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À LUZ DA ETERNIDADE - A VIDA DE

LEONARD RAVENHILL | MACK


TOMLINSON
DEDICATÓRIA
À minha esposa, Linda, que ama
Leonard e Martha Ravenhill tanto quanto eu.
Aos netos de Leonard e Martha Ravenhill, Deborah
Ruth, David, Brenna, Paulette e Andrew Lisa,
Kristina e Debra
Geoffrey, Brenden e Amanda
SOBRE LEONARD RAVENHILL

Aqueles que conhecem Leonard Ravenhill


reconhecem nele o especialista em religião, o
homem enviado por Deus não para realizar o
trabalho convencional da Igreja, mas para lutar
contra os sacerdotes de Baal no alto de sua
montanha, para envergonhar os sacerdotes
descuidados no altar, para encarar o falso profeta e
para alertar as pessoas que estão sendo desviadas.

Um homem como esse não é uma companhia fácil.


Ele não é o profissional evangélico que sai dos
cultos assim que eles terminam e corre para o
restaurante mais caro para se banquetear e contar
piadas com seus apoiadores. Evangélicos assim
podem considerar esse homem como uma vergonha,
já que ele não consegue se afastar do poder do
Espírito Santo da mesma forma que alguém
consegue desligar uma torneira. Ele confirma ser
Cristão a toda hora e em todo lugar. Isso marca-o
como alguém diferente.
Por que existem homens com espadas tão
destemidas quanto Ravenhill? Eles ficam doentes
por dentro quando veem as crianças dos céus agindo
como os filhos da terra. Para homens como esse, a
Igreja possui um débito muito grande a pagar. O
curioso é que ela raramente tenta pagar enquanto ele
ainda está vivo. Ao invés disso, a próxima geração
constrói seu sepulcro e escreve sua biografia como
se, instintiva e estranhamente, retirassem uma
obrigação da geração anterior por sua grande
ignorância.

- A. W. Tozer
UMA PALAVRA DE DAVID RAVENHILL

Não posso dizer que, enquanto criança, eu era um


leitor ávido. As coisas mudaram muito, no entanto,
desde aquele tempo. O que eu posso relembrar
claramente é que meu primeiro conhecimento real
da Bíblia veio basicamente através da leitura do
apóstolo Leonard. Exatamente, o apóstolo Leonard.
Você não vai encontrá-lo em sua Bíblia, embora isso
tenha sido sugerido pelo Apóstolo Paulo, no II
Coríntios 3:2, quando escreve: “Você é nosso
apóstolo, escrito em nossos corações, para ser
conhecido e lido por todos.”

Eu fui privilegiado por crescer em um lar


abençoado, com pais que amavam o Senhor e O
colocavam acima de tudo. Meu pai se tornou aquele
apóstolo vivo, que eu li todos os dias de minha vida.
Sua vida foi baseada em consistência, não em
contradição.

Ele foi um homem que nunca buscou divulgar suas


próprias conquistas, mas preferiu caminhar
humildemente diante de Deus. Viveu diariamente à
luz da eternidade, sempre buscando agradar o
Senhor, que o colocou como um bom soldado de
Jesus Cristo. Antes de se colocar no púlpito, ele se
colocou diante de Deus. Foi um homem de orações.
Orar era sua vida e suas orações refletiam o fato de
que esteve sozinho com Deus.

De diversas maneiras, meu pai foi um enigma, já


que a coisa que ele mais amava também era aquilo
que ele mais odiava. Ele amava a Igreja, mas
também odiava a transigência, a indiferença, o
pecado e o mundanismo que viu em muitas igrejas.
Ele passava horas reclamando de sua condição e,
mesmo assim, nunca parou de acreditar que Deus
poderia e iria recuperar os anos que os gafanhotos e
outras pestes haviam desperdiçado. Ele morreu na
fé, acreditando até o final que Deus ainda teria uma
Igreja gloriosa, “sem a fama e o brilho ou coisas
parecidas.”
Sim, foi este apóstolo que, acima de tudo, criou
meu interesse por saber mais sobre Deus e sua
Palavra. A vida, as orações, as lágrimas e pregações
de meu pai nunca foram desperdiçadas com este
filho muito agradecido. Obrigado, Senhor.
PREFÁCIO POR AL WHITTINGHILL

Foi meu privilégio conhecer Leonard por mais de


vinte e cinco anos e tê-lo como parceiro de oração e
mentor. Ele se tornou um pai na fé e no ministério
para mim. Somente o céu revelará a colossal
influência que ele teve no reino de Deus por seu
apaixonado desejo de encorajar os pregadores e
levá-los à arena do avivamento enviado por Deus.

Deus fez da vida e do ministério de Len um


catalisador para os corações daqueles que estavam
espiritualmente famintos. Por trás das cortinas, ele
parecia ser parte do fluxo de vida de todas as partes
do corpo de Cristo. Centenas, senão milhares, de
pregadores e estudantes cristãos foram muito
afetados por ele. Foi glorioso poder observar isso.

Leonard tinha um profundo temor a Deus, que


permeava tudo o que ele fazia e dizia. Ele temia
muito o Senhor e não temia a nenhum homem. Isto
era expresso em sua pregação. Ele não considerava
o favor do homem uma coisa a ser procurada. Ele
estava constantemente chamando a Igreja para o
alto, o puro, para a beleza da santidade... quase
como um porta-voz das próprias paixões de Deus.
Esta “consciência de Deus” foi um pano de fundo
ardente para cada coisa que ele fez e disse. Ele não
tinha medo de desafiar as coisas do homem ou
coisas que eram meramente agradáveis às nossas
preferências ou tradições religiosas. Ravenhill
examinaria essas coisas através das Escrituras e do
caráter revelado de Deus.

Eu também estava ciente da humanidade do irmão


Len. Talvez alguns não estivessem cientes de seu
lado doce e da parte dele que era muito gentil, mas
eu louvava a Deus por me deixar ver. Ao mesmo
tempo em que ele, muitas vezes, parecia bastante
feroz no púlpito, eu o vi chorando em particular
com terna compaixão por aqueles que estavam em
erro. Todas as coisas que o sobrecarregavam e
perturbavam pareciam colocá-lo de joelhos diante de
Deus em oração. Ele sentiu profundamente sua
completa dependência do Senhor. Ele amava a
Igreja de nosso Senhor e permaneceu
sobrecarregado por ela dia e noite. Isso também o
manteve de joelhos e acordado nas horas mais
escuras”.

Eu não tenho palavras adequadas para transmitir o


sentimento de gratidão que sinto com Deus por Ele
me dar o privilégio de conhecer e passar o tempo
com o Irmão Ravenhill. Ele parecia ter sempre uma
alegria à sua volta por respirar aquele ar raro ao
redor do trono de Deus! Ele era um amigo
maravilhoso para mim e um mentor autêntico como
um homem de Deus. Raramente passa um dia em
que não me lembro de algo que ele me disse ou uma
passagem que ele pregava. Muitas pessoas lhe
devem muito pela maneira como Deus o usou para
nos encorajar em nossa própria caminhada e em
nosso chamado. Ele me disse uma vez que havia
orado por mim todos os dias por quinze anos! Quem
pode entender tal coisa? “A verdadeira oração
fervorosa de um homem justo vale muito.” Uma
graça incrível.
Sou grato que um registro de sua vida e ministério
tenha sido escrito e espero que este livro atinja um
público amplo. É minha oração que este
maravilhoso relato de uma vida incendiada por Deus
atinja muitos corações e levante Sua Igreja a buscar
fervorosamente o rosto do Senhor para o
avivamento em nossos dias.

Al Whittinghill
INTRODUÇÃO

Lembro-me claramente da primeira vez que ouvi o


nome Leonard Ravenhill. Eu era um estudante no
Southwestern Baptist Theological Seminary em Fort
Worth, Texas, no outono de 1977. Um dia, notei um
cartaz no quadro de avisos de um dormitório
anunciando uma série de reuniões na Igreja Batista
da avenida James, onde um evangelista britânico
chamado Ravenhill faria pregação. Eu nunca tinha
ouvido aquele nome antes.

Eu não tinha nenhum interesse em ouvir um


evangelista carnal e agressivo que estava
principalmente interessado no número de decisões
evangelísticas que poderia produzir ou na
quantidade de ofertas de amor que receberia. Mas,
simplesmente por causa da insistência de um amigo,
eu fui. Suponho que se eu não tivesse seguido essa
inspiração, este livro nunca teria sido escrito, pelo
menos não por mim.
O que ouvi foi exatamente o oposto do que eu
esperava. Eu estava esperando a mediocridade e o
status quo. Ravenhill era qualquer coisa menos isso!
Logo percebi que esse inglês ardente não era um
evangelista típico. Longe disso. Ele era diferente de
qualquer pregador que eu já tinha ouvido.

Eu assisti não apenas a um culto, mas ao maior


número possível deles. Como posso descrever o que
experimentei ouvindo Ravenhill pela primeira vez?
Fiquei alarmado, quebrado, exposto, amarrado,
humilde, inspirado, repreendido, abalado, agitado,
atordoado e encorajado pelo poder e a paixão da
verdade através de um homem que tinha o Espírito
de Deus sobre ele.

No final da semana, minha perspectiva sobre a


santidade de Deus, a Bíblia, o evangelho, a vida
cristã e o ministério cristão eram diferentes. Eu vi
níveis de mundanismo em mim que haviam
permanecido escondidos até então. Eu vi razões para
o ministério que me deixaram envergonhado.
Percebi naquela semana que não sabia nada sobre a
pregação. Eu vi minha superficialidade e carnalidade
em muitas áreas, embora, de alguma forma, eu
estivesse cego durante muito tempo até aquela
semana. Foi uma semana de revelação, humilhação
e transformação.

Seis meses depois, Ravenhill voltou na primavera


para a Igreja Batista da avenida James. Voltei para
ouvi-lo novamente. Como resultado dessas duas
semanas de pregação de Ravenhill, a direção da
minha vida e do meu ministério foi
permanentemente alterada.

Logo, um relacionamento começou a se


desenvolver entre nós, o qual abrangeria os
próximos dezessete anos, até a morte de Leonard,
em 1994. Quando Leonard via jovens que estavam
espiritualmente famintos, ele queria encorajá-los,
especialmente jovens pastores. Eu era um daqueles
jovens pastores famintos.
Minha esposa, Linda, (minha noiva na época)
ouviu a pregação de Leonard mesmo antes de eu
ouvir seu nome. Ela estava ouvindo dois batistas
poderosos, Vance Havner e Manley Beasley, que a
conduziram ao ministério de Ravenhill. Então ele já
era um dos seus pregadores favoritos antes de nos
encontrarmos.

Foi pouco depois de nos casarmos que recebemos


uma breve nota de Leonard que dizia: “Comecei
uma nova reunião de oração na sexta-feira à noite
em Lindale — venha.” Essa primeira visita à reunião
de oração de Leonard na sexta-feira à noite foi o
início de um período de dez anos para nós, durante
o qual lhe assistimos em muitas noites de sexta-feira.
Muitos cristãos aprenderam o que era a verdadeira
oração como resultado de sua vida de oração e
reuniões de pregação.

À medida que a nossa vida foi tomada cada vez


mais pelas exigências das crianças e do ministério,
não o vimos nem o ouvimos com tanta frequência.
Mas os efeitos de seu ministério em nossas vidas
continuaram. A influência de Leonard sobre nós
dizia respeito aos aspectos primários do cristianismo:
desejar mais a Bíblia como um livro vivo, conhecer
e amar a Jesus Cristo, ser centrado no reino, em vez
de centrado na denominação, temer a Deus e viver
apenas pela glória de Deus. Ele me animou a desejar
uma verdadeira vida de oração e um verdadeiro
avivamento. Seu ministério me fez perceber que
pregar não é uma performance destinada a
impressionar as pessoas, mas é, sim, um presente
divino apenas para a sua glória, para avançar o Seu
reino e para tornar grande o nome d’Ele.

Um registro da vida de Ravenhill não precisa de


justificativa, exceto para dizer que nenhuma
biografia já foi escrita antes. Este livro surgiu da
convicção de que a história da vida de Leonard pode
ser usada para desafiar e inspirar uma futura geração
de cristãos e líderes cristãos. Se esse resultado for
alcançado, terá valido a pena o esforço.
Um dos desafios de escrever sobre sua vida é que
Leonard nunca manteve um diário. Os primeiros
vinte e oito anos de seu ministério público foram na
Grã-Bretanha. Não há praticamente nenhum registro
desses anos com a família Ravenhill. A segunda
metade de seu ministério foram os últimos trinta e
seis anos na América, de 1958 até 1994. Muito mais
informações estão disponíveis sobre esses anos.
Paul, o filho mais velho de Leonard, escreveu-me
sobre essa situação:

O fato de meu pai não ter uma história rastreável


completa era parte de quem ele era — um homem
cuja única justificativa era sua unção, seu
conhecimento e sua autoridade. Ele era como
alguém que veio de “não-se-sabe-onde” como uma
voz, desprendido da necessidade de um passado
para autenticar sua mensagem.

Ravenhill foi um dos poucos especialistas do século


XX na área de oração e avivamento. Sua mensagem
de reavivamento genuíno, como a de J. Edwin Orr
na América e de D. M. Lloyd-Jones na Grã-
Bretanha, foi vital para a Igreja Evangélica por mais
de sessenta anos na Grã-Bretanha e nos Estados
Unidos.

O próprio Leonard era um amante das boas


biografias. Ele conhecia a influência de uma vida
vivida em comunhão com Deus e como tal vida
afeta os outros. Ele foi um bom leitor da história da
Igreja e apreciou a leitura das vidas dos cristãos do
passado — John e Charles Wesley, George
Whitefield, Robert Murray M’Cheyne, David
Brainerd, Jonathan Edwards, Jim Elliot, Amy
Carmichael e muitos outros. Ele acreditava que cada
vida importa para Deus e afeta os outros ao longo
do tempo e da eternidade.

Ravenhill muitas vezes expressou sua convicção


sobre ler a respeito das vidas dos cristãos do
passado: “Eu não acho que exista algo mais
emocionante, além de ler a Palavra de Deus, do que
ler biografias e autobiografias cristãs para ver como
Deus criou homens.” Seu amigo próximo, A. W.
Tozer, expressou a mesma perspectiva quando disse:
“Uma das coisas mais espiritualmente úteis que os
cristãos podem fazer é ler biografias e autobiografias
de cristãos do passado.”
Embora seja verdade que Leonard adorava
biografias cristãs, não

estou convencido de que ele participaria de um


livro sobre sua própria vida — por um simples
motivo. Ele concordou com o sentimento do
professor John Murray, o teólogo escocês, que
disse: “A humildade, a contrição e a simplificação da
mente são a essência da devoção.” Ravenhill, como
Murray, detestava a ideia de fazer um nome para si
mesmo.

A única maneira de entender a vida de Leonard


Ravenhill é perceber que ele era, principalmente, um
homem de oração. Dr. Martyn Lloyd-Jones, o
ministro da capela de Westminster, em Londres, de
1938-1968, depois de ouvir Ravenhill pregar sobre
oração, disse-lhe: “O tipo de oração que você está
apresentando é estranho para mim; eu posso estudar
o dia todo, mas a verdadeira oração é um trabalho
árduo para mim.” Estas foram as palavras de um
homem que, apesar de ser um orador, ouviu e viu
algo da profundidade em relação à oração que
permeava a vida de Leonard.

Em seu livro “Revival God’s Way”, Leonard disse


que as biografias estão sempre incompletas: “Há
experiências privadas muito fragrantes para
descobrir ou muito cruas para serem expostas.
Alguns fatos não são conhecidos. Algumas partes da
história são ampliadas ou encolhidas com o capricho
do biógrafo.” Ele está certo nesta avaliação. Esta
biografia estará incompleta. Não poderia ser de
outra forma. Existem fatos e detalhes que
permanecem desconhecidos. Quanto ao que é
conhecido de sua vida e ministério, procurei não
diminuir nem ampliar nada para além do fato e da
precisão.
Ao escrever sobre Leonard, percebi novamente
minha falta de zelo, de oração e piedade, e o quanto
de mundano ainda devo ter na minha própria
jornada espiritual. Eu também senti muita
inadequação para transmitir no papel o poder e o
impacto da vida e da mensagem de Ravenhill. É
simplesmente impossível de ser feito. Seu ministério
deve ser experimentado em primeira mão para que
seu benefício seja verdadeiramente conhecido. Eu
considero um grande privilégio registrar a vida de
um homem como Leonard Ravenhill.

Para aqueles que nunca ouviram seus sermões nem


leram seus livros, eu os incentivaria a não ler apenas
este livro. Ouçam seus sermões e leiam seus escritos.
Ravenhill irá mover quaisquer cristãos para uma
caminhada mais profunda e irá desafiá-los a ir muito
além de onde estão agora em sua peregrinação
cristã. Para obter uma lista das obras de Ravenhill,
consulte a página de indicações no final do livro.

Meu desejo é que o registro de tal homem de Deus


glorificará o Senhor Jesus Cristo para uma nova
geração. O reino de Cristo ainda precisa de homens
e mulheres que tenham a piedade, a paixão, a
oração, o zelo, a seriedade, a abnegação e a unção
divina que possuía Leonard Ravenhill. Seu exemplo
pode estimular a devoção, a oração e uma visão
elevada de Deus e do evangelho entre os cristãos de
hoje e de amanhã.

Em última análise, este livro não é apenas sobre


Ravenhill, mas sobre o Deus vivo e como ele usa os
homens. Leonard era apenas um corpo. Os servos
de Cristo vivem e morrem, mas Deus permanece e
seu reino continua. Que o Deus de Leonard
Ravenhill seja honrado através da leitura da vida de
seu servo, que andou com o Senhor e direcionou
muitos para o caminho correto.

Mack M. Tomlinson Denton, Texas Outubro de


2010
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A David e Nancy Ravenhill, por seu incentivo,


apoio, hospitalidade e fornecimento de muita
informação sobre a vida, o ministério e a história
familiar de Leonard. Eles têm sido uma equipe
inestimável de incentivo e de recursos A Paul
Ravenhill, que forneceu pensamentos sábios e
informações precisas sobre detalhes da história
familiar e dos fatos do ministério.

Aos assistentes de pesquisa Lee Dodd, de Dayton,


Texas, e Kevin Williams, de Middleton, Manchester,
Inglaterra, que ajudaram significativamente a dar
forma a este livro.

Aos muitos amigos em todo o país que


pesquisaram os centenas de sermões de Ravenhill.
Sua diligência em obter material foi inestimável e,
sem eles, muita informação neste livro não ficaria
disponível.
À equipe editorial de Cathy Butler, Dr. T. J.
Gentry, Jon Green, Sarah Howard, Vicki Johnson,
Dr. E. A. Johnston, Kathleen Lorence, Pastor Mike
Morrow, e Van Vowell. Trabalhar com todos vocês
foi muito significativo e satisfatório. A Don Maciver,
o bibliotecário e arquivista na Nazarene Theological
College em Didsbury, Manchester, Inglaterra. O sr.
Maciver dispensou uma hospitalidade cálida para
nós quando visitamos a faculdade e nos forneceu
material extenso dos arquivos da biblioteca da
faculdade sobre os anos de ministério de Ravenhill
na Grã-Bretanha A Tommy e Karen Littleton, de
Birmingham, Alabama, que foram muito graciosos
no apoio e na produção deste livro.

A Al Whittinghill, de Woodstock, Geórgia, por sua


verdadeira amizade de trinta e três anos. Al foi
minha primeira conexão humana com Leonard
Ravenhill, e tem sido uma fonte de encorajamento e
apoio significativo para este livro. Obrigado, meu
querido irmão.
Às inúmeras pessoas que fizeram contribuições de
várias maneiras, tantas que é praticamente
impossível mencioná-las aqui. Elas sabem quem são
e sou grato a cada um de vocês.

À liderança e congregação de nossa igreja,


Providence Chapel, em Denton, Texas, por seu
gentil e amoroso apoio durante o período de redação
deste livro.

À minha família, que me acompanhou em minhas


divagações sobre Ravenhill e sofreu com graça a
preocupação que tal livro exige. Linda e nossos
filhos — Philip, Elizabeth, David, Cristina, Richard
e Caroline — foram todos um incentivo e apoio. Eu
amo todos vocês.

Finalmente, agradeço ao meu Deus e Pai pelo


privilégio e a bênção de conhecer a vida incrível e o
ministério de Leonard Ravenhill, que viveu sua vida
à luz da eternidade.
Mack M. Tomlinson Denton, Texas Outubro de
2010
1 O NASCIMENTO DE UM PROFETA

Lar de Walter e Lucy Ravenhill na Rua Bewerly, n.


53, em Leeds (1907)



​ ​ ​ ​

Hebreus 11 é um mandato divino para ler
biografias. - John Piper

Leeds, Inglaterra, é uma das cidades de mais rápido


crescimento nas Ilhas Britânicas; um centro urbano
com mais de setecentos mil habitantes, com uma
população de dois a três milhões em sua região
metropolitana. Situado em West Yorkshire, a
aproximadamente três horas ao norte de Londres, é
o segundo maior distrito metropolitano da Grã-
Bretanha.

A história registrada de Leeds remonta ao século V.


Durante o século XII, a aldeia não era mais do que
um pequeno centro de mercado agrícola. Evoluiu a
partir de uma pequena cidade mercantil no vale do
rio Aire, no século XVII, para um importante centro
de manufatura até o final do século XVIII, com
quase metade das exportações da Inglaterra
passando pela cidade.
Foi nos primeiros anos do século XX que um casal
recém-casado começou sua vida juntos em Leeds.
Walter Ravenhill trouxe sua nova esposa, Lucy, para
sua casa de dois andares na Rua Bewerly, n. 53, em
Hunslet, Leeds. Os tempos eram difíceis, os salários
eram baixos e o trabalho era difícil e escasso. Mas
Walter encontrou um emprego em uma empresa
siderúrgica e os Ravenhills estavam prontos para o
desafio que todos os recém-casados têm no início da
jornada conjunta.

Alguém que recriasse a história da família Ravenhill


acreditaria que Walter nasceu no pequeno condado
inglês de Oakham, Rutlandshire. Mas o censo de
1911 da cidade de Leeds revela que ele realmente
nasceu em 1877 em Chelsea, perto de Londres.
Lucy, três anos mais velha do que Walter, nasceu em
Saltburn, Yorkshire, em 1874. Sua família conheceu
Walter quando retornavam para o sul da Inglaterra
vindos da Escócia. Ele perdera seu emprego com a
equipe doméstica do duque de Argyll, possivelmente
por problemas com bebida. Ele saiu do trem em
Leeds e acabou, providencialmente, como
pensionista na casa de sua futura sogra.

Enquanto morava lá, ele conheceu Lucy e eles se


apaixonaram. Quando Walter, mais tarde, propôs o
casamento, a mãe de Lucy se opôs ao
relacionamento, mas Lucy disse que sentiu que o
Senhor lhe tinha mostrado que ele seria convertido.
Embora aparentemente fosse uma escolha
imprudente da sua parte no momento, eles foram
realmente reunidos pela mão da providência divina.

A história familiar indica que eles provavelmente se


casaram em 1902, quando Walter tinha 25 anos e
Lucy, 28. Após dois anos de casamento, sua filha
Annie nasceu. Os registros de nascimentos de Leeds
revelam que três filhos nasceram de Walter e Lucy,
mas a terceira criança morreu no nascimento ou
logo depois.

Foi durante outra gravidez, três anos depois, em


1907, que Lucy cantou e orou pelo bebê em seu
ventre. Sua mãe, também chamada Annie, orou para
que o bebê nascesse em breve. Em 18 de junho de
1907, uma parteira entregou Leonard em casa,
banhou-o e vestiu-o, depois deixou silenciosamente
a sala, deixando mãe e filho juntos.

A mãe de Len lhe contou, vinte anos depois, que


depois que a parteira deixou o quarto, ela colocou as
mãos sobre ele e orou: “Senhor, faça deste menino
um pregador ou não o deixe viver”. Ela então se
vestiu e foi à reunião semanal de oração, levando o
bebê Len consigo. Portanto, Leonard participou da
sua primeira reunião de oração quando tinha duas
horas de idade. Foi nesse tipo de atmosfera que
Leonard Ravenhill nasceu.

A devoção da mãe e da avó

O lar dos Ravenhill era, na época, uma mistura


religiosa de luz e escuridão. Lucy era a única cristã
na casa, já que Walter era um católico não
convertido. Ela era uma cristã devota e uma mulher
de orações. Embora Walter não fosse à igreja, Lucy
era forte o suficiente para não comprometer sua fé.
Sua mãe devota, Annie, que morava mais adiante na
mesma rua, foi um excelente exemplo e
encorajamento para ela.

Suas vidas proporcionaram a Leonard as primeiras


impressões sobre a realidade de Deus, começando
nos primeiros anos. Lucy muitas vezes o levou pela
rua até a casa de sua avó. Durante momentos
privados de oração, Annie puxava o longo avental
sobre a cabeça e cantava: “Gaste um tempo para ser
santo, fale com o Seu Senhor; passe muito tempo
em segredo apenas com Jesus.”

Ao crescer, Len ficou intrigado com o


comportamento de sua avó. Todos os dias, ele
descia a rua até seu chalé. Lá estava exposto à sua fé
e a ouviu cantar os grandes hinos metodistas. Mais
tarde, percebeu que tinha memorizado quase todo o
livro de hinos Metodistas:

Eu costumava ficar com minha vovó Annie, que


ficava sentada em um canto ou na lareira. Ela fiava e
se embalava e costumava cantar “Take Time to be
Holy” ou “Trust and Obey”. Eu me esgueirava na
parte de trás da casa e simplesmente me sentava e
escutava. Ela tinha um daqueles enormes aventais de
saia colorida, e pegava e jogava sobre a cabeça e se
isolava de tudo. Ela sentava na cadeira e balançava,
cantando por horas. A influência da minha avó
afetou minha mãe e a influência da minha mãe caiu
sobre mim.

Esse foi o clima espiritual que aflorou a primeira


consciência de Leonard sobre Deus. Ele sentiu o que
chamava de atmosfera Sagrada. Sobre sua mãe, ele
disse:

Você sabe o que minha mãe fazia enquanto eu


ainda estava no útero? Ela cantava. Ela sempre
estava cantando de alegria porque eu estava
chegando em breve. Ela tinha uma voz bonita e oh,
como ela costumava cantar! Adorava ouvi-la cantar.
O resultado foi que eu adorei cantar. Por três dos
anos que viajei com a minha equipe evangelística,
nunca preguei uma vez. Eu simplesmente cantei,
cantei e cantei. Eu adorava cantar!

Meu pai era um pregador do fogo do inferno,


embora não fosse ordenado por nenhuma igreja.
Agradeço a Deus pelo meu pai, mas a vida da minha
mãe me influenciou mais do que meu pai porque a
mãe ficava mais tempo em casa comigo.

A conversão de Walter

A segunda grande influência espiritual em Leonard


foi a conversão de seu pai aos 35 anos, quando Len
tinha 5 anos de idade. Os pais de Walter eram de
Oakham, perto de Leicester, a meio caminho entre
Leeds e Londres. O casal administrava uma taverna
de duzentos anos no centro da cidade e um estábulo
para cavalos de caçadores. A vida da taverna teve
uma má influência sobre Walter. Ele bebia
regularmente desde os 14 anos e foi completamente
controlado pelo álcool até os 24 anos. Sua vida
agora estava dominada pelo álcool e por um intenso
hábito de fumar. Um dos seus bens mais valiosos era
uma grande coleção de cachimbos artesanais, que
ele tinha quando Leonard estava com 5 anos de
idade.

Uma manhã, Len percebeu que todos os cachimbos


de seu pai tinham desaparecido e ele correu para sua
mãe, dizendo que alguém os tinha roubado. “Não,
querido, seu pai pegou todos os seus cachimbos e o
tabaco e deu-os ao Senhor ontem à noite.” Walter
tinha sido milagrosamente convertido a Cristo.

A providência de Deus trouxe sua salvação em


1912, quando um pregador galês chamado David
Matthews chegou a Leeds. Matthews tornou-se
bem-conhecido mais tarde por seu livro, “I Saw the
Welsh Revival”, que é uma narrativa em primeira
mão do avivamento galês de 1904-1905. Matthews
tinha sido um dos pregadores durante o avivamento,
que estava principalmente sob a liderança do jovem
Evan Roberts.
Matthews pegou o trem do País de Gales para
Leeds em uma tarde de sábado. Quando chegou à
estação principal, olhou pela praça e viu um grande
prédio, uma das mais prestigiadas igrejas da cidade.
Não sabendo se encontraria alguém lá, caminhou até
a igreja e foi recebido pelo zelador. Ele ouviu
ansiosamente quando Matthews lhe contou sobre o
avivamento galês e ele respondeu: “Nós ouvimos
sobre o avivamento — é maravilhoso.”

Por circunstâncias desconhecidas, o bem-conhecido


Matthews foi convidado a pregar na igreja no
domingo. Sua pregação foi repleta de paixão e
energia. No final do serviço, os líderes pediram-lhe
para sair, já que era uma igreja Unitária.

Matthews poderia ter ido a dez lugares diferentes,


mas, providencialmente, ele subiu a Dewsbury
Road. Lá, ele viu o grande edifício da Igreja
Metodista Unida, onde acabou pregando por um
período. Walter finalmente concordou em ir com
Lucy para ouvir Matthews pregar e foi convertido
em Cristo. Walter então foi para casa, jogou todos
os cachimbos na lareira e parou de beber
completamente. Para ele, era o arrependimento
radical de tudo o que sabia que era pecaminoso.
Walter Ravenhill era um homem mudado. As coisas
antigas passaram e todas as coisas se tornaram
novas.
Leonard agora tinha uma mãe e um pai devotos que
o influenciaram profundamente em busca do bem
eterno. Ele refletiu mais tarde sobre a mudança em
sua casa:

Minha mãe viu uma transformação total em meu


pai; tudo mudou e toda a casa se transformou. Eu
então tive uma mãe e um pai devotos. Não há como
expressar a influência da minha vida doméstica com
um pai orador e uma mãe cantora. O pai teve uma
transformação muito radical. A Bíblia diz que, se
alguém estiver em Cristo, ele é uma nova criação.
Era verdade para o meu pai — ele tinha um novo
vocabulário e novos interesses. Ele era um cara
gigante, mas era tão gentil e sua transformação
também era gentil. Ele não se preocupava mais com
os esportes e não desejava seus velhos hábitos de
beber, fumar ou qualquer coisa de sua vida antiga.
Agora, Cristo era a vida dele.

A família Ravenhill frequentava a Igreja Metodista


Nova Conexão em Leeds. Um dia, Lucy disse:
“Lenny, lustre seus sapatos e coloque suas melhores
roupas; nós estamos indo para a igreja hoje à noite.”
“Mas mamãe, não é domingo, é segunda-feira.”
“Bem, alguém está pregando na igreja que o pai ama
muito — David Matthews”. Ao entrarem no
santuário, Matthews estava no púlpito cantando:

Ferido por mim, ferido por mim, Lá na cruz ele foi


ferido por mim.

Matthews terminou o hino, jogando suas mãos para


o céu enquanto cantava:

Um dia para a terra, ele está vindo para mim,


Minhas transgressões se foram, e agora estou livre,
Tudo porque Jesus foi ferido por mim.

Walter Ravenhill tornou-se bom amigo de


Matthews. Logo a atmosfera social e espiritual de
sua casa foi maravilhosamente alterada. Eles
mantiveram o Dia do Senhor sagrado e participavam
de três serviços todos os domingos. Foi uma alegria,
não uma tarefa árdua. Leonard ficou extasiado com
o canto e a pregação. Nunca ouvira ninguém
ministrar a Palavra de Deus no poder do Espírito.

A essência de tais experiências iniciais permaneceu


com ele para sempre. Leonard teve boas lembranças
da comunhão consistente que sua família teve com
outros crentes. Estar com a igreja em suas reuniões
não era opcional para eles. A família também usou
suas férias para participar de conferências cristãs.
Ouvir uma boa pregação tornou-se uma prioridade
familiar. Leonard muitas vezes refletia sobre
memórias simples de sua vida em casa:
Lembro-me de uma noite que eu estive em um
restaurante no final da nossa rua; eles sempre abriam
à noite com os restos da noite anterior. Eles
colocavam-nos no óleo fervente e você ganhava um
peixe por um centavo e metade de um por meio
centavo. Se minha mãe se sentisse bem, ela me daria
meio centavo por meio peixe. Às vezes, ela era
generosa e me dava um centavo inteiro, e eu
conseguia peixe e batatas fritas.

Havia boas influências na vida inicial de Leonard,


particularmente durante seus anos nas escolas
inglesas. Ele frequentou a Cross Flats Council
School, em Leeds, até os 13 anos. A frequência
escolar era facultativa até os 5 anos na Inglaterra
daquela época. A importância e o poder das
Escrituras foram inculcados no início de sua vida,
não só em casa e na igreja, mas também na escola.
A primeira coisa que ele aprendeu na escola pública
foram os Dez Mandamentos. No final de cada
semana, o professor passava um trabalho de
memória bíblica: “Lembre-se, na segunda-feira,
quero que você cite metade do 8o ou do 23o
salmo.”

Quanto à influência de seus pais, de sua avó e da


pregação de David Matthews, Leonard disse:

Era como se você colocasse um tijolo, depois


outro, e depois outro. Eu estava aprendendo sobre
Deus primeiro de minha mãe e minha avó, sentindo
a presença de Deus enquanto as ouvia orar e cantar,
que era algo fora desse mundo. Então os cachimbos
do meu pai desapareceram e a mudança em sua vida
era evidente. Então tive esse confronto com a
presença de Deus através de David Matthews.

Como Leonard via a realidade do cristianismo, às


vezes ele se sentia resistente por causa da santidade
de Deus:

Eu costumava ter medo de ir às reuniões com meu


pai quando eu era jovem. Um velho homem piedoso
costumava orar: “Venha, Senhor, e ande em nosso
meio”. Eu pensava: “Espero que Ele não venha”,
porque eu morria de medo que Ele o fizesse.

Se Leonard viu devoção em sua mãe e avó, ele


também observou isso no estilo de vida diário de seu
pai. Às 7 anos, Leonard disse ao pai: “Papai, leve-
me ao exército”, referindo-se às reuniões de rua do
Exército da Salvação. Juntamente com os
trabalhadores do Exército da Salvação, os
Metodistas, Batistas, Pentecostais e outros grupos
testemunhavam nas ruas. Por conta desses tempos,
Len lembrava a perspectiva eterna e a paixão de seu
pai pelas coisas de Cristo:

Em seus primeiros dias, meu pai transitava pela alta


sociedade na Inglaterra com duques, senhores e
senhoras. Lembro-me disso sendo discutido uma vez
no jantar. No castelo onde morava, o rei costumava
vir em diversos momentos. Meu pai disse: “Estou
feliz por não ter nascido na alta sociedade assim”.
Quando alguém perguntou o porquê, ele disse:
“Porque, em todos os anos em que eu estava lá,
nunca ouvi o evangelho. Eles vivem nesse reino
artificial de, ‘Nós temos tudo’. Era tudo exibição e
estilo — ‘Nosso iate é maior do que seu iate. Nosso
castelo e propriedade são maiores do que os seus.’ E
eles nunca colocaram nada no sentido do evangelho
para a família que se encontrava ao redor da mesa.”

Fico feliz que meu pai tenha saído disso. Ele foi o
primeiro a me questionar sobre a vida cristã. Nunca
houve revistas esportivas em nossa casa. Toda a
literatura da casa era espiritual. Eu sempre estava
lendo algo sobre um missionário em uma terra
distante. Eu li um dia sobre alguém no Japão com a
Missão de Resgate do Japão e depois sobre alguém
no Congo. Todos os livros em nossas prateleiras
eram livros de assuntos espirituais, porque papai
colocava essas coisas diante de nós.

Ele não só nos disse a verdade, mas também a


viveu. Ele colocava um casaco esfarrapado nas
noites de sábado e descia para a taverna, esperando
até que os homens saíssem cambaleando, então
colocava o braço no seu e os levava para o porão da
igreja e compartilhava com eles o amor de Cristo.
Nós não tínhamos automóvel e, no entanto, papai
iria repetidas vezes, e eu dizia: “Para onde o papai
foi?” “Oh, ele conheceu um homem na noite
passada, ele o está ajudando.” Então ele traria o
homem para a igreja sujo, desalinhado e em
negação. Meu pai iria vê-lo durante a semana, e iria
atrás dele sábado após sábado. Depois de cerca de
duas ou três semanas, o homem veio com uma
camisa limpa e um terno novo, e eu disse: “Bem,
quem era o homem com quem você veio esta noite,
papai?” “Oh, esse é o homem com quem eu vim
semana passada.”

“Não, não, você veio com um homem legal esta


noite, não o homem esfarrapado, sujo e malcheiroso
com as roupas em trapos.”
“Mas é o mesmo homem. Veja, isso é o que Jesus
faz quando ele entra em uma vida.”

Enquanto Walter levava Leonard para ouvir


pregadores e missionários, as experiências foram
significativas para moldar a vida de Len:

O pai me levou a ouvir C. T. Studd, considerado


por muitos naquela época como o maior jogador de
críquete na Inglaterra durante seus dias na
universidade. Anos depois, frequentemente pregava
um serviço em um grande campo da Força Aérea na
Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, e, ao
longe, havia um castelo grande — um lugar bonito
com um campo de corrida do lado de fora. Era a
casa onde Studd fora criado, a casa ancestral de seu
pai.

Meu pai era um grande admirador de C. T. Studd.


Uma revista de missões chegava em nossa casa
todos os meses e eu lia. Eles nunca deixaram de
colocar as famosas palavras de Studd: “Se Jesus era
Deus e morreu por mim, então não há nenhum
sacrifício grande demais para eu fazer por ele.”

Studd entregou sua vida completamente ao Senhor


Jesus Cristo e passou a ter três carreiras missionárias
separadas, navegando com o Cambridge Seven para
a China, depois para a Índia para trabalhar entre os
viciados em ópio, e depois, aos cinquenta e seis
anos, no interior da África, para estabelecer a
Missão do Interior Africano, que mais tarde se
tornou a Cruzada Mundial de Evangelização. O pai
me levou um dia para ouvir Studd pregar. Ele
também me contou sobre o Exército da Salvação, e
eu só me lembro de ter visto um homem com uma
barba que eu tenho certeza agora de que era William
Booth.

Lembro-me de outros homens que vieram, como


Paget Wilkes, que fundou organizações missionárias.
Quando os ouvi, meu coração balançou.

O efeito do zelo evangelístico de Walter foi


evidente para todos. Após a conversão, ele passou
quase todos os domingos à tarde, durante trinta
anos, visitando os doentes no hospital de Leeds. Por
ter sido um católico fiel durante toda a sua vida, ele
foi particularmente bem-sucedido em atingir os
católicos. Um dia, um homem ouviu o testemunho
de Walter e respondeu amargamente: “Pedi a Deus e
ele não me ouviu — por quê?”

Walter respondeu: “Suponhamos que o rei do


nosso país entrasse neste quarto agora e eu lhe
pedisse cinco libras, o rei me entregaria? Afinal, sou
um sujeito leal à coroa.”

O homem pensou por um momento e disse, “Eu


não acho que ele iria.”

“Bem, suponha que, depois de perguntar ao rei e


ter sido recusado, o Príncipe de Gales entrasse e
pedisse o mesmo. Ele conseguiria o dinheiro?” “Oh,
sim, porque ele é o filho do rei.”

Walter disse: “Exatamente. Relações fazem toda a


diferença.”
Um ator importante da Índia estava atuando no
maior teatro da cidade. Uma tarde, entre
apresentações, ele ouviu a pregação de um
evangelista. Ficou tão impressionado que pediu
ajuda. Ele tinha sido criado como um sikh e ainda
usava um turbante. Imediatamente ele disse: “Eu não
tenho isso que você está falando; o que é?” O
evangelho foi completamente explicado a ele, e ele
veio a Cristo naquela noite.

David Matthews pregou regularmente em Leeds e


Leonard o ouviu inúmeras vezes. Foi por ouvir
Matthews que Len teve o primeiro desejo de se
tornar um pregador, mesmo antes de se tornar
cristão.

O impacto do Metodismo

John Wesley registra em seu diário que pregou em


Hunslet e em Leeds durante a última semana de
agosto de 1769. Ele esteve lá doze anos depois, em
1781, pregando para uma multidão de pelo menos
mil pessoas. Após a década de 1770, é provável que
Wesley não tivesse permissão para pregar dentro de
um prédio da igreja no norte da Inglaterra.

Grande parte de seu ministério provavelmente


ocorreu nas ruas ou em campos abertos. Ele
certamente teve um tremendo ministério em todo o
norte da Inglaterra, já que os primeiros pregadores
metodistas espalharam o evangelho
consistentemente, mesmo nas circunstâncias mais
difíceis.

A história metodista wesleyana do século XVIII


mostra que Leeds era um centro primário da
Methodist New Connexion.4 Derek Fraser afirma
que Leeds foi “um viveiro do Metodismo radical”
nos seis anos após a morte de Wesley.5 Antes de sua
morte, John Wesley havia estabelecido uma aula de
terça-feira à noite em Leeds que durou quase cem
anos, até a última parte do século XIX. A aula foi
revivida imediatamente após o Avivamento Galês de
1904-1905.
Esta é a aula que Leonard estava frequentando, que
por essa época era conhecida como a Missão de
Santidade de Leeds. Sempre que David Matthews
estava na cidade, ele mesmo frequentava o grupo.
Leonard adorava as aulas de terça-feira à noite e os
momentos de oração. No final de sua vida, ele
apreciava muito o livro de hinos metodistas de capa
de couro marroquino que ele e sua irmã usaram nas
reuniões. Ele se lembrava especialmente do
fervoroso canto: “Você nunca ouviu esse canto em
sua vida! Ninguém no mundo pode cantar como as
pessoas de Yorkshire”, sendo essa, é claro, a forte
opinião de um homem de Yorkshire!

A vida espiritual de Ravenhill, marcada pela


devoção devoção empírica, foi desde o início
enraizada no Metodismo inglês do século XVIII.
Sua avó, sua mãe e seu pai foram convertidos para
Cristo através da influência dessa herança espiritual.
Foi também nas noites de terça-feira na aula da
Missão de Santidade de Leeds que Leonard viu o
cristianismo radiante aflorar. As reuniões estavam
vivas com o poder de Deus, enquanto eles cantavam
hinos como o de Charles Wesley “And Can It Be
That I Should Gain an Interest in the Savior’s
Blood?” Mesmo como um adolescente que não
estava salvo, ninguém tinha que dizer a Leonard que
Deus era real. Não podia ser negado, já que a
realidade estava refletida nos rostos dos crentes que
Leonard tinha por perto.

Walter amava especialmente o espírito e o coração


do Exército de Salvação, e Leonard cresceu para
amar e respeitá-los também. Seu trabalho de levar o
evangelho aos piores e mais pobres da sociedade foi
incrível nesses anos. Leonard recordou mais tarde:

Nos meus vinte anos, durante um período de


pregação, adorava passar pelo prédio do Exército da
Salvação, que era o maior fora de Londres. Há um
enorme bloco de pedra na frente. Entalhado em uma
pedra, está escrito: “William Booth do Exército de
Salvação inaugurou este grupo”, e a data de 1910.
Em uma segunda pedra, lê-se: “Kate e Mary
Jackson, oficiais desse grupo.”

Foi nessa cidade pobre, em que se fia e tece


algodão em pano e toda a cidade vivia no nível de
pobreza, que Kate e Mary Jackson trabalharam por
alguns anos e nada aconteceu. Essas meninas
trabalhavam diligentemente e iam para a cama
exaustas à noite.

Então eles escreveram para William Booth: “Você


poderia nos transferir para outra estação? Estamos
tão cansadas e desanimadas. Nós tentamos tudo o
que nos ensinaram a fazer. Por favor, coloque-nos
em outro local.” Booth enviou um telegrama de
volta com duas palavras: “Tentem chorar.” Elas
fizeram isso e viram um verdadeiro avivamento.
Essas garotas foram a uma oração de parto; não
apenas oração, mas oração de parto, oração com
angústia nela. A estrada para o avivamento é muitas
vezes pavimentada com lágrimas e ruptura.

Ao olhar de volta para sua juventude, Leonard


sabia que Deus o havia preservado para seus
próprios propósitos divinos. O tempo estava se
aproximando no qual esses propósitos se revelariam
mais claramente para ele, enquanto caminhava na
luz que havia recebido.
2 AGARRADO POR DEUS: CONVERSÃO E
CHAMADO

​ ​ ​ ​ ​ ​

Alfaiate Burton, local onde Leonard trabalhou


como cortador de tecidos (1920-1927)
O maior milagre que Deus pode fazer é tirar um
homem profano de um mundo profano, torná-lo
santo, colocá-lo de volta em um mundo profano e
mantê-lo santo. L.R.

Aos quatorze anos, Leonard participou de sua


primeira vigília, passando a noite em oração. As
reuniões de oração em sua igreja metodista não
eram suficientemente substanciais para os
Ravenhills; então, quando Walter ouviu falar de uma
boa reunião de oração em uma igreja local, eles
começaram a participar. Ele chegou em casa certa
tarde e disse a Lucy: “Vamos orar a noite toda.”
Leonard ouviu as palavras de seu pai e entrou na
sala: “Eu também quero ir”. Sua mãe protestou: “Ele
vai ficar fora de casa até muito tarde.” Mas ela
consentiu e Leonard acompanhou sua primeira noite
de oração. Suas lembranças daquela noite eram
vívidas:

Nós fomos para a igreja da santidade e eles


realmente oravam. A pregação não era muito boa,
mas as pessoas lá eram incríveis. Começamos a
frequentar todas as noites de quarta-feira e
orávamos por uma hora inteira. Tínhamos uma
exortação por talvez quinze minutos e então era
apenas oração. Oravam com lágrimas e sofrimento;
eles oravam por um mundo perdido e começaram a
orar por nações que eu não conhecia. Havia alguns
cartazes e sinais dentro daquela sala. Um deles era
uma foto das Cataratas do Niágara, mas em vez de
uma água cair sobre a borda do penhasco, as
pessoas é que caíam.

Em seguida, fomos para uma pequena casa e


começamos a orar até às 2 da manhã. Meu pai tirou
o casaco e realmente começou a orar e então o ouvi
chorando.
De repente, percebi a diferença entre o formalismo
da Igreja Metodista e essas pessoas orando. Se meu
pai não estivesse em uma reunião de oração, ele
estava em casa orando. Se ele não estivesse orando,
ele estava em uma esquina testemunhando.
Ninguém lhe disse que fizesse ou organizasse
qualquer coisa; era apenas a exarcebação de sua
vida.

Primeiras influências

Honestidade, integridade e pureza explícita foram


inseridas nas mentes das crianças Ravenhill por suas
vidas inteiras. Walter era muito cuidadoso na
observação da vida de seus filhos e os corrigia de
forma consistente quando necessário. Leonard
nunca esqueceu aqueles tempos e relembra um
incidente:

Eu costumava gastar meu meio centavo aos


sábados, na loja gerenciada pela Sra. North. Eu a
amava porque ela era cega; então, toda vez que ela
estava pesando algo, os pesos caíam e ela
continuava colocando mais e mais doces. Me
ensinaram a nunca falar nada sem ser convidado,
então eu nunca falei nada para ela. Eu simplesmente
pegava o pacote e levava os doces extras. Eu fui
para casa um dia e meu Pai disse, “Venha cá, Lenny.
Você tem doces em uma mão e tem um pacote na
outra. Quanto custou?” Bem, era Natal. Eu gastei
quatro centavos e recebi 250 gramas de doces —
doces ingleses muito bons. E meu pai disse, “Não
pode ser. Onde você foi — Scargills?”

Scargills? Não, eu não iria à loja dos Scargills. O


Sr. Scargill tinha um diácono na igreja e era tão
avarento que poderia ensinar algumas lições ao Tio
Patinhas. Então eu respondi, “Não, eu fui até a
minha boa amiga, a Sra. North.”

“Você quer dizer a senhora do outro lado do vale?


Bem, ela está quase cega.”
“Sim, acho que tem algo errado com os olhos dela;
isso é verdade.”
Meu pai sabia que eu tinha muitos doces e ele
rapidamente me virou e levou-me até a porta: “Você
vai voltar para a Sra. North e contar-lhe que você foi
um menino mau e vai pedir desculpas a ela. Garanta
que nunca mais vai fazer isso de novo.”

Quando Leonard completou 14 anos, ele ainda não


era cristão. Ele teve dificuldades em alguns
momentos quando jovem, o que se tornou uma lição
para ele, que foi usada por Deus:

Uma crise veio na minha vida e eu procurei por


toda a cidade num sábado à tarde por um par de
sapatos de futebol com meu pai, porque amava
futebol e gostaria de jogar futebol. Naqueles tempos,
eu podia correr como um coelho. Nós fomos em
cinco ou seis lojas e eles tinham todos os tamanhos
que você poderia imaginar. Mas eles não tinham o
meu tamanho. Nós fomos de loja em loja e
finalmente eu estava aborrecido. Eu estava
aborrecido com meu pai e também estava
aborrecido com o Senhor, porque orei e pedi-lhe
que me enviasse sapatos de futebol. Quando Ele não
fez, eu fiquei muito chateado. Claro, eu tinha apenas
14 anos.

Mas eu te digo uma coisa. Muitas vezes agradeço a


Deus por não ter encontrado os sapatos certos. É
incrível que Deus nem sempre fala ou trabalha da
maneira que você pensa, mas, em vez disso, ele
trabalha de outras maneiras. Nem sempre é o que
Ele faz, mas às vezes é também o que Ele não faz.

Não foi até um certo momento em 1921 que


Leonard se tornou um verdadeiro crente em Cristo e
ganhou a certeza de que Cristo havia morrido por
ele. Ele nunca falou muito de sua conversão,
embora ele tenha dito que foi o exemplo de seu pai
que o levou à própria fé. Ele falava frequentemente
sobre a devoção dos pais e sua influência sobre ele:

Encontrei a fé em Cristo por conta própria. Mas


não fui salvo porque ouvi a pregação do inferno; em
vez disso, comecei a questionar as coisas quando eu
tinha 14 anos: “Por que meu pai é tão zeloso em ir
às reuniões evangelísticas de rua? Eu não vou a tais
reuniões. Por que ele lê a Bíblia e ora tanto? Eu
não.” Foi essa percepção que me fez reconhecer o
vazio que eu tinha.

Foi durante esse período da minha vida, com cerca


de 14 anos, que eu reconheci Cristo em mim. Não
vim a Jesus porque tive uma vida destruída de
pecado; eu reconheci a necessidade que eu tinha
dele porque vi que meu pai tinha algo que eu
percebi que não tinha.

À medida que crescia em sua compreensão,


Leonard foi profundamente afetado pelas reuniões
de oração de que participava. Aprendeu pela
experiência a realidade da vida cristã vivida
diariamente. Ele viu o amor genuíno entre os
cristãos enquanto oravam juntos, carregavam os
fardos uns dos outros e caminhavam juntos em
comunhão. Leonard começou a ver novas
dimensões da realidade cristã e da experiência que
ele nunca tinha visto antes.

Em 1920, quando Leonard concluiu a escola


pública, foi trabalhar como cortador de tecidos na
Alfaiate Burton, em Leeds. Ele treinou durante
vários anos para se tornar um alfaiate. Leonard
lembrava da sabedoria e da orientação de sua mãe
quando ele entrou no local de trabalho pela primeira
vez:

Minha mãe era uma mulher inteligente. Eu gostava


de sua filosofia. Ela era realmente incrível. Eu
terminei a escola aos 13 anos de idade para trabalhar
em uma fábrica. Minha mãe me puxou para um lado
e disse: “Len, quando você chegar àquela fábrica,
haverá muitas coisas que vão te surpreender. E eu
quero que você mantenha sua mente ocupada
porque Satanás não pode entrar quando sua mente
está comprometida.”

Após a sua conversão, Leonard oferecia o seu


tempo livre para servir o Senhor aos domingos, nas
reuniões de terça-feira à noite e no evangelismo
semanal de rua.

Dentro de dois anos de sua conversão, Leonard foi


ao seu ministro: “Pastor, fui um metodista toda a
minha vida; tenho 16 anos agora, mas nunca fiz
nada por Deus e não temos uma reunião de rua nem
fazemos nada para cuidar dos pobres. Por que não
vamos às ruas e começamos a testemunhar?”

Foi então que Leonard aprendeu pela primeira vez


a evangelizar nas ruas. Ele e oito amigos começaram
a realizar reuniões ao ar livre nas esquinas de Leeds.
Eles levaram uma velha carroça coberta com um
pequeno órgão portátil para a rua para usar nas
reuniões, encontrando pessoas vindas de todas as
direções, especialmente na Roxborough Road, onde
as pessoas da igreja passavam vindas de St. Peters a
caminho da igreja Metodista. Enquanto eles
falavam, as pessoas ouviam. Eles também realizaram
serviços ao ar livre em bairros em torno da cidade,
enquanto as pessoas sentavam em cadeiras ao sol
para ouvir a pregação.

Uma tarde, assim que Len começou a falar da


Bíblia, um homem que parecia ser um tanto rude
aproximou-se dele. Sem se barbear e sujo, ele
cheirava como se ele não tivesse tomado banho por
muito tempo:
“Você é apenas um menino; mas, como homem, fui
muito errado; eu fiz coisas muito ruins. Você sabe
onde está o rio? Não está adiante na estrada, cerca
de uma milha?”
“Por que você quer o rio?”

“Porque eu vou me afogar. Estou cansado. Eu


perdi minha casa e minha esposa porque sou um
bêbado.”

Leonard olhou diretamente para ele e respondeu:


“Bem, você é o tipo de homem que Deus quer. Ele
pode mudar você.” Como um menino de dezesseis
anos, Leonard não podia falar com ele
adequadamente; então ligou para o diretor da escola
dominical, que levou o homem para a igreja. Não
demorou muito para que o homem realmente
nascesse de novo. Esse foi o primeiro fruto direto do
ministério evangelístico do jovem Leonard.

Em 1927, aos vinte anos, Leonard juntou-se ao


ministério da Missão de Santidade de Leeds. Foi por
volta desse tempo que um homem deu a Leonard
uma cópia da “Vida de David Brainerd”. Este foi o
livro sobre o qual John Wesley escreveu para seu
irmão Charles: “Charles, cuide para que cada um de
nossos jovens pregadores receba uma cópia da vida
de David Brainerd e leia.”

Este livro foi um marco que mudou a vida de


Ravenhill. Foi uma sacudida espiritual para ele. Ele
viu a vida de oração de Brainerd como nada menos
que incrível. Ele não conhecia ninguém que orasse
como Brainerd fez duzentos anos antes. Quando leu
sobre a vida do jovem missionário, ele caiu no
choro: “Sempre me disseram que essas coisas
acabaram com o encerramento da era do Novo
Testamento. Mas se Brainerd podia ter uma vida de
oração assim, então, pela graça de Deus, eu também
posso.”

Leonard começou a entrar na floresta para passar o


tempo em oração. Ele fez isso por muitas noites,
sozinho. Uma noite, subiu em algumas pedras e
olhou para a cidade. Quando viu as luzes da noite
cintilando em Leeds, levantou as mãos para o céu e
orou:

Senhor, você chorou sobre Jerusalém, então eu


estou pedindo que você me dê lágrimas. Quero estar
preparado para chorar até você trazer o avivamento.
Ó Senhor, assim como você chorou por Jerusalém,
por favor me dê lágrimas! Por favor, não me deixe
morrer sem ver um verdadeiro avivamento do
Espírito Santo.

Leonard era constantemente ensinado pelo Senhor


e estava aprendendo lições de fé e obediência. Uma
das principais lições foi a de aprender a confiar em
Deus para suas necessidades diárias em todas as
coisas.

Dos 5 aos 18 anos, Leonard ia todas as quintas-


feiras ao hospital para o tratamento de uma doença
de pele que ele tinha desde seu primeiro ano de
vida.. Uma noite, pediu a seu pastor que o ungisse
com óleo porque queria que Deus o curasse.
Leonard disse: “Mesmo que você não acredite na
cura divina, o que dizer do capítulo cinco de João?”
Eles o ungiram com óleo e oraram por ele. A partir
desse momento, a doença da pele visível
desapareceu.

Ele voltou ao trabalho na fábrica no dia seguinte e


declarou: “Fui curado na noite passada.” Um colega
de trabalho disse: “Você está louco. O que você quer
dizer, você foi curado?”

“Bem, eu vou ao hospital todas as quintas-feiras


para tratamento há anos”, ele respondeu.

“Sim”, eles disseram: “Desde que você veio


trabalhar aqui, quando tinha treze anos. Nós
saberemos se você está curado ou não quando você
não precisar mais ir ao hospital.” Leonard nunca
mais teve que voltar para o hospital. A única
evidência de que ele teve a doença foi uma pequena
cicatriz no pescoço, que permaneceu até sua morte.

Com 18 anos de idade, Ravenhill teve uma


poderosa experiência de ser tomado pelo Espírito
Santo. Ele raramente falou dessa experiência nos
anos seguintes e certamente não se preocupou com a
terminologia que era usada, seja ela chamada de
batismo, tomada ou unção. A coisa mais importante
para ele era que ele havia sido empoderado de uma
maneira que mudou radicalmente sua vida cristã e
seu futuro. Os anos finais de sua adolescência foram
de crescimento sólido na graça. Sua leitura das
Escrituras e sua vida de oração assumiram
consistência e realidade que lançaram as bases para
o resto de sua vida e de seu ministério.

Um ponto de virada

À medida que 1930 chegou, Leonard, com 23


anos, estava trabalhando como um alfaiate bem-
sucedido na Alfaiate Burton. Ao mesmo tempo,
estava cada vez mais envolvido no serviço cristão
com a Missão de Santidade de Leeds, um ministério
evangelístico que trabalhava em todas as Ilhas
Britânicas.

Um dia, no final de seu turno de trabalho, quando


estava cortando material para um novo terno,
Leonard de repente teve uma profunda sensação da
presença convicta de Deus pedindo que ele deixasse
seu emprego imediatamente. As palavras “Siga-me”
foram tão fortes que ele quase se perguntou se tinha
ouvido uma voz audível:

Abaixei minhas tesouras de alfaiate, tirei a fita


métrica dos meus ombros, juntei minhas mãos
naquela fábrica de oito mil pessoas e disse: “Senhor,
eu seguirei você; não só não vou voltar, como
também não vou olhar para trás.”

Naquela noite, Leonard escreveu para a Faculdade


Cliff, perto de Sheffield, em Derbyshire. Ele
conhecia a reputação da escola. Sabia que a
atmosfera de Cliff era um lugar de devoção e
autodisciplina. Acima de tudo, sentiu que Deus o
guiava para a admissão. Ele foi aceito como
estudante logo depois e fez seus planos para sair de
casa pela primeira vez. Ele havia lido muitas vezes
as palavras de Jesus: “Ninguém que coloca a mão no
arado e olha para trás é apto para o reino de Deus”
(Lucas 9:62). Quando Leonard colocou a mão no
arado da obediência, nunca olhou para trás.
3 FACULDADE CLIFF E O MINISTÉRIO
EVANGÉLICO

​ ​ ​ ​ ​

Figura 3 - Alunos da Faculdade Cliff com Samuel


Chadwick (1932). Chadwick no meio da primeira
fila e Leonard na ponta direita da primeira fila

Me dê o amor que indica o caminho


A fé que nada pode desanimar;
A esperança de que nenhuma decepção cansa, A
paixão que vai queimar como fogo Não me deixe
afundar para ser um carvão, Faça-me teu
combustível, Chama de Deus.

- Amy Wilson Carmichael

A Faculdade Cliff, localizada em Derbyshire,


Inglaterra, perto de Sheffield, foi fundada em 1883
por Henry G. Guinness para treinar jovens para
missões cristãs. Desde a sua fundação, Cliff enviou
muitos graduados para o ministério missionário e
evangelístico em todo o mundo. Diversos estudantes
de Cliff passaram a servir com a Missão no Interior
da China de Hudson Taylor no interior da China e
também em outras nações.

Joe Brice, ao narrar a história da Cliff, falou do


espírito do local em 1934:
Desde o início da faculdade, ela nunca falhou.
Passava como uma chama sagrada de coração para
coração e de geração em geração. É o poder de uma
sucessão espiritual que se expressa em seriedade
evangélica, misturada com alegria e certeza. Cliff
insiste que o evangelista deve exemplificar o
evangelho que ele prega a fim de confirmar sua
eficácia. É o evangelista que ganha a vitória. Cliff
tem uma preocupação em implantar a plenitude da
graça e do poder.

A doutrina da salvação de Cliff pela obra redentora


de Cristo era profundamente evangélica naquele
tempo. A salvação não pode ser encontrada em parte
alguma, exceto na morte em sacrifício de Jesus
Cristo. O problema básico do homem é o pecado
original e toda a humanidade está sob o domínio de
Satanás. O remédio para esse problema é
encontrado em uma pessoa — Jesus Cristo:

Cliff acredita no milagre do perdão através da graça


expiatória de Cristo. O evangelista de Cliff não
teoriza sobre a expiação — ele a proclama. O
fundamento fixo de sua fé é a crença de que a morte
de Cristo é uma conquista salvadora. A conquista
natural do pecador, em vista da divina santidade de
Deus, é a condenação. A cruz é o alívio. O pecador
não tem aceitação com o Pai, exceto em seu Filho
Amado. Ele é reconciliado com Deus apenas através
do trabalho do Calvário. O Deus com quem o
pecador precisa lidar é justo, santo e direito, e seu
amor é o amor santo. A crise da redenção não é
sobre como o pecador pode encontrar Deus,

6 Joe Brice, The Crowd for Christ (Salem,


Oregon: Schmul Publishing), 1939, p. 105-106.

mas como Deus pode justificar o pecador e como o


rebelde pode ser perdoado.
O evangelista da Cliff, com glória e confiança,
proclama o perdão dos pecados pelos méritos de
Cristo crucificado e diz a todos os que o escutarem:

Ele morreu para expiar Por pecados não seus; Sua


dívida ele pagou,
E o seu trabalho ele fez.

Vocês todos podem receber A paz que ele deixou;


Quem fez intervenções, “Meu pai, perdoa!”7

Samuel Chadwick

O diretor da Faculdade Cliff na época era Samuel


Chadwick, o proeminente pregador metodista inglês.
A vida de Ravenhill foi tão permanentemente
influenciada por Chadwick que é importante saber
aqui algo sobre vida dele e seu ministério.

Chadwick nasceu em Burnley, Inglaterra, em 16 de


setembro de 1860, de pais devotos que possuíam
uma profunda herança espiritual. Norman Dunning
diz que o pai de Samuel havia se convertido a um
dos pregadores de Wesley e era muito ligado a ele.8

Como os tempos eram muito difíceis, Samuel


trabalhava meio expediente na fábrica local já aos 8
anos de idade. Aos 11 anos, ele havia terminado a
escola pública e estava trabalhando em tempo
integral para ajudar a sustentar a família.

Samuel tornou-se cristão aos 10 anos em um


serviço de aniversário da escola dominical. Ele
aprendeu a orar: “Eu me isolava três vezes por dia
para orações particulares e orava em espírito o
tempo todo. Três vezes por dia não era fácil. A hora
do jantar era curta, a família, grande, e a casa,
pequena. Mas eu consegui.”

Em meados da adolescência, Chadwick tornou-se


plenamente consciente de que Deus o chamava para
o ministério do evangelho. Ele não resistiu, e
começou a trabalhar diligentemente para compensar
as oportunidades educacionais perdidas:

Aos quinze anos, sua mente desperta estava


definitivamente consciente de um chamado ao
ministério. Isso marcou uma crise de propósito e
inteligência acelerados. Durante doze meses, o
menino ponderou a questão em seu próprio coração.
Para ele, nada poderia parecer uma possibilidade
mais remota do que encontrar seu caminho para o
ministério. Ele praticamente não tinha educação e
seu povo era pobre, mas ele dava provas de seu
chamado tornando-se um estudante sério e
extenuante. Estava no trabalho das seis da manhã às
seis da tarde, e às sete horas ele estava com seus
livros por outras cinco horas, lutando por gramática
e aritmética, geografia e história, teologia e Bíblia.

Ainda adolescente, Chadwick solicitou a ordenação


no circuito metodista local. O pedido foi
inicialmente recusado com base na falta de educação
formal de Chadwick, mas outro circuito metodista
em Bacup convidou o jovem pregador a se tornar
seu evangelista leigo em Stacksteads, uma vila em
Rossendale, Lancashire. O ministério de Chadwick
tinha nascido, surgindo de origens muito humildes.

Em 1883, aos 23 anos, ingressou no Didsbury


Theological College e destacou-se em seus estudos.
No final do verão de 1886, seu curso universitário
estava concluído. Em setembro, Chadwick estava
em Edimburgo. Iniciaria seu primeiro ano probatório
no Circuito Metodista da Praça Nicholson para
então começar o ministério de nível básico rumo à
ordenança.. Norman Dunning diz que Edimburgo
foi uma experiência maravilhosa para o Chadwick
de 26 anos:

A capital escocesa causou-lhe uma grande


impressão. Era uma cidade de pregadores. O Dr.
Alexander Whyte estava na Igreja St. George’s.
Henry Drummond estava no auge de seu poder na
universidade. John McNeil estava maravilhando
todo mundo. O jovem estagiário metodista revelou
sua oportunidade. Ele ouviu esses gigantes do
púlpito e conversou com homens que escreviam
livros. Nesta cidade universitária, ele sentiu o
estímulo da erudição madura e da grandeza
intelectual.
De Edimburgo, Chadwick foi se tornar ministro em
Clydebank, perto de Glasgow, na Escócia, em
setembro de 1887. Ele exerceu um ministério fiel lá
por três anos, até 1890, quando foi proposto que o
talentoso jovem pregador fosse enviado para ser o
superintendente missionário da Capela Wesley, um
trabalho missionário em Leeds. Foi um chamado
que ele aceitou e que se tornou um trabalho
próspero sob sua liderança até 1893.

Chadwick teve um ministério subsequente em


Shoreditch, perto de Londres. Finalmente, em seu
pastorado mais influente de todos, na Igreja de
Oxford Place, em Leeds, de 1894 a 1907, Chadwick
exerceu uma crescente influência espiritual em toda
a Inglaterra. Dunning fala sobre Chadwick:

Seu nome se tornou uma palavra familiar em todo


o Metodismo. Ele estava em grande demanda como
pregador e palestrante. Ele viajou o Metodismo de
ponta a ponta, inspirando grandes congregações
com sua habilidade única como expositor da Bíblia e
estimulando o entusiasmo do público por seu zelo e
oratória como um reformista social.

O ministério de pregação de Chadwick foi uma


influência poderosa em todas as ilhas britânicas. Seu
amor pela pregação nunca diminuiu:

Se há uma pessoa no mundo de quem tenho pena é


daquela que não tem amor pelo seu trabalho. Que
labuta! Eu amei meu trabalho com um amor
apaixonado e absorvente. Eu prefiro pregar a
qualquer outra coisa que conheço neste mundo. Eu
nunca perdi a chance de pregar. Eu prefiro pregar
do que comer meu jantar, sair de férias ou qualquer
outra coisa que o mundo possa oferecer. Eu
preferiria pagar para pregar do que ser pago para
não pregar. Tem seu preço; em termos da agonia de
suor e lágrimas, e nenhum chamado tem tais alegrias
e tristezas. Mas é um chamado que um arcanjo pode
cobiçar e agradeço a Deus que Ele me chamou para
esse ministério. É um glorioso privilégio
compartilhar as dores e o vinho de Deus. Eu gostaria
de ter sido um ministro melhor, mas não há nada no
mundo de Deus que eu preferiria ser.

