para a captação de recursos para financiar atividades do governo federal, tais como
educação, saúde e infra-estrutura, sendo uma opção de investimento para a sociedade e
representativos da dívida mobiliária da União.
Anteriormente, as pessoas físicas compravam títulos públicos apenas
indiretamente, através da aquisição de cotas de fundos de investimento, mas a partir da
implantação do Tesouro Direto, os poupadores ganham uma forma alternativa de
aplicação dos seus recursos com rentabilidade e segurança, sem a necessidade de
intermediação financeira nas negociações. Além disso, os investidores se beneficiam de
poder administrar diretamente seus próprios recursos adequando os prazos e
indexadores dos títulos aos seus interesses.
Os títulos públicos são resgatados em data predeterminada por um valor
específico, atualizado ou não por indicadores de mercado como por exemplo, índices de
preços. Outra opção é a venda antecipada ao Tesouro Direto nas recompras semanais,
pelo preço de mercado vigente.
A venda de títulos públicos no Brasil pode ser realizada por meio de três
modalidades, sendo oferta pública com a realização de leilão, oferta pública sem a
realização de leilão (Tesouro Direto) e emissões diretas para atender a necessidades
específicas determinadas em lei.
Os títulos públicos federais são os mais comuns, pois representam um tipo de
investimento bastante seguro (risco reduzido) e podem ser classificados como:
Os principais títulos públicos federais são:
 LTN (Letras do Tesouro Nacional)
 LFT (Letras Financeiras do Tesouro)
 NTN (Notas do Tesouro Nacional)

As características de cada um estão no quadro abaixo:

Título Rendimento/Atualização do Valor Nominal

31
LFT Letras Financeiras do Rendimento pós-fixado definido pela taxa Selic.
Tesouro
LTN Letras do Tesouro Rendimento prefixado definido pelo deságio sobre o valor
Nacional nominal.
NTN-B Notas do Tesouro Juros de cupom e valor nominal atualizado pela variação do
Nacional Série B IPCA (Índice de preços ao Consumidor Ampliado calculado
pelo IBGE).
NTN-C Notas do Tesouro Juros de cupom e valor nominal atualizado pela variação do
Nacional Série C IGP-M calculado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas.
NTN-D Notas do Tesouro Juros de cupom e valor nominal atualizado pela variação da
Nacional Série D cotação de venda do dólar dos EUA (variação da taxa média de
câmbio ponderada pelo volume de negociações da moeda
estrangeira no decorrer do dia).
NTN-F Notas do Tesouro Rendimento prefixado definido pelo deságio sobre o valor
Nacional Série F nominal. Existe pagamento semestral de cupom, diferenciando-
se da LTN.
NTN-H Notas do Tesouro Juros de cupom e valor nominal atualizado pela Taxa
Nacional Série H Referencial – TR (obtida a partir da TBF, Taxa Básica
Financeira, por meio de um redutor definido pelo BACEN).

4. FUNDAMENTOS DE TESOURARIA

4.1. CONCEITO DE CAPITAL DE GIRO

O Capital de Giro (CDG) é um conceito econômico-financeiro e não uma


definição legal, e descreve o recurso utilizado para sustentar as operações do dia-a-dia
da empresa, ou seja, é o capital disponível para condução normal dos negócios da
empresa. Alguns pontos importantes da administração eficiente do capital de giro é seu
impacto no fluxo de caixa da empresa, pois o volume de capital de giro utilizado por
uma empresa depende de seu volume de venda, política de crédito e do nível de estoque
mantido. Este necessita de recursos para seu financiamento, de forma que quanto maior
for seu valor, maior a necessidade de financiamento com recursos próprios ou com
recursos de terceiros.
As dificuldades relativas ao CDG numa empresa ocorrem principalmente devido
a redução de vendas, ao crescimento da inadimplência, ao aumento das despesas
financeiras, ao aumento de custos e aos desperdícios de natureza operacional, entre
outros fatores.

4.2. CICLOS

Visando interpretar a relação existente entre capital de giro e os ciclos existentes,


vamos identificar a composição de cada um deles.

 CICLO ECONÔMICO

O conceito de Ciclo econômico refere-se às flutuações da atividade econômica,


a longo prazo, envolvendo uma alternância de períodos de crescimento relativamente
rápido do produto (recuperação e prosperidade) e períodos de relativa estagnação ou
declínio (contração ou recessão).

32
Os ciclos econômicos são caracterizados por um movimento de um grande
número de atividades e embora os ciclos econômicos se repitam, são caracterizados por
períodos de expansão e contração da atividade econômica, não necessariamente
periódicos, ocorrendo em economias de mercado.
Os pensamentos kaleckiano e keynesiano falam sobre as flutuações econômicas
relacionando-as com as oscilações no patamar da demanda efetiva da economia,
enfatizando a importância da sobreacumulação e do subinvestimento sobre a
determinação do nível garantido da demanda efetiva. Os marxistas defendem que as
flutuações econômicas no capitalismo seriam em gerais cíclicas, próprio da dialética do
sistema capitalista, onde os fatores que geram o boom semeam também o declínio, vice-
versa, sucessivamente.
O ciclo econômico refere-se então às flutuações recorrentes e periódicas da
atividade econômica a longo prazo, determinadas pela variação do nível de lucro dos
empresários e de investimento na expansão ou reposição do estoque de capital.

 CICLO FINANCEIRO

O ciclo financeiro tem início com o desembolso de numerários para a aquisição


da mercadoria que será revendida pela empresa e encerra-se com o recebimento relativo
à venda da mesma, ou seja, é o ciclo de caixa. O reflexo do ciclo econômico se dará
neste ciclo, pois se o giro do estoque é lento, primeiro a empresa pagará para após
receber, ocasionando em desembolso desnecessário. Cabe salientar que além de
compromissos com fornecedores a empresa também deve honrar outros compromissos
mensais, que são os custos fixos ou despesas operacionais (gastos necessários para que a
empresa possa operar).

 CICLO OPERACIONAL

Representa os dois ciclos juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e


encerrando-se quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda. Segundo
Hoji, o Ciclo Operacional inicia-se junto com o Ciclo Econômico ou Ciclo Financeiro,
o que ocorrer primeiro, e encerra-se junto com o encerramento do Ciclo Econômico ou
Financeiro, o que ocorrer por último.

4.3. REGIMES DE LANÇAMENTO

No que diz respeito à forma de lançamento dos valores em uma empresa,


podemos considerar dois regimes diferentes:

 REGIME DE COMPETÊNCIAS

O regime de competência (do inglês accrual-basis) é o que apropria (ou seja,


considera ocorrido o fato gerador) receitas e despesas ao período de sua realização,
independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do pagamento das despesas.
Sua principal vantagem é a possibilidade de previsão, de forma que o futuro também
passa a fazer parte da contabilidade da entidade.
Como exemplo podemos citar uma compra de mercadorias a prazo, se a compra
ocorreu no mês de janeiro com pagamento em fevereiro, a despesa deverá constar nos
registros de janeiro, embora o pagamento seja feito em fevereiro. Contabilmente, em
janeiro, computa-se a despesa e como contra-partida (método das partidas dobradas),

33
cria-se uma obrigação em contas a pagar e em fevereiro, por ocasião do pagamento,
deduz-se o valor pago de contas a pagar e reduz-se o valor do caixa.

 REGIME DE CAIXA

Regime de caixa é o regime contábil que apropria as receitas e despesas no


período de seu recebimento ou pagamento, independentemente do momento em que são
realizadas, ou seja, a despesa ou a receita só é considerada quando for efetivamente
paga ou recebida, independente do momento que esta foi realizada.
O regime de caixa é oposto ao regime de competências, pois considera as saídas
e entradas de caixa como "gatilho" para o registro contábil da transação, tratando-se de
um sistema utilizado em microempresas ou somente com objetivo gerencial. No Brasil,
após a escolha do regime de caixa ou competência, este deverá se manter por todo o
ano, não sendo permitido mudar durante o ano base.

4.4. FLUXO DE CAIXA DIRETO

O Método Direito de fluxo consiste em classificar os recebimentos e pagamentos


de uma empresa utilizando as partidas dobradas. A vantagem deste método é que
permite gerar as informações com base em critérios e técnicas, eliminando qualquer
interferência da legislação fiscal, ou seja, é aquele em que as informações para
composição de fluxo de caixa obtidas diretamente dos registros das operações da
empresa.
“A demonstração do fluxo de caixa direto facilita o entendimento do usuário,
pois nela pode-se visualizar integralmente a movimentação dos recursos financeiros
decorrentes das atividades operacionais da empresa” (CAMPOS FILHO). A
evidenciação dos valores que movimentam o caixa é de uma importância para uma
análise mais profunda do fluxo financeiro da empresa e por isso este método é mais
informativo, pela clareza com que revela as informações do caixa.

Vantagens:
a) Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e
pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais;
b) Permite que a cultura de administrador pelo caixa seja introduzida mais
rapidamente nas empresas;
c) As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.
Desvantagens:
a) O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos;
b) A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira em
usar as partidas para classificar os recebimentos e pagamentos.

Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser incorporado às


demonstrações contábeis tradicionalmente publicadas pelas empresas. Basicamente, o
relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três grandes áreas:
 Atividades operacionais são explicadas pelas receitas e gastos decorrentes
da industrialização, comercialização ou prestação de serviços da empresa. Estas
atividades têm ligação com o capital circulante líquido da empresa.
 Atividades de investimento são os gastos efetuados no realizável a longo
prazo, em investimentos, no imobilizado ou no intangível, bem como as entradas por
venda dos ativos registrados nos referidos subgrupos de contas.

34
 Atividades de financiamento são os recursos obtidos do passivo não
circulante e do patrimônio líquido. No circulante devem ser incluídos os empréstimos e
financiamentos de curto prazo. As saídas correspondem à amortização destas dívidas e
os valores pagos aos acionistas a título de dividendos, distribuição de lucros.

5. ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA

5.1. VISÃO MACRO DO FLUXO DE CAIXA

O orçamento de caixa possibilita ao administrador planejar suas necessidades de


caixa de curto prazo, sendo que a preocupação é identificar os superávits e déficits de
caixa. Uma empresa que espera um excesso de caixa pode planejar aplicações no curto
prazo, enquanto que outra com déficit de caixa deve providenciar financiamento a curto
prazo.
De forma simples, o orçamento de caixa dá ao administrador financeiro uma
visão macro da época em que ocorrerão recebimentos e pagamentos previstos durante
um determinado período, que em geral abrange o período de um ano embora possa ser
desenvolvido para qualquer período, normalmente subdividido em intervalos (o número
e o tipo de intervalos vão depender da natureza do negócio).
Quanto mais sazonais e incertos forem os fluxos de caixa da empresa, tanto mais
numerosos devem ser os intervalos. Uma vez que muitas empresas se defrontam com
um padrão sazonal de fluxo de caixa, o orçamento de caixa é apresentado mês a mês.

5.2. DIAGRAMA DE FLUXO DE CAIXA

É a movimentação de recursos financeiros (entradas e saídas de caixa) ao longo


de um período de tempo. Na verdade estamos nos referindo à entrada e saída de
dinheiro, lembrando que o conceito de caixa (financeiro) não pode ser confundido com
o conceito de competência (contábil).
Serve para demonstrar graficamente as transações financeiras em período de
tempo, representado por uma linha horizontal dividida pelo número de períodos
relevantes para análise. As entradas ou recebimentos são representados por setas
verticais apontadas para cima, e as saídas ou pagamentos são representados por setas
verticais apontadas para baixo.

35
Os Principais indicadores de atividade de caixa são: o giro de estoques, o
giro de clientes (ou contas a receber) e o giro de fornecedores (ou de contas a
pagar).

MODELO SIMPLIFICADO

(+) Entradas

Tempo(n)

(-) Saídas

MODELO DETALHADO

Entradas ( ) Saídas ( )

Tempo(n)

Chamamos de PV o valor presente, que significa o valor que eu tenho na data


focal 0(zero); FV, valor futuro, que será igual ao valor que terei no final do fluxo, após
juros, entradas e saídas. PMT é a prestação, ou as entradas e saídas durante o fluxo. Na
HP-12C a diferença entre entradas e saídas será simbolizada pelo sinal negativo e
positivo.

36
6. ÍNDICES DE ATIVIDADE

Os índices de atividade podem medir a rapidez com que as contas circulantes


(estoques, duplicatas a receber e duplicatas a pagar) são convertidas em caixa.

A análise de atividade de uma empresa pode ser percebida pelos seguintes


índices:

 GIRO DOS ESTOQUES

O giro dos estoques mede a atividade da empresa, isto é, em quanto tempo é


transformado os estoques em vendas.

Giro dos estoques = _Custo dos Produtos Vendidos_


Valor Médio dos Estoques

Definição: Houve uma renovação dos estoques da empresa da ordem de X vezes


ao ano.

 PERÍODO MÉDIO DE ROTATIVIDADE DOS ESTOQUES OU


PERÍODO MÉDIO DE ESTOQUES

PMRE OU PME = ______360______


Giro dos Estoques
37
Definição: A cada X dias a matéria entra no estoque é processada e vendida.
Pode ser ainda usada como parâmetro para definir qual produto deve ter a venda
incentivada ou cortada.

 PERÍODO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS OU PERÍODO


MÉDIO DE COBRANÇA

O período médio de cobrança, ou idade média de contas a receber, é útil na


avaliação para estabelecimento de estratégias para crédito e cobrança.

PMRV OU PMC = _Contas a Receber X 360_


Receita Anual de Vendas

Giro de Vendas = __360___


PMRV
Definição: O resultado indica que a empresa financiou seus clientes, em média,
por X dias. Esse pode ser um dado significativo para o administrador analisar se, por
exemplo, o preço cobrado do produto é suficiente para cobrir custos financeiros de
carregamento da carteira de clientes.

 PERÍODO MÉDIO DE PAGAMENTO DE COMPRAS OU PERÍODO


MÉDIO DE PAGAMENTO

O período médio de pagamento, ou idade média das duplicatas a pagar, indica o


prazo médio necessário para o pagamento das duplicatas.

PMPC OU PMP = _Duplicatas a Pagar X 360_


Compras Anuais

Onde:
Estoque inicial + Compras - Estoque Final = Custo dos Produtos Vendidos

Compras = Custo dos Produtos Vendidos - Estoque Inicial + Estoque Final

Giro de Compras = _ 360__


PMPC

38
Definição: A idade da contas a pagar pode servir ao administrador para decidir
sobre a política de aplicação de recursos e sobre a necessidade de financiamento da
produção, o que afetará diretamente o fluxo de caixa da empresa.

 QUOCIENTE DE POSICIONAMENTO RELATIVO

O ciclo de caixa também pode ser analisado pelo quociente de posicionamento


relativo (QPR), conforme fórmula a seguir:

PMRE+ PMRV
QPR=
PMPC

O quociente de posicionamento relativo visa conhecer a relação entre os prazos


de recebimento e de pagamentos.
Um quociente elevado demonstra a dificuldade da empresa em saldar suas
dívidas.
À medida que diminui o período médio de recebimento de vendas em relação ao
prazo médio de pagamento de compras, estará sendo criada condições mais favoráveis
para obter melhores índices de liquidez. Como o excesso de recebíveis diminui o “Giro
do Ativo” é preciso aumentar a margem de lucro sobre as vendas para compensar o
efeito negativo do giro baixo. Isto nem sempre é possível. Da mesma forma dificilmente
é possível modificar de modo significativo o prazo médio de pagamentos de compras,
restando agir sobre o período médio de rotação do estoque.

O ideal é manter um quociente “menor ou igual a um”.

 CICLO OPERACIONAL - CO

O Ciclo Operacional indica o tempo decorrido entre o momento em que a


empresa adquire as matérias-primas ou mercadorias e o momento em que recebe o
dinheiro relativo às vendas. Trata-se, portanto, de um período (médio) em que são
investidos recursos nas operações sem que ocorram as entradas de caixa
correspondentes. Parte desse capital de giro é financiada pelos fornecedores que
concederam prazo para pagamento.

Fluxograma:

PRODUÇÃO E
COMPRAS
ESTOCAGEM

VENDAS DE
CAIXA
MERCADORIAS
39
Fórmula:

CO = PMRE + PMRV

 CICLO FINANCEIRO – CF OU DE CAIXA

É o tempo decorrido entre o pagamento aos fornecedores pelas mercadorias


adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas. É o período em que a empresa
necessita ou não de financiamento complementar do seu ciclo operacional.
Quanto maior o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros (exceto
fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando custos
financeiros e afetando a rentabilidade (despesas financeiras = redução no lucro).

Fórmula:
CF = PMRE + PMRV – PMPC
ou CO – PMPC

O ciclo financeiro corresponde ao período de tempo entre o pagamento ao


fornecedor e o momento em que a empresa recebe do cliente o dinheiro das vendas.
Para esse período (ciclo financeiro), a empresa precisa conseguir financiamento
complementar. Normalmente, o ciclo financeiro é financiado: pelo capital próprio ou
por recursos de terceiros onerosos.

 GIRO DE CAIXA

Representam quantas vezes o caixa movimenta-se por ano na empresa em função


do seu ciclo financeiro.

GCx = __360__
CF

Exemplificando, supondo que o Ciclo Financeiro da empresa fosse de 60 dias,


neste caso o Giro de Caixa seria de 6 vezes ao ano (360 dias: 6). Quanto maior for o
giro melhor para empresa, pois ira necessitar de menos capital de giro para suprir o
caixa.

Casos práticos:

1) Uma empresa apresentou os seguintes indicadores de prazo médio:

PMRE = 63 dias;
PMRV = 113 dias;
Qual o CO dessa empresa?
CO = 63 + 113 = 176 dias.

40
PMPC = 68 dias.
Qual o CF dessa empresa?
CF = 176 – 68 = 108 dias.

O que isso significa?


Significa que a empresa paga seus fornecedores 68 dias após a compra e
somente 108 dias após esse pagamento receberá o valor da venda a seus clientes. Para
financiar seus clientes por 108 dias, a empresa poderá, então, utilizar-se de recursos
próprios ou recorrer a desconto de duplicatas ou outros empréstimos para capital de
giro. Quanto maior o ciclo financeiro, pior para a empresa, pois representa maior tempo
de utilização de financiamento e, portanto, maior despesa financeira.

2) Admitamos uma empresa que gira o estoque em 30 dias e recebe as vendas


em 54 dias, pagando as compras em 90 dias.

CO = 30 dias (PMRE) + 54 dias (PMRV) = 84 dias

O que isso significa?


Nesse caso, a empresa tem uma folga financeira de seis dias, ou seja, após
vender e receber esperará seis dias para pagar suas compras aos fornecedores.
Admitamos que a empresa tivesse de pagar suas compras em 60 dias.

CO = 30 dias + 54 dias = 84 dias


PMPC = 60 dias

O período de 24 dias que a empresa pagaria antes de receber as vendas,


conhecido como Ciclo Financeiro, significa Necessidade de Capital de Giro a ser
financiada.

COMPRA
MATÉRIA VENDA
PRIMA FATURA
PAGAMENTO RECEBIMENTO

PRAZO DE RENOV. DOS ESTOQUES

PRAZO DE PGTO. PRAZO DE RECEBIMENTO


DAS COMPRAS DAS VENDAS

CICLO FINANCEIRO

CICLO OPERACIONAL

 SALDO MÍNIMO OPERACIONAL DE CAIXA

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Representa o volume mínimo de recursos financeiros de que uma empresa
necessita para financiar suas atividades operacionais. Para calcular o SMOC (Saldo
Mínimo Operacional de Caixa) é necessário estimar o valor do SAC (Saídas Anuais de
Caixa) que corresponde aos valores desembolsados para pagamento de fornecedores de
mercadorias ou matérias-primas, como também para cobrir as despesas operacionais.
Para facilitar o entendimento faremos o uso de um exemplo numérico. Supondo que os
valores previstos de saídas de caixa anual fossem: pagamento de fornecedores R$
200.000,00 e pagamento das despesas operacionais R$ 100.000,00. Portanto, o total do
SMOC é de R$ 300.000,00. Considerando que o Giro do Caixa fosse de 6 vezes. O
valor do Caixa Operacional Mínimo é de R$ 50.000,00 (R$ 300.000,00: 6 vezes). O
Saldo Mínimo Operacional de Caixa é representado pela seguinte relação:

SAC
SMOC=
GCx

O CMO já abordado anteriormente exige o cômputo dos prazos médios de


estocagem, de cobrança e de pagamento. A partir deles obtém-se o ciclo de caixa
gerando primeiramente o ciclo de caixa e, em seguida, o Giro de caixa. Conforme Assaf
Neto e Silva (1995), tomando em conta o desembolso total de caixa em um ano e o giro
de caixa é possível calcular o caixa mínimo operacional.

CMO = DTA
GC

Onde:

CMO = Caixa Mínimo Operacional


DTA = Desembolso Total Anual

Trata-se de uma forma simples de estabelecer o montante de recursos que a


empresa deverá manter em seu caixa.

EXERCÍCIOS:

1.) Uma determinada empresa está planejando os seus períodos médios, tanto de
estoque, pagamento e recebimento. De acordo com os dados, responda:

a.) PMRE = 50 dias, PMPC = 35 dias e CF = 55 dias. Qual é o CO?

42
b.) PMRE = 50 dias, PMRV = 40 dias e CF = 59 dias. Qual é o CO?

a) PMRE = 50 dias, PMRV = 40 dias e PMPC = 35 dias. Qual é o CF?

d) PMRE = 50 dias, PMRV = 40 dias e CF = 55 dias. Qual é o PMPC?

2.) Suponha um período de estoque de 200 dias, período médio de pagamento de


100 dias e de recebimento de 45 dias. Qual será o ciclo operacional e o financeiro?

3.) A Frutaria Ltda., uma empresa nacional de frutas em conserva, mantém um


estoque em média de 65 dias, paga a seus fornecedores, em média de 30 dias e recebe
de seus clientes em média de 24 dias. Seu plano é de receber de seus clientes em até 18
dias. Se a empresa conseguir mudar sua política de recebimento, de quantos dias serão

43
seus ciclos financeiro, operacional e QPR das duas situações? Qual apresenta melhor
resultado?

4.) A Cia Prado S/A apresentava os seguintes dados em suas demonstrações


financeiras (considerando que os valores estão apresentados com o cálculo médio):

CONTA 2010 2011 2012

Estoques 751.000 890.000 900.000

Fornecedores 690.000 701.000 680.000

C.M.V. 3.400.000 3.600.00 3.800.000


Vendas 6.060.000 6.500.00 7.800.00

Duplicatas a receber 1.200.00 1.100.00 1.524.000

Compras 2.900.000 1.690.000 2.500.000

a) Calcular o PMRE , PMRV e PMPC (para todos os anos)

b) Calcular o Ciclo Operacional e o Ciclo Financeiro (para todos os anos)

44
7. ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER

7.1. OBJETIVO

A. Definir as premissas de uma avaliação do risco de concessão de crédito.


B. Abordar as principais medidas financeiras de uma política de crédito.
C. Mostrar como analisar as variações no saldo de valores a receber.

Os investimentos em valores a receber representam uma parte significativa de


seus ativos circulantes e o nível desses investimentos depende do comportamento das
vendas e da formação de uma política de crédito para a empresa, que engloba
fundamentalmente, a análise dos padrões de crédito, o prazo de concessão de crédito, os
descontos financeiros por pagamentos antecipados e política de cobranças.
A análise de crédito tem por objetivo selecionar os clientes a prazo, sua
capacidade de pagamento, assim como os limites monetários de crédito que podem ser
concedidos, já as duplicatas a receber são resultados dos créditos concedidos por uma
empresa a seus clientes.

7.2. RISCOS EM DUPLICATAS A RECEBER

O administrador financeiro tem como objetivo valorizar a empresa e por


consequência maximizar o lucro esperado e nos casos em que a margem de lucro é
grande, a possibilidade de a empresa optar por uma política de crédito liberal é
plenamente justificável, mas quando a margem de lucro é relativamente pequena, a
flexibilização do crédito pode aumentar o nível de incobráveis, comprometendo assim a
rentabilidade.