Em 1904, três anos antes do término de seu


ministério na Oxford Place, Chadwick tornou-se
professor de meio período em teologia e ministério
cristão na Faculdade Cliff, e então conduziu trabalho
missionário em tempo integral nas áreas de
mineração de carvão de Yorkshire. Em 1913, ele
retornou para a escola, onde se tornou diretor da
faculdade até sua morte, em 1932.

Em anos anteriores, Leonard ouviu Chadwick


pregar quando era pastor da Igreja de Oxford Place.
Chadwick levou o pastorado para lá durante um
período financeiro difícil para a igreja. Havia mil
lugares vazios no grande auditório da igreja, então
Chadwick chamou a igreja para um compromisso
com a oração. Nos próximos três anos, mil e
quinhentas pessoas foram adicionadas à igreja sem
truques ou entretenimento.
Toda a cidade de Leeds conhecia o poder do
ministério de Chadwick. Sua pregação foi uma das
principais respostas para o crescente secularismo
daqueles na cidade que publicamente zombavam da
fé cristã. Uma das críticas foi que a maioria das
igrejas protestantes estava cada vez mais em
declínio, provando assim que o cristianismo não
tinha nada a oferecer para aqueles tempos. Todas as
igrejas estavam em declínio, exceto a de Oxford
Place.

Normalmente, depois do culto de domingo à noite,


Chadwick atravessava a rua em frente ao
monumento da rainha Vitória, onde os ateus se
levantavam para ridicularizar a mensagem e o
ministério de Chadwick. Semana após semana eles
zombavam da Palavra de Deus, apontando para toda
a hipocrisia das igrejas. Chadwick ouviu treze ateus
em suas discussões filosóficas.

Um domingo à noite, um ateu falava, negando a


verdade do cristianismo. Um dos ouvintes, naquele
momento, apontou para a multidão que saía da
igreja de Oxford Place e disse: “Bem, e quanto a
Igreja de Oxford Place? Esse lugar está cheio, não
é?”

O orador respondeu: “Bem, esse lugar é a exceção;


nós não podemos explicar isso. Nós a chamamos de
‘Loja Misteriosa’.”

Certa noite, Chadwick finalmente disse aos ateus:


“Agora, olhe aqui, venho ouvi-los por semanas.
Então é sua vez de vir e me ouvir, porque vocês têm
medo de ouvir o evangelho.”

Eles aceitaram o desafio. Num domingo à noite eles


encheram a galeria superior da igreja e, naquela
mesma noite, um de seus líderes foi convertido. Eles
continuaram chegando nos dias seguintes até que
todos os treze vieram a Cristo, sob a pregação de
Chadwick. Isso afetou a cidade inteira, já que bares
e tabernas fecharam e um pequeno despertar
ocorreu na área.
Na Faculdade Cliff, durante seus últimos anos,
Chadwick estava preparando uma futura geração de
jovens para pregar o evangelho e pastorear o
rebanho de Deus. Foi sob a tutela de um pregador
tão notável e um homem devoto que o jovem
Ravenhill desejou se preparar para o ministério do
evangelho.

Na Faculdade Cliff

Em outubro de 1930, Leonard chegou à Faculdade


Cliff, juntamente com dois outros jovens que
haviam trabalhado com a Missão Internacional de
Santidade. Ravenhill chegou lá para ficar sob a
tutela de Chadwick, seguindo até a primavera de
1931, o último ano completo da vida de Chadwick.

Mais tarde, Leonard lembrou-se de ter ficado na


Faculdade Cliff por apenas seis meses. Mas os
arquivos da Faculdade Cliff mostram que ele estava
lá por três termos de estudo — o primeiro, de
outubro a dezembro; o segundo, de janeiro a março;
e o terceiro, de abril a junho de 1931, um total de
nove meses.

Foi uma atmosfera espiritual sagrada e rica que


Leonard encontrou entre os professores e alunos da
Cliff. A vida acadêmica não estava divorciada de um
espírito de amor e devoção a Cristo em oração e
adoração. Chadwick costumava fazer os alunos
cantarem um hino escrito por Nahum T. Gate em
1690:

Através de todas as cenas em mudança da vida,


Nos problemas e na alegria,
Os louvores do meu Deus devem ainda
Meu coração e minha língua empregar.

De sua libertação eu me gabarei


Até que tudo o que está aflito,
Do meu exemplo, tire conforto
E encante suas tristezas para descansar.
Entre todas as aulas que Ravenhill frequentou, uma
das mais significativas foi a aula semanal de crítica
de sermões. Nas noites de quinta-feira, um aluno
diferente a cada semana pregava na capela da
faculdade e na manhã seguinte, todos se reuniam na
sala de aula principal para ouvir seis estudantes
relatarem o sermão da noite anterior.

Alguns avaliaram a precisão expositiva do


pregador, enquanto outros observaram a construção
do sermão ou as palavras e frases do pregador. Para
concluir, Chadwick fazia uma análise do sermão e
dos comentários dos alunos. Ele era sério e
meticuloso em ajudar os alunos a melhorar suas
habilidades de pregação. O sermão era submetido,
como disse Norman Dunning, a “uma operação e
amputação ocasional”.

Esse tempo passou a ser conhecido entre os alunos


como “a clínica”, pois sempre havia um diagnóstico
relacionado ao sermão de cada homem.
Um estudante chegou a se referir à época como um
inquérito, sentindo que a única coisa a fazer com seu
sermão após a pregação era enterrá-lo! Aos 23 anos
e ainda muito jovem no ministério, muitos se
perguntam como seriam os sermões de Leonard em
aula.

Ravenhill e seus colegas estudantes foram


altamente impactados pelos dons de pregação e
ensino de Chadwick:

Nenhum de nós que sentou repetidamente aos pés


de Samuel Chadwick pode esquecer isso. Ele não
era um pregador comum. Ele era um controlador de
marionetes, um pregador dos pregadores. O
renomado G. Campbell Morgan e ele eram grandes
amigos, e nunca rivais. Cada um deles detinha o
dom extraordinário do outro, muito sagrado para
críticas ou mesmo comparação. Ambos eram
expositores, mas Morgan usou termos brilhantes
sobre Chadwick.16

Enquanto estava na Cliff, Leonard teve o privilégio


de jantar várias vezes com o conhecido evangelista
Gypsy Smith, que estava no campus em diferentes
ocasiões. Foi um incentivo para Leonard e seus
colegas de classe conhecer Smith e absorver um
pouco de sua experiência e zelo.

O tempo de Ravenhill na Faculdade Cliff nutriu um


crescimento real em sua compreensão teológica, sua
vida de oração, seus dons evangelísticos e seu zelo
missionário. A vida universitária na Cliff era séria e
disciplinada — uma vida de trabalho, estudo,
oração, leitura e trabalho evangelístico. Os rapazes
eram obrigados a acordar cedo, correr duas milhas
todas as manhãs depois do café da manhã, depois
tomar um banho frio antes de irem para suas
palestras e tempo de estudo.
Quando Chadwick enviava os jovens pregadores às
igrejas nos fins de semana, ele lhes dava uma breve
exortação e orava com eles. Suas palavras finais
tornaram-se um lema regular: “Vai, e o diabo pode ir
com você. Porque se o diabo não se opuser a você,
então não vale a pena enviar você!”

Sobre a vida de oração de Chadwick e sua


influência sobre os outros, Leonard disse
posteriormente:

Eu sou eternamente grato que Samuel Chadwick


escreveu “The Path of Prayer”. Sou mais grato por
tê-lo ouvido falar em oração e, acima de tudo, grato
porque ele orou. Grande teólogo ele era. Grande
mestre do púlpito ele se tornou. No entanto, como
seu Mestre, ele era preeminentemente um homem
de oração.

Depois de deixar a Faculdade Cliff em junho de


1931, Leonard entrou imediatamente em
evangelismo em tempo integral, trabalhando com
Maynard James e outros jovens evangelistas que
haviam se juntado ao trabalho da Missão de
Santidade. Este seria o seu trabalho no futuro
imediato.

A Missão Internacional de Santidade

Para entender as raízes e o contexto dos 27 anos de


ministério de Leonard na Grã-Bretanha, é essencial
conhecer algumas das histórias da Missão
Internacional de Santidade (MIS) e da Igreja do
Calvário da Santidade(ICS). A maioria dos anos do
ministério britânico de Ravenhill — 1931 a 1958 —
esteve relacionada com esses dois grupos.

O fundador da MIS foi David Thomas, de Sul de


Gales, um empresário próspero que vivia em
Clapham, ao sul de Londres. Thomas foi
profundamente afetado espiritualmente pela
influência de Richard Reader Harris. Harris, nascido
em 1847, era um proeminente advogado inglês,
ministro metodista, autor de mais de trinta livros e
fundador da Liga Pentecostal de Oração.

A Liga de Oração não era uma igreja ou uma


denominação, mas sim uma sociedade para a
promoção da oração e da devoção. Em 1897, a
adesão à Liga de Oração ultrapassava treze mil
pessoas. Por causa da influência de Harris na vida
de David Thomas, Thomas apoiou o trabalho da
Liga de Oração por quinze anos.

Em 1906, Thomas sentiu a necessidade de algo


mais do que apenas uma sociedade cristã que
influenciava as pessoas durante a semana. Portanto,
ele estabeleceu as reuniões dominicais em uma
grande sala em suas instalações comerciais.
Inicialmente ele chamou o trabalho de Missão de
Santidade. O nome foi posteriormente mudado para
a Missão Internacional de Santidade, com sede
estabelecida em Sydney Hall, Battersea. Naquela
época, Thomas escreveu em seu diário:
O objetivo da Missão de Santidade é proclamar a
um mundo perdido a verdade da salvação plena. A
regeneração para o pecador e o batismo do Espírito
Santo e o fogo são o privilégio de todo crente, e isso
deve ser feito eficazmente em todas as cidades e
aldeias da terra.18

A MIS cresceu tanto que, quando o primeiro


periódico da missão foi publicado em 1908, havia
centros de missão já estabelecidos em Battersea,
Penn Bucks, Southampton e Carmarthen.19 Sob a
liderança de Thomas, o trabalho da nova missão
cresceu de forma constante. 32 novas missões foram
estabelecidas na Grã-Bretanha de 1908 a 1916.

Embora muito mais possa ser dito sobre o trabalho


da Missão Internacional de Santidade, nosso
propósito aqui não é registrar seu trabalho, mas
mostrar sua relação com as vidas de Leonard
Ravenhill e Maynard James, pois ambos começaram
a ministrar com a missão em 1930-31.
Em 1914, David Thomas estabeleceu uma
convenção anual de Páscoa em Battersea, perto de
Londres. Foi nessa conferência, vários anos depois,
em que Maynard James foi fortemente influenciado
por Cristo. A conferência de Battersea foi o lugar
onde James, Ravenhill e outros se reuniram para
começar seu futuro trabalho evangelístico.

A ascensão de Maynard James para o destaque na


MIS e na ICS é importante. Ele se tornou o
principal colega de Leonard Ravenhill durante anos,
enquanto trabalhava com os dois grupos. Ambos
tiveram um grande impacto na vida um do outro e,
juntos, no reino de Cristo na Inglaterra por mais de
três décadas.

Maynard James

A principal pessoa no trabalho dos evangelistas da


Faculdade Cliff foi Maynard James.20 Seu
relacionamento com Leonard Ravenhill começou na
faculdade, em 1930. Tendo todos os ingredientes de
um evangelista corajoso e verdadeiro líder, Maynard
passou de promissor pastor para a principal
personalidade dentro do trabalho da Missão de
Santidade.

Nascido em Bargoed, Gales do Sul, em 17 de abril


de 1902, em um forte lar cristão, James conheceu
Cristo em sua juventude, enquanto participava de
cultos na Missão de Santidade de Bargoed. Quando
jovem, ele se juntou ao Bando da Esperança dos
jovens na Capela Batista local da Hanbury Road.
Isso foi apenas alguns anos após o avivamento galês
de 1904-1905, e muitos lugares ainda vivenciavam a
influência do avivamento. As reuniões eram, muitas
vezes, realizadas até tarde da noite em todo o País
de Gales. Wyn Griffith descreveu-as como uma
“onda de fervor religioso”.21

O avivamento galês varreu o País de Gales


enquanto Maynard ainda era uma criança pequena.
Ele não tinha memória daqueles eventos
emocionantes, mas Paul James registra que o
movimento de reavivamento afetou grandemente os
pais de Maynard e que teria uma profunda
influência sobre o próprio Maynard.22

Aos 17 anos, Maynard foi poderosamente afetado


pela pregação de Leonard Wain e renovou seu
compromisso com Cristo. No congresso da MIS em
1920 em Battersea, a poucas semanas de seu 18o
aniversário, James teve uma experiência com Deus
que estabeleceu a direção de sua vida e de seu
futuro ministério:

Não ouvi o som de um vento impetuoso. Nem as


línguas de fogo divididas repousaram sobre minha
cabeça, nem me foi dado falar em outro idioma.
Mas minha vida cristã foi revolucionada a partir
dessa hora. O medo carnal foi expulso pelo amor
perfeito. Frustração foi trocada por uma vida de
vitória no Espírito Santo. A oração tornou-se um
prazer intenso e a Bíblia era minha carne e meu
vinho. O mais maravilhoso de tudo foi o desvelar de
Cristo no meu coração ansioso. Ele se tornou o
berço de minhas afeições. Sua beleza e graça
arrebataram minha alma feliz. E algo aconteceu que
eu nunca tinha conhecido — o Espírito Santo me
desmanchou em lágrimas quando orei pela
humanidade carente e o amor de Deus foi
derramado no meu coração pelo Espírito Santo.23

Por causa da experiência de Battersea, Maynard


ficou, mais do que nunca, vinculado ao trabalho da
MIS. Muito afetado por seus líderes, não demoraria
muito para que ele saísse de casa para começar uma
preparação mais profunda para ser um líder no reino
de Deus.

Logo após a conferência de Battersea, James


conseguiu um emprego em um laboratório químico
ligado ao Hospital Municipal de Saúde Mental de
Cardiff. Isto se provou ser um tempo para
amadurecimento, crescimento e preparação,
enquanto ficou neste local de trabalho durante vários
anos.
Maynard sentiu um claro chamado para pregar o
evangelho em sua adolescência e esse chamado foi
esclarecido e renovado em seus vinte e poucos anos.
Em 1923, James foi eleito o líder da Missão de
Santidade de Cardiff, no sul do País de Gales,
enquanto servia fielmente em seu trabalho no
hospital de Cardiff. Seu trabalho no hospital também
lhe deu a oportunidade de finalmente frequentar a
Faculdade Cliff, com a idade de 24 anos.

James entrou na Cliff em janeiro de 1927 e logo se


estabeleceu como líder entre os estudantes. Ele era
muito inteligente, um orador capaz e um cristão
fervoroso. Foi graciosamente apelidado de “Holiness
James” por alguns no colégio, por causa de sua vida
cristã consistente.24 No semestre de outono, Samuel
Chadwick escolheu James para ser o presidente do
corpo estudantil. O caráter de sua vida e seus dons
ministeriais eram evidentes para todos.

Em 1930, Maynard se casou com Louisa Jackson,


também de Bargoed. Depois de seus estudos na
Cliff, ele estava em trabalho evangelístico em tempo
integral com a MIS, quando ele e Ravenhill se
tornaram líderes entre os homens da missão.

Nos últimos anos, James desenvolveu amizade com


líderes cristãos na Grã-Bretanha, incluindo dois
homens de destaque em Londres, W. E. Sangster e
Martyn Lloyd-Jones, da Capela de Westminster.
Lloyd-Jones, que acabara de vir de Gales do Sul,
tornou-se um correspondente regular de James e o
relacionamento deles cresceu ao longo dos anos.
Embora James diferisse de Lloyd-Jones e Sangster
em algumas áreas, havia um espírito afim e
apreciação mútua entre eles. Dr. Lloyd-Jones
comentou favoravelmente sobre alguns dos escritos
de James, e Dr. Sangster e James continuaram se
correspondendo regularmente até a morte de
Sangster em 1960.25

Em 1964, Maynard James escreveu seu livro mais


popular, “Creio no Espírito Santo”, que se tornou
muito influente nas Ilhas Britânicas. James trabalhou
no material por um longo período, já que vários
capítulos haviam sido publicados anteriormente
como artigos na The Flame, a revista da Missão
Internacional de Santidade. O livro foi publicado na
Grã-Bretanha e, um ano depois, nos Estados
Unidos, pela Bethany Fellowship, de Minneapolis.

O livro lida com o batismo e derramamento do


Espírito Santo. Lloyd-Jones, falando da posição de
James sobre os dons espirituais, escreveu para ele:
“Eu acho que o modo como você lidou com a
questão das línguas é bastante perfeito. Não consigo
imaginar uma definição melhor.”26

A visão de James era de que os dons do Espírito


deveriam ser distribuídos como o Espírito Soberano
escolhesse. Mas o fruto do Espírito, disse James,
deve ser demonstrado em todos os momentos em
todos os verdadeiros crentes. O poder de Cristo é
visto nos dons, argumentou James, mas o fruto
mostra a natureza e o caráter de Cristo, que todo
cristão deve evidenciar consistentemente. Foi essa
visão equilibrada que Lloyd-Jones chamou de
“bastante perfeita”.27

Mesmo enquanto um jovem ministro, James exibiu


uma profundidade de conteúdo em sua pregação.
Seu dom de pregar aumentou e se desenvolveu mais
plenamente quanto mais ele pregava. Leonard disse
que James era o pregador favorito de Martha na
Grã-Bretanha. Esta é uma afirmação importante,
considerando com quem ela era casada. Um sermão
sobre a oração de James serve como exemplo:

Muitas coisas são necessárias no serviço cristão —


pregação, canto, exortação, etc. Mas a oração é
indispensável. Nós devemos orar ou perecer. Veja
Pedro em Atos 6:2-4 e Moisés e Amaleque em
Êxodo 17:9-11; considere as respostas dadas nas
Escrituras. A verdadeira oração deve ser: 1. No
Espírito 2. Na atitude correta 3. Consciente 4.
Perseverante 5. Definitiva 6. Inabalável.28

A pregação de James teve um impacto de longo


alcance sobre milhares de pessoas, muitas igrejas e
centenas de trabalhadores de Cristo ao longo dos
anos. Havia muitos jovens cuja vida e serviço foram
levados a novos níveis de compromisso e
consagração.

Uma dessas pessoas era um jovem chamado Colin


Peckham, que ouviu James pregar em
Pietermaritzburg, Natal, África do Sul, na última
campanha sul-africana de Maynard, em meados da
década de 1950. O sermão de James, “O que você
está procurando?”, foi um divisor de águas na vida
de Peckham, pois ele foi profundamente tocado pelo
Espírito Santo através do sermão e respondeu ao
apelo do evangelho. Depois de orar com um dos
homens e pedir a Deus que trabalhasse em seu
coração, ele voltou para a faculdade. Ao retornar,
ele se ajoelhou na estrada em oração, pedindo a
Deus para preenchê-lo com o Espírito Santo. Essa
experiência mudou sua vida.29
Peckham tornou-se um pregador do evangelho. Ele
se casou com Mary Morrison, que se converteu no
Despertar de Lewis de 1949, na Escócia, sob o
ministério de Duncan Campbell. Peckham mais
tarde tornou-se o diretor da Missão Fé em
Edimburgo e depois conduziu um vasto ministério
itinerante de pregação até a sua morte, em 2009. O
longo e frutífero ministério de Peckham começou
em uma noite, ao ouvir um sermão de Maynard
James.

James serviu em diversas ocasiões como pastor


entre várias igrejas missionárias, incluindo
Manchester, Bolton, Oldham, Bradford e Burnley,
além de servir por cinco anos como diretor do
Beech Lawn Bible College, em Stalybridge. Mas ele
é lembrado principalmente como um evangelista
internacional e palestrante em conferências, que
viajou por toda a Inglaterra como um dos principais
evangelistas dos Peregrinos. O relacionamento de
James com Leonard Ravenhill foi duradouro,
mesmo depois que Leonard e Martha se mudaram
para os Estados Unidos. Cartas foram trocadas entre
eles até o último ano da vida de James.
Em 1979, James conduziu um extenso ministério
em toda a África do Sul por dez semanas, incluindo
viagens cansativas no Transvaal, Natal e também no
Cabo. Ele pregou em igrejas wesleyanas, luteranas,
nazarenas e batistas, e em duas faculdades bíblicas
que incluíam estudantes negros e brancos. Ele
também teve o privilégio de pregar em dois protestos
evangélicos em Soweto, uma área urbana de
Johanesburgo. Escrevendo mais tarde, James
mencionou com alegria a cena em movimento que
ele experimentou lá: “Havia setecentos zulus que se
reuniram para cantar, orar, testemunhar e ouvir a
Palavra de Deus.”

Maynard continuou a conduzir o ministério como


podia até 1984, quando sofreu um derrame que
desencadeou seu declínio físico. Ele morreu no
sábado, 21 de maio de 1988. Paul James fala sobre
seu pai e seus colaboradores: “Juntamente com Jack
Ford, Leonard Ravenhill e Clifford Filer, ele abriu
uma trilha na Grã-Bretanha que não tem paralelo
neste século [XX]”.30
James e Ravenhill, juntamente com vários outros
homens da Cliff,

foram preparados por Deus para entrar em um


ministério de evangelismo que seria frutífero e de
longo alcance, de uma forma que eles ainda tinham
que imaginar. Eles não planejaram o caminho, mas
foram levados por Deus, passo a passo, para a arena
da fé.

O início do ministério de Ravenhill

Leonard tinha lembranças vívidas de seu início no


ministério, mesmo depois de cinquenta anos:

Eu me lembro quando saí da escola, estava


fervendo para pregar. Eu preguei um pouco em
Bristol, assim como Londres e New Castle. John
Wesley costumava selar seu cavalo em Bristol, ir de
lá para Londres, depois de Londres para Newcastle.
Mas eu não tinha cavalo. Eu não tinha carro nem
bicicleta. Então eu andei. A Inglaterra não é um país
grande, mas se você tentar andar quatrocentos
quilômetros, vai achar que é bem difícil. Então eu
andei tudo de novo.

Eu parei em aldeias, pregando conforme seguia,


com o meu saco de dormir. Eu batia na porta de
uma igreja e perguntava: “Podemos dormir em sua
igreja? Nós temos sacos de dormir.”
“De onde vocês são?” “Faculdade Cliff.”

“Sim, já ouvimos falar da Faculdade Cliff, então


tudo bem.”
Mas às vezes eles nos expulsavam na chuva. Eu
aproveitva cada minuto. Às vezes não conseguíamos
chegar a lugar nenhum. Nós tínhamos um carrinho e
tínhamos uma barraca. Nós montávamos e
dormíamos nela à noite. Nós ficamos encharcados
muitas vezes e fomos expulsos, mas e daí!

Não existem registros da data exata que Ravenhill


realmente se lançou em um ministério de pregação.
O que é certo é que, em 1931, aos 24 anos, ele
estava trabalhando com evangelismo em tempo
integral. Naquele ano, ele estava pregando na missão
de Oldham, que se tornou um despertar espiritual
local. Ele também ajudou Arthur Fawcett no
pastorado em Bolton. A primeira menção de
Ravenhill no Jornal da Missão de Santidade foi em
janeiro de 1933, quando Leonard é listado como um
dos “probacionários”, o que significa que ele era um
dos novos evangelistas que agora trabalhavam com o
MIS em toda a Inglaterra.31

Bolton 1931

A igreja de Bolton foi uma das primeiras igrejas


estabelecidas da MIS. O Tabernáculo de Santidade
de Bolton nasceu através de um movimento do
Espírito Santo no verão de 1931, como resultado de
doze semanas de evangelismo local pelos peregrinos.

A equipe em Bolton, liderada por Maynard James e


Dan Phillips, era originalmente composta por
Clifford Filer, Fred Haines, Albert Hart, Albert
Lown, William Maslin e Harold Waterson. Com
tantos homens sobrecarregados e orando
convergindo na cidade com o evangelho por várias
semanas, não é de se admirar que Deus tenha
trabalhado de maneira extraordinária.

A resposta à mensagem do evangelho foi tão


difundida que a campanha foi estendida de quatro
semanas para três meses. A necessidade de
trabalhadores e conselheiros aumentou tanto que a
equipe original foi acompanhada por outros
evangelistas, incluindo Jack Ford, Arthur Fawcett,
John T. Henson, Maurice Winterburn, Eric Smith e
Ravenhill.

Um registro da história da igreja fornece detalhes


do início da obra da graça:

No verão de 1931, um grupo de homens chegou à


área de Daubhill em Bolton para pregar o evangelho
de Cristo. Um grupo de cristãos de Westhoughton já
ajudara a preparar o caminho para isso pela
distribuição da literatura cristã.

Os pregadores ergueram uma tenda no antigo


mercado e começaram a testemunhar na região, a
realizar cultos e a orar pela bênção de Deus sobre a
região necessitada de Bolton. Muitas pessoas foram
por curiosidade, muitas por necessidade, e outras
apenas para discutir. Mas, para espanto da grande
maioria, logo perceberam que aquilo era algo
especial. Deus estava revelando a muitas pessoas sua
necessidade de algo que antes não conheciam —
uma paz que excede todo entendimento. Eles
perceberam que a morte de Cristo há tantos séculos
não era apenas algo histórico, mas estava mudando a
vida humana no tempo presente.

Logo a tenda foi substituída por uma maior para


conter as crescentes multidões diárias. Na maioria
das noites eles viram verdadeiras conversões, para o
espanto de toda a área de Daubhill. Reuniões ao ar
livre foram realizadas nos arredores de Tootal’s Mill
no início da manhã e nos degraus da prefeitura,
enquanto a mensagem de graça salvadora era trazida
a milhares de pessoas, resultando nas prolongadas
reuniões da campanha. Por três a quatro meses, ela
continuou. Era evidente que algo incomum estava
acontecendo. Alguns dos primeiros convertidos,
cujas vidas foram radicalmente mudadas, ainda
seguem hoje, tendo “mantido o curso” e encontrado
verdadeiramente a graça de Deus para todas as
ocasiões e para cada provação.32

As equipes experimentaram grandes momentos de


oração em vários lugares. Leonard lembrou uma vez
especialmente:

Na tenda, uma mulher veio até nós um dia. Nossa,


ela era uma visão. Ela viveu a vida mais pobre da
cidade e era a mulher mais feia que eu já tinha visto.
Ela estava vestida de preto e parecia tão miserável.
Ela nos pediu para vir tomar uma xícara de chá,
então fomos. Fomos a um apartamento e subimos.
Você não teria dado um dólar por nada na sala. Os
copos e os pratos estavam rachados. Ela começou a
orar enquanto se ajoelhava ao lado da mesa. Eu
olhei para esta mulher com feições horríveis e pele
muito áspera, mas quando ela abriu a boca, a glória
de Deus encheu aquela sala. Eu nunca esqueci isso.
Eu não pude orar depois disso. Eu havia orado com
muitos homens ao redor do mundo, mas fiquei
profundamente comovido com a oração daquela
mulher.

Um poderoso trabalho de graça ocorreu durante as


semanas prolongadas em Bolton. Foram pouco mais
de mil conversões registradas durante o período de
três meses, embora os evangelistas não estivessem
tentando enfatizar números. Era muito evidente que
um trabalho divino estava ocorrendo, e havia casos
notáveis de cura divina concedida soberanamente.

Minnie Hope Singleton, uma jovem em Bolton,


ajoelhou-se em arrependimento e entregou seu
coração a Cristo durante as reuniões de 7 de agosto
de 1931. Ela relembrou como seus pais, os Hopes,
foram maravilhosamente salvos naquele verão
também. Minnie mais tarde tornou-se missionária na
África e o Sr. e a Sra. Hope tornaram-se os
primeiros zeladores da nova igreja em Bolton.33

Ao registrar os efeitos gerais da campanha de


Bolton, Paul James diz:

Não é exagero dizer que foi um fenômeno. Mas,


muito mais do que isso, trouxe bênçãos para
milhares de pessoas. Lojistas relataram a liquidação
de dívidas antigas, embora os salários estivessem
baixos e o desemprego estivesse aumentando.
Jornais locais e até nacionais estavam registrando
isso.34

É importante notar também que a maioria dos


convertidos eram pessoas de fora da igreja, não
eram membros registrados da igreja. Os peregrinos
se sentiam responsáveis por eles, sabendo que a
maioria das igrejas em volta seria liberal, e não
evangélica. Ficou claro que o fruto do despertar
local deveria ser mantido pelo estabelecimento de
uma nova igreja:

Um novo edifício era necessário rapidamente!


Providencialmente, o local coberto de cinzas onde a
tenda foi erguida foi emprestado a eles pelo
escudeiro local. Albert Lown negociou um contrato
com eles e supervisionou a construção de um prédio
pré-fabricado com capacidade para quatrocentas
pessoas.35

Minnie Singleton lembrou como a igreja começou:

Uma igreja verdadeira era uma necessidade. Planos


foram elaborados e Albert Lown, que havia sido
carpinteiro e construtor por ofício, começou as
fundações do Tabernáculo. Além de passar noites
em oração, realizar cultos ao ar livre e pregar a
Palavra, mãos dedicadas estavam ocupadas
erguendo um edifício para a glória de Deus. Os
serviços continuaram na tenda e o entusiasmo
cresceu à medida que o prédio se aproximava da
conclusão. Então o dia de abertura foi finalmente
anunciado, e Lown e seus colaboradores
trabalharam durante a noite, dando os últimos
retoques no santuário, que se tornaria o berço de
muitas almas.36

No sábado, 31 de outubro de 1931, o Tabernáculo


de Santidade de Bolton abriu as portas com um
culto vespertino. O Dr. Samuel Chadwick havia sido
convidado para pregar o sermão, mas, devido à
doença, foi substituído por Norman Dunning. O
serviço da noite foi pregado por um pregador
americano, Arnold Hodgin.

Arthur Fawcett

Arthur Fawcett foi escolhido como o primeiro


pastor da nova missão de Bolton. Fawcett, um
jovem de Yorkshire, ainda estava concluindo seus
estudos bíblicos no Emmanuel Bible College, em
Birkenhead, quando assumiu o ministério pastoral
em Bolton. Seu pai, um mineiro, havia dedicado
Arthur a ser um homem de Deus quando o filho
recém-nascido quase morreu ao nascer. Arthur não
soube desse fato até seu pai morrer porque o Sr.
Fawcett não queria impedir o trabalho de Deus em
chamar seu filho. O jovem Fawcett enfrentou várias
dificuldades nos anos seguintes, mas sempre parecia
ter uma alegria e satisfação que irradiavam de sua
vida.

Durante seus estudos na Emmanuel, Fawcett se


juntou ao trabalho evangelístico dos peregrinos na
campanha em Bolton. Seu exemplo e ministério
foram tais que foi Fawcett quem os líderes sentiram
que deveria assumir o novo trabalho pastoral ali. A
abordagem de Fawcett foi tal que ele foi descrito
como conduzindo “um ministério vigoroso”, e a
igreja cresceu consistentemente desde seu início.37

Ravenhill foi convidado para se tornar pastor


assistente de Fawcett em Bolton durante o primeiro
ano, mas só permaneceu até 1933, quando foi
convidado a retornar à igreja de Oldham para se
juntar a Maynard James no trabalho pastoral de lá.
Fawcett permaneceu em Bolton até 1940, quando
partiu para conduzir novos ministérios em outros
lugares na Grã-Bretanha, e passou a pregar na igreja
em Uddington até 1949. Ele então prosseguiu com
seus estudos teológicos na Universidade de Glasgow,
completando um doutorado em História da Igreja.
Foi então ordenado na Igreja da Escócia e serviu
como ministro da Igreja Paroquial de Johnstone, em
Renfrewshire, na Escócia, por 24 anos. Entre os
livros de Fawcett está sua obra histórica altamente
considerada, a “Cambuslang Revival: The Scottish
Evangelical Revival of the Eighteenth Century”,
publicado pela Banner of Truth Trust. Fawcett é
lembrado por Hugh Rae:

Arthur Fawcett tornou-se o primeiro pastor em


Bolton e era uma lenda local em seu próprio tempo.
Ele sofria de visão deficiente, mas era um homem
muito culto e um pregador de considerável
influência. Ele deixou Bolton com uma próspera
congregação e, para eles, ele era um pastor pregador
incomparável.38
O ministro batista em Johnstone disse sobre
Fawcett após sua morte em 1975:

Pelo chamado domiciliar do Dr. Arthur Fawcett, a


Igreja da Escócia e sua vida evangélica perderam um
renomado erudito e santo. Ele era um excelente
teólogo, um pregador ao ar livre muito procurado e
um escritor talentoso.39

Dizia-se que Fawcett era “um homem a arder por


Cristo e acendeu a chamada fé nos corações de
muitos em toda a Escócia e além”.40 Ravenhill disse
que Fawcett foi um dos pregadores mais brilhantes e
talentosos que ele já ouviu.

Jim Snape, um dos membros fundadores da igreja


de Bolton, costumava contar como seus colegas de
trabalho no Lees Mill o provocavam quando ele
testemunhava sua fé em Cristo. Uma pessoa disse a
Snape que a igreja recém-inaugurada logo se
dissolveria e deixaria de existir, e o prédio teria de
ser usado como um depósito para a fábrica. Mas,
cinquenta anos depois, a igreja ainda estava forte.

Após a campanha de verão em Bolton, Fawcett


assumiu o trabalho pastoral e Maynard James
retornou ao pastorado em Manchester. Mas o dom e
a motivação do evangelismo finalmente motivaram
James a continuar com seu desejo de ver mais
igrejas construídas. No ano seguinte, 1932, houve
outras campanhas em Leeds, Farnsworth e outros
lugares, mas elas não se compararam ao trabalho de
graça em Bolton.

Ordenação de Ravenhill

Leonard não era oficialmente comissionado ou


ordenado por nenhuma igreja até 1937, quando
George Sharpe, um pregador metodista escocês que
pastoreava igrejas metodistas e congregacionais nos
EUA e na Inglaterra, liderou o serviço para ordenar
Ravenhill e outros dois ao ministério evangélico na
Igreja do Calvário da Santidade. Os outros
ministros, J. B. Maclagan e James Macleod,
também participaram da ordenação, que ocorreu na
terça-feira da semana da Páscoa de 1937.

Leonard chegou a acreditar depois que a ordenação


pelos homens não era tão essencial quanto a
ordenação de Deus. Sua visão mais madura era que
ser verdadeiramente enviado por Deus era muito
mais importante do que ser ordenado por homens.

Ravenhill estava agora totalmente envolvido no


trabalho de sua vida. Ele não sabia o que estava por
vir. Mal sabia ele que mais vinte anos de pregação
do evangelho e evangelismo frutífero estavam diante
dele nas Ilhas Britânicas, um ministério de longo
alcance que afetaria milhares de vidas antes e depois
da Segunda Guerra Mundial. Ele também não tinha
ideia de que, além da Grã-Bretanha, um ministério
mundial o aguardava, longe de sua amada terra
natal.
4 UM GRUPO DE IRMÃOS: OS
PEREGRINOS SAGRADOS

Figura 4 - Os peregrinos da missão sagrada (1931)

​ ​ ​ ​ ​

Os Mochileiros e Peregrinos da Santidade eram


um grupo de jovens irmãos em Cristo que vieram
de várias origens culturais, econômicas e
religiosas. Eles possuíam diferentes visões
teológicas sobre questões secundárias — alguns se
apegavam firmemente ao batismo do crente por
imersão e outros não. Alguns eram milenares em
sua escatologia e alguns eram pré-milenistas.
Alguns acreditavam na ética da guerra e alguns
eram pacifistas.

O que eles tinham em comum eram os pontos


essenciais — uma Bíblia inequívoca e suficiente, o
poder de Jesus Cristo como o único Redentor, a
regeneração pelo Espírito Santo, a justificação
somente pela fé, a necessidade da conversão
pessoal do evangelho, a santidade da vida e o
poder e a obra de batismo do Espírito Santo. Eles
viveram uma vida de fé, aceitaram o custo de
seguir o Cristo e exemplificaram um coração
amoroso. Eles experimentaram a autoridade divina
na pregação e no evangelismo. Eles pregaram sem
medo o Cristo crucificado como a única esperança
para os pecadores perdidos.
Foi a urgência da mensagem do evangelho que os
obrigou a atravessar a Inglaterra mais de uma vez,
pregando enquanto seguiam. John Wesley e George
Whitfield teriam se alegrado com suas vidas e
mensagens. Da mesma forma que seu Mestre, eles
fizeram o bem e seguiram fazendo o bem até o fim
de sua peregrinação, vivendo e morrendo na fé.
Eles eram homens cheios de fé e do Espírito Santo,
dos quais este mundo não era digno.

Mack M. Tomlinson

Foi na Faculdade Cliff, em 1931, que Leonard foi


convidado a participar de um ministério que moldou
seus futuros anos. Samuel Chadwick teve uma visão
de um ministério evangelístico mais amplo, em que
equipes de jovens evangelistas viajariam pelas Ilhas
Britânicas para levar o evangelho às massas da
sociedade sem crenças.

Enquanto ainda era um aluno na Cliff, James foi


afetado pela proposta e visão de Chadwick de um
ministério conhecido como “trekking”, que já havia
sido usado na Grã-Bretanha por alguns ministérios
evangelísticos. Bem conhecida na África do Sul,
“trek” é uma palavra holandesa para “vagar”, o que
significa “viajar longas distâncias”, “fazer trilhas a pé
em uma longa viagem” — literalmente,
“transportar”. Albert Lown registrou as palavras de
Chadwick da forma como ele as expressou:

A ideia é enviar grupos de jovens, cheios de fé e do


Espírito Santo, para pregar o Cristo a multidões que
não são alcançadas e não são procuradas pelas
igrejas. Eles não receberão salário, mas sairão como
são guiados e viverão pela fé. Nenhuma doação será
coletada, nenhuma inscrição será solicitada e
nenhum favor será implorado. Eles vão vagar de um
lugar para outro para pregar, testemunhar e cantar
nas ruas, nos mercados, nos vilarejos verdes e nas
praias, dependendo de Deus para tudo, e dormindo
onde quer que um abrigo possa ser encontrado.41

Maynard James tornou-se um dos primeiros líderes


dos peregrinos na Faculdade Cliff, quando eles
começaram a realizar campanhas ou missões em
locais onde a MIS estava evangelizando. O trekking
foi usado por Deus na salvação de muitas almas e no
avanço do reino de Deus na Grã-Bretanha,
especialmente na Inglaterra e no País de Gales.

Mochileiros e Peregrinos da Santidade

A primeira equipe de peregrinação da Cliff


começou seu trabalho assim que a ideia foi
anunciada por Samuel Chadwick. Uma equipe de
dez jovens evangelistas partiu, ficando conhecidos
como os Cliff Trekkers. A primeira equipe andou
quase quinhentas milhas em sua jornada inicial. Eles
faziam sua base onde quer que uma igreja os
recebesse e estavam sempre levando o evangelho
àqueles sem igreja. Se não fossem recebidos por
uma igreja, encontravam um lugar para sua barraca
e a armavam.

A primeira equipe de peregrinos de James era


composta por três colegas estudantes da Cliff —
Albert Hart, Bill Henson e William Maslen. Sua
primeira missão foi em Fenton, começando em 27
de junho de 1928, e a segunda foi na sede
internacional da MIS em Battersea, onde um quinto
evangelista, Kenneth Bedwell, se juntou a eles.
Ambas as missões tiveram um sucesso genuíno. Foi
na Páscoa que Leonard e outras pessoas se juntaram
aos peregrinos na Conversão da Missão de
Santidade em Battersea, perto de Londres. Logo,
mais equipes foram formadas e começaram a sair
para pregar.

Como as equipes funcionavam? Os caminhantes


viajavam a pé de cidade em cidade, realizando
missões de pregação. Hoje, esse ministério
evangelístico seria chamado de “evangelismo”,
“trabalho missionário” ou mesmo uma “cruzada”. A
terminologia naquele momento era chamá-los de
“uma missão”. Eles chegavam em uma cidade, às
vezes convidados e às vezes sem serem convidados,
permanecendo, normalmente, por três semanas. Seu
trabalho incluía a pregação evangelística ao ar livre
em parques, nas esquinas das ruas e nos mercados
da cidade, bem como o evangelismo pessoal diário:

Por todo o caminho em sua jornada eles pregam e


testemunham, e em todos os lugares eles veem
homens e mulheres convertidos. Todos os anos, em
números cada vez maiores, mas com o mesmo
sorriso, os Cliff Trekkers foram para a estrada. Em
grupos de oito a dez, eles percorreram milhares de
quilômetros. Eles se tornaram testemunhas em
praças e mercados, e em praias lotadas e pistas de
corrida, para multidões de todos os tipos. Homens e
mulheres, vivendo separados de Deus e de sua
igreja, sem nenhum uso para a religião, foram
cativados por sua mensagem e se converteram
ferozmente. Os jovens, que foram criados em lares
cristãos e alimentados na religião, sentindo a força
de sua mensagem real e alegre, foram levados a se
confessar a Cristo e a encontrar uma experiência
pessoal com Ele.

Talvez você encontre os peregrinos na estrada um


dia. Haverá de oito a dez deles, rapazes felizes,
bronzeados, vestidos de cáqui, puxando uma carroça
cheia de utensílios de cozinha. Não há como dizer
quão longe eles alcançaram. Eles estarão cantando,
sempre cantando, já que são menestréis do Senhor.
Eles marcharão com uma certeza alegre e você os
conhecerá pelos seus aleluias, pois a sua é uma
cruzada de evangelismo jubiloso e sacrificial. Se
você os ajudar, eles se regozijarão, mas não pedirão
favores e concluirão a campanha com o suficiente
para comprar novas rodas de carrinho para a
campanha do próximo ano. Sua vida é um romance
da providência divina.

As implicações da semana dos peregrinos são


inspiradoras e revolucionárias. Que um grupo de
jovens se engaje em um trabalho tão sério e de
longo alcance, que exige compromisso e sacrifício
absolutos, é nada menos que surpreendente. Os
peregrinos atravessaram a Inglaterra mais de uma
vez, dormindo em parques e campos, em algum
momento sem comida e dinheiro. As equipes
caminharam, empurrando um carrinho contendo as
necessidades básicas, indo a uma cidade diferente a
cada três semanas para montar sua barraca.

Viver pela fé trouxe muitas experiências novas e


interessantes, enquanto os homens da Cliff
caminhavam pela Inglaterra e por partes do País de
Gales. Um dia, um trabalhador da construção civil
aproximou-se de um dos evangelistas em Liverpool
e entregou-lhe um saco de bolinhos. “Aqui”, ele
disse, com os olhos cheios de lágrimas, “eu passei
sem as minhas duas cervejas de hoje para dar-lhes
isso.”

Nunca faltou nada aos peregrinos em suas viagens.


Pessoas sem igreja, assim como os cristãos que
conheceram, ajudaram-nos. Quando a roupa ou as
botas precisavam ser consertadas, as pessoas
ajudavam. Uma equipe de peregrinos estava longe
da Faculdade Cliff e sem dinheiro, então eles se
entregaram à oração. Na sua próxima parada, um
empresário rico os convidou para o chá. No final da
visita, ele entregou-lhes um envelope contendo cinco
libras, sem saber de sua necessidade. Mais tarde,
quando chegaram à balsa no Canal de Bristol, uma
pessoa anônima deu-lhes dinheiro suficiente para
cobrir o custo de todas as suas passagens.

As memórias que Leonard teve com seus colegas


evangelistas foram especiais para ele:

Dois dos homens que viajaram na minha equipe


eram apenas iniciantes na oração. Havia cerca de
seis de nós caminhando por toda a extensão da
Inglaterra. Não tínhamos cinco dólares somando
todos nós. Vivíamos a maior parte do tempo com
uma fatia de pão e metade de um tomate.

Eu aprendi mais com esses homens do que aprendi


antes ou depois daquele tempo. Nós chegávamos de
uma reunião depois de ter pedras ou água jogadas
em nós, tomaríamos uma xícara de chocolate
quente, comeríamos uma fatia de pão, talvez metade
de um tomate e diríamos: “Bem, rapazes, à meia
noite vamos orar um pouco.”
Evangelismo peregrino

Como era o evangelismo deles? É uma cena que


não se esquece rapidamente. Com oito a dez
homens em uma equipe, o ministério não tinha um
alcance limitado. A equipe se organiza onde quer
que as pessoas estejam e começa a testemunhar. Um
mercado aberto da cidade é invadido pelos
peregrinos e, em seguida, conforme as pessoas vão
se aproximando, o primeiro homem começa a falar.
Então, um após o outro, cada homem dá
testemunho do que Cristo fez por sua alma. As
pessoas começam a parar e ouvir. O poder e a
variedade dos testemunhos são impressionantes.
Inicialmente, as pessoas ficam impressionadas com a
dignidade e a expressividade dos homens. Mas isso
não é o que faz com que eles continuem ouvindo. O
poder e a graciosidade das palavras dos evangelistas
se tornam um ímã. Logo há testemunhos de várias
pessoas, e então os evangelistas pregam:
Um mineiro segue um funcionário do banco, e um
homem de uma fábrica de algodão se junta a um
menino de uma fazenda, dando testemunho de uma
salvação comum. Os cansados de coração começam
a ouvir, enfeitiçados pela mensagem de Cristo. Os
próprios evangelistas são simples, fervorosos e
seguros. Eles conhecem o evangelho do Novo
Testamento e pregam a Cristo. Eles não se esquivam
de dificuldades, mas não discutem. Eles sabem em
Quem eles acreditam e têm razões e garantias para
sua fé. Eles estão tão certos de sua mensagem que é
inútil argumentar contra eles. Eles pregam a Cristo
em termos rigorosos. Eles carregam para casa a
necessidade do pecador e oferecem Jesus no local
como uma salvação livre, plena e presente.

Todos os tipos de pessoas vieram a Cristo em suas


reuniões — bêbados, prostitutas, atletas, estudantes,
empresários e um bom número daqueles que vivem
na periferia da comunidade. Muitas vezes também,
os convertidos são membros da igreja. Em todo
lugar, homens e mulheres se voltam para Cristo e,
antes de sair de um local, os peregrinos procuram
conectar os convertidos às igrejas locais, onde serão
recebidos e pastoreados.43

Havia uma cidade tão desregrada que os


evangelistas foram instados a não a visitar porque
lhes disseram que não faria sentido ir até lá. Os
peregrinos ignoraram o conselho, entraram na
cidade e logo testemunharam uma cena em
movimento, já que um estudante universitário, duas
meninas do ensino médio, um homem e uma mulher
pobres, juntamente com oito outros, estavam todos
ajoelhados em oração em busca de Cristo como
resultado da tarde de divulgação.

Em uma cidade mineira em West Riding, seis


homens saíram cambaleantes de um pub e
encontraram o caminho para as reuniões
evangelísticas ao ar livre. Antes do final da noite,
eles estavam sóbrios e foram encontrados ajoelhados
em oração com alguns dos líderes. Mas muitos
duvidaram que qualquer obra real da graça tivesse
ocorrido entre eles.
Seis semanas depois, alguns dos peregrinos
voltaram para encontrar aqueles seis homens junto
com outros seis, prontos para ficar em pé e dar
testemunho no mesmo lugar em que haviam sido
convertidos. Os seis originais tornaram-se o coração
e a alma da igreja Metodista naquela cidade.

Não foi apenas a mensagem dos peregrinos que


afetou as pessoas. Seu exemplo e alegria foram
fundamentais para a salvação das pessoas sem que
eles sequer soubessem.
Dois trabalhadores da escola dominical foram
apresentados a uma

equipe de evangelistas da Cliff em uma missão de


dez dias. Eles já sabiam da reputação das equipes da
Cliff e esperavam apenas entretenimento divertido
vindo deles. Mas os efeitos foram muito diferentes
para os dois jovens.

A caminho de casa, um disse ao outro: “Você sente


em sua vida o que aqueles homens estavam falando
— alegria, paz, poder e a beleza de Cristo?” A
resposta foi o silêncio. Seu amigo não teve uma
resposta e isso o levou naquela noite a uma oração
pessoal:

Naquela noite eu orei fervorosamente: “Senhor,


nós dois sentimos falta de alguma coisa. Aqueles
homens da Cliff têm algo que não temos. Mostre a
nós dois onde fracassamos.” Meu credo, idealismo e
espírito de igreja, todos careciam de algo quando
comparado à verdadeira religião daqueles homens.
O Espírito Santo era apenas uma expressão para
mim. Eu nunca o havia percebido como uma
presença interior. Na noite de terça-feira, fomos
novamente. Eu me abri diante Dele naquela noite
em coração, mente e vontade, e Cristo me encheu.
Ele me deu cem vezes mais do que eu pedi —
coragem, poder, amor e uma mente sadia.

O historiador nazareno Jack Ford era um membro


de uma das equipes de peregrinos que mais tarde
serviu como diretor do Colégio Britânico das Ilhas
Nazarenas de 1966 a 1973. Ford traça o
crescimento do trabalho dos peregrinos na década
de 1930:

Tal entusiasmo foi despertado entre os jovens da


missão de tal forma que no ano seguinte duas
equipes de peregrinos foram formadas, uma em
turnê pelo Norte (Inglaterra) e País de Gales, e a
outra concentrada no Sul. Em 1931, havia duas
equipes adicionais, uma viajando de Manchester até
Sunderland e o nordeste, e a outra participando da
campanha da tenda de Bolton.45

Os peregrinos tentaram cobrir o comprimento e a


largura da Inglaterra com o ministério evangelístico
itinerante. Isso não era diferente do que os
evangelistas metodistas haviam feito duzentos anos
antes, sob a liderança de John e Charles Wesley. Os
primeiros pregadores metodistas geralmente
andavam a cavalo, mas os trekkers da Cliff, a
maioria solteiros na faixa dos 20 anos, caminhavam
juntos em equipes para levar o evangelho por toda a
Inglaterra e partes do País de Gales.

Leonard juntou-se à equipe sulista de Jack Ford em


1931, que era constituída por Ken Badwell, Albert
Hart, Bill Henson, Bill Mallon e Ford. Leonard
passou a ver o trabalho evangelístico itinerante como
a vontade de Deus para o seu futuro imediato, bem
como uma preparação primária para todo o seu
ministério futuro. Foi por causa do trabalho de
peregrinação que o ministério de Leonard floresceu
e seu futuro começou a se desenvolver
significativamente. Deus usou os trabalhos dos
peregrinos de maneiras significativas. Houve
ocasiões em que Ravenhill e seus colegas viram
autênticos derramamentos do Espírito e numerosas
conversões.

Len era um grande escritor de cartas, no que dizia


respeito ao seu compromisso semanal de escrever
para aqueles que o contatavam ou apoiavam seu
trabalho. Mas sem um diário de registro de suas
atividades, apenas alguns relatos da igreja local e
relatórios de missão fornecem qualquer registro do
trabalho de Deus através dos peregrinos.

Paul James, filho de Maynard, tem memórias


vívidas dos primeiros anos de ministério de Leonard:

Leonard Ravenhill era um homem impetuoso, ou


seja, ele tinha grande violência espiritual e se movia
com uma poderosa força e vida espiritual. Ele tinha
uma grande personalidade e o coração de muitas
mulheres perdia uma batida quando estava por
perto. Ele estava em chamas pelo Senhor e
raramente ficava quieto quando pregava. Quando
menino, lembro-me dele andando de um lado para o
outro na plataforma, conforme ele se envolvia cada
vez mais em sua mensagem. Ele era cheio de frases
enérgicas e memoráveis, tais como: “Esta geração de
pregadores é responsável por esta geração de
pecadores” e “Um homem envolto em si mesmo
forma um pequeno pacote quando a morte corta as
cordas”. Em 1931, ele se tornou o pastor assistente
na nova igreja em Bolton e, alguns anos depois, se
juntou a Maynard James em Oldham, assumindo o
comando quando Maynard saiu para formar uma
nova equipe evangelística.

Crise e transição

Em 1934, a Missão Internacional de Santidade


enfrentou uma crise em relação a quatro evangelistas
que já trabalhavam com eles há vários anos. Quando
diferenças ou divisões surgem entre os cristãos, a
questão é frequentemente de natureza pessoal. Mas
neste caso, a crise tinha a ver com a questão da
prática dos dons espirituais. A crise era puramente
de natureza teológica e política dentro da missão.

Naquele ano, um pastor da MIS adotou visões e


práticas pentecostais que não estavam em acordo
oficial com a posição doutrinária da missão. Esta
não foi a primeira vez que a questão foi assunto
entre eles, já que fora discutida no ano anterior em
sua reunião anual. Agora, a liderança, determinada a
fornecer tanto a direção pacífica quanto a manter-se
firme na política geral da missão, reuniu-se como
um comitê executivo para determinar uma posição
definitiva para a MIS.

Naquele ano, Maynard James fez uma declaração


que foi satisfatória para toda a liderança da missão
quando escreveu: “Não temos o desejo de depreciar
os maravilhosos dons e manifestações do Espírito
Santo, mas protestamos fortemente contra o ensino
errôneo que faz de um dom especial a evidência
infalível do batismo do Espírito.”

Depois de muita discussão na reunião do comitê,


foi feita uma moção que exigia que todos os
membros da missão condenassem todas essas
práticas e proibissem que alguém exercesse tais dons
de qualquer maneira. Maynard James e Jack Ford
não poderiam concordar com uma posição tão rígida
e se recusaram a dar qualquer garantia de que
apoiariam a nova política. Quando James e Ford
perceberam que Clifford Filer e Ravenhill estavam
de acordo com eles, os quatro homens sabiam que
teriam de renunciar se fossem obrigados a se
submeter à posição da liderança.

Está claro que a questão era a respeito tanto da


doutrina quanto da consciência relativas à posição da
MIS de proibir o uso de línguas. Ford, Filer, James
e Ravenhill não alegaram ter esse dom, mas também
acreditavam que estavam indo além das Escrituras
ao proibir os outros.

Leonard Wain, um líder da MIS, referiu-se ao


exercício das línguas como “diabólico” e condenou-
o em termos inequívocos. Mas os quatro
evangelistas não podiam, em boa consciência, apoiar
tal visão. Como diz T. Noble, “Eles não estavam
preparados para proibi-lo, já que acreditavam que
era genuinamente do Espírito Santo. Mas foi porque
a questão se confundiu com a questão da autoridade
dentro da MIS que eles renunciaram.”49 Juntos, os
quatro homens anunciaram sua decisão à liderança
da missão, sendo uma surpresa e uma decepção. O
anúncio público veio no Jornal da MIS em
dezembro:

Lamentamos anunciar que o Rev. Maynard James,


juntamente com os Pastores Jack Ford, Leonard
Ravenhill e Clifford Filer, renunciaram ao
Movimento Internacional de Santidade. Lembramos
seus serviços passados com gratidão e lamentamos o
passo que eles deram.

Foi um momento muito difícil para todos os


envolvidos. A MIS estava perdendo alguns de seus
melhores homens e agora enfrentava uma crise real.
Para Filer, Ford, James e Ravenhill, foi uma
monumental nova direção, pois todos ficaram
desapontados com o problema e seus ministérios
foram interrompidos por algum tempo. Da forma
como os quatro homens enxergavam, eles sabiam
que sua única escolha era romper com a Missão
Internacional de Santidade e lançar em um novo
trabalho evangelístico. Mas como deveriam
proceder?
A resposta pareceu surgir repentina e
inesperadamente. Quando várias das igrejas de
santidade foram confrontadas com a escolha de com
quem se alinhar, as igrejas tinham que tomar uma
decisão clara:

Foi uma crise terrível. Maynard amava os homens


mais velhos da missão, mas achava que ele e seus
três amigos estavam fazendo a vontade de Deus; os
líderes seniores da MIS estavam devastados, pois da
noite para o dia eles perderam alguns de seus
melhores pastores e pregadores, com a ameaça de
outros seguirem. As igrejas recém-formadas também
estavam em agonia. Eles deviam permanecer leais à
Missão de Santidade ou deviam se separar também?
Oldham, Salford e Queensbury seguiram os
“rebeldes” e uma nova denominação foi fundada,
chamada A Igreja da Santidade do Calvário.
Tornou-se conhecido por suas iniciais, ICS.51

Inesperadamente, além da influência dos quatro


pregadores, três igrejas concordaram com sua
posição e apoiaram os homens. Através desta
direção providencial, Clifford Filer, Jack Ford,
Maynard James e Leonard Ravenhill se
estabeleceram como os fundadores do novo
movimento.

Não havia tempo para olhar para trás. As igrejas


precisavam ser guiadas e o evangelho precisava ser
pregado no campo que se expandia. Agora, os
quatro eram os líderes de uma pequena
denominação chamada A Igreja da Santidade do
Calvário, um movimento que surgiu como uma obra
soberana de Deus quando algumas igrejas e seus
ministros avançaram para continuar espalhando a
chama. A ICS estava nascendo, com Maynard
James e Leonard Ravenhill como seus principais
líderes.
5 AVIVAMENTO E O CALVARY HOLLINES
MOVEMENT

Figura 5 - Maynard James e Leonard ao lado de


uma tenda evangélica (início dos anos 1930) ​ ​ ​ ​ ​

O Livro dos Atos registra basicamente três


aspectos do trabalho do Espírito Santo — o
fortalecimento da pregação do evangelho, milhares
de conversões e o estabelecimento consistente de
igrejas locais.

Mack M. Tomlinson

Depois de deixar a MIS, os quatro líderes da obra


do Calvário foram à Escócia para realizar missões
evangelísticas para os nazarenos em Uddington,
Coatbridge, ao norte de Lanarkshire, e no distrito de
Govan, em Glasgow.52 Eles também começaram
novamente os trabalhos regulares no norte da
Inglaterra, agora como evangelistas da ICS. Em seu
novo trabalho com a Igreja do Calvário da
Santidade, Deus selou sua benção em seus
trabalhos, já que Ravenhill e seus colegas
observaram temporadas especiais de misericórdia
derramada pelo Espírito Santo, especialmente em
lugares como Oldham, Bolton, Burnley e Salford.

Paul James comenta sobre o início das Igrejas de


Santidade do Calvário em 1932:
Aqueles primeiros dias foram verdadeiros dias de
peregrinação. Um grande fardo recaiu sobre os
quatro principais homens do movimento e algumas
dificuldades administrativas foram inevitáveis. Mas
eles não permitiram que isso os impedisse,
certamente não nos primeiros dias. Eles estavam em
chamas pela santidade das escrituras e tinham uma
visão clara sobre a conversão da Grã-Bretanha.

Durante os anos seguintes, enquanto Hitler se


preparava para sua ascensão ao poder, os
evangelistas estavam perambulando pelo centro e
norte da Inglaterra e pelo País de Gales, vendo
frutos genuínos de seus trabalhos. Não era apenas
um momento de semear a semente, mas de colher
uma colheita genuína. Em todas as paróquias, a
palavra de que “Deus chegou à cidade” se espalhou
de família para família.

Conforme o evangelismo deles continuava,


numerosas igrejas foram estabelecidas e se tornaram
uma parte da ICS. Houve várias cidades onde os
evangelistas planejaram pregar por duas ou três
semanas, apenas para ver que a visitação do Espírito
vinda da pregação trouxe tamanho aumento que três
semanas se transformaram em três meses de
pregações frutíferas. Quando as várias campanhas
acabaram, havia centenas de pessoas convertidas,
prontas para serem ensinadas e pastoreadas. As
igrejas locais foram então estabelecidas, lideradas
pelo próprio evangelista que veio pregar o evangelho
lá.

A ICS adotou uma política básica para a vida da


igreja, não muito diferente da posição da MIS — o
batismo e a observância regular da Comunhão do
Senhor, com uma conduta que evidenciava a
santidade da vida. O batismo deveria ser por imersão
e por profissão de fé, embora o batismo não fosse
uma condição para ser membro da igreja. A
Comunhão do Senhor era geralmente observada
todos os domingos de manhã, muitas vezes como a
parte central do culto.
Oldham é um subúrbio de Manchester, no norte da
Inglaterra. O verão de 1932 trouxe Ravenhill e seus
colaboradores — Maynard James, George Thomas,
Clifford Filer, Johnny McMullen e Fred Haines — a
Oldham para pregar Cristo aos não convertidos da
cidade. Eles oraram por duas coisas — a exaltação
de Cristo e as conversões de almas. Armaram sua
tenda do evangelho na West Street, prontos para
ficar o verão inteiro se necessário, trabalhando em
pregação e testemunho pessoal, confiando em Deus
para causar o crescimento.

Eles permaneceram por semanas até o verão,


andando pelas ruas diariamente, compartilhando,
testemunhando, realizando cultos ao ar livre, orando
para que Deus trabalhasse. Todas as noites eles
cantavam e pregavam com paixão, clareza e poder.
Os evangelistas não só pregaram de forma
evangelística, mas também através de tópicos e de
exposições para levar os crentes a uma busca mais
profunda de Deus.
O que os evangelistas previram e pelo que oraram
tornou-se uma realidade, já que a bênção divina que
havia sido experimentada no ano anterior em Bolton
foi dada em Oldham. As reuniões afetaram toda a
área de Oldham, conforme a grande tenda e o poder
do evangelho se tornaram o assunto da cidade. Não
é exagero dizer que milhares compareceram,
ouvindo cânticos vibrantes, testemunhos animados e
pregação poderosa.

Centenas foram convertidos. Não era incomum,


após uma mensagem, ver cinquenta ou sessenta
pessoas de joelhos, buscando Deus. Sobre a
campanha de Oldham, Maynard James comentou:

Desde o início, o rio de bênçãos de Deus fluía


irresistivelmente. Multidões, conversões, curas e
incríveis reuniões de oração estavam na ordem do
dia. Considerávamos uma noite um pouco ruim se
apenas vinte e cinco pessoas se ajoelhassem de
forma penitente; cinquenta, sessenta ou setenta era o
que esperávamos e geralmente nossas expectativas
eram atendidas.

Devo confessar que algumas vezes me senti


desconfortável. Nós testemunhamos todas as noites
o poder genuíno do Espírito Santo. Homens,
mulheres e jovens estavam se reunindo e buscavam
a Deus no altar em tal número que eu me
perguntava se os resultados eram superficiais. As
coisas pareciam fáceis demais para os evangelistas,
embora estivessem orando fervorosamente a cada
dia. Não foi até a campanha itinerante ter terminado
naquele verão e uma nova igreja ter se formado em
Oldham, como resultado da missão, que eu percebi
o incrível sucesso que Deus nos dera no verão de
1932.

Uma jovem que trabalhava na fábrica de


Lancashire, Srta. Farmery, escreveu alguns versos
refletindo sua conversão naquele verão na tenda dos
peregrinos:
Se foi, se foi e eu me arrependo de pesar,
No lugar onde estava, agora todo lamacento e
molhado; Não há um vestígio de corda ou lona ou
madeira
Que marque o local onde a tenda do evangelho
estava.

Onde o enviado ficou, posso seguir toda hora,


O local onde o Salvador primeiro me mostrou seu
poder; E muitas vezes eu olho para aquele terreno
agora vazio
E choro de coração: “Oh, doce lugar sagrado!”

Foi aqui que dei ao Salvador meu coração,


Não é de admirar que eu esteja triste que a velha
tenda partiu; Eu ri quando chegou, mas chorei
quando se foi,
Pois encontrei o querido Salvador na velha tenda do
evangelho.

Com o fim da campanha nas tendas se


aproximando, os evangelistas tiveram um problema
— o que eles fariam com todos os novos
convertidos? Não havia nenhum lugar para enviá-los
para serem ensinados e alimentados espiritualmente.
Havia centenas agora olhando para a equipe de
Ravenhill para pastoreá-los. A decisão tomada foi de
que Maynard James e um dos outros membros da
equipe ficariam para trás para consolidar o trabalho
em uma nova igreja.

Um dia, enquanto caminhava pela cidade, um deles


viu a Loja Rose Draper, na Manchester Street. Em
cima, havia um grande salão vazio com uma placa
que dizia “Ebenezer”. Eles conseguiram o espaço e
o O Tabernáculo de Oldham foi estabelecido na
Manchester Street, com quase setecentas pessoas
presentes nos primeiros dias. Nas tardes de
domingo, muitos deles se dividiam em três grupos e
cobriam a área ao redor da cidade, mesmo em meio
a oposição e interferência. A mensagem saiu, a
semente foi semeada consistentemente e almas
foram trazidas a Cristo.
Um dos convertidos de 1932 foi Annie Bland, que
escreveu quarenta anos depois:

No verão de 1932, uma grande tenda foi erguida


no alto da West Street. Minha mãe começou a
frequentar os serviços lá. Ela havia sido cristã por
muitos anos, tendo frequentado a Igreja da
Inglaterra. Fui educada para ir à Igreja da Inglaterra,
mas durante alguns anos não havia frequentado
nenhum lugar e não tinha interesse em coisas
espirituais, pois estava agora com vinte e poucos
anos, casada e com um filho pequeno.

Minha mãe me pediu várias vezes para ir com ela


às reuniões do evangelho, mas eu não queria ir.
Finalmente, um dia, apenas para satisfazê-la e fazê-
la parar de me convidar, decidi participar. Ela ficou
realmente surpresa por eu estar indo e temendo que
eu não gostasse, já que havia uma reunião de oração
planejada para a noite em que eu estava indo. Fiquei
muito intrigada com toda a atmosfera, pois era
muito diferente dos serviços que eu frequentara na
Igreja Anglicana. Era uma grande tenda na grama,
com o canto informal dos hinos, com uma
informalidade em tudo. Fiquei especialmente
impressionada com os testemunhos e as mensagens
pregadas. Eu decidi ir de novo e de novo, e em
pouco tempo eu estava muito interessada no ensino
da Bíblia. Logo o Espírito de Deus estava lidando
comigo e eu respondi a Cristo. Eu certamente não
entendi todo o ensinamento, mas Deus começou a
me guiar e a me ensinar, e a igreja se tornou meu lar
espiritual.

Naquela época, o mercado da cidade ficava aberto


até tarde da noite. Toda sexta-feira à noite
costumávamos nos reunir fora do mercado de peixe
para uma reunião de abertura. Havia sempre
multidões de pessoas ao redor. Alguns ouviam e nós
regularmente víamos conversões verdadeiras.

Havia pessoas devotas em Oldham que vinham


buscando o Senhor há anos, esperando ver o
reavivamento voltar ao norte da Inglaterra. Leonard
percebeu que Deus estava usando pessoas
desconhecidas para realizar seu trabalho, que não
estavam no centro das atenções. Ele se lembrou
disso anos depois:

Cinquenta e cinco anos atrás eu estava pastoreando


uma igreja no norte da Inglaterra. Era a maior Igreja
da Santidade das Ilhas Britânicas. Ela não era grande
por causa dos números, da forma como você
contaria. Domingo à noite teríamos cerca de
quinhentas pessoas, mas a um quarto de milha de
nós havia uma linda catedral que tinha apenas
cinquenta pessoas presentes. Havia apenas uma
razão para isso —- nós tivemos sete reuniões de
oração por semana.

Certa manhã de domingo, enquanto eu estava


pregando, tive certeza de ouvir uma voz. Eu me
virei para olhar e ninguém estava lá. E a voz disse:
“Você não é a pessoa mais importante ou mais
espiritual nesta igreja.” Eu pensei: “Bem, então
quem é?” Então eu vi uma velhinha vestindo um
chapéu amarrado sob o queixo. Ela era uma
adorável pequena dama. O Senhor mostrou que era
essa mulher, e não eu, quem era o verdadeiro poder
por trás de nossa igreja, embora eu tivesse sido um
dos fundadores anos atrás. Eu aprendi que ela
pertencia a um grupo de oito pessoas que oraram
por reavivamento naquela cidade por quarenta anos.

Sob o ministério de Ravenhill, a igreja de Oldham


viu um movimento consistente do Espírito Santo
durante um período de dois anos. Durante este
tempo, ele continuou sua pregação evangelística e o
trabalho ao ar livre em vários lugares. Em uma
reunião ao ar livre, Leonard escondeu um crânio
humano sob o casaco para deixá-lo cair na calçada e
fingir que o descobrira. Quando uma multidão se
formou, ele pregou uma mensagem ardente sobre a
eternidade. Ele foi preso por criar um distúrbio
público e foi levado perante um juiz. Ele falou em
sua própria defesa enquanto sua congregação enchia
o tribunal. Leonard disse ao juiz respeitosamente.
“Hoje eu estou sob seu julgamento, mas algum dia
você estará sob o julgamento de Deus!”
Leonard pregava em uma cidade certa semana
quando uma senhora encantadora o deteve na rua na
manhã seguinte e disse: “Oh, Sr. Ravenhill, aquelas
reuniões foram tão boas ontem à noite. Você me
lembrou do meu pai. Você conheceu meu pai?”

Não a reconhecendo, ele disse: “Não; ele era um


jogador de futebol?” Ela disse: “Meu pai? Não, meu
pai era Jonathan Goforth.” Leonard disse: “O
Jonathan Goforth que viu o reavivamento na
China?” “Sim, e você prega como ele.”

Ravenhill trabalhou diligentemente em Oldham, da


mesma forma que ele fez em todos os lugares aonde
foi. O ministério de lá era exigente nessa época, pois
o aumento do sucesso do evangelho significava
maiores responsabilidades pastorais. A igreja
escolheu um pastor assistente e uma diaconisa para
dirigir grande parte do trabalho e para ajudar
Leonard:
O pastor Ravenhill, depois de carregar por muito
tempo uma responsabilidade quase sobre-humana,
agora conta com o apoio de dois ajudantes — a irmã
L. Taylor e o pastor Crossley Griffiths. A união do
trio já pertence a Deus pela extensão de seu
trabalho.57

Maynard James também atribuiu o sucesso do


evangelho em Oldham a uma pessoa
especificamente. Um cristão santo, conhecido por
ele apenas como o irmão McMullen, orou por anos
para que Deus avivasse seu trabalho ali. Depois de
muitos anos de oração perseverante, Deus
respondeu de maneira gloriosa:

O mandamento divino foi enviado a um grupo de


homens santificados e cheios do Espírito: “Pegue a
foice e obtenha uma colheita abundante em
Oldham.” Fomos enviados para colher onde outros
haviam plantado fielmente e entramos nos trabalhos
de outros homens.58
O Tabernáculo de Oldham teve vários pastores nos
primeiros anos, sendo os primeiros Maynard James
e Michael Keeley, com Ravenhill se juntando mais
tarde à equipe pastoral. Em 1933, James renunciou
para retornar ao trabalho evangelístico, deixando
Ravenhill no comando pelos próximos dois anos.
Leonard serviu fielmente aqui como pastor e ao
mesmo tempo conduziu reuniões ao ar livre e
trabalho evangelístico semanal em qualquer lugar
onde pudesse. Ele pregava regularmente treze vezes
por semana, sendo seis delas reuniões ao ar livre,
perto do mercado ou nos parques da cidade.

Sobre o ministério de Leonard na época em


Oldham, Jack Ford diz que Ravenhill “exerceu um
ministério evangelístico dinâmico e se dedicou a um
ministério de pregação e oração [...] uma
personalidade colorida, ele podia captar a
imaginação da multidão [...] ele indubitavelmente
exerceu considerável influência nos primeiros dias
daquela igreja.”59
O Tabernáculo de Oldham, originalmente a Missão
Internacional de Santidade de Oldham, tornou-se o
centro do movimento da Igreja do Calvário da
Santidade. Anos depois, a igreja de Oldham tornou-
se parte da Igreja do Nazareno. Hoje é bem
pequena. O edifício da igreja fica à sombra do
viaduto de cruzamento na York Street, em Oldham.
6 RAVENHILL, O PASTOR


Figura 6 - Arthur Fawcett e Leonard Ravenhill:


pastores no Tabernáculo de Santidade de Bolton
(1931)

O irmão Leonard Ravenhill foi designado para o


pastorado em Barnsley e já teve uma bênção
especial em serviços internos e ao ar livre. A
reunião de oração das 7h30 da manhã de domingo
está florescendo, com mais de trinta pessoas
frequentando este horário, e as congregações
vespertinas estão crescendo. A visão de almas
preciosas está agradando o pastor e os membros.

Barnsley Holiness Church Report, 1938

Leonard Ravenhill não era apenas um evangelista


abençoado, mas também era um pastor amado.

Um membro da igreja de Oldham

Numerosas igrejas foram estabelecidas nas regiões


norte e central da Inglaterra como resultado do
ministério de Ravenhill e dos peregrinos. No final de
1934, apenas três igrejas haviam sido estabelecidas
em Bolton, Oldham e Salford. Em 1940 havia
dezoito outras, principalmente no norte da Inglaterra
e no País de Gales.

Esses locais incluíam Barnsley, Bargoed, Bath,


Bradford, Burnley, Cardiff, Colne, Eccles,
Gillingham em Kent, Grimsby, Middleton, Hebden
Bridge, Pudsey, Rochdale, Sheffield, Skipton em
Yorkshire, Thornaby-on- Tees e Queensbury, todas
fruto de suas missões de pregação.

Muitas das igrejas careciam de cuidados pastorais


adequados, especialmente nos anos iniciais. Junto
com os outros pregadores da ICS, uma grande parte
do ministério de Leonard durante vários anos foi o
trabalho pastoral intermitente entre as igrejas recém-
estabelecidas. Simplesmente não havia homens
qualificados o suficiente para pastorear e cuidar das
igrejas.

Alguns dos próprios evangelistas assumiram o


trabalho pastoral das igrejas em seu início, servindo
até que outros pastores pudessem ser desenvolvidos.
Além de seus primeiros ministérios importantes em
Bolton e Oldham, Leonard serviu várias igrejas nas
décadas de 1930 e 1940, servindo de um a três anos
em cada local. Há pouco registro de seu ministério
pastoral nesses lugares. O que se sabe é que, de
1931 a 1947, Leonard não era apenas um
evangelista poderoso, mas também um pastor
amoroso e fiel pastor de almas entre os movimentos
da Santidade Internacional e da Santidade do
Calvário.

Dizia-se que Ravenhill nunca poderia pastorear


uma igreja porque ninguém poderia sentar semana
após semana sob sua pregação sem se sentir abatido,
desencorajado e sobrecarregado por causa de sua
própria necessidade. Pode haver alguma verdade
neste ponto de vista, uma vez que seu principal dom
e chamado para o ministério era ser um evangelista.

No entanto, Deus às vezes usa evangelistas para


fazer trabalho pastoral, assim como usa pastores
para fazer o trabalho de um evangelista, como Paulo
disse a Timóteo em 2 Timóteo 4:5: “Faça a obra de
um evangelista”. A verdade é que Leonard possuía
continuamente um coração amoroso e pastoral para
as ovelhas do rebanho de Cristo. Ele respeitava o
trabalho dos pastores como um chamado superior e
frequentemente falava da influência que um pastor
pode ter se é um homem de mente espiritual:

Eu acho que os pastores possuem uma


responsabilidade incrível. Há um ditado que diz:
“Um rio nunca se eleva mais do que suas fontes”.
Normalmente, o pastor é, para mudar a figura, o
topo de ferro na pilha. Ele forma a cultura espiritual
da igreja. Se ele é um homem de oração, você tem
uma igreja de oração. Mas se ele é um político, ele
vai se misturar com a multidão e essa será a
influência que ele terá.

O coração de Leonard para cuidar pastoralmente


de até mesmo uma única pessoa foi visto em seu
contato com uma pequena congregação onde ele
pregou. Ele tornou-se amigo do jovem pastor e
começou a orientá-lo e incentivá-lo.
Mais tarde, o jovem caiu em imoralidade e teve que
deixar sua igreja. Quando Len soube disso, cancelou
uma consulta de pregação programada para procurar
o jovem e exortou-o a voltar a Cristo. Ele não se
arrependeu naquele tempo, embora Deus tenha
enviado um mensageiro pessoal como Leonard. Ele
foi muito longe para buscar um jovem pregador
caído.

Os pastorados de Ravenhill, 1931-1947

Os primeiros anos de trabalho pastoral de Ravenhill


entre as novas igrejas foram de 1931 a 1933, em
Bolton, e de 1933 a 1935, em Oldham, ambos já
mencionados. Mais tarde, ele serviu pelo menos
cinco outras igrejas — um total de sete igrejas ao
longo de um período de dezesseis anos.

Salford, 1935
Em julho de 1933, Maynard James liderou uma
missão em Salford. O alcance foi tão frutífero que
uma nova igreja começou a se reunir em um moinho
não usado na Rua Lissadel. A igreja de Salford
tornou-se uma das primeiras igrejas da ICS.

Em algum momento de 1935, Ravenhill foi


instalado como pastor de pregação e viu uma bênção
significativa no seu trabalho. Leonard tinha
lembranças vivas de Salford:

Eu costumava pregar por uma hora e meia todo


domingo à noite. Nós mantivemos a cidade inteira
agitada por dois anos. Eu tinha apenas vinte e
poucos anos e as pessoas faziam fila, como em um
cinema, para entrar na igreja nas noites de domingo.

Em janeiro de 1937, George Brayshaw se juntou à


equipe pastoral para partir dentro de alguns anos
para um novo campo de serviço. Ravenhill
permaneceu como evangelista pastoral. Em abril, o
pastor Dyson também se demitiu. Em junho de
1937, Harold Hawkins se uniu a Ravenhill até junho
de 1938, quando Leonard retornou ao evangelismo
em tempo integral e às apresentações em
conferências, deixando o trabalho nas mãos de
Hawkins.

Na edição de 1937 do The Flame, Leonard


publicou um breve artigo sobre a expansão do
evangelho em uma cidade próxima a Salford:

Fora e Dentro!
Fora! — do quê? Fora de moda? Fora de serviço?
Não! Algo grandioso, maior e mais glorioso. Muitas
pessoas, que algumas semanas atrás estavam presas
do pecado e do diabo, estão agora fora de seu poder
vil. O motivo? O sangue do cordeiro!
Sim, Ele os tirou, os tirou do caminho do pecado, da
prática do pecado e até mesmo do desejo pelo
pecado. Para dentro do quê? Da comunhão com
Deus, da alegria que vem de obedecer a voz do
Espírito Santo, e da paz que excede todo
entendimento. Bendito seja o Seu nome!
Há um relato de uma obra que recentemente nasceu
do Espírito Santo em Thornaby-on-Tees. Uma
missão para ir até lá foi dada, o desafio foi aceito e o
Espírito Santo de Deus foi derramado. O resultado?
— uma obra florescente de Deus.
Não, nós não fizemos um favor a Deus — nenhum
homem jamais fez isso. Ele deu ao povo aqui outra
oportunidade e muitos deles receberam sua graça.
As vidas são alteradas, as casas são mais brilhantes,
os vizinhos ficam impressionados, os colegas de
trabalho se assustam e o diabo se enfurece. Por
favor, ore pelo trabalho aqui.
Esta semana foi observada uma evidência real do
interesse das pessoas queridas. Quinta-feira à noite
tivemos uma chuva torrencial, mas uma companhia
esplêndida de pessoas estava na reunião. Segunda-
feira à noite, vimos duas pessoas aos pés do Senhor,
uma era uma médium espírita e outra, uma
secretária da Igreja. Louvor ao Deus da graça.

“Fora pelas as outras ovelhas” é o lema aqui agora.


Muitos estão enfrentando a oposição cruel de fontes
que não eram esperadas. Você pode ajudá-los
através da oração. Por favor, coloque Thornaby na
sua lista de oração.

Cinquenta anos depois, em setembro de 1982,


Maynard James retornou a Salford para pregar no
Jubileu de Ouro da igreja. Embora estivesse doente,
surpreendeu os médicos e as enfermeiras insistindo
para que fosse a Salford para manter seu
compromisso. Aqueles que ainda estavam vivos
desde os primeiros dias viam apenas uma sombra do
homem que conheciam. Mas naquele fim de semana
ele pregou com a unção do Espírito Santo. Um dos
presentes durante os poucos dias foi Herbert
McGonigle, o pastor interino na época:

O fim de semana foi verdadeiramente notável.


Maynard estava muito fraco e frágil, e sentou-se
durante a seção de adoração dos três cultos. Mas
quando ele se levantou para pregar, o Espírito veio
sobre ele e a transformação foi surpreendente. Ele
caminhou pela plataforma como um homem jovem
e as palavras derramaram dele. No domingo à noite
tivemos oito membros que haviam sido salvos na
tenda de Salford em 1933. Foi um fim de semana
inesquecível com a presença de Deus, com uma
poderosa pregação ungida e pessoas buscando o
Senhor, uma maneira muito apropriada de terminar
o que era provavelmente um dos seus últimos
grandes compromissos de pregação

Convenção de 1936 da Santidade do Calvário

A convenção anual das igrejas da Santidade do


Calvário foi realizada em Bradford em outubro de
1936. O ministério da Palavra foi dividido entre
Norman Grubb, Jack Ford, Maynard James e
Ravenhill. A edição de inverno do The Flame fez
um relatório completo sobre a semana:

Mil e Setecentas Pessoas na Convenção da


Santidade!

A segunda Convenção Anual da Igreja do Calvário


da Santidade foi aberta em Bradford no sábado, 24
de outubro de 1936. Membros de todas as igrejas da
missão se reuniram no Eastbrook Hall para as
primeiras reuniões às 15:00. Foi uma visão
inspiradora ver mais de mil pessoas de todas as
partes de Yorkshire e Lancashire se reunirem para a
proclamação da salvação plena. O encontro foi
cheio de vida e os testemunhos dos santos de antigas
e novas missões declararam a realidade da alegria e
da vitória cristãs.

O Pastor Randolph Murray cantou com a unção e


H. B. Kuhn falou sobre “Pessoas de Peculiar
Pureza”. Seu tema era que ninguém tem qualquer
pretensão de excelência além da salvação de Cristo.
A reunião das 18:15 teve grande presença. O irmão
Norman Grubb, da Cruzada Mundial de
Evangelização, falou sobre o sacrifício, ilustrado a
partir da vida de C. T. Studd, o missionário pioneiro
no Congo africano. Que Deus nos dê uma visão
missionária real!
A reunião da noite nunca será esquecida. O salão
estava praticamente cheio, com pelo menos mil e
setecentos presentes. O canto, os testemunhos e a
comunhão eram únicos. Foi um grande dia na
presença de Deus. Uma irmã de Doncaster disse que
estava voltando atualizada para sua própria missão.

Os testemunhos foram especialmente


emocionantes. Um grande ferroviário se converteu
do alcoolismo; uma menina esbelta, liberta do
comunismo e convertida sob o evangelho em Colne;
uma enfermeira de hospital hipócrita, salva de sua
irrealidade e vergonha — todos testemunharam a
verdade do evangelho de Jesus Cristo e a obediência
de seus servos ao entrar nas estradas e sebes. De
Deus seja a glória!

A tarde provou ser um momento de busca do


coração quando o irmão Kuhn falou sobre a
restituição. No final da reunião, muitas desculpas
foram dadas entre os santos e todos foram atraídas
para o Salvador. O canto de Wesley, Jesus Teria
Deixado o Pecador Morrer? e Chegar à Terra de
Canaã foi, por si só, uma bênção. A mensagem do
irmão Mirell Sabine na segunda-feira de manhã
também era uma palavra muito necessária sobre
“Trabalhar para Deus”, que era um apelo por um
serviço agressivo e inteligente.

Naquela noite, Norman Grubb falou sobre o


crescimento e o trabalho da Cruzada Mundial de
Evangelização. A história de um envio cada vez
maior de missionários pioneiros para uma dúzia de
terras não evangelizadas é inspiradora. Ele nunca
pediu um centavo, mas a história do crescimento
desse trabalho missionário agressivo é incrível. Dois
de nossos irmãos relataram seu chamado para o
trabalho pioneiro na América do Sul. Eles esperam
ir em breve e pediram as orações dos irmãos.

Na manhã de terça-feira, o irmão Kuhn trouxe uma


mensagem muito ponderada sobre a santidade, na
qual o ensinamento do Dr. C. I. Scofield sobre a
santidade em sua Bíblia Scofield foi alvo de fortes
críticas. Foi uma mensagem útil e uma bênção para
todos. Realmente foi uma ótima convenção!

Burnley, 1936

O grupo de peregrinos de Maynard James,


Randolph Murray, Len Ravenhill, John Dyson,
George Brayshaw e George Deakin chegou a
Burnley em agosto de 1936 para iniciar várias
semanas de trabalho do evangelho. “Tão grande foi
o interesse”, disse um escritor, “que foi decidido
formar um ramo permanente do trabalho, que se
tornaria uma nova igreja”.63 Os líderes encontraram
um prédio vazio na Rua Eastgate que já havia sido
um salão de boxe, situado na margem do canal da
cidade. Depois que a localização foi garantida e os
reparos e mudanças foram feitos, o prédio tornou-
se, em outubro, o Calvário de Burnley.

Leonard foi considerado o evangelista fundador da


nova igreja. Ele foi assistido pelos pastores John
Dyson e George Brayshaw. Ravenhill serviu como
pastor interino a partir de 1936, continuando até
junho do ano seguinte. Muito pouca informação é
conhecida de seu ministério lá, exceto que ele
continuou seus ministérios regulares de oração,
pregação e evangelismo com fervor e com a benção
de Deus. Ravenhill serviu a igreja de Burnley uma
segunda vez, já no início dos anos 1940.

Foi em Burnley, em agosto de 1936, que ocorreu


uma notável situação documentada de cura. Harriett
Roberts tinha sido incapaz de usar sua voz por mais
de três anos, devido a doenças, e não conseguia falar
nada. Roberts conta, ela mesma, sua história:

Por mais de três anos eu fui incapaz de falar como


resultado de uma doença grave e estava, para todos
os efeitos práticos, completamente muda. Os
Evangelistas Peregrinos estavam conduzindo uma
campanha em uma tenda no mercado de gado em
Burnley. Naquela noite, eles me ungiram com óleo
em nome de Jesus. Eu confiei em Deus para me
curar e Ele fez isso. Nenhuma mudança imediata na
minha voz foi dada, mas no início da manhã
seguinte acordei e senti um peso retirado do meu
peito. Foi então que minha voz retornou. Daquele
dia até agora minha voz está clara e forte.

Leonard escreveu um artigo em Burnley sobre os


progressos e desafios do trabalho lá, que foi
publicado no The Flame:

Foi uma Jornada Bem-Vivida


Assim fala Samuel Rutherford em seu inigualável
hino Immanuel’s Land. Uma jornada bem-vivida, é
claro, com a luta dos cristãos no caminho, como
Bunyan diz, para a Cidade Celestial. Críticas
carnais, desencorajamentos obscuros, doces
solicitações ao mal, privilégios proveitosos,
proibições dolorosas, provações, tribulações,
zombarias e insinuações — essas e outras hostes
procurariam afastar o peregrino do caminho direito.
Por outro lado, parabéns reconfortantes procurariam
torná-lo inútil para o serviço do eterno rei. Mas com
todos esses inimigos saqueadores cercando o
caminho do ansioso viajante, a recompensa final
será, como diz o escritor do hino: “Apenas um
sorriso de meu Salvador será uma glória para mim.”

Burnley Arruinada

Um jornal local perguntou há alguns dias por que


as igrejas protestantes desta cidade estão se
queixando do fato de que elas são deixadas distantes
e vazias, enquanto o povo católico romano está
tendo que construir igrejas para acomodar os fiéis.
Você pode responder à pergunta? O observador
ocioso, não interessado em religião, zomba
secretamente ao ver o diabo se glorificando no fato
de que ele agarra as massas e as desencaminha,
juntamente com as modernas religiões da Ciência
Cristã, o Universalismo, as Testemunhas de Jeová e
o Mormonismo. Sucesso temeroso! As ervas
daninhas espalham-se e o jardim de muitos corações
jovens é rapidamente poluído pelo joio do inimigo
aqui nesta cidade tão carente.
Mas a bandeira branca da santidade foi plantada
como resultado do poderoso Espírito Santo
respirando sobre os esforços de um grupo de jovens
que lançaram tudo aos pés do Crucificado. Muitos
conhecem Burnley pela sua indústria. Mas você sabe
onde este lugar é espiritualmente? Não é longe de
Sodoma!

Burnley, famosa pelas drogas, precisa muito do


evangelho, que é o único remédio certo. A semente,
que é a Palavra de Deus, foi paciente e fielmente
plantada e os inimigos estão sempre próximos. Nós
os ouvimos e os vemos diariamente prontos para
roubar a preciosa semente. Que o querido Espírito
Santo trabalhe neste povo o desejo, a santa ambição
e o propósito de ser firme e imutável, mesmo no
meio de um povo corrupto e perverso.

Temos a certeza de que eles irão evidenciar, diante


de um mundo agonizante, a beleza de uma vida
santificada, que não enferruja, mas recobre e dura
para a sua glória. As últimas semanas da campanha
da tenda foram a prova da fome dessas pessoas
queridas pelas coisas profundas de Deus. As
multidões têm sido verdadeiros mártires, noite após
noite enfrentando os ventos semiárticos que uivam
em torno do mercado de gado e ficam conosco ao ar
livre com uma ânsia boa de contemplar nestes dias
de decadência espiritual.

Estamos agora alegremente alojados em um salão


espaçoso com quinhentos assentos, mas há espaço
para cem cadeiras mais. As congregações são boas e
são uma maravilha para muitos. Estamos nos
divertindo muito neste inverno. O trabalho crescerá
ainda mais e estragaremos as fileiras do diabo. A
promessa é certa e o poder do nosso Mestre é
interminável.

Se por um momento você fizer uma pausa e refletir


sobre a bondade do Senhor, perceberá que é, como
disse Rutherford, “uma jornada bem vivida”. Deus
nos abençoou ao nos escolher para trabalhar por ele.
Nós não somos fanáticos, ansiosos para construir
um nome e um movimento, mas estamos
desesperadamente apaixonados pelo Senhor Jesus e
temos ciúmes de Seu nome e faremos guerra contra
todas as formas de pecado, e, com a ajuda de nosso
Deus, plantaremos postos avançados no império do
Cristo Rei.

O Capitão da nossa salvação é o Senhor Jesus.


Temos que nos mobilizar imediatamente, pois não
há promessas de armistício e nosso inimigo é
implacável. Mas estamos lutando com uma
recompensa segura da vitória. Aí vem C. T. Studd
cantando:

A igreja de Deus está chamando, no dever não seja


negligente;
Você não pode lutar a boa luta, Enquanto estiver
deitado de costas.

Por favor, lembre-se disso no próximo domingo de


manhã, na hora da oração. Temos um grupo de
jovens que, em todos os tipos de clima, percorre
dezoito quilômetros para orar. Deus abençoe seus
esforços.

Barnsley, 1938

Em 1935, foi estabelecida uma campanha em


Barnsley, dirigida por Maynard James e sua equipe,
resultando em uma nova igreja. Três anos depois,
Leonard trabalhou brevemente em Barnsley como
evangelista e como pastor. Na edição de verão do
The Flame, as notas e a seção de notícias relataram
o breve ministério de Leonard lá:

A Assembleia de Barnsley se despediu


recentemente de seu amado pastor, Crossley
Griffiths, que foi a Londres para estudos teológicos
intensivos. O irmão Leonard Ravenhill foi nomeado
para o pastorado e já experimentou bênção especial
em serviços internos e ao ar livre. A reunião de
oração das 7h30 da manhã de domingo está
florescendo, com mais de trinta participantes, e as
congregações noturnas estão crescendo. A visão de
almas preciosas está agradando o pastor e os
membros.

Os anos de guerra

A eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939


trouxe uma nova perspectiva e mudanças no
trabalho das igrejas do Santidade do Calvário, como
aconteceu com toda a Grã-Bretanha. Enquanto a
guerra trouxe mudanças necessárias para diferentes
aspectos da missão e das conferências anuais, o
trabalho de evangelização e pregação continuou o
máximo possível. Muitas reuniões especiais de
oração foram realizadas amplamente em todas as
ilhas britânicas durante esse período, e a guerra fez
com que o movimento de santidade e suas igrejas se
preocupassem especialmente com seus próprios
assuntos.

Em outubro, eles mudaram a convenção anual de


Bradford para Manchester. Esta foi a primeira
convenção da ICS desde o começo da guerra. Os
líderes disseram na época: “Estamos confiantes na
vitória e em dar frutos. ‘O melhor de todos’ é o
nosso lema. Pela graça de Deus, será.”66 Ainda
assim os evangelistas trabalharam, apesar do estresse
da crise nacional. Leonard lembrou-se mais tarde da
experiência de sua equipe, quando eles estavam em
uma área sob ataque:

Eu costumava dizer aos meninos: “Vamos orar


agora. Vocês sabem que os alemães estarão aqui às
duas da manhã, então vamos orar, garotos.” E todas
as noites estávamos orando, quando os alemães
chegavam por volta das 2h da manhã e as sirenes
soavam. Tínhamos que desocupar o prédio. E nós
rastejávamos nas sombras da parede para que os
estilhaços não nos alcançassem.

Diferentes pontos de vista da ética cristã em relação


ao envolvimento de um cristão na guerra estavam
nas mentes de Ravenhill e de seus colegas,
particularmente o do pacifismo cristão. Deve um
cristão estar envolvido na guerra? A visão
predominante da maioria dos líderes era do
pacifismo, de que um cristão não deveria lutar em
combate ou apoiar a guerra de qualquer forma.
Alguns líderes da ICS acreditavam que a guerra era
justificada ao se opor à agressão maléfica das
nações, mas que um cristão não deveria pegar em
armas em batalha. Entre seus principais líderes,
Ravenhill detinha as mais fortes visões pacifistas,
opondo-se ao envolvimento na guerra. Ao longo dos
anos, sua pregação refletia esse sentimento. Embora
pacifista, Leonard fez uma oração real de maneira
forte pela nação durante a guerra. Ele disse:

Eu me lembro de quando as bombas chegaram na


Inglaterra e estavam atingindo indiscriminadamente.
Uma das grandes fotos da Segunda Guerra Mundial
foi a cruz no topo da Catedral de São Paulo, com
terríveis nuvens negras ao redor e fogo em todos os
lugares — mas eles nunca atingiram a casa de Deus
naquela cidade.

A pregação de Leonard continuou amplamente


durante esses anos, pois suas reuniões atraíram
grandes multidões, com um número grande de
convertidos dedicando-se ao ministério e ao serviço
cristão nos campos missionários ao redor do mundo.

Sheffield, 1939

O tempo de Ravenhill como ministro em Barnsley


foi breve, pois ele só estava preenchendo o espaço
até que um pastor permanente pudesse vir. No
outono, Leonard foi enviado a Sheffield como
ministro interino. A igreja já estava experimentando
uma obra de graça divina no momento em que
Leonard chegou. A igreja de Sheffield tinha um
novo prédio bem no coração da cidade. O relatório
do The Flame em sua edição de novembro a
dezembro foi breve, mas encorajador:

A nova igreja em Sheffield está passando por


momentos refrescantes da presença do Senhor. O
irmão Ravenhill, que agora está encarregado do
trabalho, relata um fluxo constante de sérios
buscadores e um espírito de zelo entre os crentes.
Pelo menos três ônibus do pessoal de Sheffield
esperam viajar para a Convenção de Bradford para
o grande comício na Capela Horton Lane no
sábado, 29 de outubro.

Um espírito de oração e evangelismo agressivo está


sobre a igreja, e um doce espírito de unidade
permeia a atmosfera das reuniões. Recentemente, o
pastor Ravenhill admitiu várias pessoas, após o que
sete homens piedosos foram ordenados diáconos —
uma ocasião verdadeiramente sagrada e memorável!
Ore por Sheffield.

Em Sheffield, às segundas e quartas-feiras,


Leonard e outros iriam às ruas para compartilhar
Cristo. Eles descobriram que as pessoas estavam
abertas para falar sobre assuntos espirituais e, em
muitos casos, ansiosas para ouvir. Nas noites de
sábado, fora do Mercado de Sheaf, com o aroma de
folhas de repolho e cebolinhas no ar, eles contavam
aos caçadores de pechinchas o “presente gratuito”
que qualquer um poderia ter. Eles distribuíam
literatura evangélica, falando para qualquer um que
ouvisse, e as multidões se reuniam para uma breve
mensagem. Leonard escreveu naquela época sobre
Sheffield: “O meio milhão de almas desta cidade
parece intocado. Oh, um avivamento do Espírito
Santo! O Senhor graciosamente dá almas para
nossos trabalhos unidos e para a intercessão.”

Na cidade de Sale, no verão de 1940, o pastor


escreveu para a ICS sobre a missão realizada lá:

Deus está nos abençoando ricamente em Sale. Seu


poder maravilhoso é sentido em todos os serviços e,
nestes dias de perigo, nós permanecemos n’Ele. O
atendimento durante a semana é mantido
constantemente, mas varia no Dia do Senhor. As
aulas bíblicas do domingo à tarde são bem
frequentadas e as lições sobre santificação são muito
apreciadas.68

Na edição de inverno do The Flame, um resumo


do trabalho geral foi relatado:

Uma breve pesquisa dos últimos seis meses na ICS


dá motivo a muitos elogios a Deus e nos encoraja a
avançar no futuro. As missões de Sheffield e
Hebden Bridge testemunharam cenas de glorioso
triunfo de Deus e resultaram na criação de dois
novos centros em Yorkshire. Centenas de almas
preciosas vieram à cruz para a salvação e corpos
doentes também foram tocados pelo Curador divino.
Outra causa de ação de graças tem sido a forma
como o Senhor removeu toda a dívida do Trabalho
Avançado e enviou dinheiro para levar a batalha pela
santidade para um novo território. Nós levantamos
nosso Ebenezer.

Os evangelistas foram pioneiros em novas missões


em três cidades logo após a Convenção da Páscoa
de 1940. Após a campanha em Sale, eles armaram
sua grande tenda em Stalybridge, perto de
Manchester. Por três semanas eles trabalharam nessa
área difícil, vendo mais de cem pessoas
evidenciarem uma verdadeira busca do Salvador. De
lá, foram para Hazel Grove, perto de Stockport,
onde encontraram “o solo preparado por anos de
paciente oração e pelos trabalhos de alguns santos”.

Esta área foi considerada por John Wesley como


uma das mais difíceis de toda a Inglaterra no século
XVIII. Mas os pregadores da ICS viram grandes
congregações lá, com uma sensação marcante da
presença de Deus. Sua sensação ao deixar Hazel
Grove era muito promissora:

Existe toda a perspectiva de que um bom trabalho


seja estabelecido como resultado da campanha. De
Deus seja a glória. Aos santos que oraram por nós,
dizemos um grande “obrigado” por sua fiel
intercessão em nome de Hazel Grove.

O inverno de 1940 encontrou Ravenhill e Maynard


James em Edimburgo, na Escócia, falando na
Missão da Fé, onde um ex-professor da Faculdade
Cliff, o Sr. D. W. Lambert, agora estava servindo
como diretor. Eles então foram para Perth para uma
missão de pregação onde o tempo dificultava o
trabalho, além de trazer algumas doenças. Mesmo
com tudo isso, eles ainda viram o Senhor
trabalhando:

Durante a recente missão realizada pelos irmãos


James e Ravenhill, a neve, a geada, o gelo e o frio
severo conspiraram, junto com uma epidemia de
gripe, para reduzir as congregações. Os próprios
evangelistas tiveram uma dose da gripe, mas foram
sustentados pelas orações dos outros.

O Senhor veio em poder durante os cultos. A igreja


de Perth conhece o significado da oração sacrificial
e da doação. O Senhor continua a abençoá-los e ao
seu pastor, Peter Connolly.

Bath, década de 1940

Depois de servir como ministro interino em


Burnley pela segunda vez no início dos anos 1940,
Leonard foi a Bath para pastorear a Igreja do
Calvário da Santidade e ficou lá pelo menos até
1946. Sabe-se muito pouco sobre o ministério de
Ravenhill em Bath, exceto que ele conduziu trabalho
pastoral e evangelístico normal. Ele realizava
reuniões ao ar livre às quintas e sábados à tarde,
enquanto vários soldados caminhavam pela cidade,
incluindo tropas polonesas, americanas e francesas.
Leonard foi preso mais de uma vez por criar um
distúrbio público, bloqueando o tráfego por causa
do tamanho da multidão que ouvia a pregação. Foi
também nas reuniões de rua de Bath que Leonard
ouviu pela primeira vez alguém dizer ao dar seu
testemunho: “Um homem com uma experiência
nunca está à mercê de um homem com um
argumento.” Tornou-se um de seus pensamentos
favoritos sobre a experiência cristã.

Leonard uma vez viu alguns membros da família


real que estavam visitando Bath, e Deus falou com
ele através da experiência:
Eu vi as Princesas da Inglaterra passarem pela
cidade de Bath uma vez quando estávamos lá. Eu
não sabia quem elas eram, mas depois eu descobri
nos jornais que eram a princesa, que agora é a
rainha, a princesa Elizabeth e sua irmã, a princesa
Margaret, que estavam na cidade. Não havia
ninguém lá, nenhuma recepção real nem mesmo o
prefeito, e elas simplesmente saíram do Rolls Royce.
Elas andaram bem perto de mim, a menos de três
metros de distância. Eu não sabia quem elas eram
naquela época, mas elas andavam com tanta
dignidade e autoridade que eu sabia que elas eram
diferentes. Ocorreu-me que é assim que nós
devemos andar através deste mundo, como os filhos
de Deus.

Paul James, ao avaliar os diferentes dons


ministeriais dos quatro líderes da ICS, parece
descrevê-los com precisão: “Talvez pudéssemos
dizer que Leonard e Maynard eram profetas e
evangelistas, Jack [Ford] era professor e Clifford
[Filer] era pastor. Claro, os rótulos são uma
simplificação excessiva e muitas vezes há um
cruzamento de funções.”

O trabalho pastoral de Ravenhill experimentou a


bênção de Deus em todos os sentidos. Sob sua
supervisão pastoral, os pecadores foram convertidos,
os crentes cresceram em graça, as reuniões de
oração floresceram consideravelmente e as igrejas
aumentaram.

Em relação ao pastoreio, Leonard expressou seu


coração anos depois:

O apóstolo Paulo disse que o espancamento de seu


corpo, as experiências brutais de prisão e a total
oposição ao nosso homem exterior não eram nada
para ele — era o “cuidado das igrejas” que pesava
muito para ele. A mesma coisa acontece conosco.

Ravenhill foi usado amplamente pelo Senhor no


norte da Inglaterra durante dezesseis anos como
pastor fiel. Mas o trabalho pastoral era apenas um
ministério temporário e secundário para ele. Em
última análise, foi o evangelismo o principal
chamado de Ravenhill e o que faria seu maior
impacto no reino de Deus.

​ ​






7 MISSÕES DA CALVÁRIO DA SANTIDADE

Figura 7 - Os Ministros da Igreja Calvário da


Santidade; sentados, da esquerda para a direita:
Randolph Murray, Jack Ford, Maynard James,
Leonard Ravenhill, Clifford Filer e H. Baldwin ​

Vem, Senhor, como fogo, com a chama sagrada


limpar nosso coração; Que todo o nosso ser possa
tornar-se uma oferta ao nome de nosso Redentor. -
Andrew Reed
A igreja costumava ser um bote salva-vidas,
resgatando aqueles que necessitavam, mas agora é
um cruzeiro recrutando aqueles que são
promissores. - L.R.

Missões estrangeiras sempre foram uma


preocupação para os líderes das igrejas Calvário. A
MIS sempre esteve envolvida em missões antes da
formação da ICS (Igreja Calvário da Santidade) sob
a liderança de Maynard James e Ravenhill.

O problema que eles enfrentaram em relação às


missões organizadas foi o fato de que o movimento
Calvário da Santidade era muito pequeno para ter
sua própria organização missionária. Eles
precisavam de ajuda. E foi na Cruzada Mundial de
Evangelização, sob a liderança de Norman Grubb,
que James e Ravenhill procuraram ajuda. A missão
da CME imediatamente se tornou sua agência e a
Sociedade Missionária Calvário da Santidade foi
estabelecida em 1935. Paul James descreveu o
relacionamento: “O novo movimento ainda ganharia
sua própria identidade, mas com o apoio e expertise
de uma organização maior.”74

Quatro candidatos missionários imediatamente se


ofereceram para as missões no exterior. Clifford
Filer e sua noiva Elenor Gregory, junto com George
Thomas e sua noiva Edith Moore, foram aceitos
como os primeiros missionários da ICS. O
testemunho de Filer sobre o chamado de Deus às
missões foi relatado no The Flame:

Da Mina de Carvão ao Campo de Missão

Quando eu era um jovem mineiro, Deus falou


comigo sobre o trabalho missionário. Eu estava
lendo um livro sobre a vida de Hudson Taylor, “O
crescimento de uma alma”, e me veio o desafio de
Deus: “Você vai?” O medo paralisou meu coração e
entorpeceu meu cérebro. Consequentemente, eu não
consegui responder.

Mas agora tudo mudou. A mina de carvão foi


substituída pelo púlpito. Deus me chamou para
prestar serviço em tempo integral. Ele nem sempre
escolhe os melhores e mais brilhantes. Ele pega
pedras, e, com elas, suscita os filhos de Abraão. E
este foi o meu caso.

Por meses, meu coração se sentiu atraído ao campo


de missões. Então o clímax aconteceu durante a
convenção em Bradford. Deus falou novamente.
Após muitas orações, eu disse sim a Deus e ele
aplicou Isaías 54:3 e a primeira parte de Isaías 6:9
em meu coração. O chamado veio como um
impulso irresistível do Espírito que não pode ser
expressado em palavras. Ai de mim se eu não
obedecer! Minha alma foi atraída aos Índios da
América do Sul. Enorme é sua necessidade e fraco é
o instrumento enviado. Mas Deus é capaz.
T. A. Noble escreveu sobre esses cristãos que
foram enviados para levar o evangelho até os
confins da terra:

Em abril de 1937, Filer e Thomas velejaram para


Columbia, seguidos posteriormente por Elenor
Gregory. Depois de um tempo de preparação na
sede da CME em Bogotá, eles viajaram para Santa
Marta em março de 1938 para estabelecer o
primeiro campo de missões da ICS. Em 1939, Edith
Moore e Annie Noble os seguiram.

Ravenhill escreveu de Oldham, onde ele estava


servindo naquele momento, sobre a alegria de ver
Deus enviando trabalhadores aos campos de colheita
do mundo:

Nos dá uma alegria inestimável saber que Deus está


chamando homens e mulheres da Igreja Calvário da
Santidade para trabalhar para ele em campos
estrangeiros. Apesar de ser um movimento jovem,
sentimos que o Espírito Santo nos está
pressionando, assim como ele fez com aquela vila de
morávios em Herrnhut na década de 1730, para
estender nossas mãos às áreas mais remotas da terra,
em uma tentativa desesperada de alcançar os pagãos
antes que Jesus chegue.

Quem virá para ajudar o Senhor perante os


poderosos? Se o Senhor pedir que você ajude estes
jovens em suas empreitadas missionárias, por favor,
envie todas as suas doações e pedidos por caixas
missionárias ao nosso Secretário de Missões
Estrangeiras.

Ministério em Gales

Muito pouco se sabe sobre as pregações dos


caminhantes em Gales ao longo dos anos. Leonard
pregou além da fronteira, entre os galeses, em
intervalos regulares nos anos 1930 e 1940. Ele
pregou em Cardiff várias vezes, assim como em
Cross Gates, Newport e nos vales. Alguns cristãos
galeses tinham lembranças de Leonard pregando em
lugares diferentes.

Em 1932, ele passou uma tarde com o Major


Russell nas colinas de Gales. O Major tinha sido o
braço direito de William Booth no Exército da
Salvação. Russell, naquele momento, tinha cerca de
80 anos. Os olhos daquele senhor brilhavam
enquanto ele relatava ao jovem Ravenhill, que
naquele momento tinha 25 anos, os trabalhos
magníficos de Deus na época em que o Exército
estava ativo. Foi um tempo em que a maioria dos
grupos tinham encontros de orações de quatro a
cinco horas de duração todos os sábados à noite. O
coração de Leonard estava agitado pela presença do
pregador veterano e guerreiro de oração.

Em uma pequena cidade em Gales, o trabalho do


Espírito Santo por meio das pregações de Leonard
começou a tocar aquela área inteira. Uma senhora
idosa disse na época: “Deus realmente veio nos
visitar novamente, como em 1904!”, se referindo ao
Avivamento Galês. Com certeza este foi um feliz
exagero, já que não houve um avivamento
generalizado, e sim um verdadeiro derramamento do
Espírito Santo apenas naquele local.

No meio dos anos 1940, logo após o fim da


Segunda Guerra Mundial, Leonard foi à vila de
Aberaman, no sul de Gales, por vários dias, para
pregar e evangelizar. Foi acompanhado por Glyn
Thomas, o talentoso pregador cego, e George
Deakin. Deus ali trabalhou de forma especial entre
os jovens durante os anos pós-guerra.

Quando Leonard foi convidado para se juntar ao


serviço juvenil em uma igreja local, respondeu com
seriedade: “Não estou interessado em um show de
cães e pôneis”, e eles responderam: “Bem, será um
encontro de oração.” Então ele perguntou: “Por
quanto tempo eles vão orar — dez minutos?”
“Não”, eles disseram, “Vai ser um encontro de
oração que durará a noite inteira”. Leonard disse:
“Bem, então estou interessado; eu nunca estive em
uma reunião juvenil onde eles quisessem orar toda a
noite.” Leonard e George Deakin foram ao encontro
de oração naquele sábado à noite, que durou até as
7:30 da manhã do domingo. George, bastante
impactado por aquela noite de oração, palestrou no
serviço

religioso daquela manhã e Leonard palestrou no da


noite.
O prédio da igreja tinha sido anteriormente utilizado
como um bar,

então o local não parecia uma igreja. Leonard disse


que queria realizar um serviço ao ar livre nas ruas:
“Vamos pregar nas ruas todas as noites enquanto
estivermos aqui.”

Cerca de quarenta pessoas se reuniram todas as


noites para cantar, e então George, Glyn ou Leonard
pregavam. Leonard começou sua pregação na rua às
10 da noite, quando os bares e pubs estavam
fechando. Não demorou até a polícia ter que tirar as
multidões das ruas para que os carros pudessem
passar.

Em Gales, Leonard tinha a reputação de eloquência


e paixão como pregador. Sua pregação noturna nas
ruas indignava tanto os bêbados que, às vezes, eles
queriam matá-lo. Ele pregou todas as noites por uma
semana em Aberaman.

Des Evans, pastor da Igreja Comunitária de


Bethesda, em Fort Worth, Texas, desde 1976, era
um adolescente galês vivendo em Aberaman quando
Leonard visitou a cidade pela primeira vez. Aquela
semana foi uma divisora de águas para Evans,
afetando drasticamente seus planos e seu futuro. Até
hoje, Evans possui lembranças extensas e vívidas de
Ravenhill e sua influência:

Leonard veio à minha vila, Aberaman, quando eu


era jovem. Ele tinha uma luz; ele era bem versado
sobre os problemas da época, nas áreas da arte e da
política. Ele era bastante estudado, mas foi sua
eloquência com as palavras e a paixão em seu
coração que atraíram as pessoas para escutá-lo.

Mais tarde eu me mudei para Londres para estudar


e Leonard ainda estava pregando bastante. Quando
eu voltei a Gales, Leonard estava pregando na área e
eu fui escutá-lo. Eu nunca esquecerei, ele estava
falando sobre o profeta Elias no Monte Carmelo,
sobre o confronto do profeta com os profetas de
Baal, quando Elias proclamou e demonstrou que
Jeová é Deus e invocou o fogo de Deus.
Eu perdi contato com Leonard depois disto, quando
eu me mudei para o Pacífico Sul e ele veio para os
Estados Unidos. Foi só depois que eu vim para o
Texas, anos mais tarde, em 1976, que eu o encontrei
novamente. Ele pregou para mim aqui em nossa
igreja, e às vezes eu o visitava e orava com ele em
sua casa no leste do Texas.
Era impossível escutar a paixão de Leonard
Ravenhill pela santidade ou grandeza de Deus sem
ser influenciado. Era impossível observar a maneira
como ele vivia e a intensidade do seu coração sem
ser impactado por este homem. Eu tenho um grande
amor e admiração por Leonard.
Ravenhill tinha um grande amor pela igreja e um
desejo de que a igreja se tornasse o que ela deveria
ser. Ele era o paradoxo de um ministério profético.
O que você prega e deseja, apesar de não poder ver
com seus olhos, não reduz o fato de que o que você
sabe é divino. Apesar de Leonard não ter vivido
para ver um avivamento generalizado, ele não era
tão apaixonado pelo avivamento quanto ele era
apaixonado pelo Redentor. Homens apaixonados,
apesar de estarem decepcionados com a expressão
da igreja, ainda têm esperanças no Senhor. Embora
ele não tenha visto tudo o que estava em seu
coração acontecer, seu objetivo sempre foi Deus.
Leonard era uma pessoa intimidante por causa da
forma como falava. Ele era muito eloquente, com
um domínio tremendo do inglês. Ele era um poeta,
com certeza, mas não era apenas a forma como ele
utilizava as palavras que lhe dava influência entre os
homens. Era a forma como ele via as coisas sob a
luz da santidade de Deus. Ele era um homem que
obviamente tinha tocado Deus e teve um vislumbre
das maravilhas do trono. Ele nunca era irreverente
ou casual em suas conversas. Não importa o que as
pessoas pensassem sobre Ravenhill, certamente
sabiam sua opinião.
Havia dons de Deus que tornavam Leonard
diferente e único em relação a outros pregadores.
Deus depositou algo único neste homem, que o
tornou o João Batista da igreja do seu tempo. Eu
acho que Leonard era um presente à igreja do Reino
Unido e da América. A forma como muitos
reagiram a João Batista foi a mesma como reagiram
a Leonard. Muitos odiavam o que ele dizia, mas não
conseguiam levantar um dedo acusando-o contra a
forma como ele vivia. Ele ou era amado ou odiado,
mas você não conseguia ser neutro em relação a ele.
Por causa da autoridade com a qual ele falava,
ninguém podia negar o que ele estava dizendo,
porque ele falava a verdade. Ele falava porque
acreditava em suas palavras, e falava porque as
vivia.
Quando você escutava Leonard pregar, você
precisava decidir se queria mais do Senhor e viver
uma vida apoderada pelo Espírito Santo ou se você
queria ser indiferente e dizer: “Estou satisfeito
vivendo uma vida normal”. Leonard não permitia
que aqueles ao seu redor tivessem o luxo de uma
vida normal. Você precisava tomar uma decisão. Eu
acho que a mensagem de Leonard era
desconfortável para a maioria das pessoas porque ele
estava vivendo e pregando durante uma transição
onde a Igreja estava muito mais preocupada com o
conforto.

Como os jovens pregadores devem tentar ser como


Leonard Ravenhill? Primeiramente, eles devem ser
estudantes e desenvolverem uma vida de devoção.
Mas vivemos em uma época onde programas são
mais importantes que oração. Hoje, o que um
homem pode fazer e dizer é mais importante do que
aquilo que Deus pode fazer e dizer. Ter a paixão e o
relacionamento com o Senhor como Leonard tinha
— é assim que os homens devem tentar ser como
ele.

Mas tentar copiá-lo — nenhum homem conseguia


copiar Leonard Ravenhill mais do que um pintor
consegue copiar Michelangelo. O que Leonard era e
o que ele tinha era um dom do Senhor. Eu ainda
venero sua memória, mas tentar copiá-lo não
funcionaria, porque uma cópia nunca é tão boa
quanto o original. Mas o que podemos ter é o seu
desejo de conhecer, amar e servir a Deus.

No século XXI, a mensagem de Leonard ainda


pode ter um impacto real. Se a Bíblia é verdadeira,
se há um céu a conquistar e um inferno a evitar, e se
Jesus Cristo está voltando, então não há qualquer
outra mensagem para qualquer geração. Se a
eternidade é real e a cruz é a expiação real para o
pecado e não só uma reação ruim a um rabino
desiludido, então a Igreja e o mundo ainda precisam
da verdade que Leonard pregava.

Em março de 1951, na Convenção Anual de


Páscoa de Oldham, o conhecido evangelista James
A. Stewart, diretor da Cruzada Europeia, foi um dos
principais pregadores. Stewart estava presenciando
verdadeiros despertares na Europa e em vários
países durante seu ministério nos anos recentes.
Ravenhill e Stewart se conheciam, e mais tarde
pregariam juntos em conferências na América.

1956: uma fusão da Igreja internacional

Em 1950, a ICS estava em uma encruzilhada


quanto a seu futuro. O movimento havia passado
por vários desafios, provações e dificuldades,
incluindo problemas financeiros, mudanças internas
e uma nova direção entre os líderes do ministério.
Após dezesseis anos de fecundidade, a providência
de Deus havia levado o movimento Calvário a uma
decisão permanente. Deveriam eles continuar com
os desafios insuperáveis ou fundir-se com outro
grupo?

Após seis anos de problemas e discussões


constantes, o Movimento Calvário da Santidade
decidiu fundir com a Igreja do Nazareno. Após
semanas de discussões e eleições entre as igrejas
irmãs de ambas as denominações, as lideranças se
reuniram no Houldsworth Hall, Manchester, no dia
11 de junho de 1956, sob o martelo do General
Superintendente Samuel Young, e com a presença
de uma grande congregação de membros da ICS e
de nazarenos.79

Na reunião final, houve uma grande discussão,


seguida por uma eleição entre os 35 membros
votantes, representando ambas as entidades. O voto
foi quase unânime, de 34 a favor e apenas 1 voto
discordante.

A oração de encerramento de George Frame para a


união das duas entidades refletiu o espírito daquela
hora:

Ó Deus, Tu, que em Tua misericórdia e bondade


nos fez um povo, faz-nos dignos deste grande
privilégio e bênção. Mantém viva em nossas mentes
a visão do Teu grande propósito nesta união, que
todos os homens Te conheçam na bênção do amor
perfeito. Concede-nos a purificação e a unção
vivificante do Espírito Santo, e usa nossa Igreja
como um canal para o avivamento. Pelo amor de
Jesus Cristo. Amém.

Havia quatro líderes principais no trabalho da


Calvário da Santidade que escolheram não ir à Igreja
do Nazareno. Estes homens foram Glyn Thomas,
George Deakin, Maynard James e Leonard
Ravenhill. Em vez disto, escolheram caminhos
diferentes no propósito de Deus para si. Anos mais
tarde, James voltou a ser parte da comunhão
nazarena de igrejas.

Nova direção

Ficou claro para os Ravenhills naquele momento


que era um novo dia e uma nova direção para eles.
Leonard e Martha tinham que tomar uma
importante decisão. O coração de Leonard estava
agitado com a mudança que o levaria ao seu próprio
ministério independente, separado de ambos os
grupos dos quais ele foi parte por um quarto de
século.
A decisão não veio sem um sentimento de tristeza
com relação àqueles e àquilo que ele estava
deixando. Len havia trabalhado com os líderes da
MIS e da ICS, principalmente com Maynard James,
por 25 anos. Os Ravenhills sabiam que estava na
hora de trabalhar em uma esfera diferente do
ministério da conferência e do evangelismo. A
edição do The Flame do verão de 1956 anunciou a
partida de Ravenhill:

É com tristeza que informamos a renúncia do


Reverendo Leonard Ravenhill do ministério da ICS.
Ele foi um dos fundadores desta sociedade.
Agradecemos a Deus pelo zelo e sacrifício no
serviço que nosso irmão prestou enquanto esteve no
movimento e gostaríamos de aproveitar a
oportunidade para expressar nossa mais sincera
apreciação por ele. Oramos para que as bênçãos do
Senhor caiam sobre seus futuros trabalhos para o
Mestre. Nós o asseguramos de nossas orações
contínuas e amor no Espírito.
O Irmão Ravenhill embarcou no Queen Elizabeth
para os EUA. na terça-feira, 13 de março.
Entendemos que ele planeja fazer uma turnê de seis
meses de pregação nos Estados Unidos e no
Canadá. Por favor, lembrem-se de nosso amado
irmão todos os dias.

No fim, Clifford Filer, Jack Ford, Maynard James e


Leonard Ravenhill sempre foram lembrados como
os fundadores da Igreja do Calvário da Santidade na
Inglaterra. Sem um diário e com poucos registros
escritos, muitos dos detalhes dos anos de ministério
britânico de Ravenhill só eram conhecidos por
Leonard, Martha e seus colegas caminhantes. Eles
estavam muito ocupados escrevendo suas próprias
experiências ou não percebiam a importância que
teriam no futuro. Jack Ford rastreia sua história de
maneira vaga em seu livro, “Os passos de John
Wesley”, a história da Igreja do Nazareno na Grã-
Bretanha, assim como Paul James em “Homem em
chamas: a vida de Maynard James”. O único outro
registro de seus trabalhos foi divulgado no livro
“Chamados para ser santos: a história centenária da
Igreja do Nazareno nas Ilhas Britânicas: 1096-
2006”, de T.A. Noble.

O principal registro desses anos permaneceu apenas


na mente e na memória de Leonard. Ao longo dos
anos, em várias ocasiões, ele falou das grandes
coisas que Deus fez na Inglaterra, Irlanda e Gales.
Durante os anos 1930 e 1940, o poderoso ministério
de Leonard e sua reputação se espalharam
rapidamente. Sua pregação era tão eficaz e
engajadora que levou multidões a pararem o trânsito
em vários lugares na Grã-Bretanha, mesmo durante
os anos da Segunda Guerra Mundial.

A família permaneceu na Inglaterra pelos próximos


anos, embora o ministério de Leonard estivesse
crescendo na América do Norte. Leonard aproveitou
os anos do ministério britânico de 1930 a 1958 e
muitas vezes falou deles: “John Wesley andou a
cavalo por todo o comprimento e largura da
Inglaterra, mas eu caminhei por todo o país, algo
que ele nunca fez!” Os anos restantes permaneceram
como uma memória preciosa.
8 CASAMENTO E FAMÍLIA

Figura 8 - O dia do casamento dos Ravenhills (30


de setembro de 1939)

​ ​ ​ ​ ​ ​

Leonard foi um marido e pai perfeito para nós.


Ele viveu toda a sua vida com os valores da
eternidade.

Martha Ravenhill

No fim de 1936, Leonard havia estado


completamente engajado no trabalho evangelista na
Grã-Bretanha por cinco anos. Ele estava pregando
nas Ilhas Britânicas, tanto em igrejas quanto em
conferências, ao ar livre ou em qualquer espaço
disponível. Como um homem solteiro, ele ia e vinha
sem pensar em mais ninguém e dormia em qualquer
lugar sem se preocupar com suas necessidades
temporais. A vida de um evangelista viajante solteiro
estava aberta para ele. Aqueles anos foram cheios de
viagens, de um ministério frutífero e bênçãos
contínuas. Uma bênção maior estava a caminho para
Leonard, personificada em uma enfermeira irlandesa
que ele conheceria em breve.

Martha Wilson
Em algum momento em 1937, enquanto pastorava
em Oldham, Leonard conheceu uma jovem que
estava indo às reuniões em que ele estava pregando.
Martha Wilson, uma parteira certificada pelo Estado,
estava trabalhando como diretora da equipe de
enfermagem do Hospital Hope em Salford, um dos
maiores hospitais da Inglaterra naquela época.

Quando Martha tinha dezessete anos, ela deixou a


Irlanda e foi à Austrália em um navio para ser
treinada como enfermeira. A jornada demorou três
meses. Após terminar seu treinamento, ela foi à
Inglaterra e conseguiu um emprego no hospital em
Oldham. Quatro anos mais jovem que Leonard,
Martha era de uma família de sete filhos — cinco
meninos e duas meninas — do Condado de
Monaghan, no sul da Irlanda, onde seu pai era um
fazendeiro e ferreiro, além de dono de um moinho.

Martha foi a algumas das reuniões onde Len estava


pregando, perto de Manchester. Os detalhes de
como sua amizade e namoro se desenvolveram não
são conhecidos, mas o que se sabe é que Deus os
uniu para serem parceiros para a vida. Leonard
apenas falou brevemente de como eles se
conheceram: “Eu conheci minha linda esposa
irlandesa em uma pequena cidade chamada Eccles, a
dez milhas de Manchester. Ela era a supervisora
noturna de um dos maiores hospitais da Inglaterra.
Deus nos juntou de uma forma maravilhosa.”

Seu relacionamento se desenvolveu com o


companheirismo e amizade cristã e se transformou
em amor. Leonard e Martha eram sérios crentes e
viam o casamento como algo que tinha apenas um
propósito — avançar o reino de Cristo e servi-Lo
juntos.

O casamento aconteceu em Leeds em setembro de


1939, enquanto Leonard estava pregando em
Oldham. Suas vidas foram conectadas pelos
próximos 55 anos. A revista Calvário da Santidade
anunciou o casamento em sua seção de notícias:
Os sinos de casamento soaram em Leeds, na
ocasião do casamento do Irmão Leonard Ravenhill
com a irmã Martha Wilson no sábado, dia 30 de
setembro. Maynard James e Jack Ford foram os
ministros neste importante evento. Oramos para que
a bênção de Deus seja sempre parte deste casal
recém-casado, em sua união para servir ao Senhor
no ministério cristão.82

Martha se demitiu de seu emprego como


enfermeira para estabelecer sua casa e cuidar de
todas as responsabilidades domésticas para que
Leonard pudesse estudar, orar e pregar. Seu filho,
David, disse:

Meu pai não sabia nem cozinhar um ovo — o que


eu quero dizer é que ele não precisava fazer nada
em casa. Minha mãe fazia tudo para que ele pudesse
orar, estudar, aconselhar, influenciar pessoas e
pregar. Ela não queria que nada atrapalhasse seu
trabalho.
Martha era bastante protetora da vida e do
ministério de Leonard, e era inteligente e frugal.
Quando eles se casaram, pediram que ninguém lhes
desse presentes de casamento. Na época, eles
estavam considerando ir à África como missionários
entre os pigmeus da floresta Ituri, no Congo
africano. Eles se ofereceram para aquele campo,
mas Deus fechou as portas. Na perspectiva de
Leonard: “Nós oferecemos nosso Isaac e o Senhor
recusou.” A Inglaterra tinha que ser seu campo de
missão pelos próximos anos.

Os filhos de Ravenhill logo começaram a chegar.


Seu primeiro filho foi Paul, que nasceu em 1940,
enquanto eles viviam em Sheffield. O segundo filho,
David, chegou em Burnley dois anos mais tarde, e,
finalmente, Phillip nasceu em Bath, em 1945.
Durante esses anos, Leonard era o ministro interino
para as igrejas em Bath, Burnley, Oldham, Salford e
Sheffield. O fato de que todos os três nasceram em
cidades diferentes reflete o fato de que eles viveram
em locais diferentes durante estes anos.
Martha estava completamente dedicada à vida
doméstica, criando os garotos e apoiando Len.
Leonard disse: “Toda mãe é uma mulher de
carreira”, e isto com certeza se aplicava a Martha.
Ela apenas deixou os meninos com uma babá uma
vez, quando Leonard foi gravemente ferido em
1951 quando estava na América, e ela ficou ao seu
lado por semanas, deixando os meninos com duas
famílias de sua igreja.

Aqueles que estiveram com Leonard e Martha,


mesmo por um curto tempo, revelaram que eles
tinham um relacionamento especial. Eles se
honravam em suas palavras e ações. Os termos
favoritos de Leonard para ela eram “querida” ou
“querida Martha”. Depois que seus filhos cresceram,
Martha viajou com Leonard para todos os lugares.
Eles faziam tudo juntos e seu relacionamento com
ela e seus filhos era muito especial, muito mais visto
do que falado. Era evidente o quão próximos eles
eram, o que reforçava a credibilidade de sua
mensagem.
Incêndio em Chicago

Em novembro de 1951, Leonard viajou da


Inglaterra para Chicago para pregar no Tabernáculo
do Evangelho de Southside, em Chicago, pastorado
pelo Dr. A. W. Tozer. Houve um grande incêndio na
noite do 18 de novembro no Hotel Norwood, em
Chicago, onde Leonard e seu amigo Thomas Haire,
de Lisburn, no norte da Irlanda, estavam
hospedados. O fogo começou perto dos seus quartos
no terceiro andar e bloqueou todas as saídas.
Ravenhill tinha apenas uma escolha. Ele correu ao
quarto de Haire e o acordou, e eles correram para as
janelas, de onde Leonard ajudou Haire a pular.
Leonard então pulou do terceiro andar para a rua
congelada:

Eu bati na calçada e quebrei minha espinha em três


lugares, minha perna esquerda em três lugares, e
meus pés ficaram despedaçados. Eu estava deitado
no beco fora do hotel em chamas, na neve, às 3:00
da manhã — nenhum pregador deveria estar de
pijamas na rua a esta hora! Foi uma noite terrível de
15 graus abaixo de zero, e a ambulância só chegou
meia hora mais tarde.

Enquanto eu estava deitado ali, um homem virou a


esquina e disse: “O que você está fazendo aqui?” Eu
quase disse: “Jogando tênis, não está vendo?” Ele
disse: “Você não pode ficar aqui, um carro pode
entrar nessa rua e você vai se machucar.” Eu disse,
sarcasticamente: “Obrigado.” Ele colocou suas mãos
embaixo de minhas pernas e das minhas costas e me
levantou, e cada osso quebrado gritou. Eu lembro de
todos estes ossos doendo e doendo, e eu conseguia
senti-los.

A glória de Deus pelo sofrimento

No próximo dia, um jornal nova iorquino divulgou


a estória: Pastor herói no Hotel Blaze: resgatou
amigo, pulou por sua vida
Domingo, 19 de novembro de 1951

Um evangelista de Lancashire, Inglaterra, foi o


herói de um incêndio em um hotel de Chicago hoje,
onde que três pessoas morreram e nove ficaram
feridas.
Ele é o Reverendo Leonard Ravenhill, 44, da Rua
Frederick, Oldham, Manchester, Inglaterra. O Sr.
Ravenhill resgatou um colega missionário
semiconsciente, o Sr. Thomas Haire, 74, do
Condado de Lisburn na Irlanda, levando-o à
segurança em uma janela do terceiro andar, e então
ele mesmo pulou.

Ravenhill foi levado ao hospital com lesões nas


pernas, queimaduras e em estado de choque. O Sr.
Haire possui uma fratura no quadril, queimaduras e
lesões internas.
Depois, o Sr. Ravenhill disse: “Eu lembrei do meu
amigo Tom no quarto ao lado e fui acordá-lo.
Corremos até a janela perto da saída de incêndio,
mas as chamas estavam nos alcançando. Muitas
pessoas estavam gritando. Fomos a outra janela e eu
coloquei a cabeça de Tom para fora para que ele
pudesse respirar. Eu queimei minhas mãos nos
tijolos. Eu ajudei Tom a sair pela janela e depois
pulei.”
O Sr. Ravenhill já esteve a cargo da Igreja Calvário
da Santidade em Oldham, Inglaterra, mas depois
viajou como um evangelista independente. Ele
estava conduzindo reuniões evangelistas em
Chicago.

- Stanley Burch, Correspondente de Crônicas e


Notícias, Nova York

Tozer escreveu sobre o evento na época:

Eram quatro horas de uma manhã bastante fria de


novembro quando o telefone tocou e uma voz
agitada me disse que o Hotel Norwood estava
queimando e os hóspedes estavam pulando para a
rua para escapar das chamas.
Leonard Ravenhill, o evangelista inglês, e seu
ajudante de orações, Tom Haire, estavam envolvidos
em reuniões evangelistas em nossa igreja local e
estavam hospedados em Norwood. Meu informante
não sabia nada sobre os homens, só sabia que alguns
hóspedes haviam morrido no incêndio e que outros
estavam gravemente feridos.

O lugar lógico para procurar foi o Hospital Católico


St. Bernard, a alguns blocos de distância. Lá, o
cenário era de confusão. Paramos uma das
enfermeiras e perguntamos se os dois evangelistas
protestantes haviam sido internados no hospital nos
últimos minutos. Ela não sabia e disse: “Mas quando
eu estava ajudando a trazer um homem idoso que se
machucou no incêndio, ele pegou no meu rosto e
perguntou se eu amava Jesus.” Não precisamos mais
perguntar. Havíamos encontrado Tom Haire.

Após o acidente, eu fui vê-lo frequentemente. Ele


estava cruelmente destruído pela queda no
pavimento de concreto. Seu quadril e coxa estavam
fraturados, sua coluna quebrada em vários lugares e
uma de suas mãos estava severamente queimada.
Ele deitou ali, sentindo o que parecia ser uma dor
severa.

As semanas que Ravenhill e Haire passaram no


Hospital St. Bernard revelaram o trabalho de Deus
de várias formas. Como eu estou escrevendo sobre
Tom Haire, eu focarei principalmente nele, apesar
de que vale ressaltar que as experiências de
Ravenhill não foram menos maravilhosas. Quando
os homens se recuperaram o suficiente para se
moverem, eles foram enviados às suas casas na
Inglaterra e Irlanda.84

Tanto Ravenhill quanto Haire sofreram lesões


físicas severas e extensivas. Além de todos os ossos
quebrados, houve lesões internas também. Ravenhill
teve todo o seu corpo engessado e estava sentindo
uma dor extrema. Então ele desenvolveu uma febre
de 40 graus devido a uma pneumonia viral. Ele
pediu para que aqueles que estavam com ele
orassem, e logo a febre passou. Quando o médico
disse que suas lesões internas seriam permanentes,
Leonard pediu que fosse ungido com óleo
novamente e que orassem por ele, e ele começou a
ser curado a partir daquele momento.

As lesões internas nunca o afetaram novamente,


mas, fisicamente, ele nunca mais foi o mesmo.
Antes do acidente, ele era um exemplo de boa
saúde. Um corredor por muitos anos, Leonard
estava sempre em boas condições físicas. Agora ele
viveria com dores constantes pelo resto de sua vida,
exceto por um breve período quando Deus o
permitiu se livrar de todo o desconforto.

Várias pessoas vieram visitar Leonard no hospital,


ficando pouco tempo e citando as Escrituras, que
não necessariamente o encorajavam, principalmente
quando pregadores, a caminho do campo de golfe,
citaram Romanos 8:28. Era fácil falar, mas seus
corações e corpos não estavam quebrados como os
de Ravenhill.