45
Outro fator importante na política de duplicatas a receber, é o montante de
recursos que a empresa pode investir, pois os volumes de recursos investidos em capital
de giro podem determinar maiores ou menores volumes de vendas, ou seja, se a empresa
possuir recursos limitados, terá dificuldade em conceder crédito a prazos mais longos
comprometendo a ampliação das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em
condições de investir em duplicatas a receber, ao flexibilizar o crédito corre o risco de
aumentar o volume de inadimplência, cabendo ao administrador financeiro buscar o
equilíbrio que minimize o dilema risco-retorno.
Quando a empresa vende seus produtos a prazo, a principal decisão a ser
tomada, é a que se refere à concessão do crédito. Nesse momento o administrador
financeiro se vê a frente de três questões básicas:
 A quem vender?
 Quanto vender?
 Em que condições vender?
A análise da concessão do crédito tem que ser baseada em dois aspectos
fundamentais. Primeiramente, nas fontes de informações disponíveis combinadas com a
evolução da conjuntura econômica e em segundo lugar, em uma forte dose de bom
senso, pois muitas vezes vale aceitar um determinado risco considerando que o cliente
tem potencial para tornar-se regular e confiável futuramente.

7.3. SELEÇÃO DE CRÉDITO

O objetivo da seleção de crédito é determinar a quais clientes pode ser concedido


o crédito e em que proporções e para essa seleção é imprescindível possuir as
informações necessárias e utilizar os métodos apropriados para fazer uma avaliação
adequada.
A Seleção de Crédito consiste em determinar se o crédito deve ser concedido a
um cliente e o limite quantitativo a ser concedido. Os analistas financeiros com a
finalidade de minimizar o risco das vendas a prazo, frequentemente utilizam-se para
orientar suas análises, os 5 “C’s” do crédito, enfoque abortado por Brighan e Weston,
que procura minimizar os riscos.

Os C’s do Crédito

- Caráter (Idoneidade do cliente, honestidade, integridade, histórico judicial)


- Capacidade de pagamento (liquidez, endividamento, informações financeiras,
padrões gerenciais)
- Capital (solidez financeira indicada pelo patrimônio líquido)
- Colateral (ativos disponíveis para garantir o crédito)
- Condições (influência da conjuntura que pode afetar as partes)

7.4. POLÍTICA GERAL DE CRÉDITO

O estabelecimento de uma política de crédito envolve, basicamente, o estudo de


quatro elementos, a saber:

Análise dos padrões de crédito


Os padrões de crédito definem essencialmente os instrumentos de crédito e as
exigências mínimas de garantias para a concessão do crédito a um cliente, à medida que

46
a empresa afrouxa os padrões de crédito, aumenta a chance (risco) de uma conta a
receber tornar-se incobrável, afetando o lucro de forma negativa.
O estabelecimento dessas exigências mínimas envolve geralmente o grupamento
dos clientes em diversas categorias de risco, as quais visam, normalmente, mediante o
uso de probabilidades, mensurarem o custo das perdas associadas às vendas realizadas a
um ou vários clientes de características semelhantes. Assim, para cada classe ou
categoria de clientes tem-se um custo (probabilidade) de perdas pelo não recebimento
das vendas efetuadas a prazo.

Prazo de concessão de crédito


O prazo de concessão de crédito refere-se ao período de tempo que a empresa
concede a seus clientes para pagamento das compras realizadas. Esse prazo é
normalmente medido em número de dias representativo do mês comercial, sendo
normalmente contado a partir da data de emissão da fatura representativa da operação
comercial realizada ou a partir do fim do mês em que se efetua a venda.
Resumindo: esse é um conjunto de procedimentos estabelecidos com relação às
condições de concessão do crédito, como prazo de pagamento etc., e às práticas de
cobrança dos valores a receber.
Esse é o documento comercial representativo (informativo) de venda realizada,
sendo emitido como consequência de uma (ou menos de uma) nota fiscal de venda. A
fatura contém geralmente a especificação do produto vendido, quantidade, preço,
condições de pagamento etc.
O prazo de concessão de crédito varia segundo a influência de diversos fatores,
sendo normalmente maior nas empresas que trabalham com produtos sazonais
(brinquedo etc.). Na realidade, a definição de prazos de concessão de crédito aos
clientes depende principalmente, da política adotada pela concorrência, das
características e do risco Inerentes ao mercado e do risco inerentes ao mercado
consumidor, da natureza do produto vendido, do desempenho da conjuntura econômica,
do atendimento de determinadas metas gerenciais internas da empresa (giro dos ativos,
políticos de estoques e compras etc.) e de mercadologia, do prazo de pagamento a
fornecedores etc.
O prazo de crédito exerce influência sobre a rentabilidade da empresa. Um
acréscimo no prazo, ao mesmo tempo em que pode aumentar as vendas da empresa, é
capaz também de elevar o montante do investimento em valores a receber e, em
consequência, no custo de capital, e as perdas por inadimplência.

Descontos financeiros por pagamentos antecipados


O desconto financeiro pode ser definido como um abatimento no preço de venda
efetuado quando os pagamentos das compras realizadas forem feitos à vista ou a prazos
bem curtos. Da mesma forma que o prazo de concessão de crédito, o desconto constitui
um instrumento de política de crédito da empresa, podendo afetar todos os seus
elementos. O desconto afeta importantes variáveis que atuam na formação do lucro da
empresa. Pode alterar as vendas, margens de lucros, volume de capital investido em
contas e inadimplência. Normalmente são concedidos tendo em vista, sobretudo, o
incremento das vendas (espera-se que introdução de descontos venha a atrair novos
clientes ou incentivar volumes maiores de vendas).
Ao beneficiar, através de descontos financeiros, o pagamento antecipado das
vendas, a empresa promove uma redução de suas necessidades de caixa pela diminuição
do prazo médio de cobrança. Da mesma forma, é exigido menos investimentos em
valores a receber, determinado por uma suposta redução das vendas a prazo, o que

47
promove uma redução do custo de capital. A adoção dessa política afeta identicamente o
nível das despesas gerais de crédito, notadamente as perdas com devedores duvidosos.

Política de cobrança
As políticas de cobrança têm por objetivo definirem os vários critérios e
procedimentos possíveis de ser adotado por uma empresa, visando ao recebimento, na
data de seus vencimentos, dos diversos valores a receber. Maior ampliação nos prazos
normais de cobrança de uma empresa pode acarretar, entre outras consequências, um
aumento nos custos de inadimplência (provisão para devedores duvidosos) e uma
elevação no custo de capital pelo maior investimento em vendas a prazo.
De outra forma, a adoção de medidas mais rígidas de cobrança pode refletir-se
sobre as vendas, mediante uma retração por parte dos consumidores. Deve a empresa
procurar um procedimento mais próximo do “ideal”.

Fontes de Informações para Análise de Crédito

- Demonstrações contábeis e financeiras


- Empresas prestadoras de serviços (Serasa, SPC, etc)
- Publicações especializadas em indicadores padrões
- Trocas diretas de informações de crédito
- Vendedores
- Visita às instalações da empresa e entrevistas com seus executivos
- Consultas bancárias

7.5. DICAS PARA MELHORAR A EXECUÇÃO DOS PROCESSOS DE


CONTAS A PAGAR E RECEBER

Os processos de contas a pagar e receber formam o núcleo da tesouraria das


organizações e independentemente do porte ou setor de atuação, todas as organizações
têm processos de contas a pagar e receber que tendem, por diversos motivos, a
funcionar de forma insatisfatória.
As medidas seguintes se destinam a melhorar a execução dos processos de
contas a pagar e receber, sob os aspectos de confiabilidade, velocidade de execução e
custo operacional.
1. Restringir ao máximo a utilização de procedimentos excepcionais.
2. Buscar a padronização de procedimentos.
3. Reduzir erros para evitar o retrabalho.
4. Fazer um inventário estatístico dos erros de operação e suas causas.
5. Buscar continuamente a simplificação em todos os processos de pagamento e
recebimento.
6. Limitar as datas para realização de pagamentos a fornecedores.
7. Restringir a realização de pagamentos urgentes.
8. Usar a conciliação bancária eletrônica juntamente com processos recebimento
bem organizados.

ORÇAMENTO DE CONTAS A RECEBER

48
O orçamento de contas a receber consiste na conversão de todas as receitas
constantes no planejamento econômico para o regime de caixa, ou seja, para a data
prevista de seus respectivos recebimentos.

8. ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES

Este capítulo estuda o item menos líquido do ativo circulante: os estoques. A


administração de estoques deve ser acompanhada com muita propriedade pelo gestor
financeiro, uma vez que esse investimento interfere diretamente nas finanças
corporativas.
A gestão dos estoques é um relevante item dentro do capital de giro e precisa ser
analisado, ainda que essa área não seja de responsabilidade direta da administração
financeira, essa deve estar à parte de suas particularidades, visto que os estoques são os
investimentos menos líquidos do ativo circulante e que acarretam em custos
consideráveis às organizações, especialmente às industriais.
O estoque é um investimento e o gestor financeiro precisa estar atento ao seu
nível, analisando-o constantemente sob a ótica do custo/benefício, para que não faltem
(ocasionando perda de vendas), tampouco sejam conservados em altos níveis
(aumentando os custos de conservação). Os estoques formam uma das variedades de
investimentos de recursos pelas empresas, podendo representar elevada proporção dos
ativos totais.
Antes de adentrarmos na análise custo/benefício do investimento em estoques, é
importante saber que eles podem ser classificados da seguinte maneira:
 Matérias-primas – itens adquiridos pela organização para uso na
elaboração de seus produtos.

49
 Produtos em elaboração – itens que estão passando pelo processo de
produção.
 Produtos acabados – itens que foram produzidos e ainda não foram
vendidos.

8.1. FATORES QUE INFLUENCIAM INVESTIMENTOS EM ESTOQUE

 Estoque Mínimo - É a quantidade mínima que deve existir no estoque, que


se destina a cobrir os atrasos de reposição por parte do fornecedor, e tem a finalidade de
garantir que o produto não irá faltar.
As principais causas de faltas de estoque, normalmente são picos de consumo,
atraso na entrega por parte do fornecedor, e você deve estar atento a estes fatos para ter
um bom controle de estoque e fazer com que sua empresa mantenha o fluxo de vendas
normalmente.
Ao estabelecer os valores de estoque mínimo, tenha em mente que um estoque
mínimo muito elevado irá representar custos de aquisição e armazenagem, já por outro
lado, um estoque mínimo muito baixo poderá causar os chamados "custos de ruptura",
ou seja, os custos de não possuir o produto em estoque, gerando perda de vendas ou a
paralisação da produção.

 Estoque de Segurança - De acordo com Chiavenato (2005), entende-se por


estoque de segurança a quantidade morta de itens em estoque que só deverá ser utilizada
em casos extremos, como por exemplo, rejeição do lote de compra ou aumento da
demanda. A finalidade do mesmo é não afetar o processo produtivo, não causar
transtornos aos clientes por falta e consequentemente, não atrasar a entrega do produto
no mercado.

50
Devido à distância do fornecedor e seus prazos de entregas serem irregulares,
deve-se ter um estoque de segurança maior dentro da empresa, devendo lembrar que o
estoque de segurança deverá ser estabelecido com certa cautela, pois é responsável pela
imobilização de capital de estoque, pois o mesmo deverá ser equilibrado. Na verdade,
esse estoque deverá existir com a intenção de compensar as incertezas com relação ao
fornecimento da demanda.

 Especulativo - Existem ocasiões onde empresas operam como agentes


financeiros, deliberadamente adquirindo produtos quando os preços estão em baixa e
vendendo-os quando estiverem em alta. Em algumas situações, a formação de estoques
não se dá para minimizar problemas como falta de coordenação ou incerteza, mas com
intenção de criação de valor e correspondente realização de lucro e isso se dá por meio
da especulação com a compra e venda de materiais.

8.2. CUSTOS DOS ESTOQUES

Qualquer tipo de armazenamento de matéria-prima gera determinados custos que


podem ser divididos em modalidades:

a) Custos de capital - juros, depreciação.


b) Custos com pessoal - salários, encargos sociais.
c) Custos de edificação - aluguel, impostos, luz e conservação.
d) Custos de manutenção - deterioração, obsolescência e equipamentos.

Há duas variáveis que elevam estes custos, a quantidade em estoque e o tempo


de permanência em estoque.
Elevadas quantidades de matéria-prima em estoque somente poderão ser
movimentadas com a utilização de um maior número de funcionários ou com maior uso
de equipamentos de movimentação, que resultará na elevação destes custos, assim
quando há um menor volume de matéria-prima em estoque, os custos serão diminuídos
e estes custos relacionados podem ser chamados de custos de armazenagem, que são
calculados com base no estoque médio e geralmente indicados em porcentagem do valor
em estoque, de forma que os custos de armazenagem são proporcionais à quantidade e o
tempo que uma matéria-prima permanece em estoque.

8.3. GESTÃO DE ESTOQUES

Com a finalidade de otimizar os recursos investidos na conta estoques e


promover a sua rotação, os gestores dispõem de várias técnicas de controle de estoque.
Dentre as utilizadas no planejamento e controle de estoque, destacam-se o sistema ABC,
o lote econômico de compra (LEC), o ponto de reencomenda e o sistema Just-in-Time
(JIT).

 Sistema ABC

O controle de estoque é exercido pelo controle de itens individuais, chamado


unidade para armazenagem em estoque. No controle de estoque, quatro perguntas
devem ser respondidas:
Qual é a importância do item do estoque?
Como os itens são controlados?

51
Quantas unidades devem ser pedidas de cada vez?
Quando um pedido deve ser emitido?

O sistema de classificação ABC de estoques responde às primeiras duas


perguntas, determinando a importância dos itens permitindo assim diferentes níveis de
controle baseados na importância relativas dos itens.
A maioria das empresas mantém um grande número de itens no estoque e para
se ter um controle melhor a um custo razoável, é útil classificar os itens de acordo com
sua importância. Geralmente, essa classificação baseia na utilização anual em valores
monetários, mas outros critérios podem ser utilizados.
O princípio ABC baseia-se na observação de que um pequeno número de itens
frequentemente domina os resultados atingindo em qualquer situação. Essa observação
foi feita pela primeira vez por um economista italiano, Vilfredo Pareto. Aplicada a
administração de estoques, observa-se geralmente que a relação entre a porcentagem de
itens e a porcentagem da utilização anual em valores monetários segue um padrão em
que:
Cerca de 20% dos itens correspondem a aproximadamente 80% da utilização em
valores monetários.
Cerca de 30% dos itens correspondem a aproximadamente 15% da utilização em
valores monetários.
Cerca de 50% dos itens correspondem a aproximadamente 05% da utilização em
valores monetários.

As porcentagens são aproximadas e não devem ser tomadas como absolutas.


Esse tipo de distribuição pode ser utilizado no controle de estoques.

Passos da análise ABC

- Estabelecer as características do item que influenciam os resultados da


administração de estoques. Geralmente, toma-se a utilização em valores monetários,
mas podem também ser adotados outros critérios, como a escassez do material.
- Classificar os itens em grupos com base nos critérios estabelecidos.
- Aplicar um grau de controle que seja proporcional a importância do grupo.
Os fatores que afetam a importância de um item inclui a utilização anual em
valores monetários, o custo da unidade e a escassez de material.

Controle baseado na classificação ABC

Utilizando a abordagem ABC, existem duas regras gerais a seguir:


Ter grande número de itens de baixo valor. Os itens C representam cerca de 5%
do valor total do estoque. Manter um estoque extra de itens C acrescenta pouco ao valor
total do estoque. Os itens C são realmente importantes apenas de houver uma falta de
um deles. Quando se torna extremamente importantes- portanto deve ser mantido
sempre um estoque disponível. Por exemplo, pedir um suprimento para um ano de uma
única vez e manter um estoque de segurança suficiente. Desse modo, haverá a
possibilidade de um esvaziamento do estoque uma vez por ano.
Utilizar o dinheiro e o esforço de controle economizados para reduzir o estoque
de itens de alto valor. Os itens A representam cerca de 20% dos itens e
aproximadamente 80% do valor do estoque. São extremamente importantes e merecem
o controle mais cerrado e a revisão mais frequente.

52
Controles diferentes utilizados com classificações diferentes podem ser os
seguintes:

Itens A: Altas prioridades. Um controle cerrado, incluindo registros completos e


precisos, revisões regulares e frequentes por parte da administração, revisão frequente
das previsões da demanda, seguimento minucioso e agilização para reduzir o Lead
Time.
Itens B: Prioridade Média. Controles normais com bons registros, atenção
regular e processamento normal.
Itens C: Prioridade Menor. Os mais simples controle possíveis, que deve garantir
que os itens sejam suficientes. Nenhum registro ou registro simples, ou talvez utilizar
um sistema de revisão periódica, fazer pedidos em grandes quantidades e manter um
estoque de segurança.

 Lote Econômico de Compra (LEC)

O lote econômico de compra (LEC) é um dos modelos mais utilizados na


administração financeira dos estoques.
De acordo com Assaf Neto e Silva (1997), o lote econômico de compra busca a
melhor estratégia para determinar a quantidade adequada que deve ser mantida em
estoques e em quanto tempo um novo pedido deve ser realizado. Assim, o LEC auxilia
na determinação de quantidade ótima de cada pedido, de modo que os custos totais,
compreendidos pelo custo do pedido e o custo de estocagem, sejam os menores
possíveis.
O lote econômico de compra (LEC) é de suma importância para executar
compras na quantidade certa e no momento adequado.
O desafio diante do qual está o administrador logístico é que os custos das
atividades a ele subordinadas não caminham todas no mesmo sentido, ou seja, à medida
que os custos correspondentes a uma atividade crescem, há uma compensação, de modo
que os custos de outra operação, vinculada à mesma atividade logística, caem. Nesse
sentido, o ponto-chave consiste em encontrar o ponto de equilíbrio, isto é, o nível para o
qual o conjunto dos custos apresenta o ponto mínimo.
Para se calcular o LEC utilizamos a seguinte fórmula:

Sendo:

L ou LEC = quantidade em cada pedido


Q = demanda de materiais em unidades
A = custo de cada pedido (incluindo o transporte)
P = custo unitário de estocagem

Exemplo:

Uma loja vende 18 unidades semanais de um secador de cabelos para viagem,


que custa R$ 60 a unidade e tem custo de colocação de pedido de R$ 45. Manter o

53
secador em estoque durante um ano custa 25% do valor do produto e a loja opera 52
semanas por ano.

Aplicando a fórmula:

LEC = √[(2*18*45*52)/(60*0,25)] = 75 unidades

 Ponto de reencomenda

No modelo anterior, o número de dias para pedir não considera o tempo de


entrega do fornecedor, ou seja, assim que o pedido é emitido à encomenda chega à
empresa, mas na maioria dos casos, existe um tempo entre o pedido e o recebimento dos
itens. Assim, o ponto de reencomenda considera tal espera e pode ser obtido pela
seguinte equação:
Ponto de reencomenda = tempo para reposição, em dias x demanda diária
Caso a empresa almeje trabalhar com estoques de segurança, úteis em caso de
haver imprevistos, deve-se acrescentar ao ponto de reencomenda o número de itens que
a gestão julgue como suficiente para cobrir as sazonalidades que poderão acontecer ao
longo do período.
Procura determinar o quando comprar ou produzir objetivando minimizar a
aplicação em estoque. Também conhecido por “Ponto de Reencomenda ou Ponto de
Reabastecimento”.
No modelo do Lote Econômico supôs-se que os pedidos fossem recebidos
imediatamente quando o nível de estoque atingisse zero, mas na prática há um tempo de
reposição, para colocar um pedido e receber a mercadoria e um estoque de segurança,
visando a cobertura de eventuais atrasos do fornecedor ou oscilações na produção.

Exemplo:
- Lote Econômico – 1.000 unidades
- Tempo de Reposição – 2 semanas
- Consumo – 50 unidades por semana
- Estoque de segurança – 100 unidades

Ponto de Reencomenda = tempo de reposição x consumo + estoque de segurança


= 2 x 50 + 100 = 200 unidades.

Quando o nível de estoque chegar a 200 unidades novo pedido deve ser feito.

54
9. GESTÃO FINANCEIRA DE ESTOQUE E LOGÍSTICA

9.1. MANUFACTURING RESOURCE PLANNING (Planejamento das


necessidades de materiais, PNR)

O MRP original data dos anos 60, quando as letras queriam dizer Material
Requirements Planning (planejamento das necessidades de materiais), agora chamado
de MRP Um ou MRP I. O MRP I permite que as empresas calculem quantos materiais
de determinado tipo são necessários e em que momento e para isso, ele utiliza os
pedidos em carteira, assim como uma previsão para os pedidos que a empresa acha que
irá receber, verificando todos os ingredientes ou componentes que são necessários para
completar esses pedidos, garantindo que sejam providenciados a tempo.
Através da ilustração a seguir, podemos perceber a ligação de todos os
departamentos da empresa com o MRP:

O MRP é um sistema que ajuda as empresas a fazerem cálculos de volume e


tempo similares a esses, mas numa escala e grau de complexidade muito maiores. Até
os anos 60, as empresas sempre tiveram que executar esses cálculos manualmente, de
modo a garantir que teriam disponíveis os materiais certos nos momentos necessários.
Entretanto, com o advento dos computadores e a aplicação de seu uso nas empresas a
partir dos anos 60, surgiu a oportunidade de se executarem esses cálculos detalhados e
demorados, com o auxílio de um computador, de forma rápida e relativamente fácil.
Durante os anos 80 e 90, o sistema e o conceito do planejamento das
necessidades de materiais expandiram e foram integrados a outras partes da empresa.
Esta versão ampliada do MRP é conhecida atualmente como planejamento dos recursos
de manufatura, Manufacturing Resourse Planning ou MRP II. O MRP II permite que as
empresas avaliem as aplicações da futura demanda nas áreas financeiras e de

55
engenharia, assim como analisem as aplicações quanto à necessidade de materiais.
Oliver Wight, que, juntamente com Joseph Orlicky, é considerado o pai do MRP
moderno, descreveu o planejamento dos recursos de manufatura como um plano global
para a empresa.
Utilizando o exemplo de uma festa, podem-se verificar as diversas implicações
da demanda futura. Você pode querer obter um sistema de som mais forte, conseguindo
emprestado de um amigo algumas caixas de som; você terá que planejar para garantir
que no momento de montar a festa, o equipamento adicional esteja disponível e você
sabia o que fazer com ele. De forma similar a festa tem implicações financeiras. Você
pode ter que conseguir um aumento de seu cheque especial, com seu gerente ou,
temporariamente, ampliar o limite do seu cartão de crédito. Novamente, isto pode
requerer algum planejamento antecipado em termos de alguns telefonemas, assim como
um cálculo prévio do quanto irá custar sua festa e consequentemente, de quanto crédito
extra você necessita. Tanto as aplicações em termos de finanças, como de
equipamentos, podem variar, caso você aumente o número de convidados de 40 para 80.
De forma similar, se postergar a festa por um mês, todas suas decisões irão mudar.
Empresas de manufatura podem fabricar e vender diferentes variações de
produtos finais, para centenas de clientes regulares, assim como para centenas de
clientes que só compram ocasionalmente e muitos desses clientes podem variar sua
demanda pelos produtos. O MRP II ajuda as empresas a planejar estas decisões com
antecedência, de forma que o planejamento de necessidades de materiais continua sendo
o coração de qualquer sistema MRP I ou II.

 PARA UTILIZAR O MRP I

Para executar os cálculos de quantidade de tempo descrito, os sistemas de


planejamento das necessidades de materiais MRP I normalmente requer que a empresa
mantenha certos dados em arquivos de computador, os quais quando o programa MRP I
é rodado, podem ser verificados e atualizados. Para que se possa compreender a
complexidade de um sistema MRP, é necessário que se entendam estes registros e
arquivos de computador.
O MRP executa seus cálculos com base na combinação de pedidos programados
para algum momento do futuro e das estimativas realistas da quantidade e momento de
pedidos futuros, de forma que todas as demais necessidades calculadas neste processo
são derivadas e dependentes dessas demandas, sendo que a demanda dependente é
aquela que é derivada de alguma outra decisão tomada dentro da empresa, enquanto os
sistemas de demanda independente são aqueles adequados para os casos em que a
demanda está fora do controle da empresa.

 GESTÃO DA DEMANDA

A gestão da carteira de pedidos e da previsão de vendas tomada conjuntamente é


denominada gestão da demanda. Esta engloba um conjunto de processos que fazem a
interface da empresa com seu mercado consumidor e dependendo do negócio, esses
processos podem incluir o cadastramento de pedidos, a previsão de vendas, a promessa
de entrega, o serviço ao cliente e a distribuição física.

 CARTEIRA DE PEDIDOS

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A função de vendas na maioria das empresas, normalmente gerencia uma
carteira de pedidos dinâmica e mutante, composta por pedidos confirmados de clientes,
que pode ser um registro em papel numa empresa pequena, mas tende a consistir em um
arquivo de computador em empresas médias e grandes. Normalmente, essa carteira de
pedidos conterá informações sobre cada pedido de um cliente e para o processo de
cálculo das necessidades de materiais do MRP I, são de particular interesse os registros
do que exatamente cada cliente pediu, em que quantidade e em que momento.