Um dia, o Dr. Tozer foi ao quarto de Len no


hospital, trazendo um pequeno homem chinês, um
dos cristãos que havia sofrido perseguição durante a
Rebelião dos Boxers no começo do século XX. O
chinês pegou a mão de Ravenhill, inclinou-se e
simplesmente disse: “O Senhor santificou a ti tua
maior aflição”. Estas palavras ajudaram Leonard
mais que todas as outras palavras daqueles que
vieram visitá-lo. Uma palavra para ele, que estava
cansado — “O Senhor santificou a ti tua maior
aflição.”

Na época, não havia unidades de tratamento


intensivo nos hospitais. Os casos mais severos
tinham um quarto privativo com suas próprias
enfermeiras. Martha ainda estava na Inglaterra e
Leonard não tinha plano de saúde. Imediatamente,
Deus supriu sua necessidade ao levar duas jovens
enfermeiras para o seu lado antes que Martha
pudesse chegar.
Jean Smith e Cathy Brokke eram duas enfermeiras
da Congregação Bethany em Minneapolis, que
tinham suas próprias famílias e ministérios. Com
cerca de 30 anos de idade, ambas de repente se
encontraram com a tarefa de se revezarem nas
viagens de Minneapolis a Chicago para servirem na
equipe de enfermagem de Leonard.

Foi providenciado a Jean e Cathy um lugar para


ficar, e todos os dias elas iam cuidar de Leonard.
Quando Martha, também uma enfermeira
certificada, pôde deixar a Irlanda, ela se juntou à
equipe. Ted Hegre, o presidente da Congregação
Bethany na época, fez várias viagens a Chicago para
visitar Leonard durante este ano de aflição.

Cathy Brokke, que ainda vive em Bloomington,


Minnesota, lembra-se: “A dor de Leonard muitas
vezes era intensa. Mas ele confiava em Deus e
nunca reclamava. Sua fé era real e era um grande
privilégio cuidar dele.”
A recuperação inicial durou aproximadamente um
ano e foi um período de sofrimento que afetou os
Ravenhills de várias maneiras. Tudo o que ele
amava fazer em sua vida — toda a leitura e estudos,
períodos regulares de oração e todas as atividades de
pregação agora foram colocadas de lado, enquanto
ele deitava imóvel perante Deus em dor constante.

O efeito profundo disso na fé, na pregação de


Leonard e na vida do casal foi indescritível. Antes
do incêndio, Len estava em condições físicas
perfeitas, com um forte pulmão graças às suas
corridas. Era um homem extremamente bonito,
sempre ereto, com uma postura clássica. Mas sua
saúde não mais existia, tendo sido substituída por
um conhecimento mais profundo de Deus e de seus
desígnios.

A experiência também mudou outra grande área da


vida de Leonard. Ele aprendeu mais sobre adoração
pessoal. Suas próprias palavras descrevem como
Deus começou o processo:

Estive deitado naquela cama de hospital por


algumas semanas. Uma noite, como muitas outras
noites, eu não conseguia dormir, então peguei o meu
Novo Testamento, abri no capítulo sete do
Evangelho de Lucas e li estas palavras: “Você não
me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde
que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés.”
Eu tinha a agenda cheia para pregar por todo o
mundo e agora estava deitado na cama, fisicamente
destroçado. Então percebi que, muitas vezes, eu não
conseguia orar muito bem por causa da dor. Eu com
certeza não poderia sair para pregar. Mas percebi,
pela primeira vez, que conseguia fazer o que Deus
pedia que fizéssemos — eu conseguia adorá-lo.

Leonard se transformou em um homem diferente a


partir daquela noite. A adoração se tornou prioridade
em sua vida pessoal. Durante esses meses ele
aprendeu, privadamente, o que ele muitas vezes
pregaria em público posteriormente: “A oração é a
preocupação com nossas necessidades, o louvor é a
preocupação com nossas bênçãos, mas a adoração é
a preocupação com Deus.”

Por um ano, enquanto estava no hospital, a


adoração pessoal era uma grande realidade de sua
vida. O sofrimento deu a Leonard a profundidade de
conhecimento em relação aos caminhos de Deus que
as pessoas que nunca passaram por uma grande
aflição nunca poderão conhecer. Foi uma tarefa
divina de um período de silêncio, um presente de
sofrimento dado a ele para se aprofundar em sua
comunhão com Cristo. Em dezembro de 1958, ele
escreveu para um amigo que estava passando por
dificuldades:

Por favor, lembre-se que Deus está planejando para


você com amor. Deus nunca é caprichoso nem
temperamental, e ele nunca experimenta conosco.
Ele planeja todas as suas coisas sempre com amor.
Se há feridas (e qual de nós pode escapar delas?),
então ainda há bálsamo em Gileade. Se há rejeição,
então lembramos que todos os homens O rejeitaram.
Nós ainda podemos sentir os sofrimentos de Cristo.
Lembre-se das palavras de Madame Guyon:

Eu sou um passarinho, privado dos campos de ar,


Contente na minha cama para deitar,
Já que Deus me colocou aqui;
Feliz em ser prisioneira

Porque, meu Deus, eu satisfaço a Ti.

Thomas Haire

Neste momento, seria bom falar sobre Thomas


Haire, que sobreviveu ao incêndio com Ravenhill.
Haire era um homem simples e um amigo próximo
de Ravenhill e de Tozer. Um irlandês, ele era
conhecido como o encanador louvador de Lisburn.
Ele não era pregador e certamente não era uma
celebridade.
Haire quase não tinha uma educação formal. Ele
era um encanador de profissão e um intercessor por
vocação. Tozer escreveu sobre ele:

As duas características que marcam Tom Haire são


sua absoluta devoção à oração e sua incrível
penetração espiritual. Três meses após sua
conversão, aos dezesseis anos, ele formou o hábito
de orar quatro horas por dia. Ele seguiu fielmente
esta prática por vários anos. Posteriormente, ele
passou a orar toda a noite uma vez por semana. Em
1930, estas orações semanais noturnas aumentaram
para duas noites, e em 1948, ele passou a orar três
noites por semana.85

Haire orava por muitas pessoas. Uma mulher uma


vez pediu para que ele orasse por sua cura. Ela
estava em más condições, mas Tom sentiu que não
deveria orar. Ele discerniu em seu desejo de
melhorar um pouco de rebelião contra a vontade de
Deus. Então ele perguntou a ela: “Irmã, você já leu a
Escritura que diz: ‘Preciosa é, à vista do Senhor, a
morte dos seus santos’? Se Ele quer que você seja
tomada por sua enfermidade, você não iria querer
roubar do Senhor toda esta preciosidade, não é?”

Isto a desarmou. Esta foi sua forma de dizer que, se


ela não estivesse disposta a morrer, então ela não
estava pronta para viver. Depois de conversar mais,
Tom sentiu que ela se rendeu à vontade de Deus, e
então orou por ela.

Haire manteve uma longa amizade com Ravenhill e


Tozer e estava sempre orando para seus ministérios
desde sua casa na Irlanda. Após o acidente, Leonard
se tornou mais terno com relação àqueles que
estavam sofrendo. Posteriormente, ele escreveu para
pastores que estavam passando por dificuldades:

Você está escondido e esquecido? Não! Ninguém


está escondido dos olhos do Senhor. Missionário
solitário, você está esquecido e negligenciado em
algum afluente na Amazônia? Nunca! É o Seu plano
e Ele o está preparando para a eternidade. Querido
peregrino, se o Filho abençoado de Deus pôde
esperar nas sombras com paciência e perseverança
pela reivindicação do seu Pai, então por que eu e
você deveríamos ansiar pela reivindicação?

À Irlanda

Após um período de recuperação na América, os


Ravenhills conseguiram um voo de volta à
Inglaterra. O hotel pagou pelas contas hospitalares
de Leonard e entrou em um pequeno acordo
financeiro para eles. Demorou dois anos até que ele
voltasse a qualquer ministério. Eles tinham que
recomeçar suas vidas normais.

Em 1953, a saúde de Leonard já havia melhorado e


ele gradualmente continuou com seu ministério de
pregação. Mas o acidente produziu desafios físicos
que levaram vários anos até que ele pudesse se
recuperar completamente, e ele sofreu com as dores
pelo resto de sua vida.
Com um novo começo, o desejo de viver em um
lugar calmo, longe do alvoroço da cidade, estava em
suas mentes. Seria um recomeço para a família.

Eles então ouviram falar de uma fazenda na


Irlanda, a uma hora da família de Martha, que
estava à venda. Era perfeita para eles. Utilizaram o
dinheiro que ganharam pelo acidente para comprar a
propriedade. Os meninos Ravenhill, que tinham
entre dez e quinze anos, aproveitariam o interior e
todo o espaço que era oferecido.

A linda fazenda de cento e dez acres em Tamlaght,


Enniskillen, no Condado de Fermanagh no norte da
Irlanda se chamava Innishmore Hall.

A casa original, quase um castelo em seu tamanho,


havia sido derrubada nos anos anteriores e a família
estava vivendo em grandes dependências para
empregados que eram separadas entre si, com
catorze quartos, um pátio de paralelepípedos,
estábulos, um alojamento e um elegante portão de
entrada. A fazenda estava situada ao lado de
propriedades de pessoas muito ricas, com nobres e
senhores morando por perto. Era uma linda
propriedade com um estilo antigo e com um pouco
de tudo — galinhas, vacas leiteiras, gado, ovelhas,
várias plantações e vários pequenos lagos cheios de
peixes.

Com vinte anos de viagens constantes em seu


passado, Leonard desejava um ritmo mais lento para
sua família de cinco pessoas. Os meninos estavam
rapidamente se tornando homens. A fazenda era o
cenário perfeito para criá-los, e Leonard gostou
bastante dela para todos:

Na fazenda, vivíamos em uma casa que tinha entre


duzentos e trezentos anos de idade. Ela fazia parte
de um velho castelo, e a frente do castelo havia sido
demolida. Vivíamos nas dependências de
empregados. Era muito linda, com um maravilhoso
castelo do outro lado do campo.
Eles viveram ali por quatro anos. Foi um momento
maravilhoso para a família. Os meninos trabalhavam
na fazenda e amavam a vida do interior. Martha
havia crescido a aproximadamente trinta milhas dali,
no Condado de Monaghan, então eles viviam
próximos, o suficiente para visitarem sua família de
tempos em tempos. Muito provavelmente eles
teriam ficado ali para sempre se não fosse a vontade
de Deus levá-los à América.

Depois, eles venderam a fazenda para amigos, que


viveram ali por mais de quarenta anos. Apenas
recentemente a terra foi dividida e vendida por mais
de um milhão de dólares. Se Leonard pudesse ter
ouvido esta notícia, eu poderia vê-lo levantando as
sobrancelhas e dizendo com um sorriso: “Eu perdi
esta oportunidade! Não — a vontade de Deus é a
única coisa que importa.”

Tommy Littleton, de Birmingham, Alabama, é um


empresário e evangelista que era muito amigo de
Leonard e Martha. Leonard adorava pregadores de
rua, e Tommy estava em seu coração e em suas
orações.

Tommy lembra de alguns incidentes de sua história


familiar durante os anos na Grã-Bretanha:

Paul nos contou de suas orações familiares durante


os anos de guerra e de sua casa sendo repetidamente
poupada de bombardeios todas as noites. Então um
dia Leonard apareceu, dirigindo um novo carro
esportivo. Paul perguntou à sua mãe de onde veio o
carro, já que seu pai só dirigia carros velhos.
Acontece que o carro havia sido um presente de
uma mulher rica. A mulher pediu que Leonard
visitasse uma amiga dela que estava em um hospital
psiquiátrico, onde ela havia sido internada. Após
Leonard visitá-la e orar por ela por algum tempo, ela
foi libertada e convertida a Cristo. Mais tarde, ela
recebeu alta do hospital, completamente restaurada.
A rica senhora não conseguiu conter sua gratidão e
enviou o carro a Leonard.
Quase todo sábado à noite, Len dirigia até uma
cidade diferente na Irlanda para encontrar outros
homens e pregar na rua. David, que na época tinha
doze ou treze anos, ia com seu pai. David disse que
às vezes tinha medo que fossem pedir que fizesse
coisas diferentes nas reuniões. Ele e seu pai então
iam à casa de alguém para um encontro de oração.
Se Leonard estivesse na cidade, ele e seus filhos iam
quase todos os sábados à noite, e só chegavam em
casa à meia-noite. A pregação na rua era seu maior
amor no ministério, acima de qualquer outra coisa.

David viu os cinco anos na Irlanda, até 1958, como


seus melhores anos juntos como uma família:

A mudança da Inglaterra para a Irlanda, em relação


à nossa família, foi a coisa mais redentora que meu
pai fez. Vivíamos no interior com muito espaço e
aprendemos a dirigir um trator, alimentar as
galinhas, ordenhar as vacas, trabalhar na fazenda, e
fazíamos trilhas por todo o lindo terreno. Era um
lugar ótimo e saudável para viver. Tínhamos três
lagos cheios de peixes que eram maravilhosos para
pescar.

Meu pai passou a viajar mais à América durante os


anos 1950. Quanto mais suas oportunidades na
América aumentavam, mais ele estava longe
enquanto estávamos todos na Irlanda. Ele
geralmente ia de navio em vez de avião. Levava uma
semana para chegar a Nova York, e, após suas
semanas na América, mais uma semana no navio
para voltar para casa. Então ele viajava por dois ou
três meses. Estar na fazenda era muito reconfortante
para nós quando ele passava tanto tempo longe de
casa.

O que outros expressaram — cada um para o


outro, ambos para o Senhor — era a forma como
Len e Martha haviam iniciado seu casamento e
como eles viveram por cinquenta e cinco anos como
um casal. Eles eram perfeitos um para o outro, e
Martha era perfeita para apoiar um homem como
Leonard.

Martha era geralmente muito quieta e mostrava seu


amor por sua família ao apoiar todos eles. Leonard
fazia o mesmo, mas ele era diferente em um
aspecto. Ele amava falar sobre seus filhos em seus
sermões em público, muitas vezes falando de suas
vidas e de seu trabalho. Ele não reprimia seu amor e
orgulho paternal. No Ministérios de Ação Vital em
1989, ao pregar por vários dias à equipe, ele
começou a falar sobre seus filhos:

Dos meus três meninos, dois deles estão entre os


melhores pregadores da América hoje. O terceiro é
o diretor do Museu de Arte Africana no Instituto
Smithsoniano em Washington, D.C. Os dois
pregadores possuem grandes vidas de oração. Eles
são minha alegria. Eu seria completamente infeliz se
eles estivessem fazendo qualquer outra coisa. Eles
podem nunca se tornar ricos, mas eles conhecem
Deus e estão acumulando seu tesouro no céu. Sua
preocupação principal deve ser sua família. Você
deve estar se esforçando para ver sua cria espiritual
em sua própria casa.

Eu preguei em um lugar e um homem veio e me


disse: “Eu quero agradecê-lo por vir. Eu o escutei na
última vez que você esteve aqui, então eu voltei
porque eu acredito em você.” Eu disse: “O que você
quer dizer?” Ele disse: “Porque você criou três
meninos e dois deles são pregadores maravilhosos, e
eles sempre dão o crédito a você.”

Eu passei horas em oração por eles. Quando meu


filho mais velho, Paul, tinha dezesseis anos de idade,
ele orava mais horas por dia do que eu.

Tanto Leonard quanto Martha tiveram vários


desafios físicos, cirurgias e tratamentos médicos com
o passar dos anos, com períodos de reabilitação e
recuperação. Em junho de 1960, Martha passou por
uma cirurgia no olho e esteve fisicamente debilitada
por várias semanas. Leonard passou por várias
cirurgias, vários pequenos derrames e vários ataques
cardíacos. Eles sempre cuidavam um do outro
durante esses momentos.

Foi naquela época que amigos enviaram-lhes


músicas que eles gostavam. Leonard escreveu um
agradecimento:

Sim, os discos chegaram; que cantoria excepcional!


Vamos nos acostumar a magnificar Seu nome e
adorar Sua pessoa antes daquele dia inigualável!
Ontem, Martha removeu alguns pontos, mas outros
tiveram que ficar por mais duas semanas. Tenho
certeza de que ela está muito desconfortável, mas
nenhuma palavra de reclamação passa por seus
lábios. Então Martha está deitada, escutando todas
essas novas canções, e eu vejo lágrimas em seus
olhos enquanto eles cantam sobre Cristo. Muito
obrigado pela alegria que estes discos nos
trouxeram.

Em espírito de oração, Leonard e Martha


Amor familiar

O lar dos Ravenhill era um lar de amor,


consistência e autodisciplina. Martha era consistente
sobre a casa estar em ordem e sobre as devoções da
família. Ela era muito fiel ao liderar os meninos
todos os dias enquanto Leonard estava viajando por
várias semanas. David lembra de como ela era
consistente e autodisciplinada quando estava em
casa:

Minha mãe era muito fanática sobre as devoções


familiares. Meu pai viajava regularmente e ela lia a
Bíblia conosco ou alguma estória missionária.
Sempre tínhamos um pequeno tempo devocional
antes de ir à escola, lendo uma parte da Escritura ou
um livro devocional, e então orávamos rapidamente.
Havia momentos em que eu pensava: “Cara, eu vou
me atrasar e perder o ônibus!” Mas ela não cedia.
Era aquela forma antiga de consistência que alguns
hoje em dia chamariam de legalismo. Ela tinha um
amor exigente e acreditava na “imposição de mãos”
com seus meninos.

Minha mãe era mais disciplinadora que meu pai


porque ela estava ali todo o tempo. Meu pai fazia
coisas divertidas conosco, nos levava a lugares no
carro, ou ia ao castelo ou ao museu. Ele amava
andar pelos campos e pelo interior.
A vida na fazenda também era divertida, porque,
como adolescentes, gostávamos de ordenhar as
vacas e dirigir o trator, de trazer o feno e de todo o
trabalho ao ar livre. Também percorríamos todo o
espaço e pescávamos nos lagos. Tivemos uma ótima
vida familiar durante aqueles anos.88

Leonard tinha uma visão elevada do casamento e


um grande compromisso ao seu relacionamento
amoroso. Mas, como qualquer marido, havia
momentos em que ele tinha que ser lembrado disto.
Uma noite, após Martha e Len orarem e se
prepararam para dormir, ele ficou na sala de estar e
continuou a orar. Logo, Martha o chamou: “Len,
venha para a cama.” Ele respondeu: “Eu vou
quando terminar.” Mas as palavras de Martha foram
ainda mais insistentes: “Len, você tem uma esposa!”
Deus falou com ele por meio destas palavras. Ele se
levantou, foi ao quarto e se deitou na cama.
Posteriormente, ele disse que às vezes a coisa mais
espiritual que um homem pode fazer é ir para a
cama com sua esposa!

A influência, conselho e orientação divina de


Leonard e Martha para jovens casais forneceram um
exemplo do que um casamento deve ser. Paul e sua
futura esposa, Irene, se conheceram na escola
bíblica e se casaram no fim de um serviço de louvor
ali. Posteriormente se mudaram para Oregon para
um treinamento no ministério e então para a cidade
de Nova York para um período de ministério, e
finalmente foram para a Argentina como
missionários nos anos 1960. Paul e Irene estão lá até
hoje e viram o poderoso trabalho de Deus durante
os anos, de formas maravilhosas. Leonard muitas
vezes mencionava seu ministério em suas
mensagens:

Na Argentina, nosso filho Paul está vendo o Senhor


fazer grandes coisas. Eles estão vendo mais de mil e
quatrocentas pessoas orarem até depois da meia-
noite. Onde podemos ver isto nos EUA? Aqui
estamos tão cheios e satisfeitos, tão complacentes e
tão indiferentes.

David e sua futura esposa, Nancy, também se


conheceram na faculdade bíblica, quando ambos
estavam treinando para trabalhos missionários.
Natural de Michigan, a família de Nancy se mudou
para o deserto de Mojave em Victorville, Califórnia.
Deus os uniu em casamento no dia 24 de agosto de
1963.

Após terminarem seu treinamento na faculdade


bíblica, foram para a cidade de Nova York, junto
com Len e Marta, para trabalhar no Desafio Jovem
do Brooklyn. Depois, foram à sede da Cruzada de
Literatura Cristã em Fort Washington, Pensilvânia,
para um período de ministério. Em outubro de
1966, deixaram a América e foram à Ilha Barreira,
na costa da Nova Zelândia, e desde então têm
servido a Cristo na Nova Guiné e na Nova Zelândia.
Desde os anos 1980, David e Nancy estiveram
envolvidos no ministério pastoral e evangelista na
Flórida, em Missouri, em Washington e no Texas.
David agora viaja extensivamente em um ministério
itinerante por todo o mundo e vive em Siloam
Springs, Arkansas.

Leonard e Martha amavam profundamente seus


filhos. Em um sermão, ele falou sobre a vida de
David quando ele estava na Nova Zelândia:

David sempre me lembra da doçura e mansidão de


Jesus. Ele era o rapaz mais nervoso até que o
Senhor o salvou e o preencheu com o Espírito.
Agora na Nova Zelândia, ele está pastorando uma
igreja de mil e seiscentas pessoas, com mais
seiscentas na escola dominical. Deus o está
utilizando por todo o mundo. Eu não digo isto para
me gabar do meu filho, mas não há nada de errado
em perceber que Deus pode tomá-lo e utilizá-lo. Se
você está pensando: “Deus não pode me usar”, bem,
Ele pode! Não é o que você pode trazer a Deus que
importa — é o que Deus pode trazer a você.

O terceiro filho de Leonard e Martha, Philip, esteve


envolvido no ministério nos anos 1970, na cidade de
Nova York, com David Wilkerson. Posteriormente,
ele recebeu seu PhD da Universidade de Nova York
e foi à Costa do Marfim no oeste da África.
Leonard admirava a ética e integridade de trabalho
de Philip e sua esposa, Judy. Escrevendo no dia 10
de dezembro de 1976, ele disse:

Philip e Judy foram a Nova York. Eles ainda vão a


Bruxelas, Bélgica e então de volta ao oeste da
África. Phil recebeu uma proposta de trabalho ali
por mil dólares por semana, mas ele rejeitou porque
sentiu que não estava sendo dado aos nativos seus
direitos em uma certa área. Judy recebeu uma
proposta para ensinar na Universidade de Columbia,
mas também rejeitou para que pudesse terminar seu
trabalho na África. Eu fico feliz que eles sejam tão
conscientes.

Philip então se especializou em história da arte


africana antes de ser convidado pelo Instituto
Smithsoniano em 1988 para ser o curador do Museu
de Arte Africana em Washington, D.C., onde viveu
até sua morte repentina em novembro de 1977.

Como os Ravenhills estavam espalhados por todo o


mundo durante sua vida adulta, quase não havia
tempo para a família passar juntos, com Philip no
oeste da África, David no sul do Pacífico, Paul na
Argentina, e Len e Martha na América. Apenas uma
vez em 25 anos todos eles estiveram juntos ao
mesmo tempo.

Leonard e Martha têm onze netos, incluindo os


filhos de Paul e Irene: Deborah Ruth, David,
Brenna, Paulette e Andrew. Os filhos de Nancy e
David são: Lisa, Kristina e Debra. Os filhos de
Philip são: Geoffrey, Brenden e Amanda.

O efeito da influência de Leonard e Martha em


seus filhos é imensurável. Len disse uma vez: “O
marido geralmente vem e vai frequentemente, como
eu fiz. Então foi Martha quem teve uma influência
profunda nos nossos três garotos.” O amor e
respeito mútuos entre os pais e os filhos e noras foi
profundo em todas as suas vidas. Isto está refletido
em um simples ato de Leonard uma noite e que
nunca foi esquecido.

David Ravenhill, com dezenove anos de idade,


tinha a responsabilidade de verificar o terreno do
campus da Congregação Bethany, em Minnesota, à
noite. Ele foi para cama mais tarde do que o normal
uma noite, e, ainda acordado, escutou a porta de seu
quarto abrir e viu seu pai colar um pedaço de papel
nela, que ele leu na outra manhã:

Senhor, dá-me um filho que seja bastante forte


para saber o quanto é fraco, e corajoso o bastante
para enfrentar a si mesmo quando tiver medo; um
filho que seja orgulhoso e inflexível na derrota
inevitável, Mas humilde e manso na vitória.

Dá-me um filho cujo esterno


Não esteja onde deveria estar a espinha dorsal; Um
filho que te conheça e saiba conhecer-se a si mesmo,
que é a pedra angular do saber.

Guia-o, eu te suplico, não pelo caminho fácil do


conforto, mas sob a pressão e o aguilhão das
dificuldades e dos obstáculos; que aprenda a manter-
se ereto nas tempestades.
Dá-me um filho de coração puro e objetivos
elevados; um filho que saiba dominar-se antes de
procurar dominar os outros, um filho que aprenda a
rir, mas que não desaprenda de chorar, um filho que
tenha os olhos para o futuro, mas que nunca
esqueça do passado.

E depois que lhe tiveres concedido todas estas


coisas, dá-lhe, eu te rogo, compreensão bastante
para que seja sempre um homem sério, sem,
contudo, se levar muito a sério.
Dá-lhe humildade, Senhor, para que possa ter
sempre em mente a simplicidade da verdadeira
grandeza, a tolerância da verdadeira sabedoria, a
mansidão da verdadeira força.

Então, eu, seu pai, ousarei murmurar: “Não vivi em


vão”.

Deus respondeu abundantemente às orações do


coração de Leonard naquela noite.
9 PARA A AMÉRICA E A BETHANY
FELLOWSHIP

Leonard na Bethany Fellowship, Minneapolis,


Minnesota (primeira viagem de Ravenhill para a
América)

​ ​ ​ ​ ​

O que há de errado com o cristianismo americano
é que não amamos a Deus — só gostamos dele.
Quão abençoado é não ter nome nem fama, nada a
fazer senão a Sua vontade e nada a buscar senão a
Sua glória.

L.R.

A Bethany International Fellowship, localizada em


Bloomington, Minnesota, é uma agência missionária
americana que tem sido usada por Deus para afetar
o mundo desde 1945.

Ted Hegre, pastor da Capela Bethany, no Sul de


Minneapolis, estava sozinho orando, em uma tarde
de domingo de 1944, quando o Senhor colocou um
desafio em seu coração para que a igreja enviasse
cem missionários. Ele se perguntou como as pessoas
aceitariam o desafio, considerando o fato de que
nem mesmo a totalidade da denominação que eles
haviam deixado anteriormente tinha tantos
missionários. Agora parecia que Deus estava
chamando a própria Capela Bethany para mandar
todos aqueles missionários.

Hegre compartilhou com a igreja naquela noite o


que Deus colocou em seu coração. Para sua
surpresa, o corpo da igreja sentiu que era Deus
trabalhando e assumiu um compromisso com o
objetivo.

Logo Hegre ouviu Norman Grubb pregar, o genro


da lenda missionária C. T. Studd, fundador da
Missão Coração da África, que mais tarde se tornou
a Cruzada Mundial de Evangelização. Grubb estava
servindo como diretor da CME na época, a qual
havia enviado quatrocentos missionários para 29
países.
Quando alguns missionários da CME vieram falar
em Minneapolis, Hegre e outros foram ouvi-los e
convidaram-nos para ir à Bethany Chapel. Eles
compartilharam histórias do poderoso trabalho de
Deus na África, que causou um profundo impacto
na igreja.

Como resultado, cinco famílias na igreja —


Halvard e Helen Strand, Ted e Lucile Hegre, Duane
e Virg Lovestrand, Rich e Carol Dahlen, e Morry e
Bettye Johnson — foram unidos pelo Espírito Santo
para começar uma nova missão, com uma visão de
enviar cem missionários. Eles foram profundamente
motivados pelas palavras de Ageu 1:4-6:

Porventura é para vós tempo de habitardes nas


vossas casas forradas, enquanto esta casa fica
deserta? Ora, pois, assim diz o Senhor dos
Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Semeais
muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos
fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos,
porém ninguém se aquece; e o que recebe salário,
recebe-o num saco furado.

Juntamente com isso, vieram as palavras de Jesus:

“Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a


tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”
(Lucas 14:33).

Esses versículos foram usados pelo Espírito Santo


para se tornar o comando e a orientação literal para
os casais, o que significou que as famílias venderam
suas casas e compraram uma propriedade comum,
que serviria como base da missão para o treinamento
e financiamento de missões em todo o mundo. Eles
estavam comprometidos em construir, não para si
mesmos, mas para o reino de Cristo.

Foi um passo radical, pois essas famílias não eram


jovens e instáveis, mas tinham filhos, hipotecas e
empregos estabelecidos. Eles obedeceram a
orientação de Deus com muita oração, alguma
oposição clara e com a certeza de que Deus os
chamou, não percebendo ainda que Deus estava
estabelecendo um trabalho missionário que se
estenderia até o século XXI e mudaria dezenas de
milhares de vidas para a eternidade:

Os cinco casais eram pessoas comuns que captaram


uma visão que se tornou uma paixão e definiu o
curso de suas vidas. Eles não se encaixavam no
perfil dos fanáticos religiosos que queria provar que
eles estavam certos e todo mundo estava errado.
Eles simplesmente sabiam que havia um trabalho a
fazer que exigia dedicação sacrificial e um esforço
conjunto para que isso acontecesse. Eles sabiam que
poderiam realizar mais juntos do que sozinhos.
Juntos, eles estavam determinados a construir um
ministério que não chamasse atenção para si
mesmos, mas para Deus e Seu reino. Nenhum
obstáculo seria grande demais e nenhuma batalha
seria muito difícil. Eles tinham Deus e eles tinham
um ao outro.
A decisão não foi apressada, mas foi feita com
muita reflexão, aconselhamento, oração e tempo
para ter absoluta certeza de que eles estavam de
acordo com a vontade de Deus.

Depois de vender suas casas, uma propriedade foi


comprada por US$ 21.000,00 perto do centro de
Minneapolis. A mansão de tijolos de três andares na
2302 Blaisdell Avenue South tinha quatorze quartos,
todos modernos e atualizados. Era o lugar perfeito
para começar a missão, em outubro de 1945.

Em um ano, a Bethany ampliou suas fronteiras


com a compra de uma fazenda de 51 acres
localizada na Auto Club Road, no subúrbio de
Bloomington, em Minneapolis. Esta propriedade
tornou-se o centro de treinamento extensivo, ensino,
agricultura, publicação e produção de bens que
foram vendidos para apoiar missões. Também havia
uma capela para a Bethany e habitação para
funcionários e alunos.
Numerosos pregadores e missionários vieram falar
e ministrar na Bethany ao longo dos anos, incluindo
homens como Paris Reidhead, Norman Grubb,
Alfred Ruscoe e muitos outros. Ravenhill foi
apresentado pela primeira vez por Grubb à Igreja
Bethany em 1951. Foi então que Ted Hegre
convidou Leonard para vir da Inglaterra para pregar
em sua conferência anual de verão. Sua pregação foi
um sucesso instantâneo com a família Bethany e daí
nasceu um relacionamento que cresceu ao longo dos
anos 1950.

Enquanto estava na América, no verão de 1951,


Leonard pregou em York, na Pensilvânia, na
conferência da Cruzada Mundial de Evangelização.
A presença de Deus nas reuniões foi real durante
toda a semana. Havia uma senhora que atendia a
todos os serviços e sempre sentava na fila de trás e
fazia anotações durante cada mensagem.

Conforme Deus começou a trabalhar em muitos


corações, foi planejada uma noite de oração. Por
volta das 2:00 ou 3:00 da manhã, a mulher de
repente gritou em agonia. Leonard olhou para ela e
viu-a com as mãos erguidas, com lágrimas nas
bochechas, quando começou a orar: “Sim, confesso
que fiz isso. Eu fiz isso, Senhor, confesso que
cometi esse assassinato anos atrás. Eu sou culpada,
embora outra pessoa tenha sido culpada por isso. Eu
acobertei tudo, mas eu fiz.” Essa confissão à moda
antiga não era incomum na pregação de Leonard.

Sobre essa confissão de pecado, Leonard disse


mais tarde: “Não vemos mais conversões assim. Nós
vemos altares lotados, mas não muitas vidas
transformadas. Mas quando o Espírito Santo vem
sobre um pecador, ele fica em um terrível momento
de sofrimento até que faça as pazes com Deus.”

Leonard retornou no verão de 1953 para pregar na


conferência de verão da Bethany. Todos os anos,
Ravenhill vinha de navio da Inglaterra. Para
aproveitar ao máximo a viagem de Leonard, a
equipe da Bethany planejou um itinerário de verão
para ele falar em várias igrejas e conferências
bíblicas. Como resultado, ele recebeu cada vez mais
convites de igrejas em toda a América do Norte e
um ministério mais amplo se abriu, ele ministrou
todo verão até 1958.

Em janeiro de 1957, Leonard foi o principal orador


da Conferência Bíblica de Ano Novo da Bethany.
Suas mensagens noturnas foram transmitidas pelo
rádio em Minneapolis. Halvard Strand, um dos
fundadores da Bethany, comentou:

A Conferência de Ano Novo, em janeiro de 1957,


foi uma das nossas melhores, com o Rev. Leonard
Ravenhill, da Irlanda do Norte, como principal
orador. Os serviços noturnos foram transmitidos
pela estação de rádio KTIS. Muitos encontraram
Deus de uma maneira nova e duzentos buscadores
encontraram ajuda espiritual na sala de oração após
os cultos. Deus entregou um espírito maravilhoso de
oração e testemunho de uma nova concepção de
Jesus Cristo, com um desejo maior de louvá-Lo e
torná-Lo conhecido.

Leonard estava agora envolvido em um ministério


de pregação internacional, com muitos convites em
todo o mundo e ainda mais no coração e na
audiência dos EUA. Ravenhill estava cada vez mais
na América. Foi Norman Grubb quem finalmente
encorajou Leonard a se mudar para os Estados
Unidos. “A igreja aqui precisa da sua mensagem”,
foi o conselho de Grubb. Ravenhill sentiu que Deus
havia falado com ele sobre o chamado de Deus para
a América. Depois de um período de oração,
Leonard e Martha sabiam que essa era a vontade de
Deus.

Ted Hegre, presidente da Bethany, convidou a


família Ravenhill para morar no campus do
ministério em Minneapolis. Isso permitiria que
Leonard não apenas ministrasse aos funcionários e
estudantes na Bethany, mas também fornecia um
lugar no centro dos Estados Unidos do qual pudesse
viajar para pontos de pregação na América do Norte
e no exterior. Mas tal mudança levaria vários meses
para ser concluída. Havia detalhes para planejar e
uma fazenda para vender.

Em abril, Leonard escreveu a seus amigos, os


Blooms, na Carolina do Sul: “O caminho parece
aberto para que cheguemos aos Estados Unidos em
julho. Toda a família virá; veremos como o Senhor
conduz tudo isso.”

Em junho, um mês antes de se mudar, Leonard


escreveu para eles novamente:

Em um mês a contar de hoje, nós, como uma


família, estaremos no mar rumo à nossa nova casa
nos EUA. O que tudo isso significa, eu não sei, mas
Ele sabe e isso é tudo que importa. Iremos para a
Bethany Fellowship, 6820 Auto Club Road,
Minneapolis, Minnesota, e nos estabeleceremos por
um tempo ou para sempre. Agora, ao trabalho e ao
empacotamento e aos cem trabalhos que precisam
ser feitos. Oh, para que possamos ver reavivamento
frente a esta geração, com todo o seu pecado
semelhante a Sodoma, é necessário um julgamento
semelhante a Sodoma.

Em espírito de oração, na doçura da sua cruz, Len


Ravenhill Embora houvesse muito planejamento e
trabalho a ser feito antes que a mudança pudesse
ocorrer, Deus logo abriu o caminho com a venda da
fazenda, elaborando cada detalhe e atendendo a
todas as necessidades.

Leonard havia navegado várias vezes entre a Grã-


Bretanha e a América nos anos anteriores. Nem
sempre foi algo de que ele gostava. Quando estava
sozinho, a bordo do navio, usava o tempo para orar,
testemunhar, estudar e meditar. Ele disse depois:

Eu cruzei o Atlântico cerca de vinte vezes em


grandes navios, como o Mauretania e o Queen
Mary, no qual eu estava quando ele fez suas
quinhentas travessias da América para a Inglaterra.
Às vezes havia perigos reais, como minas flutuantes
e terríveis tempestades, mas eu sou grato por eu
sempre passar em segurança pelo mar.

Desta vez, a família estava junto, navegando de


Londres para Nova York. A memória de David
sobre a grande mudança, quando ele tinha treze
anos, permanece com ele:

Finalmente chegou a hora em que a porta se abriu


para nós nos mudarmos para cá em 1958. Havia
mais portas abertas para o ministério do meu pai
aqui do que na Grã-Bretanha. Os meus pais sabiam
que seria muito melhor para a família estar junto,
em vez de o pai estar fora todo o tempo no exterior.
Em última análise, todos nós sentimos claramente o
chamado de Deus para partir.

Meu irmão Paul, então com quinze anos, ficou


muito desapontado com a mudança. Ele amava
muito a vida e o trabalho na fazenda. Meu pai disse
a ele que se ele tentasse por um ano e ainda quisesse
voltar para a Irlanda, então eles deixariam que
partisse. Assim, no verão de 1958, a família
embarcou no Mauretania para a cidade de Nova
York, depois de trem para Ohio, e depois de carro
até a Igreja Bethany.

Leonard, Martha, Paul, David e Philip chegaram ao


campus da Bethany após a longa viagem e a Igreja
Bethany registrou isso em sua história oficial:

Reverendo Leonard e Martha Ravenhill com filhos,


Paul, David e Philip da Irlanda, chegaram a Bethany
em 12 de julho de 1958 para fazer seu lar no
campus, que fornecerá uma base para o Sr.
Ravenhill e seu ministério evangelístico nos Estados
Unidos.

Logo depois da mudança, Leonard e Norman


Grubb compartilharam as responsabilidades de
pregação pela Bethany na Conferência de vida
vitoriosa de verão de 1958. Seu ministério
continuava a ser oração, extensa pregação, escrita e
agora incluiria a edição da revista Dayspring, da
Igreja Bethany, que mais tarde se tornou parte da
Revista Mensagem da Cruz.

Logo, o primeiro livro publicado de Leonard,


“Why Revival Tarries”, foi concluído e publicado. O
livro foi um sucesso instantâneo de publicação e
tornou-se o livro mais famoso e influente de
Ravenhill. De certo modo, o livro tornou-se sua
marca registrada e vendeu entre 100.000 a 200.000
cópias ao longo dos anos.

No final de 1958, Bethany teve excelentes


missionários e pregadores visitando o campus. Em
dezembro, um conhecido sul-africano, Nicholas
Bhengu, veio falar. Ravenhill o elogiou bastante:

Na semana passada tivemos Nicolas Bhengu aqui.


Ele é chamado de Billy Graham da África do Sul. O
título não é justo. Este abençoado homem negro
chega a quarenta mil pessoas em suas reuniões e
dizem que setenta e cinco por cento de seus
convertidos provam ser genuínos. Ele estabeleceu
duzentas igrejas nos últimos oito anos. Tenho
certeza de que a África do Sul é o campo mais
maduro do mundo no momento. Mas a menos que
ela tenha um reavivamento enviado por Deus,
haverá uma terrível guerra civil lá em um espaço de
alguns anos.

O próximo pregador foi Bakht Singh, da Índia, um


homem de fé real. Ravenhill respeitou muito esse
servo de Deus que tinha um ministério apostólico de
construir igrejas entre o seu próprio povo indiano.
Depois da visita de Singh, Len escreveu para
amigos:

Seus queridos corações teriam se emocionado em


ouvir sobre a obra do Senhor através deste homem
gracioso. Ele estabeleceu trezentas igrejas em
dezessete anos. Bakht Singh disse, e eu estremeci
quando ele disse isso, que pensou que o Senhor iria
remover o candelabro da América por causa do
orgulho em seus ricos.
Vida na Bethany Fellowship

Os Ravenhills desfrutaram da vida estabelecida


proporcionada pela Bethany Fellowship e tiveram
um ministério frutífero entre equipe da Bethany.
Além da pregação e da escrita de Leonard, Martha
foi uma grande ajuda na equipe da cozinha, que
alimentava centenas de estudantes e funcionários
todos os dias, além das multidões que vinham para
as conferências bíblicas.
Os filhos de Ravenhill, Paul, David e Philip,
frequentaram a escola

bíblica da Bethany e a família teve um


relacionamento maravilhoso com muitas pessoas.
Sua família teve um tremendo impacto na vida
ministerial da Bethany e de sua equipe. Cathy
Brokke expressou o que muitos sempre sentiram:
“Quando Leonard falava nas conferências da
Bethany, era uma coisa incrível tê-lo pregando para
as pessoas.”
Leonard sempre assistia às pequenas reuniões
informais de oração na Bethany no período da
manhã, e sua presença enriquecia as reuniões
matinais simplesmente pela veracidade de sua
oração.

Perto do final de seu período na Bethany


Fellowship, Leonard pregou para a equipe e para a
congregação de lá:

Estou acreditando que vou ver um Pentecostes que


será além do Pentecostes pentecostal. E vocês sabem
que ele pode começar bem aqui esta manhã.
Acordei esta manhã com a sensação de que Bethany
está novamente em uma encruzilhada. Não importa
o que mais fizermos se não orarmos. Se você não
aprender a orar nesta escola, esqueça tudo; esqueça
o ministério ou qualquer outra coisa que você queira
fazer para Deus.

Oh, Deus sabe que eu gostaria de poder empurrar


uma polegada aquela porta para a eternidade para
vocês esta manhã. Vocês nunca mais iriam reclamar.
Vocês nunca iriam derrapar de novo. Vocês nunca
comprometeriam sua vida cristã. Sua vida de oração
não estaria em farrapos e seu amor não seria
congelado.

Ao longo dos anos, o apreço por Leonard e Martha


permaneceu profundo entre os funcionários e
missionários da Bethany:

Eu me lembro de uma vez quando Ravenhill estava


falando na Bethany, ele disse que todas as igrejas
evangélicas deveriam ser fechadas até começarmos a
fazer o que Deus já nos disse para fazer. Ele disse
que não deveríamos ter mais nenhum serviço
evangelístico especial até que estivéssemos
obedecendo ao que Deus já havia deixado claro para
nós por meio de Sua Palavra.

- Connie Brand
O irmão Leonard era um homem devoto em toda a
maneira de andar e conversar. Sua influência foi
impressionante como evangelista e, como tal, ele
despertou as pessoas. Sua força era sua mensagem
sem compromisso. Sua fraqueza, se ele tivesse
alguma, pode ter sido que ele teve dificuldade em se
relacionar com os fracassos comuns que as pessoas
têm.

- Dave e Nancy Renick

Acho que fiquei um pouco surpresa porque nunca


ouvi ninguém pregar do jeito que Len pregava. Eu
tinha a sensação clara de que ele realmente queria
dizer tudo o que ele dizia. Eu tinha um medo natural
de Leonard quando o via. Sendo uma pessoa um
pouco privada, isso me sacudiu. Mas agora percebo
que temia que ele pudesse enxergar através de mim.
Eu realmente apreciei seu coração pela sua devoção
e profunda vida de oração, então isso me manteve
muito interessada em ouvir mais dele. Isso se tornou
uma das razões pelas quais eu finalmente me demiti
do meu trabalho de enfermagem e comecei o
programa missionário na Bethany Fellowship.

- Joan Frazerhurst

Ravenhill teve pouco tempo para se acomodar na


Bethany antes de conduzir uma cruzada de agosto
nos terrenos de rodeio em Caldwell, Idaho,
patrocinada por trinta e duas igrejas. Isto foi seguido
imediatamente por uma segunda cruzada em outra
cidade, onde houve duas conversões significativas,
sendo uma filha de uma das principais Testemunhas
de Jeová na área e um proeminente homem católico
da cidade.

Em maio de 1958, Maynard James chegou da


Inglaterra para uma turnê de pregação na América e
veio a Minneapolis. James renovou comunhão com
Leonard e Martha e escreveu sobre isso mais tarde:
O Senhor nos deu um toque de reavivamento
enquanto pregava em Minneapolis. Noite após noite,
sem nenhum apelo maior, as almas buscavam a
Deus de todo o coração. Enquanto estava lá, tive
uma doce comunhão com meu querido amigo e ex-
colega, o irmão Ravenhill. Ele e sua esposa, junto
com os filhos, agora vivem na Bethany Fellowship,
a cerca de trinta quilômetros do centro da cidade. Eu
disse ao irmão Ravenhill que eu ainda gostaria que
ele estivesse aqui conosco.

1959 encontrou Leonard aguardando confirmação


sobre uma pregação na Suécia e em outros lugares
da Europa. Seu zelo na época foi expresso na forma
típica de Ravenhill: “Sente-se que ele precisa de mil
línguas e mil vidas para levar a mensagem até os
confins da terra para a glória do Senhor.”

Em maio, Leonard pregou em Presque Isle, Maine,


para um grupo de batistas reformados que tinham
um fardo para a devoção. Outro ministério foi
desenvolvido durante o resto do ano em vários
estados do norte e do meio-oeste. Ele também
estava trabalhando em um novo livro naquele ano.

1960 começou com Leonard pregando na


conferência de Ano Novo da Bethany. Os
palestrantes incluíam Don McKaughan, John
Buffam, que era um missionário da Índia, Gene
McBride, também missionário da Nova Guiné
Portuguesa, Ted Hegre e Leonard. Um espírito de
renovação e novo compromisso com Cristo
permearam a semana.

No final do inverno, Ravenhill partiu para uma


longa viagem até Nova Inglaterra, onde pregou em
Boston. Em 12 de abril, ele pregou no banquete
anual das missões da Igreja Park Street, pastoreada
pelo Dr. Harold J. Okenga.

Em maio, ele viajou para a Igreja Batista


Reformada em St. John, New Brunswick, Canadá,
e, em seguida, retornou aos Estados Unidos para
pregar para um retiro espiritual da Igreja de Deus no
Kansas, em junho.

Uma lição pode ser aprendida com a vida de


Leonard neste momento. Sua presença entre os
grupos de devoção dos Batistas Reformados e da
Igreja de Deus no mesmo itinerário de pregação
fornece uma perspectiva precisa do chamado mais
amplo de Leonard e de sua atitude em relação ao
ministério ao longo dos anos. Ele ministrou
abertamente em qualquer ambiente onde as pessoas
levassem a sério a verdade, independentemente da
denominação ou afiliação. Ele tinha um coração
para todas as pessoas, para vê-las afetadas e
ajudadas pela verdade de Deus.

Em 1960, a Bethany Fellowship comprou uma


grande tenda, que acomodaria mil pessoas, para ser
usada em cruzadas de cidade em cidade. Isso foi
usado por um longo período durante os primeiros
anos do ministério de Leonard, enquanto ele estava
na Bethany.
Usando a tenda, Leonard começou a pregar
cruzadas locais em Minnesota, Wisconsin e Iowa.
Cathy Brokke, sua enfermeira após o incêndio de
Chicago, também foi organista e pianista de algumas
das cruzadas de tendas, particularmente no norte de
Minnesota e em Michigan durante os meses de julho
e agosto.

A tenda foi levada primeiramente a Grand Rapids,


Michigan, para o ministério de verão, de 24 de julho
a 14 de agosto, quando Leonard e Ted Hegre
compartilharam a pregação por três semanas. Ele
pregou diariamente por cinco semanas antes das
reuniões de Grand Rapids. Pregar duas a três vezes
por dia estava causando problemas de voz. A equipe
viu Deus trabalhando nas reuniões, como Leonard
comentou brevemente em uma carta naquela época:
“Não há uma noite sem almas.”

De Grand Rapids, ele escreveu para seus amigos


Blooms, em 6 de agosto:
Prezados e amados Blooms,
Saudações em Seu Nome. Estamos tão felizes em
saber de vocês novamente. Louvai-Lhe pois ainda
nos é permitido suar por Aquele que suou grandes
gotas de sangue por nós. Somente Ele é digno —
vamos louvá-Lo.
Eu acho que estou como vocês, já que estou
cansado. Eu tive cinco semanas seguidas pregando
duas ou três vezes por dia, por isso estou tão rouco
quanto possível. No momento estou em Grand
Rapids com uma barraca de mil lugares sustentada
por ar. É uma coisa fantástica e causa muitos
comentários. Mas é uma fera para se trabalhar. Eu
termino essa noite de domingo e espero ter algumas
semanas de férias e, então, mais uma semana na
barraca em Fairmont, Minnesota.
Vê-se cada vez mais que ou as pessoas têm a
religião na cabeça ou a religião está morta para elas,
ou que elas têm um domínio muito superficial da
realidade. Parece que hoje em dia a maioria dos
evangelistas oferece muito por muito pouco. Um
arrependimento superficial, se é assim que pode ser
chamado, é aceito e então é garantido ao “crente” a
imunidade da justiça divina, segurança eterna, fuga
do fogo do inferno, e dado o título de propriedade a
uma mansão de primeira classe no topo da colina e
música de um coro de milhões de vozes de anjos.
Que caricatura da coisa real! Que Deus tenha pena
de nós.

Eu adoraria ver as flores de pessegueiro da


Carolina, mas com certeza também poderia provar o
sorvete! Mas a comunhão seria a melhor de todas.
Vou escrever novamente antes de ir embora.
Seus em companheirismo e no progresso do
evangelho,

Leonard e Martha

Imediatamente após as reuniões de Grand Rapids,


Leonard e Martha tiraram duas semanas de férias e
partiram para Fairmont, Minnesota, para pregar uma
cruzada de três semanas para um grupo de igrejas
em toda a cidade, por iniciativa do pastor Clarence
Finsaas, pastor da Igreja Lutheran Brethren em
Fairmont.
Leonard tinha sido escalado para viajar para a
Irlanda em 1 de setembro de 1960, mas teve que
cancelar a viagem por causa de uma reação ruim às
vacinas de varíola e cólera que havia recebido na
Universidade de Minnesota. Planos de viagem ao
exterior exigiam esse tratamento. Ele desenvolveu
febre alta, fraqueza, perda de apetite, náusea e
inchaço maciço no braço direito. Ele simplesmente
não estava em condições de viajar para qualquer
lugar, muito menos sobre o Atlântico. Naquela
época, sua perspectiva era simples: “Essa é uma boa
bagunça em que estou, mas não há erros com
Deus!”

Ravenhill estava pregando em uma base mais


ampla quando os anos 1950 terminaram. Logo ele
faria a viagem mais longa que ele teria em sua vida
pelo bem do evangelho.
10 PREGAÇÃO AMPLA E MISSÕES
MUNDIAIS

Leonard deixando Minneapolis com Allan McLeod


rumo à Austrália, em novembro de 1960, para a
viagem da missão mundial de pregação de seis
meses



Eu confio que Deus me dará uma visão que nunca
será turva, um zelo que nunca será diminuído, e
um fardo que nunca será aliviado.

Allan McLeod

Não há pessoas grandes e pequenas no reino de


Deus — somente fiéis e infiéis.

L.R.
Longos períodos de ministério prolongado levavam
Ravenhill regularmente para longe de casa. Uma
dessas viagens foi de janeiro a abril de 1960, quando
ele esteve nos estados do Noroeste dos EUA e no
Canadá. No Oregon, ele conduziu reuniões em
Sweet Home e em Portland, depois foi para o Norte
até Moose Jaw, Canadá e outros locais, dos quais
não há registro. Este era o caso de muitas situações
em que Leonard viajou, já que nenhum diário foi
mantido das viagens de pregação durante esses anos.

Em seguida, Leonard voltou a Minneapolis por um


breve período e logo foi para Olean, Nova York,
para uma conferência em toda a cidade, com vinte
igrejas em cooperação.

A agenda de Ravenhill o manteve em Minneapolis


pelo resto de 1960 até novembro, quando ele
embarcou na mais longa viagem que já fez longe da
família. Ele havia recebido muitos convites de vários
países de todo o mundo, principalmente grupos
missionários que queriam que ele pregasse em suas
estações missionárias. Enquanto orava, uma viagem
foi planejada durante vários meses, a qual seria uma
turnê mundial entre as estações missionárias, bem
como igrejas e conferências bíblicas em vários
lugares ao longo do caminho.

Missões mundiais de pregação

Na primeira semana de novembro de 1960,


Leonard embarcou em uma viagem prolongada de
cinco meses, que o levaria a pontos de pregação
entre as estações missionárias na Austrália, Fiji,
Jacarta, Nova Zelândia, Nova Guiné, Cingapura,
Líbano, Israel, Tailândia e vários países da Europa
ocidental.

Leonard foi acompanhado pelo jovem Allan


McLeod, um estudante da Bethany Fellowship na
época. McLeod foi muito afetado pela vida de
oração e pregação de Leonard. Ainda com vinte e
poucos anos, Allan foi o companheiro constante de
Ravenhill durante os cinco meses. Ele foi como um
parceiro de apoio e oração para Leonard e
aumentou sua própria exposição em campos
missionários de todo o mundo. A viagem moldou
significativamente a vida de McLeod como homem
e como missionário.

A viagem levou-os primeiro às Ilhas Fiji e à Nova


Zelândia durante um mês, depois à Austrália, para
visitar estações missionárias, depois de volta a
Sydney e à Nova Guiné, antes de se dirigirem para
outros continentes. A programação foi exaustiva,
mesmo para um jovem como McLeod.

Em cinco meses eles viajaram para mais de vinte


cidades em vinte países nos cinco continentes, com
Leonard falando provavelmente cerca de 150 vezes
em lugares como as Ilhas Fiji, Nova Zelândia,
Austrália, Cingapura, Nova Délhi, Bombaim,
Beirute, Calcutá, Bangkok, Zurique, Roma, Paris e
Londres.

Nesta viagem, Leonard pregou para reuniões de


missionários em vários lugares, em igrejas, em
estações missionárias, entre as tribos aborígenes no
interior e em vários cenários evangelísticos.

Na Nova Zelândia, Joy Dawson, da Youth With a


Mission, ouviu Leonard pela primeira vez. Ela
lembra bem do chamado de Ravenhill aos cristãos
para acabar com as coisas menores:

Foi no início dos anos sessenta. Eu estava sentado


em uma conferência em Eastern Beach, perto de
Auckland, Nova Zelândia. Leonard Ravenhill foi o
orador. Não me lembro da mensagem específica
daquela noite, mas sempre me lembrarei do
momento em que ele apontou o dedo para a plateia
e, levantando a voz com convicção e autoridade,
disse: “Você será tão espiritualizado quanto quiser!”

Um mês depois de deixar Minneapolis, McLeod


escreveu da Austrália para seus avós no Canadá:
Melbourne, 2 de dezembro de 1960
Saudações a todos os parentes desde aqui embaixo
na terra do Cruzeiro do Sul.
Olá, vovó e vovô! Saudações a vocês em nome de
Jesus. Papai sugeriu que eu lhes escrevesse e achei
que era uma boa ideia, então aqui estou eu. Isso será
mais compreensível do que a minha caligrafia se eu
conseguir que funcione corretamente. Eu não uso
uma dessas máquinas de escrever há muito tempo.
Caso vocês não estejam completamente
familiarizados com os detalhes dessa viagem, vou
relatar alguns. Estou viajando com Leonard
Ravenhill, de quem vocês já ouviram falar, em um
tour evangelístico. Nosso primeiro objetivo principal
é a Austrália, onde estaremos de agora até meados
de janeiro.
Passamos uma semana na Nova Zelândia e depois
vamos para a Nova Guiné por uma semana.
Visitaremos o interior com a ajuda da Bolsa de
Aviação Missionária. Algumas das tribos mais
primitivas estão nessa área, então espero tirar boas
fotos.
De lá vamos para Manila e depois para Bangkok,
onde teremos uma conferência com a Cruzada
Mundial de Evangelização. Então vamos para
Calcutá e Benares. De lá, voaremos para o norte, até
a fronteira do Nepal, por alguns dias com um
missionário da Bethany Fellowship. De Benares
seguiremos para Nova Délhi, depois Ankara e
Roma, depois para Londres e Irlanda por alguns dias
e, finalmente, de volta a Minneapolis.

Estou viajando com o Reverendo Ravenhill como


um parceiro de oração a pedido dele. Deus está
abençoando seu ministério e estou aprendendo
muito. Eu sinto que não tenho espaço para muito
mais. Nós não estamos em um passeio turístico, mas
estamos tentando levar as pessoas a perceber a
urgência dos dias em que vivemos.

O diabo está arrastando as pessoas para o inferno


ao nosso redor e nós, como cristãos, temos muito
pouca preocupação. Precisamos de um verdadeiro
reavivamento do Espírito Santo. Esse é o propósito
da nossa viagem. Eu nunca fiquei tão motivado na
minha vida, já que Deus está me fazendo ver minha
própria complacência. Parece que pensamos que
Deus vai atingir os milhões que estão morrendo de
alguma forma sem a nossa ajuda. Então nos
sentamos e relaxamos no conforto de nossa própria
experiência cristã e os deixamos ir para o inferno.
Oh, que possamos acordar e ver nossa
responsabilidade! Seu sangue será exigido em nossas
mãos, a menos que tomemos o poder.

Tenho certeza de que existem recursos na oração


que nunca foram aproveitados, mas a maioria das
orações feitas na igreja é ridicularizada pelo diabo.
Mas o Calvário providenciou a libertação de todas as
pessoas da escravidão do diabo. Precisamos buscar a
Deus até que Ele nos revele os segredos da guerra
espiritual.

Não sei se a mamãe enviou para vocês nosso


itinerário anterior, mas agora o texto acima substitui-
o. Não podemos ver a Palestina, Atenas, Suíça,
Alemanha ou França como planejado, devido ao
nosso retorno à Nova Zelândia e nossa estadia em
Bangkok. Mas eu prefiro ir à Nova Guiné, Bangkok
e Índia para ver o trabalho missionário. Eu confio
que Deus me dará uma visão que nunca será turva,
um zelo que nunca será diminuído, e um fardo que
nunca será aliviado.
A Bolsa de Aviação Missionária ainda precisa de um
técnico de rádio, então talvez eu fique para trás.
Parece uma pena chegar lá e ter que sair de novo
quando a necessidade é tão grande. Meu único
desejo é fazer a vontade de Deus, em qualquer
lugar, a todo custo. Por favor, orem por nós
enquanto continuamos a ministrar a palavra do
Senhor. Queremos que a perfeita vontade de Deus
seja feita em todas as coisas. Louve a Deus pela
vitória sobre todo o poder do inimigo.

Por favor, me escrevam se encontrarem um tempo.


Allan

Os meses viajando com Ravenhill impactaram


McLeod significativamente e foram, em parte, uma
das razões pelas quais ele e sua esposa Joann foram
missionários no Brasil por 44 anos.

Foi em tais viagens que Leonard viu de uma nova


maneira a condição de homens perdidos em terras
distantes, sem uma cópia da Bíblia em sua própria
língua, e muitos campos missionários sem
trabalhadores cristãos suficientes. Seu coração
ansiava pelo avanço do reino de Deus, onde Cristo
não era conhecido. Depois de uma ocasião nas
selvas de uma terra distante, Leonard escreveu sobre
uma garota nativa que ele viu:

Garota da Selva

Seus olhos eram grandes como pires, Apenas uma


garota na trilha da selva; Ela era uma das filhas da
floresta,
Com uma trouxa pendurada nas costas.
Ela estava nua, exceto por uma faixa,
Tão escura quanto um pedaço de carvão;
Mas a sujeira em seu corpo fedorento
Era branca em comparação com a sujeira de sua
alma.

Sob a pele estava uma mulher, Embora ela


parecesse selvagem como uma fera; Ela não
conhecia nenhum direito como mulher, Para dizer o
mínimo.

Ela trabalhava para o seu homem durante o dia, Ela


matava sua luxúria à noite;
Uma mulher, meu Deus, uma mulher
Sem seus direitos humanos.

O coração de Leonard frequentemente se partia


quando ele orava pelos países do mundo e pela
condição perdida de pessoas em todos os lugares. O
amor de Cristo agitou-o quando ele viu em primeira
mão a idolatria de terras estrangeiras:
Eu me lembro, na Tailândia, subindo uma rua em
direção a um enorme templo com um Buda
reclinado, que tinha cerca de 45 metros de
comprimento coberto de ouro e pessoas curvando-se
até o chão. Eles estavam chorando para um deus
que não pode ouvir, para um deus que não pode
sentir, para um deus que nem consegue se mexer! E
agora milhões dessas pessoas estão em maldição esta
noite.

Fui a uma casa em Papua Nova Guiné, onde a


porta tinha cerca de setenta e cinco centímetros de
altura e setenta e cinco centímetros de largura. Tive
que engatinhar sobre minhas mãos e joelhos. Eles
têm sujeira de parede a parede e mulheres
completamente nuas. Havia um cachorro lá com seis
filhotes e um deles não podia ser alimentado. Uma
mulher colocou seu bebê para baixo e colocou o
filhote no peito. Então ela o colocou de volta no
chão e pegou o bebê.
Você vai para o próximo lugar e há uma mulher
amamentando um porco. Então as crianças entram e
pegam o seio da mãe e se alimentam da mãe até
cerca de seis ou sete anos de idade. E alguns
ignorantes com um PhD dizem para você deixar os
pagãos sozinhos porque eles são felizes.

Mas a verdade é que eles estão tão felizes agora


quanto seriam no inferno. Eles têm medo do escuro.
Eles gemem e rangem os dentes. Eles gritam quando
enterram as pessoas e não têm absolutamente
nenhuma esperança.

Leonard e seu filho Paul estavam voando na


Austrália durante a noite. Ao saírem de Sydney,
voaram para o interior e seguiram em direção a Port
Darwin. Enquanto olhavam pela janela à noite,
Leonard disse: “Paul, você vê aquelas luzes no
chão? Vê os fogos queimando? Você sabe o que eles
são? Essas pessoas não têm casas e nem usam
roupas. Eles não têm utensílios de cozinha e vivem
como se estivessem em a.C., não d.C.” Foram essas
cenas que moveram o coração de Leonard, porque
ele sabia que ninguém estava levando o evangelho
para eles.

Após seu retorno da turnê missionária, Leonard


estava pregando amplamente, especialmente nos
estados do Leste e no exterior. Convites para o
ministério continuaram vindo de amplos círculos. A
primeira semana de setembro de 1961 o encontrou
indo para o Canadá, mais de mil quilômetros ao
norte de Winnipeg. A segunda semana o encontrou
em Churchill, perto da baía de Hudson, depois a
quinhentos quilômetros mais ao norte, até Rankin
Inlet. Nestes lugares, ele ministrou principalmente
aos missionários que trabalhavam entre os índios
canadenses e esquimós.

A escrita

Esse período também foi uma época em que a


escrita de Leonard aumentou significativamente. Os
próximos três anos foram um período de trabalho
duro em vários novos livros. Em 1961 foi publicada
a primeira edição de “A Treasury of Prayer”, um
livro compilado e editado por Leonard, que era uma
coleção dos escritos de E. M. Bounds.

Naquele ano ele também terminou seu segundo


livro, “Meat for Men”. O livro não é um clamor
clássico por avivamento, mas uma exortação para os
cristãos despertarem espiritualmente, se
aproximarem de Deus e se apropriarem de tudo o
que possuem em Jesus Cristo. Os capítulos incluem
“Vergonha no seu aparecimento”, “Graça sem
custo”, “Devoção: que custo para sentir”, “Vamos
parar de brincar de Igreja”, “Filosofia moderna e
pensamento: sua falácia e o arreio da disciplina”. T.
A. Hegre escreveu no prefácio:

O chamado do Sr. Ravenhill para a oração é forte


porque ele ora. Seu desafio para disciplinar é
impressionante porque ele se disciplina. Ele sabe o
que abnegação e sacrifício significam.
Eu tive o privilégio de morar e trabalhar com ele.
Mas o maior privilégio foi o de orar com ele. Ele
pratica o que prega. É por isso que ele pode ser tão
duro com os outros e ser amado por isso. Ele só
impõe aos outros o que ele impôs primeiro a si
mesmo.
Ravenhill viveu com homens de oração, antigos e
modernos, e tem o mesmo espírito que os inspirou.
Ele é incapaz de reconciliar a contradição de um
cristão sem oração.

1962 trouxe a publicação do terceiro livro de


Leonard, “Revival Praying”, que mostra a relação
entre a oração, o exercício da fé e o reavivamento.
Permanecer em oração é uma responsabilidade,
como é a verdadeira fé, estando ambas ligadas a
genuínos avivamentos. O livro ganhou uma
audiência ampla e se tornou um de seus livros mais
influentes, muito parecido com “Why Revival
Tarries”.

Depois do Ano Novo de 1963, Leonard começou a


trabalhar em dois novos livros. O primeiro era sobre
o tribunal de Cristo. O segundo, “Tried and
Transfigured”, publicado naquele ano, foi um desvio
de seus temas normais de reavivamento e oração.
Foi seu terceiro livro publicado e é um estudo de
duas experiências primárias do homem Jesus Cristo
— suas tentações no deserto e sua experiência de
transfiguração.

O extenso trabalho necessário nos livros,


juntamente com o fato de que ele não estava bem
fisicamente, fez com que ele cancelasse todos os
compromissos ministeriais nos próximos meses,
exceto por uma breve viagem a Chicago, em abril,
para pregar em duas conferências ministeriais sobre
o tema da oração.

Na estrada novamente

No outono, um período mais consistente de


pregação foi retomado. Em outubro, Leonard
pregou em Tulsa, Oklahoma, a um grande grupo de
ministros e em uma ou duas igrejas por nove dias.
Ele estava vendo, cada vez mais, Deus tocar a vida
dos pregadores que vieram sob o seu ministério. Ele
comentou depois das reuniões de Tulsa: “Estou
contente que o Senhor deu poder no ministério para
que esses homens necessitados pudessem ter um
novo toque do Senhor.”

Em junho, Leonard realizou sua primeira série de


reuniões de verão, uma cruzada de tenda em
Viroqua, Wisconsin, onde pregou por três semanas.
Sheldon Olson, um empresário de Gays Mills,
Wisconsin, tornou-se amigo dos Ravenhills durante
esse período em Viroqua. Olson lembra o ministério
de Leonard lá:

Nós conhecemos Leonard Ravenhill quando a


Igreja Bethany trouxe sua tenda inflada para
Viroqua, Wisconsin, por três semanas de reuniões.
Nós vimos muitas almas serem salvas naquele
tempo. Ele falava com autoridade da Palavra de
Deus e seus sermões de rádio eram vibrantes.
Quando Sheldon disse a Leonard que ele estava feliz
em ouvi-lo falar, ele disse: “O Senhor me diz o que
dizer e eu digo isso.” A igreja bastante liberal em
que ele estava não se importou em tê-lo por muito
tempo depois disso. Um pastor local não gostou de
tal pregação e comentou sobre Ravenhill: “Teremos
que tirar esse homem da cidade!”

Em uma série de reuniões, um homem retornou ao


Senhor, depois de anos vagando e fracassando. Sua
recuperação foi plena e completa, um milagre da
graça. Enquanto orava, ele começou a chorar e foi
incapaz de terminar de orar por causa de seu fardo
pelas almas perdidas.

Em julho, Leonard retornou a Wisconsin para


pregar em um acampamento de verão wesleyano.
Em seguida, ele e Martha partiram para Denver em
13 de agosto, em parte para férias, mas também
para pregar em uma grande convenção de verão.

Nova direção
Em 1963, Leonard começou a sentir que a oração e
o reavivamento deveriam ser o foco da Igreja
Bethany. Mas os líderes da Bethany não
compartilhavam da mesma visão. A Bethany sempre
foi uma organização missionária e eles não
acreditavam que Deus quisesse que seu foco
mudasse. Como Leonard permaneceu fiel ao seu
próprio chamado para manter o foco no avivamento,
ele e Martha sentiram que o Senhor tinha uma nova
direção para suas vidas e seu ministério.