 ALTERAÇÕES NOS PEDIDOS DE VENDA

Os pedidos de venda, normalmente, representam um comprometimento


contratual por parte do cliente, mas dependendo do negócio em que uma empresa esteja,
este comprometimento pode não ser tão firme como possa parecer. Os clientes podem
mudar de ideia sobre o que necessitam, mesmo depois de ter feito seus pedidos. Eles
podem requerer uma quantidade maior ou menor de um item específico ou mudar a data
necessária para a entrega do material e em virtude da flexibilidade e o serviço ao cliente
estarem tornando-se fatores competitivos cada vez mais importantes, alterações das
necessidades estão se tornando características cada vez mais comuns na maioria das
empresas. Considerando que, alguns dos clientes possam solicitar mudanças em seus
pedidos, não uma vez, mas várias, mesmo depois que o pedido foi solicitado, fica
evidente que a gestão da carteira de pedidos é um processo dinâmico e complexo.
As organizações devem decidir quanto à flexibilidade que irão permitir aos
clientes e em que grau seus clientes deverão arcar com as consequências das mudanças
que solicitarem.
Em empresas de manufatura, os clientes estão se tornando cada vez mais
relutantes em comprometer-se firmemente e com muita antecedência, com os detalhes
dos pedidos de seus componentes específicos, em virtude das constantes mudanças no
ambiente competitivo. Além disso, na medida em que a velocidade de entrega se torna
cada vez mais importante, em virtude do fornecimento Just in Time, é possível que, no
momento em que os pedidos firmes sejam recebidos, não haja tempo suficiente para
comprar os materiais necessários, executar os processos de manufatura nesses materiais.

 PREVISÃO DE DEMANDA

 COMBINANDO PEDIDOS E PREVISÕES

Qualquer que seja o grau de sofisticação do processo de previsão numa empresa,


é sempre difícil utilizar dados históricos para prever futuras tendências, ciclo ou
sazonalidades. Dirigir uma empresa que utiliza previsões baseadas no passado, pode ser
comparado a dirigir um carro olhando apenas para o espelho retrovisor. Apesar das
dificuldades, muitas empresas não têm alternativa e por isso, fazem apenas previsões.
A combinação de pedidos realizados e pedidos previstos é utilizada para
representar a demanda em muitas empresas. Ainda que muitas empresas utilizem tais
objetivos, a previsão deve ser algo diferente, ela deve ser a melhor estimativa, em dado
momento, daquilo que de forma razoável é esperado que aconteça. Uma das mais
importantes características da gestão da demanda está evidente: quanto mais você olha
para o futuro, menos certeza há a respeito da demanda.
Diferentes tipos de empresas têm seu próprio perfil em termos de mix de pedidos
firmes, já em carteira e pedidos previstos, de forma que muitas têm que operar com uma

57
combinação variável de pedidos firmes e previsões. O resultado da atividade da gestão
da demanda é uma predição sobre o futuro em termos de que os clientes irão comprar e
esta informação, é a fonte mais importante para o programa-mestre de produção.

 PROGRAMA-MESTRE DE PRODUÇÃO

O programa-mestre de produção, MPS – Máster Production Schedule, é a fase


mais importante do planejamento e controle de uma empresa, constituindo-se na
principal entrada para o planejamento das necessidades de materiais.

O MPS na manufatura: Na manufatura, o MPS contém uma declaração da


quantidade e momento em que os produtos finais devem ser produzidos, de forma que
esse programa direciona toda a operação em termos do que é montado, manufaturado e
comprado. É à base do planejamento de utilização de mão de obra e equipamentos e
determina o aprovisionamento de materiais e capital.

O MPS em serviços: O MPS também pode ser utilizado em empresas de


serviços, como por exemplo num hospital há um programa-mestre que indica quais
cirurgias estão planejadas e para quando. Ele direciona o aprovisionamento de materiais
para as cirurgias, assim como de instrumentos, sangue e acessórios, assim como a
programação de pessoal para as cirurgias, incluindo anestesistas, enfermeiras e
cirurgiões.

É importante que todas as fontes de demanda sejam consideradas quando o


programa-mestre de produção é gerado. São geralmente os pequenos pedidos de última
hora que geram distúrbios em todo o sistema de planejamento de uma empresa, como
por exemplo, empresas irmãs podem tomar emprestado alguns componentes sem prévio
aviso e se tais práticas são permitidas, os sistemas de planejamento e controle precisa
considerá-las.

9.2. OPT [Optinized Production Technology]

O sistema de Tecnologia de Produção Otimizada (em ingles, OPT - Optimized


Production Technology), foca em um objetivo comum a todas as empresas do atual
mundo capitalista: fazer dinheiro. Tomando por base este princípio, os indicadores
financeiros lucro líquido, retorno sobre investimento, e fluxo de caixa, passam a ser
considerados de grande importancia para a análise do sistema.
Anteriormente aos indicadores financeiros, é necessário bom desenvolvimento
de outros três indicadores operacionais que terão influencia direta nos indicadores
financeiros, que são:
 Taxa de produção de produtos: O sistema OPT tem com um de seus
pilares, a taxa de produção da empresa, que é desnecessária quando não se tem mercado
e dessa forma, o OPT releva a importância da junção das áreas de produção, marketing
e vendas, para obter o melhor resultado para a empresa, da relação Produção X
Mercado.
 Inventário: Para o sistema em questão, o inventário é visto com uma
aplicação de dinheiro em bens, e que mais tarde será revertido em lucro, através de sua

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venda. No inventário, custos como mão-de-obra, custos indiretos e administrativos não
são inclusos.
 Custos Operacionais: Esses custos revelam o quanto foi o gasto no processo
de transformação do inventário, para taxa de produção, como por exemplo, mão-de-obra
direta e indireta, eletricidade, entre outros.
Esses indicadores estão diretamente ligados aos indicadores financeiros.
Exemplo: Se uma empresa obtiver aumento da taxa de produção mantendo os outros
custos operacionais constantes, aumentará os 3 indicadores financeiros citados
anteriormente.
Outro problema tratado pelo OPT, são os gargalos da produção que podem ser
máquinas, pessoas, tempo, e o OPT busca a melhoria desses gargalos e procura não
despender muito esforço e tempo em locais que não são considerados gargalos para a
produção. O OPT não é uma forma alternativa ao MRP, mas sim um complemento, já
que são possíveis de utilizarem juntos.
As grandes empresas para manterem sua estrutura competitiva no mercado
necessitam adquirir e implantar uma ou mais ferramentas da produção, enquanto que as
pequenas e médias empresas (PMEs) precisam buscar outras estratégias, pois os
recursos financeiros necessários para aquisição dessas ferramentas são elevados, além
de que o retorno é demorado e em função de sua produção geralmente ser em pequena
escala, dificulta justificar esse custo de implantação.

 A FERRAMENTA DE PRODUÇÃO OPT E SEUS PRINCÍPIOS

A OPT é uma técnica computadorizada que auxilia a programação dos sistemas


de produção, tendo como referência os pontos críticos ou restrições da produção, ou
seja, os gargalos.
Segundo CORRÊA e GIANESI (1996, p. 143) a OPT, apesar do nome pelo qual
ficou conhecida, “tecnologia de produção otimizada” não é uma técnica que garante a
otimização da produção, e para utilizar essa ferramenta, inicialmente procura-se
conhecer os verdadeiros objetivos da empresa, que são sobreviver no mercado
competitivo, crescer, produzir com qualidade, mas vale destacar que na realidade a
finalidade principal de qualquer empresa privada é obter lucro.
Segundo GOLDRATT e COX (1997, p.37): “A produtividade é o ato de fazer
uma empresa ficar mais próxima de sua meta. Todas as ações que fazem com que a
empresa fique mais próxima de sua meta são produtivas." Outro fator importante para
que a empresa possa sobreviver é a necessidade de satisfazer as exigências do cliente
com produtos de qualidade.
A ferramenta OPT utiliza os seguintes elementos da manufatura para verificar a
performance da empresa: produto das vendas, estoques, despesas operacionais.
Segundo a OPT, para a empresa aumentar a sua lucratividade, é preciso que no
nível da fábrica se aumente o fluxo e ao mesmo tempo se reduzam os estoques e as
despesas operacionais.
Os princípios da ferramenta OPT enunciados por CORRÊA e GIANESI (1996,
p. 146-155) são os seguintes:
“1 - Balancear o fluxo e não a capacidade.
2 - O nível de utilização de um não gargalo não é determinado pelo seu próprio
potencial, mas por outras imposições do sistema.
3 - Utilização e ativação de um recurso não são sinônimos.
4 - Uma hora ganha num recurso-gargalo é uma hora ganha para o sistema
global.

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5 - Uma hora ganha num recurso não gargalo é um engano.
6 - O lote de transferência não pode ser e, frequentemente não deveria ser, igual
ao lote de processamento.
7 - O lote de processamento deve ser variável e não fixo.
8 - Os recursos-gargalo além de definirem o fluxo do sistema, definem também
o seu estoque.
9 - A programação de atividades e a capacidade produtiva devem ser
consideradas simultaneamente e não sequencialmente. Os lead-times (tempos de espera
ou preparação) são um resultado da programação e não podem ser assumidos à
priori”.

Para otimizar o funcionamento deste software de produção é preciso identificar


claramente todos os recursos a serem utilizados nos processos de produção e quais as
restrições existentes. O primeiro passo será programar uma produção máxima, de
acordo com as necessidades existentes, o segundo passo é tentar prever todos os
acontecimentos possíveis de atrasar a produção e o terceiro passo é garantir a
produção contínua e manter o estoque de matéria com o mesmo valor no depósito de
segurança. Estes três passos definem a técnica usada pela ferramenta OPT para
programar as atividades de produção, tambor-depósito-corda (Drum-Buffer-Rope).
A OPT pode ser utilizada por diversos tipos de indústrias, mas os clientes que a
utilizam, tem como característica serem empresas de grande porte, em função dos custos
desse software elevado e a empresa que utiliza a ferramenta OPT busca sanar problemas
como: atraso na produção, alto estoque global, utilização de horas-extras para vencer os
prazos de entrega, paradas na produção por falta de componentes e/ou matérias–primas
e lead-time elevado.
Os principais benefícios apresentado pelas empresas que utilizam a ferramenta
OPT está relacionado com cumprimento dos pedidos nos prazos estabelecidos pelos
seus clientes, foco nas ações que envolve processos de melhoria, sincronização da
produção e das compras com o mercado, além de diminuir o tempo de atravessamento
dos produtos, reduzir os estoques, aumentar a produtividade global do processo através
da melhor utilização dos gargalos produtivos.

9.3. SISTEMA JUST IN TIME

O sistema Just-in-Time (JIT) é utilizado na administração de estoques e tem


como objetivo quantificar e minimizar o investimento nessa conta. De acordo com
Gitman (2002), a filosofia do Just-in-Time é de que os insumos precisam ser recebidos
exatamente no momento em que são requeridos na produção, levando à redução
extrema, ou até à eliminação dos estoques de segurança.
Para adoção desse modelo por uma organização, suas atividades de compra,
produção e comercialização devem ser altamente coordenadas. Além do mais, as
relações com os fornecedores precisam ser altamente especificadas, objetivando
sobretudo a qualidade do que é fornecido, isso porque o sistema Just-in-Time não
admite erros. Empresas que operam com sistemas de encomendas adotam o sistema
Just-in-Time com maior facilidade.
Além da análise das características, dos custos e benefícios de se conservar os
estoques (ou de não conservá-los), ainda existem outros aspectos que o gestor deve
considerar.
Na administração financeira dos estoques, tarefa árdua dos gestores das
organizações, cabe ressaltar que não há uma fórmula exata que determine os níveis de

60
estoques de todas as organizações e isso depende da sua atividade, seus recursos
disponíveis, do mercado no qual está inserida, dos seus concorrentes e de muitos outros
fatores que influenciam direta e indiretamente a administração empresarial.

9.4. LOGISTICA E ESTOCAGEM

 A IMPORTANCIA DA ATIVIDADE DE ARMAZENAGEM


DENTRO DA LOGISTICA

O conceito de ocupação física que se concentrava mais na área do que na altura,


está mudando. Em geral, o espaço destinado à armazenagem era sempre relegado ao
local menos adequado, mas com o passar do tempo, o mau aproveitamento do espaço
tornou-se um comportamento antieconômico. Não era mais suficiente apenas guardar a
mercadoria com o maior cuidado possível e racionalizar a altura ocupada foi à solução
encontrada para reduzir o espaço e guardar maior quantidade de material.
Os termos "armazenagem" e "estocagem" são frequentemente usados para
identificar coisas semelhantes. Podemos distinguir os dois, referindo-se à guarda de
produtos acabados como "armazenagem" e à guarda de matérias-primas como
"estocagem". A armazenagem aparece como uma das funções que se agrega ao sistema
logístico, pois na área de suprimentos é necessário adotar um sistema de armazenagem
racional de matérias-primas e insumos.
A importância da armazenagem na logística é que ela leva soluções para os
problemas de estocagem de materiais que possibilitam uma melhor integração entre as
cadeias de suprimento, produção e distribuição. O planejamento desta integração deve
ser efetuado segundo as variáveis estratégicas, através de estudos de localização aspecto
técnico, através de estudos de gerenciamento e planejamento operacional através de
estudos de equipamentos de movimentação, armazenagem e layout.
Além de reduzir custos e aumentar a satisfação do cliente, a armazenagem
correta fornece muitos outros benefícios indiretos tais como centralização de remessas,
o que aumenta a visibilidade dos pedidos, fornecendo informações que não eram
capturadas.

 FERRAMENTAS DE AUXILIO À CORRETA GESTÃO DO


ESTOQUE

A utilização de modernas técnicas de gerenciamento de estoques adequadas à


realidade da empresa, possibilita meios de minimizar impactos financeiros negativos
pela imobilização desnecessária de capital em estoques, assegurando máximos níveis de
atendimento aos clientes.
Um dos princípios básicos de gestão de estoques é como os investimentos em
estoques impactam os negócios da empresa o que representa capital imobilizado e sem
liquidez imediata, representando custos financeiros para a empresa. Muitas vezes
encarado como vilão, o estoque pode ser um dos maiores aliados do lojista, mas antes
de tudo, é preciso lembrar que uma empresa de sucesso, precisa preservar seus clientes,

61
e por isso, o foco dos negócios sempre deve estar no cliente, sem deixar de lado os
resultados positivos e os lucros e a gestão eficaz dos estoques é uma mina de ouro para
aumentar a receita de qualquer empresa. O maior desafio é minimizar o risco entre a
sobra ou a falta de produtos para atender o cliente, mas esse risco sempre existirá,
devendo ser minimizado. A seguir, alguns dos fatores que podem auxiliar a reduzir tal
risco em relação ao estoque:
Nível de serviço ao cliente: Resumidamente falando, esse nível de serviço ao
cliente é medido pelas vendas perdidas por falta de mercadoria, que pode gerar vários
impactos negativos. Em óptica, a troca por produtos e marcas substitutos ocorre
frequentemente em função da grande variedade disponível e da falta de estabilidade nos
prazos de reposição e entrega das mercadorias.
Relações entre indústria e varejo: Há bons indicadores nesse sentido para
melhorar tal quadro. Do lado da indústria, a evolução crescente dos sistemas de
distribuição e logística fará o produto chegar mais rápido ao lugar certo e na hora certa.
Do lado do varejo, a necessidade de administrar seus estoques de forma sistemática e
profissional, passando a avaliar as suas necessidades de reposição de forma mais
acurada e realista, garante ordens de compra com prazo suficiente para produção e
entrega, sendo preciso encontrar o ponto de equilíbrio para acabar com a fama de "tudo
para ontem" do varejo e a de "tudo para depois de amanhã" da indústria.
Representantes de venda: Eles nunca foram tão importantes como hoje, pois o
verdadeiro valor de suas visitas está na compreensão cada vez maior das necessidades
de seus clientes e cabe a esse "novo representante" a apresentação de novidades, além
de características e diferenciais tanto da empresa quanto dos produtos e das marcas que
representa. É pura orientação de marketing: não basta mais vender e entregar
mercadorias, a ordem agora é "atender o cliente", no sentido mais completo da
expressão.
Cobertura de estoque: Outro fator importante, que compreende o tempo
necessário para manter mercadorias em estoque e cobrir as vendas previstas. Pode ser
medida por meio da seguinte fórmula:
Cobertura = Estoque em determinada data (quantidade ou valor)
Previsão de vendas (quantidade ou valor)
A medida certa. Quanto comprar? Quando o assunto é quanto comprar, cada
caso deve ser avaliado conforme previsão de necessidade específica e isso inclui análise
de dados no que diz respeito à localização dos pontos de venda, tamanho do mercado,
análise da concorrência, área de exposição nas lojas, vendas, tempo de reposição por
parte de fornecedores, variações demográficas em termos de renda, sexo, idade etc. A
medida exata da compra desafia o profissional de compras a equilibrar os benefícios de
um alto giro com o risco da falta de mercadorias.
Mãos dadas: Gestão de estoque e planejamento de compras andam todo o
tempo juntos, a estratégia de compra muda se o produto for de moda, básico, sazonal,
ou ainda de "evento", como os produtos vendidos somente em ocasiões específicas. É
necessário planejar, planejamento é solo fértil para minimizar os riscos e garantir o
sucesso dos negócios, além de ser a base para decisões importantes.
Cadeia de suprimentos: Quando um produto passou pelo caixa e
definitivamente chegou às mãos do cliente, pressupõe-se que tudo correu muito bem
nesse longo caminho. É um processo complexo que envolve desde o fornecedor de
minúsculos parafusos até a loja, com eficácia em todas as suas etapas e esse é o mundo
ideal da cadeia de suprimentos. Para o seu perfeito funcionamento, deve-se combinar
eficiência em vários processos como velocidade de reposição, tempo de comunicação

62
das quantidades de compra, tempo de produção, tipo de transporte, processos de
recebimento, conferência e inspeção de mercadorias, entre outros.
Cada vez mais, os clientes querem escolher o melhor entre uma incrível
variedade de produtos, com o melhor preço, que atenda às suas necessidades e desejos
em termos de quantidade, tempo e lugar. E, diante de todos esses quereres, tem de
ocorrer um verdadeiro "abastecimento sincronizado" em todas as etapas da cadeia, tudo
deve acontecer no tempo certo e quanto menos imprevistos houver, melhor.

 ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A EFICIÊNCIA DA


ARMAZENAGEN E DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS

O processo de utilização de um sistema de gerenciamento de armazém como


reposicionamento estratégico devido à grande expansão do volume de produtos
estocados a operação ficaria lenta para ser controlada sem um sistema de gerenciamento
que analise a influência entre a implantação de sistemas e as dificuldades encontradas
no decorrer do processo, assunto esse abordado na área de sistemas de informações,
administração de materiais especificamente, podendo ainda ser aplicados em grande
variedade de indústrias.
Tendo em vista que a função tomada de decisão não só no departamento de
compras mais também em toda organização é de fundamental importância, surge agora
a oportunidade de acompanharmos de perto os passos a serem seguidos para um total
cumprimento dessa função, pois nela envolve desenvolvimento de um relacionamento
entre as duas partes (cliente e fornecedor), de tal forma que a parceria e a cooperação
proporcionam melhores resultados do que o interesse próprio e o conflito.
Qualquer consumidor, tem claro o que espera dos produtos que compra: querem
produtos que cada dia atendam melhor às suas necessidades, os querem quando
necessitam, a um preço adequado e com altos níveis de qualidade. Clientes cada vez
melhor informados e mais exigentes estão provocando a mudança dos mercados e
consumo e como um efeito dominó, de todos os demais mercados industriais e de
serviços.
Além disso, outro fator chave explica esta evolução: a modernização dos meios
de transporte e o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação estão
permitindo a real globalização da economia. Esta evolução na fabricação está mudando
os mercados para um ambiente caracterizado para:
 Extremo dinamismo
 Máxima disponibilidade
 Flutuação da demanda
 Competitividade
 Globalização
A cadeia logística é o canal de movimento do produto ao longo do processo
industrial até os clientes. Mas pode-se dizer simplesmente que é a sucessão de
manuseios, movimentações e armazenagens pelas quais o produto passa desde que é
matéria-prima, conjuntos semielaborados, até chegar ao cliente final. A cadeia logística
pode ser dividida em três partes:
1. Suprimentos, que gerencia a matéria-prima e os componentes. Compreende o
pedido ao fornecedor, o transporte, a armazenagem e a distribuição.
2. Produção, que administra o estoque do produto semiacabado no processo de
fabricação. Compreende o fluxo de materiais dentro da fábrica, os armazéns
intermediários, o abastecimento do posto de trabalho e a expedição do produto acabado.

63
3. Distribuição, que administra a demanda do cliente e os canais de distribuição.
Compreende o estoque do produto acabado, a armazenagem, o transporte e a entrega ao
cliente.
A quantidade de produtos de qualquer cadeia depende em grande parte da
quantidade de manuseios que sofrem os materiais, das distâncias que percorrem (e o
tempo que tardam em percorrê-las) e do nível de estoque que existe nos armazéns,
podendo ser medida de duas formas:
Em dinheiro - o custo monetário de todo material que chega ao canal. Isto nos
diz quanto capital está imobilizado em forma de estoque.
Em tempo (lead time) - tempo em que uma unidade de material levaria para
percorrer todo o canal desde que entra até sair. Este parâmetro nos diz qual é a nossa
distância ao cliente em tempo para poder reagir ante a novas demandas de mercado.

10. ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A PAGAR

10.1. FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

Visto que o Ativo Circulante (AC) representa o conjunto de bens e direitos de


curto prazo de uma empresa (aquilo que ela possui ou possuirá em curto período de
tempo) e que o Passivo Circulante (PC) representa o conjunto de obrigações de uma
empresa para com terceiros no curto prazo (aquilo que ela deve pagar em curto período
de tempo), é lógico admitir que se o AC for maior do que o PC, melhor será a situação
financeira de curto prazo, mas se o PC for maior que o AC, certamente a empresa
necessitará de recursos.

10.2. ANÁLISE AVANÇADA DE CAPITAL DE GIRO

Segundo Lemes Júnior (2002), “o capital de giro pode ser entendido como o
valor dos recursos aplicados pela empresa para movimentar o ciclo operacional, este por
sua vez, é o espaço de tempo decorrente entre a entrada da matéria prima na empresa até
o recebimento das vendas dos produtos acabados resultantes”.
Para Braga (1994), “o capital de giro refere-se aos recursos aplicados no ativo
circulante, composto principalmente por estoques, contas a receber e disponibilidades.
A correta administração do capital de giro é uma questão fundamental à boa saúde
financeira de uma empresa, visto que o capital de giro tem importante participação no
desempenho operacional. Uma das possíveis consequências é que os planos de longo
prazo podem não se concretizar, caso a gerência da empresa não cuide das questões
financeiras cotidianas as quais envolvem administração do fluxo de caixa,
acompanhamento do prazo para pagamento de compras e recebimento das vendas, entre
outras”.
A “necessidade de capital de giro é fruto do descompasso entre entradas e saídas
de caixa’”. Nesse sentido, Assaf Neto e Silva (1997) enfatizam que a necessidade de
capital de giro surge da falta de sincronismo entre as atividades de produção, vendas e
cobrança.
Gitman (2002) destaca que “as saídas de caixa são relativamente previsíveis,
enquanto que as entradas são mais difíceis de serem previstas”. Deste modo, quanto
mais previsíveis forem às entradas de caixa, menor será a necessidade de capital de giro
para a empresa.

64
Uma administração inadequada do capital de giro pode resultar em graves
problemas financeiros, podendo levar a empresa a uma situação de insolvência.
Nesse sentido, pode-se dizer que a administração do capital de giro envolve dois
aspectos fundamentais:
 O primeiro aspecto a ser considerado é o sincronismo entre entradas e saídas
monetárias. Quanto mais previsíveis forem as entradas e saídas de caixa, menor será a
necessidade de capital de giro.
 O segundo aspecto se refere ao nível de atividade da empresa. Quanto maior
o nível de atividade, ou seja, o volume de vendas, maior a necessidade de capital de
giro.
À medida que o volume de vendas aumenta é necessário um correspondente
aumento em estoques, duplicatas a receber e caixa. No entanto, a sazonalidade dos
negócios pode determinar variações nas necessidades de recursos ao longo do tempo e
diante do contexto do mercado em que atuam, as empresas formalizam estratégias de
administração do capital de giro, avaliando os investimentos correntes e buscando os
passivos mais adequados. Para suprir necessidades eventuais ou constantes de capital de
giro, as empresas podem optar por uma das várias opções oferecidas pelo mercado
financeiro, mas é necessário conhecer detalhadamente todas as possibilidades de
financiamento oferecidas pelo mercado para que se possa proceder à escolha correta.
Fatores como taxa de juros e risco influenciam diretamente na escolha de fontes de
financiamento que podem levar tanto a lucros como a prejuízos.