No verão, Leonard foi convidado para pregar em


Denver, em uma grande conferência, onde se
encontrou com David Wilkerson pela primeira vez.
O novo livro de Wilkerson, “The Cross and the
Switchblade”, acabara de ser lançado e estava sendo
amplamente lido. Enquanto estava em Denver,
Leonard foi convidado por Wilkerson para vir a
Nova York para uma visita. Leonard e Martha, junto
com David e Nancy Ravenhill, foram passar uma
semana e viram o trabalho do Desafio Jovem.
Depois de voltar a Minneapolis, em pouco tempo
Leonard foi convidado por Wilkerson a se mudar
para Nova York para se juntar ao seu ministério
como capelão do Desafio Jovem. Suas
responsabilidades seriam pregar, escrever, ensinar a
equipe e editar sua revista do ministério, “The Cross
and the Switchblade”. Este convite foi atraente para
Leonard e Martha e também abriu as portas para
David e Nancy, então noivos, para se juntar à equipe
do Desafio Jovem após seu casamento.

Em julho a decisão de ir para Nova York estava


tomada e Leonard escreveu para seus amigos, os
Blooms:

Acho que mais alguns meses nos levarão até o final


do nosso tempo aqui na Bethany. Nós trabalhamos
seis anos aqui sem salários oficiais e demos cada
centavo dos lucros de nossos livros para a missão
aqui. Eu fui dispensado da minha planejada viagem
para a África. Passar vários meses lá neste momento
é impensável.

Então agora vamos nós. Parece ser o momento em


que iremos a uma casa que David Wilkerson
comprou na parte norte de Nova York. A casa é
magnífica, no campo, em um terreno de cem acres.
O lugar é calmo e solitário — exatamente o que é
necessário para o próximo período de escrita e
oração. Quando estivermos prontos para nos mudar,
vou escrever todos os detalhes. Marta se junta a
mim no envio do amor cristão. – Len

Os seis anos em Minneapolis foram frutíferos tanto


para a família Igreja Bethany como para a família
Ravenhill. O tempo ampliou ainda mais o ministério
de Leonard nos EUA. Ele influenciou
profundamente muitos alunos e funcionários por
meio de sua pregação, livros e vida de oração. Paul
e David tinham chegado à Bethany como jovens
adolescentes, conheceram Irene e Nancy ali e
partiram como homens casados para o próprio
ministério. Onde tudo isso levaria, nenhum deles
sabia. O que eles sabiam era que o próximo destino
deles era o Brooklyn, no coração de Nova York.
11 NOVA YORK E O DESAFIO JUVENIL

​ ​ ​ ​ ​

Leonard, Nova York, início dos anos 1960

Havia uma aura na pregação do Sr. Ravenhill que


demandava atenção. Nunca havia autopromoção
quando ele estava no púlpito.
Doug Detert sobre o ministério de Ravenhill em
Nova York

A Igreja Bethany elogiou os Ravenhills quando eles


deixaram Minneapolis para irem a Brooklyn, Nova
York. Que emoções Leonard e Martha devem ter
sentido quando deixavam Minnesota, apenas
podemos imaginar. O que a vida e o ministério
haviam reservado para eles lá? Quando chegaram,
eles escreveram para seus amigos, os Blooms, de
Nova York:

Como vocês podem ver, estamos no Desafio


Juvenil aqui. Não sei por quanto tempo. David
Wilkerson começará uma nova revista, The Cross e
The Switchblade, na qual eu irei trabalhar, focando
em reavivamentos passados, presentes e futuros.

Imediatamente após sua chegada em Nova York,


Leonard começou a expandir seu ministério. Foi ali
que ele começou a editar a nova revista e continuou
a pesquisar por novos livros e publicações.

Em vez de morar na propriedade do interior que


eles haviam visto originalmente, Leonard e Martha
se acomodaram em um apartamento no segundo
andar de um edifício na avenida Clinton, n. 436, no
Brooklyn, que havia sido ocupado por apenas
algumas semanas por John e Carol Kenzy. Os
Kenzys também haviam chegado recentemente à
sede do Desafio Juvenil como funcionários.

Quando os Ravenhills chegaram, John e Carol


amavelmente abriram mão de seu apartamento
recentemente limpo e se mudaram para o terceiro
andar. Foi uma alegria para eles conhecerem seus
novos vizinhos britânicos que em breve se tornariam
seus melhores hóspedes e amigos. Martha acolheu a
jovem Carol sob sua asa maternal para encorajá-la e
ajudá-la de diversas maneiras.

Carol, uma nova esposa de vinte e um anos, tinha a


assustadora tarefa de servir como a secretária tanto
de David Wilkerson quanto de Leonard Ravenhill.
Como resultado, ela conheceu Leonard de perto,
mais que qualquer outro funcionário. Em suas
palavras, foi um sopro de ar fresco trabalhar para
Leonard. Ela digitou dois dos seus livros, que
tiveram um grande impacto em sua vida. A memória
mais pessoal para ela foi uma experiência certo dia
que mostrou a realidade da caminhada diária de
Ravenhill com Deus:

O que mais me afetou durante o tempo que estive


com Leonard foi um dia em que ele ditou uma carta
que era bastante austera; na época, eu não achei que
fosse inapropriada, mas, no próximo dia, ele me
pediu uma cópia da carta e a rasgou, dizendo-me
que o Senhor havia lidado com seu coração e que
ele tomou a atitude errada e queria consertá-la.
Então eu vi que ele era um homem de bastante
integridade.95

Uma das bênçãos mais ricas deste período de


ministério em Nova York foi a amizade desenvolvida
entre os Ravenhills e os funcionários do Desafio
Juvenil. Doug Deters, na época um jovem de 20
anos, lembra-se deste tempo:

No começo eu era um pouco tímido com Leonard


por dois motivos: primeiro, a diferença de idade —
ele tinha 58 anos na época e eu tinha 22; segundo,
eu nunca havia trabalhado com alguém de sua
estatura espiritual. Após escrever os ditados de Len
durante o dia, minha esposa Millie me contava à
noite como ele escrevia para homens como Billy
Graham ou Oral Roberts. Quando
providencialmente nossos caminhos se cruzavam, eu
tentava ser o mais educado possível, mas mantendo
minha distância. Então foi surpreendente para mim
que ele e Martha se aproximaram de nós desta
forma, convidando-nos para jantar. Geralmente, três
ou quatro funcionários eram convidados de cada
vez, e todos fomos incluídos. Estas noites mudaram
nossas vidas, e sempre seremos gratos por isto.96

Estas ocasiões de fraternidade pessoal, ensinamento


e compartilhamento geralmente duravam até a meia-
noite, quando os jovens trabalhadores cristãos
absorviam a filosofia do ministério de Leonard e as
várias estórias de seus anos nas Ilhas Britânicas
como evangelista.

Os Kenzys, junto com a equipe do Desafio Juvenil,


foram profundamente impactados tanto pela vida
quanto pela pregação de Leonard. A primeira vez
que John escutou Len pregar foi em uma igreja
Batista no Brooklyn. John nunca havia escutado tal
pregação e sua impressão foi marcante:

O Irmão Len realmente acreditava no que estava


pregando. Ele era de fato empoderado pelo Espírito
Santo. Quando ele pregava, era como uma bomba
ou um canhão explodindo. Ele deixava fluir. Suas
frases de abertura eram quase uma acusação para
fazer as pessoas pensarem e para despertá-las e
confrontá-las com a verdade.

Ele tomava verdades óbvias e as apresentava de


uma maneira que de repente você percebia que
estava subestimando as coisas. Pode ser algo que
você já ouviu, mas ele falava de uma maneira que
fazia você sentar e prestar atenção. Ele tornava as
verdades óbvias algo tão importante que você sabia
que precisava agir.

Leonard fazia a verdade desabrochar como uma


flor e de repente era como uma facada em seu
coração. Logo após suas pregações, a reação
geralmente era de um tempo de silêncio e então as
pessoas começavam a chorar ou orar de verdade. As
pessoas eram tomadas pela descoberta de que
tinham que reagir ao que escutaram. Suas
mensagens chamavam à ação. Ele deixava a
impressão: “O que você vai fazer com o que você
escutou?” Havia uma aura em sua pregação que
demandava atenção. Nunca havia autopromoção
quando ele estava no púlpito.

Leonard tinha a capacidade, pelo poder da Palavra


e do Espírito, de manter o público arrebatado e
prestando atenção por longos períodos de tempo,
que pareciam apenas alguns instantes. Quando ele
pregava nas igrejas de Nova York, ele fluentemente
levava a ênfase da santidade como se ele tivesse
acabado de descer da montanha com Moisés e
falava profeticamente como um trompete, fazendo
com que muitos sentassem em um silêncio
mortificante, chorando delicadamente.

Toda terça e quinta-feira, por dois anos, Leonard


ensinou aos funcionários do Desafio Juvenil do
Brooklyn e martelou verdades simples em nossos
corações e mentes, levando-nos a chorar, interceder
e nos arrepender. Sua maior força era sua habilidade
de viver e falar a verdade pelo poder do Espírito
Santo. Ele falava a verdade atirando palavras da
Bíblia em nós, enfatizando a unção e o poder do
Espírito Santo, assim como vivendo esta vida —
este era Leonard Ravenhill.97

Muitas pessoas, durante os anos, sentiram que


Leonard foi um mentor para elas, não importando se
ele pensasse o mesmo. Alguns de fato tiveram um
relacionamento com ele enquanto outros não,
embora ele tenha sido sua principal influência
espiritual. Muitas pessoas eram próximas a ele?
Provavelmente não, apesar de muitos pensarem que
eram, porque eles eram tão beneficiados por sua
vida. Isto levou pessoas, muitas vezes, a vê-lo como
seu pai espiritual apesar de Leonard não conhecê-
las. Leonard geralmente mantinha sua distância de
maneira apropriada, sempre guiando outros para
longe de si e para perto de Cristo. Ele não deixava as
pessoas se apegarem ou dependerem dele de uma
maneira errada.

John Kenzy e Doug Detert eram dois homens em


Nova York que eram orientados por Len. John
buscou Leonard e conquistou tal relacionamento:

Todas as vezes que eu buscava Len, sentado à sua


frente nas refeições, eu o levava por toda a cidade
de Nova York e regularmente o convidava para o
nosso apartamento para ouvirmos sua sabedoria.
Eu aproveitava todos os momentos em que ele
estava falando com outras pessoas para me
posicionar ao som de sua voz. Por meio de um
desafio indireto de Len, eu o ouvi dizer que todos se
beneficiariam da disciplina de jejum e oração. Isto
levou ao meu comprometimento de jejuar todos os
domingos por um ano. A autonegação e os períodos
de oração foram ajudas incríveis para mim no
processo do meu crescimento cristão.

Sua sensação da presença de Deus, sua caminhada


dignificada com Cristo e sua conduta acessível
faziam com que cada pessoa que ele conhecia se
sentisse especial, amada e valorizada.
Alguns viam Len como um velho pregador, sem
perceber que estavam perdendo a oportunidade de
uma vida. Porque eu era como o apóstolo João com
Jesus, apoiando-me em seu peito e sempre querendo
estar com Ele, eu sentia que eu e Len éramos
conectados espiritualmente. Ele fazia uma diferença
profunda na minha vida. Durante os anos, Leonard
continua a deixar marcas nos corações e vidas dos
outros por meio da minha própria vida. Sua
genuinidade, caráter e integridade caíam sobre
aqueles que ousavam sentar aos seus pés.

Ele foi meu mentor muito próximo, investindo


tempo, amor, conhecimento e sabedoria em mim.
Isto agora se estendeu a quarenta e seis anos de
ministério. O impacto de Leonard Ravenhill
continua no mundo inteiro até hoje.

Os escritos de Len eram excepcionalmente afiados,


mas sua gramática era grosseira e muitas vezes
precisava de melhorias editoriais. Deus atendeu esta
necessidade ao enviar David Lutzweiler, que
trabalhou para a Missão Americana aos Gregos,
fundada pelo Dr. Spiros Zodhiates, o conhecido
expositor grego.

Quando Lutzweiler já não conseguia trabalhar nos


livros de Leonard, Doug e Millie Detert, recém-
casados trabalhando no ministério, logo se tornaram
os editores de Leonard. Millie era formada em
inglês, então ela era muito valiosa em seu papel
editorial. Ela trabalhava em seus livros, supervisava
a revista e estenografava os ditados de sua
correspondência diária, que geralmente incluía doze
cartas. Nas quintas-feiras, Millie sempre trabalhava
sozinha, já que era o hábito de Leonard passar um
dia inteiro em oração toda semana.

Doug editou os livros de Leonard por vários anos,


começando com “Sodom Had No Bible”. Doug,
que se formou em Harvard, também contribuía no
processo editorial com trabalhos de qualidade. Ele
trabalhava nos artigos de Len, não só para o “The
Cross and the Switchblade”, mas também para
publicações como a revista “Decision” e o “Herald
of His Coming”. Este acordo continuou por vários
anos, mesmo após os Ravenhills e os Deterts terem
deixado de trabalhar no Desafio Juvenil. Da
perspectiva de um editor, sempre era prazeroso
trabalhar com Leonard. Detert comentou mais tarde
sobre este aspecto de seu relacionamento:

No começo de nosso relacionamento editorial,


Leonard disse algo para mim que mostrou o quanto
ele respeitava outras pessoas: “Doug, eu nunca vou
alterar nada do que você editar. Se você acha que
está muito forte, tire. Reorganize da forma que
achar melhor. Ele ficará como você editar”.
Nenhuma vez ele violou sua promessa e eu o honro
por tal integridade. Logo depois disto, Leonard
também compartilhou um conselho inesquecível
quando ele disse: “Doug, nunca chegue ao ponto
onde não há quem possa opinar sobre sua vida.
Todos precisam de alguém que os supervisione”.

Ministério contínuo

Em março de 1964, Leonard realizou reuniões em


Pittsburgh, nas quais seis mil pessoas
compareceram, e então ele foi a Buffalo, Nova
York, na primeira semana de abril, onde ele pregou
para um comício juvenil juntamente com o Desafio
Juvenil. Centenas de jovens mostraram sério
interesse no evangelho e houve algumas conversões
poderosas, incluindo catorze católicos. Na seguinte
noite, ele pregou para um grupo de pastores em
Rochester e Deus despertou vários deles para os
seus ministérios e suas próprias necessidades.

Mais tarde naquele ano, Leonard viajou a Barbados


para pregar, inclusive para um grande grupo de
pastores.

Em agosto de 1965, vários cantores começaram a


viajar com Leonard para igrejas e cruzadas. Ele era
muito exigente em relação a isto. Seu solista por
anos foi um tenor italiano, Eddie Menaldino, que
tinha uma forma muito adoradora de cantar.
Também havia o Trio Bloom — Richard, Catherine
e Martha — um irmão e duas irmãs que moravam
em Spartanburg, Carolina do Sul. Leonard e Martha
eram muito próximos dos Blooms. Por anos, eles
compartilharam o ministério e visitaram suas casas.

Havia uma igreja diferente no centro de Brooklyn


chamada Igreja Rock, pastorada por Arnie Vick, um
veterano único nos círculos Pentecostais. A igreja
defendia a mensagem de uma vida mais profunda
em Cristo. Apesar de Leonard não ser um
Pentecostal, eles queriam que ele pregasse toda
quarta-feira à noite.

Após várias semanas, parecia que ninguém estava


reagindo às mensagens. Um homem disse a
Leonard: “Os ouvidos das pessoas estão coçando;
elas amam ouvi-lo pregar, mas nunca percebem a
verdade. Você tem certeza de que quer continuar
voltando semana após semana?” Não demorou
muito até que ele e Martha voltassem a passar a
maioria das noites de quarta-feira em seu
apartamento.

Nas manhãs de terça e quinta-feira, Len ensinava


estudos bíblicos aos funcionários. Doug Detert
lembra de sua chegada ao ministério e os efeitos que
os ensinamentos de Leonard começaram a ter nele:

Quando chegamos ao Desafio Juvenil, o Sr.


Ravenhill estava ensinando Mateus 5:3: “Bem-
aventurados os pobres em espírito, pois deles é o
Reino dos céus”. Apesar de eu ter sido criado na
igreja e ter memorizado as bem-aventuranças
quando era criança na escola dominical, eu nunca
havia escutado um sermão sobre ser pobre em
espírito. O estilo de pregação de Len certamente
impedia que as pessoas olhassem para seus relógios
enquanto ele falava. Mas o que mais me afetou foi o
fato de que ele nunca mudou de assunto por seis
semanas! Ele falou sobre Mateus 5:3 doze vezes,
um sermão completo duas vezes por semana por seis
semanas. Ele deixou uma impressão na minha alma
que nunca foi aplacada. Além do mais, ele me
mostrou o poder da pregação ungida, algo pelo qual
os britânicos são conhecidos. Tal pregação chocou
algumas pessoas, removendo-as de seus
preconceitos e mentes fechadas.100

Ocasionalmente, Len conduzia sua própria reunião


de oração com os funcionários, além das reuniões
regularmente agendadas. Os funcionários mais
jovens amavam ouvi-lo orar. Ele os ensinou por
preceito e por exemplo a verdade de que: “Sem
oração, sem poder”. Quando outros estavam
encarregados do serviço da capela, geralmente
pediam que ele encerrasse com uma oração, por
causa da realidade de suas orações.

A vida de fé de Leonard exigia que ele não


dependesse de homens, mas apenas de Deus. Uma
noite, após uma série de reuniões bem-sucedidas em
uma cidade no sul dos Estados Unidos, um grupo de
empresários cristãos que compareceram a estas
reuniões pediram para visitar Leonard em seu hotel.
Após breves apresentações, eles o fizeram uma
oferta:

Irmão Ravenhill, acreditamos que você é o homem


de Deus do momento na América. Você tem uma
unção de Deus em sua vida e em sua pregação.
Queremos ajudá-lo. Se você concordar, cuidaremos
de todos os agendamentos de suas reuniões de agora
em diante, incluindo os espaços, custos, tudo. Além
do mais, garantimos que você receberá um salário,
para que você nunca mais precise se preocupar com
as necessidades financeiras da sua família.

Quando comentou sobre esta visita, Leonard disse:


“Eu tive que dizer não. Se eu aceitasse, eles seriam
meus donos e eu não estaria livre para seguir o
caminho do Senhor sozinho. Quanto mais você
depende de homens, menos você tem Deus”.

Durante o seu ministério, Leonard fez amizades


com ao menos vinte multimilionários. Muitos deles
disseram que ele tinha acesso aos seus recursos
sempre que quisesse. Mas seu testemunho foi que
ele nunca pediu um centavo a ninguém, exceto a
Deus. Ele viu Deus prover para seus filhos para irem
à faculdade e à pós-graduação. Ele nunca pediu
ajuda de ninguém. Este tipo de comprometimento
estabeleceu um padrão para várias pessoas que o
tomavam como exemplo.

Nova direção
Em maio de 1966, Leonard e Martha sentiram que
seu tempo em Nova York estava chegando ao fim,
mas ainda não tinham uma direção clara para o
futuro. Foi no dia 30 de maio que Leonard escreveu
aos Blooms:

Para onde vamos daqui? Eu não sei. Ao menos eu


não sei de nenhum lugar permanente. Ao fim deste
mês, devemos ir ao castelo na área das Mil Ilhas em
Nova York, perto da fronteira com o Canadá. Eu
posso pregar um pouco para os convidados que
forem para lá. O salário será baixo, mas Deus sabe
de tudo isto. Haverá tempo para orar e buscar o
Senhor para o próximo passo.

Propriedade na Dark Island

Em breve, David e Nancy se juntaram a Leonard e


Martha, junto com os Deterts, para duas semanas no
incrível castelo Dark Island, situado nas Mil Ilhas,
perto da fronteira com o Canadá. A Dark Island foi
originalmente construída por Frederick Bourne
(1851–1919), que produziu a máquina de costurar
Singer. A propriedade foi comprada em 1966 pelo
Dr. Harold Martin, que passava os verões ali com
sua esposa e dois filhos. O castelo foi recentemente
renomeado para Castelo Singer.

O Dr. Martin conhecia Leonard e queria que ele


realizasse serviços para as pessoas ricas e famosas
cujas casas de veraneio ficavam na St. Lawrence
Seaway. Ao mesmo tempo, ao realizar serviços no
castelo, o Dr. Martin poderia pedir isenção de
impostos, já que este era o lugar para reuniões
regulares de igreja.

As duas semanas no Castelo Dark Island foram


férias maravilhosas para todos eles, assim como um
momento de ensinamento bíblico. É uma
propriedade incrível, com quarenta e dois quartos e
dezoito banheiros. Há passagens secretas no
subsolo, originalmente construídas para que
escravos passassem para o norte, na Ferroviária
Subterrânea. Navios oceânicos lentamente passando
durante a noite ligavam seus enormes holofotes para
ver a maravilhosa estrutura. Dezenas de baterias da
Segunda Guerra Mundial abasteciam toda a ilha de
cinco acres com eletricidade. Também havia dois
hangares com ao menos quatro barcos. Durante este
tempo, Leonard escreveu para Catherine Bloom:
“Estamos na Dark Island na St. Lawrence Seaway.
Mas não é mais fácil orar em um castelo que em
uma cabana.”

Durante as duas semanas, jovens de todas as ilhas


vizinhas se juntavam no castelo para um serviço
evangélico especial. O Dr. Martin queria que Len
pregasse nas manhãs de domingo, não só porque
aqueles passando as férias na ilha precisavam de
salvação, mas também para impactar os locais com a
mensagem de Ravenhill. Em um dos serviços,
Martin apresentou Len como um dos três maiores
pregadores na América. Leonard não gostou da
apresentação e não estava interessado em saber
quem eram os outros dois “maiores” pregadores.
Quando eles voltaram para a cidade de Nova York,
não demorou até que uma oferta chegasse, abrindo
um caminho para eles. Um empresário cristão,
sabendo que os Ravenhills estavam considerando
deixar Nova York, contatou-os e os ofereceu uma
casa no nordeste de Illinois, em Rockford. Ali, Len
poderia orar, escrever livros e viajar para eventos de
pregação. Após algumas semanas, eles decidiram ir
ao oeste, para Illinois.

Deixando a cidade de Nova York

A saída de Leonard de Nova York deixou um vazio


no Desafio Juvenil e nos corações daqueles que os
amavam. Doug Detert foi convidado para liderar o
último serviço na Capela do Serviço Juvenil antes
dos Ravenhills partirem. Ele falou com a despedida
de Paulo aos efésios em Atos 20, principalmente
com as palavras: “O que mais os entristeceu foi a
declaração de que nunca mais veriam sua face.”
12 1966-1979: NOVOS HORIZONTES DE FÉ

​ ​
Um homem que é íntimo com Deus nunca é
intimidado por homens L.R.

Quando Leonard e Martha se mudaram para a


cidade de Rockford, Illinois, no oeste de Chicago,
ele estava sendo bastante procurado como pregador
e conferencista. Ele recebia convites da América,
Irlanda, Inglaterra, Canadá, Bahamas, Argentina,
Brasil e Colômbia. Mas se estabelecer em Illinois era
sua prioridade.

Os Ravenhills chegaram em Rockford durante o


verão de 1966, voltando a uma fase de suas vidas
que não havia existido desde o seu primeiro ano de
casamento. Paul e Irene estavam a caminho de um
campo de missão, David e Nancy estavam noivos e
em seu próprio ministério e Philip estava
trabalhando em seu PhD na Universidade de Nova
York. Até a mudança a Rockford, algum dos seus
filhos estava sempre com eles, em casa e no
ministério. Agora eram apenas Leonard e Marta em
direção ao Meio-Oeste, começando um novo
ministério que eles não conheciam desde que
chegaram aos Estados Unidos. Leonard e Martha
haviam sido parte de dois ministérios diferentes em
um papel de suporte durante os nove anos que
estiveram na América. Agora eles tinham um
ministério mais simples e pessoal, sem funcionários
ou secretária, desconectado de qualquer
organização: um ministério de pregação itinerante.

Em Rockford, ele escreveu para os seus amigos, os


Blooms:

20 de dezembro de 1966:
Queridos Blooms,
Enquanto eu lembro, deixem-me agradecê-los pelo
conselho e indicação para ajudar este corpo mortal.
Saudações à imortalidade, em breve! Que dia
incrível, quando Martha não tiver ossos frágeis e
que todos tenhamos um corpo como o glorioso
corpo d’Ele!
Eu tenho convites para a maior conferência da
Irlanda, e o mesmo na Inglaterra. Convites de
ministérios também chegaram para uma cruzada no
Canadá para reuniões de crentes e ministros.
Também recebi pedidos das Bahamas, Argentina,
Brasil e Colômbia.
Bênçãos e amor, Len
Vaylard e Lorna Zupke

Logo após a mudança, Leonard e Martha deixaram


Rockford para passarem duas semanas de pregação
na Gays Mills, Wisconsin, a convite de Sheldon
Olson. Olson também convidou o Pastor Harry
Moller, da Igreja Wesleyana de Eastman, Wisconsin,
para escutar Ravenhill. Moller então contou aos seus
amigos, Vaylard e Lorna Zupke, de Iowa, sobre as
reuniões. Como resultado do convite, dois novos
relacionamentos especiais logo se desenvolveram
para os Ravenhills.

Os Zupkes são donos de um negócio de areia e


brita em sua fazenda fora de Randalia, Iowa, que
eles ainda operam até hoje. Apesar de não ser um
pastor, Zupke foi um pregador por décadas, uma
testemunha fiel, um discipulador de jovens cristãos e
um fervoroso homem de oração. Os Zupkes
influenciaram muitas pessoas para Cristo durante os
anos e tinham um ministério de hospitalidade em sua
fazenda no nordeste de Iowa.

Um dos homens mais jovens sobre quem Vaylard


teve um verdadeiro impacto nos anos 1960 foi John
Breshears, um professor na Faculdade Upper Iowa,
em Fayette, Iowa, na época. Os Breshears
conheceram Vaylard na faculdade por meio do seu
ministério aos estudantes dali. John e sua esposa
Virginia foram com os Zupkes às reuniões de
Ravenhill em Gays Mills. Seu comparecimento às
reuniões teria um efeito muito mais profundo do que
John e Virginia poderiam imaginar.

A única atração na semana de reuniões foi a


pregação de Leonard, que teve a participação do
poder de Deus. Todas as noites, alguns hinos eram
cantados. Todas as noites, antes de falar, Leonard
liderava o hino “Break Thou the Bread of Life”
(“Parte o pão da vida”). O sermão vinha a seguir e
durava ao menos uma hora. A realidade com a qual
ele pregava mantinha a atenção de todos, incluindo
as crianças. Foi uma semana maravilhosa para os
Zupkes e Breshears.

Em breve, uma igreja Metodista Wesleyana de uma


cidade próxima convidou Ravenhill para pregar em
uma série de reuniões especiais feitas em um prédio
comunitário. Havia um movimento do Espírito
Santo pela pregação e várias almas foram
convertidas.

Durante a semana, os Olsons convidaram Leonard


e Martha para uma refeição. Leonard contou-lhes
que Duncan Campbell, o evangelista escocês, estava
vindo aos EUA no próximo ano e ele o levaria à área
para reuniões se a fraternidade ministerial local
organizasse o planejamento.

Campbell foi utilizado por Deus nos anos 1949-53,


no Despertar de Lewis nas Hébridas Escocesas,
onde ele havia visto o poder de Deus ser vastamente
derramado e várias pessoas serem poderosamente
convertidas.
O plano inicial era que Campbell compartilhasse a
pregação com Ravenhill, mas Campbell realizou a
maioria da pregação, enquanto Leonard se
concentrava em orar e liderar as reuniões. Olson
descreveu estas duas semanas como um momento
maravilhoso.

Em 1968, Leonard voltou para Wisconsin para


reuniões realizadas nos Campos County Fair em
Viroqua, Wisconsin. Os Zupkes tiraram seus filhos
da escola por uma semana inteira para
comparecerem às reuniões, já que eles queriam que
a família inteira estivesse sob ótimas influências
espirituais. Eles muitas vezes dirigiam longas
distâncias para comparecer a reuniões do evangelho
ou conferências bíblicas.

Os Ravenhills então foram para casa em Rockford


para uma campanha evangelista por toda a cidade,
patrocinada por setenta igrejas. As reuniões em
Rockford não tinham bom comparecimento, mas os
relatos eram que aqueles presentes eram despertados
e edificados pela pregação ungida.

Leonard e Martha encontraram um espírito


semelhante nas vidas de Vaylard e Lorna Zupke.
Havia uma oração, divindade, humildade e zelo
verdadeiros entre eles. Durante as reuniões em
Viroqua, Leonard disse que sentia que Deus queria
que eles fossem a Fayette, perto de suas casas, para
as reuniões. Na primeira data disponível em seus
calendários, os Ravenhills chegaram no nordeste de
Iowa para reuniões que foram realizadas na
Universidade Upper Iowa. Esta semana aproximou
ainda mais os Ravenhills dos Zupkes e Breshears.
John e Virginia Breshears

Durante a semana em Fayette, os Ravenhills


ficaram na casa dos Breshears. John e Virginia eram
cristãos famintos pela verdade e fraternidade. Eles
nunca haviam recebido pregadores em sua casa
antes, principalmente alguém tão conhecido como
Leonard Ravenhill. Foi animador e assustador para
Virginia quando ela recebeu este apaixonado
pregador britânico e sua doce Martha em sua casa
por uma semana. John disse posteriormente:

Leonard Ravenhill foi o primeiro pregador que eu


havia escutado que parecia que estava falando
diretamente comigo. Era como se eu fosse a única
pessoa na plateia. Muitos anos mais tarde, ele e
Martha ficaram em nossa casa por vários dias. Ele
apenas pediu um lugar para orar e um tapete para
deitar. Eu o encaminhei ao pé da escada do nosso
porão e ele acenou com a cabeça. Aqueles dias
foram cheios de alegria para nós. Passávamos horas
tendo conversas alegres e úteis entre as reuniões.
Durante os serviços, ele era o mesmo pregador
apaixonado de sempre. Eu agradeço a Deus pela
fraternidade com este querido servo de Deus.

Virginia tinha medo do jeito ousado e direto dos


Ravenhills. Ela nunca havia escutado tal pregação
em sua vida. Suas palavras penetrantes pareciam
arrebatar os corações daqueles que o escutavam.
Ravenhill era destemido no púlpito. Virginia sentia
que ele era muito severo com aqueles atingidos pelo
som de sua voz.

Mas seus medos logo se dissiparam pela


graciosidade que Leonard e Martha trouxeram à sua
casa. Todos esses sentimentos iam embora quando
eles estavam na mesa no almoço ou jantar, onde
Leonard era gentil, gracioso e atencioso,
características que Martha já exibia constantemente!

Os Breshears não conseguiam ter filhos e Martha


disse a eles: “Bem, Virginia, orações podem resolver
estas coisas”. Isto acabou sendo verdadeiro e
profético. Depois que os Ravenhills deixaram sua
casa, Leonard orou para que John e Virginia
tivessem filhos. Dois meses mais tarde, eles estavam
esperando uma menina, a primeira de quatro filhas.
A primeira bebê se chamou Lynne, em homenagem
ao Irmão Len. Logo, a pequena Lynne recebeu sua
primeira carta — era de Leonard, provavelmente
contando que ela era resultado das orações de um
pai e mãe devotos.

Isto iniciou uma longa amizade entre os dois casais


que durou pelos próximos 26 anos. Todas as filhas
dos Breshears — Lynne, Andrea, Rebekah e Joanna
— estavam sempre nas orações dos Ravenhills, o
que era refletido em suas cartas durante os anos, já
que John e Leonard trocavam cartas ao menos uma
vez por mês. Os Breshears viram os Ravenhills
novamente em uma viagem ao Texas em 1984 e
Leonard orou novamente por eles.

Os Ravenhills visitaram a casa dos Zupkes várias


vezes durante os anos para realizar reuniões e
também para passar tempo com esta família. A casa
dos Zupkes estava cheia de adultos e jovens que iam
escutar as histórias emocionantes dos Ravenhills
sobre avivamentos passados.

Leonard tinha um grande respeito e apreciação


pelos Zupkes. Anos mais tarde, ele escreveu aos
Breshears: “Estou feliz que o Irmão Vaylard seja
uma bênção tão grande para você. Ele é de fato um
israelita sem fraude. Isto só pode ser dito de poucos
homens.”

Foi em algum momento em 1968 que os Ravenhills


viajaram à Califórnia, para o sul de São Francisco,
na cidade de Redwood, Califórnia, onde Leonard
pregou por uma semana inteira na Assembleia de
Deus da Cidade de Redwood, pastorada por Ed
Scratch. Steve Farrar, um conferencista e autor do
livro “Point Man”, era um adolescente na igreja na
época. Farrar lembra da pregação inspiradora de
Ravenhill:
Leonard Ravenhill era um pregador apaixonado e
ungido. Ele veio à nossa igreja quando eu tinha
cerca de dezoito anos de idade. Lembro-me como
eu fui dominado ao escutá-lo pregar uma
mensagem, Um Homem Conhecido no Inferno, de
Atos 19, onde os demônios disseram aos sete filhos
de Ceva: “Jesus, eu conheço; Paulo, eu sei quem é;
mas vocês, quem são?” Ravenhill disse: “Você quer
ser um homem conhecido no inferno?” Eu percebi
que eu não era conhecido assim, como Jesus e
Paulo. Isto me inspirou e chocou. Eu nunca esqueci
a pregação de Ravenhill.
Continuando para as Bahamas

Em 1968, os Ravenhills conheceram William e


Winifred Russell, das Bahamas, e foram convidados
para passarem férias lá. As famílias rapidamente
desenvolveram uma amizade. Isto levou a visitas
regulares às Bahamas por algumas semanas por ano
para escrever, orar e renovar-se pessoalmente,
geralmente no mês de dezembro.

Por alguma razão, Leonard começou a chamar


William pelo apelido de “Chefe”. Os filhos dos
Russells chamavam Leonard e Martha de “Pa” e
“Ma” e os viam como avós adotivos.

Don Russell, o filho de William e Winifred, possui


memórias maravilhosas dos Ravenhills:

Nós os chamávamos de Pa e Ma. Pa levantava


muito cedo para orar ao lado de sua cama. Nosso
filho mais jovem, Paul, entrava no quarto de
Leonard e silenciosamente subia em sua cama só
para estar perto dele. Nos reuníamos em seu quarto
à noite antes da hora de dormir e Leonard nos
contava histórias de seu passado. Quando ele se
cansava e estava pronto para todos saírem do
quarto, ele dizia: “Ao sair, coloque o gato para
fora”, dizendo a todos que era hora de dormir!

Nos divertimos muito na presença deles. Pa era


muito inteligente. Minha esposa Joan se deu bem
com Ma logo no início. Elas faziam tudo juntas. Nós
apreciávamos o tempo que compartilhamos com
eles. Pa não era o tipo de pessoa que forçava sua fé
nas pessoas, mas você conseguia vê-la em sua vida.
Ele era um homem muito devoto.101

Logo os Russells convidaram os Ravenhills para se


mudarem para lá e morarem em uma casa que eles
compraram. Um ano se transformou em dois, e
então três, e esta se tornou sua casa por anos.
Leonard e Martha nunca haviam morado em um
lugar extravagante, mas as Bahamas foram uma
breve exceção. Era uma situação muito boa para
Len e Marta, já que eles possuíam um funcionário,
um carro e acesso a um grande iate quando queriam
ir para a água.

Leonard gostava de pescar e eram bem-sucedido às


vezes: “Eu saí um dia e peguei o peixe que eu tenho
certeza que engoliu Jonas. Ele pesava trinta e quatro
libras — um martim-pescador. Era uma beleza.” No
começo de 1971, Leonard planejou uma conferência
e convidou um pregador da Grã-Bretanha para
juntar-se a ele nas Bahamas. Ieuan Jones, professor
da Faculdade Bíblica de Gales, em Swansea, no sul
de Gales, juntou-se a Ravenhill para um tempo de
ministério. Leonard escreveu para alguns amigos no
dia 4 de janeiro de 1971: “Na próxima semana
teremos uma conferência mais profunda sobre a
vida aqui com Ieuan Jones, da Faculdade Bíblica de
Gales. Ele é uma ótima alma.”

A hospitalidade dos Russell proporcionou uma


situação maravilhosa para Leonard e Martha. Ele
trabalhou em novos livros e artigos regularmente
durante esses anos. Em 1971, seu quinto livro,
“Sodom Had No Bible”, foi publicado, e a maior
parte dele foi escrita nas Bahamas.

No dia 26 de março de 1972, Leonard escreveu


para seus amigos, Billy e Bobby Moore em
Kentucky:

Esperamos passar algumas semanas em Zachary,


Louisiana, em breve, e então poderíamos facilmente
ter uma semana de reuniões em Londres com vocês
antes de irmos ao Canadá, onde passaremos todo o
mês de junho.

Graças a Deus estamos no Serviço Real do Rei.


Não há nada que se compare; anjos invejam nossa
tarefa e os demônios a temem, vamos reivindicar
toda a plenitude de Deus. Eles sabem que nosso
potencial em Deus é um poder maior que todo o
poder da ciência no mundo.
Os três anos nas Bahamas foram tranquilos e
rotineiros. Estar ali permitiu que Leonard e Marta
diminuíssem o ritmo de suas vidas, dedicando mais
tempo para escrever e orar. Era um descanso muito
bem-vindo de suas vidas agitadas de viagens e
ministério, embora Leonard viajasse de volta aos
Estados Unidos para pregar, voando para Miami,
Flórida.

Naquela época, os Ravenhills estavam pensando


em tentar comprar uma pequena casa na Flórida,
mas isto nunca aconteceu, então as viagens de e para
as Bahamas continuaram.

Viver ali também deu a Leonard e oportunidade de


influenciar algumas pessoas que, se não fosse por
ele, nunca teriam escutado a verdade do evangelho.
Algumas destas oportunidades de ministério estavam
na casa dos Russell, onde trinta a quarenta pessoas
se juntavam todas as semanas para ouvir Leonard
pregar.
Após seu terceiro ano ali, a principal dificuldade
que eles enfrentaram foi a inconveniência de viajar
aos EUA para o ministério. Após chegar em Miami
de avião, eles então dirigiam longas distâncias para
chegar às igrejas de todos os lugares do país.
Finalmente, as exigências das viagens fizeram com
que Leonard e

Martha percebessem que estava na hora de voltar


aos Estados Unidos, para um local mais central. A
ideia de voltar não veio sem um pouco de hesitação.
Aquele era o lugar ideal para orar e escrever. Ainda
assim, o ministério de pregação era uma prioridade,
acima de seus desejos pessoais. Len e Martha
visitaram as Bahamas várias vezes durante os
próximos anos. A última viagem foi quando Leonard
tinha oitenta e quatro anos de idade, em 1991, para
oficiar o casamento do neto dos Russell, Paul. No
dia 6 de abril de 1972, Leonard escreveu para um
amigo:
Está solitário aqui para nós, se tratando de igrejas;
por três anos, as igrejas nos têm quase rejeitado.
Agora eles estão pedindo que ministremos antes de
deixar a ilha. Ontem eu tive a oportunidade de
ministrar para vários ministros aqui em Nassau, em
uma conferência. O Senhor me ajudou bastante. Na
próxima quinta-feira, vou pregar para os
funcionários de um colégio cristão aqui.

Para Zachary, Louisiana

Leonard e Martha sabiam que deviam voltar aos


Estados Unidos, mas não tinham certeza de onde ir.
Eles receberam vários convites de diversos lugares,
mas sabiam que precisavam escolher o lugar certo.

Quando Len e Martha oraram, pedindo a Deus


uma direção, uma boa oportunidade apareceu para
eles quando foram convidados para se mudarem
para a Louisiana para fazer parte do ministério do
Centro de Conferência Bíblica Milldale em Zachary,
Louisiana, sob a direção de Jimmy Robertson. Na
época, o ministério de Milldale era um ministério de
oração e pregação, com ênfase no avivamento.

Muitos pregadores haviam ministrado em Milldale


durante os anos, incluindo Hyman Appleman,
Manley Beasley, Duncan Campbell, C. L.
Culpepper, R. G. Lee, Sonny Holland, Conrad
Murrell, Jesse Norris, Leonard Ravenhill, Jimmy
Robertson, J. Harold Smith e James A. Stewart.

A decisão de se mudarem para Zachary foi feita em


dezembro de 1972. Além da pregação nas
conferências regulares em Milldale, Leonard
continuaria pregando em seu próprio ministério,
além de assumir responsabilidade editorial pela
revista de Milldale, “Fires of Revival”.

No dia 30 de dezembro, Leonard escreveu para um


amigo das Bahamas:

Aos sessenta e cinco anos de idade, não parece


muito sensível deixar a segurança e conforto deste
lugar, com funcionários e um carro, para ir a um
emprego que oferece muito trabalho e pouco salário.
Mas Sua vontade é o que importa. Zachary será
como os celeiros cheios de grãos de José em breve.
Com certeza há fome no Mundo de Deus hoje.

A mudança a Zachary teve vários problemas.


Primeiro, os Ravenhills precisavam de um local mais
central. Além disso, a ênfase de Milldale era no
avivamento, o que sempre foi o fardo de Leonard.
Também seria um lugar encorajador para uma
fraternidade verdadeira com vários pregadores
semelhantes e outros crentes. Finalmente, quando
ouviram que os Ravenhills estavam considerando se
mudarem para lá, ofereceram-lhes uma terra para
construírem uma casa. Esta foi a confirmação final
que eles precisavam.

A mudança foi realizada no fim do ano. Um mês


mais tarde, John e Virginia Breshears receberam
uma carta de Leonard:
30 de dezembro de 1972,
Meus queridos John e Virginia,
Saudações em Seu nome. Um Ano Novo muito
abençoado para vocês. Não enviamos cartões de
Natal nem geralmente escrevemos nesta época.
Parece que todos os outros fazem isto, então
aproveitamos para descansar! Nosso agradecimento
a vocês pelo presente bastante útil. O Senhor foi
muito gentil conosco este ano.
Sentimos que devemos voltar aos EUA para morar
em Zachary, Louisiana. Desde a mudança, as
pessoas que geralmente nos dão cartões de Natal nos
enviaram dinheiro em vez de coisas materiais. Estou
feliz que fomos tão abençoados em Zachary este
ano. O Irmão Jimmy Robertson é um bom homem.
Estou ansioso para trabalhar com ele. Eles têm
reuniões de orações todas as manhãs às 8 horas,
então será uma bênção.
Eu devo assumir o papel de editor da Revista “Fires
of Revival” no começo de janeiro. Oro para que eu
tenha a sabedoria necessária para esta tarefa. Esta
revista possui uma circulação de cerca de cinquenta
mil leitores. Metade deles são pregadores, então
imagine que oportunidade teremos de ministrar para
eles.

O Irmão Conrad Murrell tem boas ideias. Ele é um


homem inteligente. Suas últimas mensagens em
Zachary na conferência de agosto foram as melhores
que já ouvi dele.
Vaylard e Lorna Zupke são de fato preciosos. Que
família linda que eles têm. Parabéns pela nova filha.
Que este próximo ano seja uma bênção maravilhosa
para todos vocês.

Em Seu amor, Leonard e Martha

Era fim de janeiro ou início de fevereiro de 1972


quando Leonard pregou por uma semana em uma
igreja batista em Jacksonville, Florida. As reuniões
foram difíceis para ele. O espírito da igreja era frio e
nem um pouco receptivo no começo, sem nenhum
sinal de que a igreja estivesse recebendo sua
mensagem. Leonard precisou utilizar toda a sua
força para combater a frieza espiritual que ele sentia
todas as noites.

As reuniões matinais, no entanto, eram diferentes,


já que os pastores da área começaram a comparecer
e foram afetados pelo ministério de Leonard.

No último domingo, houve um movimento do


Espírito Santo e algumas pessoas vieram para ele e
confessaram que haviam boicotado as reuniões e
pediram seu perdão. Esta foi a revelação necessária,
já que, naquele dia, várias pessoas foram convertidas
e algumas delas caíram em arrependimento. No fim
da semana, algumas pessoas disseram que não
haviam visto uma pregação e ensinamento tão
profundos há anos. Leonard escreveu para um
amigo de Jacksonville:

Na noite passada o diretor da Conferência de


Evangelismo Batista do Sul me chamou para pregar
em sua convenção na Filadélfia no dia 7 de junho.
Eu aceitei imediatamente. Que chance! Mais tarde,
ele espera que eu vá pregar para mil pregadores em
Dallas. Por favor, ore por estas boas oportunidades.

No dia 15 de janeiro, Leonard pregou na


conferência de um ministro em Dallas e houve uma
grande manifestação da presença de Deus na
reunião. Tais reuniões eram o alicerce do ministério
de Leonard, em que ele podia inspirar pregadores à
seriedade das coisas de Deus.
Jesse Norris e Conrad Murrell

A primeira conferência de Milldale após sua


mudança veio em fevereiro de 1972. Len gostava da
pregação e fraternidade dos homens devotos. Foi ali,
pela primeira vez, que Leonard e Martha
conseguiram construir uma nova casa. Eles eram
vizinhos de Jesse Norris, um evangelista do interior.
Norris havia sido convertido em um avivamento em
uma cabana, quando ele, andando a cavalo, entrou
em um acampamento evangélico apenas para
perturbá-los. Mas Deus tinha um tipo diferente de
perturbação planejada, já que Jesse acabou se
convertendo e sendo chamado ao ministério cristão.
Ele se tornou um evangelista e seu ministério se
estendeu por mais de trinta anos, levando-o até o
sul, assim como a várias estações missionárias,
principalmente nas Ilhas Caribenhas. Jesse foi um
pregador fiel e uma alma de grande coração, e se
tornou um grande amigo de Leonard. Eles se
amaram até o fim de suas vidas.
Outro relacionamento que começou em Zachary foi
a amizade de Len com Conrad Murrell, um
pregador e autor de Bentley, Louisiana, perto de
Alexandria. Conrad é um dos comunicadores da
verdade mais profundos que muitos crentes já
escutaram.

Leonard leu o pequeno livro de Murrell, chamado


“My Dear Charismatics”, uma carta aberta aos dons
espirituais verdadeiros e falsos. Após ler o livro,
Ravenhill escreveu para um amigo: “Esta semana eu
li o manuscrito não publicado de Conrad Murrell,
chamado ‘My Dear Charismatics’. Meu amigo
certamente não ganhará o prêmio de Homem do
Ano por escrevê-lo, mas ele precisa ser lido. Eu o
enviarei assim que for publicado.”

O Pastor Murrell pregou várias vezes em Milldale e


alguns de seus sermões estão entre os mais
memoráveis já escutados ali. Leonard e Conrad
fizeram ao menos uma turnê de pregação juntos na
costa oeste, em igrejas do Texas até a Califórnia e de
volta. Conrad ainda tem memórias vívidas das
semanas especiais quando ele e Ravenhill
ministraram juntos:

Leonard e eu estávamos em um itinerário de seis


semanas de pregação nas igrejas do sul da Califórnia
até o litoral de Washington. Após pregar todas as
noites, íamos ao nosso hotel e ficávamos acordados
até meia-noite, quando ele me contava suas
experiências nas Ilhas Britânicas. Eu deveria ter
gravado tudo. Ele escolheu me contar essas coisas
esperando que eu as guardasse para a posteridade.
Eu errei e arrependo-me até hoje. Embora ele
tivesse passado por dificuldades financeiras em seu
ministério, ele estava relativamente bem naquele
momento. No entanto, ele vivia frugalmente como
sempre, lavando suas meias no banheiro do hotel e
pendurando-as para secar. Ele insistia em comprar
meias e camisas para mim, apesar dos meus
protestos. Ele ligava para Martha quase todas as
noites e relatava as reuniões.
Um dia eu estava dirigindo e o perguntei: “Len, por
que eu e você não fazemos o que temos pregado —
vamos a algum lugar e nos isolamos, jejuando e
orando até que Deus nos envie um avivamento?”
Após pensar sobre o assunto, Ravenhill respondeu:
“Bem, Irmão Conrad, teríamos que levar a vontade
de Deus em consideração para isto!”

Murrell, talvez surpreso pela resposta de Leonard,


percebeu que, por trás de toda a paixão pelo
avivamento, Ravenhill sabia que Deus era soberano
em todas as Suas formas e trabalharia em Seu tempo
e de acordo com Sua vontade. Sua resposta refletia
aquela visão.

Em junho, os Ravenhills viajaram à Flórida para


duas importantes reuniões em duas igrejas. A
primeira foi uma igreja Batista na Ilha Merritt, onde
grandes multidões se reuniram para ouvir Leonard.
Muitos foram afetados pelo Espírito Santo,
principalmente os jovens. Uma garota de dezesseis
anos ficou tão emocionada que foi para casa e orou
a noite inteira. Muitos homens jovens vieram,
dizendo que foram preenchidos pela soberania do
Espírito Santo durante as reuniões.

Leonard escreveu para um amigo sobre o trabalho


de Deus em muitos corações:

Na segunda-feira à noite, o pastor tentou fechar a


reunião três vezes e, ainda assim, as pessoas
permaneceram sentadas. A eternidade parecia se
estabelecer sobre nós. Nenhum bebê chorou nem
ninguém tossiu. O único som era o de soluços
abafados. Havia uma serenidade que podia ser
sentida. Ah, por mais disto! O dinheiro não pode
comprar isto, a ciência ou organização não pode
produzir isto, e a tecnologia não pode explicar.

Após as reuniões, Leonard recebeu a palavra de


que o satanás estava tentando se opor ao trabalho da
graça por meio de pessoas religiosas na igreja, ao
que ele respondeu:
Após irmos embora, uma senhora se levantou em
uma aula dominical para adultos e disse: “Não
deveriam permitir que o Sr. Ravenhill pregue em
nosso púlpito. Ele estava dizendo que podemos ser
santos. Isto é perfeição imaculada!” Pobre alma, eu
me pergunto o que ela faz com Hebreus 12:24 —
“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor”? É uma triste reflexão da
igreja hoje que estamos com mais medo da
santidade do que do pecado.

Após a Ilha Merritt, eles viajaram a Titusville,


Flórida, para pregar para o Pastor Peter Lord, da
Igreja Batista de Park Avenue, que estava de férias.
O Senhor abençoou os serviços de maneira
poderosa por meio de um derramamento do Espírito
Santo. O Pastor Lord ouviu falar dos trabalhos de
Deus e ligou três vezes todos os dias, e ele estava tão
animado de ouvir sobre os despertares espirituais na
igreja. Len voltaria ali sete anos depois para pregar
novamente.
Leonard e Peter tinham um respeito e amor mútuo
um pelo outro, e Ravenhill viu nele um homem que
perseguia o coração de Deus e que era sério em se
tratando de buscar o Senhor.

Os Ravenhills então foram à West Palm Beach para


uma reunião de três dias, e então para Okeechobee
para uma conferência de pastores do dia 12 ao 15 de
setembro.

Os primeiros anos em Zachary foram bons para


Len e Martha, já que eles se fortaleceram com a
fraternidade mútua que encontraram em Milldale e o
ministério de pregação de Leonard estava em alta
demanda.

Na primeira semana de outubro de 1972, Leonard


viajou para o oeste do Canadá para pregar na
Conferência Anual de Missões no Instituto Bíblico
Prairie em Three Hills, Alberta, Canadá. Seu
ministério ali teve um forte impacto nos estudantes e
professores de Prairie, já que muitos foram
despertados para a santidade, oração e o fardo das
missões.

Enquanto Leonard estava no Canadá, ele viajou


para Winnipeg para comparecer às reuniões que
faziam parte do avivamento que estava acontecendo
por todas as pradarias do oeste do país. O
movimento começou de repente no ano anterior na
Igreja Batista Ebenézer, em Saskatoon, em outubro
de 1971, quando Bill McLeod era o pastor da
Ebenezer. Em 1972, McLeod estava viajando como
um revivalista e evangelista durante o movimento do
avivamento.

Sherwood Wirt, editor da Revista Decision,


escreveu ao editor da Imprensa Livre de Winnipeg
em março de 1972 sobre o avivamento:

Eu fiquei sabendo sobre o avivamento há duas


semanas, e li excelentes artigos no Christianity
Today, mas não tinha certeza de como lidar com a
história na Revista Decision. Eu liguei para
Saskatoon e descobri que os evangelistas Lou e
Ralph Sutera haviam ido a Regina, e o ministro de
Ebenézer, o Reverendo Bill L. McLeod, estava em
Winnipeg. Mas as reuniões em Saskatoon
continuaram todas as noites. Então eu recebi uma
carta de um amigo que é uma autoridade global no
avivamento, Leonard Ravenhill, de Nassau,
Bahamas.

Ravenhill escreveu: “Querido Woody, quando as


reuniões duram até 2 e 3 da manhã, quando casais
rasgam seus papéis de divórcio em frente a 1.800
pessoas, quando o chefe da polícia diz que houve
uma onda de confissões de crime, quando donos de
lojas dizem que estão impressionados com o número
de pessoas confessando terem roubado, quando
advogados e psicólogos são salvos, quando
membros da igreja confessam que estavam vivendo
em pecado — quando tudo isto e mais acontece,
noite após noite por semanas, então podemos dizer
que há um avivamento. Suba no avião, meu amigo,
e sinta o gosto da glória divina.” Este parece ser o
chamado que eu estava esperando, então eu voei
para Winnipeg no dia 15 de dezembro de 1971 e fui
a serviços naquela noite na Capela Elim.

McLeod estava pregando em Winnipeg quando


Ravenhill apareceu nas reuniões após deixar o
Instituto Bíblico Prairie. McLeod e Ravenhill nunca
haviam se conhecido, apesar de o pastor canadense
conhecer a reputação e os livros de Ravenhill.
Leonard não pregou durante as reuniões e apenas
compareceu aos serviços para ver e regozijar do
trabalho de Deus no avivamento.

Em novembro, Leonard pregou em Chattanooga,


Tennessee. Ele escreveu uma nota falando sobre a
conta do hotel onde ele havia se hospedado. Custava
oito dólares por noite para os dois. Eles sentiram que
poderiam pagar por ele!

Amizade verdadeira: Billy e Bobbie Moore


Em 1969, Leonard e Martha conheceram um casal
e eles se tornaram muito próximos. Billy e Bobbie
Moore eram donos de uma loja de móveis em
London, Kentucky, e haviam se mudado para
Dallas, Texas, para estudar na Faculdade Bíblica,
com o plano de ir à África do Sul como
missionários.

Antes de deixar Dallas, os Moores ouviram


Leonard pregar. Nenhum deles haviam escutado
nenhum pregador tão poderoso quanto Ravenhill.
Billy falou sobre a pregação de Len: “Meu deus, a
pregação de Leonard virou meu mundo de cabeça
para baixo! Era o que eu estava buscando por toda a
minha vida cristã.”

Apesar de os Moores terem metade da idade de


Leonard e Martha, Deus uniu seus corações e eles
se tornaram grandes amigos. Em novembro de
1970, Leonard escreveu para eles das Bahamas,
encorajando-os para o seu chamado missionário e
seu coração para eles:
Eu estou falando muito sério, queridos. Eu não
quero que vocês se tornem missionários comuns, e
certamente não só vendedores de livros ou
distribuidores de folhetos. Eu quero um poder de
outro mundo em vocês.

Há um Deus inteiro para vocês, uma Bíblia inteira


para vocês e uma revelação inteira. Mas isto virá ao
custo de um pouco de desentendimento de pessoas
que vocês não esperariam.
Eu espero que vocês estejam crescendo em graça e
conhecimento. O importante é que vocês estejam
tão ungidos pelo espírito que sejam conhecidos no
inferno. É a única coisa que pode torná-los
diferentes dos missionários habituais. Também
temos muitos missionários do tipo errado.

Quando vocês chegarem ao campo de missão,


lembrem-se que vocês não serão recebidos com uma
fanfarra. Certamente será uma área onde demônios
e superstições imperam há séculos. Então todos os
ensinamentos que vocês já tiveram, toda a coragem
que vocês possam criar, toda a fé que vocês possam
exercitar, toda a crucificação da carne, cansaço, o
apetite para uma boa refeição, a falta de fraternidade
— tudo será agravado. Esta é a maneira como o
Mestre viveu e não deveriam os servos trilhar o
mesmo caminho?

Bobbie Moore tinha trinta e três anos de idade


quando ouviu Leonard pregar pela primeira vez. Ela
voltou ao seu apartamento e ficou acordada
chorando quase toda a noite. Ela havia sido uma
crente professa desde sua infância. Mas escutar
Ravenhill fez com que ela sentisse como se nunca
houvesse escutado o evangelho de verdade. Era
quase como se ela tivesse sido salva novamente,
convertida pela segunda vez. Aquela noite foi
simplesmente intensa demais para ela. Havia um
trabalho tão grande de Deus em sua alma que ela
chegou a um novo nível de comprometimento e
mudança que ela nunca havia conhecido.
O ministério de Leonard fez Bobbie perceber a
importância de conhecer a Palavra de Deus e a
realidade da necessidade de estar com o Espírito
Santo diariamente. Posteriormente, ela refletiu:

Falar sobre Leonard e Martha é um desafio para


mim. É como explicar por que você ama alguém.
Foram todas as coisas que faziam parte de suas
vidas que os tornavam especiais.
O que mais me impressionou foi quando eu vi nada
além de Cristo na vida de Leonard. Eu não venerava
o homem, mas sua vida me fez querer adorar a
Cristo, não a ele. Eu não sei onde Bill e eu
estaríamos hoje se não tivéssemos conhecido
Leonard Ravenhill. Quando eu penso em um livro
que o representaria, seria aquele chamado “I
Remember a Man of God”. Uma manhã em nossa
casa, ele me perguntou onde na Escritura estava o
que Maria disse: “Fazei tudo quanto ele vos disse”.
Ele sabia muito bem onde estava, mas queria que eu
o encontrasse e lesse para mim mesma, para que eu
sempre lembrasse onde estava.
Nosso terceiro filho, Darren, passava o máximo de
tempo possível com Leonard. Ele estudava os livros
de Leonard e escutava suas mensagens, além de
passar longas horas em oração quando era
adolescente. Darren chegava em casa da escola,
bebia um copo de água, ia ao seu quarto e às vezes
não saía até a manhã do outro dia. Mais de uma vez
eu o vi no chão do seu quarto, buscando o Senhor.

Este foi o efeito que Leonard teve na vida de


Darren. Ele era utilizado pelo Senhor para nos fazer
ter fome de Deus em nossas vidas. Leonard orava
pelos nossos filhos todos os dias. Eu serei
eternamente grata que uma simples família das
colinas de Kentucky tenha sido abençoada por Deus
e entrado na vida de um homem de Deus de muito
longe, da Inglaterra. Só Deus pode fazer isto. Eu só
posso dizer que não sei onde estaria hoje se não
fosse por Leonard Ravenhill.

Foi mais tarde, em 1970, que os Moores ouviram


as notícias de que, por causa dos problemas raciais
do apartheid na África do Sul, eles não poderiam
entrar no país. A porta estava fechada e eles nunca
puderam ir. Após receber a notícia, Leonard
imediatamente escreveu-lhes:

Queridos Billy e Bobbie,


A coisa mais difícil de aguentar é o escárnio e
desprezo dos outros. Uma pergunta comum dos
outros será: “O que Billy e Bobbie dirão agora que a
porta foi fechada em suas caras? Como eles podem
ter certeza de algo novamente em suas vidas?”
Este é um dos maiores testes de nossa vida
espiritual. É fácil confiar em Deus quando tudo
acontece como queremos. Mas isto fortalecerá sua
fé. Os garotos os estarão observando de perto agora
e estudarão suas reações, mesmo se não disserem
nada. Significará muito para eles que vocês “sorriam
durante a tempestade”. Deus os está moldando. Isto
significa muito mais do que vocês estarem suando
em algum lugar no campo de missão. Ele está
trabalhando com todas as coisas de acordo com Sua
vontade. Então, “Alegrai-vos, e eu digo novamente,
alegrai-vos!” Por trás de uma providência triste
esconde-se um sorriso.
Na próxima terça-feira à noite eu vou falar com
centenas de ministros novamente. Deus tem o poder
e eu o busco para ungir-me.

Leonard e Martha visitavam os Moores todos os


anos em Kentucky e então em Scottsdale, Arizona.
A casa dos Moore era um retiro para os Ravenhills,
onde eles realmente relaxavam e se sentiam em casa.
Leonard também era especialmente amado pelos
quatro filhos dos Moore — Steven, Marlon, Darren
e Rodger. Todos eles, quando adultos, visitavam
Leonard e Martha em suas casas em Louisiana e no
Texas.

Quando os Ravenhills foram a Scottsdale para sua


visita anual, os Moores realizavam reuniões em sua
casa para que Leonard pregasse e convidavam várias
pessoas. Leonard era bastante conhecido no Arizona
e muitas pessoas iam ouvi-lo pregar.
Na estrada

Em abril de 1973, Leonard conduziu serviços


evangelistas em Florence, Alabama. Vários
pregadores foram ouvi-lo. Um deles era um
pregador metodista, cuja vida mudou de forma
significativa naquela semana, ao escutar Ravenhill.
Leonard escreveu sobre ele para um amigo:

Vários pregadores vieram à nossa reunião em


Florence, Alabama. Um deles é um pregador
metodista que foi abalado pelo Espírito enquanto
pregávamos. No próximo domingo, ele disse à sua
igreja: “Eu não tenho nenhuma palavra do Senhor,
então vão para casa”. Eles ficaram impressionados, e
alguns até com raiva. Ele disse a eles a mesma coisa
na próxima semana e novamente na terceira semana.
Os diáconos estavam subindo pelas paredes. Mas no
quarto domingo, Deus desceu à terra e algumas
pessoas pediram para ser salvas. Louvado seja o
Senhor que quando Ele se move, as montanhas se
movem.

Apenas uma pequena quantidade de informação


permanece sobre o ministério dos Ravenhills nos
anos 1970. Uma de suas viagens de maior destaque
foi à Austrália, onde Leonard conheceu um grupo
de jovens cristãos russos. Eles haviam escapado da
União Soviética por Xangai e Hong Kong. Após sua
experiência, a Austrália parecia um paraíso.

Mas havia uma senhora mais velha no grupo que


queria voltar à Rússia. Ela sentia falta do louvor na
Igreja russa, preferindo as dificuldades de seu país
com louvor verdadeiro e desinibido ao conforto da
Austrália com sua rigidez religiosa.

Em 1973, Leonard pregou novamente na Igreja


Batista Park Avenue em Titusville, Flórida. Mais
tarde naquele ano, a liderança da Park Avenue pediu
que Leonard se juntasse à equipe da igreja, para
ajudar a discipular os homens e também para pregar,
mas houve uma falta de clareza sobre a decisão
final, e isto nunca aconteceu. Ao mesmo tempo,
alguns convites vinham da Nova Zelândia, Irlanda,
Suíça e outros lugares.

Na primeira semana de dezembro de 1973,


Leonard estava pregando em Tallahassee, Flórida.
Após ir para casa para o Natal e o Ano Novo,
Leonard e Martha dirigiram até a Faculdade e
Seminário Asbury, em Wilmore, Kentucky, na
semana dos dias 6 a 11 de janeiro de 1974. Duas
semanas mais tarde, ele escreveu para um amigo:
“Um relato de Asbury diz que o Senhor fez grandes
coisas ali nas reuniões e muitas vidas foram
mudadas; nós O louvamos.”

Do Kentucky, os Ravenhills viajaram ao Alabama.


Na viagem, Leonard escreveu uma carta,
comparando o preço dos hotéis no caminho: “O
Travel Lodge era $7 por noite, mas eles estavam
cobrando $14,50 por quarto em Tuscaloosa, então
encontramos um quarto por $10 e dormimos
confortavelmente.”
Na primeira semana de fevereiro, Leonard pregou
em Anniston, Alabama. As reuniões foram
agendadas para quatro dias, mas quando o Espírito
Santo começou a trabalhar em cada serviço, as
reuniões foram estendidas para oito dias. Leonard
escreveu para um amigo após chegar em casa:

A glória do Senhor preencheu o templo.


Pregadores da área vieram em bom número. Uma
noite, quase trinta deles estavam presentes e vieram
às reuniões matinais também. O pastor disse às
pessoas que ele havia passado os três primeiros dias
se arrependendo e não conseguia pensar em outra
coisa para se arrepender. Ele também disse que a
maioria deles eram cabras e não ovelhas, já que não
levavam o Senhor a sério. Agora ele quer ser o
homem mais santo da cidade. Um homem viciado
em fumar por trinta e três anos foi completamente
entregue, e um médico com o mesmo problema
também foi entregue. No sábado à noite, tínhamos
duas horas de oração com uma dúzia de homens. Eu
acredito que veremos coisas grandiosas vindas dessa
igreja.

Quando os Ravenhills chegaram em casa do


Alabama, eles logo foram embora novamente às
Bahamas para ver o médico de Leonard, para
discutir uma possível cirurgia. Ele fez um exame
completo, que revelou que ele tinha ou um bloqueio
perto de seus rins ou, possivelmente, um tumor. A
cirurgia foi agendada imediatamente em um hospital
em Louisiana.

No primeiro domingo depois que chegaram nas


Bahamas, eles ouviram um sermão maravilhoso de
um pregador local. Leonard comentou:

Ele foi excelente. Você sentia que ele havia


dominado sua mensagem e que sua mensagem o
havia dominado. Seu sermão mostrou o suor do
estudo e o orvalho do céu, uma rara combinação.
Ah, por mais disto!
Após voltar à Louisiana, Leonard passou por uma
cirurgia bem-sucedida em Nova Orleans, no
Hospital Oschner, algumas semanas mais tarde. Em
seu quarto, ele escreveu aos Moore: “Meu colega de
quarto é católico. O jovem padre vem todas as
manhãs para realizar uma missa; leva apenas um
minuto e é uma performance vazia e simples. O
médico entrou e disse que eu devo ir para casa
amanhã — vai ser ótimo.”

Muriel Norris, a esposa de Jesse Norris, os vizinhos


dos Ravenhills em Zachary, escreveu para os Moore:
“Os médicos tiveram que limpar uma infecção, mas
eles tiveram sucesso ao lidar com o problema. O
coração do Len estava um pouco irregular, mas ele
parece estar melhor agora.” Sua recuperação correu
bem e, após um pouco de descanso, ele continuou
com sua agenda normal.

Quando a primavera chegou, o mês de maio viu


Leonard e Martha irem ao sul do vale do Texas para
reuniões na Primeira Igreja Batista de McAllen.
Muitos missionários cruzaram a fronteira do México
pela primeira vez e pessoas vieram de muito longe.
Uma noite, a reunião durou três horas, já que Deus
estava trabalhando poderosamente. Leonard relatou
mais tarde:

O pessoal aqui foi perturbado pelo Senhor. Uma


garota veio visitar, dizendo que estava na
Universidade de Baylor, e que as capelas eram
muito chatas. Eles colocavam um juiz para falar e
então Jean Dixon, a espiritista, não respondia à
pergunta feita a ela: “Jesus é o Senhor?” Que trágico
que uma faculdade batista não tenha comida
espiritual para uma grande multidão de estudantes.