 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO – CCL

Representa o excesso do ativo circulante em relação ao passivo circulante. Indica


a folga financeira que a empresa tem para pagar suas dívidas de curto prazo com os
recursos disponíveis e realizáveis a curto prazo, ou evidencia a necessidade de recursos
a curto prazo para fazer frente aos compromissos assumidos. O Capital Circulante
Líquido é a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.

CCL = AC - PC

Muitas pessoas afirmam que quanto maior for o CCL, melhor será a condição
de liquidez da empresa. Apesar de estar um pouco certa esta afirmativa, é preciso
destacar que a qualidade da liquidez, tomando como base o CCL, dependerá do
segmento em que a empresa atua.
Para uma empresa em funcionamento, é possível encontrarmos CCL negativo
com boa liquidez, como ocorre em muitos supermercados, que compram a prazo e
vendem a vista. Por outro lado, uma empresa pode ter CCL positivo e apresentar
dificuldade financeira, dependendo apenas da incompatibilidade dos prazos de
realização dos ativos circulantes, em face dos vencimentos de suas obrigações de curto
prazo.
Através da expressão acima se pode obter as seguintes informações financeiras
sobre a empresa:

 CCL positivo: indica que existem recursos de longo prazo (próprios ou de


terceiros) financiando os ativos de giro. Quanto maior o saldo, menor a dependência em
relação a fontes de curto prazo para financiar as contas do ativo circulante;

65
Para exemplificar, o CCL POSITIVO deve ser calculado utilizando os seguintes
valores:
 R$ 700 (AC), R$ 600 (PC), R$ 100 (RLP), R$ 50 (ELP), R$ 600 (AP) e R$
750 (PL).
Com objetivo ilustrativo, o valor do CCL de acordo com os resultados:
CCL = R$ 700 – R$ 600 = R$ 100
Análise: Dos R$ 700 investidos no ativo circulante, R$ 600 são financiados com
recursos de curto prazo (passivo circulante). A outra parte, ou seja, R$ 100 (R$ 700 - R$
600), corresponde ao CCL, tendo como origem recursos de longo prazo da empresa
(exigível de longo prazo e patrimônio líquido).

 CCL nulo: indica que a empresa não apresenta folga financeira, os recursos
de curto prazo são suficientes para honrar as obrigações do mesmo período, porém, essa
condição pode comprometer o equilíbrio financeiro em uma situação de crescimento
sazonal da atividade da empresa;

 CCL negativo: indica a existência de capital de giro líquido negativo, ou


seja, os recursos de giro (curto prazo) são insuficientes para saldar as obrigações de giro
(curto prazo). Isto demonstra que a empresa não apresenta recursos próprios nem de
longo prazo investidos no ativo circulante.
Para demonstrar uma situação de CCL NEGATIVO, vamos considerar os
valores abaixo:
 R$ 600 (AC), R$ 700 (PC), R$ 200 (RLP), R$ 50 (ELP), R$ 600 (AP) e R$
750 (PL) para posterior aplicação na expressão acima.

CCL = R$ 600 – R$ 700 = (R$100)

Análise: Demonstra-se um CCL negativo de R$ 100 (R$ 600 -R$ 700), indicando
que, dos R$ 600 aplicados no ativo permanente, R$ 100 são provenientes do passivo
circulante. Essa empresa, além de financiar totalmente o ativo circulante com recursos
de curto prazo (passivo circulante), utiliza R$ 100 do passivo circulante para financiar
recursos investidos no permanente ou no realizável a longo prazo. Uma empresa com
CCL negativo (passivo circulante maior que o ativo circulante) demonstra possuir uma
estrutura financeira em que os recursos de longo prazo não são suficientes para cobrir os
investimentos permanentes, devendo-se utilizar de recursos do passivo circulante para
complementar a diferença.

 SITUAÇÕES DE CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

66
10.3. NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO - CGL

Muitas vezes mesmo que o AC seja maior que o PC, a empresa poderá ter
dificuldade de pagamento, isto porque suas dívidas está vencendo com rapidez maior do
que os valores se transformam em dinheiro. Podemos assim, recorrer então ao CGL (Ex:
desconto de duplicatas) para cobrir o caixa.
Capital de Giro Líquido – CGL é a conjugação das duas variáveis: Longo Prazo
(LP) e Capital de Giro Próprio (CDG). É obtido através da diferença entre a soma do
Patrimônio Líquido e Exigível a Longo Prazo e a soma do Ativo Permanente e
Realizável a Longo Prazo. Isto é, diferença entre o Passivo Não Circulante (PNC) e
Ativo Não Circulante (ANC).

CGL = (PL + ELP) – (AP + RLP)

Ou:
CGL = PNC - ANC

Quando o resultado do CGL for positivo evidencia situação financeira favorável.


Quando negativa indica que parte do ANC (AP + RLP) está sendo financiado por
recursos de terceiros de curto prazo, caracterizando situação inadequada e necessidade
de capital. O CGL revela a política de obtenção de recursos por parte da empresa. Seu
valor é igual ao CCL.

10.4. ORÇAMENTO ANUAL DE TESOURARIA

A elaboração do Orçamento de Tesouraria contempla todos os fluxos


financeiros provisionais e é de extrema importãncia para o bom funcionamento da
empresa.Instrumento essencial para a gestão financeira a curto prazo da empresa, uma
vez que o conhecimento antecipado dos fluxos financeiros prováveis possibilitará a
procura das melhores soluções, ou seja, daquelas que visam a maximização da

67
tesouraria global ao menor custo e sem desencadear desequilíbrios conjunturais ou
estruturais de tesouraria.
Deverá construir-se o modelo que mais se ajusta a cada empresa, tendo em conta
a sua atividade e/ou sazonalidade e controlar mensalmente o plano de investimentos e o
plano financeiro, mas para a qualidade desta análise é fundamental que todos os
departamentos contribuam corretamente na sua elaboração, de forma que se façam os
ajustes/correções necessárias o mais rápido possível. Em caso de desvios, o gestor
financeiro deverá corrigir os orçamentos e fazer novas previsões.
Como já sabemos, o planeamento financeiro é o processo seguido por uma
empresa para se informar recursos financeiros que tem ao seu dispor, de que
recursos necessita e onde pode procurar recursos adicionais.

10.5. EFEITO TESOURA

O Efeito Tesoura é um indicador que evidencia o descontrole no crescimento das


fontes onerosas de recursos no curto prazo. Ocorre quando o Saldo de Tesouraria
apresenta-se cada vez mais negativo a cada exercício, variando em níveis superiores ao
crescimento da NCG.

 SALDO DE TESOURARIA

O ST é obtido pela diferença entre as contas de Ativo Circulante e de


Passivo Circulante que não guardam relação com a atividade operacional da empresa,
ou seja, Ativo Circulante menos Passivo Circulante.
Saldo de tesouraria positivo significa que a empresa tem disponibilidade de
recursos que poderão ficar aplicados no mercado financeiro e utilizados a qualquer
momento aproveitamento oportunidades negociais. Se negativo, demonstra dependência
de fontes onerosas de recursos de curto prazo. Saldo de tesouraria que, período após
período, se revele crescentemente negativo evidencia que a empresa caminha para a
insolvência. É importante observar que o fato isolado de o saldo de tesouraria ser
negativo não é preocupante, grave é a tendência.
Portanto, o Efeito Tesoura é consequência de saldo de tesouraria (ST) cada vez
mais negativo. Como a empresa não consegue financiar sua necessidade de capital de
giro com as fontes internas de recursos, vai recorrendo cada vez mais a empréstimos
bancários e na prática isso significa que se o banco credor não renovar os empréstimos,
a empresa quebra imediatamente. Por outro lado, se o banco continuar a rolar suas
dívidas, a empresa quebrará do mesmo jeito dentro de pouco tempo, pois os encargos
financeiros provocarão prejuízos cada vez maiores. A única solução para uma empresa é
a capitalização (injeção de recursos novos dos sócios) conjugada com uma completa
revisão de prazos e margens de lucro.

 CAUSAS DO EFEITO TESOURA

Crescimento real das vendas a prazo, em percentuais muito elevados,


sem correspondente obtenção de prazo de fornecedores, imobilizações com recursos
onerosos de curto prazo, prejuízos, distribuição excessiva de lucros, dependência
sistemática a empréstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas de juros, entre
outras coisas.
A NCG é um instrumento que nos permite visualizar, com bom grau de
confiabilidade, a efetiva necessidade de capital de giro da empresa, mantido seu nível

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de atividade. Todavia, tal como nos demais sinalizadores econômico-financeiros, há que se observar
a performance de outros indicadores - inclusive NCG/vendas - e estes com o setor, permitindo,
assim, verificar o desempenho global da empresa.

GRÁFICO DEMONSTRATIVO DO EFEITO TESOURA

11. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Planos financeiros de longo prazo (estratégicos) – estipulam medidas


financeiras planejadas da empresa e o impacto esperado dessas medidas para períodos
de dois a dez anos. É comum a elaboração de planos estratégicos de cinco anos, revistos
assim que novas informações importantes se tornam disponíveis. Em geral, as empresas
estão sujeitas a elevada incerteza operacional, ciclos de operação relativamente curtos
ou ambos, tendendo a adotar horizontes de planejamento mais curtos.

Planos financeiros de curto prazo (operacionais) – determinam as


providências financeiras de curto prazo e o impacto previsto dessas providências. Esses
planos quase sempre abrangem um período de um a dois anos. Os dados básicos
incluem a previsão de vendas e diversos dados operacionais e financeiros. O
planejamento financeiro de curto prazo começa com a previsão de vendas. A partir daí
são formulados os planos de produção, com base nos planos de produção a empresa
pode estimar seus gastos.

Planejamento financeiro de curto prazo (Operacionais)

O orçamento de caixa é o demonstrativo da projeção das necessidades de


recursos de uma empresa, elaborado através da previsão das entradas e saídas de fundos

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em um determinado período de tempo. Deve retratar a previsão das necessidades de
recursos ou as sobras de caixa que ocorrerão no período em questão.
É uma ferramenta que permite ao administrador financeiro identificar as
necessidades e oportunidades financeiras de curto prazo.
O objetivo do orçamento de caixa é dar subsídios ao administrador financeiro
para planejar e controlar o fluxo de recursos da empresa e fornece componentes básicos
para que se possam formular as estratégias que serão utilizadas para o financiamento do
volume de vendas previsto para o período.
Ao traçar as diretrizes do planejamento das disponibilidades, a empresa busca
atingir algumas metas entre as quais se destacam:

 Defasagem entre as transações correntes: o orçamento de caixa é elaborado


através da previsão das entradas e saídas de fundos. Todavia, o fluxo de recursos não
ocorre de maneira uniforme, por esta razão a empresa deve manter fundos suficientes
para garantir eventuais déficits de caixa mantendo a liquidez sem interromper o ciclo de
suas atividades operacionais.

 Redução de custos sobre empréstimos de curto prazo : conhecendo com


antecedência os eventuais déficits de caixa, o administrador financeiro terá a sua
disposição, um período de tempo suficiente para escolher entre as diversas opções de
captação de recursos.

 Aplicação de excedentes de caixa: durante certos períodos, a empresa mantém


saldos inativos de caixa. Isso ocorre devido à defasagem de tempo entre as datas de
pagamento das obrigações e de recebimento dos direito. Como o dinheiro mantido em
caixa não traz nenhum retorno à empresa, o administrador financeiro deve aplicar esses
recursos momentâneos em algum ativo de curto prazo que renda juros.

PREPARANDO O ORÇAMENTO DE CAIXA

Fluxo ou orçamento de caixa é um demonstrativo onde se resumem todas as


entradas e saídas de dinheiro da empresa com a função de prever a situação financeira
da empresa a curto prazo (se superavitária ou deficitária), geralmente no período de um
ano, em intervalos mensais. Quanto mais sazonais e incertos forem os fluxos de caixa de
uma empresa, maior será o número de intervalos.
Para obter essa informação, é necessário que a empresa forneça a abertura de
todas as entradas e saídas de caixa, de natureza operacional e não operacional. As contas
operacionais compreendem as entradas e saídas de caixa diretamente relacionadas com
a atividade produtiva e comercial da empresa. São exemplos de contas operacionais:

Exemplos de entradas e saídas de caixa.

Entradas Operacionais de Caixa Saídas Operacionais de Caixa


 Venda de produto ou serviço à vista  Pagamento de matéria-prima a vista
 Recebimento das duplicatas a prazo  Pagamento de duplicatas a prazo
 Adiantamento de clientes  Pagamento de salários e impostos

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As contas não operacionais compreendem a movimentação de recursos
financeiros que, embora sejam importantes para a geração de lucros, não está
diretamente relacionada com a atividade principal da empresa. São exemplos de contas
operacionais para empresas industriais:

Exemplos de entradas e saídas de caixa não operacionais.

Entradas Não Operacionais de Caixa Saídas Não Operacionais de Caixa


 Receitas com aplicações financeiras  Despesas financeiras
 Receita com a venda de ativos fixos  Despesas com eventos sociais

Após levantamento de todas aas entradas e saídas de caixa da empresa, a tarefa


do administrador financeiro constitui-se na realização de previsões de curto prazo das
receitas, dos custos e das despesas para verificar se haverá excedente ou escassez de
caixa.
Muitas empresas usam um conjunto de previsões financeiras aninhadas, baseando-se em
projeções pro forma para planejar suas operações e estimar as necessidades de
financiamento externo e orçamentos de caixa preparados semanalmente ou até
diariamente para gerenciar o caixa no curto prazo.
A única dificuldade conceitual da elaboração de um orçamento de caixa de uma
empresa está no fato de que as contas empresariais se baseiam no regime de
competência, enquanto os orçamentos de caixa são estritamente fundados em regime de
caixa. Isso exige traduzir as projeções de vendas e compras da empresa em seus
equivalentes em caixa.

EXEMPLO:

A High and Company, uma contratante da indústria de defesa, está


desenvolvendo um orçamento de caixa para outubro, novembro e dezembro. As vendas
da empresa em agosto e setembro foram de $100.000 e $200.000, respectivamente.
Vendas de $400.000, $300.000 e $200.000 haviam sido previstas para outubro,
novembro e dezembro, respectivamente. Historicamente, 20% das vendas da empresa
tem sido a vista, 50% têm gerado duplicatas a receber cobradas após um mês e os 30%
remanescentes têm gerado duplicatas a receber cobradas após dois meses. Despesas com
créditos ruins (contas incobráveis) têm sido desprezíveis. Em dezembro, a empresa vai
receber um dividendo de R$30.000 de ações em uma subsidiaria. A programação de
receitas esperada para a companhia é apresentada na tabela abaixo. Ela contém os
seguintes itens:

Observação: Estamos preocupados somente com os meses de Outubro,


Novembro e Dezembro.

Calendário de recebimentos projetados para a High and Company

Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro


Previsão de Vendas 100.000 200.000 400.000 300.000 200.000
Vendas a Vista (0,20) 20.000 40.000 80.000 60.000 20.000
Vendas após 1 mês 50.000 100.000 200.000 150.000
(0,50)
Vendas após 2 meses 30.000 60.000 120.000

71
(0,30)
Outros Recebimentos 30.000
Total de Recebimentos 210.000 320.000 340.000

A empresa coletou os seguintes dados necessários para a preparação de uma


programação de pagamentos para outubro, novembro e dezembro.

Compras: as compras da empresa representam 70% das vendas. Desse montante,


10% são pago à vista, 70% pago no mês seguinte da compra e os restantes 20% são
pagos dois meses seguintes ao mês da compra.

Pagamento de aluguel: o aluguel de $5.000 será pago por mês.

Folha de pagamentos: o custo fixo de salário para o ano é de $96.000 ou $8.000


por mês. Adicionalmente, a mão-de-obra variável é estimada em 10% das vendas
mensais projetadas.

Pagamento de impostos: impostos de $25.000 devem ser pagos em dezembro

Pagamentos de ativo permanente: novas máquinas custando $130.000 serão


compradas e pagas em novembro.

Pagamento de Juros: a empresa pagará juros no mês de dezembro no valor de


$10.000.

Pagamento de Dividendos: dividendos de $20.000 serão pagos em outubro.

Amortizações (empréstimos): um pagamento de amortização de $20.000 será


efetuado em dezembro.

Calendário de pagamentos projetados para a High and Company

Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro


Compras (0,70 x 70.000 140.000 280.000 210.000 140.000
Vendas)
Compras à Vista (0,10) 7.000 14.000 28.000 21.000 14.000
Compras após 1 mês 49.000 98.000 196.000 147.000
(0,70)
Compras após 2 meses 14.000 28.000 56.000
(0,20)
Pagamentos de Aluguel 5.000 5.000 5.000
Folha de Pagamentos 48.000 38.000 28.000
Pagamento de Impostos 25.000
Pagamento de Ativo 130.000
Permanente
Pagamento de Juros 10.000
Pagamento de dividendos 20.000

72
Amortizações 20.000
Total de Pagamentos 213.000 418.000 305.000

Observação:
 A empresa apresentou um Saldo Final de Caixa em Setembro no valor de
$50.000, que será incluído como Saldo Inicial de Caixa no mês de Outubro.
 A companhia gostaria de manter como uma reserva para necessidades não
programadas um saldo mínimo de caixa de R$25.000 em Outubro; R$ 20.000,00 em
Novembro R$ 15.000,00 em Dezembro.
 Custo médio de empréstimos: 5% a.m.
 Rendimento médio de aplicações: 1% a.m.

Outubro Novembro Dezembro


1 – Entrada de Caixa 210.000 320.000 340.000
1.1 – Receitas Financeiras - 220 -
1.2 – Total de Receitas (1 + 1.1) 210.000 320.220 340.000
2 – Saída de Caixa (213.000) (418.000) (305.000)
2.1 – Despesas Financeiras - - (3.539)
2.2 – Total de Saídas (2 + 2.1) (213.000) (418.000) (308.539)
3 – Saldo do período/mês (1.2 – 2.2) (3.000) (97.780) 31.461
4 – Saldo Inicial de Caixa 50.000 25.000 20.000
5 – Disponibilidade Acumulada (±3 + 47.000 (72.780) 51.461
4)
6 – Saldo Mínimo de Caixa (25.000) (20.000) (15.000)
7 – Superávit ou Déficit (5 – 6) 22.000 (92.780) 36.461
8 – Empréstimos a Captar 0,00 (70.780) (34.319)
9 – Aplicações no Mercado Aberto 22.000
10 – Amortizações 0,00 (36.461)
11 - Resgates 0,00 22.000
12 - Saldo Final de Caixa 25.000 20.000 15.000

A projeção do fluxo de caixa nos permite:

 Facilitar a análise e o cálculo para seleção das linhas de crédito a serem


obtidas junto às instituições financeiras nos momentos determinados pela projeção.

 Programar os ingressos e os desembolsos de caixa de forma criteriosa,


permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o
montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias.

 Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades


de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos vultosos em época de pouco encaixe.
 Determinar o quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado período,
e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de terceiros
que satisfaçam as necessidades da empresa.

 Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a


área financeira.

73
 Desenvolver o uso racional e eficiente do disponível.

 Financiar as necessidades sazonais ou permanentes da empresa.

 Providenciar os recursos para atender aos projetos de implantação, expansão,


modernização ou realocação industrial e comercial.

 Fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro.

 Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar
a conveniência em aplicar nesses itens ou não.

 Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa.

 Estudar um programa saudável de empréstimos e financiamentos.

 Projetar um plano efetivo de pagamento de débitos.

 Analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela empresa.

 Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os


controles financeiros.

Exercícios:

1) Os dados da Xenocore Ltda., relativos às vendas e compras de setembro a


outubro de 2008, juntamente com as previsões de vendas para o período de novembro
de 2008 a abril de 2009 são:

ANO MÊS VENDAS R$ COMPRAS R$


2008 Setembro 210.000 120.000
2008 Outubro 250.000 150.000
2008 Novembro 170.000 140.000
2008 Dezembro 160.000 100.000
2009 Janeiro 140.000 80.000
2009 Fevereiro 180.000 110.000
2009 Março 200.000 100.000
2009 Abril 250.000 90.000

74
A empresa faz 20% do total de suas vendas a dinheiro e cobra 40% de suas
vendas em cada um dos meses seguintes à venda. Outros recebimentos são esperados: $
12.000 em setembro e abril, $ 15.000 em janeiro e março, além de $ 27.000 em
fevereiro.

A empresa tem o seguinte esquema de pagamento por suas compras: 10% à


vista, 50% no mês seguinte à compra e 40% no segundo mês após a compra.

Os ordenados e salários correspondem a 20% das vendas no mês anterior. É preciso


pagar o aluguel de $ 20.000 por mês. Em janeiro e abril pagará juros de $ 10.000. Em
abril será feito um pagamento de $ 30.000 pela compra de um veículo. A empresa
espera pagar dividendos de $ 20.000 em janeiro e abril. Imposto de Renda no valor de $
80.000 será pago em abril. A empresa também pretende fazer um dispêndio de capital
de $ 25.000 em dezembro.

 Supondo que a empresa tenha um saldo de caixa de $ 22.000 no começo de


novembro, determine os saldos de caixa no final de cada mês, de novembro de 2008 a
abril de 2009.

 Supondo que a empresa deseja manter um saldo mínimo de caixa de $ 15.000,


determine as necessidades mensais de financiamento ou os saldos de caixa excedentes,
no mesmo período.

 Custo médio de empréstimos: 3% a.m.

 Rendimento médio de aplicações: 1% a.m.

Calendário de recebimentos e pagamentos projetados

Nov Dez Jan Fev Mar Abr


Previsão de Vendas
Vendas a Vista (0,20)
Vendas 1 mês (0,40)
Vendas 2 meses (0,40)
Outros Recebimentos
Total de Recebimentos

Previsão de Compras
Compras a Vista (0,10)
Compras 1 mês (0,50)
Compras 2 meses (0,40)
Salários (0,20 das vendas)

75
Aluguel
Juros
Veículo
Dividendo
Imposto de Renda
Dispêndio de Capital
Total de Pagamentos

ORÇAMENTO DE CAIXA

1 – Entrada de Caixa
1.1 – Receitas Financeiras
1.2 – Total de Receitas
(1 + 1.1)
2 – Saída de Caixa
2.1 – Despesas Financeiras
2.2 – Total de Saídas
(2 + 2.1)
3 – Saldo do período/mês
(1.2 – 2.2)
4 – Saldo Inicial de Caixa
5–Disponibilidade
Acumulada (±3 + 4)
6 – Saldo Mínimo de Caixa
7 – Superávit ou Déficit
(5 – 6)
8 – Empréstimos a Captar
9 – Aplicações no Mercado
Aberto
10 – Amortizações
11 - Resgates
12 - Saldo Final de Caixa

2) Gérsina Cavalcante, proprietária da GEL Fashion Designs, está planejando


solicitar uma linha de crédito de seu banco. Ela elaborou as seguintes previsões de
venda para a empresa, para parte do ano de 2008.

A empresa faz 20% do total de suas vendas a dinheiro e cobra 60% de suas
vendas, para 1 mês e os 20% restantes para 2 meses seguintes à venda.

Maio(2008)..........180.000
Junho ...................180.000
Julho.....................360.000
Agosto..................540.000
Setembro..............720.000
Outubro................360.000

As estimativas de cobranças, obtidas com o departamento de crédito e cobrança,


são as seguintes: cobranças dentro do mês da venda, 10%; cobranças no mês seguinte ao
76
da venda, 75%; cobranças no segundo mês após a venda, 15%. Os custos totais são
estimados, para cada mês, como se segue:

Maio(2008)............90.000
Junho .....................90.000
Julho.....................126.000
Agosto..................882.000
Setembro..............306.000
Outubro................234.000

Os salários, gerais e administrativos, chegarão a cerca de $27.000 por mês;


pagamentos de aluguel, serão de $9.000 por mês; as despesas de depreciação serão de
$36.000 por mês; as despesas gerais, $2.700 por mês; pagamentos de imposto de renda
de $63.000 serão devidos tanto em setembro como em dezembro; e o pagamento de
uma prestação de $180.000 referente a um novo estúdio de projetos deve ser feito em
outubro. O caixa disponível em 1º de julho atingirá $112.000 e um saldo mínimo de
$90.000 será mantido durante todo o período do orçamento de caixa.

PEDE-SE: Prepare um Orçamento de Caixa mensal para os meses de Julho a


Outubro de 2008, indicando a estimativa do financiamento necessário (ou do superávit
de fundos) – isto é, a quantia de dinheiro que Gérsina precisará tomar emprestado (ou
terá disponível para investimento ) – para cada mês durante esse período.

Calendário de recebimentos e pagamentos projetados

Mai Jun Jul Ago Set Out


Previsão de Vendas
Vendas a Vista (0,20)
Vendas 1 mês (0,60)
Vendas 2 meses (0,20)
Outros Recebimentos
Total de Recebimentos

Previsão de Compras
Compras a Vista (0,10)
Compras 1 mês (0,75)
Compras 2 meses (0,15)
Salários
Aluguel

77
Depreciação
Despesas Gerais
Imposto de Renda
Prestação (estúdio)
Total de Pagamentos

ORÇAMENTO DE CAIXA

1 – Entrada de Caixa
1.1 – Receitas Financeiras
1.2 – Total de Receitas
(1 + 1.1)
2 – Saída de Caixa
2.1 – Despesas Financeiras
2.2 – Total de Saídas
(2 + 2.1)
3 – Saldo do período/mês
(1.2 – 2.2)
4 – Saldo Inicial de Caixa
5–Disponibilidade
Acumulada (±3 + 4)
6 – Saldo Mínimo de Caixa
7 – Superávit ou Déficit
(5 – 6)
8 – Empréstimos a Captar
9 – Aplicações no Mercado
Aberto
10 – Amortizações
11 - Resgates
12 - Saldo Final de Caixa

3) As vendas e compras realizadas pela Cia. Lux para dezembro de 2007,


juntamente com as vendas e compras previstas para o período de janeiro e fevereiro de
2.008, são apresentadas abaixo:

Ano Mês Valor Vendas - Valor Compras - R$


R$
2007 Dezembro 400.000 300.000

2008 Janeiro 390.000 300.000


Fevereiro 300.000 280.000

A empresa fatura 30% do total de suas vendas à vista e cobra 40% de suas
vendas após 30 dias e os últimos 30% após 60 dias. Outras entradas de caixa esperadas
são de R$ 22.000 em janeiro e fevereiro. A empresa paga 20% de suas compras à vista,
paga 40% das compras no mês seguinte e 40% dois meses depois.

78
Pagamento de salários perfaz 20% das vendas do mês. O aluguel de R$ 30.000
precisa ser pago mensalmente. Em fevereiro vence o prazo para pagamento de impostos
no valor de R$50.000. A empresa pretende fazer um investimento de capital no valor de
R$ 50.000 em janeiro. O valor de seguros a pagar é de R$ 6.000 ao mês, enquanto o
saldo de caixa esperado em 31 de dezembro de 2007 é de R$ 50.000.

PEDE-SE: Supondo que a empresa deseja manter um saldo operacional de caixa


no valor de R$ 15.000 em 2.008, faça o planejamento de caixa da empresa para os
meses de janeiro e fevereiro de 2008, determinando ainda os excedentes de caixa a
serem investidos mensalmente e/ou as necessidades de financiamento de curto prazo.
Considere rentabilidade de aplicações financeiras de curto prazo de 1,5% ao mês e juros
de empréstimos bancários de 5% ao mês.

Calendário de recebimentos e pagamentos projetados

Dez Jan Fev


Previsão de Vendas
Vendas a Vista (0,30)
Vendas 1 mês (0,40)
Vendas 2 meses (0,30)
Outros Recebimentos
Total de Recebimentos

Previsão de Compras
Compras a Vista (0,20)
Compras 1 mês (0,40)
Compras 2 meses (0,40)
Salários (0,20 das vendas do mês)

79
Aluguel
Juros
Veículo
Investimento de Capital
Impostos
Seguros
Total de Pagamentos

ORÇAMENTO DE CAIXA

1 – Entrada de Caixa
1.1 – Receitas Financeiras
1.2 – Total de Receitas
(1 + 1.1)
2 – Saída de Caixa
2.1 – Despesas Financeiras
2.2 – Total de Saídas (2 + 2.1)
3 – Saldo do período/mês (1.2 – 2.2)
4 – Saldo Inicial de Caixa
5–Disponibilidade Acumulada (±3 + 4)
6 – Saldo Mínimo de Caixa
7 – Superávit ou Déficit (5 – 6)
8 – Empréstimos a Captar
9 – Aplicações no Mercado Aberto
10 – Amortizações
11 - Resgates
12 - Saldo Final de Caixa

4) As vendas da Cia. Pioneira nos meses de março a abril foram,


respectivamente, de R$ 400.000 e R$ 480.000. Para os próximos três meses a diretoria
de marketing estimou um volume de vendas nas seguintes bases: maio, R$ 510.000;
junho, R$ 650.000; e julho, R$ 820.000.
Do total das vendas efetuadas, 70% são recebidas no próprio mês das vendas;
20% são recebidas no mês seguinte e o restante no segundo mês após a realização das
vendas.
Estima-se que todos os custos de produção (MP + MOD + CIF) alcancem 70%
das vendas totais, sendo pagos 80% no próprio mês e 20% no mês seguinte. Os produtos
são vendidos no próprio mês em que são fabricados.
A Companhia tem um empréstimo bancário a pagar no mês de junho no valor de
R$ 150.000, enquanto suas despesas de vendas e administrativas equivalem a 15% do
total das vendas de cada mês. Dividendos de R$ 50.000 deverão ser pagos em julho.
No final de abril o saldo de caixa da Pioneira era de R$ 69.000, sendo que para o
próximo trimestre a empresa deseja manter um saldo de caixa de R$ 40.000 em cada
mês.
PEDE-SE elaborar o orçamento de caixa da Cia. Pioneira para o próximo
trimestre, indicando as necessidades de financiamento e os valores das aplicações
financeiras. Esperam-se juros bancários de 4% ao mês e rentabilidade das aplicações
financeiras de 2% ao mês.

Calendário de recebimentos e pagamentos projetados

80
Março Abril Maio Junho Julho
Faturamento
Recebido no mês
Recebido no mês seguinte
Recebido após 60 dias
(1) Total das Entradas de Caixa
Custo de Produção
Pagamento a Vista
Pagamento no mês seguinte
Empréstimo Bancário
Despesas de Vendas e Adm.
Dividendos
(2) - Total das Saídas de Caixa
ORÇAMENTO DE CAIXA
1 – Entrada de Caixa
1.1 – Receitas Financeiras
1.2 – Total de Receitas (1 + 1.1)
2 – Saída de Caixa
2.1 – Despesas Financeiras
2.2 – Total de Saídas (2 + 2.1)
3–Saldo do período/mês
(1.2 – 2.2)
4 – Saldo Inicial de Caixa
5–Disponibilidade Acumulada
(±3 + 4)
6 – Saldo Mínimo de Caixa
7 – Superávit ou Déficit (5 – 6)
8 – Empréstimos a Captar
9– Aplicações no Mercado
Aberto
10 – Amortizações
11 - Resgates
12 - Saldo Final de Caixa
5) Desenvolva o fluxo de caixa da empresa Monarona Serviços de Manutenção
Predial Ltda, para os meses de janeiro a julho, sabendo-se os seguintes dados:
a) Uma empresa queria iniciar suas atividades em janeiro, logo, no dia
02/janeiro procurou alugar um galpão, e para isso fez um contrato de 6 (seis) meses com
o proprietário. Neste contrato constava o pagamento antecipado de três meses no valor
de $ 4.000,00 (ao mês) e a partir do quarto mês reajustaria o valor em 10% até o final do
contrato;
b) Comprou no dia 10/janeiro alguns equipamentos no valor de $18.000,00, à
serem pagos em duas parcelas iguais, sendo uma à vista e outra após 30 dias;
c) Ainda em janeiro, já conseguiu um cliente para executar um serviço de
manutenção no valor de $30.000,00, que serão recebidos em 3 partes iguais, sendo a
primeira a vista;
d) Ainda em janeiro teve que pagar seus 4 funcionários (número de funcionários
para executar uma obra em um prédio), sendo que cada um recebe 10% sobre o valor da
obra, pagos proporcionalmente ao recebimento junto ao cliente. Os funcionários não são

81
registrados pela CLT, eles possuem contrato de trabalho ligado a prestação de serviços,
ou seja, empreitam o serviço prestado;
e) No dia 10/fevereiro a empresa efetuou um seguro de obra por $2.000,00, que
serão pagos em 4 (quatro) parcelas iguais sendo a primeira a vista;
f) Pagou as parcelas de fevereiro devidas à seus funcionários;
g) Também em fevereiro, a empresa conseguiu um contrato com uma
administradora de condomínios comerciais para efetuar 5 obras em prédios diferentes,
com o valor total de $150.000,00, que deverão ser pagos em 5 parcelas iguais, sendo
que o início da obra seria em 1/março já com o pagamento da primeira parcela também
em março;
h) Em março a empresa teve de pagar aos funcionários a parcela relativa aos
valores de execução de obras no mês;
i) Pagou à vista, em março $4.500,00 de material de construção, utilizados nas
obras;
j) Comprou em março um computador de $2.000,00 que vai ser pago em duas
parcelar, sendo a primeira de 40% do valor do produto em 30 dias após a compra e o
restante após 60 dias da compra;
k) A empresa conseguiu mais um sócio e com isso teve uma entrada de dinheiro
de $30.000,00 recebidos em abril;
l) Ainda em abril os dois sócios definiram uma retirada pró-labore mensal de
$1.500,00 para cada, até o final do ano e já fez o acerto dos funcionários no mês;
m)A empresa pagou em abril 3.850,00 de impostos sobre prestação de serviços;
n) Em maio a empresa pegou $ 50.000,00 emprestados junto ao banco para
investir em uma sede própria, e por esse empréstimo vai pagar 10 parcelas iguais no
valor de $6000,00, iniciando o primeiro pagamento após 30 dias;
o) Em maio a empresa teve de pagar $3.000,00 de indenização a um condômino,
por danos em seu escritório causados pela obra, que não tinha seguro;
p) No mês de maio já acertou as dívidas com seus funcionários;
q) Em junho a empresa comprou um terreno a vista no valor de $30.000,00;
r) Também em junho contratou uma empresa especializada em coberturas para
efetuar a execução de um galpão, por isso vai pagar $30.000,00, sendo que o pagamento
será efetuado em duas parcelas, uma a vista e outra para 30 dias;
s) Pagou em junho $2.500,00 de impostos de INSS;
t) Pagou os funcionários que devia parcelas em junho;
u) Em julho a empresa gastou $500,00 com a mudança para sede própria.
 Supondo que a empresa tenha um saldo de caixa de $ 52.000,00 no começo
de janeiro, e queira manter um saldo mínimo mensal de R$ 10.000,00, determine os
saldos de caixa no final de cada mês.
 Esperam-se juros bancários de 3% ao mês e rentabilidade das aplicações
financeiras de 2% ao mês.

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho


Serviços de
manutenção
Sócio

Empréstimos

Total das
Entradas de

82
caixa

Aluguel do
Galpão
Equipamentos

Funcionários

Seguros

Material de
Construção
Computador

Pró-Labore

ISS

INSS

Pagamento de
Empréstimos
Indenização

Terreno

Cobertura do
Galpão
Mudança

Total das
Saídas de
Caixa

ORÇAMENTO Jan. Fev. Março Abril Maio Junho Julho


DE CAIXA
1 – Entrada de
Caixa
1.1 – Receitas
Financeiras
1.2 – Total de
Receitas(1+1.1)
2 – Saída de
Caixa
2.1 – Despesas
Financeiras
2.2 – Total de
Saídas (2 + 2.1)
3–Saldo do
período/mês
(1.2 – 2.2)

83
4 – Saldo
Inicial de Caixa
5–
Disponibilidade
Acumulada (±3
+ 4)
6 – Saldo
Mínimo de
Caixa
7 – Superávit
ou Déficit (5 –
6)
8 –
Empréstimos a
Captar
9– Aplicações
no Mercado
Aberto
10 –
Amortizações
11 - Resgates
12-Saldo Final
de Caixa

CÁLCULOS E PRÁTICAS DE TESOURARIA

12. MERCADO DE TÍTULOS

12.1. MERCADO DE RENDA FIXA DE TÍTULOS PRIVADOS

 CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO (CDB)

Quando as empresas têm excesso de caixa, por certo período, estas podem
aproveitar esses recursos e procurar oportunidade de aumentar ganhos financeiros. O
mais tradicional instrumento de aplicação de recursos das empresas [e de captação das
instituições financeiras] é o Certificado de Depósito Bancário. É título de renda fixa
[emitido pelas instituições financeiras] que paga juros pré-fixado ou pós-fixado aos seus
investidores. Os custos associados aos rendimentos desse ativo é o Imposto de Renda

84
[IR] e Imposto Sobre Operações Financeiras [IOF]. Ambos os tributos têm alíquotas
progressivas. Por ser um ativo de liquidez diária, o IOF tem alíquota decrescente ao
prazo, zerando a partir do trigésimo dia. A seguir, estão as tabelas de IR e IOF
publicadas pela Receita Federal.
IR para o mercado de renda fixa:

Base de cálculo: rendimentos líquidos de IOF, quando houver.

Númer
Número (*)% IOF Sobre o de (*)% IOF Sobre
de Dias o Rendimento Dias o Rendimento
PRAZO
01 96 16 ALÍQUOTA
46
02
Até 180 dias 93 17 43
22,50%
03 90 18 40
De04
181 até 360 dias
86 19 20,00%
36
De05 83
361 até 720 dias 20 33
17.50%
06 80 21 30
Acima de 720 dias 15,00%
07 76 22 26
08 73 23 23
09 70 24 20
10 66 25 16
11 63 26 13
12 60 27 10
13 56 28 06
14 53 29 03
15 50 30 00

Exemplo de aplicação de CDB prefixado com resgate inferior a 30 dias.

A Cia. Vale Verde tem um superávit de caixa pelo período de 20 dias. No valor
de R$5.000.000,00. Para auferir rendimentos fez aplicação em CDB no Banco Azul
S.A., à taxa nominal bruta de 26,50% ao ano. Com base nessas informações, pede-se:

Cálculo do valor do bruto do CDB no período [20 dias].

Valor bruto:

Valor bruto do resgate é R$ 5.065.726,06.

85
Cálculo do valor do juro

Juro = FV – PV → Juro = 5.065.726,06 - 5.000.000,00 → R$ 65.726,06.

Cálculo do IOF sobre rendimentos [juro].

IOF= Juro x porcentagem sobre rendimento no prazo de 20 dias [veja tabela].

. O Valor do IOF sobre o


rendimento [juro] da aplicação financeira é R$21.689,60.

Cálculo do IR sobre o rendimento líquido, deduzido o IOF.

Cálculo de IR:

Note que antes de aplicarmos a alíquota do IR, descontamos do rendimento


bruto o IOF cobrado.

Cálculo do rendimento líquido do CDB

Rendimento líquido: Juro bruto - IOF - IR.

Juro Líquido = 65.726,06 - 21.689,60 - 9.908,20.

Juro líquido = R$ 34.128,26. Portanto, o rendimento líquido da aplicação é R$


34.128,26.

Cálculo do resgate líquido do CDB.

Valor de resgate líquido = Valor da aplicação + juro líquido de impostos.

Valor de resgate líquido = R$5.000.000,00 + R$34.128,28. Portanto, o valor


líquido resgatado será R$ 5.034.128,26.

Cálculo da taxa efetiva da aplicação no período [20 dias].

No período de 20 dias, a aplicação no CDB rendeu líquido 0, 6826%.

Cálculo da taxa efetiva ao ano.

86
Portanto, dos 26,50% ao ano prometido pelo banco, depois de descontados os
custos de impostos, somente 'sobrou' 13,03% ao ano, sem descontar a inflação do
período.

 RECIBO DE DEPÓSITO BANCÁRIO

Os Recibos de Depósito Bancário têm as mesmas características de um CDB,


com a diferença de que os recibos não podem ser negociados no Mercado secundário
nem permitem a retirada antecipada dos recursos depositados. Contudo, os Recibos de
Depósito Bancário podem ser rescindidos em caráter excepcional, desde que com
acordo da instituição depositária. Neste caso, só poderá ser devolvido ao investidor, o
valor do principal depositado, sem os juros.

 CERTIFICADO DE DEPÓSITO INTERBANCÁRIO (CDI)

Os Certificados de Depósitos Interbancários (CDIs) são títulos emitidos pelos


bancos como forma de captação ou aplicação de recursos excedentes. Criado em
meados da década de 1980, os CDIs são aplicações com prazos de 1 dia útil, com
objetivo de melhorar a liquidez de uma determinada instituição financeira. Essas
transações são fechadas por meio eletrônico e registradas nos computadores das
instituições envolvidas e nos terminais do CETIP.
A maioria das operações são negociadas por um dia. A taxa média diária do
CDI de um dia é utilizada como referencial para o custo do dinheiro (juros). Por
esse motivo, essa taxa também é utilizada como referencial para avaliar a rentabilidade
das aplicações em fundos de investimento. A Taxa CDI mais amplamente adotada no
mercado é a DI-Over. Ela é calculada como a média das operações transacionadas num
único dia, desconsiderando as operações dentro de um mesmo grupo financeiro.
As características de um CDI são semelhantes àquelas de um CDB, porém os
CDIs somente são negociados no mercado interbancário, transferindo recursos de uma
instituição financeira para outra.
CDIs são fundos pouco rentáveis, mas também fundos seguros e adequados para
pessoas com perfil conservador. Em determinados momentos podem render mais que
fundos com maiores riscos, que são geralmente vistos como mais rentáveis por
indivíduos com perfil financeiro agressivo;

 COMMERCIAL PAPER

Exemplo de cálculo de Commercial Paper.

A Cia. Alfa decidiu captar R$ 20 milhões por meio de Commercial Paper, pelo
prazo de 120 dias. Aos investidores é oferecida uma taxa de desconto [deságio] de 4,5%
sobre o valor de face. Os custos de emissão equivalem a 1% do valor nominal do papel.
Com base nessas informações, pede-se:

[a] o valor líquido recebido pela Companhia.

87
Cálculos dos custos:
[1] Desconto:
[2] Despesas de emissão:

[3] Valor Líquido:

Cálculo da taxa efetiva antes do IR:

Taxa efetiva após IR:

Logo, a taxa efetiva é 3,78% a.p.

Notamos que uma das características básicas da captação de recursos no


mercado interno pelas empresas por meio dos títulos privados de renda fixa de
Debêntures e Commercial Paper é a possibilidade da Companhia recorrer direto aos
investidores sem a intermediação do sistema de crédito [bancário]. Outra vantagem é o
benefício fiscal obtido por esses papéis. Os juros são considerados despesas para efeito
do imposto de renda, com isso, a empresa diminui bastante o custo do dinheiro, quer
para suas operações de investimentos [Debêntures], quer para as operações de capital de
giro [Commercial Paper].

12.2. MERCADO DE RENDA FIXA DE TÍTULOS PÚBLICOS


FEDERAIS

Vamos estudar as aplicações em títulos do tesouro brasileiro, que trata-se de um


investimento coletivo. Os títulos públicos são emitidos pelo tesouro nacional e
negociação a cargo do banco Central do Brasil e estes têm por objetivo financiar o
déficit orçamentário do governo federal e para fins de política monetária. Assim,
quando o governo quer diminuir a liquidez do mercado [dinheiro em circulação], o
Banco Central vende títulos públicos, principalmente às instituições financeiras.

Por que as Instituições Financeiras compram títulos públicos?

Primeiro porque esses papéis são considerados sem risco; segundo, porque o
Brasil paga as taxas mais altas de juro de mundo. Por exemplo, enquanto o tesouro
americano paga taxa nominal em torno de 1,5% ao ano, o Brasil paga, em média, por
esses títulos, 12% ao ano. Terceiro, as instituições financeiras preferem comprar títulos
públicos a emprestar aos deficitários de poupança. Assim, por exemplo, as instituições
financeiras autorizados a captar poupança tradicional do público remuneram esse título
de renda fixa em torno de 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial [que é uma
percentagem do IPCA]. São esses os motivos pelos quais as instituições financeiras
compram títulos públicos.

88
Por que o governo vende títulos públicos?

O governo usa a emissão de títulos públicos para financiar seu déficit público
[despesas maiores do que as receitas]. Outra finalidade a regular a liquidez do mercado,
principalmente para controlar a inflação. Sabemos que a inflação é um processo de
aumento constante de preços e uma das ferramentas que o Banco Central do Brasil
[guardião da moeda] usa para diminuir a oferta de crédito pelas instituições financeiras
é a venda de títulos públicos. Com isso, diminui a oferta de dinheiro no mercado de
crédito, mas isso é possível com o aumento da taxa de juro.
Quando o país passa por processo de deflação [queda constante dos preços], o
governo recompra os títulos das instituições financeiras, a fim de aumenta a oferta de
crédito ao mercado para evitar um processo denominado recessão [queda da oferta de
crédito, queda na demanda por bens e serviços, e, consequentemente, queda na atividade
da economia: indústria, comércio e serviços].

 TESOURO DIRETO

O governo federal criou uma forma específica para que as pessoas físicas
comprassem e vendessem títulos públicos. Esse programa é denominado de Tesouro
Direto. A CBLC é a depositária desses papéis. Entre as vantagens para as pessoas
físicas aplicarem nesses papéis podemos citar:

 A taxa de administração é baixíssima. Em geral as corretoras cobram taxas


inferiores a 1% ao ano;
 Aplicação mínima de 20% do valor do título. Assim, se o título tem valor
de face de R$ 600,00, a pessoa pode aplicar R$ 120,00;
 Baixíssimo risco. Os títulos públicos são considerados de baixo risco. É
recomendado para pessoas de perfil de risco conservador e moderado;
 O governo os recompra todas às quartas-feiras [se você necessitar
vendê-los antes da maturidade];
 Há incidência de Imposto de renda no momento do vencimento sobre o
juro.

Por que as pessoas compram títulos públicos?

As pessoas físicas devem aplicar em títulos públicos por vários motivos.


Primeiro para se educar financeiramente; segundo para fazer uma poupança para
adquirir bens de produtos e serviços à vista, em vez de financiá-los. Se financiassem
esses bens e/ou serviços no fim do prazo teria pagado três ou quatro vezes o valor do
mesmo em longo prazo. Terceiro como alternativa de fazer uma poupança para seu
imóvel, seu veículo, no médio prazo. E, por último, para formar um fundo de
aposentadoria, seja pelo acúmulo de poupança, seja pelo recebimento de rendas
periódicas oferecidas por alguns desses papéis [NTN-B Principal e NTN-F].

Características dos títulos públicos.

Tipo Vencimento Indexador Taxa de juro


LTN 01/01/2013 Prefixado 10,63% a.a.
LFT 07/03/2015 SELIC 0,00

89
NTN-B 15/05/2015 IPCA 5,03% a.a.
NTN-F 01/01/2017 Prefixado 11,62% a.a.
NTN-B 15/05/2015 IPCA 5,08% a.a.
Principal

Exemplo de cálculo do valor de compra de LTN.

Carlos Ferreira comprou uma fração de LTN negociada a R$ 885,63 a 284 dias
úteis do vencimento. Com base nessas informações, pede-se:

(a) a taxa efetiva de juro do título no período.

A fórmula de cálculo do PU [preço Unitário de negociação] de um título público

é dada por: . O valor do título na data do vencimento é sempre um


múltiplo de 1.000.

Dados do exercício.

 Valor de Face do título no vencimento: R$1.000,00


 PU [preço unitário de negociação]: R$ 885,63.
 Dias úteis no ano 252 [para o cálculo da taxa over].
 Dias úteis até o vencimento do título: 284 dias.

 LETRAS DO TESOURO NACIONAL (LTN)

A LTN é um título prefixado, o que significa que sua rentabilidade é definida no


momento da compra. A rentabilidade é dada pela diferença entre o preço de compra do
título e seu valor nominal no vencimento, sempre R$ 1.000,00. Essa diferença é
conhecida como deságio do título.
A LTN possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a compra e
recebe o rendimento apenas uma vez, na data de vencimento do título, junto com o valor
do principal.

 LETRAS FINANCEIRAS DO TESOURO NACIONAL (LFT)

A LFT é um título pós-fixado, cuja rentabilidade segue a variação da taxa


SELIC, a taxa de juros básica da economia. Sua remuneração é dada pela variação da
taxa SELIC diária registrada entre a data de liquidação da compra e a data de
vencimento do título, acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra.
A LFT possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a compra e
recebe o rendimento apenas uma vez, na data de vencimento do título, junto com o valor
do principal.