Na segunda metade de maio, Leonard e Martha


dirigiram ao oeste em uma longa viagem que os
levou a Los Angeles, onde eles pregaram na
Faculdade Batista da Califórnia, em Riverside.
Muitos estudantes e jovens pregadores foram
afetados durante a semana. Após os dias em
Riverside, Leonard pregou em uma igreja batista em
Anaheim. O pastor da igreja era um jovem sério que
foi impactado e ajudou bastante em seu tempo com
Ravenhill.

No dia 18 de junho, Leonard escreveu para um


amigo:

Acabo de celebrar meu aniversário, completei


sessenta e quatro anos. Olhando para trás, eu
agradeço a Deus pelos meus maravilhosos pais
cristãos, minha linda esposa, pelos meus três filhos
queridos e pelos meus amigos tão maravilhosos. A
vida tem seus desafios, decepções de supostos
cristãos, aflições físicas e tudo o que a vida traz para
qualquer ser humano, além de dardos que são
jogados em nós pelo perverso e sua oposição. Mas a
graça inigualável de Jesus foi maior que toda a
oposição. Quanto temos a aprender sobre sua vitória
sobre todos os trabalhos do homem. O que triunfa
de sua graça deve ser mostrado pelo louvor a ele,
que nos tirou da escuridão e nos levou à sua luz
maravilhosa.
Leonard e Martha foram ao leste, para a Carolina
do Norte, onde ele pregou em Greensboro durante a
primeira semana de agosto. Ele provavelmente
visitou o local com seu velho amigo, Vance Havner,
a quem ele amava. Ravenhill e Havner tinham um
profundo respeito e amor um pelo outro. Então eles
dirigiram para Gadsden, Alabama, onde ele pregou
do dia 11 ao 18 de agosto.

Naquele mês, Leonard recebeu um convite do


Congresso Mundial de Evangelismo em Lausanne,
Suíça, em julho de 1975. Três mil homens foram
escolhidos em todo o mundo e só poderiam
comparecer com um convite. Leonard queria saber
qual era a vontade de Deus com este convite. Se ele
fosse, ele também palestraria para dois mil
estudantes na Inglaterra em uma conferência para a
Operação Mobilização.

Mas Leonard estava indeciso em sua perspectiva da


vontade de Deus e disse na época: “A Irlanda
também está me chamando para uma conferência no
verão, mas tudo isto vem quando meu coração quer
ficar nesta ótima nação e lutar contra o mal, já que
ele busca levar este país ao inferno.”

Quando chegou o outono, Leonard estava


pregando em Chattanooga. Um homem veio a
Leonard naquela semana, dizendo que seu pastor
ouviu Ravenhill dizer que se alguns pastores
pregassem o que o Senhor queria que eles
pregassem, alguns seriam demitidos. Seu pastor fez
o que Ravenhill disse e o resultado foi ele ser
demitido. Então ele começou outra igreja
imediatamente e seu trabalho floresceu.

Perto do fim de 1974, o Dr. Sherwood Wirt, editor


da Revista “Decision”, foi visitar Leonard, com uma
segunda visita no meio de janeiro. Wirt disse que
uma carta que Leonard lhe enviou mudou sua vida.
Eles conversaram por cinco horas sobre o
avivamento e o estado atual da Igreja, e sobre as
possibilidades de outro movimento nacional do
Espírito Santo. Embora Wirt fosse famoso, Leonard
gostava de passar tempo com ele, dizendo: “Ele é
um homem muito humilde e agradável, e que ainda
está buscando a realidade.”

O Dr. Wirt disse que Leonard deveria palestrar na


Conferência Mundial de Evangelismo em Lausanne,
Suíça, no próximo ano, que incluiria os principais
líderes de todo o mundo evangélico. A única
resposta de Ravenhill foi: “Eu irei se o Senhor
deixar isto claro para mim.”

Em janeiro de 1975 e durante os próximos oito


meses, Leonard escreveu mais e viajou menos. Os
Ravenhills foram à estrada novamente em setembro,
em direção a Sandusky, Ohio, onde Leonard pregou
do dia 7 ao 14 de setembro. Leonard escreveu:

Eu tive boas reuniões e ficamos em um hotel


agradável. O dono veio às reuniões. Ele me ofereceu
este lindo Rolls Royce de 1962 durante os dias que
eu ficasse aqui. Se ele tivesse me presenteado o
carro, eu talvez aceitaria! Nosso Chevy 76 é uma
máquina a vapor!

Várias referências durante os anos 1970 foram


feitas em cartas aos seus amigos sobre os vários
lugares e experiências:

31 de julho de 1974
Outras cinco mil milhas no carro após a viagem ao
oeste. O Senhor trabalhou graciosamente em
McAllen, Texas. Os estudos bíblicos matinais foram
especialmente abençoados e a multidão parecia
crescer todos os dias. As reuniões noturnas também
foram uma bênção. Muitos missionários vieram do
México para nos escutar e o que eu ouvi falar foi
que eles também foram renovados e desafiados.
Fomos à Flórida sem ver a previsão da maré. Mas
recebemos uma onda dentro da igreja onde
estávamos! Uma noite, o Senhor se moveu pelos
pastores que estavam aqui. Cerca de cinquenta deles
desceram para orar e alguns ficaram por horas. Um
jovem ficou em oração das 9 da noite até as 7 da
manhã. Estes queridos homens estão lutando contra
a carnalidade e mundanismo de suas igrejas.
Recebi um convite para ir à Nova Zelândia para uma
boa conferência ali na próxima Páscoa. Isto merece
uma oração verdadeira. De todas as maneiras, eu
não iria tão longe por tanto tempo sem Martha.
Deus deve esclarecer se devemos ir ambos.

1 de setembro de 1974
Fomos de Vancouver, BC, até perto de Pittsburgh
em cinco dias, cerca de 3.500 milhas, o que é muito
longe e muito rápido para nós, idosos. Em
Vancouver, pregamos para o Exército da Salvação,
com quem não estivemos em anos. O Senhor
manifestou Seu poder de maneira maravilhosa.

22 de janeiro de 1975
Faculdade de Asbury, Wilmore, Kentucky
As reuniões em Asbury foram de outro mundo.
Noite após noite, a glória do Senhor preencheu o
templo; Ele preencheu os altares também, com as
reuniões durando até quatro horas.
Devíamos terminar na sexta-feira à noite. O que
não sabíamos era que alguns homens jejuaram e
oraram para que ficássemos no sábado e que seria o
melhor dia de todos. Deus respondeu. O serviço
matinal de cinquenta minutos na capela durou
quatro horas. O serviço do domingo à noite também
durou quatro horas. Multidões correram ao altar
para orar e buscar Deus.

Na manhã da quarta-feira eu fui o palestrante da


capela do seminário. Os homens haviam acabado de
voltar das férias natalinas e a capela estava lotada.
Eu preguei Isaías 6 e então o Senhor me deu uma
unção abençoada. Sem pedir ao presidente do
seminário, eu pedi que estudantes buscassem Deus e
chamei-os ao altar para orar; aqueles garotos lotaram
o altar. A glória é só d’Ele.

2 de setembro de 1975
Na linda Carolina do Norte vimos o trabalho do
Senhor. Algumas noites, tínhamos provavelmente
cinquenta pregadores e talvez metade deles estavam
devastados perante Deus em oração. Posso dizer
que a glória do Senhor preencheu o templo, o poder
do Senhor esteve presente e a alegria do Senhor
encheu nossos corações. Com certeza os anjos se
divertiram com o louvor aos céus sobre os espólios
do trabalho de sua alma.
A seguir, fomos a Gadsden, Alabama. Novamente o
Senhor trabalhou de forma tremenda. Durante duas
noites, a presença manifestada de Deus era
arrebatadora. Na sexta-feira à noite, toda a igreja
estava despedaçada em arrependimento e o pastor
foi à frente de todos, chorando sobre sua própria
necessidade e esterilidade, pedindo a eles que o
perdoassem. Ele lidera uma boa escola cristã e fica
muito preso a ela, eu acho.

6 de dezembro de 1975
Semana passada estivemos em Sandusky, Ohio. O
Senhor veio em Seu poder. Quinta-feira foi
inesquecível. Tentamos pregar no momento mais
incrível da eternidade: “Nenhum homem pôde tirar
o livro da mão d’Ele que sentava no trono.”
Dezembro de 1975
Esperamos ir embora no dia 16 de janeiro e passar
um mês inteiro fora. Depois disto estaremos aqui,
até onde eu saiba, até maio, quando eu tenho a
conferência estadual do Ministério Batista do Livre-
Arbítrio de Mississipi, onde eu pregarei por quatro
dias. Há um forte convite depois disto para ministrar
por alguns meses na Nova Zelândia e Austrália, mas
eu ainda não decidi.
Ao Texas

Em 1974, ficou claro para os Ravenhills que, por


vários motivos, seu tempo em Zachary havia
acabado. Houve alguns mal-entendidos entre
algumas pessoas e críticas sem fundamento em
relação a Leonard, que eram falsas e difamatórias.
Ele não podia fazer nada sobre isto a não ser orar e
andar em integridade. Finalmente ficou claro para os
Ravenhills que estava na hora de buscar a direção de
Deus para encontrar um novo lugar de serviço.

Ao lidar com a probabilidade de deixar Zachary,


Leonard e Martha não sabiam para onde ir e
estavam esperando novas direções, apesar de que
não lhes faltassem possibilidades. Ao menos seis
indivíduos lhes ofereceram propriedades gratuitas,
incluindo uma bela casa em um terreno de sessenta
acres em Florence, Alabama, por vinte mil dólares.
A resposta de Leonard: “Estou sem direção; o que
Deus quer?” Os Ravenhills sabiam que eles não
deveriam se mudar sem uma direção clara de Deus.
Nesta época, Len escreveu para um amigo:

Eu estou quase convencido que meu trabalho é “me


esconder”. Mas eu não sei onde no momento. As
colinas de Kentucky são tentadoras, com nossos
doces amigos, Billy e Bobbie Moore estando ali,
mas eles podem se mudar, e então para onde
iríamos? A amizade humana importa e espíritos
similares ajudam: “Assim como o ferro afia o ferro,
o homem afia o seu companheiro.”

Logo um convite veio a eles como um chamado do


Senhor. Em 1975, um pequeno grupo de cristãos em
Seguin, Texas, contatou Leonard e perguntou se ele
consideraria ser seu pastor. Leonard havia
conversado com o grupo antes quando viajou para
pontos de pregação. Mas a discussão não havia
chegado ao ponto de ser pastor. Os crentes dali
queriam ser ensinados por ele e também estavam
planejando estabelecer uma pequena livraria cristã
em conexão ao ministério da igreja.
Pastorear estava novamente nos pensamentos de
Ravenhill. Ele

realizou um trabalho pastoral frutífero na Grã-


Bretanha anos antes e algumas vezes ele expressou
seu desejo de fazer isto novamente: “Há momentos
em que meu coração anseia pastorear uma igreja e
trabalhar com a construção dos santos de perto por
meio do trabalho pastoral.”

Muitas pessoas pensavam que Leonard não poderia


ser pastor porque ninguém poderia pregar de forma
tão dura todas as semanas. Talvez haja alguma
verdade nisto, mas seu desejo de ser um ministro
pastoral fez com que ele visse a oportunidade como
a vontade de Deus. No dia 5 de junho, Len escreveu
para um amigo:

Nossa direção presente parecer ser ir ao Texas. Um


irmão de lá disse que nos daria um acre de terra. Há
uma livraria que assumirá a distribuição dos meus
livros, que não foram muito vendidos no último ano.
Duas semanas mais tarde, uma carta do dia 20 de
junho declarou a direção que veio a ele:

Acabamos de voltar de outra viagem ao Texas. Um


irmão de lá nos deu um acre de terra e eu acho que
vamos construir ali com o dinheiro da nossa casa
daqui. Seguin é o nome do lugar. É uma cidade do
interior, a 35 milhas ao leste de San Antônio. O
lugar não tem nem uma lanchonete ou sorveteria.
Há uma boa aula bíblica lá e alguns homens de
oração que assumirão a distribuição dos meus livros.

Na primeira semana de outubro, o caminhão de


mudanças se dirigiu a Seguin. Martha estava
sofrendo de dores na perna e Leonard teve que fazer
quase tudo sozinho, com a ajuda de alguns amigos.

Duas semanas mais tarde, Leonard escreveu para


seus amigos, Billy e Bobbie Moore:
24 de outubro de 1975
Queridos Billy e Bobbie Moore e garotos,
Estamos aqui há quase duas semanas e ainda não
estamos na casa.

Chegamos com nossos móveis, mas não havia


água, eletricidade ou telefone. As coisas melhoraram
agora.
Tivemos uma boa reunião na casa hoje, uma boa
multidão e um bom espírito e atmosfera. David e
Nancy estão vendo a bênção de Deus, já que ele se
tornou um pastor substituto por algumas semanas.
Ele ligou para mim da Nova Zelândia, porque a
igreja está pedindo para que eu vá para lá na
primeira semana de dezembro para palestrar para
160 pregadores por uma semana. Eles pagarão pela
minha passagem, mas não pela de Martha. Ela quer
ver seu novo neto. Eu poderia ficar e pregar por três
semanas a mais, o que cobriria a passagem dela.
Orem comigo sobre isto, por favor. Meu problema é
o tempo. Eu preciso ficar em dia com minha escrita
e correspondência.
Estamos nos sentindo melhor desde que chegamos
ao Texas. Não há tanta umidade. Por favor,
escrevam ou liguem! Amamos vocês e sentimos
muita saudade.
Len e Martha

Então foi em Seguin que Leonard pastoreou


novamente pela primeira vez em mais de trinta anos.
Durante este período, ele não viajou muito, mas se
dedicou à pregação pastoral, a escrever, a orar e a
um ministério de literatura cristã. Estes foram anos
calmos e rotineiros, em que Leonard transformou
um ministério frutífero em uma pequena
congregação.

Em julho do próximo ano, as reuniões estavam


lotadas e crescendo. Ele escreveu para um amigo
sobre a bênção de Deus na igreja de Seguin:

Tivemos uma casa cheia no domingo, apesar de


que alguns dos frequentadores não estavam.
Estamos dispostos a deixar o Pai levá-los ali.
Algumas pessoas estão fazendo viagens de 120
milhas, ida e volta, e outros ao menos cem milhas.
Agradecemos ao Senhor que elas tenham esta fome
e sede pela virtude. Que maravilhoso que o Senhor
possa dividir o pão e que cada alma faminta possa
ter o que precisa. Eles estão todos preenchidos de
acordo com suas necessidades.

No próximo domingo eu devo pregar sobre


“Levou-me à casa do banquete, e seu estandarte
sobre mim era o amor” (Canção de Salomão 2:4).
Pode haver escassez, mas não no reino espiritual.
Todos recebemos sua plenitude e graça após graça.

Em sua próxima carta aos Moore, no dia 19 de


agosto de 1976, ele também falou das bênçãos
contínuas de Deus:

Tivemos um bom domingo. Eu não estava com


nenhuma vontade de pregar, mas o Senhor ajuda os
pobres e necessitados e ele me abençoou.
Contemplamos Efésios 2:4-6, onde Paulo fala sobre
ter sido criado com Cristo e ele nos fez sentar juntos
em lugares divinos. Os pregadores estão sempre
dizendo que Cristo está vindo por nós, mas por que
eles não contam mais sobre Ele nos ter levado para
sentarmos em lugares divinos com Cristo Jesus? O
objetivo real de Sua misericórdia conosco não é
apenas nos redimir, mas Ele também pode nos
colocar em exibição por toda a eternidade como
Seus trabalhadores, criados em Cristo Jesus, e que
fizeram com que a fraternidade do mistério de
Cristo fosse conhecida por todos os homens, com a
intenção de que agora, por meio dos princípios e
poderes dos lugares divinos, a multiforme sabedoria
de Deus possa ser conhecida pela Igreja, de acordo
com o propósito eterno que Ele propôs em Cristo
Jesus, nosso Senhor. Que dia quando Deus colocar
todo o trabalho de redenção em exibição para todos
os homens verem.

Na semana do dia 6 de março de 1976, Ravenhill


estava pregando na Primeira Igreja Batista em
Euless, Texas. Então ele foi para um retiro para falar
por três dias para um grupo de cem pregadores e
estudantes seminaristas. Ele pregou na primeira
tarde e noite por três horas. No segundo dia, ele
pregou três vezes por um total de seis horas, e na
terceira e última manhã, por mais de duas horas.
Seu público era de pregadores e seminaristas que
estavam com fome de vida espiritual e verdade.

Leonard voltou novamente no fim de abril para a


Igreja Batista Park Avenue em Titusville, Flórida.
Alguns dias após estar ali, ele escreveu para um
amigo:

Obrigado pelas orações. As reuniões em Titusville


estiveram majestosas com sua presença. Deus
desceu dos céus nesta noite de quinta-feira. Havia
talvez sessenta pregadores e setenta senhoras
despedaçados em orações na frente. O tempo todo,
pregadores vieram para mim dizendo: “Seu livro,
‘Why Revival Tarries’, mudou minha vida.” Muitos
disseram que suas vidas foram revolucionadas. Um
jovem pregador ficou toda a noite orando e os
outros andaram pelo terreno aqui toda a noite em
oração.

Em outubro, Leonard e Martha voltaram à


Fraternidade Bethany em Minneapolis, onde haviam
ficado pelos primeiros sete anos que estiveram nos
EUA. Foram recebidos calorosamente, encontrando
velhos amigos e trabalhadores do evangelho.
Enquanto estiveram ali, Leonard pregou para o
Bispo Kivengere, da África, a quem Leonard
chamou de “uma ótima alma”.

Na metade do mês de novembro, voltaram ao


Texas e dirigiram até Fort Worth para orar com o
Dr. Oscar Thompson, Professor de Evangelismo do
Seminário Batista Teológico do Sudoeste, que estava
lutando contra um câncer. O Dr. Thompson, com
trinta e nove anos de idade, havia passado por uma
cirurgia para remover um tumor. O momento era
precioso, já que vários professores do seminário
estavam com Leonard, o que resultou em todos eles
chorando, orando pelo avivamento.
Primeira Igreja Batista, Atlanta

Ravenhill foi convidado para pregar na Primeira


Igreja Batista em várias ocasiões, sendo a primeira
vez em 1976. Estas reuniões aconteciam com o
convite de Dan DeHaan, um professor bíblico, e
mais tarde o capelão do time de futebol americano
Atlanta Falcons. Pediram que Leonard falasse sobre
louvor. Penny DeHaan, a esposa de Dan, escreveu
sobre como aquela semana foi excepcional para
muitas pessoas:

Len e Martha foram muito especiais para mim. Eu


poderia escrever um livro sobre a influência que
tiveram na minha vida. Meu marido, Dan DeHaan,
escutou Jack Taylor dizer que Leonard Ravenhill era
o único profeta vivo no mundo hoje. Len veio para
Atlanta para realizar algumas sessões sobre louvor,
que foram filmadas na Primeira Igreja Batista,
Atlanta, e o Dr. Charles Stanley compareceu às
sessões.
Dan estava tão nervoso quando foi buscar Leonard
no aeroporto, mas seu nervosismo foi embora
imediatamente. Eles tiveram um relacionamento
como Paulo e Timóteo.
Nas sessões, Len pregava e orava, e então deixava o
púlpito e ia ao seu quarto de hotel. Mas as pessoas
ficavam e oravam e oravam até o começo da manhã.
Havia um verdadeiro movimento do Espírito na
Primeira Batista naquela época, e ele se tornou um
bom amigo do Dr. Stanley.
Eu me lembro de encontrar Martha durante esta
época e escutá-la encorajar algumas das senhoras.
Ela olhou para mim e disse: “Sua vida será difícil,
mas a graça de Deus é suficiente.” A tristeza em
seus olhos e o carinho do seu toque ainda possuem
um lugar especial no meu coração. Dan foi meu
segundo marido a morrer em um acidente de avião,
então estas palavras me confortaram muitas vezes.
Sua devoção a Leonard e sua própria caminhada
com o Senhor impressionavam meu coração.
Lembro-me quando Martha ficou em casa quando
eles estavam na Inglaterra. Ela mantinha a família
em ordem quando Len vinha à América. Ela era
uma mulher maravilhosa. Eu contei a muitas pessoas
que sua vida teve um efeito profundo na minha
própria vida, apenas ao vê-la em casa e ao passar
vários dias com eles. Suas vidas “não condiziam”
com este mundo.
Uma noite, quando Leonard e Martha vieram nos
visitar, o Dr. Stanley e seus funcionários da igreja
vieram jantar e foi um lindo momento juntos com o
Senhor. Leonard encorajou o Dr. Stanley em seu
ministério e começou a orar diariamente por ele.
Quando o Dr. Stanley ouviu isto, ele começou a
chorar e então convidou Len a ir à Primeira Batista e
pregar até o avivamento. Ele esteve ali por várias
semanas. Len então chamou Dan e um grupo de
pessoas de oração para irem às montanhas perto de
Atlanta e orar pela cidade. Eles oraram até Leonard
sentir que o Senhor os libertara e que eles podiam ir
para casa.
Até mesmo ao escrever isto eu sinto muita falta
deles. Eles sempre foram uma fonte de força
enquanto eu os acompanhava durante os anos.
Leonard voltou à Primeira Igreja Batista pela
segunda vez em outubro de 1978. Foi um momento
muito especial tanto para Leonard quanto para a
família da Primeira Igreja Batista, e Leonard sempre
lembrou deste tempo com boas memórias. Leonard
escreveu para os Moores de Atlanta:

Queridos Bill, Bobbie e garotos,

Olá! Saudações da fria Atlanta. O que Deus forjou


aqui? Eu não posso contar-lhes porque vai além de
palavras. As reuniões estão durando mais de três
horas, com muitas confissões, vidas transformadas e
obstáculos retirados das vidas das pessoas.
Começaram uma reunião na rua, com viciados em
drogas e prostitutas, e uma nova reunião de oração.

A terceira e última visita de Leonard à Primeira


Igreja Batista foi no fim de 1979, por um mês. Mais
tarde, ele contou a estória com maiores detalhes:
Eu preguei por várias semanas na Primeira Igreja
Batista em Atlanta. É uma boa igreja. Charles
Stanley é um ótimo pregador e um ministro
profético. 7.500 pessoas apareceram e o auditório só
tem capacidade para 3.500, o que é uma boa
multidão. Eu preguei quase tudo o que eu sabia e
algumas coisas que eu não sabia. E agora, o que
devo fazer?

As reuniões estão seguindo até a meia-noite.


Tivemos que colocar microfones nos corredores da
igreja para que as pessoas pudessem fazer confissões
em público. Centenas e centenas vieram. Após
aquela noite, eu me perguntei “o que eu devo pregar
agora?” Então às duas da manhã eu senti o Senhor
dizer: “Pregue sobre o filho pródigo.” Eu orei: “Ó
Senhor, o pastor diz que sua igreja está sendo limpa,
e agora eu devo pregar sobre o pródigo?”

Eu tive dúvidas, mas preguei mesmo assim. Eu


preguei sobre dois pródigos, um que foi para um
país longínquo e outro que ficou em casa e também
desperdiçou tudo o que tinha. O irmão mais velho
disse: “Por que você não me dá um bezerro
cevado?” Seu pai disse: “Não posso fazer isto. Você
é dono do rebanho inteiro. Seu irmão recebeu o
dinheiro e você a terra, mas você não fez nada com
ela.”

Bem no meio da mensagem eu disse: “Sabe, há


muitos pais pródigos aqui. Vocês mandam seus
filhos a escolas cristãs para não precisarem ter um
altar familiar. Quantos de vocês são reis e padres em
casa? Vocês abrem a Bíblia todos os dias e ensinam
seus filhos? Cada um de vocês, pais pródigos, que
não leem a Palavra de Deus para seus filhos e não
oram com eles, levantem-se agora.” De repente,
pessoas se debandaram ao altar. E como eles
choraram. Eu deixei que voltassem após um tempo
orando com eles.

Então eu olhei para cima, para a plateia cheia de


jovens e disse: “E vocês, crianças? Vocês
adolescentes — vocês sempre enviam às suas mães
um cartão que diz algo como: ‘você é a melhor mãe
do mundo.’ Vocês só são bons uma vez por ano,
mas no resto do ano vocês são rebeldes, chegam em
casa tarde e só fazem brincar. Vamos lá, saiam desta
plateia, arrependam-se e busquem Deus.” De
repente, houve uma debandada de jovens, enquanto
Deus movia Seu Espírito.

Finalmente eu disse para toda a congregação:


“Você não pode parar um carro fora desta igreja
porque, se fizer isto, uma prostituta abrirá a porta e
entrará com você. Você não pode ir atrás da igreja
porque há uma velha mansão, e está cheio de
homossexuais nas ruas. Vocês têm uma linda igreja
aqui. Mas quando foi a última vez que vocês saíram
com estes leprosos imorais? Quando foi a última vez
que vocês mostraram compaixão?”

Eu disse: “Todos os que reconhecem seus


fracassos, venham para oração agora mesmo.” O
altar ficou cheio e a igreja estava lotada. Eu disse:
“Dr. Stanley, você poderia orar por estas pessoas,
por favor?” Quando ele veio ao púlpito, ele estava
pálido como um defunto. Ele disse: “Eu não posso
orar por vocês. Eu não posso orar por vocês. O
motivo é que eu não amo os perdidos daqui. O
motivo pelo qual vocês não visitaram estas pessoas e
não estenderam a mão, o motivo pelo qual vocês
preferem ficar em casa em vez de ir a estes becos e
resgatar aqueles que necessitam é porque eu não o
fiz. A única coisa que eu fiz foi orar: “Deus, tire esta
escória da cidade.”

Houve um profundo despertar espiritual naquelas


semanas na Primeira Igreja Batista, já que muitos
foram salvos e transformados pela graça de Deus. O
Dr. Stanley também foi permanentemente afetado
pela pregação e exemplo de vida de Leonard. Vários
meses mais tarde, Leonard recebeu relatos de que
Deus estava continuando seu trabalho ali: “Temos
notícias de Atlanta de que a igreja ali está sendo
muito abençoada. Reuniões de orações foram
realizadas por toda a cidade pelas pessoas que vão
àquela igreja. Isto é uma preparação para algo
maior..
No fim de 1976, Leonard pregou novamente na
Faculdade de Asbury, em Wilmore, Kentucky. Ele
escreveu sobre esse período no dia 2 de fevereiro de
1977:

As reuniões em Asbury foram maravilhosas. O


Senhor fez grandes coisas.

É um desafio lidar com 1400 pessoas duas vezes


por dia, mas um dos meus versos favoritos é “Os
riachos de Deus transbordam” (Salmos 65:9). Ele é
suficiente para todas as nossas necessidades.
Na manhã da sexta-feira, eu preguei em Hannah e o
lugar inteiro pareceu quebrar enquanto o Senhor
entrava. Então um professor veio à plataforma e
disse aos estudantes que eles poderiam voltar à aula
ou ficar para orar. Muitos se foram. Eu queria que
ele não tivesse dito nada e apenas tivesse deixado o
Senhor trabalhar.

Em julho de 1977, Leonard recebeu dois convites


para ministrar na Nova Zelândia em dezembro. Ele
pediu que seus amigos orassem: “Por favor, orem
para que saibamos o que fazer com isto. É um voo
muito longo e eu realmente preciso deste tempo para
escrever. Mas é apenas Sua vontade que importa.”

Em setembro, Leonard foi ao leste do Texas para


pregar na Primeira Igreja Presbiteriana em Marshall,
Texas. As multidões eram grandes e a presença de
Deus pairava pelas reuniões a cada noite, onde
muitos estavam buscando o Senhor, incluindo um
vicário anglicano que veio chorando e se rendeu às
orações. Ele compareceu a todos os serviços até o
domingo, quando ele teve que pregar em sua igreja.
Leonard voltou à igreja dele novamente exatamente
naquele ano para pregar por mais uma semana.

Em agosto, Leonard estava pregando novamente


em Fort Worth, desta vez na Igreja Batista James
Avenue Baptist. Novamente, ele pediu que seus
parceiros de oração suplicassem por ele: “A igreja
para onde estamos indo fica no Seminário Batista
Teológico do Sudoeste, que tem cerca de 2.500
estudantes. Orem para que influenciemos alguns
deles.”

Leonard teve alguns compromissos pelo resto de


1977, e ainda estava pregando para a igreja de
Seguin e escrevendo. No fim do ano, ele pregou na
Convenção Nacional dos Batistas do Livre-Arbítrio
na Cidade do Kansas e então em uma convenção
estadual em Indiana.

Ele então voltou ao Texas para pregar na Primeira


Igreja Batista em Seguin. Depois de alguns dias, eles
foram embora novamente, dirigindo para Atlanta,
Geórgia, onde ele pregou por vários dias na igreja
presbiteriana de Westminster, a antiga igreja do Dr.
Peter Marshall. Sentindo-se desencorajado por um
tempo, Leonard escreveu para um amigo em junho:

Eu senti pela primeira vez na minha vida como é


ser “desprezado e rejeitado pelos homens” pelas
mãos dos cristãos. Eu não reclamarei ou me
importarei para o meu próprio bem. É verdade que
amor sem virtude é apenas um ágape descuidado.

Em junho de 1978, Leonard e Martha começaram


a sentir que seu tempo em Seguin havia terminado.
Os registros não mostram exatamente o porquê,
exceto que ele parecia pronto para voltar a um
ministério de pregação maior. Eles ainda não tinham
certeza, então esperaram pelo Senhor durante este
tempo. No dia 14 de junho, foram palestrar em uma
reunião com mil estudantes em Memphis,
Tennessee, e então foram a uma pequena igreja do
interior do Alabama, da qual eles gostaram bastante.
A viagem acabou em Naples, Flórida, com duas
semanas de férias para descansar e buscar a
orientação do Senhor para o futuro.

Em julho, Leonard foi convidado por David


Wilkerson para pregar na sede do Desafio Juvenil
em Lindale, Texas. Leonard foi renovado pelas
reuniões e pelo tempo com seu velho amigo.
Ravenhill disse:
As reuniões foram boas, uma noite durando das
19:30 até as 23:30h, e na próxima semana das 8:30
até as 11:30 da manhã. Havia uma fome pelo
Senhor. Quando Jesus pôs a mesa, eles comeram!
Quando eu cheguei, eu encontrei o Irmão David
abatido, porque sua esposa havia passado por uma
grande cirurgia e provavelmente teria que passar por
outra.

De Lindale, eles dirigiram para o leste de Tulsa,


para Oilton, Oklahoma, para a igreja do seu amigo
Bill Ryan, e ficaram lá por cinco dias. Em um desses
dias eles foram à Universidade Nazarena do Sul em
Bethany, Oklahoma, onde ele pregou para 1.400
estudantes. Ele disse: “Eu oro para que o Senhor
solte uma bomba ali.”

Nas reuniões em Oilton, um ônibus cheio de


estudantes da Universidade Batista de Oklahoma
veio para a primeira noite, dirigindo trezentas
milhas, ida e volta, e estes estudantes voltaram todas
as noites em seus próprios carros. Pregadores vieram
de vários estados. Isto encorajou bastante Leonard,
ao ver a fome entre os pastores e jovens. Essas
oportunidades resultaram em mais e mais estudantes
pedindo pela ajuda de Leonard e desejando visitá-lo.

No dia 15 de setembro, Leonard começou a pregar


em uma pequena igreja batista em Louisville,
Kentucky. O Espírito Santo se moveu de forma
soberana durante a semana. Leonard escreveu para
um amigo logo após as reuniões:

Estive pregando em Louisville. Deus tem feito um


ótimo trabalho nesta igreja. Um verdadeiro toque do
avivamento chegou. Maridos e esposas estiveram
chorando, confessando frieza e rebelião. O
advogado de Mohammed Ali tem comparecido às
reuniões e comemos com ele na segunda-feira.

Foi nas reuniões em Louisville que Mike Bickle, da


Cidade do Kansas, foi profundamente impactado.
Um amigo contou a Mike que Ravenhill estava
pregando em Louisville, então eles dirigiram cinco
horas à igreja batista onde Len estava pregando e o
ouviram várias vezes pelos próximos três dias. Um
dos serviços matinais se tornou a reunião mais
desafiante que Bickle já havia visitado em 35 anos
como cristão:

Eu nunca havia estado em um serviço antes ou


desde então que tenha sido tão marcado pela
presença divina de Deus como naquela manhã
naquela pequena igreja batista. Havia provavelmente
trezentas pessoas ali. Todas as reuniões eram boas,
mas a daquela manhã em particular foi a melhor em
que já estive durante toda a minha experiência cristã.

Os sermões de Ravenhill sempre eram inspiradores,


interessantes e poderosos. A primeira mensagem da
manhã certamente foi assim, mas foi a poderosa
sensação da presença divina de Deus que eu lembro
após o sermão. Quando Leonard terminou de
pregar, ele simplesmente disse: “Oremos.” Após
orar, nenhuma das trezentas pessoas ali se moveu.
Ninguém se levantou e foi embora. Era meio-dia e
as pessoas deveriam estar com fome, mas a presença
de Deus era tão poderosa e real que ninguém atrevia
se mexer. Todos começaram a espontaneamente
ajoelhar-se ou prostrar-se e começaram a buscar
Deus.

Eu estava tão arrematado pela sensação da glória e


grandeza de Deus, tudo o que eu podia fazer era
lamentar em silêncio. Eu lamentei e lamentei; eu não
sabia o que mais fazer. Foi o momento mais sagrado
e profundo de oração que eu já vi, durando quase
uma hora. Eu disse em meu coração ao Senhor, aos
22 anos de idade: “Senhor, se isto é o que é uma
oração de verdade, então eu gosto disso.” Foi o
momento mais marcante da presença de Deus que
eu já vi. Eu nunca estive em uma reunião assim
novamente.

Então eu saí de lá e me tornei muito sério sobre


coisas espirituais. Eu ouvi Ravenhill várias vezes nos
outros anos, mas nada como nestas reuniões em
Louisville, principalmente naquele serviço matinal,
quando Deus esteve entre nós.

Quando os anos 1970 estavam chegando ao final,


outro convite redirecionaria o caminho de Leonard e
Martha por uma porta aberta que traria nova
influência e fecundidade às suas vidas. Ele também
os trouxe algumas das maiores amizades que eles já
fizeram.


​ ​





13 LEONARD, OS ÚLTIMOS DIAS E OS
AMIGOS DO TEXAS

​ ​ ​ ​ ​

Aniversário de oitenta e cinco anos de Leonard

Embora eu seja conhecido como um apologista da


fé cristã, lidando com as questões intelectuais do
cristianismo, eu realmente devo a Leonard
Ravenhill toda a paixão por Deus e pela oração
que inicialmente começou em mim. Ele, pela graça
de Deus, foi o catalisador que fez com que minha
paixão conhecesse a Deus e para continuar até
hoje.
Ravi Zacharias

Em 1979, Leonard e Martha ainda viviam em


Seguin, realizando um ministério de oração,
pastoreio, correspondência por todo o mundo e
escrita. Seu sexto livro foi concluído no primeiro
semestre daquele ano. Ele inicialmente pensou em
entitulá-lo “America: Born Yesterday, Dying Today,
Dead Tomorrow”, mas em vez disso escolheu um
nome diferente: “America is Too Young to Die”.

O livro foi publicado naquele ano, resultado de sua


crescente convicção de que a América estava cada
vez mais sob julgamento divino. O livro é a
expressão de seu pesar de que a América já estava
no mesmo caminho da morte que nações anteriores
na história. Ele estava claramente desapontado que o
reavivamento ainda não tivesse chegado aos Estados
Unidos no século XX. Mas Leonard ainda esperava
ver um despertar nacional, que ele sabia ser a única
forma possível de preservação para os Estados
Unidos.

Foi em algum momento no primeiro semestre de


1979 que os Ravenhills enfrentaram uma nova
decisão. Um telefonema trouxe um convite para um
novo ministério, desta vez em outra cidade do
Texas, a cinco horas a nordeste de Seguin.

A bela região leste do Texas

Lindale é uma pequena cidade do leste do Texas, a


120 quilômetros a leste de Dallas pela Interestadual
20, ao norte de Tyler. Foi aqui, na zona rural, que
Leonard e Martha vieram morar em 1979.

O convite veio de David Wilkerson, cujo ministério


do Teen Challenge estava localizado a oeste de
Lindale. Havia também numerosos ministérios,
organizações da igreja e missões paralelas na área de
Tyler-Lindale, que se concentravam em treinar
obreiros para missões e evangelismo em todo o
mundo.

Ravenhill já havia ministrado a Palavra de Deus


para alguns desses grupos em anos anteriores. Seus
líderes tinham o desejo de que seus funcionários e
alunos estivessem sob a pregação de Leonard e sob
sua ênfase na oração e no reavivamento. A
oportunidade agora seria ensinar e influenciar uma
futura geração de pregadores, evangelistas,
missionários e obreiros cristãos que seriam
espalhados até os confins da terra.
Naquela altura de sua vida, Ravenhill era um
estadista cristão internacional e uma lenda para
muitas pessoas. Sua voz foi muito influente para
muitos de uma geração mais jovem. Mas quão
abertos alguns dos ministérios locais realmente
seriam ao seu ministério ainda estava para ser visto.
A pregação e a seriedade de Leonard muitas vezes
“separava — espiritualmente — os homens dos
meninos”. Isto provou ser verdade em alguns casos.
Enquanto Len e Martha oravam por uma decisão, a
oportunidade de impactar especialmente os futuros
líderes cristãos estava no coração de Leonard. Se ele
pudesse usar seus últimos anos para ajudar a equipar
uma futura geração de líderes, então sua mensagem
e influência seriam multiplicadas ainda mais. Isso era
significativo para ele, já que ele tinha agora setenta e
dois anos de idade. A decisão foi tomada, o convite
foi aceito e a mudança ocorreu em novembro.

Len e Martha se juntaram ao filho David e a sua


esposa, Nancy, na construção de casas em uma área
de onze quilômetros a oeste de Lindale, em Garden
Valley. A casa de Leonard e Martha ficava a duas
milhas da Interestadual 20, ao longo de uma estrada
sinuosa até a entrada de sua casa, escondida da vista
e aninhada entre os belos pinheiros do Texas.

Os ministérios ali localizados incluíam a The Agape


Force, (A força Agape) Teen Challenge, (Desafio
Jovem,) Last Days Ministries, (Ministérios dos
Últimos Dias) Calvary Commission (Comissão do
Calvário) e outros. Diversos cantores cristãos
contemporâneos também estavam instalados lá,
incluindo Dallas Holm, Barry McGuire, The Second
Chapter of Acts e Jimmy e Carol Owens. A casa de
David Wilkerson também ficava muito perto da casa
dos Ravenhill.

Leonard se estabeleceu em um ministério regular,


falando em algumas das igrejas e ministérios locais
semanalmente. Ele também foi o principal orador
em algumas de suas conferências anuais. Ele
também pregou regularmente na Igreja Community
Christian Fellowship em Garden Valley, da qual ele e
Martha participaram.

Havia poucas pessoas de quem Leonard era amigo


íntimo. Mas Deus lhe deu amizades mais próximas
no leste do Texas, em seus últimos anos, com
homens como Dale Brown, Bob Elliot, Keith Green,
Sonny Jaynes, Winkie Pratney, David Wilkerson e
alguns outros. No final de sua vida, este era o seu
grupo de irmãos que ele amava e em quem se
apoiava em uma amizade mais próxima. Um desses
irmãos especiais foi Joe Fauss.
Joe Fauss e a Calvary Commission

Leonard adorava especialmente o trabalho da


Comissão do Calvário em Lindale, fundada e
dirigida pelo Dr. Joe Fauss. Pode ter sido seu
trabalho favorito lá, embora ele nunca tenha dito
isso publicamente. Len amava Joe e sua esposa,
Charlotte, especialmente por causa de seu amor e
ministério aos detentos e aos fracos e necessitados
da sociedade. David Ravenhill fala sobre Joe e
Charlotte:

Havia uma razão pela qual Joe e Charlotte Fauss


eram dois dos favoritos do meu pai. Meu pai podia
sentir o cheiro de um falso a uma milha de distância.
Eles são a “coisa real”, progredindo silenciosamente
com o reino tanto aqui em casa como no
exterior.105

Leonard começou a falar nas conferências da


Comissão do Calvário e lecionou lá regularmente em
diferentes épocas do ano. Em um culto em Lindale,
Joe trouxe vários presos de uma prisão estadual para
um culto na igreja para dar seu testemunho de que
seguiriam a Cristo. Havia quatro guardas armados
no serviço, que vieram com eles. Enquanto Joe
caminhava para a frente com os homens que haviam
sido salvos, Leonard sentou-se perto do corredor,
pegou o braço de Joe e disse: “Que maravilhosos
troféus de graça, irmão!” Joe era um dos homens
mais queridos do coração de Len em todo o Texas.
Na estrada novamente

Com uma base sólida e escritório estabelecido lá,


Leonard estava novamente viajando regularmente. O
começo de 1980 o encontrou em Mobile, Alabama,
acompanhado por seu filho David, pregando em
uma conferência bíblica de duas semanas na Igreja
Batista Cottage Hill, pastoreada por Fred Wolfe.

Leonard ficou realmente impressionado com o


coração aberto e o espírito faminto dos crentes em
Cottage Hill e sentiu um aperto no coração com Dr.
Wolfe e a igreja. Wolfe disse mais tarde: “As
reuniões que tivemos em Cottage Hill com o irmão
Leonard superaram nossas expectativas. O fogo
ainda arde até agora. Recebi mais cartas de pessoas
sobre essas duas semanas do que sobre qualquer
outra reunião em anos.”

Leonard viajou muito para igrejas e conferências


durante esses anos. No Texas, ele viajou pelo
estado, do extremo sul do vale do Rio Grande, a
oeste, até El Paso, e também às principais cidades,
como San Antonio, Dallas, Fort Worth, entre outras.
Ele também pregou várias vezes em Oklahoma
durante esses anos. Ele falou várias vezes em
reuniões em uma pequena igreja em Oilton,
Oklahoma, pastoreada por seu bom amigo, Bill
Ryan.

Em 1979, Leonard foi convidado por Al


Whittinghill para lecionar por uma semana no
Ministérios de Preceitos em Chattanooga,
Tennessee, liderado por Jack e Kay Arthur. Os
Ravenhills então viajaram até a costa leste para o
ministério na Times Square Church em Nova York e
depois para a Flórida.

No início dos anos 1980, Leonard pregou


novamente na Igreja Batista Park Avenue em
Titusville, Flórida, retornando para lá depois de sete
anos. O pastor Peter Lord disse que as reuniões
foram incríveis, com o ministério de Leonard tendo
um grande impacto em muitos que vieram ouvi-lo.

Uma das oportunidades mais influentes que


Leonard teve durante esse período foi falar no 700
Club da CBN Broadcasting Network, (Rede de
Radiodifusão) em Virginia Beach, Virgínia, em julho
de 1980. Pat Robertson entrevistou Leonard ao vivo
em rede nacional naquela noite. Quando Leonard
começou a falar sobre as condições da Igreja como
um todo, sobre o reavivamento, a oração e a
urgência do estado da nação, a atmosfera da noite
tornou-se um silêncio sagrado para toda a audiência.
Tanto Pat Robertson quanto seu coanfitrião, Ben
Kinchlow, ficaram profundamente comovidos com o
compartilhamento de Ravenhill. Era como se nunca
tivessem ouvido nada tão profundo e abençoado. A
transmissão foi assistida por dezenas de milhares de
pessoas em toda a América do Norte.

Depois do programa, Robertson pediu uma parada


em todos os trabalhos regulares e convocou
espontaneamente toda a equipe para que Ravenhill
falasse com eles. No final do período, Kinchlow
chegou a Leonard, obviamente muito tocado em seu
coração, dizendo: “Irmão Ravenhill, a verdade que
você falou hoje é o que eu tenho procurado por toda
a minha vida cristã.”

A chegada de agosto trouxe os estudantes de volta


às faculdades locais para o semestre de outono e isso
significou que a reunião de oração da noite de sexta-
feira seria retomada com uma audiência maior do
que as reuniões de verão. Em 22 de agosto, Leonard
escreveu a Billy Moore: “Começamos esta semana
as reuniões de oração do novo ano letivo, na casa de
Dale e Betty Brown. Tenho certeza de que o Senhor
vai nos dar um profundo batismo de oração e um
olhar mais próximo sobre a eternidade.”

Em 1 de setembro de 1980, os Ravenhills viajaram


para Tupelo, no Mississippi, onde Len pregou por
três dias a duzentos pregadores nas conferências da
manhã e da tarde, depois para quatrocentas pessoas
a cada noite. Eles então dirigiram para o leste em
direção a Watkinsville, na Geórgia, perto de Atenas,
para reuniões lá.

Voltando ao Texas, Leonard continuou a trabalhar


em um novo livro, conduziu as reuniões de oração
da noite de sexta-feira, falou com os diferentes
ministérios em torno de Lindale e aconselhou muitas
pessoas.

Ele também escrevia inúmeras cartas a cada


semana para aqueles que procuravam
aconselhamento e ajuda. Além de ter uma agenda
tão cheia, as pessoas estavam sempre ligando para
uma visita ou passando sem avisar. Leonard
escreveu a um amigo sobre o dilema:

Nós tivemos um dia sem visitantes quando


chegamos em casa, então nos próximos dez dias
vieram pessoas todos os dias em busca de ajuda. O
telefone tem tocado de todo o país, com homens
procurando ajuda e buscando a Deus. Já tivemos
cinquenta visitantes neste mês e ainda temos mais
duas semanas no mês.

Em novembro, Leonard pregou a duas horas a


sudeste de sua casa, na Igreja Batista Fredonia Hills,
em Nacogdoches, Texas. A semana de reuniões foi
apoiada em oração por um número incomum de
membros da igreja que tinham um verdadeiro
ministério de intercessão.

Na primeira semana de fevereiro de 1981, Len e


Martha atravessaram o Texas até El Paso para
pregar no Centro Vida Church a convite de Gary
Carnie, diretor do Desafio Jovem de El Paso, no fim
de semana de 7 a 9 de fevereiro. Lá, Leonard falou
três vezes no sábado e no domingo.

Na segunda-feira à tarde, Leonard falou em uma


reunião para ministros e depois voltou ao Centro
Vida naquela noite. Lá, Leonard também pregou
para uma congregação cristã messiânica recém-
formada na cidade.
O impacto sobre Carnie e sua família, assim como
muitos que compareceram aos cultos, foi
significativo. Desde a primeira noite, houve um
verdadeiro quebrantamento nos serviços. Ministros
que vieram para ouvir Ravenhill ficaram humilhados
e arrependidos. Um espírito de oração foi
derramado durante o tempo e a oração espontânea
começou em toda a congregação, quando várias
pessoas, uma após a outra, clamaram a Deus. Na
última noite, o pastor ficou tão quebrado que ele não
conseguiu falar e pediu a Carnie que fechasse as
reuniões.

Para Carnie, aquele tempo foi pessoalmente muito


especial, pois ele foi o anfitrião dos Ravenhills
durante aqueles dias. Leonard compartilhou com
Gary sobre seu acidente no incêndio de Chicago e
sobre seu relacionamento com o Dr. Tozer. Eles
também falaram sobre o fardo de Leonard em
começar uma escola bíblica similar à que Len havia
frequentado na Faculdade Cliff. O desejo por tal
escola nunca se materializou. Carnie e Ravenhill
continuaram bons amigos pelo resto da vida de
Leonard. Gary enviou muitos bons livros de segunda
mão para Leonard ao longo dos anos. O trabalho de
Gary em El Paso mais tarde se tornou o Desafio de
El Paso, onde ele continua hoje com a oração e a
divulgação na área de El Paso.

No outono de 1982, Leonard pregou para


seiscentos estudantes em uma conferência da missão
em Atlanta. Uma mulher que também estava falando
na conferência se irritou com Ravenhill porque ele
insistiu que os candidatos a missionários que não
tivessem uma vida de oração não deveriam ir ao
campo missionário. A declaração ofendeu a mulher,
então ela rejeitou a mensagem dele dizendo que
Ravenhill era o pregador mais arrogante, sarcástico e
desanimado que ela já ouvira.

Mas os estudantes que participaram da conferência


tiveram uma perspectiva diferente, pois um grupo de
jovens disse que o Senhor os havia condenado sobre
suas vidas de oração e que eles começariam uma
reunião de oração na sexta à noite. Um grupo de
moças disse que todos precisavam de ajuda real para
ter uma vida de oração. Os frutos do ministério de
Leonard naquele fim de semana eram evidentes.
Parece que ele não era culpado do que fora acusado.

Em 1983, Leonard pregou no Brooklyn Tabernacle


em Nova York, na última semana de abril. Havia mil
pessoas para o culto da manhã e ainda mais à noite.
Terça-feira à noite, havia mil pessoas na reunião de
oração e houve oração real por mais de três horas. O
comentário de Leonard mais tarde foi breve e
suficiente: “simplesmente fantástico”.

De Nova York, Leonard viajou para o Moody


Bible Institute, em Chicago, e depois para o
Wheaton College. Suas palavras para um amigo
foram breves: “Eu tive que pregar em Moody uma
noite e muitos foram quebrantados diante do
Senhor.” Ele retornou ao Moody novamente no final
dos anos 1980 e viu uma obra real de Deus entre os
estudantes teológicos durante uma noite de culto.
Encontros de oração

Em 1981, Leyland Paris iniciou uma reunião


semanal de oração em Lindale para os líderes
cristãos locais e perguntou a Joe Fauss se o seu
ministério iria sediar a reunião de oração. O objetivo
era que os homens tivessem um tempo mais íntimo
com Leonard individualmente e orassem com ele.
Todas as manhãs de segunda-feira eles se reuniam
na capela de oração da Comissão do Calvário. A
primeira reunião contou com a participação de
Leonard, Leyland Paris, Joe Fauss, Keith Green e
vários outros. A reunião de oração de segunda-feira
cresceu até que normalmente vinte homens vinham
a cada semana.

Leonard também organizou uma reunião de oração


mensal para pastores em sua casa. Esta reunião de
oração era realizada na segunda quinta-feira de cada
mês. Foi finalmente transferida para a Comissão do
Calvário, até setembro de 1994. Era frequentada por
homens de Houston, Dallas, Oklahoma City e outros
lugares mais distantes. Alguns homens levavam
horas para comparecer, às vezes saindo no meio da
noite para estar lá para a reunião de oração das 10
da manhã uma vez por mês.

Frequentemente pastores de grandes e conhecidas


igrejas viriam, e antes do final, estariam orando em
lágrimas. Eles sentiam que precisavam estar lá, mas
muitas vezes lamentavam o fato de que não seriam
capazes de aplicar em suas igrejas o que ouviram de
Leonard.

Um dos pastores que vieram para a casa de


Leonard durante vários dias nessa época foi Carter
Conlon, agora pastor sênior da Times Square
Church em Nova York. A visita foi uma mudança de
vida para Conlon:

Eu era pastor de uma igreja rural em uma cidade


muito pequena no leste de Ontário, Canadá, no
início dos anos 1990, quando um dia recebi um
telefonema de Leonard Ravenhill. Ele tinha ouvido
algumas das minhas mensagens de alguma forma e
sentiu que Deus queria que nos encontrássemos. Ele
me convidou para ir à sua casa por três dias, em
1991. Eu conhecia sua reputação e seus livros e
senti que Deus queria que eu fosse e ficasse com
ele. Eu estava lá com ele a cada hora daqueles três
dias. Nós conversamos, oramos e compartilhamos
comunhão real.

Ele passou aqueles dias realmente derramando em


mim alguns valores fundamentais sobre a verdadeira
oração, integridade no ministério, sobre a
necessidade de pregadores de justiça e sobre seu
encargo pessoal de orar por mim.

Ele também era muito engraçado, o que eu não


esperava. No segundo dia, enquanto almoçávamos,
perguntei-lhe: “Irmão Ravenhill, por que você está
tão interessado em mim? Eu não sou ninguém —
apenas um pequeno pregador de uma cidade do
Canadá no meio do nada. Você está gastando tempo
comigo o dia inteiro e derramando seu coração em
mim. Eu sou muito grato por você passar todo esse
tempo comigo, mas por que você está tão
interessado?”
Eu estava esperando que ele dissesse algo lisonjeiro
ou edificante. Mas ele olhou para mim com um
sorriso e disse: “Bem, a Bíblia diz que o Senhor é o
ajudante dos indefesos e você parece ser um sujeito
indefeso.” Ele então colocou a cabeça para trás e
riu. Martha então disse: “Ó Leonard!” Então,
voltando-se para mim, ela disse: “Não lhe dê
nenhuma atenção — ele está sempre dizendo coisas
assim!” Isso me mostrou um homem que era muito
apaixonado pelas coisas de Deus e mesmo assim não
tinha perdido sua capacidade de rir e aproveitar as
pessoas.

Na manhã do terceiro dia, antes de ir para o


aeroporto, eu estava de pé na sala e Leonard se
sentou em uma cadeira. Ele disse: “Irmão Carter,
tenho uma palavra do Senhor para você. Eu não
faço isso com muita frequência, mas sei que isso é
de Deus. Eu tenho levantado cedo em oração e sei
que Deus me deu algo para você. A partir deste dia,
vou te chamar de companheiro. Isso não é algo que
eu fiz com muito outros na minha vida. Eu me
comprometo a orar por você todos os dias pelo resto
da minha vida. Deus terá algo novo para você em
breve. Deus vai usar sua vida para falar a Palavra de
Deus.”

Ele permaneceu fiel a esse convênio e permaneceu


em contato comigo de forma consistente,
escrevendo-me a cada duas semanas. Nas cartas, ele
me encorajava e me dizia que ele estava ouvindo
minhas mensagens
Sem que eu soubesse, Leonard enviou gravações de
dois dos meus sermões para David Wilkerson em
Nova York. Wilkerson colocou-os no porta-luvas do
carro e esqueceu-se deles. Dois anos depois, ele
estava limpando seu carro e os encontrou. Ele
estivera orando e pedindo ao Senhor que lhe
enviasse ajuda com a Times Square Church, pois a
carga estava se tornando maior do que ele poderia
suportar. Quando ele viu as fitas no carro, ambas do
mesmo pregador, Wilkerson sentiu que não era
coincidência.

Enquanto Wilkerson dirigia para a Pensilvânia


naquela semana, ele ouviu meus sermões. Deus
falou com ele sobre mim e ele parou para me ligar.
Uma semana depois, eu estava em Nova York
falando na Times Square Church em uma noite de
terça-feira. Este foi o começo da jornada que me
levou a Nova York.

Leonard foi um elo indispensável nessa jornada e


na conexão entre David Wilkerson e eu. Leonard
realmente tinha ouvido a Deus e eu sou grato de
todo o coração que ele escolheu me telefonar.
Deixei a casa de Leonard um pouco perplexo sobre
a orientação de Deus. Mas eu dei ouvidos a seu
conselho enquanto lia suas cartas. Ele me encorajou
e compartilhou comigo as coisas que Deus estava
falando para ele. Ele me instigou a continuar
orando, a ser sincero com a verdade e a não me
afastar de falar a verdade.
Uma das coisas que ele disse para mim foi muito
importante: “Não deixe ninguém ou nada roubar
você da Palavra de Deus que está em sua boca.
Você receberá ofertas de algumas pessoas. Você
deve evitar todas elas.” Ele começou a chorar e
continuou dizendo: “Afaste tudo, afaste tudo! Não
deixe nada entrar em sua vida para tirar a Palavra de
Deus de sua boca. Afaste tudo!” Ele disse essa frase
tantas vezes que ela marcou algo em meu coração.

Então chegou um dia em que um homem rico veio


até mim e ofereceu algo muito atraente para mim no
ministério. Assim que as palavras saíram de sua
boca, as palavras de Leonard vieram correndo em
minha mente: “Afaste tudo! Afaste tudo!” Então sou
profundamente grato pela pequena janela de três
dias que tive com o irmão Ravenhill e pelas muitas
cartas que se seguiram.

Eu estou agora na Times Square Church como


resultado de Deus falando através de Leonard
Ravenhill. Eu me tornei pastor aqui em agosto de
1994. Então foi muito comovente para mim poder
estar mais tarde em seu funeral para representar
nossa igreja.

Eu me lembro de estar ao lado de seu caixão no


túmulo. Havia alguns punhados de terra no topo e
uma única flor nele. Enquanto eu estava lá,
refletindo sobre como Deus usou Len para me levar
até onde estou agora, as palavras dele vieram para
mim novamente: “Afaste tudo!”

Leonard Ravenhill foi verdadeiramente um homem


que viveu o que ele pregou. Eu agradeço muito a
Deus por ele. Um homem piedoso pode fazer mais
pela sua vida em três dias do que alguém com uma
mensagem mista pode fazer em trinta anos. Ele
realmente teve um impacto na minha vida e eu devo
a ele. Quando eu chegar ao céu, vou dar-lhe um
enorme abraço por causa do que ele fez por mim.

Muitas pessoas vieram de longe para conhecer e


ouvir Ravenhill. Em certa semana, alguns menonitas
vieram da Pensilvânia para ouvi-lo falar. Outros
também vieram de todo o país em diferentes
momentos apenas para ouvi-lo.

O Cristianismo professante da América o


incomodava muito — o evangelismo de TV falso,
autopromovedor e lucrativo era algo a que ele era
fortemente contra. A sua foi uma mensagem de
santidade, oração e a verdadeira pregação de Cristo.

O que Ravenhill exemplifica para nós é resumido


em uma palavra — prioridades. Ele se concentrou
espiritualmente nas prioridades corretas. Ele dizia
aos rapazes: “Você não precisa necessariamente ir ao
seminário para ser usado por Deus. Se você se
dedicar à oração e à Palavra de Deus
profundamente, e pegar seis livros e ficar sozinho
com Deus, isso te fará mais bem do que qualquer
outra coisa.”
Sonny Jaynes

Sonny Jaynes era um dos homens favoritos de


Leonard no leste do Texas. Sonny trabalhou com
ministérios locais em torno da área e tornou-se um
irmão próximo de Ravenhill. Jaynes, na época,
estava envolvido na Escola de Discipulado da Força
Ágape, muito perto da casa de Leonard, e tinha um
ministério para jovens que tinham vidas
problemáticas, levando-os para sua casa para ajudá-
los a encontrar a liberdade em Cristo.

Sonny queria absorver tudo o que pudesse da vida


de Leonard. Como Sonny viu, “Leonard foi o
último de uma raça rara”. Quando Sonny conheceu
Ravenhill, ele estava lendo os livros de A. W. Tozer
e ficou intrigado quando descobriu que Leonard
conhecera Tozer de perto. A amizade com Len
cresceu mais e Sonny apreciou todas as
oportunidades de estar com os Ravenhills.
No final da década de 1980, Leonard mudou sua
reunião de oração da casa de Dale e Betty Brown
para o Last Days Ministries. A essa altura, Jaynes e
Ravenhill haviam se tornado amigos mais próximos.
Muitas vezes foi Sonny quem levou Leonard para
pregar em diferentes igrejas.

Len ligava regularmente para Sonny só para ver se


ele estava bem. Leonard, brincando, pedia para falar
com o bispo, provocando Jaynes, que considerava
Leonard seu pai espiritual. Sonny tem muitas
lembranças do tempo com Ravenhill:

A pregação de Leonard era muito poderosa. Às


vezes a unção do Espírito Santo era tão forte e
convincente que a congregação ficava silenciada. Ele
sempre falou a verdade sem qualquer restrição. Eu o
ouvi falar em Kansas City para dois mil homens em
uma reunião de ministros de todos os tipos de
origens. A autoridade de sua pregação ali era muito
poderosa. Havia centenas que choravam e buscavam
a Deus em oração.
A reunião de oração foi posteriormente transferida
da casa de Len para a Comissão do Calvário. Em
uma das reuniões, um estudante universitário
perguntou a Leonard se ele tinha alguma palavra de
sabedoria para ele no futuro. Leonard respondeu:
“Obedeça, obedeça, obedeça.” Essa era sua resposta
simples e direta a essas perguntas.

Quanto ao seu impacto nos ministérios da área,


apenas aqueles que queriam ser afetados foram
afetados. Alguns deles ficaram longe dele porque ele
era muito sincero e os deixava desconfortáveis.
Certo domingo, Leonard estava pregando na Igreja
Agape Force em Garden Valley. Quando ele
concluiu, havia um murmúrio santo sobre a
congregação e um pesado silêncio. A maioria da
congregação estava sob forte convicção e ninguém
se movia. Leonard não fazia chamadas ao altar após
seus sermões, mas às vezes Deus as fazia por ele,
pois as pessoas começaram a orar e buscar a Deus.
Um dos pontos fortes de Len era seu senso de
humor e inteligência. Se ele tinha uma fraqueza, era
que ele era totalmente contundente e afiado com
suas palavras. Ele não era uma pessoa diplomática.
Ao contrário dos “profetas” modernos, Leonard não
deixou de dar todo o conselho de Deus. Suas
palavras consistiam em arrancar, remover e destruir,
assim como construir e plantar. Suas orações pelo
avivamento real, por serem cortantes e afiadas,
estavam cheias de quebrantamento e lágrimas. Ele
tinha uma paixão pelo genuíno avivamento que era
contagiosa.

O melhor legado que Leonard deixou para trás foi


que ele viveu o que ele pregou. Sua vida era uma
epístola viva. Eu acredito que é por isso que muitos
pregadores tinham medo dele. Tanto ele como
Martha viveram uma vida simples e santa.

Eu estava sentado ao lado de Martha Ravenhill na


igreja um dia depois da morte de Leonard. Um
homem estava comentando no púlpito sobre
Leonard passar várias horas diariamente em oração.
Martha inclinou-se para mim e disse: “Muitas vezes
eram como quinze horas por dia.”
Seus dois livros que mais me influenciaram foram
“Why Revival Tarries” e “America is Too Young to
Die”.

Keith Green e o Ministério dos Últimos Dias

Havia alguns homens de quem Leonard era


especialmente próximo em Lindale. Dale Brown,
um fazendeiro de Lindale, e Bob Elliott, um
farmacêutico local, eram homens mais próximos da
idade de Leonard, com quem ele passava um tempo
em comunhão e oração toda semana. Dale e Bob
eram os amigos mais próximos de Leonard em
Lindale. Outro amigo foi Keith Green, o jovem
cantor e pregador cristão contemporâneo.

Keith era filho de um cantor e professor de


matemática de Nova York. Nascido em 1953 em
Sheepshead Bay, Nova York, a família se mudou
para a Califórnia em 1957. Seu avô o ensinou a
tocar piano e ele começou a escrever músicas aos
seis anos e gravou seu primeiro álbum aos onze anos
de idade.

Na adolescência, Keith procurava a realidade e


respostas na vida. Sua jornada o levou através do
misticismo oriental, da projeção astral e do budismo,
e de muitas outras formas filosóficas de pensamento,
nas quais ele não encontrou respostas que
satisfizessem seu coração e mente.

Em 1973, Keith conheceu Melody Steiner e eles se


casaram em um ano. Ambos foram contratados
como compositores para a rede de mídia CBS, todo
o tempo procurando juntos por satisfação e paz
interior. Melody e Keith eram judeus, mas
começaram a frequentar um estudo bíblico
domiciliar em Coldwater Canyon, no Vale de San
Fernando, perto de Hollywood. Não demorou muito
para que a realidade de Jesus Cristo fosse
esclarecida para eles de uma forma poderosa e
salvadora.

Keith e Melody começaram a frequentar


regularmente estudos bíblicos, serviços religiosos e
procuravam ministrar aos outros. Eles abriram sua
casa em Dolorosa Street, em Woodland Hills, para
pessoas necessitadas de rua. Os corações abertos de
Keith e Melody Green subitamente tiveram um
ministério em tempo integral, levando pessoas a
Cristo e cuidando de viciados em drogas e pessoas
sem-teto.
Keith estava cantando agora como cristão e tinha
apenas uma

mensagem — Jesus é o verdadeiro Messias, o


Autor da vida. Ele perdoa o pecado e dá a vida
eterna. A paixão e poder de Keith no canto era
contagiante, fazendo com que ele explodisse na cena
musical cristã contemporânea com a força espiritual
de um tornado. Keith conhecia muitos dos primeiros
músicos cristãos contemporâneos — Barry
McGuire, Randy Stonehill, Larry Norman e um
grupo chamado Second Chapter of Acts. Stonehill,
comentando sobre o poder da música de Green,
disse: “Eu nunca tinha ouvido nada parecido.”

A Sparrow Records assinou com Keith um contrato


de gravação em 1977. Seu primeiro álbum, “For
Him Who Has Ears to Hear”, foi um best-seller
instantâneo, superando qualquer primeiro álbum da
história da música cristã. Vários outros álbuns foram
muito populares também. Keith se tornou o artista
cristão mais impactante dos Estados Unidos.

Durante esse tempo, Keith estava lendo livros sobre


o verdadeiro arrependimento e a necessidade de
quebrar a base da alma. Ele foi profundamente
afetado por isso e começou a orar algumas vezes
durante a noite. Quando ele começou a compartilhar
as verdades do genuíno arrependimento com o
grupo dos Últimos Dias, logo houve um genuíno
movimento do Espírito Santo em ação entre eles.
Isso começou a chegar à vizinhança, e as pessoas
começaram a se aproximar, perguntando como se
salvar. Keith percebeu que Deus estava no poder,
mas não tinha base teológica suficiente para saber o
que era ou o que fazer a seguir.

Durante uma turnê, Keith recebeu o livro “Why


Revival Tarries”. Ele não conseguiu parar de ler, e
leu até as primeiras horas da manhã. Como Deus
estava se movendo de uma forma que refletia a
realidade do livro de Leonard, Keith sabia que tinha
que conhecer esse tal de Ravenhill. Essa reunião
aconteceria mais cedo do que Keith imaginava.

Logo Keith e Melody souberam que Leonard


estava pregando na área de Los Angeles e foram
ouvi-lo lá. A reunião foi limitada a uma breve
introdução, e então surgiu a oportunidade de contar
a Ravenhill o que Deus estivera fazendo entre eles.
Eles procuraram seu conselho e, conforme Leonard
compartilhou e fez perguntas, eles sabiam que havia
um toque de reavivamento. Um relacionamento real
e duradouro nasceu naquele dia em Los Angeles.
No final de março de 1979, Keith viajou para
Tulsa, Oklahoma, para fazer alguns shows locais e,
enquanto estava lá, foi inesperadamente convidado
para fazer um show na Oral Roberts University.

Vários milhares de jovens se reuniram no grande


estádio para ouvir Keith. Ao compartilhar seu
testemunho, o Espírito Santo começou a se mover
de maneira incomum, quando muitos estudantes
começaram a confessar publicamente seus pecados,
chorar e buscar a Deus. Um funcionário da escola
então correu para a plataforma, pegou o microfone e
disse à multidão que o que estava acontecendo
estava errado e não podia continuar. De repente, a
obra de Deus acabou tão rapidamente quanto havia
começado.