 NOTAS DO TESOURO NACIONAL (NTN)


90
Características Gerais:
Cupom Semestral de Juros: 6% a.a.
Data-Base: 15/07/2000, serve como referência para atualização do valor
nominal.
Modalidade: Escritural, nominativa e negociável.
Valor Nominal na Data-Base (15/07/2000): R$ 1.000,00
Atualização do Valor Nominal: IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pagamento de Juros: Semestralmente, com ajuste no primeiro período de
fluência, quando couber. O primeiro cupom de juros a ser pago contemplará a taxa
integral definida para seis meses, independente da data de liquidação da compra.
Resgate do Principal: Na data do vencimento.
Considerações Gerais:
• As Notas do Tesouro Nacional, série B – NTN-B são títulos públicos com
rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento
da compra.
• O referido título possui pagamento semestral de cupom de juros de 6% a.a.
• As datas de pagamento são definidas retrospectivamente a cada seis meses a
partir da data de vencimento da NTN-B, caso esta data não seja dia útil, o pagamento
ocorrerá no primeiro dia útil subsequente.
Ex: NTN-B 15082006, pagamento de cupom nos dias 15/02 e 15/08 entre a data
da liquidação e a data de vencimento.
Metodologia de Cálculo da Rentabilidade:
Como a coleta de preços para cálculo do IPCA situa-se, aproximadamente, do
dia 15 do mês anterior a 15 do mês de referência, utiliza-se o IPCA projetado pelo
mercado para atualizar o valor nominal da NTN-B, sendo assim:

X = (nº de dias corridos entre a data de liquidação e o dia 15 do mês atual)


(nº de dias corridos entre o dia 15 do mês seguinte e o dia 15 do mês atual)

VNA* = R$ 1.000 x fator de variação do IPCA entre 15/07/2000 e o dia 15 do


mês atual

 CÁLCULO DA TAXA CELIC

A taxa SELIC é um índice pelo qual as taxas de juros cobradas pelo mercado se
balizam no Brasil e é a taxa básica utilizada como referência pela política monetária,
sendo sua meta estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Conforme o Banco Central do Brasil o conceito de taxa Selic é:
É a taxa apurada no Selic, obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e
ajustada das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos
federais e cursadas no referido sistema ou em câmaras de compensação e liquidação de
ativos, na forma de operações compromissadas. Esclarecemos que, neste caso, as
operações compromissadas são operações de venda de títulos com compromisso de
recompra assumido pelo vendedor, concomitante com compromisso de revenda
assumido pelo comprador, para liquidação no dia útil seguinte. Ressaltamos, ainda, que
estão aptas a realizar operações compromissadas, por um dia útil, fundamentalmente as
instituições financeiras habilitadas, tais como bancos, caixas econômicas, sociedades

91
corretoras de títulos e valores mobiliários e sociedades distribuidoras de títulos e valores
mobiliários.

Metodologia de cálculo

A taxa média ajustada das mencionadas operações de financiamento é calculada


de acordo com a seguinte fórmula:

na qual

Lj: fator diário correspondente à taxa da j-ésima operação;


Vj: valor financeiro correspondente à taxa da j-ésima operação;
n: número de operações que compõem a amostra.

A amostra é constituída excluindo-se do universo as operações atípicas, assim


consideradas:
 no caso de distribuição simétrica: 2,5% das operações com os maiores
fatores diários e 2,5% das operações com os menores fatores diários;
 no caso de distribuição assimétrica positiva: 5% das operações com os
maiores fatores diários;
 no caso de distribuição assimétrica negativa: 5% das operações com os
menores fatores diários.
O cálculo é feito diretamente pelo sistema Selic após o encerramento das
operações, em processo noturno.
Em outras palavras, esta taxa é usada para operações de curtíssimo prazo entre
os bancos, que quando querem tomar recursos emprestados de outros bancos por um
dia, oferecem títulos públicos como lastro (garantia), visando reduzir o risco e
consequentemente, a remuneração da transação (juros), sendo expressa na forma anual
para 252 dias úteis.
Assim, como o risco final da transação acaba sendo efetivamente o do governo,
pois seus títulos servem de lastro para a operação e o prazo é o mais curto possível, ou
apenas um dia, esta taxa acaba servindo de referência para todas as demais taxas de
juros da economia.

Data da entrada em vigor Valor (em % ao ano)


18 de Janeiro de 2006 17,25
22 de Julho de 2009 8,75
8 de Dezembro de 2010 10,75
8 de Junho de 2011 12,25
7 de Março de 2012 9,75

92
18 de Abril de 2012 9,00
30 de Agosto de 2012 7,50
10 de Outubro de 2012 7,25
17 de Abril de 2013 7,50
29 de Maio de 2013 8,00
10 de Julho de 2013 8,50
28 de Agosto de 2013 9,00
9 de Outubro de 2013 9,50
27 de Novembro de 2013

NORMATIVOS

- Resolução nº 1124, de 15.05.86, do Conselho Monetário Nacional (revogada);


- Resolução nº 1693 (art.1º, inciso VI), de 26.03.90, do Conselho Monetário
Nacional;
- Decreto nº 2.701, de 30.07.98, art. 2º, inciso IV (DOU 31.07.98);
- Comunicado nº 2.302, de 04.02.91, do Banco Central do Brasil;
- Circular nº 2761, de 18.06.97, do Banco Central do Brasil.

13. TÍTULOS DE RENDA FIXA DE LONGO PRAZO

13.1. DEBÊNTURES EMITIDAS PELAS SOCIEDADES ANÔNIMAS

Debêntures são títulos de renda fixa emitidas pelas sociedades anônimas de


capital aberto. Até 2008, somente as empresas não financeiras podiam emitir esses
títulos, mas em virtude da crise do sistema bancário nesse período, as empresas
financeiras foram autorizadas a emitir também debêntures, com o nome de Letras
Financeiras.

93
Exemplo de cálculo de debêntures

A Cia. Vale do Rio Azul, depois de todos os passos para emissão de debêntures,
fez um lançamento no dia 01/08/2010 de R$5.000.000,00 [cada cédula da debênture
possui o valor nominal de R$1.000,00], a fim de expandir sua planta industrial na
cidade de São José dos Pinhais, no Paraná. Essas debêntures têm as seguintes
características: [a] escriturais [b] não conversíveis em ação, [c] prazo de cinco anos, [d]
pagará juros semestrais de 5,5%; [e] anualmente será corrigida com base no IGP-M; [f]
as debêntures foram lançadas com deságio de 4%; [g] a taxa de underwriting é 2,5%.

Com base nessas informações, pede-se:

Calcular o valor líquido recebido pela empresa.


Custo de emissão:
Deságio:
Custos de underwriting:
Valor Líquido recebido:

13.2. LETRAS FINANCEIRAS EMITIDAS POR BANCOS

Letras financeiras são títulos emitidos por instituições financeiras, que consistem
em promessa de pagamento.
 Podem ser emitidas por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de
investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, caixas econômicas,
companhias hipotecárias ou sociedades de crédito imobiliário;
 Remuneração: taxas de juros prefixadas, combinadas ou não com taxas
flutuantes ou índices de preço;
 Prazo mínimo: 24 meses, vedado o resgate total ou parcial antes do
vencimento;
 Podem ser recompradas pelas instituições financeiras emissoras em
montante que não ultrapasse 5% do total emitido;
 Devem ter valor nominal unitário igual ou superior a R$ 300 mil;
 Pagamento de rendimentos em intervalos de, no mínimo, 180 dias.

O investimento em letras financeiras originadas de distribuições públicas


registradas na Comissão de Valores Mobiliários está acessível a qualquer tipo de
investidor, mas o valor unitário mínimo de R$ 300 mil pode ser um empecilho para
pessoas físicas. Já o investimento em letras financeiras originadas de ofertas públicas
realizadas com esforços restritos, pelas regras de mercado, está acessível somente a
investidores qualificados. No mercado secundário, as letras financeiras registradas na
Bolsa podem ser negociadas sempre por meio de uma corretora.
Caso queira resgatar o dinheiro da aplicação antes do vencimento, o investidor
pode procurar sua corretora e autorizar a venda das letras financeiras no mercado
secundário. Entretanto, o valor a ser obtido dependerá das condições do mercado no
momento da venda.
Os negócios com letras financeiras realizados na Bolsa são capturados em tempo
real pelos sistemas de compensação e liquidação, garantindo elevado nível de
automação e padronização (Straight Through Processing - STP).

94
O sistema de liquidação por sua vez, está interligado com os serviços da Central
Depositária da BM&FBOVESPA, responsável pela atualização e coordenação de
pagamentos (dividendos, juros sobre capital próprio etc.) e outros eventos relacionados
aos ativos sob sua guarda. Os registros de propriedade das letras financeiras, bem como
suas movimentações, são feitos em contas individualizadas e mantidos sob
responsabilidade da corretora escolhida pelo investidor.
Informações adicionais sobre os serviços de liquidação e custódia de renda fixa
na BM&FBOVESPA podem ser obtidas em Serviços – Liquidação e Custódia.

13.3. LETRAS DE CÂMBIO

A letra de câmbio é uma espécie de título de crédito, ou seja, representa uma


obrigação pecuniária, sendo denominada saque e por meio dele, o sacador (quem emite
o título), expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que deverá paga-la), que
fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o valor
determinado no título.
Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador
permanece subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. Não sendo pago o
título no seu vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito,
que se dá por meio da ação cambial. Porém, para que o credor possa agir em juízo, é
necessário que esteja representado por um advogado.
Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de câmbio é um título
de crédito nominativo, ou seja, em favor de um credor específico, suscetível de
circulação mediante endosso. Assim, o endossante (tomador original), transfere a letra
para um endossatário (novo tomador).

ORIGEM HISTÓRICA

A origem histórica da letra de câmbio situa-se na península itálica, durante a


Idade Média e como se sabe, o sistema europeu de organização política era o feudal,
caracterizado pela descentralização do poder – o estado central e forte é criação da Era
Moderna. Sendo o poder espalhado e pontual, cada feudo ou burgo possuía, sob o
domínio de um nobre, sua organização política relativamente autônoma, que via de
regra, se traduzia na adoção de uma moeda própria.
Os comerciantes necessitavam de um instrumento que possibilitasse a troca de
diferentes moedas, quando deslocavam-se de um lugar para outro. Criou-se, então, a
seguinte sistemática: o banqueiro recebia, em depósito, as moedas com circulação no
burgo de seu estabelecimento, e escrevia uma carta ao banqueiro estabelecido no local
de destino do mercador depositante. Nessa carta, ele dizia ao colega que pagasse ao
comerciante, ou a quem ele indicasse, em moeda local, o equivalente ao montante
depositado. Posteriormente, os banqueiros faziam o encontro de contas das cartas
emitidas e recebidas. Dessa carta (em italiano, lettera), que viabilizava o câmbio de
moedas, originou-se a letra de câmbio.

Letra de câmbio no Brasil

No Brasil, a letra de câmbio é regulada principalmente pela Convenção de


Genebra, também conhecida como Lei Uniforme (Decreto 57.663/66), e também pelo

95
Decreto Lei n.º 2.044 de 31 de Dezembro de 1908. O Código Civil de 2002 tem valor
supletivo (art. 903).
A letra de câmbio é mais usada em operações de crédito entre financiadoras e
comerciantes, enquanto em operações mercantis internas a prazo o título mais comum é
a duplicata.

LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO

Entre as opções estão as LCI´s, Letras de Crédito Imobiliário, que são papéis de
renda fixa lastreados em créditos imobiliários garantidos por hipotecas ou por alienação
fiduciária de um bem imóvel e que dão aos seus tomadores direito de crédito pelo valor
nominal, juros e atualização monetária, se for o caso.
Os bancos comerciais, múltiplos, a Caixa Econômica Federal e demais intuições
que têm autorização do Banco Central para realizar operações de crédito imobiliário
poderão emitir LCI’s, cuja contratação deve ser, obrigatoriamente, registrada na Cetip.
Ou seja, estas instituições financeiras utilizam parte de suas carteiras de créditos
imobiliários como lastro para uma aplicação financeira que pode ser oferecida a seus
clientes. Os recursos aplicados, desta forma, são direcionados para financiamentos
habitacionais.
As LCI’s podem ser garantidas por um ou vários créditos imobiliários, mas a
soma do principal das letras emitidas não pode exceder o valor total dos créditos
imobiliários detidos pela instituição que a emitiu.

PRAZOS

O prazo de vencimento destes papéis é limitado pelo prazo das obrigações


imobiliárias que serviram de base para o seu lançamento e vale lembrar que os créditos
dados em caução de determinada LCI podem ser substituídos por outros da mesma
natureza, o que poderia acontecer, por exemplo, no caso de vencimento antecipado ou
liquidação antes do prazo das operações imobiliária dada em garantia.
No caso da Caixa Econômica Federal, atualmente a instituição mais ativa em
crédito imobiliário no Brasil, o prazo mínimo dessa aplicação é de dois meses e o
máximo de 25 meses.

TRIBUTAÇÃO

Do ponto de vista de tributação, o produto é atrativo. Desde 2004 a remuneração


é isenta de Imposto de Renda para pessoas físicas e condomínios de edifícios
residenciais ou comerciais. Já para pessoas jurídicas a tributação vai em linha com a de
renda fixa, começando com alíquotas de 22,5% para aplicações de até 180 dias, até 15%
para prazos superiores a 720 dias.

Vale lembrar que algumas LCI’s são oferecidas ao investidor em uma operação
vinculada com um contrato de swap indexado a um percentual do CDI. Ou seja, ao
invés de receber seu retorno indexado à TR (como ocorre na grande maioria das
aplicações relacionadas a financiamento imobiliário, como a poupança, por exemplo) o
investidor tem uma aplicação que paga um percentual do CDI.
Neste caso, considerando pessoas físicas e condomínios, haverá incidência de
Imposto de Renda sobre o resultado positivo entre a remuneração de LCI (TR + Juros) e
a variação do CDI.

96
SOMENTE PARA GRANDES INVESTIDORES

Uma das principais desvantagens do produto é o valor mínimo de investimento.


A Caixa Econômica Federal, por exemplo, que é conhecida por oferecer fundos de
investimentos com valores mínimos inferiores a outras instituições, somente
disponibiliza as LCI’s para investidores com aplicação mínima de R$ 50 mil.
Assim, apesar de ser um produto de baixo risco, indicado para investidores mais
conservadores - em linha com o perfil atual da caderneta de poupança - as LCI’s
atualmente estão disponíveis apenas para investidores com grandes montantes para
aplicar.

14. SECURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS

As empresas em sua procura constante para diminuir custos de suas operações,


têm na securitização de recebíveis, encontrado uma fonte segura para dar liquidez aos
seus recebíveis [vendas a prazo], sem ter que recorrer a desconto de duplicatas,
operações de factoring, uso de contas garantidas, entre outras, para financiar o seu
capital de giro. Todos os tipos de empresas que tenham recursos futuros a receber
[duplicatas a receber, mensalidades escolares, fatura de cartão de crédito, crédito

97
bancários, por exemplo, podem se beneficiar dessa forma de se financiar]. Uma das
vantagens da securitização de recebíveis é que a empresa não compromete seus índices
de liquidez. A securitização também é conhecida como operação off balance [fora do
balanço].

OBJETIVOS DA SEGURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS

Recebíveis são todos os diretos que as empresas têm a receber pelas suas vendas
a prazo. Muitas vezes, esse direito não está totalmente líquido, mas podem se tornarem
líquido pela sua securitização. Securitizar significa dar esses ativos [créditos a receber]
como garantia para que uma empresa [que compra esses ativos] possa emitir títulos de
crédito [lastreados nesses recebíveis]. Há, portanto, uma transformação de uma dívida
de curto prazo de um cliente, em lastro para captação de recursos de longo prazo
[debêntures e commercial paper, por exemplo,]. A seguir, se mostrada a estrutura do
processo de securitização de recebíveis.

Estrutura de uma securitização de recebíveis.

Vende Recebíveis Paga juros


EMPRESA ORIGINADORA DOS
RECEBÍVEIS SPE/TRUST INVESTIDORES
Paga Recebíveis Compra títulos

CLIENTES
1
TRUSTEES AGÊNCIA DE RATING AUDITOR

Papel de cada componente na estrutura de Securitização de recebíveis

 EMPRESA ORIGINADORA - empresa de qualquer ramo de atividade de


tenha contas a receber [recebíveis] a prazo de clientes. Esses recebíveis podem ser
duplicatas a receber, notas promissórias, fatura de cartão de crédito, aluguéis de imóveis
entre outros. Em virtude de necessidade de caixa e/ou problemas de liquidez vendem os
recebíveis à SPE com deságio, sem alterar sua situação de balanço [não é novo
empréstimo].
 CLIENTES - composto por pessoas físicas e/ou jurídicas que compraram
mercadorias, serviços, tomaram empréstimos bancários. São devedores originais da
empresa emissora dos recebíveis; mas quando esta vende esses recebíveis à SPE,
passam a ser devedores desta.
 SPE [Sociedade de Propósito Específico] - é uma sociedade anônima de
capital aberto com objetivo específico de negociar recebíveis e usá-los como 'lastro'
para emissão de títulos no mercado de capitais [Debêntures e Commercial Paper]. Estas
pagam à empresa originadora dos recebíveis à vistas, com deságio, com os recursos

98
captados pela emissão de títulos privados. Não há descasamento entre os pagamentos
dos clientes [recebíveis] e o pagamento de juros e amortização da dívida. Enquanto
àqueles são recebimentos de curto prazo; o pagamento e amortização pela emissão da
dívida são de longo prazo.
 INVESTIDORES - são os compradores dos títulos emitidos pela SPE. Em
geral, são fundos de pensão, corretoras, planos de saúde, seguradoras, fundos de
investimentos e clube de investimentos; além de pessoas físicas. Estes recebem juros
periodicamente e o principal na maturação do título.
 TRUSTEE - é sinônimo de SPE. Têm as mesma funções e características. É
o representante legal junto à SPE dos interesses dos investidores.
 AGÊNCIA DE RATING - são agências especializadas em atribuir notas ao
risco dos recebíveis. Essa nota, em geral, é alta, pois esses ativos têm liquidez a curto
prazo.
 AUDITORIA - o auditor tem a função de verificar a veracidade das
informações dadas pelas empresas originadoras; elaborar relatórios da situação da SPE
para o Truste.

EXEMPLO DE OPERAÇÃO DE SECURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS

A Cia. Santa Clara atua no ramos de venda de componentes eletrônicos. Suas


vendas são feitas em torno de 90% a prazo, por meio de emissão de duplicatas. Por
motivo de compromissos inadiáveis, resolver vender essa carteira para SPE [fundada
para o propósito de comprar esses ativos]. A seguir, está o demonstrativos do Balanço
Patrimonial da Santa Clara, evidenciando unicamente os objetos da securitização e da
operação off balance [pois não pretende alterar seus indicadores econômico-financeiro].

Balanço Patrimonial da Cia. Santa Clara, em 31/12/2011, antes da


securitização

ATIVO PASSIVO +PATRIMÔNIO LÍQUIDO


CIRCULANTE CIRCULANTE
Disponibilidade 100.000 Contas a pagar 90.000.000
Duplicatas a Receber 100.000.000 Patrimônio Líquido
Capital Social 10.100.000

Total do Ativo 100.100.000 Total do Passivo 100.100.000

Resolveu, então, vender 100% dos seus recebíveis para a SPE Auxiliadora S.A.,
nas seguintes condições:
 Esses recebíveis tem um fluxo mensal, médio, de R$ 833,33 mil, durante 12
meses;
 Taxa de cessão dos recebíveis para a SPE [deságio]: 2%;
 Colateral: 20%.

Com base nessas informações, pede-se:

O valor Presente dos recebíveis.

99
Portanto, a SPE avaliaria a carteira de recebíveis da Santa Clara em
R$8.812.784,35.

O valor presente considerando uma taxa de inadimplência em 20% [folga para a

SPE proteger os debenturistas, por exemplo]:


A SPE adquiriu uma carteira de recebíveis com fluxo de caixa atual de
R$7.343.989,96, avaliada hoje em R$8.812.784,35. A diferença serve de lastro como
cobertura de pagamento dos debenturistas, caso ocorra, inadimplência: R$1.468.797,39.

A taxa efetiva da operação de securitização para a Santa Clara.

Taxa efetiva ao ano: Ou


2,61% ao mês.

15. CAPTAÇÃO DE RECURSOS NO EXTERIOR

As empresas brasileiras podem captar recursos no exterior. O primeiro


instrumento que dispunham era Lei 4.131/62, quando o Brasil, com escassa poupança
interna, começa a recorrer às fontes de financiamentos internacionais para obtenção de
recursos para o período de desenvolvimento. A seguir, foi editada um Resolução [63/67]
que ampliava o espectro de empresas que poderiam recorrer à essa fontes externa.

100
Atualmente o Brasil se tornou um player global. Suas empresas tornaram-se
internacionais e os títulos de recursos nesse mercado são os chamados bônus. São títulos
privados lançados por empresas nacionais no mercado internacional.
Há uma divisão nesse mercado de títulos privados, quando empresas brasileiras
lançam títulos no mercado internacional, recebem a denominação de eurobônus, que são
títulos de longo prazo. Para captar recursos de curto prazo, temos a denominação de
euro notas.

15.1. EUROBÔNUS

Os eurobônus são títulos emitidos por empresa de longo prazo. Assim, se uma
empresa brasileira (Petrobrás, Vale do Rio Doce entre outras) desejar captar recursos no
exterior de longo prazo, estes são denominados de eurobônus (não há qualquer relação
com moeda euro, do bloco econômico da Europa).
As principais características dos eurobônus são:
 São títulos ao portador;
 Paga juros anuais;
 Podem conter a cláusula de conversibilidade em ações ordinárias da
empresa;
 Não têm muita proteção dado pelo emissor (empresa);
 O dólar americano é a moeda dominante;
 As taxas de juros podem ser fixas ou flutuantes;

No Brasil, o Banco Central do Brasil, é quem determina o prazo mínimo de


captação desses recursos.

Exemplo de emissão de Eurobônus.

A Cia. Vale do Rio Doce fez em 09/91, o lançamento de 200 milhões de dólares
de eurobônus sindicalizado (grupo de bancos de investimentos multinacional) pelo
Citicorp, com prazo de três anos, com opção de recompra pelo investidor (Cia. Vale do
Rio Doce) ao final de dois anos. Criado com juro semestral, cuja taxa nominal é 10% ao
ano. Além do mais foi lançado com deságio, sendo lançada a 964,04 do valor de face
[valor de lançamento do título a uma base 1.000]. [Exemplo adaptado de FORTUNA, p.
425].

Com base nessas informações, pede-se:


[1] O esquema de colocação dos títulos da Vale no mercado internacional.

Sindicato de bancos de UNDERWRITING


investimentos multinacionais [subscritores dos Lança em outros países.
- CITICORP papéis]

101
[2] O valor de face [nominal] de cada título: R$1.000,00.
[3] O valor do colocação no mercado com deságio: R$964,04.

[4] Taxa de deságio:


[5] Juro recebido pelo investidor ao semestre:

.
[6] Fluxo de caixa do investidor.

R$ 50

R$ 1,000.00

R$ 50 R$ 50 R$ 50

0
1 2 3 4 Semestre
R$ 964.04

[7] A taxa de retorno [rentabilidade] do investidor.

Portanto, a rentabilidade do investidor desse título da Cia. Vale do Rio Doce é 6


0387% ao semestres ou 12,08% ao ano.
[8] O valor recebido em dólares pela empresa:

15.2. EURONOTES

Euronotes, também denominados de Commercial Paper (ou Nota Promissória)


são títulos de curto prazo emitidos pelas empresas brasileiras no mercado internacional
em dólar.

Características dos EURONOTES

 São títulos de curto prazo [de três a seis meses, no mercado internacional],
 A taxa base é a LIBOR [taxa de juro dos bancos europeus],
 Os bancos comerciais avalizam esses papéis para as empresas [não há pool
de bancos multinacionais para a colocação desses papéis];
 No Brasil, não há incidência de IOF nem IR sobre as remessas de juros para
pagamentos dos investidores externos.

Exemplo de emissão de Commercial Papel (Euronotas)

O Banco Pontual fez a primeira emissão de commercial paper de um banco


brasileiro no exterior e captou 30 milhões de dólares nos EUA, com prazo de três anos e
resgate único na data de vencimento. Os juros foram calculados pela variação semestral

102
da Libor [London Interbank Offered Rater] mais 0, 625% ao ano, contados a partir da
data de cada desembolso e pagos semestralmente. O repasse para os tomadores no
Brasil foi à forma de um empréstimo em moeda indexada à variação cambial em relação
ao dólar. (Exemplo adaptado de FORTUNA, 431).
Com base nessas informações, pede-se:
[a] Qual o desembolso efetuado pela empresa, no semestre, sabendo que a
variação da Libor nesse período foi 0,581% (semestres].
Taxa total semestral do empréstimo: [0,625%/2] +0,581%, resultando em
0,8935% ao semestre.

[b] Elaborar o fluxo de caixa de desembolso da empresa semestralmente

US$30,000,000.00

1 2 3 4 5 6 Semestre

US$268,050.00
US$30,000,000.00

16. LEASING

As empresas, muitas vezes necessitam comprar máquinas e/ou equipamentos e


há várias alternativas de fazê-lo, podendo recorrer à empréstimos bancários (não
recomendados) ou financiamentos de longo prazo, mas também há outra forma de

103
financiá-lo: alugando esse bem (móveis ou imóveis) por meio de uma operação
denominada leasing (aluguel).
Disponível há mais de 34 anos no mercado brasileiro, o leasing é fundamentado
na concepção econômica de que o que importa para uma arrendatária é a utilização, não
a propriedade de um bem.
A arrendadora comprará o bem do fornecedor escolhido pela arrendatária. Após
a entrega do bem, a arrendatária deverá cumprir com as obrigações assumidas no
contrato de arrendamento mercantil firmado entre as partes como: pagamento das
parcelas referentes às contraprestações, dos valores convencionados a título de VRG –
Valor Residual Garantido se houver, e na hipótese de veículos, do IPVA, multas e
demais obrigações inerentes ao bem conforme disposto na Lei nº 11.649/08.

CARACTERÍSTICAS, RAZÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS DAS


OPERAÇÕES DE LEASING

A escolha do bem
São de responsabilidade da arrendatária a escolha do bem, o seu preço e o seu
fornecedor. A arrendatária indica e solicita à arrendadora a aquisição do bem que será
objeto do contrato de arrendamento mercantil.
Um contrato sob medida
Os contratos de arrendamento mercantil estabelecem o direito à posse provisória
do bem pela arrendatária, ficando sempre assegurada a propriedade à arrendadora. Em
caso de infração contratual, deverá a arrendatária restituir de imediato o bem à
arrendadora.
As condições contratuais serão estabelecidas de comum acordo entre as partes,
no que se refere aos tipos de bens e serviços, ao prazo do arrendamento, aos valores das
contraprestações e das parcelas de VRG, a sua forma de atualização e do valor para a
opção de compra.
VRG - Valor Residual Garantido
O VRG é estabelecido apenas nos contratos de arrendamento mercantil
financeiro. Trata-se de valor contratualmente garantido pela arrendatária, como mínimo
que será recebido pela arrendadora na venda a terceiros do bem arrendado, na hipótese
da devolução do bem e desde que cumpridas todas as obrigações pecuniárias
estabelecidas no contrato.
O VRG será sempre utilizado para liquidar o valor da opção de compra do bem
arrendado, conforme pactuado no contrato de arrendamento mercantil. O pagamento do
VRG poderá ser:
Ato: pago pela arrendatária no início do contrato.
Parcelado: parcelas pagas na vigência do contrato, nos mesmos vencimentos das
contraprestações.
Final: pago no encerramento do contrato.

Em ambas modalidades do leasing, financeiro ou operacional, elimina-se a


necessidade de imobilizar recursos nos ativos, permitindo que tais recursos sejam
canalizados para financiar o processo produtivo.
16.1. LEASING OPERACIONAL

É a operação na qual a arrendatária, a princípio não tem a intenção de adquirir o


bem ao final do contrato. Assim, após a utilização do bem pelo prazo estabelecido e
cumpridas todas as suas obrigações a arrendatária poderá ao final do contrato ter as

104
seguintes opções: devolver o bem à arrendadora, prorrogar o prazo do contrato ou
exercer a opção de compra do bem pelo seu valor de mercado, à época de tal opção.
A manutenção, a assistência técnica e os serviços correlatos à operacionalidade
do bem arrendado podem ser de responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária,
conforme previsão contratual.

16.2. LEASING FINANCEIRO

É a operação na qual a arrendatária tem a intenção de ficar com o bem ao


término do contrato, exercendo a opção de compra pelo valor contratualmente
estabelecido. A arrendadora receberá da arrendatária a totalidade dos valores investidos
no contrato de conformidade com o que foi estipulado. O risco da obsolescência e as
despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do
bem arrendado são de responsabilidade da arrendatária.

Exemplo de Leasing financeiro

A Cia. Agrícola Santa Helena contrata uma operação de leasing financeiro no


valor de R$ 120.000,00, para a compra de um trator. As condições da operação são:
[a] prazo : 60 meses;
[b] taxa de encargos 1,4789% ao mês;
[c] valor residual de 1% do bem [no fim do contrato].

Cálculo do valor da prestação de aluguel.

VALOR DO BEM: R$120.000 Valor do bem menos o valor residual:


Prazo: 60 meses
R$120.000-120.000x0,01→R$=118.800
Taxa de encargos: 1,4789% ao mês.

A depreciação no Brasil é feita de forma linear e a Receita Federal fornece em


seu site as taxas de depreciação para os mais variados tipos de imobilizados. Para o caso
do trator a taxa é de 20% ao ano.

Portanto, o valor mensal do aluguel do trator será R$3.000,40.


Vamos considerar que no nosso exemplo não haja correção (mas esse tipo de
contrato tem correção por índices contratos entre as partes, que pode ser Taxa
Referencial [TR], Índice de Preço ao Consumidor [INPC], ou outros combinados entre
as partes contratantes).

Cálculo da depreciação.

FÓRMULA:

Portanto, a depreciação mensal do trator é R$1.980,00


105
A empresa locatária deverá depreciar mensalmente o trator no valor de
R$1.980,00.

Cálculo do Benefício Fiscal da operação de leasing financeiro.

Mensalmente, o benefício fiscal da operação de leasing financeiro será: o custo


mensal do bem (aluguel + depreciação) vezes a alíquota de Imposto de Renda. Custo
total mensal = 3.000,40 + 1.980,00 → R$ 4.980,40. A empresa economizará de imposto
de renda mensalmente R$ 1.743,14 [ ].

17. ENGENHARIA FINANCEIRA

Engenharia financeira é um campo multidisciplinar relativo à criação de novos


instrumentos financeiros e estratégias, tipicamente opções exóticas e derivativos de taxa
de juro e especializados. Este campo aplica metodologias de engenharia a problemas em
finanças, e emprega teoria de finanças e matemática aplicada, assim como computação e
a prática de programação.

106
A engenharia financeira é uma engenharia dos processos financeiros de uma
instituição (uma empresa, um órgão público, uma instituição filantrópica, uma ONG,
etc). Trata de seu fluxo de caixa futuro, seus métodos e organização de sua tesouraria,
seus processos de remuneração e faz a análise dos processos financeiros estratégicos
para a tomada de decisões. Permite, entre suas áreas de atuação, a construção de
modelos quantitativos para gestão de custos e riscos.

 FUNDAMENTOS

Os estudos sobre engenharia econômica iniciaram nos Estados Unidos em 1887,


quando Arthur Wellington publicou seu livro "The Economic Theory of Railway
Location", texto que sintetizava a análise de viabilidade econômica para ferrovias.
Engenharia econômica é importante para todos que precisam decidir sobre propostas
tecnicamente corretas, e seus fundamentos podem ser utilizados tanto para empresas
privadas como estatais. Todo o fundamento da engenharia econômica se baseia na
matemática financeira, que se preocupa com o valor do dinheiro no tempo. Podem-se
citar como exemplos de aplicação:
• Efetuar o transporte de materiais manualmente ou comprar uma correia
transportadora;
• Fazer uma rede de abastecimento de água com tubos grossos ou finos;
• Substituição de equipamentos obsoletos;
• Comprar carro a prazo ou à vista.
Para fazer um estudo econômico adequado alguns princípios básicos devem ser
considerados, sendo os seguintes:
a) devem haver alternativas de investimentos. É infrutífero calcular se é
vantajoso comprar um carro à vista se não há condições de conseguir dinheiro para tal;
b) as alternativas devem ser expressas em dinheiro. Não é possível comparar
diretamente 300 horas/mensais de mão de obra com 500 Kwh de energia. Convertendo
os dados em termos monetários teremos um denominador comum muito prático. Alguns
dados entretanto são difíceis de converter em dinheiro. Exemplos que ocorrem muito
nos casos reais são: boa vontade de um fornecedor, boa imagem da empresa ou status.
São os chamados intangíveis;
c) só as diferenças entre as alternativas são relevantes. Numa análise para decidir
sobre o tipo de motor a comprar não interessa sobre o consumo dos mesmos se forem
idênticos;
d) sempre serão considerados os juros sobre o capital empregado. Sempre
existem oportunidades de empregar dinheiro de maneira que ele renda alguma coisa. Ao
se aplicar o capital em um projeto devemos ter certeza de ser esta a maneira mais
rendosa de utilizá-lo;
e) nos estudos econômicos o passado geralmente não é considerado; interessa-
nos o presente e o futuro. A afirmação: não posso vender este carro por menos de $
10000 porque gastei isto com ele em oficina não faz sentido, o que normalmente
interessa é o valor de mercado do carro.
Os critérios de aprovação de um projeto são os seguintes:
• Critérios financeiros: disponibilidade de recursos;
• Critérios econômicos: rentabilidade do investimento;
• Critérios imponderáveis: fatores não convertidos em dinheiro.

 ASPECTOS CONCEITUAIS DO MODELO SISTÊMICO DE


ENGENHARIA FINANCEIRA

107
As variáveis financeiras algumas podem ser definidas previamente, para efeito
do cálculo do valor do preço da movimentação dos produtos em pauta segundo o
enfoque de permitir a participação efetiva do setor privado que é a remuneração do
capital privado.
É preciso conceituar e clarificar as diferenças fundamentais entre as chamadas
taxas internas de retorno do projeto e do acionista, para o estabelecimento da justa
remuneração do capital.
Sob a ótica do projeto, a TIR do projeto pode ser definida como a rentabilidade
estimada do empreendimento, em relação ao investimento realizado. Matematicamente,
é a taxa de desconto que anula o VPL do fluxo de caixa do projeto. A TIR do projeto
representa a rentabilidade intrínseca ao mesmo, na medida que é calculada no fluxo de
caixa no conceito “All Equity Cost of Capital”, ou seja, considerando que o projeto seja
financiado 100% por recursos dos acionistas.
O VPL do projeto é o valor atual do fluxo de caixa do projeto, a uma
determinada taxa de desconto, que deve ser igual ao custo de oportunidade,
normalmente calculado a taxa de 12% ao ano, no Brasil. Fisicamente, o VPL significa
que o acionista terá recuperado todo o capital investido e terá ainda, como resultado
adicional, o valor do próprio VPL.
O Discounted Payback Period é o período de tempo estimado para a recuperação
de um investimento, quando o VPL torna-se nulo, e significa o ponto a partir do qual o
fluxo de caixa acumulado do projeto se torna positivo.
Sob a ótica do acionista, a TIR leva em conta a alavancagem financeira do
empreendimento, ou seja, a influência do endividamento na elaboração do fluxo de
caixa. Para se ter o fluxo de caixa resultante do acionista, tem que se considerar a
parcela de capital de terceiros no financiamento do empreendimento. A TIR do
acionista, também conhecida como TIR alavancada, representa a taxa de juros que anula
o VPL do fluxo.
O valor decorrente do preço da movimentação de carga com a aplicação do
modelo sistêmico de engenharia financeira, necessariamente corresponderão a TIR do
Acionista, tanto maior, quanto melhor for as condicionantes financeiras que envolvem
os empréstimos que variam de empresa para empresa.
Entretanto, quando agentes externos ao contrato de concessão influenciam no
equilíbrio financeiro, como a redução tarifária estabelecida unilateralmente pelo poder
concedente, por exemplo, o reequilíbrio terá que ser feito por meio da TIR do acionista.
Segundo Mac Dowell (2004), para análise do VPL do projeto e da TIR do
acionista, além de envolver as mesmas variáveis da TIR de projeto, são necessários
acrescentar as variáveis, capital próprio, capital de terceiros, prazo de carência,
indicadores econômicos (VPL, TIR e payback), prazo de amortização, taxa de juros,
taxa real de juros, empréstimo-ponte, project finance,, flat fees (taxas pagas aos agentes
financeiros que intermediam as operações), commitment fee (taxa de comprometimento
de um empréstimo), conta reserva (conta mantida por empresas que tomam
empréstimos, com caução de recursos garantindo percentual dos empréstimos
concedidos), índice de cobertura do serviço da dívida (Índice que mede a capacidade de
pagamento do serviço da dívida pela empresa), índice de liquidez corrente (Índice que
mede a capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo de uma empresa),
exigível em longo prazo e alavancagem financeira (percentual dos recursos da empresa
que é fornecido por terceiros).
Como todas essas condicionantes são próprias de cada empresa perante os seus
agentes financeiros, reforça a tese que a remuneração a ser levada a efeito para o

108
estabelecimento do valor do preço da movimentação de carga se utiliza a TIR de
Projeto. Entretanto, quando ações externas ao contrato ocorrem, como a redução
unilateral no valor da tarifa de pedágio, por exemplo, como ocorreu em alguns estados
nas concessões rodoviárias, e ou o não cumprimento da cláusula de reajuste como em
outros setores (energia) por parte do Poder Concedente, vale o VPL e a TIR do
Acionista para o estabelecimento do Equilíbrio Econômico – Financeiro do Contrato.

17.1. OPERAÇÕES ESTRUTURADAS

As operações estruturadas permitem ao participante realizar operações ou


assumir posições de forma concomitante em diferentes mercados, modalidades ou
vencimentos, de forma que na soma das diversas partes resulte o negócio desejado. Para
facilitar a execução dessas estratégias, bem como eliminar os riscos associados à não
execução de determinadas pontas da estratégia ou a sua execução em condições
diferentes das originalmente existentes na BM&FBOVESPA, são admitidas as
negociações de algumas das estratégias mais comumente utilizadas, através das
operações estruturadas descritas nos próximos itens.

17.2. OPERAÇÕES OFF BALANCE

As operações extrapatrimoniais significam um ativo ou dívida de financiamento


que não consta no balanço da empresa.
Some companies may have significant amounts of off-balance sheet assets and
liabilities. Algumas empresas podem ter quantidades significativas de ativos e passivos
extrapatrimoniais, como pFor example, often offer or services to their clients.or
exemplo, as instituições financeiras oferecem frequentemente gestão de ativos ou de
corretagem de serviços aos seus clientes. The assets in question (often ) usually belong
to the individual clients directly or in trust, while the company may provide
management, or other services to the client. Os ativos em questão (muitas vezes valores
mobiliários), geralmente pertencem aos clientes pessoas físicas direta ou em confiança,
enquanto a empresa pode fornecer gestão, depositário ou outros serviços para o cliente.
The company itself has no direct claim to the assets, and usually has some basic duties
with respect to the client. A empresa em si não tem ação direta aos ativos e
normalmente, tem alguns básicos fiduciárias deveres com relação ao cliente. Financial
institutions may report off-balance sheet items in their accounting statements formally,
and may also refer to " ," a figure that may include on and off-balance sheet items. As
instituições financeiras podem denunciar itens fora do balanço em suas demonstrações
contábeis formalmente, e também pode se referir a "ativos sob gestão".
Under current accounting rules both in the United States ( ) and internationally (
), are off-balance-sheet financing. Segundo as regras contábeis vigentes, tanto nos
Estados Unidos da América (EUA GAAP ) e internacionais ( IFRS ), arrendamentos
operacionais são financiamento off-balance.Financial obligations of unconsolidated
subsidiaries (because they are not wholly owned by the parent) may also be off-balance
sheet. Obrigações financeiras das subsidiárias consolidadas (porque eles não são
totalmente detida pela controladora) também pode ser fora do balanço. Such obligations
were part of the accounting fraud at .
The formal accounting distinction between on and off-balance sheet items can be quite
detailed and will depend to some degree on management judgments, but in general
terms, an item should appear on the company's balance sheet if it is an asset or liability
that the company owns or is legally responsible for; uncertain assets or liabilities must

109
also meet tests of being probable , measurable and meaningful . A distinção formal de
contabilidade entre itens dentro ou fora do balanço pode ser bastante detalhada e
dependerá até certo ponto, em julgamentos da administração, mas em termos gerais, um
item deve aparecer no balanço da empresa, se é ativo ou passivo que a empresa possui
ou é legalmente responsável por ativos ou passivos incertos também deve atender testes
de ser provável, mensurável e significativa.

18. PRODUTOS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PELAS EMPRESAS

18.1. DESCONTO DE DUPLICATAS

Quando a empresa apresenta ciclo financeiro deficitário [quando deve pagar suas
contas antes de receber suas vendas], uma das formas de captar recursos junto à
instituições financeiras é o desconto de duplicatas. Ou seja, antecipa o recebimento de
recursos. Mas para antecipar esse recebimento, incorre em ônus: paga juros, despesas
bancárias e imposto sobre operações financeiras [IOF]. Vamos exemplificar uma
operação de desconto de duplicatas.
A Cia. Serra Bonita, em virtude de compromissos de curto prazo e por não
dispor de recursos naquele momento, leva duplicatas no valor de R$100.000,00 para
serem descontadas no Banco Conservador S.A., vinte dias antes do vencimento. Para
descontar esses títulos o banco operara com taxa nominal de 2,72% (exemplo de taxa
média praticada no mercado) ao mês, mais despesas bancárias que totalizam R$20,00. O
adiantamento do valor ao cliente se configura para a Receita federal como uma
operação equivalente a empréstimo, por isso, incide imposto sobre operações
financeiras (IOF), cuja alíquota (taxa de juro para o fisco é denominada de alíquota) é
atualmente 3% ao ano. Veja que, nesta operação, existe uma triangulação: Sacado (que
compra a mercadoria a prazo), o sacador (vendedor da mercadoria) e o banco (que
antecipa o pagamento devido pelo sacado).

Resolução: Cálculo do desconto

VN=R$100.000,00 Transformar a taxa de Portanto o banco cobrará,


Prazo: 20 dias 2,72% a.m. para taxa antecipadamente, R$1.810,64.
Taxa: 2,72% a.m. diária, dividindo-a por 30. OBS.: VN=Valor Nominal ou
valor de face.

Cálculo do imposto sobre operações financeiras [IOF]

110
. Devemos dividir a alíquota (lembre-se
que esse é o nome dado à taxa de juro para imposto) por 36.000 porque devemos
transformar a taxa anual [3% a.a. :3%/360] ao dia [o ano comercial tem 360 dia] e
transformar a porcentagem [%] em coeficiente [3/100].

Cálculo do custo total da operação de descontos de duplicata

Custo Total [CT]=Desconto + IOF + taxa bancária.

[1] Valor do desconto: R$1.810,64; [2] valor do IOF:R$166,67; [3]


valor da taxa de serviços bancários: R$20,00.
11.1.4 Cálculo do valor líquido recebido
. Custo Total:pela empresa.
R$1.997,31

.
Portanto, a empresa irá receber (creditado na conta da empresa): R$98.002,69.

18.2. CONTAS GARANTIDAS (CHEQUES ESPECIAL DAS


EMPRESAS)

Outra fonte de recursos que a empresa pode utilizar para suprir suas necessidade
de curto prazo é a conta garantida (cheque especial) que os bancos, do qual a empresa é
correntista, colocam à disposição das empresas. Essa fonte de recursos também é
denominada de capital de giro rotativo. Vamos supor que a nossa empresa (Cia. Serra
Bonita), em vez de fazer uma operação de desconto de duplicatas, use o cheque
especial, cujo limite é R$100.000,00 junto ao Banco do Povo S.A., cuja taxa média
mensal para esse tipo de operação é 6,33% ao mês (por exemplo). A seguir está o
quadro do demonstrativo da movimentação da conta rotativa de empresa:

Exemplo - Movimentação do mês/09

111
DATA HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO SALDO D/C
40,787.00 Saque 10,000.00 10,000.00 D
40,791.00 Impostos 15,000.00 25,000.00 D
40,798.00 Fornecedor 60,000.00 85,000.00 D
40,804.00 Saque 8,300.00 93,300.00 D
40,807.00 Fornecedor 6,700.00 100,000.00 D
40,808.00 Cliente 100,000.00 100,000.00 C

Para que haja coincidência de prazos do desconto de duplicatas, a nossa


operação começa no dia 01/09 e vai até o dia 21/09. No dia 22/09, o cliente
paga à empresa.

Vamos completar a tabela acima, do histórico da movimentação do cheque


especial, a fim de tabularmos dos dados para o cálculo dos custos associados ao uso do
cheque especial.

Tabulação dos dados do movimento do mês.

DATA HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO SALDO D/C Nº DIAS TOTAL


- - - - [a] [b] [c]=[a].[b]
1-Sep Saque 10,000.00 10,000.00 D 4 40,000.00
5-Sep Impostos 15,000.00 25,000.00 D 7 175,000.00
12-Sep Fornecedor 60,000.00 85,000.00 D 6 510,000.00
18-Sep Saque 8,300.00 93,300.00 D 2 186,800.00
20-Sep Fornecedor 6,700.00 100,000.00 D 1 100,000.00
21-Sep Cliente 100,000.00 100,000.00 C - -
- - - - 100,000.00 D 20 dias 1,011,800.00
A coluna [c] é o produto da coluna [a] pela coluna [b]. As duas informações importantes:
A soma do coluna [c] e o saldo devedor no 20º dia: R$100.000.

Cálculo do juros do cheque especial pela fórmula hamburguesa

Percebemos que o juro pelo uso do cheque especial foi superior ao juro do
desconto da duplicata (visto que o juro do desconto da duplicata é 2,72% ao mês;
enquanto que o juro do cheque especial é 6,33%ao mês).

112
Cálculo do Imposto sobre operação financeira (IOF).

Para o cálculo do IOF dessa operação, vamos usar o prazo médio da operação
(vamos chegar ao mesmo valor se fizéssemos para cada valor devedor em prazos
diferentes).

Nesta operação, o IOF é inferior, à do desconto de duplicatas.

Cálculo do custo total da operação de cheque especial.

Custo total [CT] = juro + IOF + taxa bancária → CT = 2.134,90 + 84,32 + 20,00
→ CT = 2.239,22. No desconto de duplicatas esse custo total foi R$1.997,31, diferença
de R$241,91 ou 10,80% menor.
Comparação de estratégia entre fazer uma operação de desconto de duplicata
ou de utilizar o cheque especial, nas mesmas condições de prazo e valor da
operação.

Quadro resumo das operações de desconto e cheque especial.

TAXA TAXA CUSTO TAXA TAXA


OPERAÇÃO VALOR PRAZO NOMINAL JURO IOF BANCO TOTAL EFETIVA Real DIFERENÇA

R$100.00 2,72 % 3,06% 3,16%


Desconto 0 20 dias a.m. R$ 1.810,64 R$166,67 R$ 20,00 R$1.997,31 a.m. a.m. 0,10 p.p.

R$100.00 6,33% 3,44%


Cheque 0 20 dias 6,33% a.m. R$ 2.134,90 R$ 84,32 R$ 20,00 R$2.239,22 a.m. a.m. -2,89 p.p

Parece paradoxo que uma taxa elevada do cheque especial, em relação ao


desconto de duplicatas no fim da operação haja uma queda significativa dessa taxa
(cheque especial), em relação ao desconto de duplicatas. Analise detalhadamente cada
elemento dessas operações para elaborar estratégias melhor de financiamento de curto
prazo da empresa.

18.3. OPERAÇÃO DE HOT MONEY

Hot Money é uma operação de financiamento das empresas de curtíssimo prazo,


mas somente as grandes corporações têm acesso a esse tipo de crédito, pois o volume de
dinheiro para o giro de um dia é considerável. As principais características da operação
de Hot Money são:

 Linha de crédito de curtíssimo prazo,


 Prazo: um dia (maior concentração).

113
A formação de preço de uma operação de Hot Money tem como base a taxa do
CDI (Certificado de depósito Interbancário), que são aplicações feitas entre instituições
financeiras (bancos superavitários no fim do dia empresta dinheiro ao bancos que
deficitários).

Exemplo de aplicação de operação de Hot Money

A Cia. Verdes Mares solicita um empréstimo de R$5.000.000 pelo prazo de três


dias, renovável diariamente (operação de Hot Money). A taxa pactuada com o banco foi
a seguinte:

 1º dia: 4,10% ao mês over [taxa com base no CDI, acrescida de spread];
 2º dia: 4,20% ao mês over;
 3º dia: 4,15% ao mês over.

A cada operação diária incide IOF (3% ao ano). Esta é uma operação com
capitalização composta. Com base nessas informações, elabore uma planilha de
desembolso para a empresa e calcule a taxa efetiva da operação.