Keith sabia que o Espírito Santo havia sido


removido. Ele estava muito chateado e queria falar
com Leonard sobre isso. Leonard já havia ouvido o
relatório no dia seguinte, já que várias pessoas de
Lindale haviam ido à ORU à noite e haviam ligado
para ele. Leonard ligou para Keith e Melody na
manhã seguinte, e eles foram de carro de Tulsa para
Lindale para ficar com os Ravenhills. Leonard
escreveu a um amigo sobre a experiência:

Eu tive uma longa conversa com Keith Green, que


estava na ORU. Cerca de seis mil jovens
compareceram ao encontro da noite de sábado. Mil
jovens começaram a responder, muitos até
choraram. Um homem sob convicção gritou
publicamente que ele era homossexual.
Imediatamente, um capelão da escola deu um passo
à frente e disse que havia alguns pecados que não
deveriam ser confessados publicamente. Isso matou
a coisa toda. O jornal no dia seguinte trazia a
manchete: “Capelão põe fim ao reavivamento”

Melody Green lembra-se vividamente da


experiência:
Deus estava se movimentando lá na ORU e então a
liderança da escola calou o movimento de Deus e o
interrompeu. Ainda morávamos na Califórnia e
dirigimos para a ORU. Foi durante o tempo em
Tulsa que recebemos uma ligação de Leonard. Nós
quase caímos; ele tinha ouvido falar de Deus
trabalhando lá e ele ligou para nos encorajar.
Então fomos para Lindale para ver Len e Martha.
Nós estávamos com Winkie Pratney, que nos levou
para conhecê-los. Lembro-me de ter muito medo
porque senti: “Ele vai olhar para mim e conhecer
todos os pensamentos ruins que eu já tive ou todas
as coisas ruins que já fiz. Ele vai ver através de
mim.” Claro, não foi assim. Esta foi a minha
perspectiva, simplesmente porque ele pregava tão
arduamente.
Mas quando chegamos à casa deles, ele e Martha
saíram e nos cumprimentaram, nos convidaram para
entrar e Martha trouxe biscoitos frescos e chá.
Naquele momento, Keith estava muito chateado
com a experiência da ORU e estava falando com
Leonard sobre Deus trazer o julgamento sobre o
lugar por causa disso. Leonard teve que aconselhá-lo
que isso não seria a coisa certa a fazer. Então nos
tornamos verdadeiros amigos a partir daquele ponto,
e quando nos mudamos para lá, não muito tempo
depois, éramos vizinhos. Quão gentis e hospitaleiros
eles eram! Eles eram realmente incríveis.

Kathleen Dillard, esposa do líder Ministério dos


Últimos Dias, Wayne Dillard, relembra o
relacionamento dos Ravenhills com o ministério
desde o início:

Leonard entrou em cena com o MUD quando


ainda estávamos em Los Angeles, em 1978. Naquela
época, o Senhor veio e nos visitou com um
verdadeiro derramamento de Seu Espírito; foi uma
nuvem profunda de sua presença. Enquanto Seu
Espírito estava sendo derramado sobre o MUI, as
pessoas em nosso bairro estavam apenas aparecendo
e dizendo: “O que eu tenho que fazer para ser
salvo?” Então ficamos sabendo sobre Leonard e seu
livro, “Why Revival Tarries”, e que ele era um
especialista sobre o tema do reavivamento. Ele
estava vindo para falar em Los Angeles, então Keith
rastreou Len, compartilhou sobre tudo o que estava
acontecendo conosco, conseguiu suas contribuições,
e esse foi o ponto de partida.
Em 1979, os Últimos Dias sabiam que precisavam
de um local adequado para seus funcionários e
ministério cada vez maiores. Mas como L.A. era
muito cara, eles começaram a considerar outros
locais. Logo Keith descobriu, por meio de seu amigo
Red Shepherd, que sua pequena fazenda no leste do
Texas estava à venda. Seria um local perfeito para o
ministério. Era exatamente o que os Últimos Dias
precisavam, e também calhou de estar a duas milhas
do Ravenhills.

Era um grande passo mover um ministério inteiro


da Califórnia para o Texas. A mudança foi feita no
início do outono daquele ano. Em agosto, Keith
escreveu em seu diário:

3 de agosto de 1979 — Estamos nos mudando em


cerca de um mês para o Texas! Minha caminhada é
quase a mesma. Eu ainda sou preguiçoso, fora do
cronograma e desobediente. Por favor me ajude,
Jesus. Estou pronto, me ajude.110
A propriedade logo foi transformada em uma base
adequada para o ministério de todos os tipos:
adoração e oração, ensino, alojamento para todos os
funcionários, um refeitório, uma gráfica e várias
atividades agrícolas. Uma pista de pouso foi
adicionada para acomodar o pequeno avião do
ministério para que Keith pudesse viajar mais
facilmente.

Desde o início da mudança, a equipe dos Últimos


Dias se encaixou na cultura do leste do Texas com
alguns ajustes. O ministério de Leonard começou
entre eles imediatamente, já que ele foi convidado
para falar na primeira semana em que estavam lá.

Keith sempre foi um espírito livre, não daqueles


dados à aprovação dos homens. Mas ele também
estava consciente de seu exemplo para os outros.
Quando o ministério se mudou para o Texas, ele
sentiu que deveria raspar a barba para não alienar o
povo rural do leste do Texas. Ele usava chinelos em
todos os lugares a que ele ia, provavelmente até em
seus shows e quando ele pregava.

De certa forma, Keith era um pouco retraído,


quase tímido, mas entre aqueles que ele conhecia e
confiava, ele se sentia livre para compartilhar, rir e
se engajar em relacionamentos. Ele cortava seu
próprio cabelo e “brincava” de barbearia com alguns
dos homens mais jovens no ministério, dando cortes
de cabelo uns aos outros.

Keith era mais duro consigo mesmo do que com os


outros. Muitas vezes trabalhava até tarde e
telefonava para os amigos tarde da noite para
compartilhar algo com eles, esquecendo que horas
eram. Ele era a mesma pessoa dentro e fora do
palco. Com Keith, as pessoas poderiam dizer: “O
que você vê é o que você recebe.” Em público ou
em particular, ele era genuíno, sincero, apaixonado e
zeloso em tudo o que ele fazia.

Para relaxar, Keith caminhava pela orla da


propriedade para orar, pulava no trator para cortar a
grama, jogava raquetebol e tênis, e até mesmo
ordenhava as vacas no rancho. Ele foi a leilões no
leste do Texas para comprar itens para o ministério,
economizando milhares de dólares comprando de
segunda mão ao invés de produtos novos.

Keith tinha um coração terno, um verdadeiro amor


pelas pessoas e se envolveu na vida daqueles a quem
ele ministrava. Apesar de seu sucesso e
popularidade, Keith nunca teve um salário e sempre
viveu uma vida simples. Perto do fim de sua vida,
ele disse: “Eu me arrependo de ter gravado uma
única música e de ter realizado um único concerto,
se a minha música e, mais importante, se a minha
vida não lhe tenha provocado a devoção ciumenta e
o desejo de se extinguir mais completamente em
Jesus.”

Keith estava no auge de sua popularidade no


mundo da música cristã contemporânea e poderia ter
tomado um caminho muito diferente, que lhe daria
muito mais popularidade e dinheiro. Mas, depois de
alguns anos gravando músicas cristãs, ele estava
desconfortável com o comercialismo da indústria, e
sentiu que a venda de sua música restringia algumas
pessoas de poderem pagar por isso.

Os Ministério dos Últimos Dias finalmente


chegaram à decisão radical, inédita, de entregar seus
álbuns por qualquer coisa que as pessoas pudessem
pagar. A falta de dinheiro não iria impedir as pessoas
de conseguirem a música. Essa era uma posição
extrema, considerando a natureza competitiva da
indústria fonográfica. Depois que Keith foi
dispensado de seu contrato com a Sparrow, ele foi
capaz de oferecer sua música de graça. As pessoas
podiam encomendar a música dos Últimos Dias por
qualquer valor de oferta ou, se não conseguissem
pagar nada, poderiam receber um álbum
gratuitamente.

Leonard e Martha moravam na rua dos Últimos


Dias e eram considerados os avós espirituais dos
líderes dos Últimos Dias. A porta de Len era aquela
em que eles batiam quando havia um problema
grande demais para ser resolvido. Ele os acolhia toda
vez que eles vinham. Foi um laço que os sustentou e
ajudou-os a perdoar muitas transgressões e curar
relacionamentos.

Keith sempre foi motivado pela paixão de crescer


na verdade bíblica, ser genuíno e rejeitar o que era
superficial ou falso. Como Keith liderou o
ministério, seu foco principal era a busca de Deus e
a oração, o estudo da Bíblia, o discipulado, o
evangelismo, a publicação de recursos, missões e a
abordagem dos erros contemporâneos que ele viu no
evangelicalismo americano moderno que havia
desonrado o Senhor.

Como os Greens, Wayne e Kathleen Dillard, dos


Ministérios dos Últimos Dias, foram afetados de
maneiras importantes pela vida e ministério dos
Ravenhills. Kathleen sente sua influência até hoje:
O Tribunal de Cristo é a mensagem que eu
descreveria como a marca do ministério de Leonard.
Houve várias vezes em que ouvi Len dar esta
mensagem, e várias vezes em que corri para a
floresta para clamar a Deus e arrepender-me.

Eu queria ter mais tempo com Len e Martha, então


quando eles precisaram de alguém para ajudar a
limpar a casa deles, eu era a primeira a ser
voluntária. Eu sabia que depois que o trabalho
estivesse terminado, eu teria tempo pessoal com
eles. Martha traria chá e sanduíches e eu teria o
privilégio de passar o tempo conversando com eles
em um ambiente pessoal. Nós nos sentaríamos e
Leonard contaria histórias do passado. Um dia,
quando eu estava na limpeza da casa deles,
perguntei a Martha: “Quanto Leonard ora?” Ela
apontou para o chão do quarto e disse: “Ele ora lá,
cerca de oito horas todos os dias”.

Então eu disse: “Você ora oito horas todos os dias


também?” Marta riu: “Oh, não querida, há muito a
fazer com a casa; não haveria ninguém para fazer
todo o trabalho necessário por aqui se eu orasse
tanto.” Qualquer um que conhecesse Martha sabia
que ela era uma bola de fogo espiritual, mas ela
abraçou alegremente o papel de ajudante e apoio de
Len.

Quando Wayne e eu estávamos nos preparando


para o casamento em 1980, decidimos procurá-los
como conselheiros matrimoniais. Nós éramos
bastante ousados em nossas perguntas. Nós
tínhamos ouvido Len dizer que em toda a sua vida
de casados eles nunca tiveram uma briga. Então, nós
realmente os imploramos por detalhes: “Então,
irmão Leonard, o que exatamente você quer dizer
com brigas? Isso é realmente possível?” Len disse:
“Tivemos uma briga e foi minha culpa!”

Quando seguimos o conselho deles e ficamos


sabendo que o casamento deles não tinha sido uma
zona de batalha, e que ambos acreditavam que o
casamento não precisava ser assim, inclinamos
nossas cabeças para a oração de bênção e dissemos
a eles que gostaríamos de abraçar o mesmo
caminho. Após trinta anos de casamento, sob muitas
circunstâncias intensas, provavelmente não tivemos
mais do que duas brigas reais, e aproveitamos o
casamento mais feliz de que qualquer um que eu já
tenha conhecido.

Muitos outros teriam o mesmo testemunho hoje, de


que Leonard e Martha foram o maior catalisador
espiritual em suas vidas, e, no entanto, Ravenhill
nunca soube o que seu ministério significava para
eles. Ele era um pai espiritual para muitos que ele
nunca conheceu pessoalmente.

Keith Green e Ravenhill: uma amizade profunda

Quando os Ministérios dos Últimos Dias se


mudaram para o Texas em 1979, Keith tinha 26
anos e Leonard, 73. Keith amava Leonard e o via
como um pai espiritual, e Leonard amava Keith
como um filho. Ambos tinham um espírito profético
sobre eles, ambos não toleravam negociar a
espiritualidade, e ambos foram marcados
distintivamente pelo zelo e paixão por Cristo.
Quando Keith estava considerando algo que
Leonard sabia que não estava certo, ele dizia: “Não,
Keith, você não quer fazer isso; não seria a melhor
escolha.” Keith sempre ouvia e seguia o conselho de
Len à risca.

Os dois homens impactaram milhares de vidas para


Cristo, embora Leonard tivesse 72 anos como
cristão e Keith apenas sete anos antes de sua morte.
Apesar da diferença de idade, havia uma profunda
intimidade e estreita comunhão entre eles. Keith
tinha dois amigos mais próximos Leonard e Winkie
Pratney. Eles foram as duas principais influências
espirituais na vida de Keith. Em 29 de novembro,
Keith escreveu em seu diário: “O ministério está em
equilíbrio. Deus está cuidando de nós e estou me
aproximando de Len Ravenhill.”

Leonard deu livros para Melody e Keith que ele


queria que eles lessem e sempre os assinava. Keith
adorou a cópia de “The Hidden Life of Prayer”, de
D. M. McIntyre, que Ravenhill lhe deu. Leonard
deu a Melody um hinário batista porque ele queria
que ela conhecesse os grandes hinos da fé. Havia
muitos outros livros que passaram de suas mãos para
as deles.

Keith e Melody passavam regularmente na casa dos


Ravenhills sem ligar para avisar. Keith sentia-se livre
para aparecer sem ser convidado como faria um
filho. Len disse,

Lembro-me de um dia em que estava sentado no


meu escritório quando a porta se abriu. Eu
imediatamente pensei: “Bem, é um ladrão ou
Keith.” Ele veio pulando para dentro, falando ao
entrar: “Ei, papai, fale comigo por um minuto;
acabei de descobrir que todas as estradas não levam
a Roma — todas elas levam ao tribunal de Cristo!”

Sempre que esses “vizinhos espontâneos”


chegavam, Martha desaparecia na cozinha, apenas
para aparecer de novo com chá, cubos de frutas de
chá e biscoitos caseiros. Melody lembra que tanto
Leonard quanto Martha estavam sempre bem
vestidos para o dia, com Len em uma camisa bem
passada, suéter e calça comprida, e Martha sempre
em um belo vestido, com o cabelo bem arrumado
em um coque.

Keith e Melody levaram Leonard e Martha para o


primeiro filme a que assistiram. Melody disse mais
tarde: “Provavelmente foi o primeiro e último
filme.” Os Ravenhills nunca tinham estado em um
cinema. Keith e Melody convenceram Leonard e
Martha a acompanhá-los para ver “Chariots of
Fire”, a verdadeira história de Eric Liddell, um
cristão escocês que correu pela a glória de Deus nas
Olimpíadas de 1924. O filme ganhou quatro Óscars
e agora ocupa o décimo nono lugar na lista dos cem
melhores filmes britânicos de todos os tempos do
British Film Institute. É uma grande visão imaginar
Keith e Leonard sentados juntos, compartilhando
pipoca em um filme. Talvez apenas Keith e Melody
tivessem conseguido levar os Ravenhills para dentro
de um cinema. Mas aconteceu pelo menos uma vez
e a noite foi aproveitada por ambos os casais.

A pregação de Leonard agitou toda a equipe dos


Últimos Dias. Como todos eram jovens, seu
ministério às vezes tinha um efeito condenatório em
alguns deles que Leonard não queria. O texto de
Keith em seu diário em 21 de setembro de 1980
dizia: “Hoje Leonard pregou na igreja. Ele ferveu
meu sangue e disparou minha alma, de modo que
meus pecados vieram antes de mim.”

Leonard sofreu um pequeno derrame em 27 de


janeiro de 1982. Keith e Melody o visitaram no
hospital no dia seguinte. Keith viu que a
incapacidade de Len de falar era uma dificuldade
para ele naquela manhã e se perguntou se Deus
tinha novos planos para o futuro de Leonard: “Se
ele não recuperar seu discurso, vejo a mão de Deus
o desacelerando para orar, escrever e refletir. Mas
isso são problemas de Deus, não meus.”
A chamada repentina de Keith Green para casa

Era uma tarde quente de quarta-feira em 28 de


julho de 1982, quando Keith e dois de seus filhos,
Josiah, de três anos e Bethany, de dois anos,
juntamente com o piloto e oito outros, embarcaram
em um Cessna bimotor para uma rápida visão aérea
da propriedade do Ministério dos Últimos Dias. O
avião colidiu com as árvores trinta segundos depois,
a menos de um quilômetro da pista de pouso na
propriedade dos Últimos Dias, matando todos a
bordo.

Depois de ir até o local do acidente, Melody foi


para casa. A primeira pessoa para quem ela ligou foi
Leonard. Suas palavras, quando ele atendeu, foram
simplesmente: “Irmão Leonard, elas se foram”, e
Leonard disse: “O que você quer dizer?” “Keith se
foi; o avião caiu; ele se foi.” Leonard imediatamente
disse: “Nós estaremos aí em instantes.” Melody
lembrou-se mais tarde do que a presença de
Ravenhills significava para ela naquela noite:

Leonard e Martha vieram imediatamente e foram


um grande conforto para mim. Eles tinham corações
incríveis de compaixão. Deus nos deu
imediatamente em João 12:24 sua Palavra sobre a
morte de Keith — “Em verdade, em verdade vos
digo: a menos que um grão de trigo caia na terra e
morra, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.” Eu
sabia e tinha que acreditar que Deus traria muitos
frutos através da morte de Keith da mesma forma
que ele fez através de sua vida.

A causa humana do acidente de avião foi o erro do


piloto em permitir que a aeronave fosse carregada
além de suas limitações operacionais. Mas a causa
divina era a maior realidade de que era o tempo de
Deus para Keith ir para o céu. Seu trabalho na Terra
estava terminado. Foi difícil para muitos acreditar
que essa poderia ser a vontade perfeita de Deus. O
sentimento entre muitos era: “Certamente sua morte
tão cedo não poderia estar certa.”
Mas os caminhos de Deus são perfeitos e
frequentemente além da compreensão humana.
Vários servos escolhidos por Cristo na história
foram chamados para casa em tenra idade, como o
missionário Henry Martyn, aos 31 anos, e o santo
jovem escocês Robert Murray M’Cheyne, aos 29
anos. Keith Green juntou suas fileiras como um
cristão que foi estar com Cristo em uma idade
jovem.

Centenas de pessoas se reuniram em uma manhã


quente de sábado no início de agosto na sede do
Ministério da Força Ágape em Garden Valley para o
serviço memorial. A música de Keith foi transmitida
no sistema de som por trinta minutos antes da
cerimônia, e Leonard conduziu o serviço com hinos,
testemunhos e um sermão emocionante.

O memorial foi uma celebração da glória de Deus


na vida de Green, com 28 anos. Tanto John
Dawson, da Youth With a Mission, quanto Melody
Green falaram e então Leonard pregou com alegria,
segurança e poder. Embora houvesse muitas
lágrimas, não havia espírito de derrota, desânimo ou
melancolia. Grande graça e um espírito de alegria
preencheram o serviço, pois todos se regozijaram na
soberana vontade de Deus na jornada cristã bem
vivida de Keith. Leonard escreveu para seus grandes
amigos, os Moores, uma semana depois do serviço
memorial de Keith:

07/08/82
Queridos Billy e Bobbie,
Vocês devem ter ouvido falar sobre o trágico
acidente de avião aqui, tirando a vida de doze
pessoas. É difícil acreditar que Keith não venha mais
ao meu escritório, dizendo: “Olá, Pops, como vão as
coisas?” Ele era quase sempre brilhante, mas
também tinha dias de folga. Desde o momento da
decolagem até o acidente houve menos de trinta
segundos. No memorial eu perguntei às 1.200
pessoas se elas ficariam felizes em ir para a
eternidade com apenas trinta segundos de aviso.
Agora Keith se foi e, no entanto, como o Livro diz,
“Ele está morto, mas ainda fala”. Sua música e sua
produção espalharão a verdade em que ele
acreditava.

Mais tarde, Andraé Crouch, o proeminente cantor


gospel e pastor da New Christ Memorial Church em
San Fernando, Califórnia, descreveu Green como
um músico brilhante e um homem de caráter que
deixou um legado de música que ainda toca os
corações das pessoas de hoje. A verdade é que Keith
Green deixou muito mais que um legado de música.
Foi o legado mais duradouro do amor apaixonado e
radical por Jesus Cristo que afetou todos que o
conheciam.

O relacionamento de Leonard com os Últimos Dias


não mudou em nada após a morte de Keith, em
função de sua influência e amor pela equipe e alunos
e de seu apreço por ele. Leonard e Martha nunca
quebraram o ritmo fiel para sua busca e
encorajamento. Kathleen Dillard colocou desta
forma:
Leonard nos vigiava como se fôssemos seu próprio
jardim. Ele cuidava de nós e tirava as ervas daninhas
quando necessário, com um cuidado incrível de seu
coração. Nós éramos como filhotes de passarinhos
com a boca aberta e Leonard estava nos
alimentando com a verdade. Eles nos levaram como
um ministério e ficaram conosco o caminho todo.
Os Ravenhills impactaram todas as nossas vidas
muito profundamente.

Várias semanas depois da morte de Keith, Melody


saiu de casa um dia e, inesperadamente, viu Leonard
e Martha ajoelhados no canteiro de flores, plantando
narcisos. Melody disse: “O que vocês estão
fazendo? Levantem-se, por favor!”, ao que Leonard
disse: “Oh, estamos apenas plantando isso porque
eles vão florescer todos os anos.” Agora, 28 anos
depois, os narcisos ainda estão florescendo a cada
ano na propriedade Garden Valley.

Leonard dedicou as filhas remanescentes de Keith e


Melody, Rachel e Beka Green, ao Senhor algum
tempo depois da morte de Keith. Leonard fazia
parte da equipe de liderança que orou por Melody
para convencê-la a liderar os Últimos Dias depois
que Keith morreu.

Um dos resultados do relacionamento de Ravenhill


com os Últimos Dias foi a influência dos folhetos e
boletins informativos que os Últimos Dias enviaram
ao redor do mundo. Conforme os Últimos Dias
publicaram cada vez mais os textos de Leonard, a
mensagem de Leonard ganhou uma nova influência
sobre uma nova geração de cristãos e líderes cristãos
por causa da extensa plataforma pública de Keith
Green em todo o mundo.
Dale e Betty Brown

Dale e Betty Brown eram amigos íntimos dos


Ravenhills em Lindale. Dale, um fazendeiro
trabalhador e bem-sucedido no leste do Texas, tinha
um grande amor por Cristo. Ele foi criado como um
Quaker e tinha um tremendo coração para o Senhor
e para as pessoas. Seria difícil encontrar um casal
mais gracioso e humilde do que os Browns. Eles
eram o epítome da graça, piedade e bondade cristã.
Dale e Betty eram, em muitos aspectos, os
“patriarcas” espirituais da área de Garden Valley. As
pessoas procuravam sua ajuda de muitas maneiras,
pois eles abriam sua casa para a hospitalidade e
numerosas reuniões de oração regulares. Eles eram
provavelmente os amigos mais próximos que
Leonard e Martha tiveram em seus últimos anos.

Burt Forney foi um empresário de Lindale que


conheceu Leonard e Martha, primeiro como amigos
e depois como vizinhos. Depois da morte de
Leonard, os Forneys compraram a casa ao lado de
Martha e foram seus vizinhos até Marta se mudar.
Burt se lembra da força e graça de Martha:

Martha era gentil e graciosa, mas também era dura.


Ela estava sempre em segundo plano, guiando e
protegendo Leonard. Nós nos mudamos para a casa
ao lado da de Martha depois que Leonard morreu.
Ela era uma vizinha maravilhosa. Naquela época, ela
era velha, provavelmente com mais de oitenta anos
de idade.

Houve muitas vezes em que as pessoas subiram


pela calçada, pararam e saíram, provavelmente
querendo ver onde Leonard morava. Muitas pessoas
ainda achavam que ele morava lá e apareceria.
Martha saía e cumprimentava e lhes dava a
oportunidade de expressar o que Len significava
para eles. Até hoje, dezessete anos depois, as
pessoas ainda aparecem para ver onde ele morava.

Às vezes, Leonard via pessoas estranhas surgirem,


dizendo que Deus os enviara para estar com ele ou
abaixo dele. Às vezes ele tinha que mandar pessoas
para alguns lugares que poderiam ajudá-los. Às
vezes eles foram apenas mal orientados e, em outros
momentos, eles provavelmente tiveram problemas
reais.

Possivelmente, a maior influência que Leonard teve


em seus últimos anos foi através da oração. Um dos
melhores meios para essa influência na vida de
muitas pessoas foi uma reunião de oração da noite
de sexta-feira.
14 AS REUNIÕES DE ORAÇÃO DE SEXTA
À NOITE

​ ​ ​ ​ ​

Keith Green

A reunião mais fraca da igreja, sem exceção, é a


reunião de oração. Se não somos fortes em oração,
estamos dizendo a Deus: “Podemos lidar bem com
tudo, obrigado”. O homem que dobra o joelho ao
Pai nunca dobrará o joelho aos homens.

L.R.

Em 1980, Leonard começou uma reunião de


oração na noite de sexta-feira na grande casa de seus
bons amigos, Dale e Betty Brown, na zona rural de
Garden Valley. Ele realizou mais de quinhentas
reuniões de oração semanais, começando em 1979 e
indo até algumas semanas antes de sua morte. As
pessoas dirigiam por até quinze horas, às vezes, para
participar de uma reunião de oração e depois
voltariam de carro para casa.

Linda e eu fomos privilegiados, juntamente com


vários cristãos em nossa igreja, em muitas das
reuniões de oração durante os anos 1980. Às vezes,
um grupo de homens ou alguns casais iria depois do
trabalho e chegava em casa à meia-noite. Não há
maneira adequada de transmitir a atmosfera da
reunião de oração de Leonard. Em uma grande
propriedade rural, em uma grande sala de estar com
pelo menos oitenta pessoas, a reunião de oração
começava pontualmente às 19h00. Leonard dava as
boas-vindas a todos, depois lia uma passagem das
Escrituras, com talvez dez minutos de comentário.
Ele então abria a oração. Suas orações eram
centradas em Deus e tão cheias de vida e poder que
todos eram elevados a uma visão mais elevada da
grandeza e majestade de Deus. Sua oração de
abertura daria o tom da noite.

Então era hora de cantar. Keith Green, ao piano,


liderava o canto dos hinos. Às vezes ele
espontaneamente começava a cantar “Santo, santo,
santo, Senhor Deus Todo-Poderoso, todas as Tuas
obras louvarão o Teu nome, na terra, nos céus e nos
mares.” Normalmente o canto durava pelo menos
trinta minutos, sempre fervoroso e tão inspirador
que ninguém queria que parasse. Mas então a gente
lembrava que a mensagem de Ravenhill era a
próxima.
Era hora de Leonard falar. Sentado em uma cadeira
em frente a uma enorme lareira, ele normalmente
falava sobre algo relacionado à vida cristã, como
reavivamento, oração, missões ou um esboço
biográfico das Escrituras, como Elias enfrentando
uma nação religiosa decadente, Moisés desejando a
glória de Deus, ou Paulo na prisão de Filipos. Seus
sermões de uma hora alimentaram e agitaram
corações famintos, e jovens crentes zelosos
receberam uma visão do que é o cristianismo do
Novo Testamento sem armadilhas religiosas.

Depois que Leonard falava, era hora de orar. Ele


normalmente dava algum tipo de orientação
específica para o tempo de oração:

Você ora sobre o que quer que esteja em seu


coração, mas faz com que seja sério e não algo
egocêntrico, e seja breve e direto ao ponto; não é
hora de pregar em suas orações. Hoje à noite,
vamos orar especificamente pela Europa oriental e
pelo avanço do evangelho. Há ainda muitas pessoas
sofrendo perseguições pelo comunismo, então
vamos orar pela Romênia, Sérvia, Ucrânia e outros
países do bloco oriental. Vamos nos apegar a Deus
para visitar seu povo lá e derramar sua bênção sobre
o evangelho lá. Agora vamos orar.

Quando o tempo de oração comunitária começava,


Leonard normalmente não era o primeiro a orar,
pois alguém começava a orar rapidamente. Embora
pudesse haver até oitenta pessoas presentes, havia
algo na reunião de oração que se apoiava no
sentimento de liberdade de simplesmente expressar
seu coração a Deus em oração. Raramente havia
uma oração superficial na reunião de oração. Era
uma atmosfera que levou as pessoas a serem reais
com Deus em oração e a clamar a ele com
sinceridade. Se uma pessoa estivesse convicta sobre
alguma coisa, eles fariam uma oração de genuíno
arrependimento, pedindo por um novo coração e
uma vida transformada. Se alguém foi
sobrecarregado por um membro da família perdido,
eles oravam com paixão e fervor. Se alguém era
sobrecarregado por missões, você sentia que eles
estavam realmente orando de forma eficaz.

A oração era livre, desinibida, zelosa, genuína e


profunda, mas também sempre ordenada, controlada
pelo Espírito Santo e edificante para todos ali. Foi o
próprio Deus o foco e o centro de todo o tempo de
oração.

O tempo de oração em conjunto podia durar de


trinta minutos a uma hora. Mas ninguém estava
consciente do tempo, apenas da eternidade, do amor
a Cristo, das necessidades do seu próprio coração e
das necessidades das outras pessoas. Uma hora em
oração às vezes parecia quinze minutos nas reuniões
de oração.

Perto do final da noite, Leonard começava a fechar


a hora em oração. Ele não estava pensando em mais
ninguém. Ele era livre para ser ele mesmo sem estar
consciente dos outros. Mas ele também tinha a graça
de orar de uma maneira que edificava a todos lá.
Com Ravenhill, era sempre a oração correta —
centrada em Deus, apaixonada, cheia de lágrimas e
ungida. Você sabia que ele estava se apegando a
Deus. Ele não estava apenas dizendo orações, mas
estava orando no Espírito Santo, com a orientação e
o amor de Cristo direcionando suas orações.

Ele poderia orar por dez minutos e então, ao


terminar o tempo, descia lentamente e concluía com
louvor a Deus. Sempre houve uma nota de
agradecimento a Deus por todas as Suas
misericórdias e uma consagração do coração e da
vida à vontade de Deus. Ele geralmente era a última
pessoa a orar na reunião de oração porque depois
que Leonard orava, ninguém mais ousava orar.

Com a reunião de oração terminada, as pessoas


demoraram-se em conversas e companheirismo. Nós
tínhamos esquecido que qualquer coisa existia fora
daquelas paredes. Nós nos esquecíamos de todas as
cargas terrenas e das armadilhas de um mundo
temporal e passageiro. Nós estávamos na presença
de Deus e não queríamos ir embora. As pessoas
finalmente se despediam por volta das 22h e iam
para casa.

Em março de 1980, Leonard escreveu para um


amigo sobre as reuniões oração:

Na sexta-feira passada, o Senhor nos visitou de


maneira poderosa. Eu costumo esperar até os
“picos” do tempo de oração. Eu pensei que
estávamos no auge, então eu orei. Mas depois que
eu orei, um jovem estudante gritou: “Ó Deus, faça
essa nação ver o pecado de matar bebês por
aborto!” Foi muito lamentável e muitos choraram.

Dois meses depois, ele escreveu novamente:

Mesmo que muitos dos alunos tenham ido embora


no verão, ainda estamos tendo mais multidões do
que nunca na reunião de oração. Ontem à noite o
lugar estava lotado. Na semana anterior tivemos uma
reunião de oração única na vida.

O poder da verdade e a presença de Deus nas


reuniões de oração estavam em tal nível que
ninguém saía inalterado. Parecia que o paraíso na
terra estava lá com Ravenhill e Keith Green
liderando a reunião. A atmosfera sempre foi de
realidade espiritual, alegria e santidade.

Leonard adorava orar com almas famintas que


falavam sério a respeito de Cristo. Ele pregou em
uma igreja em um final de semana e comentou sobre
a sexta-feira anterior: “Tivemos uma maravilhosa
reunião de oração na sexta-feira à noite. Eu não
aceitaria dez mil dólares para perdê-la. Deus veio e
nós fomos quebrados e humilhados perante Ele.”

Keith e Melody estimavam as reuniões de oração e


estavam sempre lá fielmente. Para Melody, elas são
memórias maravilhosas:
Quando penso nisso agora, foi bastante
surpreendente, porque aquelas reuniões de sexta-
feira à noite eram em sua maioria apenas nossa
jovem equipe do MUD. Keith liderava a adoração
no piano vertical, depois Leonard pregava por uma
hora ou mais. Eu acho incrível que ele tenha dado
tanto tempo e se jogado sobre um bando de
jovens.114

Embora a reunião de oração incluísse a maioria dos


jovens funcionários do MUD, seria impreciso dar a
ideia de que eles eram os únicos presentes nas
reuniões de oração. Pastores, evangelistas, músicos
cristãos conhecidos e outros encontravam o caminho
para a casa dos Brown no final da semana.

Ao falar nas igrejas, Leonard adorava contar sobre


as reuniões de oração das sextas-feiras:

Eu moro em uma área de celebridades. David


Wilkerson vive atrás de nós. A Força Ágape está na
continuação da estrada e Keith Green vive para o
outro lado da estrada. Barry McGuire mora acima
de nós e Dallas Holm vive logo atrás de nós.
Wilkerson está construindo seu novo lugar a uma
milha de nós. O Second Chapter of Acts comprou
cem acres e Jimmy e Carol Owens compraram dez
acres. É uma área repleta de estrelas. Mas a coisa
mais atraente que temos é uma reunião de oração
nas noites de sexta-feira em uma mansão do outro
lado da rua onde moramos. Eu oro por todos eles —
eles são pessoas muito amáveis. E temos cem alunos
também vindo. Você sabe de quão longe eles vêm?
Eles vêm por 250 milhas ida e volta toda sexta-feira
à noite só para orar.

Kathleen Dillard lembra das reuniões de oração


com muito afeto:

Aquelas noites de sexta-feira tiveram um grande


impacto. Nós sempre ansiamos a oração de Len.
Muitas vezes eu senti como se fôssemos pequenos
filhotes na presença de um grande leão quando ele
orava. Eu senti que até a minha medula óssea tremia
quando ele intercedia.115

Nip McCormick: morrendo ele orou

A influência da reunião de oração foi vista


significativamente na vida de um jovem homem. Nip
McCormick era um homem casado com 27 anos e
pai de três filhos de Denton, Texas. Sua caminhada
espiritual parecia superficial e questionável, às vezes,
mas ainda assim sua família era muito fiel em sua
participação na igreja.

Nip foi diagnosticado com câncer em 1983.


Daquele ponto em diante ele nunca mais quis perder
as reuniões de oração de Ravenhill ou quaisquer
cultos da igreja. Após o diagnóstico, sua vida
espiritual começou a florescer e se inflamar como
um foguete, principalmente por causa da influência
das reuniões de oração das noites de sexta-feira.

Nip ia para Dallas para o tratamento do câncer nas


manhãs de sexta-feira e, em seguida, geralmente
dirigia com alguns de nós para Lindale na parte da
tarde. Sua timidez se transformou em desejo de
realidade espiritual que transbordou para os outros,
até pregando novamente o sermão de Leonard para
nós no caminho de casa. “Você ouviu Leonard dizer
isso? Você sabia que estava na Bíblia? Quão grande
e real Jesus é!”

Lembro-me de estar no carro com a Nip em Dallas


depois de um tratamento contra o câncer, enquanto
nos dirigíamos a Lindale para a reunião de oração.
Quando olhei para ele, senti que ele estava
morrendo e não se recuperaria. Quando as lágrimas
encheram meus olhos, senti uma profunda alegria e
gratidão por Deus ter feito um trabalho maravilhoso
em Nip e ele estar pronto para o céu. Ele só tinha
alguns meses e foi chamado para o céu na primavera
de 1984. Nip era uma luz brilhante para todos que o
conheceram no final.

Um ano depois do início da batalha contra o


câncer, Nip e sua esposa Susan saíram do Texas
para passar férias juntos em um cruzeiro na Flórida.
Dentro de alguns dias, ele desmaiou a bordo do
navio e foi transportado para Miami. Peguei um voo
e fui para o hospital, onde o encontrei inconsciente.
Passei a tarde falando com ele e orando com ele e
ele morreu na manhã seguinte.

Quando voltei para o Texas, era a conexão entre


Nip e Leonard que estava em minha mente. Deus
usou Leonard para trazer Nip para uma vida cristã
abundante no final de sua jornada. Ele morreu como
Keith Green — um zeloso jovem de 28 anos,
amante de Jesus Cristo. Deus havia capturado
profundamente o coração de Nip e as reuniões de
oração da noite de sexta-feira foram o instrumento
escolhido por Deus para prepará-lo para a morte.

Deus normalmente usa algo ou alguém


especificamente para trabalhar Sua vontade e
propósito nas vidas da maioria de Seus filhos. Com
Moisés, foi uma inesperada sarça ardente. Com
Jonas, foi uma viagem ao ventre de uma baleia.
Com Pedro, foi sua negação de Jesus. Com Nip
McCormick, era um número de noites de sexta-
feira, sentado ouvindo um velho profeta pregar e
orar.

A reunião de oração da noite de sexta-feira foi


representativa da realidade da influência de
Ravenhill na vida de muitos. Nip pessoalmente
nunca teve um tempo privado com Ravenhill e, no
entanto, a vida de Leonard era a embarcação
escolhida naquela época para o trabalho de Deus em
Nip McCormick. Tudo começou em uma reunião de
oração na noite de sexta-feira.

Centenas de outros teriam o mesmo testemunho.


Muitos que agora estão espalhados pelo mundo
podem repetir o mesmo fato: “O verdadeiro trabalho
de Deus em minha vida começou em uma noite de
sexta-feira no leste do Texas em uma maravilhosa
reunião de oração.”
15 ORAÇÃO: O CHAMADO MAIS
ELEVADO

Esboço feito por Leonard de seu animal favorito —


a águia

​​
Ó meu Salvador, eu rogo a vós, novamente, mais
insistentemente que nunca: — Ensinai-me a orar!
Semeai em mim toda a disposição da oração no
Espírito Santo. Fazei-me humilde, simples e dócil.
Que eu faça tudo ao meu alcance para sê-lo. De
que adianta minha oração se o Espírito Santo não
ora comigo?

Vinde, Espírito Santo, vinde agir dentro de mim!


Tomai posse de meu pensamento e minha vontade e
governai minhas ações, não somente no momento
da oração, mas a todo o momento. Não posso
glorificar a Deus nem santificar a mim senão
através de Vós.

Jean-Nicolas Grou (1750)


A influência da oração teve início cedo na vida de
Leonard, antes mesmo de seu nascimento, através
das vidas de sua mãe e avó. Teve continuidade mais
profundamente com o exemplo e liderança de seu
pai. Sua própria vivência de oração floresceu com
sua conversão e continuou através das noites de
oração nas quais ele passou a se envolver. E teve um
desenvolvimento maior na Faculdade Cliff, sob a
influência de Samuel Chadwick, o que finalmente se
transformou em um ministério. Deus proporcionou
a Leonard Ravenhill uma vida secreta de oração,
talvez mais até do que a dádiva da pregação.

Como um jovem cristão, a principal meta de


Leonard não era se tornar, primeiramente, um
pregador, mas um homem de oração. Sua vida de
oração e pregação foi um resultado direto da sua
comunhão diária com Deus.

Para que qualquer pessoa realmente entenda ou


reconheça Leonard Ravenhill, é necessário ter em
mente que ele foi, em primeiro lugar, um praticante
da oração. Ele se dedicou a uma disciplinada vida de
oração que se estendeu por mais de setenta anos de
vida como cristão.

A vida de oração de Ravenhill

Como ele orava? São muitas as histórias


disseminadas a respeito da quantidade de horas que
ele dedicava às orações diariamente. Muitos eram os
boatos. “Ele costumava orar por quatro horas por
dia.” “Ele orava oito horas, diariamente.” “Você
sabia que ele orava noite adentro, todas as noites?”
Apenas Martha conhecia verdade sobre sua rotina
semanal de oração. Outros apenas conheciam meias
verdades ou reproduziam o que haviam escutado.

Eu posso afirmar com propriedade que ele foi o


único homem que eu já conheci que tenha orado
mais do que tenha lido ou estudado. Ele passava
horas sozinho, diariamente, em meditação
consistente e concentrada. Em qualquer noite ele
poderia ser encontrado orando, entre meia-noite e
5:00, por horas a fio.

Ele orava sozinho por um tempo pela manhã, no


seu quarto ou escritório. Em seguida, tomava chá
com Martha e, passado algum tempo estudando, ele
orava por um extenso período de tempo, logo após
o almoço.

Ao anoitecer, ele normalmente dormia durante


algumas horas e, a cerca de meia-noite, levantava
para retomar seus estudos. Neste momento, ele lia,
meditava, adorava e orava durante várias horas, e
então voltava para a cama.

Suas orações muitas vezes tinham um efeito


impressionante. Sempre estimulantes, sempre reais e
genuínas, era visível que ele estava realmente orando
com fervor ao Espírito Santo e estava em contato
com Deus de forma pouco comum. Leonard tinha
tamanha eloquência ao orar, possuía tamanha
intimidade com Deus que, às vezes, chegava a ser
constrangedor. Era o tipo de oração que censurava
os que agiam com apatia, mexia com os devotos e
inspirava qualquer um que tivesse um coração para
Deus. Sua vida em oração fez com que outros se
dessem conta de que não conheciam a Deus da
mesma maneira que ele.

Leonard orava com zelo, lágrimas e paixão divinas.


A oração privada e concentrada era fundamental na
sua rotina. Ele também orava diversas vezes por
semana com outros devotos. De maneira realista, ele
realizou os conselhos apostólicos, “Dediquem-se à
oração, estejam alertas e sejam agradecidos”
(Colossenses 4:2) e “orando em todo tempo com
toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso
com toda perseverança e súplica por todos os
santos” (Efésios 6:18).

Jacob Aranza, atualmente um pastor em Lafayette,


Luisiana, foi vizinho dos Ravenhills por cinco anos
no leste do Texas. Na época, Aranza era um
pregador que conhecia bem Leonard e que havia
passado muitas horas com ele. Frequentemente,
Aranza voltava de suas viagens no meio da noite e,
saindo do seu carro, muitas vezes via Leonard
através da janela de seu escritório, trabalhando e
orando. Tal exemplo causou um profundo impacto
em Jacob:

A paixão que Leonard tinha por Deus foi de grande


influência na sua vida de oração. Muitos já falaram
sobre a quantidade de tempo que Ravenhill gastava
orando. Não há necessidade de tentar calcular isto.
A verdade é que isto acontecia com frequência,
consistência e durante horas todos os dias. Orar não
era apenas uma parte da sua vida — era sua vida
como um todo.
Eu ainda posso lembrar dele me dizendo, “Eu não
desejo conhecer um homem que tenha escrito mais
livros do que eu ou que seja um melhor pregador do
que eu ou que tenha pregado para mais pessoas do
que eu. Eu quero conhecer um homem que tenha
mais de Deus em sua vida do que eu. É isto que eu
anseio por conhecer.” Diferentemente da maioria
dos pregadores atuais, Leonard passava mais tempo
sozinho com Deus do que com qualquer outra
pessoa.

Leonard tinha uma vocação única para a oração, de


modo que nunca Inglaterra, em que ele foi usado
por Deus para orar por pessoas com câncer. As
pessoas frequentemente enviavam cheques para que
viajasse para orar por alguém: “Você poderia vir e
orar por uma pessoa que está lutando contra o
câncer?” Sete pessoas consecutivamente na
Inglaterra tiveram suas curas do câncer confirmadas
após Ravenhill ter dedicado um tempo orando por
elas.

Entretanto, chegou um dia em que ele não mais


sentiu o impulso de orar pela cura do câncer daquela
maneira. Ele acreditava que havia dádivas
concedidas por Deus que homem algum poderia
possuir ou controlar somente por vontade própria.
Leonard acreditava na cura através do Divino, e não
através da fé.
Oração e orador

Uma das coisas que mais alegrava Len era aprender


com as vidas de outros homens de oração.
Referindo-se à disputa de orações de Jacob, ele
disse,

Você já passou a noite toda numa disputa de oração


assim? Eu costumava ter um time de dois homens
que disputavam orações comigo. Nos cansávamos
em encontros na rua e dentro de casa. Vivíamos à
base de pão e manteiga por meses. À noite, quando
estávamos prestes a ir para a cama, um irmão diria:
“Estou com vontade de orar um pouco.”

havia sido escrito ou falado até então. Houve um


tempo, na Nesse momento, eu sabia o que iria
acontecer em seguida. Tão logo um de nós quisesse
orar, o outro iria querer também. Como eu era o
capitão da equipe, o que mais eu poderia fazer? Eu
tinha de orar! Eu não trocaria aquelas noites de
oração com aqueles homens por nada. De uma só
vez, nós orávamos por 5 dias seguidos. Com
frequência, três noites por semana, nós orávamos,
chorávamos e resmungávamos.

Eu gostaria de ter visto Jesus ressuscitar os mortos.


Mas, acima de tudo, se eu pudesse ver apenas uma
coisa, não seria vê-lo andando sobre as águas. Se eu
pudesse ter apenas uma experiência, eu gostaria de
poder ouvir Jesus orando.

Len amava orar com outros homens. Suas


memórias dos anos de oração com seus amigos
evangelistas na Inglaterra permaneceram com ele
durante toda a sua vida:

Dois irmãos que viajavam no time que eu tinha


eram simplesmente incríveis em oração. Havia seis
de nós naquele time. Não tínhamos nem cinco
dólares, somando todo o dinheiro que tínhamos.
Vivíamos a maior parte dos dias com uma fatia de
pão e metade de um tomate.
Aprendi mais com aqueles homens do que eu
jamais havia aprendido ou teria aprendido mais
tarde. Nós voltávamos de um encontro após termos
água ou pedras atiradas em nós. Então, pegávamos
uma caneca de chocolate quente, uma fatia de pão,
talvez metade de um tomate e dizíamos: “Bem,
rapazes, depois da meia-noite nós vamos orar.”

Leonard amava as vidas dos homens de oração,


principalmente os registros bíblicos das orações de
homens e mulheres nas Escrituras. Pregando sobre
as orações de Elias, ele dizia:

Eu sempre amei e colecionei livros. Espero poder


colecionar mais deles. Há um livro de dois volumes
chamado “A vida de William Booth”, de Harold
Begbie, e outros dois livros de Hudson Taylor
chamados “O crescimento de uma alma” e “O
crescimento de um trabalho de Deus”. Podemos
observar em Tiago 5 a biografia em dois volumes de
Deus sobre um dos maiores homens que já viveu:
volume 1 – “Ele orou”; e volume 2 – “E orou outra
vez”. Elias orou e orou novamente. Os maiores
homens não são aqueles que caminharam na lua,
mas aqueles que caminharam com Deus. Este
homem, Elias, caminhou com Deus.
Eu vejo cada vez mais que a arma que Deus
escolheu nos dar é a oração. Os discípulos de Jesus
nunca lhe disseram: “Senhor, ensina-nos a fazer
milagres; ensina-nos a curar; ensina-nos a pregar.”
Mas disseram a ele, “Senhor, ensina-nos a orar.”

Leonard conviveu muito tempo com Duncan


Campbell, o homem que Deus usou no Avivamento
das Hébridas em 1949-50, na Escócia. Eles oravam
juntos com frequência, tanto na Inglaterra quanto na
América:

Eu conhecia bem Duncan Campbell e tive o


privilégio de orar com ele muitas vezes, geralmente
entre as 5:00 e as 6:00 horas da manhã. Ele sentava
e falava comigo, enquanto seus olhos ficavam cheios
d’água; como John Bunyan diria, “a água ficava nos
seus olhos.” Eu perguntava sobre as visitas do
Espírito entre os Escoceses das ilhas exteriores:
“Eles eram bêbados ou desordeiros? Eles
costumavam quebrar os 10 Mandamentos?”, no que
ele respondia, “Não, eles eram hipócritas”. Este era
o problema. Mas o Sagrado Espírito vinha em
comunidades inteiriças. Tavernas fechadas, para
nunca serem abertas novamente. Danceterias
fechadas, para nunca mais serem abertas.

Duncan disse numa manhã, naquele seu grave jeito


escocês, “Len, em todas as manhãs nas casas dessa
gente presbiteriana, a Palavra de Deus é trazida e o
pai a lê. Todas as noites após o jantar, as crianças
são criadas com a Palavra de Deus.

Cada uma dessas crianças pode recitar o Breve


Catecismo, que é, basicamente, a Palavra de Deus
resumida de maneira doutrinal. Você poderia ver
crianças de sete anos de idade falarem sobre
expiação e entenderem do assunto. Mas foi aqui que
Deus varreu a comunidade e salvou muitos que
nunca haviam sido verdadeiramente convertidos.
Nada impressionava Ravenhill mais do que um
cristão que orava de

maneira honesta. Quando via isso na vida de


alguém, ele tinha certeza de que essa pessoa
realmente conhecia e buscava a Deus. Isso o
comovia mais do que atividades mundo afora ou
dádivas de ministério.

Rex Andrews

Foi um homem em Illinois que causou o impacto


mais profundo em Ravenhill em relação à vida
secreta em oração.

Rex Andrews em Zion, Illinois, viveu uma vida de


conciliação que impactou milhares de vidas e
diversos países. Um homem que trabalhava com ele
confirmou que Andrews passava todas as noites
orando, das 23:00 às 5:00 da manhã, desde 1944 até
pouco antes de seu falecimento em 1976, um
período de trinta e dois anos. Ele orava noite
adentro diariamente e não deixou sua casa nos seus
últimos doze anos de vida.

Leonard costumava falar sobre a vida de oração de


Andrews. Andrews escreveu duas importantes séries
de estudos bíblicos, “O que a Bíblia ensina sobre
piedade” e “Meditações no livro do Apocalipse”.
Leonard e Martha deixavam uma cópia do segundo
na cabeceira da cama e o liam todas as noites.

Leonard acreditava que uma vida de oração privada


podia fazer mais pelo reino de Deus do que uma
intensa pregação jamais poderia realizar. Ele ansiava
para que jovens escolhessem a oração como
atividade principal e profissão.

Quando seus amigos Doug e Millie Detert os


visitaram em Lindale, eles conversaram e oraram,
então conversaram e oraram mais uma vez. Uma
noite, após o jantar, Leonard disse a Martha: “Doug
e eu iremos orar.” Antes de se ajoelhar, Leonard
começou outra vez a lamentar sobre a situação da
nação e continuou falando e falando. De repente, a
porta se abre e Martha entra dizendo: “Eu pensei
que vocês haviam vindo aqui para orar.” Nisso,
ambos caíram de joelhos! Doug Detert disse: “Nós
oramos e nossos corações foram aquecidos e nossa
fé foi renovada. Foi uma honra poder ficar lado a
lado com este grande homem.”

Len exercia enorme influência em homens mais


jovens quanto à importância de uma vida de oração,
encorajando-os a tomar a oração como seu
ministério principal. Numa reunião de oração,
Leonard mencionou um jovem:

Eu conversei esta manhã, de novo, com um


homem que esteve aqui não faz muito tempo. Talvez
vocês não o tenham visto. Alguns de vocês não o
conhecem. Ele ora, no mínimo, oito horas por dia.
Mas se você disser isto a alguém que vai ao
seminário em Dallas, essa pessoa vai pensar que
você é louco. Os seminaristas dos dias de hoje
também considerariam Josué um louco por achar ter
sido instruído a marchar ao redor da cidade
numerosas vezes. Mas, algumas bobagens são da
sabedoria de Deus e algumas coisas sábias são
tolices de Deus.

Leonard conhecia pessoalmente homens com vidas


secretas de oração. Um jovem no leste do Texas era
um deles. Leonard falava sobre ele às vezes: “Há um
homem de trinta e dois anos que vive há cinquenta
milhas daqui que ora dez horas por dia. Não estou
falando da época de David Brainerd ou do orador
John Hyde. Isso é aqui na América, agora mesmo.”

Sobre homens dedicados à oração, ele concordou


quando Samuel Chadwick disse:

A preocupação do diabo é afastar os cristãos da


oração. Ele nada teme de estudos, trabalho ou
religião desprovida de oração. Ele ri da nossa labuta
e debocha da nossa sabedoria, mas estremece com
nossa oração. Nenhum homem é maior do que sua
vida em oração.

Leonard falava com frequência sobre oração nas


suas cartas, já que estava sempre encorajando outras
pessoas a tomarem o caminho de uma mais
profunda vida de oração. Em março de 1961 ele
escreveu aos Blooks, seus amigos:

Eu gostaria mais de ouvir um homem orar do que


pregar. Uma mulher de 95 anos de idade na
Inglaterra costumava ouvir C. H. Spurgeon pregar e
orar. Ela me dizia que suas orações elevavam a
congregação à eternidade. A oração transformou
Ana. Ela orou por uma criança. Mas ela não apenas
ganhou uma criança, ela ganhou um profeta. A
oração mudou Ana e seu filho mudou Israel.

Oração coletiva

A oração privativa não era o único componente da


vida de oração de Leonard. Ele orava junto a outros
fiéis várias vezes por semana. Às quintas-feiras pela
manhã, ele ministrava um encontro de oração para
pastores e líderes cristãos. Seu famoso encontro de
oração semanal acontecia toda sexta-feira à noite.
Havia outras ocasiões semanais em que ele poderia
ser encontrado, com amigos ou visitantes, ajoelhado
ao redor do trono da graça.

Ele abominava especialmente a fraqueza das


orações na maioria das igrejas locais. Ele acreditava
que o encontro mais poderoso na igreja deveria ser o
encontro de orações, mas dizia que, geralmente, este
era o mais simplório, quando havia. Na sua época, a
igreja americana do século XX tinha esquecido a
prática histórica dos encontros diários ou semanais
de oração, o que era um atraso, em seu ponto de
vista. Ele tanto ofendia quanto despertava pastores
dizendo a eles sobre como os encontros de oração
eram a parte mais fraca de qualquer igreja. Para
Leonard, havia uma relação direta entre a eficácia de
um verdadeiro ministério e a vida de oração da
igreja. Sua visão era: “pequena oração – pouca
força; mais oração – mais força; muita oração –
muita força”.

Se eu algum dia voltasse ao pastorado, com a


autoridade de dirigir o ministério da igreja, haveria
uma sala aberta vinte e quatro horas por dia.
Nenhuma igreja pode esperar realizar um
Avivamento fazendo reuniões de oração uma vez
por semana. Antes de o Espírito Santo vir ao
Pentecostes, eles se reuniram e oraram por dez dias.
Após a vinda do Espírito, eles “continuaram
harmoniosos na doutrina apostólica, comunhão,
partilha do pão e oração”. Mais tarde, os apóstolos
disseram: “Nós nos entregaremos continuamente à
oração e ao ministério da Palavra.” Eu sinto como se
este fosse o problema como um todo. Há pouca
continuidade na oração.

Se Leonard pudesse dizer algo hoje para desafiar a


igreja americana, ele diria o que sempre disse em
suas mensagens e livros:
Ó meus irmãos de ministério! Muitas de nossas
orações se perdem apenas dando conselhos a Deus.
Nossas orações são descoloridas com ambições,
tanto para nós mesmos quanto para nossa
denominação. Abandonem o pensamento! Nosso
objetivo deve ser apenas Deus. É a Sua honra que
está em jogo. É o Seu filho que está sendo ignorado,
Suas leis quebradas, Seu nome profanado, Seu livro
esquecido e Sua casa sendo transformada num circo
de interações sociais.

Existem reuniões privadas semanais na sua igreja?


Sua resposta reflete o quão espiritualizado e quão
dependente de Deus ou da habilidade e organização
humana você é. A primeira atividade da igreja
ancestral foi a oração. Esta é a última coisa que a
igreja moderna se preocupa em fazer atualmente. A
igreja de antigamente presenciava acontecimentos
espantosos em resposta à oração. Vemos isto pouco
nos dias de hoje por causa da negligência com a
oração. Orar sempre foi a primeira escolha deles.
Hoje, é o nosso último recurso. Antes de fazerem
qualquer coisa, eles oravam. Nós fazemos tudo
menos isto. Era a prioridade máxima para eles. Para
nós, é a última. Os santos do Novo Testamento
possuíam o dom sem nenhum equipamento. Hoje,
temos o equipamento, mas nenhum dom. Se somos
fracos em oração, somos fracos em todo o lugar.

O chamado à oração de Ravenhill

Precisaria Deus de mais paciência com seu povo do


que quando eles oram? Nós dizemos a Ele o que
fazer e como fazê-lo. Nós fazemos julgamentos e
juízos de valor em nossas orações. Em resumo,
fazemos tudo exceto orar. Nenhuma escola Bíblica
pode nos ensinar esta arte. Qual escola possui
Oração como matéria curricular? A coisa mais
importante que um homem pode estudar é a oração.
Mas onde isto é ensinado? Devemos despir este
último farrapo e reconhecer que muitos dos nossos
presidentes e professores de colégios bíblicos não
oram, não derramam lágrimas e não trabalham.
Poderiam eles ensinar algo que não sabem? Orar
requer força de vontade. Orar traz à tona coisas
inacabadas com e para Deus. A oração é a batalha
do homem crescido, equipado e desperto para as
possibilidades da Graça. Minha alma está
machucada e meu coração adoecido com a
indolência com que nos arrastamos para a oração.
Meu grande professor Samuel Chadwick disse:

“Não há poder como o da oração permanente, ou


como o de Abraão implorando por Sodoma, ou Jacó
lutando na noite silenciosa, ou de Moisés diante da
brecha, da Ana intoxicada com pesar, ou de Davi de
coração partido, de remorso e luto, ou de Jesus
transpirando, por assim dizer, enormes gotas de
sangue. Isto traz poder, fogo e chuva. Isto traz vida
porque isto nos traz Deus.”

Nós, cristãos, estamos em cativeiro em muitos


níveis, tanto pessoal e domesticamente quanto em
organizações eclesiásticas e missionárias. Porém,
grilhões são partidos e masmorras desmoronam
quando a oração é feita pela igreja para Deus.
Oração sem cessar, oração que quebra o status quo,
oração que extingue quaisquer outros interesses,
oração que nos instiga pelas suas imensas
possibilidades, oração que percebe Deus como
Aquele que governa nas alturas, o todo poderoso
salvador.

Quem ora ri do impossível e proclama: “Isto será


feito.” Quem ora enxerga tudo sob Seus pés. Quem
ora é motivado pelo desejo da glória de Deus.
A oração de um cristão pode se tornar um ritual. O
local de oração é mais do que um canto no chão
onde despejamos nossas ansiedades, inquietudes e
medos. O local de oração não é lugar para colocar a
lista de compras diante do trono de um Deus com
recursos inacabáveis e poder infinito.

Eu acredito que o local de oração não é apenas um


local onde eu me livro de meus fardos, mas onde
também recebo um fardo. Eu e Ele dividimos o Seu
fardo. Para conhecer este fardo, devemos ouvir a
voz do Senhor. Para ouvir esta voz, devemos parar e
entender que Ele é Deus.
Podemos deixar nossas espadas de oração
enferrujarem nas bainhas da dúvida? Deveriam
nossas harpas oratórias ficarem penduradas nos
galhos da descrença? Se Deus é um Deus de poder
estupendo e inigualável, se a Bíblia é a Palavra
imutável de Deus, se a virtude de Cristo continua
acesa hoje como no dia em que Ele ofereceu a si
mesmo a Deus após Sua ressurreição, e se o
Sagrado Espírito pode nos despertar assim como foi
feito com nossos pais espirituais, então todas as
coisas são possíveis nos dias de hoje.

Ó irmãos de ministério, eu rogo que vocês e eu


possamos desejar algo desta sagrada arte de
intercessão. Da maneira que eu vejo, há duas coisas
que um ministro deve fazer – orar e pregar. Os
grandes homens da Igreja recém-formada se
entregavam à oração e à Palavra, e deixavam que
outros servissem mesas e visitassem os doentes. A
Igreja ancestral orava, todas as Igrejas avivadas
oraram, e todo participante das orações de
avivamento conheceu o trabalho. Apesar de
existirem algumas emocionantes intercessões por
trás dos panos, ainda assim no cristianismo moderno
a oração causa estranhamento.

A oração é custosa e exigente. Orar significa


suportar e negar a si mesmo, uma morte diária por
escolha própria. É errado quando, ao invés de orar,
fazemos coisas apenas para agradar aos outros.
O pregador deve orar. Não tem a ver com a sua
capacidade ou a possibilidade, mas ele deve orar se
deseja ter uma igreja espiritual. Não há nenhum
outro caminho para o poder senão este. A oração
secreta é como o calor que arde nas entranhas da
terra, muito abaixo do monte pacífico de um vulcão.
Mesmo que passe a impressão de que sejam anos de
inatividade, cedo ou tarde haverá uma erupção.
Assim é com a oração no Espírito — ela nunca
perece.

Que dever tem o pregador se não for um homem


de oração! Sem oração — sem poder! Muita oração
— muito poder! Nenhum pregador é maior do que
sua vida de oração.

Orações pastorais

Leonard frequentemente se irritava com a


superficialidade da maior parte das orações
realizadas em púlpitos. Durante um tempo em que
esteve doente, ele escreveu um artigo sobre o tema.

Um apelo à paixão nas orações de púlpito

Eu fui acometido por sofrimentos físicos devido a


doenças de vários tipos, incluindo dois acidentes
vasculares cerebrais e três paradas cardíacas. Eu fiz
menos arranjos de sermões nesse meio tempo, é
claro, mas eu tenho dado atenção a todo tipo de
pregador no rádio e na televisão. Francamente, eu
fico chocado com a pobreza das pregações de hoje
em dia. Só não chegam no nível de miséria das
orações de púlpito. Eu suponho que eu tenha sido
mimado no início de minha vida adulta por ter
ouvido gigantes do púlpito da Inglaterra
repetidamente. Inúmeras vezes eu ouvi G. Campbell
Morgan, W. E. Sangster, Martyn Lloyd-Jones e
alguns dos velhos pregadores durões do metodismo.

Havia, também, meu antigo professor, Dr. Samuel


Chadwick, que não perdia para nenhum deles.
Todos os sermões proferidos por estes grandes
homens eram muito bem planejados. Eram bons
expositores com bom inglês e boas vozes.
Entretanto, quando olho para trás, sempre penso
mais nas orações que eles ofereciam e na sua relação
íntima com Deus ao iniciar os cultos. Nenhum deles
se referia a Deus como “Você”. Nenhum desses
homens parava e pedia a um diácono na fileira da
frente para que orasse, como fazemos hoje em dia
quando aquele homem está totalmente
despreparado.

Se a oração do pregador é fraca no púlpito, é


porque ela é uma extensão da fragilidade da sua
oração num ambiente privado. Enquanto eu refletia
sobre isto, me recordava de Alexander Whyte.
Cinquenta anos atrás, eu fui apresentado a este
grande homem e seus Personagens Bíblicos.
Falando sobre Paulo em oração, Whyte diz: “Paulo
está no seu melhor intelectualmente e
espiritualmente, tanto como teólogo quanto como
santo, durante suas orações. A verdadeira
grandiosidade da magnífica mente do apóstolo nos é
revelada, como em nenhum outro lugar, nas suas
orações.”

Isto é verdadeiro para todo homem, principalmente


para pregadores. Whyte diz que, após Paulo levar
seus leitores tão alto quanto eles são capazes de
chegar, ele próprio ainda se ergue mais e mais alto
em suas orações, enquanto se eleva em direção ao
terceiro paraíso de arrebatamento e revelação.

Eu acredito que seja uma obrigação do pregador


que esteja diante do púlpito não ser prosaico. Ele
tem um mar de rostos diante dele, de pessoas
confusas, perdidas, tentadas e provocadas,
espancadas e enganadas pelo diabo e pela própria
vida. A maioria deles, quando estiveram num culto
por apenas meia hora, ainda estão presos ao mundo
lá fora.

A Bíblia me diz que Deus é um fogo que consome.


Bem, se Deus é um fogo que consome, como raios
poderia um pregador realizar orações e sermões
frios e apáticos? Whyte diz: “Nós devemos colocar a
mais profunda Cristologia em nossas orações. Uma
das razões pelas quais as nossas orações, públicas e
privadas, são secas, frias e repletas de repetições é
devido a quão pouco de Cristo há nelas.”

Quanta verdade! Quão raramente o pastor, ao orar,


nos eleva à eternidade além do tempo. Como é raro
que a sua oração nos faça enxergar uma revelação
ofuscante do Deus que habita na luz inacessível.
Quão raramente conseguimos vê-Lo em Seu trono,
com os seres sagrados ao Seu redor, e ouvi-los
cantar, “Santo, santo, santo é o Senhor; toda a terra
está cheia de Tuas glórias.”
Não parece que os pastores de hoje viriam ao
púlpito e clamariam como Jeremias: “Estou com
dores no meu coração! O meu coração se agita em
mim. Não posso me calar; porque Tu, ó minha
alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da
guerra.” Aqui, Jeremias está pesaroso por sua nação
pois mais cedo em sua profecia havia dito que Israel
era a santidade no Senhor. O puritano William
Gurnall diz para todo pregador: “Previne a ti mesmo
com argumentos a partir das promessas de Deus
para fazer cumprir tuas orações e fazê-las prevalecer
com Deus. As promessas são a fundação da fé, e a
fé, quando fortalecida, te fará fervoroso. E tal fervor
rapidamente traz a vitória no campo da oração.
Quanto maior a grandeza de um homem na Palavra,
maior ele será na oração.”

Não há nada que fique afixado na mente como


uma oração pastoral, a não ser a palavra do Senhor.
Com frequência ela é a fonte de um bálsamo para a
alma dos ouvintes. Nela, a quietude da eternidade
consegue ser deixada de lado. Eu ainda consigo
ouvir o eco no meu coração das orações de homens
como Samuel Chadwick, David Matthews, Dinsdale
Young na capela de Westminster, e Luke Wiseman
na igreja de City Road, em Londres. E como
poderíamos esquecer das orações de W. E. Sangster
na Westminster Central Hall?

Eu digo diante de Deus que nenhum pregador deve


se colocar diante do púlpito e ousar proferir oração a
não ser que tenha, secretamente, uma chama
sacudindo no seu peito, a menos que ele sinta que
possua um vulcão interior que está irrompendo para
oferecer orações em nome das pessoas perdidas.

Hoje, os pregadores dão todas as justificativas para


seu fracasso ao invés de reconhecer o fato de que
não possuem amor pela oração. São poucos os
ministros que pregam e oram com toda a sua força.
Não há nada mais inadequado para tal sagrada tarefa
do que ser superficial. Deixe que as pessoas
percebam sua sinceridade. Os homens não rejeitarão
seus prazeres mais queridos por um pedido feito
com preguiça. Richard Baxter disse: “Eu preguei
como um moribundo para um moribundo, como se
eu nunca mais fosse pregar novamente.”

Chadwick disse que ele preferia pregar do que


jantar. Eu também. Mas eu preferiria a oração à
pregação. Eu vejo o engrandecimento das almas de
homens como John Wesley que oravam:

Cresça, inflame e preencha meu coração Com


caridades sem limites como as Tuas, E lidere-os para
Teu lado aberto
As ovelhas pelas quais seu pastor morreu.

Então, seu irmão Charles orava:

Eu iria o precioso tempo reclamar,


E apenas para isto passar a viver
Gastar e ser gasto por aqueles
Que ainda não conhecem meu Salvador; Neles está
a completa prova da minha missão, E apenas
respiro, para respirar Teu amor.
Eu estava na capela de Westminster em Londres
onde o Dr. Lloyd-Jones, durante a oração pastoral
principal no domingo pela manhã, orou por quinze
minutos — quinze minutos! Um amigo meu foi
ouvi-lo mais tarde e, novamente, ele orou por quinze
minutos. A maioria dos pregadores de hoje em dia
não consegue orar por quinze minutos antes de
perder o gás — e gás é o que eles acabam dizendo
de qualquer maneira!