Passos para a resolução:

1º dia da operação.
[a] Valor da operação: R$5.000.000,00

[b] Cálculo do IOF: . O valor a ser


liberado para a empresa deve ser descontado do IOF. Portanto, o valor liberado será
R$4.999.583,44.

[c] Cálculo do Juro:

O juro do primeiro dia será R$6.833,33. Este deverá ser acrescido ao principal
(R$5.000.000). Portanto, ao final do primeiro dia de operação o saldo devedor da
empresa será R$5.006.833,33.

2º dia da operação.
[a] Valor da operação: R$5.006.833,33

[b] Cálculo do IOF:


O Valor a ser liberado no segundo dia será R$ 5.006.416,09. Na realidade, esse
valor já foi liberado. Será debitado o valor do IOF na conta da empresa.

114
[c] Cálculo do juro no 2º dia:
Esse valor [juro do 2º dia, será adicionado ao montante do início da operação do
2º dia [R$5.006.833,33]. O montante da dívida no segundo dia da operação será
R$5.013.842,90.

3º dia da operação.
[a] Valor da operação: R$5.013.842,90

[b] Valor do IOF: .


O banco deve debitar a conta da empresa no valor do IOF, ou seja: R$ 417,82.

[c] Valor do juro: . Esse valor deve


ser adicionado o valor devido no início do 3º dia da operação: R$5.020.778,72.

18.4. EMPRÉSTIMOS DE CAPITAL DE GIRO

Na definição de Fortuna (2002), “empréstimos de capital de giro são operações


tradicionais de empréstimos que atendem às necessidades de capital de giro das
empresas”. São feitos através de um contrato que estabelece prazos, taxas, valores e
garantias e o plano de amortização, geralmente envolve prazo de até 24 meses, podendo
variar. Duplicatas com até 150% do principal emprestado podem ser usadas como
garantias, proporcionando, por exemplo, taxas de juros mais baixas. No caso de outras
garantias serem entregues, como aval e notas promissórias, os juros são mais altos.
18.5. MICROCRÉDITO

O que é realmente microcrédito?


Dizem por aí que é “dar a oportunidade de acesso ao crédito àquelas pessoas que
não têm acesso ao sistema bancário formal”.
Entretanto, a grande maioria das instituições que hoje atuam como microcrédito
utiliza recursos, ou oriundos do sistema bancário formal, ou oriundos, como
mandatários, de recursos disponibilizados via BNDES ou bancos de desenvolvimento
locais.
Quando utilizados esses recursos, tem-se que as regras que os bancos formais
são obrigados, ou seja, tem-se que verificar ficha cadastral, pedir fiador e confirmar se a
utilização dos recursos foi feita dentro do objetivo proposto. A única diferença é que o
“risco do crédito” é analisado de forma mais amena do que num banco formal, pois a
comprovação de renda muitas vezes é feita fora dos padrões bancários, via documentos.
Com isso, o custo do empréstimo no microcrédito aumenta consideravelmente,
elevando consequentemente o interesse por créditos médios cada vez maiores, por parte
das instituições de microcrédito que atuam hoje no Brasil.
Como exemplo, vamos citar o Banco do Povo, que iniciou suas atividades em
1997, ainda como um departamento do Instituto Centro Cape, e com um capital de R$
30 mil, conseguimos levar mais de R$ 800 mil em créditos para 1.800 pessoas, com
valores iniciais de R$ 50 a R$ 200. Foram na época duramente criticados pois diziam
“que crédito de R$ 50 não gera melhora e nem auto emprego para ninguém”. Entretanto,
insistiram na ideia e foram dezenas de casos de sucesso em que as pessoas com um
capital inicial de R$ 50 ou R$ 100 iniciava realmente um “negócio”. Era a manicure que

115
podia comprar esmalte e alicate, era a passadeira que comprou seu próprio ferro e
passou a trabalhar em casa, retomando o controle da família, era o empreendedor que
comprou quatro garrafas térmicas e soldou um engradado na sua bicicleta e vendia café
nas construções civis às 5 horas da manhã. O pagamento era dentro da realidade de cada
um: você recebe por semana? Então pague por semana. Você recebe por mês: então
pague por mês. Você recebe quinzenalmente: então pague quinzenalmente.
Atualmente, os bancos múltiplos pouco incentivam o uso do microcrédito, pois
as linhas de crédito normais destes bancos possuem normalmente taxas de juros mais
elevadas, elevando o “spread” bancário destas instituições.

18.6. OPERAÇÃO DE VENDOR

Esse tipo de financiamento é o verdadeiro pulo do gato para as empresas. Com


esse tipo de operação elas consegue vender a prazo, mas receber à vista. Além de outras
vantagens: diminuir os custos dos produtos, e com isso, diminuir o valor dos impostos
incluídos no preço dos mesmos (IPI, ICMS, PIS/COFINS) e se tornar mais competitiva.

Nesta operação, temos as seguintes relações:


 A empresa vende à vista
 O banco financia o comprador
 O banco paga à vista ao fornecedor.

Exemplo prático da operação de Vendor.

No dia 01 de setembro de 2011 a Cia. Belo Monte faz uma venda à empresa
Santa Helena S.A. mercadorias no valor de R$ 5 milhões. Esse valor está assim
composto:
[a] Valor sem impostos: R$ 3.300.500;
[b] Valor do ICMS: R$ 724.500 [alíquota de 18% no Estado de São Paulo];
[c] IPI: R$ 500.000 [alíquota de 10%];
[d] PIS/COFINS: R$ 475.000 [alíquota de 9,5%].

O Banco do XYZ S.A. ofereceu uma operação de vendor à Belo Monte (que é
cliente do banco), dado que a Santa Helena é uma cliente tradicional e de bom conceito
de crédito. Então, a Belo Monte resolve dar um desconto no valor da venda de 10%
(sobre o valor sem impostos), pois nesse caso em vez de uma venda a prazo (que irá
afetar o caixa da empresa), torna-se uma operação à vista (é o banco que vai financiar o
comprador). Portanto, o preço da venda sem impostos é R$ 2.970.450. O ICMS será de

R$ 652.050, isto é [ ]. O preço da mercadoria com ICMS é R$


3.622.500. Sobre esse valor incidirá 10% de IPI (R$ 362.250) e 9,50% de PI/COFINS
(R$ 344.137,50) O valor total da fatura será de R$ 4.328.887,50.
Além disso, a empresa ficará com os impostos (impostos a recolher) financiando
o seu ativo operacional, ou fazendo aplicação de tesouraria (aplicar em títulos de renda
fixa até o vencimento do recolhimento). Se vendesse a prazo, teria de fazer esse

116
recolhimento, mesmo sem ainda tê-los recebidos; podendo inclusive, ter de recorrer a
financiamentos para recolhê-los.
Nas operações de vendor, como nas operações de Desconto de Duplicatas, o
banco tem direito de regresso contra o avalista (que é a empresa vendedora). Direito de
regresso, significa que se o comprador não honrar seus compromissos, o banco cobra do
vendedor.

18.7. OPERAÇÃO DE COMPROR

Esta operação é realizada pelo outro lado do comprador na operação Vendor. O


comprador tem uma série de benefícios:

 Preço mais baixo da mercadoria [desconto dado pelo vendedor] em virtude


de desconto concedido e diminuição dos tributos, tornando-os mais competitivos que os
concorrente que não usam essa estratégia.
 Possibilidade de obter taxa de financiamento mais baixa (dependendo de sua
relação com o banco),
 Prazo mais elásticos para o pagamento da mercadoria.

18.8. OPERAÇÃO DE FACTORING

Esta é uma operação de financiamento procurada por empresas (micros e


pequenas empresas, em geral) que não conseguem se financiar em grandes instituições
financeiras. É, às vezes, verdadeiro mico, pois, como não se trata de desconto de
duplicatas (ou de cheques pré-datados); o custo é muito alto. Nela, a empresa de
factoring compra os ativos (duplicatas, cheques pré-datados) com deságio ou fator.
Nesse fator está incluído a taxa de risco, custos da operação, taxa de desconto e tributos
de ISS (municipal), pois a empresa é considerada uma prestadora de serviços.
Em princípio, não deveria incidir IOF, pois a factoring não é uma empresa
financeira, mas de fomento. Mas o Banco Central, que não reconhece as factoring´s
como instituição financeira, “deixa” a Receita Federal cobrar esse tributo (IOF).
Nesse tipo de operação, não há direito de regresso da empresa de factoring
contra a empresa vendedora do título, se o cliente não honrar o pagamento. Como não é
uma instituição financeira, não pode descontar o título, mas comprá-lo.
A Secretaria da Receita Federal por meio da IN SRF 907 (Instrução Normativa
da Secretaria da Receita Federal), de 09/01/209, "estabelece que a alienação (venda),
por pessoa física ou jurídica, de direito creditórios (títulos de crédito: duplicatas, cheque
pré-datados, por exemplo) resultantes de vendas a prazo às pessoas jurídicas que
exercem as atividades de factoring está sujeita à incidência de “IOF" (FORTUNA:2011,
p.969).

117
Exemplo de operação de factoring.
A Empresas Francisco & Lourdes Irmãos S/C, fez vendas com cheques pré-
datados no valor de R$ 2.000,00, que vencem daqui a 40 dias. Como necessita
urgentemente fazer caixa, para pagamentos improrrogáveis, vende esses títulos à
empresa de Factoring Factor. Esta aplica um fator de deságio sobre esses cheques de
21,77% (ou 1,2177), que tem a seguinte composição:
[a] taxa de juro 8,44% no período [40 dias, ou 6,33% ao mês];
[b] 3% de ISS [por se tratar de uma empresa de serviços];
[c] 0,33% de IOF [pelo prazo de 40 dias];
[d] 10% de taxa de risco. Portanto, a Francisco & Lourdes Irmãos S/C, receberá
da Factor:

Portanto, a Francisco & Lourdes Irmãos receberá líquido R$ 1.642,44. Se fosse


numa operação de desconto bancário receberia R$ 1.818,74 (6,44% de taxa de desconto
+ 0,33% de IOF + 1% de serviços bancários. A diferença entre essas duas fontes de

recursos é R$ 176,30; ou 10,75% [ ).

Diferenças entre desconto de duplicatas [Vendor, Compror] e operação de


factoring.

Somente lembrando que nas operações de desconto de duplicatas, Vendor e


Compro há o direito de regresso contra a empresa fornecedoras das
mercadorias/produtos/serviços; na operação de factoring não há direito de regresso
contra a empresa que vendeu os títulos.

DIFERENÇAS ENTRE BANCOS E FACTORING´S

BANCOS FACTORING´S
Capta recursos e empresta dinheiro - faz intermediação Não capta recursos
Empresta dinheiro Compra créditos
Há direito de regresso contra a empresa Não há direito de regresso contra a empresa
Cobra juros pelo uso do dinheiro por determinado prazo Aplica um fator pela compra de títulos
Instituições financeira - autorizada pelo Banco Central Empresa comercial
Desconta títulos e faz financiamentos Compra títulos créditos
Cliente é seu devedor A empresa sacada é o devedor
IOF e IR ISS e IOF

118
19. OPERAÇÕES DE PROTEÇÃO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E
PASSIVAS DAS EMPRESAS

DERIVATIVOS: SWAPS

Os derivativos são instrumentos de proteção contra a variação de preços de


ativos físicos [café, arroz, boi, soja, trigo] feitos pelo homem desde que o homem sentiu
a necessidade de proteger sua produção agrícola devido à variação de preço, ou pela
necessidade de melhor sua logística. Ou derivativos financeiros [índices de preço,
índices de taxa de juro, índice de variação de taxa cambial].
Não há como datar o início do uso desse instrumento. Mas há relatos dos
produtores de arroz japoneses, autores dos principais contratos de derivativos de
commodities na antiguidade. Outros, como os derivativos das tulipas na Holanda.

20.1 Principais participantes do mercado derivativo.

O esquema a seguir, apresenta os principais participantes do mercado derivativo.

AGENTES

119
HEDGER ESPECULADOR ARBITRADOR

HEDGER

São agentes que procuram se proteger contra a variação de preço de seus


produtos [commodities] ou se proteger contra a variação da taxa de juro ou de câmbio
[instrumentos financeiros]. São exemplos de Hedger de commodities um produtor de
café que inicia a sua produção é faz os cálculos de custos e margem de lucro para
vender o seu produto hoje, mas o café somente será colhido daqui a seis meses. Para
garantir o preço de hoje no futuro, faz um contrato de Hedger com outro Hedger [um
proprietário de uma torrefação de café] que deseja garantir a compra desse produto para
dar continuidade a seu negócio. Assim, está feito um contrato denominado no mercado
derivativo a Termo, isto é, há o compromisso de entrega física do produto. Assim, se foi
feito o contrato de venda de uma saca de café de 50 kg pelo preço de R$100,00, no
vencimento pode ocorrer três situações:
 O preço da saca de café de 50 kg está a R$100,00. Não há ganho nem perda
entre os hedgers.
 O preço da saca de café de 50 kg está cotado a R$110,00. Nesse caso, se o
cafeicultor vendesse nesse dia, teria um ganho adicional de R$10,00; por outro lado, se
o torrefador tivesse que compra nesse dia, pagaria R$10,00 a mais pela saca de café.
Mas o contrato deve ser cumprido: a R$100,00.
 O preço da saca de café de 50 kg está no dia do vencimento do contrato a
R$90,00. Se o cafeicultor vendesse a saca de café nesse dia, teria um prejuízo de
R$10,00; por outro lado, se o torrefador deixasse para comprar nesse dia, ganharia
R$10,00. Mas o contrato deve ser cumprido: R$100,00.

ESPECULADOR

Especulador, no mercado derivativo, não tem o sentido pejorativo. Aliás, o


mercado derivativo só existe porque há agente disposto a assumir riscos pelos partes
envolvidas nesse mercado. É o especulador que dá liquidez ao mercado. Assim, se o
cafeicultor deseja vender 30 sacas de café, mas o torrefador só deseja 20 sacas, cabe ao
especulador assumir o risco de comprar esses contratos restantes e encontrar outro
comprador que deseja comprar somente 10 sacas. Além disso, é um importante
formador de preços futuros e torná-los visíveis, pois sua atuação é pública. Se esses
contratos fossem somente privados, o mercado não conheceria o preço ajustado entre as
partes privadas.

ARBITRADOR

É outro importante agente na convergência de preços entre mercados com preços


distorcidos. Esse agente atua simultaneamente em dois mercados com preços relativos
diferenciados. Assim, se o preço do dólar no Rio de Janeiro está cotado em relação ao
real em 1,95; e, no Estado de São Paulo, está a 2,00. Este compra dólares no mercado
carioca e vende no mercado paulista. Veja, que o arbitrador corre o mínimo de risco
possível. Outros agentes percebem esse desequilíbrio entre os dois mercados e passam
também a arbitrar. Com uma procura maior no mercado carioca pela moeda americana,
esta começa a aumentar de preço em relação ao real; no mercado paulista há uma maior
120
oferta de dólares americanos, há uma queda no preço do dólar em relação ao real. Esse
processo continua até que os dois mercados estejam em equilíbrio. Portanto, a função do
arbitrador, correndo pouco risco, em mercados assimétricos, trazê-los para o equilíbrio
de preços.

SWAP [troca]

Um derivativo é um instrumento financeiro que só existe para proteger um ativo


real de flutuação de preços e diminuir seu risco; ou seja, é um contrato que deriva de um
ativo real. Entre esses instrumentos derivativos está o SWAP, que consiste na troca de
índices de correção de passivos [por exemplo] para proteger agentes econômicos.
Conforme resolução do Banco Central do Brasil, que normatizou esse instrumento, por
meio da Resolução 2.138/94, o define como operações de troca de resultados
financeiros decorrentes de aplicações de taxas ou índices sobre ativos ou passivos
utilizados como referenciais. São acordos privados para troca de fluxo de caixa no
futuro, por certo prazo, mas sem troca dos ativos negociados [referenciados].

Exemplo de uma operação de Swap de taxa de juro.

É um instrumento financeiro de grande uso no mercado financeiro: Swap de taxa


de juro. As vendas da Cia. ALFA são feitas a prazo; ou seja, ela está financiando os seus
clientes. Sabemos que se as aplicações em ativos operacionais [contas a receber, por
exemplo] não forem financiadas pelo passivo operacional [salários e encargos sociais,
por exemplo] está deverá recorrer a empréstimos de curto prazo. Tendo em vista o
exposto, a empresa deverá incluir no preço da venda a prazo a taxa de juro vigente no
mercado. A Cia ALFA incluiu no valor da venda a prazo uma taxa de 12% ao ano.
Assim, a Cia ALFA fez uma venda de a prazo de no valor de R$5 milhões, pelo prazo
de três meses. A fatura deverá ser emitida no valor de R$5.143.686,73 [
3
FV  5.000.000  (1,12) 12
]. Para financiar seus clientes [o passivo operacional não
consegue financiá-la], toma emprestado no mercado financeiro empréstimo para capital
de giro à taxa pós-fixada, com a taxa base de 12% a.a. Mas a empresa está ciente de que
um aumento na taxa de juro, o valor cobrado nas vendas a prazo [taxa prefixada] não
consegue cobrir os compromissos assumidos à taxa pós-fixada. Tendo em visto essa
situação faz uma operação de SWAP de taxa de juro junto ao Banco BETA S.A. Nessa
operação com o banco solicitou que se a taxa de juro subisse [o medo da empresa] o
banco cobriria a diferença [a taxa atual é de 12% a.a.]. Se a taxa caísse, a empresa
pagaria a diferença ao banco. Então, a taxa contrata foi 2,8737% ao trimestre [
1
[(1,12) 4  1] 100 ]. Foram fechados cinco mil contratos de R$1.000 cada.

Há três cenários para esse contrato:

Evento Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3


Após 3 meses/Taxa 2,8737% a.t. 2,98836% a.t. 2,5275% a.t.
Principal Corrigido 1.000.1,028737 = 1.000.1,0298836 1.000.1,025275
[pós] R$ 1.028,74 = R$ 1.029,88 = R$ 1.026,28
Principal corrigido 1.000.1,028737 = R$1.028,74 R$1.028,74
[pré] R$ 1.028,74
∆=Pré-Pós 0,00 (R$1,14) R$2,46

121
Resultado Não há fluxo Banco Paga Empresa paga

ANÁLISE DOS CENÁRIOS:

CENÁRIO 1. Neste cenário, a taxa de juro não variou. Portanto, não houve
necessidade de troca de fluxo de caixa entre os agentes econômicos.

CENÁRIO 2. Como temia a empresa, a taxa de juro pós-fixada aumentou. Mas


estava protegida pela operação de SWAP. Para cada contrato, o banco pagará à empresa
R$1,14, a fim de que esta complete o fluxo de pagamento de seu empréstimo.

CENÁRIO 3. Para satisfação da empresa, a taxa de juro diminuiu. Portanto,


pagará menos pelo empréstimo à taxa pós-fixada. O excedente de fluxo de caixa,
passará para o banco.

Note, que nesse caso, supondo que o empréstimo tenha sido feito no Banco Beta
S.A., não houve perdas entre os agentes, mas somente troca de fluxo de caixa que estes
ganhariam ou perderiam se os eventos ocorressem.
EMPRESA. Se a taxa de juro caísse, pagaria menos pelo empréstimos. Como
travou a posição, passou esse ganho para a possível perda de fluxo de caixa do banco.
Pagaria juro se a taxa de juro subisse, a empresa pagaria mais juros ao banco; mas como
travou a posição com o banco, este deixou de ganhar esse fluxo de caixa.
BANCO. Se a taxa de juro caísse, perderia fluxo de caixa para a empresa, mas
como este, também, travou essa posição, não perdeu fluxo de caixa em relação à taxa
prefixada. Se a taxa de juro subisse, o ganho de fluxo de caixa, repassou para a empresa,
pois esta travou sua posição.
Em qualquer situação, a empresa receberia juros de R$143.686,73. E o banco,
que concedeu o empréstimo receberia também R$143.686,73. Não haveria troca de
fluxo de caixa entre empresa e banco. Se a taxa de juro caísse, a empresa só pagaria de
juro ao banco R$126.377,38; e receberia de seus clientes R$143.686,73. Portanto, teria
um ganho de R$17.309,35. Mas parte desse ganho repassou para o banco: R$12.300,00
[5.000 contratos de 1.000 a R$2,46]. Portanto, ainda auferiu um fluxo de caixa de
R$5.009,35.
Se a taxa de juro subisse a empresa pagaria ao banco R$149.417,86. E receberia
de seus clientes R$143.686,73. O banco perderia um extra de juros de R$5.731,13. Mas
pelo contrato de SWAP o banco pagaria à empresa R$5.700,00 [5.000 contratos de
1.000 a R$1,14]. Ainda assim, teria um ganho de R$31,13.

A força de uma economia competitiva é capaz de revelar riscos inerentes a vários


setores e atividades, bem como criar, por meio de segmentos especializados do mercado
financeiro, mecanismos cada vez mais apurados e flexíveis para sua gestão. Por esse
motivo, os derivativos passaram por grandes mudanças. Nesta parte, você conhecerá os
derivativos de última geração: os swaps. Apesar de muitos autores considerarem o swap
uma evolução, sua estrutura é semelhante à dos antigos contratos a termo. As transações
de swap são uma das inovações mais significativas dos últimos 20 anos no mercado
financeiro. Sua importância está no fato de o swap poder ser combinado com a emissão
de um título e, dessa forma, viabilizar a troca da natureza da obrigação do tomador do
empréstimo.
Para que você tenha ideia do início dessas transações, volta-se aos anos de 1970.
Com o fim do acordo de Bretton Woods, que decretou o fim do padrão-ouro

122
(determinação de que a quantidade de dinheiro em circulação deveria ter lastro em
ouro), as moedas dos países tornaram-se muito voláteis, dificultando as transações
comerciais. Com a introdução dos swaps de moedas, o comércio internacional passou a
ancorar-se em moedas mais fortes, permitindo o fluxo dos negócios.

TIPOS (EXEMPLOS)

– Swap de taxa de juro: contrato em que as contrapartes trocam indexadores


associados a seus ativos ou passivos e que uma das variáveis é a taxa de juro.
– Swap taxa de DI × dólar: trocam-se fluxos de caixa indexados ao DI por
fluxos indexados à variação cambial mais uma taxa de juro negociada entre as partes.
– Swap pré × taxa de DI: trocam-se fluxos de caixa indexados a uma taxa
prefixada por fluxos indexados à taxa de DI.
– Swap de moeda: contrato em que se troca o principal e os juros em uma
moeda pelo principal mais os juros em outra moeda.
– Swap fixed-for-fixed de dólar × libra esterlina: trocam-se os montantes
iniciais em dólares e em libras. Durante o contrato, são feitos pagamentos de juros a
uma taxa prefixada para cada moeda.
– Swap de índices: contrato em que se trocam fluxos, sendo um deles associado
ao retorno de um índice de preços (como IGP-M, IPC-Fipe, INLPC) ou de um índice de
ações (Ibovespa, IBrX-50).
– Swap Ibovespa × taxa de DI: trocam-se fluxos de caixa indexados ao retorno
do Ibovespa mais uma taxa de juro negociada entre as partes por fluxos indexados a
uma variação ao DI, ou vice-versa.
– Swap de commodities: contrato por meio do qual duas instituições trocam
fluxos associados à variação de cotações de commodities.

DESPEDIDA...

Queridos alunos, mais um semestre se passou...


Nesse momento em que as esperanças se renovam, todos vocês terão a
oportunidade de fazer mais uma bela obra de arte nessa enorme tela branca chamada
vida... o resultado da obra será responsabilidade de vocês...
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano e
ainda numa fatia menor, em semestres, foi um indivíduo genial... Industrializou a
esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer um de nós se cansar e entregar os pontos, mas aí
entra o milagre da renovação e tudo se reinicia com novo número e outra vontade de
acreditar que daqui para frente vai ser diferente...
Para vocês,
Desejo os sonhos realizados... Os amores esperados... As esperanças renovadas...
Para vocês,

123
Desejo todas as cores desta vida... Todas as alegrias que puderem sorrir... Todas
as músicas que puder emocioná-los...
Para esta nova fase,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices... Que suas famílias estejam mais
unidas... Que suas vidas sejam mais bem vividas... Gostaria de lhes desejar tantas outras
coisas...
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que vocês tenham muitos desejos... Desejos grandes e que
eles possam te mover a cada minuto, rumo a FELICIDADE !!!

Que todos possam ter a posse do seu destino... e que com isso projetem e
executem um brilhante futuro... Sucesso, saúde, discernimento, “VALOR AOS PAIS” e
muitas, muitas alegrias... Parabéns por mais um semestre !!!

Grande abraço e obrigado por tudo...

PROFESSOR ALEXANDRE

124

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