Eu fico abismado com a oração de púlpito


desapaixonada, porque acaba parecendo apenas uma
repetição inútil. Eu não considero indelicadeza dizer
que a maioria é trivial, comedida, cansada, sem
vigor, fraca e muito prosaica. Não tem nada do
calibre da oração de um Esdras ou do Salmista. Não
se espera que, nos dias de hoje, um pregador caia
em lágrimas e declame as palavras de Isaías, “Oh! se
fendesses os céus, e descesses”, ou novamente,
“Vinde, Senhor, caminhai em nosso meio, e mostrai-
nos Tua glória”.
16 UMA PAIXÃO SAGRADA

​ ​ ​ ​ ​

A. W. Tozer
Deixe-me beber Tua taça

Pode meu ramo murcho, Adube minha árvore


infrutífera; Traga a primavera para meu poço
seco, Ó Cristo do Calvário.
Toque no meu olho escurecido Lubrifique minha
língua gaguejante; Complete, querido Senhor, em
mim O que Tu escassamente começaste. Me dê
energia para a carga Desmamai-me por Tua
vontade; Corrija-me com a Tua vara
E mais ainda eu Te amarei.
Do Teu sofrimento, Senhor,
Eu oro, “me preencha”;
Para que eu Te siga,
Oh, deixa-me beber Tua taça!

L.R. 1979

Há uma foto de Leonard tirada no final dos anos


80, onde ele está relaxado em sua mesa com livros
ao seu redor. O livro mais próximo dele é intitulado
“One Holy Passion”. Que adequado. A imagem
conta a história. Se você tivesse que descrever o
homem em três palavras, seria isto — “uma paixão
santa”. Leonard Ravenhill foi provavelmente o
cristão mais apaixonado que eu já conheci.

O que o motivou? Sua motivação geral era a glória


de Cristo, o amor de Deus, uma paixão pelas almas
e uma lealdade à verdade das Escrituras.
Especificamente, ele foi motivado pelo desejo de ver
outro despertar espiritual na nação. Ele estava
sempre centrado em Deus, e rejeitou tudo o que era
centrado no homem, artificial e impulsionado pelo
entretenimento na vida da igreja. Leonard vivia para
uma coisa — a glória de Deus e a santidade da vida.

Paul Washer, diretor da Sociedade Missionária


Heartcry, disse sobre Ravenhill: “Uma coisa eu notei
sobre Leonard Ravenhill — ele era perigoso. Ele era
muito perigoso.” O que Washer queria dizer é que
Ravenhill era muito quente para lidar. Ele era muito
apaixonado e zeloso com muitas pessoas. Ele era
radical demais para a maioria das pessoas porque
ameaçava a zona de conforto do tradicional
evangelicalismo morto. Quando Ravenhill pregava
em uma igreja, as pessoas ficavam irritadas e rígidas,
ou excitadas e humilhadas, mas ninguém permanecia
neutro.

Leonard modelou uma combinação de verdade


conjurada com fogo espiritual. Não era apenas a
verdade que ele falava — era a realidade viva do seu
exemplo de vida. Ele exemplificou o zelo e a paixão.
Ele era cheio de fé e do Espírito Santo. Não era uma
doutrina cristã vinda de um tradicionalista. Ravenhill
era inteiro vida, luz e calor espiritual. Era a sua vida
e doutrina que irradiava a realidade do verdadeiro
cristianismo. Ele inseriu a doutrina de Deus nosso
Salvador em todas as coisas. Ele deu atenção a si
mesmo e à doutrina — à sua vida e à verdade.

A vida de Ravenhill impactou todos ao seu redor.


Ele era um instrumento afiado. Não se podia
permanecer inalterado após ficar ao redor dele por
um breve período de tempo. Havia um poder
irresistível irradiando dele, a fragrância da vida
abundante. Aqueles que o conheciam sabiam que
era a graça de Deus sobre ele. Sua vida fazia com
que você quisesse conhecer a Deus. Aqueles que o
ouviram pregar, mas não o conheceram
pessoalmente, foram afetados por sua pregação.
Aqueles que o conheceram pessoalmente, mas
nunca o ouviram pregar, foram afetados por sua
vida. A. W. Tozer disse: “Com relação a Leonard
Ravenhill, as pessoas vão amá-lo ou odiá-lo, mas
não ficarão indiferentes a ele.”

Sua vida de oração e exemplo eram tais que você


queria ser como ele por causa da piedade que você
observava. Lembro-me de, às vezes, orar: “Senhor,
se eu tivesse a escolha de pregar como George
Whitefield ou ter uma vida como a de Leonard
Ravenhill, então me dê a vida, não o dom da
pregação”. Não seria exagero dizer que inúmeras
pessoas foram poderosamente afetadas por seus
sermões e livros simplesmente por causa de sua
paixão — muitos dos quais ele nunca conheceu.
Bob e Joann Rages, de Sedalia, Missouri, são um
exemplo dessa influência, embora tivessem a bênção
de conhecer os Ravenhills. Joann relembra, quase
quarenta anos depois:

Meu marido Robert e eu ouvimos pela primeira vez


sobre Leonard Ravenhill no final de 1971, quando
ambos ainda estávamos perdidos em nossos
pecados. Embora fôssemos fiéis em frequentar a
igreja, não sabíamos nada da Bíblia ou de suas
verdades. Meu irmão Charles Leiter nos incentivou
a comprar um toca-fitas e ele nos forneceu várias
fitas de rolo de sete polegadas contendo sermões de
Ravenhill. Normalmente ouvíamos um sermão todas
as noites. Muitas vezes eu escutava novamente
durante o dia enquanto fazia as tarefas domésticas.

Em maio de 1972, o Senhor nos converteu


profundamente. Nós olhamos para trás com grande
gratidão sabendo que, antes mesmo de sermos
salvos, os sermões de Ravenhill estabeleceram as
sólidas doutrinas bíblicas da santidade de Deus, o
milagre do novo nascimento, a dignidade de Deus
para nossa completa entrega, o desejo de Deus por
uma comunhão santa, e a necessidade de séria
devoção diária e oração. Como bebês espirituais,
esses princípios fundamentais da caminhada cristã
tornaram-se parte de nossas crenças fundamentais
que permanecem até hoje.

Dois anos depois, em fevereiro de 1973, o Senhor


levou o amado Irmão Ravenhill à nossa cidade natal,
Sedalia, Missouri, para uma semana de reuniões.
Isso foi um encorajamento para nós, pois naquela
época nós só tínhamos a nós mesmos para a
comunhão cristã local. Muitas vezes, depois das
reuniões da manhã, nosso filho de seis semanas,
Nathan, chorava. Em uma dessas ocasiões, Leonard
dava um tapinha nas costas dele e dizia: “Tudo bem,
homenzinho. Deus vai precisar de pulmões fortes
para pregar o evangelho quando crescer.” Pela graça
de Deus, Nathan tornou-se realmente um pregador.
Ravenhill estava convencido de que os serviços não
deviam ser perturbados. Depois que várias pessoas
chegaram atrasadas, ele parou a reunião e disse aos
porteiros: “Se alguém mais tentar entrar, pare-os na
porta.”

Nós convidamos Leonard e Martha para a nossa


fazenda para o chá depois de uma reunião à noite.
Ele não comia antes de pregar, e passava a hora das
refeições em oração. Foi um grande prazer tê-los em
nossa casa. Seu casamento foi um bom exemplo de
amor, respeito e bondade. Ainda posso vê-los de
mãos dadas enquanto entravam no prédio da igreja.
Ficamos surpresos ao longo dos anos em que este
querido homem permaneceu fiel ao enviar-nos
cartas de encorajamento e a orar por nós.

Um fardo para as nações

A paixão de Ravenhill não se limitou a


preocupações espirituais dentro da igreja somente.
Seu coração e visão eram muito mais amplos do que
isso, tanto nacional como internacionalmente. Sua
alma estava sobrecarregada por muitas nações, mas
especialmente pela condição moral e espiritual dos
Estados Unidos, seu país desde 1958.

Seu fardo com o país era especialmente expresso


em cartas semanais, conforme ele via a misericórdia
de Deus em direção a uma nação abençoada que
havia virado as costas a Deus. Ele escreveu para um
amigo na década de 1980:

Charles Wesley escreveu duzentos anos atrás:


“Jesus, Tu és toda a compaixão.” Bem, se ele não
fosse, nós estaríamos assando hoje à noite. Nós
cometemos mais pecados na América hoje do que
no resto do mundo. Nós alegamos que temos 600
milhões de Bíblias — são três para cada pessoa na
América. Mas quantas foram lidas hoje?

Da forma como ele via, a América foi amaldiçoada


com bênçãos e, a menos que ela se arrependa, em
breve será abençoada com maldições:
Oh, que verdadeiros profetas surgissem agora em
nossa geração. Nossos púlpitos têm mais fantoches
do que profetas. Nesta hora de crise moral e
espiritual nos EUA, precisamos de um profeta em
cada púlpito de cada igreja da nação. O tempo é
curto — Deus deve se mover na América se ela
quiser ser salva.

Ele declarou isso de forma ainda mais direta em


uma carta escrita em março de 1973:

A América está além da ajuda dos exércitos. Ela


não pode ser ajudada pela ciência, é moralmente
muito doente para ser ajudada pelos bancos, e é
muito aleijada para ser levantada pelos eruditos. Isso
deve ser feito pelo Senhor ou seremos uma nação a
caminho da lata de lixo.

Então, com o sarcasmo sagrado de um profeta do


Antigo Testamento, ele continua:
Sonhe, ó igreja! Dirijam seus ônibus da igreja, vós
pastores cegos! Cantem suas coisas, seus corais
fracos! Pegue os garotos perdidos em uma roda,
seus falantes professores da escola dominical!
Lúcifer está relaxando, sabendo que ele está na sela,
guiando a humanidade em direção à destruição
eterna. Ainda assim nós brincamos de igreja. Um
novo edifício ajudará? Pode uma nova canção
encantar o pecador que perece? Uma nova igreja irá
chamar os perdidos para Cristo? Eu me pergunto se
o Senhor não cumpriu sua promessa e cuspiu a
totalidade de nós de sua boca!

Eu me pergunto quando alguém vai acordar para


ver que nós, como nação, estamos prestes a ser
varridos sobre as Cataratas do Niágara econômica,
moral e espiritualmente.

Leonard não estava apenas pesaroso pela América.


Ele orou muitas vezes com lágrimas nos olhos por
suas nativas Ilhas Britânicas, pela Europa oriental e
ocidental, pela África, pela América do Sul e por
muitos outros países também.

Leonard escreveu a um amigo sobre a perseguição


do século XX e sobre os mártires modernos no
mundo de hoje:

Um ministro amigo meu da Irlanda do Norte foi


preso. Eu sei que ele se opõe a Roma muito
fortemente e nunca esconde o fato. Tenho certeza
de que, seja qual for a acusação, é uma invenção.
Eu acho que podemos esperar mais disso enquanto
Roma aperta o controle sobre assuntos mundiais.

Acredito que mais pessoas morreram por Cristo


durante os últimos cinquenta anos do que em todos
os dias desde que Jesus morreu. Antes da invasão
dos comunistas, a Coreia teria a mais pura igreja da
história. Outros dez milhões morreram por causa da
perseguição comunista chinesa, e o que dizer da
Rússia e de Stálin? Não é de admirar que o Livro
fale de homens sendo embriagados com o sangue
dos santos.
George Verwer

George Verwer, fundador e diretor da Operação


Mobilização, é um dos líderes cristãos internacionais
que foi impactado por Leonard, primeiro por seus
livros e depois por sua amizade. Verwer reflete sobre
a influência do homem que ele tanto admirava:

Devo ter conhecido Leonard primeiro ao escrever


para ele sobre livros. Seu próprio livro, “Why
Revival Tarries”, entrou em minha vida como um
tornado e trouxe realidade em minha própria fé. Foi
um livro importante nos meus primeiros dias. Mais
tarde, na década de 1970, trocamos cartas sobre o
que Deus estava fazendo na Grã-Bretanha. Nossa
comunhão crescente veio mais tarde quando ele
viveu em Lindale e eu o vi lá várias vezes.

Eu estava na casa de Leonard para sua festa de


aniversário e Keith Green veio. Nós íamos passar
uma hora em oração. Durante esse tempo de oração,
o Senhor tratou comigo sobre fazer algo certo. Eu
havia estado com Keith no dia anterior e, quando
um de seus álbuns de música foi mencionado, eu
disse de passagem: “Sim, é ótimo.”

Bem, eu escutei algumas das músicas de Keith, mas


eu não tinha escutado esse álbum. Então chegou
Keith à hora da oração, e eu estava tão convencido
de que não tinha sido honesto com esse pequeno
detalhe, que puxei Keith de lado e disse: “Keith, eu
preciso me arrepender pelo que eu disse a você
ontem.” Eu desmoronei-me em lágrimas de
arrependimento porque eu não podia ser desonesto,
mesmo em uma coisinha sutil, quando eu estava
com aqueles homens.

Era sempre uma experiência maravilhosa estar com


Leonard em sua casa. Ele teve esta maravilhosa vida
de oração, que também é uma paixão da minha vida.
A meu ver, o legado dele é de três coisas. Primeiro,
sua ênfase na oração e em como ele orou. Ele não
apenas falou sobre oração, mas orava e orava o
tempo todo. Em segundo lugar, o legado de “Why
Revival Tarries” é enorme. Finalmente, seu apelo ao
compromisso radical de todos os cristãos e
pregadores é enorme. Ele viveu, pregou e chamou
por isso, especialmente por um compromisso radical
com missões globais.

Em 1991, Verwer disse a Leonard que a Albânia,


um país há muito fechado ao evangelho, estava
finalmente aberta e uma cruzada havia sido realizada
recentemente. Isso trouxe uma aleluia do coração de
Ravenhill e, em seguida, uma perspectiva sobre a
Rússia e a América:

Eu não tenho medo da Rússia. Por que eu deveria


ter? Mostre-me uma Escritura que me diga que eu
deveria ter medo dos meus inimigos. Você não pode
— não é possível apontar uma escritura que diga
isso. Eu não acredito que o principal inimigo da
América seja a Rússia. Eu acredito que o inimigo
número um da América agora é o próprio Deus. Eu
estou com medo de que, um dia desses, Deus vai
nos cortar fora e sair da América como ele saiu da
Rússia em 1917.

Depois que Leonard pregou na conferência de


missão da Operação Mobilização em Memphis,
Tennessee, ele escreveu aos amigos alguns dias
depois:

Na semana passada fomos a Memphis. Foi ótimo


ver quase quatrocentos jovens ansiosos por ir à
Espanha e à França para o evangelismo. Seu líder,
George Verwer, é um bom homem e mantém um
tremendo ritmo.

Foi interessante ouvir que há apenas catorze


cristãos conhecidos no Afeganistão e cerca de
cinquenta na Tunísia. O trabalho missionário é
geralmente proibido nesses países e os crentes são
frequentemente presos sem motivo válido. Quão
favorecidos somos aqui por ter tais liberdades. O
irmão Verwer estava lamentando que a reunião de
oração está quase extinta nas igrejas locais agora.
Ele esteve recentemente no Asbury College e disse
que o Senhor ainda está no trabalho desde que eu
estive lá. Ele disse que, como resultado de minhas
reuniões lá, mais de oitenta estudantes estavam indo
para campos missionários em todo o mundo neste
verão. Uma semente pode fazer um ótimo trabalho
de multiplicação. A Deus seja a glória.

Em uma reunião de oração, ele disse: “Vamos orar


hoje à noite especialmente pela Europa oriental. Eu
oro pela Romênia todos os dias da minha vida
agora.” Em setembro de 1960, Ravenhill escreveu
para um amigo:

As Nações Unidas estão fazendo um trabalho real


de espalhar o medo. Que bagunça quando os ladrões
internacionais podem entrar na sala da frente dos
EUA e planejar sua destruição. As últimas
negociações com a Rússia me deixam doente.
Quando Deus ia destruir Sodoma, ele não avisou
Ló, o prefeito da cidade; em vez disso, ele contou a
Abraham. Ele não enviará Gabriel para Washington.
A palavra é para nós, seu povo. Jesus nem sempre
foi gentil, manso e delicado; ele atacou os fariseus:
“Dizeis, à noite, quando o céu está vermelho, que
amanhã será um dia justo; vós hipócritas! Não
conseguis discernir os sinais dos tempos?” Eu me
pergunto se Deus acha que somos lentos também?
Os céus estão baixando política e moralmente; eu
percebo que Francis Schaeffer diz que as classes
baixas abandonaram as crenças dos homens desde
os anos 1960.

Presidentes e políticos

Em 1973, quando o escândalo do Watergate de


Nixon foi descoberto e ele estava enfrentando o
impeachment, Ravenhill viu as coisas do ponto de
vista do reino de Deus e escreveu para um amigo:

Alguém se pergunta o que o presidente Nixon teria


feito se confrontado com Isaías ou Elias? Deus
ajude os cinquenta ministros que pregaram em
momentos diferentes a Nixon quando ele era seu
público cativo na Casa Branca. Eles deveriam ter
atacado o pecado e a corrupção e deixado as fichas
caírem onde poderiam. Temos uma praga de
ministros em miniatura tentando fazer o que apenas
gigantes da fé podem fazer.

Ai de nós! Nós não temos Moisés para liderar a


nação para fora do deserto sombrio do fracasso
moral, nenhum Davi para combater nosso
monstruoso Golias de drogas, nenhum profeta para
chamar a nação de volta a Deus, e nenhum João
Batista para destruir o silêncio deste púlpito sem voz
e chamar a nação ao arrependimento.

Leonard poderia ser implacável em sua ousadia em


relação aos líderes nacionais que estavam levando a
nação ao caminho errado:

Esses políticos idiotas acham que podem conseguir


uma nova nação com uma nova legislação, mas
Jesus ensinou que são necessários homens para
renovar as coisas. Que coisa será quando todos os
políticos enganadores pousarem juntos no inferno.
Eles me lembram da Escritura: “Todos os homens
são mentirosos.”

Não há como ajudar um cadáver colocando óculos


nele, nem há como trazer vida a uma mulher morta
para lhe dar uma cirurgia plástica. Os políticos
fazem isso com suas promessas mesquinhas. Mas a
alma da nação está morta e somente Deus pode
revivê-la. O país tem grande necessidade. Nós temos
políticos, mas nenhum estadista; pregadores, mas
nenhum profeta.

Em novembro de 1976, ele escreveu para um


amigo:

Bem, o Halloween acabou de chegar e Gerald Ford


e Jimmy Carter foram os principais atores. Qualquer
um que chegue ao topo não terá poder real para
liderar a nação. Os “insiders” fazem todos os planos
e os presidentes apenas os anunciam. Que bênção,
então, que haja um reino que não pode ser abalado,
operado não apenas por um rei, mas pelo Rei. Ele
tem as chaves do inferno e da morte.

Durante a presidência de Ronald Reagan, Leonard


sabia que só porque havia um homem conservador
na Casa Branca, não havia tempo para relaxar
espiritualmente:

O pior é que hoje há uma fome por ouvir a


Palavra. Houve alguma disseminação maior do
evangelho do que hoje? Você poderia ousar
adivinhar quantos bilhões de fitas gospel existem em
todo o país? Mas onde está o resultado? Há ouvintes
da Palavra, mas onde estão os praticantes?

Parece que muitos cristãos sentem que a nação está


bem agora, desde que o Sr. Reagan está no cargo.
“Relaxe e seja arrebatado” é a atitude. Mas a batalha
está chegando. Poderes sinistros estão trabalhando
contra o Senhor. É uma pena que nenhum político
pareça saber que a nossa não é uma batalha política
ou moral, mas uma batalha espiritual. Eu estou
dizendo às pessoas que o reavivamento não é
importante para a América — é imperativo!

De todos os púlpitos devemos entregar este texto


corajosamente escrito: “Porque a nação e o reino
que não te servirem perecerão; sim, essas nações
serão totalmente desperdiçadas” (Isaías 60:12).
Foram necessárias dez pragas cruéis para sacudir o
faraó de seu domínio sobre Israel. Levará dez pragas
para nos sacudir de nossa complacência materialista
e nosso sono espiritual? Deve Deus chover fogo do
céu sobre nós para parar nossa corrida louca para o
fogo do inferno?

O tempo está acabando, as liberdades estão


secando e a privacidade está murchando. Em breve
não haverá fundos privados. A espionagem federal
nas holdings dos bancos está muito próxima. Deus
disse que abalaria os céus e a terra, o mar e a terra
seca. A teia de impureza aperta de forma alarmante
em torno das nações. Duas guerras mundiais não
abalaram o mundo como ele está sendo abalado no
momento. A igreja vai dormir enquanto a
humanidade se dirige para as corredeiras? Um Deus
de sofrimento não pode piscar em nossa iniquidade
por muito mais tempo. Ele deixa os homens irem tão
longe e, quando anunciam seu triunfo, Ele intervém.

Deus fez dos assírios a vara da sua ira. Ele os


enviou contra a nação hipócrita de Israel. Quem ou
qual será sua vara contra nossa geração? Um
colapso total na economia nacional? Um invasor
estrangeiro? Mais terremotos e inundações
devastadoras? Mais pragas, como o vírus incurável
da Aids, do qual quase metade das vítimas morrem?
Deus irá lidar com os nossos pecados como ele lidou
com os pecados de Sodoma ou ele vai nos deixar
apodrecer um pouco mais? É uma coisa terrível cair
nas mãos do Deus vivo.118

No início da década de 1980, ele escreveu para um


amigo:

Keith Green foi o orador final no comício


Washington para Jesus. Havia cerca de 100.000
pessoas lá. Mas ele não sentiu nenhum verdadeiro
arrependimento. Ele disse que o Senhor lhe falou
que ele tirou a mão da nação. Keith estava quebrado
quando chegou em casa. Eu tentei animá-lo um
pouco. O Senhor não está querendo a morte de um
pecador, então há esperança de que pelo menos
outro remanescente seja salvo.

O líder da Força Ágape disse a mesma coisa para


mim na semana passada, que o julgamento já está
sobre nós e um pregador bem conhecido me ligou
para dizer a mesma coisa. Entre 1962 e 1963, como
nação, expulsamos a Bíblia das escolas, e a oração
também. Então a avalanche moral começou.
Kennedy foi assassinado, crime e gravidez na
adolescência começaram a subir tremendamente, e
então veio o Vietnã e Watergate.

Agora, um punhado de pessoas espera que uma


viagem a Washington com a placa “Deus abençoe a
América” mude a situação. Esquecemos que Deus
observa enquanto esta nação quebra suas leis e usa o
nome do seu santo Filho em vão um milhão de
vezes por dia. Onde, oh, onde estão os profetas? Os
dias não podem estar muito distantes quando os
incêndios martirizantes vão arder em nossa nação.

Que dia malvado. A situação do mundo se deteriora


muito rapidamente. O coração dos homens está
falhando por medo. Se os “sábios” são tão tolos, o
que fará o ignorante?

As missões mundiais estavam sempre no coração


de Leonard. Nos seus últimos anos no Texas, ele
expressava frequentemente este fardo nas reuniões
de oração da noite de sexta-feira:

Para mim, é insuportável que a igreja tenha vivido


por dois mil anos e ainda assim ainda existam
pessoas no mundo que não ouvem o evangelho.
Ainda existem mil tribos que não têm o evangelho
escrito da graça de Jesus Cristo. Isso é parcialmente
culpa nossa. Fico feliz por ter vivido em uma casa
onde toda a conversa era sobre Deus e missionários.
Eu orava pelos missionários quando eu era tão
jovem que eu não sabia se eles eram missionários ou
jogadores de futebol, mas eu orav por eles.

Leonard falou uma noite sobre as condições da


Igreja em vários lugares do mundo. Ele mencionou
que, quando os comunistas tomaram o poder na
Ucrânia, em uma igreja de duzentos membros,
todos, menos dez, se comprometeram e seguiram os
comunistas quando o calor da perseguição estava em
andamento. Leonard então disse: “Alguém se
pergunta quantos de nossos amigos permaneceriam
de pé? Eu acho que temos que nos preparar para o
céu e possivelmente para o martírio também.”

Len adorava compartilhar histórias de missionários.


Ele escreveu para seus amigos Billy e Bobbie Moore
sobre as glórias e as provações das missões cristãs:

James Chalmers foi assassinado no Rio Fly na


Nova Guiné mais de cem anos atrás. Um chefe
tribal convidou-o para um banquete, mas Chalmers
acabou no cardápio. Antes de morrer, ele escreveu:
“A vida de santidade não é facilidade, mas sim
encontro; não é música, mas luta, não êxtase, mas
energia, e não calma, mas conquista.”

Houve uma missionária que possivelmente se


tornou a favorita de Leonard. Em 1966, Jackie
Pullinger comprou um bilhete só de ida em um
navio que ia para a Ásia. Ela chegou a Hong Kong
com cem dólares em sua posse e está lá há 44 anos.
Ela inicialmente encontrou trabalho como professora
na Cidade Murada de Kowloon, um dos principais
centros produtores de ópio do mundo, sob o
controle de criminosos chineses. Jackie começou
cinco décadas de trabalho missionário, alcançando
pessoas carentes em um dos locais mais difíceis da
Ásia.

Em outubro de 1990, Leonard escreveu para Byron


Paulus sobre Jackie e seu trabalho:
Espero que você tenha lido o livro de Jackie
Pullinger, “Chasing the Dragon”. Esta querida
senhora acabou de me ligar de Hong Kong. Ela me
pediu novamente para ir até lá e ensinar sobre
oração e morte por Jesus. Eu adoraria ir lá e ensinar
e lavar os pés dos santos.
A China ameaça esmagar Hong Kong e veteranos
missionários estão saindo de lá. Talvez seja hora de
uma apresentação de carne e sangue dos Romanos
12:1-2. Eu preciso de confirmação divina sobre ir lá
ou não. Tempo é essencial.

Um pregador no Canadá disse: “Deus tem prazer


em nossa obediência, nosso sacrifício, nosso amor,
nossas orações, nosso testemunho e nossa
compaixão.”
Bênçãos abundantes sejam suas em todos os seus
trabalhos. Bênçãos e orações,

Irmão Len R.

Em 1981, Pullinger fundou a Sociedade de St.


Estêvão, que é um ministério para recuperar
membros de gangues, prostitutas e viciados, e que
abrigava até duzentas pessoas em 2007. Leonard
tomou conhecimento de seu ministério depois de
ouvir uma de suas mensagens gravadas e contatou-a
para fazer o que pudesse para apoiar o trabalho dela.
Jackie é profundamente grata pelo apoio de Leonard
em sua vida e ministério:

Eu tenho vários livros na minha biblioteca que me


foram dados por Leonard. São clássicos cristãos do
século XIX e XX. Enquanto eu lia cada um, Cristo
estava brilhando ou quase queimando as páginas.
Assim era me encontrar com “Len”, como ele se
chamava ao assinar suas cartas. Como foi que eu,
uma pequena missionária na Ásia, poderia me tornar
amiga de Leonard Ravenhill, um lendário pregador
britânico transferido para o Texas?

De alguma forma, ele ouviu algo que eu falei em


uma conferência e escreveu para mim que preferia
tomar chá comigo do que com a rainha! Então, mais
tarde, eu me aproximei dele em uma conferência e
conversamos. Nossa conversa foi sobre Jesus. Ali
estava um homem que, por sua reputação, havia
interrompido o tráfego em Londres quando pregava
e pedia uma resposta inflexível para seguir a Cristo
ao longo dos anos. No entanto, ele não era severo
enquanto pessoa, mas gentil. Eu sempre lembrarei
que, quando ele falou de Cristo, seus olhos se
encheram de lágrimas e havia um nó visível em sua
garganta.

Lá começou uma correspondência de longa


distância, os livros e sempre seu encorajamento.
Uma vez tive dois dias de folga no Canadá e pensei
em ir ao Texas. Leonard e Martha me deram as
boas-vindas, e, apesar de sua idade, saíram
rapidamente de um lado a outro do aeroporto para
pessoalmente me ver partir depois de passar a noite
em sua casa. Leonard escreveu nos livros que
enviou: “Para a nossa amada amiga Jackie P” e
“Para a nossa querida buscadora da verdade —
Jackie Love and Prayers”. Foi meu privilégio
inesperado ter seguido ao lado de Leonard em parte
de sua jornada e ter sido inspirada por seu amor por
seu Salvador para terminar minha própria jornada.

Durante a Guerra da Bósnia, no início dos anos


1990, Len escreveu para o amigo, Jack Morrison:

3:00 da manhã, sexta-feira


Querido Jack e família,
Acordei esta manhã pensando em Bósnia quebrada,
sangrando e perplexa. Nos EUA e na Inglaterra,
temos confortos sufocantes, enquanto outras nações
passam fome. Um presidente americano disse: “Eu
tremo pela minha nação quando lembro que Deus é
justo.”
Obrigado pelo livro. Aquele dos Stundists me
motiva.Ó pregador americano, pegue sua cama e
fale sobre aquele que é glorioso em santidade!
Bênçãos,
Leonard e Martha
Ravenhill e Tozer

Havia várias pessoas que foram catalisadoras da


paixão espiritual na vida de Leonard. Os primeiros
foram seus pais e o segundo foi Samuel Chadwick.
Mas a maior influência mais tarde na vida foi A. W.
Tozer, que pastoreou em Chicago por trinta anos,
até 1958.

Ravenhill conheceu o Dr. Tozer em algum


momento antes de 1951. Leonard considerou Tozer
seu principal mentor depois de Chadwick e ele se
tornou um dos amigos mais chegados de Leonard
até a morte de Tozer, em 12 de maio de 1963. As
evidências indicam que Tozer sentiu que o benefício
espiritual era mútuo. L. R. frequentemente falava de
seus tempos juntos:

Eu me lembro que toda vez que eu ia ver o Dr.


Tozer, ele me impedia de entrar no consultório dele.
Uma vez ele disse: “Len, o que você e eu
conversamos a última vez que você esteve aqui foi a
realidade da eternidade. Eu tenho pensado em Jesus
sentado no trono. Nenhum de nós entraria
diretamente e olhá-lo-ia nos olhos, que agora são
como uma chama ardente.”

Um dia ele me disse: “Você sabe, Len, não estou


muito preocupado com o que fiz e não estou muito
preocupado com o julgamento da minha vida cristã.
São as coisas que eu poderia ter feito, mas não fiz
que me preocupam, as coisas que eu perdi!” Então
ele disse: “Len, quer saber? Nós dificilmente
ficaremos com os pés fora do tempo e na eternidade
antes de inclinarmos nossas cabeças em humilhação
e vergonha, e dizer: ‘Ó grande Deus! Veja todas as
riquezas que havia em Jesus Cristo.’”

Leonard estava pregando para a igreja de Tozer


uma noite e aparentemente estava tendo dificuldade
em pregar e lutou durante o sermão. Em suas
palavras, “foi difícil, como se Deus tivesse saído de
férias”. Leonard parou de pregar cedo e Tozer veio
a ele depois:

AWT: “Len, você teve um momento difícil hoje à


noite, não teve?”
LR- “Sim, eu tive.”
AWT: “Bem, na verdade essa foi a santidade de
Deus.”
LR: “A santidade de Deus? Parecia que ele tinha me
puxado o tapete.” AWT: “Bem, aqui está o porquê.
Um orador geralmente nunca tem um mau momento
porque sabe manipular a multidão e raramente tem
dificuldades. Len, eu me lembro de um domingo em
minha igreja em que Deus me puxou o tapete
enquanto eu pregava; nós tínhamos visitantes de
todo o mundo e eu nunca tive um momento pior
pregando. Quando terminei, subi pelo corredor e um
homem me parou e disse: ‘Doutor, você teve um
mau momento esta manhã, não foi?’ ‘Bem, sim, mas
por que esfregar isso na minha cara?’ A verdade é
que às vezes Deus puxa o tapete de debaixo de você
para mostrar a você que é ele que importa e não
você. Você acha que está no controle e não está. Ele
é um Deus ciumento; ele disse: ‘Minha glória eu não
darei a outro.’”

Toda vez que Ravenhill estava em Chicago, ele via


Tozer, em sua casa ou na igreja. Tozer era livre e
íntimo de Leonard, sempre o recebendo: “Len,
entre; deixe seu cabelo solto”, o que significava
“Relaxe, vamos conversar”. Eles tiveram longas e
sérias conversas sobre muitos assuntos, como
oração, livros que acharam especialmente benéficos,
os antigos escritores místicos, os puritanos, os
pregadores e os avivamentos. Eles frequentemente
falavam mais profundamente sobre o Espírito Santo,
a busca de Deus, os atributos de Deus e a condição
moral da nação. Nenhum tópico estava fora dos
limites quando eles estavam juntos.

Em uma carta a um amigo, Leonard refletiu


demoradamente sobre algumas lembranças de
Tozer:

Eu andei por aí ao redor do mundo um pouco com


os grandes pregadores, mas na minha opinião o Dr.
A. W. Tozer era um pregador e profeta sem igual na
era atual da igreja. No entanto, esse homem
abençoado não tinha as qualificações acadêmicas
para falar efetivamente às massas. No entanto, os
PhDs ouviam-no de bom grado. O Doutor teve a
sabedoria que vem de cima e que tem pouco valor
de mercado com o mundano sábio de hoje.

Em uma ocasião, enquanto conversávamos, o Dr.


Tozer apontou para um tapete gasto no chão do seu
escritório, dizendo: “Len, eu frequentemente entro
nesse escritório e fico de barriga no tapete das oito
da manhã até o meio-dia e eu fico em adoração. Eu
não digo uma palavra de oração ou uma palavra de
louvor — eu simplesmente adoro.”

Sua erudição foi guiada pelo Espírito e sua mente


era inspirada pelo Espírito. Homens instruídos
escutavam quando Tozer falava. Eu ouvi elogios
dele de alguns dos maiores pregadores do mundo
hoje. Há também outros homens segurando grandes
púlpitos no Christian Missionary & Alliance que
nunca poderiam se qualificar como estrelas
acadêmicas, mas eles têm o que é preciso para se
comunicar com essa época.

O Dr. Martyn Lloyd-Jones, que era um verdadeiro


admirador do Dr. Tozer, foi chamado de o último
dos pregadores puritanos. Na Inglaterra, onde a
igreja está longe de estar na moda, o Dr. Lloyd-
Jones consegue encher a grande capela de
Westminster duas vezes aos domingos, assim como
o Dr. Campbell Morgan antes dele. O Dr. Lloyd-
Jones não tem coro, nem música especial, nem
humor, truques ou apelos por dinheiro. Raramente
ele prega menos de uma hora. No entanto, enquanto
ministra, a pessoa está consciente do fato de que a
igreja está cheia de Deus, ou com o que John
Greenleaf Whittier chamou de “o silêncio da
eternidade”. O Dr. Lloyd-Jones não tinha nenhum
treinamento teológico, nem o Dr. Tozer ou
Campbell Morgan.

Quando Ravenhill esteve na capela de Westminster,


em Londres, no início dos anos 1960, ele conversou
com o Dr. Lloyd-Jones após o culto de domingo.
Lloyd-Jones perguntou: “Quando você voltar para a
América, você vai ver o Dr. Tozer?” “Sim, eu vou
vê-lo e orar com ele”, respondeu Leonard.

Lloyd-Jones respondeu: “Então, por favor, diga a


ele que seu livro, ‘The Pursuit of God’, sobreviverá
a todos os outros livros. Quando todos os livros de
bolso do dia forem jogados no lixo, as pessoas ainda
estarão lendo esse livro.” Ao pensar sobre o homem
que produziu tal livro, Ravenhill escreveu mais
tarde:

Vinte e cinco anos de disciplina em um ninho de


corvo de um escritório atrás de sua igreja em
Chicago produziram um homem como Tozer, que
produziu um livro, “The Pursuit of God”. Isto, por
sua vez, produziu no oceano de ensino espiritual
ondas que percorrem o caminho até os confins da
terra.
Seria difícil encontrar um autor melhor para ajudar
um cristão em sua busca por Deus do que Tozer.
Seus livros venderam milhões e afetaram inúmeras
pessoas em todo o mundo. Tozer era um escritor
melhor do que um pregador e Ravenhill era um
pregador melhor do que um escritor. Os dois
homens certamente elogiaram um ao outro. A vida e
os livros de Tozer alimentaram a paixão de Ravenhill
por Deus. Ambos eram puristas sobre a realidade de
Deus sendo perseguida e experimentada: “Meu
objetivo é o próprio Deus, não a alegria ou a paz”,
foi seu primeiro princípio da verdade.

O respeito mútuo e apreciação entre eles


aprofundou-se com os anos. Tozer amava o famoso
ditado de Ravenhill: “A Bíblia diz que os homens
têm comichão nos ouvidos, mas eu não tenho
comissão de Deus para coçá-los.” Foi um golpe
profundo em Leonard quando Tozer faleceu
repentinamente em 1963, quando Leonard tinha 56
anos de idade. Ele ainda não queria que seu amado
amigo fosse embora.
Mas Ravenhill sabia que os caminhos de Deus são
os melhores. Após a morte de Tozer, Ravenhill disse
sobre seu querido amigo: “Temo que nunca veremos
outro Tozer. Homens como ele não são criados na
faculdade, mas ensinados pelo Espírito.”

O respeito e amizade entre os dois homens era uma


realidade mútua. Tozer sentia um profundo apreço
pelo ministério de Ravenhill:

Grandes indústrias têm em seus empregos homens


que são necessários apenas quando há um colapso
em algum lugar. Para esses homens, um sistema com
operação suave não é interessante. Eles são
especialistas preocupados com problemas e em
como encontrá-los e corrigi-los.

No reino de Deus as coisas não são muito


diferentes. Deus sempre teve seus especialistas, cuja
principal preocupação tem sido o colapso moral e o
declínio da saúde espiritual da nação ou da igreja.
Tais homens eram Elias, Jeremias, Malaquias e
outros da sua espécie, que apareceram em
momentos críticos da história para reprovar,
repreender e exortar em nome de Deus e da
correção.

É impossível ser neutro em relação a Leonard


Ravenhill. Seus conhecidos dividem-se nitidamente
em duas classes — aqueles que o amam e admiram
e aqueles que o odeiam com perfeito ódio. E o que é
verdade sobre o homem também é verdadeiro para
seus livros. O leitor ou fechará as páginas para
procurar um local de oração ou o jogará fora com
raiva, com o coração fechado aos seus avisos e
apelos.

Uma paixão pela reverência

A paixão de Ravenhill nunca foi mais evidente do


que quando ele estava em um culto na igreja.
Reverência por Deus era mais importante que
qualquer coisa. Seja em uma conferência de
ministros ou em uma igreja local, sua seriedade e
reverência durante seu sermão permearam a
atmosfera. Ele não tolerava nenhuma interrupção
em um serviço nem permitia que as pessoas
mostrassem desrespeito de qualquer forma. Um
exemplo disso ocorreu em 1978, em uma igreja
batista em Fort Worth, Texas.

Foi algo que assustou e chocou todo mundo lá. Eu


mal podia acreditar no que estava acontecendo. Era
a conferência bíblica da primavera da Igreja Batista
da James Avenue, e as reuniões haviam sido
preenchidas com a presença de Deus durante toda a
semana. Uma noite o auditório estava lotado e o
canto era vibrante. Depois da última canção e
oração, Leonard dirigiu-se ao púlpito. Mas, em vez
de dirigir a congregação para o texto do sermão, ele
olhou para o fundo da sala, apontou o dedo e
começou com essas palavras:

Vocês garotos na parte de trás — desde que vocês


chegaram aqui, tudo que vocês fizeram foi
conversar, rir e brincar na casa de Deus. Como
vocês acham que podem fazer isso, eu não sei. Mas,
em nome de Deus, não digam outra palavra durante
esta reunião. Agora todos por favor, venham comigo
para I Coríntios 13. Estou pregando esta noite sobre
o amor.

Você poderia ter cortado a tensão com uma faca,


como o temor de Deus veio a todos os presentes.
Ravenhill leu o capítulo e começou a pregar sobre o
amor com tremendo poder. No final do culto, os
jovens vieram até ele em lágrimas e se desculparam.

Em uma reunião em uma grande igreja batista em


Fort Worth, o culto seguiu até tarde da noite porque
Deus estava se movendo no coração das pessoas.
Percebi quando as pessoas estavam saindo que
ninguém estava falando. Todo mundo estava saindo
em silêncio, para não incomodar ninguém. A
presença de Deus era tão real que ninguém disse
nada.
Tais experiências aconteceram frequentemente
onde Leonard ministrou. Seu temor e reverência por
Deus não permitia a carnalidade na adoração a
Deus. Quando se tratava de assuntos espirituais, ele
trouxe uma seriedade a respeito Deus para todas as
coisas que era inigualável entre seus pares.

Ravenhill às vezes se tornava sarcástico quanto a


novas abordagens de adoração que eram antibíblicas
e centradas no homem. Quando estava pregando
sobre Uzá tocando a arca de Deus, ele disse:

Uzá tocou a arca. Tudo o que ele estava tentando


fazer era firmá-la. Mas hoje, nós não iríamos apenas
estabilizá-la — nós iríamos pintá-la e,
provavelmente, colocar uma caixa de música
contemporânea nela e torná-la mais elegante.

Hoje as pessoas cantam: “Coloque sua mão na mão


do homem que aquietou a água” — esqueça! Ou a
música mais nova que foi lançada agora, “Aperte a
mão de Jesus”. Ouça, quando você ver Jesus, você
não vai se aproximar e dizer: “Ei, amigo, estou feliz
que tenha morrido por mim!” Quando você ver
Jesus você ficará paralisado de medo, a menos que
tenha um corpo glorificado e uma mente glorificada.

Certa vez, Leonard foi convidado a participar de


um grupo especial de ministros como um dos vários
oradores, mas por algum motivo foi solicitado a falar
por apenas cinco minutos. Quando ele se levantou
para falar, ele disse: “Há uma razão pela qual não
temos reavivamento; e é por isso”, então virando-se,
ele apontou para todos os ministros sentados na
plataforma.

Pregadores apaixonados como vasos de barro

Leonard nos mostra que a verdadeira pregação vem


através de homens imperfeitos. Embora Ravenhill
fosse historicamente um metodista, ele não manteve
a doutrina da perfeição sem pecado ou cristã. Ele
tinha imperfeições e sabia disso. Ele sabia que todos
os crentes ainda estavam crescendo em graça,
incluindo ele.

Às vezes, sua coragem e zelo faziam com que ele


falasse de uma maneira errônea e
desnecessariamente severa. Como todos os
pregadores, ele era um vaso de barro porque ele era
um ser humano. Ele era uma panela de barro na
qual Deus derramou grandes coisas. Além do
homem Jesus Cristo, nenhum homem perfeito
jamais viveu. Embora Ravenhill fosse um homem
devoto e justo, nunca caí na armadilha de idolatrá-lo
erroneamente ou de vê-lo irrealista. Ele tinha
imperfeições, falhas, desequilíbrios e fraquezas. Não
digo isto para diminuir quem ele era. É apenas para
vê-lo corretamente — um vaso de barro em quem
estava um tesouro divino.

É bom ter heróis espirituais que nós imitamos. Mas


idolatrar homens é algo totalmente diferente. É uma
armadilha sutil a ser evitada. As escrituras dizem:
“Pare de considerar o homem, em cujas narinas está
a respiração, pois de que ele conta?” (Isaías 2:22).
Devemos apreciar, honrar e respeitar os homens de
Deus, mas nunca os idolatrar ou considerá-los
perfeitos. O próprio Leonard compartilhava dessa
visão. Ele amava os pregadores de Deus e os servos
de Deus, mas aprendeu a vê-los corretamente.

Scott Lee, pastor da Igreja Batista Rockport, em


Arnold, Missouri, foi aluno do Seminário Teológico
Batista do Sudoeste, em Fort Worth, no final dos
anos 1980. Ele se lembra de uma experiência vívida
de ouvir Ravenhill pregar, o que, em sua opinião,
mostrou a humanidade de Leonard:

Por volta de 1988, participei de algumas reuniões


pregadas por Len Ravenhill na Sinfônica de Fort
Worth, onde a Igreja Batista Common Ground se
reunia na época. Duas situações ficaram na minha
mente como evidência de sua paixão ardente que
poderia, às vezes, levá-lo a parecer severo.

Primeiro, enquanto ele estava pregando, uma


mulher sentada no fundo da sala riu por alguma
razão inexplicável. Parece ter sido uma coisa
aleatória, pois nada que Ravenhill disse no momento
pretendia ser bem-humorado. Mas a risada
instantaneamente chamou toda sua atenção e ele
parou, olhou para o fundo do salão e gritou:
“Mulher, você não vai rir no inferno!” Ele então
pediu que ela se arrependesse e colocasse sua fé em
Cristo.

Mais tarde, na mensagem, ele disse algo com o que


um amigo meu concordou fortemente. Meu amigo
Frank estava sentado na primeira fila diante de mim.
Assim que Ravenhill fez o seu ponto rígido, Frank
jogou os braços para o ar e gritou: “É isso mesmo!”

A explosão aparentemente parecia fora de lugar


para Ravenhill, que de repente parou, olhou
diretamente para ele e disse: “Certo? Claro que está
certo! Eu não teria dito se não estivesse certo. E eu
não preciso de uma líder de torcida!” Com isso, ele
continuou pregando.
Eu compartilho isso como exemplos da intensidade
do Irmão Leonard, sua paixão e, talvez, sua
humanidade. Todos nós, às vezes, queríamos dizer
algo assim, mas não ousávamos. O irmão Ravenhill
ousava.121

Houve inúmeras ocasiões em que Leonard


repreendeu as pessoas que estavam sob sua
pregação, se ele sentia que elas eram uma distração
pública ou eram irreverentes. Ele não hesitava em
mencionar tais exemplos em sua pregação:

Eu preguei em uma igreja elegante no leste alguns


anos atrás. No primeiro domingo de manhã, uma
senhora se levantou e saiu pouco antes do meio-dia.
Ela fez isso de novo no domingo seguinte. Quando
eu disse algo ao pastor sobre isso, ele disse: “Oh, ela
fez isso nos últimos cinco anos.” Eu disse: “Bem, ela
não fará isso novamente depois que eu falar com
ela.” Certamente, no terceiro domingo, no mesmo
horário, ela se levantou para sair. Eu disse:
“Senhora, aonde você vai? Se você não pode passar
uma hora na presença de Deus, o que você vai fazer
na eternidade? Eu sei que você sai todo domingo,
mas o que você vai fazer quando chegar ao céu?
Você ficaria entediada com os anjos, entediada com
a adoração e entediada com a ardente santidade de
Deus. Então o que você vai fazer — sair para o
inferno? É a única alternativa que você tem.” Eu
preguei nas semanas seguintes e ela nunca mais veio
me ouvir.

Em uma reunião de ministros, ele ficou muito


agitado com dois homens que estavam rindo durante
o sermão e e os convidou a se retirarem por sua
irreverência:

Ouçam, companheiros, se isso for engraçado para


vocês, então vão para casa; eu estou pregando com
todo o meu coração aqui sobre a eternidade —
vocês são pastores? Vocês precisam estar neste altar
agora! Isso é tão vital quanto qualquer mensagem
que eu tenha pregado. Esta é uma hora de crise e
isso é toda a reverência que vocês têm por Deus?
Não é de admirar que sua igreja seja ímpia. Eu estou
pregando diretamente o que está nas Escrituras; se
vocês não gostam, então vão. Se esse é o único tipo
de reverência que vocês têm por Deus, então vocês
estão bem doentes. Vocês podem não ser sérios, mas
eu certamente sou.

Tais respostas e reações de Ravenhill trazem sua


humanidade à mostra para uma avaliação honesta.
Como devem ser vistas as reações de Len nesses
momentos? Era necessário que ele repreendesse as
pessoas publicamente como ele fez? Provavelmente
não. Ele reagiu de forma errada em tais situações? A
resposta honesta é sim.

Talvez algumas vezes tais repreensões sejam


necessárias, mas não nessa medida. É apropriado
concluir que, em alguns momentos, Leonard
excedeu os limites da sabedoria em tais respostas
públicas. Tais reações públicas às pessoas não
mudariam o ofensor e provavelmente acabariam
com qualquer receptividade por parte da
congregação.
Nossa opinião é que tais respostas de sua parte não
foram a orientação do Espírito Santo, mas sim o
zelo de Leonard se transformando em frustração.
Um “amém” zeloso, ou pessoas que falam umas
com as outras no banco da igreja, não exigem uma
repreensão pública. A questão real aqui é que nem
todas as distrações que as pessoas fazem nos
serviços da igreja merecem uma censura pública.
Mas por alguma razão, Leonard não via dessa
maneira.

Houve momentos em que Leonard percebia que


uma igreja não estava recebendo sua mensagem e
ele ficava frustrado. Todos os pregadores têm dias
ruins. Às vezes, ele parecia reagir imprudentemente
a algo que o perturbou em um culto na igreja. Em
uma noite diferente, possivelmente a resposta teria
sido diferente. Na maior parte do tempo Leonard
seguia com o Espírito, mas ele nem sempre estava
certo em suas reações. Alguns comentários públicos
que ele fez estavam claramente certos e outros não.
As pessoas que entendiam Leonard sabiam por que
ele, às vezes, respondia como ele fazia. Era sua
feroz lealdade à verdade e à glória de Deus. Ele
tinha ciúmes da honra de Deus. Ninguém duvidou
de quão sério ele era sobre o reino de Deus. A. W.
Tozer falou disso quando escreveu sobre o coração
ardente de Leonard:

Tal homem provavelmente será drástico, radical,


possivelmente violento em alguns momentos, e a
multidão curiosa que se reuniu para vê-lo logo o
rotulará como um fanático extremo. Nesse sentido,
eles estão certos. Estas são as qualidades que as
circunstâncias exigem. Seu ministério é voltado para
a emergência e esse fato o destaca como
diferente.122

Ravenhill estava consciente do fato de que ele era


percebido como sendo muito rigoroso, limitado e até
mesmo crítico. Falando de Martinho Lutero,
Leonard disse:
Eu tenho empatia com Lutero quando ele diz: “Eu
nasci para lutar contra demônios e facções; é meu
dever remover obstruções, cortar espinhos,
preencher atoleiros e abrir e fazer caminhos retos.
Se eu devo ter alguma falha, permita-me falar a
verdade com muita severidade do que agir como
hipócrita e esconder a verdade.”

Isso revela por que ele falava daquela forma.


Leonard era tão protetor das almas que ouviam a
verdade que ele não queria que nada interferisse
com o Espírito Santo trabalhando em seus corações.
Seus motivos estavam certos, mesmo que seus
métodos fossem questionáveis às vezes. Até mesmo
seu zelo imprudente colocou o temor de Deus nas
pessoas.

A lição aqui é clara. Todo cristão deve lembrar que


os melhores pregadores ainda são homens e não
devem ser exaltados. Como Emma Bevan escreveu
em seu hino, “God in Heaven Hath a Treasure”:
Vasos de barro, estragados, sem graça, Mas o
tesouro como antigamente;
Fresco da glória, brilhando intensamente, O ouro
imutável e imutável do Céu.

A mão de Deus, o vaso enchendo


Com a glória tão distante;
Corações saudosos para sempre quietos Com
aquelas riquezas de seu amor. Assim, somente
através dos vasos de barro, Brilhando na graça
incessante;
Alcançando corações cansados e solitários,
Direciona-se a luz no rosto de Jesus.

Vasos sem valor, quebrados,


Rolando através das eras de fome;
Riquezas dadas com mão firme,
O grande presente de Deus — Seu precioso Filho.

Ravenhill pregava nos círculos devotos com


frequência e sempre os atingia com a verdade, sem
poupar ninguém. Ele disse em uma igreja: “Vocês,
mulheres, têm cabelos compridos, vestidos
compridos, e vocês também têm outra coisa —
longas línguas.” Ele pregava essas coisas porque
queria que aqueles que confiavam em sua retidão
aparentem saber que o cristianismo era uma questão
de colocar o coração diante de Deus, não apenas
externamente.

Sua visão da brevidade da vida e da proximidade


da eternidade trouxe realidade à sua pregação.
Citando o Senhor Jesus, Leonard costumava dizer:
“Precisamos trabalhar enquanto é dia — a noite
chega”, e então acrescentava “e chega rapidamente
— há fardos a serem levantados e batalhas para
lutar”.

Leonard estava livre do medo do homem, do


desejo de impressionar os homens e dos medos do
que seu alto padrão poderia lhe custar. Ele escreveu
para um amigo:
Nós estávamos em uma igreja batista na outra
semana com cerca de quinhentas pessoas todas as
noites. A experiência normal para mim é que o
pregador costuma dizer: “Irmão Ravenhill, tivemos o
maior público que já tivemos em reuniões, mas sinto
muito que esta é a menor oferta de amor que
tivemos em cinco anos.” Por quê? Porque quando
eu prego, magoo as pessoas. Eu não vou mentir e
não vou consolá-los. Eu não estou tentando ser
popular e não me importo se alguém gosta de mim
ou não. O Senhor nunca me disse para ser apreciado
pelos outros. Jesus foi um dos homens mais odiados
que já viveu.

Leonard via a vida cristã como Tozer fez — que


todo crente é um soldado atrás das linhas inimigas,
nascido em um campo de batalha, não em um
parque de diversões. Ele viu toda a vida em termos
de guerra espiritual real, que não lutamos contra a
carne e o sangue, mas contra os princípios e
poderes, dizendo: “Nenhum homem que planeja
lutar no ringue esperaria que seu oponente ficasse de
pé e fosse golpeado. Haverá golpes para dar e
receber. Da mesma forma é com o nosso inimigo —
ele bate de volta. Nós nunca podemos assinar um
tratado de paz com ele.”

Leonard estava pregando e escrevendo sobre a


ascensão do Islã nos países ocidentais desde a
década de 1960. Ele conhecia sua história, entendia
sua falsa doutrina, traçava seu desenvolvimento
histórico e alertava sobre seus perigos. Ele o via pelo
que era, em todo o seu zelo agressivo e demoníaco:

Na Inglaterra, no lugar de seiscentas igrejas cristãs


históricas, temos agora seiscentas mesquitas
islâmicas. O maior reavivamento agora está entre os
muçulmanos. Por quê? Porque eles estão prontos
para morrer. Você não pode assustá-los porque eles
estão prontos para morrer por sua fé. Mas não
estamos preparados para morrer. Nós não estamos
nem preparados para viver.

Leonard costumava falar sobre ouvir os grandes


pregadores ingleses da época, incluindo Samuel
Chadwick, Alexander Whyte e Martyn Lloyd-Jones.
Ele conhecia muitos dos principais pregadores dos
anos 1960 e 1970. Mas ele não poupava ninguém se
pensasse que eles comprometiam a Bíblia ou seus
ensinamentos de qualquer forma. Ele era mais duro
consigo mesmo do que com os outros.

Leonard não aceitaria concessões, mesmo quando


isso lhe custasse pessoalmente. Havia um empresário
do outro lado do país, de quem os Ravenhills
recebiam anualmente um carro novo durante anos.
Eles pegavam o carro enquanto dirigiam para um
compromisso de pregação em algum lugar.

Depois de vários anos, o homem teve uma falha


moral e, aparentemente, não se arrependeu. Depois
disso, Leonard nunca aceitou outro carro. Sua
resposta simples foi: “Eu não posso ser uma parte
que aceita um presente de alguém que está
voluntariamente vivendo em pecado exposto.”

Em 5 de junho de 1963, ele escreveu para os


Blooms:

É certamente verdade que o caminho sobe mais e a


luta do inimigo é mais forte com o passar dos dias.
Há apenas uma coisa que podemos fazer que é lutar
e lutar. Louvai-o, que sua graça é suficiente. Há
batalhas pela frente para todos nós, enquanto
mantemos os velhos caminhos e nos recusamos a
nos comprometer com essa mania moderna de um
evangelho adulterado.

Leonard não era de parar de falar a verdade que ele


sabia que deveria ser ouvida. Escrevendo um ano na
época do Natal para os amigos, ele disse: “Este
Natal falso dos mundanos é uma vergonha; eles
cantam sobre seu nascimento, mas se comportam
como pagãos.”

Suas visões espirituais sempre voltadas para frente


e para cima, o zelo de Ravenhill nunca parecia
fraquejar ou diminuir. Uma das características
marcantes de sua conversa era a fragrância da
grande verdade que sempre esteve em seu coração,
que fez com que ele e outros continuassem a buscar
conhecer o Senhor:

Eu acabei de perceber que depois que a majestade


do Senhor foi revelada a Isaías, ele passou a falar do
“Santo” 29 vezes em sua profecia. Qualquer visão
semelhante a Isaías mudará uma pessoa para
sempre. Nunca mais ele ou ela se contentará em
comer pão e andar na poeira da terra. Existem coisas
mais sublimes, mas muitas pessoas não as querem,
embora ainda existam algumas que querem.

A oração de Amy Carmichael — “Faça-me teu


combustível, ó chama de Deus” — foi o desejo e
oração de toda a vida de Leonard. Ele viveu com
uma única santa paixão: Cristo.
17 PREGAÇÃO: A COISA MAIS SÉRIA DO
MUNDO

​ ​ ​ ​

Oldham, Inglaterra, congregação na tenda


evangelística, 1932
Quando Leonard Ravenhill subia no púlpito, ele
pregava.
Richard Owen Roberts

A pregação não-ungida é o pecado imperdoável


do púlpito moderno. L.R.

O que é um verdadeiro pregador? Ravenhill


frequentemente fazia a pergunta e dava a resposta:
“Um verdadeiro pregador é um homem enviado de
outro mundo para este com uma mensagem daquele
outro mundo, para pessoas perdidas neste mundo,
que em breve irão para o próximo mundo.”

Pregar foi o trabalho de sua vida por mais de


setenta anos. Para Leonard, era o trabalho mais
importante do mundo. Ele acreditava nisso porque
sabia que a pregação é o principal meio que Deus
escolheu, pelo qual Ele salva os pecadores através
do evangelho. A mensagem é o ministério de
reconciliação que Deus deu à igreja (2 Coríntios
5:18-19). Paulo diz que Deus escolheu a loucura123
da pregação, literalmente “a loucura da mensagem
pregada”, para salvar aqueles que creem (1
Coríntios 1:21).

Ravenhill amava a pregação bíblica, em parte


devido ao fato de conhecer e ouvir muitos dos
grandes pregadores do século XX — D. M. Lloyd-
Jones, A. W. Tozer, Stephen Olford, Duncan
Campbell, Samuel Chadwick, Conrad Murrell, G.
Campbell Morgan e muitos outros em toda a
América e no mundo. Campbell Morgan, Lloyd-
Jones e Chadwick sempre foram seus grandes
favoritos.

Leonard provavelmente acreditava na importância


de pregar tanto quanto qualquer homem na história.
Ele tinha a mais alta visão disso como um meio de
graça, acreditando ser o método ordenado por Deus
de avançar o evangelho na terra. Ele nunca se
afastou de sua prioridade e prática até o fim da vida.

A pregação de Ravenhill

O que o pregador inglês Archibald Brown disse


sobre pregar o evangelho é uma boa descrição da
pregação de Ravenhill:

O evangelho é um fato; portanto, diga isso de


forma simples. O evangelho é um fato alegre;
portanto, conte-o com alegria.

O evangelho é um fato confiado; portanto, conte-o


com fidelidade.
O evangelho é um fato de um momento infinito;
portanto, diga-o com sinceridade.
O evangelho é um fato de amor infinito; portanto,
diga-o com sentimento. O evangelho é um fato de
difícil compreensão para muitos; portanto, conte-o
com imagens.
O evangelho é um fato sobre uma pessoa; portanto,
pregue a Cristo.1

Isso descreve Ravenhill no púlpito. Leonard era um


pregador profético, uma voz gritando no deserto da
sociedade do século XX. O que ele disse em um
artigo era verdade sobre si mesmo:

Um verdadeiro profeta não adotará os métodos da


Madison Avenue. (Avenida da fama)
Ele não buscará patrocinadores, não fará fortuna
nem implorará favores. Ele não cortejará
prosperidade, não acumulará mercadorias e não
projetará nenhuma imagem. Ele não expressará
superficialidades e não falará em generalidades.

Ele não encabeçará desfiles e não esperará elogios.


Ele não será um artista nem será entretido.
Ele se deleitará em carregar sua cruz, conhecendo
algo de angústia de espírito e ansiedade da alma.
Leonard nasceu para ser um pregador, embora ele
não tenha inicialmente tido isso como seu objetivo
principal. Deus fez dele um pregador parcialmente
por causa de sua vida de oração. A prioridade de
Len era a oração antes da pregação. Sua vida de
oração era o poder por trás de sua poderosa
pregação. Quem o ouviu pregar foi afetado. Ele
sempre teve a atenção dos homens no púlpito. Sua
pregação foi apaixonada pela eloquência e
explanação proferidas sob a autoridade do Espírito
Santo. Leonard foi um dos poucos homens do
século XX que conseguiu manter a atenção dos
ouvintes ao longo de um sermão de duas horas.

Leonard era a mesma pessoa pregando em uma


igreja doméstica para cinquenta pessoas e em uma
convenção nacional para dez mil pessoas. Ele não se
importava com números ou em impressionar
pessoas. Ele se importava com a glória de Deus e
com as almas das pessoas. Ele se importava com
honrar a verdade de Deus através da pregação fiel.
Ravenhill disse certa vez: “Minha pregação é longa
e forte, mas não errada. É a melhor pregação” —
então parou e acrescentou — “que eu posso dar”.
Ele quis dizer que levava a pregação muito a sério,
sempre dando o melhor de si.

Seu sermão típico começaria com uma declaração


simples e interessante, tal qual “Deus não precisa de
patrocinadores — Ele só precisa de homens” ou
“Profetas são homens de emergência de Deus para
as horas de crise”. Ele então definia o contexto da
passagem a partir da qual ele estava pregando. Se
estivesse falando sobre a vida de oração de Cristo do
Evangelho de Lucas, ele abriria com palavras como:
“Lucas foi corretamente chamado de evangelho de
oração” e depois mostraria como Lucas mostra a
vida de oração de Jesus mais do que qualquer outro
escritor do evangelho.

Conforme Leonard se aquecia no assunto, logo ele


era elevado a outro nível, falando com paixão tão
eloquente que a congregação ficava impressionada
com a presença de Deus e com a convicção
inescapável. Suas palavras às vezes feriam muito
profundamente, mas era o Espírito de Deus sobre as
palavras. Ele disse a um grupo de pregadores: “Não
há nada na Terra depois da pregação, nem mesmo o
trabalho na Casa Branca. O problema hoje é que
temos muitos pregadores mortos distribuindo
sermões mortos para pessoas mortas.”

Al Whittinghill estudou a pregação de Leonard


extensivamente ao longo de muitos anos e conheceu
muito bem seus dons no púlpito. Whittinghill vê a
pregação de Ravenhill com discernimento e
sabedoria:

Len sabia como atrair homens e mulheres para suas


mensagens, falando com eles em ilustrações,
histórias e exemplos. Parecia saber exatamente
quando fazer essas perguntas penetrantes e fazer
longas pausas, então usava o humor de uma maneira
que parecia levar a uma convicção ainda mais
profunda. Ele era um mestre da comunicação.
O caráter de Deus e os atributos gloriosos pareciam
ser o pano de fundo de toda a sua pregação.
Aqueles que o ouviram pareceram ter um vislumbre
do grande Deus que ele amava tão
apaixonadamente. Ele podia pintar quadros de
palavras tão claras que seus ouvintes se sentiam
transportados para as realidades que descrevia.
Muitas vezes ele traria história após história para
carregar sobre os ouvintes algo que era como golpes
de martelo no coração até que tudo parecia se unir
em uma trombeta inegável para cair à sua frente
diante deste digno Rei e encarar as verdadeiras
questões da vida espiritual.125

O que surpreende alguns que tiveram exposição


mínima à pregação de Ravenhill é ver a amplitude
de seus assuntos. Isso pode ser visto em uma
amostragem de sermões específicos:

• Um coração flamejante
• Um homem de Deus

• Você está desejando arrependimento?

• Batismo de fogo

• Batismo de arrependimento

• Batismo do espírito

• Seja santo em todas as conversas

• Fique em silêncio e saiba que eu sou Deus

• Eis que Ele ora

• Escolhendo em vez de sofrer

• Oração desesperada
• Eternidade

• A excessividade da plenitude do pecado

• Lamentando o Espírito Santo

• Hannah e oração eficaz

• O inferno não tem saídas

• Evangelismo de cachorro-quente

• João Batista e o fogo de Deus

• Lo-Woe-Go: Isaías 6

• A majestade de Deus
• O tribunal de Cristo

• A supremacia de Cristo

• Qual é a sua vida?


Séries de vários sermões incluem:

• Um coração puro

• Adversidade

• Liberdade das amarras: Romanos 8

• Hebreus 11

• Oração intercessora

• Intimidade com Deus


• Palestras sobre pregação

• Palestras sobre o avivamento

• Oração exige santificação

• Salmo 51

• Reavivamento orando

• O Sermão da Montanha

• O custo do discipulado

• O custo da adoração

• As bem-aventuranças

• A santidade de Deus
• O tribunal de Cristo

• Visão de três dobras

• Adoração
Os círculos em que Leonard pregou eram
amplos e variados. Por mais restrita e estreita
que fosse sua visão do cristianismo histórico, seu
ministério de pregação era o mais amplo
possível dentro do evangelismo professante. Ele
pregou entre muitos grupos e denominações —
anglicanos, arminianos, assembleias de Deus,
igrejas da Bíblia, calvinistas, carismáticos,
aliança missionária cristã, igreja de Deus,
dispensacionalistas, santidade, independentes,
batistas independentes, luteranos, metodistas,
morávios, presbiterianos, reformados, igrejas
batistas reformadas, batistas do sul e movimento
Vineyard. Leonard pregou em qualquer lugar e
em todos os lugares a que ele foi convidado,
independentemente da configuração.
Nos anos 1970 e 1980, Ravenhill tinha um
ministério extensivo entre os batistas do sul. Ele
parecia ter um amor especial por muitas de suas
igrejas e pastores, já que via Deus atuando entre
eles. Em junho de 1973, ele escreveu a um amigo:
“Atualmente, existe um verdadeiro movimento
espiritual entre os batistas do sul. Eles estão com
fome e foram despertados em sua busca por uma
autêntica vida cheia do Espírito. Eu vou pregar na
próxima semana em outra igreja da CBS que
acomoda mil pessoas.”

Em uma semana seu ministério pode ser para


quarenta pessoas em uma igreja do interior. Na
semana seguinte, ele poderia estar em uma igreja da
cidade com cinco mil membros. Em qualquer
situação, ele era o mesmo homem — leal à verdade,
genuíno, autoritário e, como diz a Escritura, “cheio
de fé e do Espírito Santo”.

Em uma grande igreja batista em Nashville,


Tennessee, Leonard iniciou uma série de reuniões
fazendo com que a equipe e os diáconos se
sentassem na primeira fila na primeira noite. Ele os
cobrou quanto ao que dizem as Escrituras sobre as
qualificações morais dos líderes. Na segunda noite,
apenas o pastor e um punhado de membros da igreja
apareceu.

Na terceira noite, a notícia sobre a pregação se


espalhou e as multidões começaram a crescer. As
reuniões superaram a igreja anfitriã e um lugar de
reunião maior foi reservado. O Senhor começou a
derramar sua presença e as reuniões se estenderam
por várias semanas. A igreja anfitriã rejeitou em
grande parte a Palavra pregada, mas muitos crentes
famintos da área de Nashville abriram seus corações.
Leonard amava pregar para corações famintos.

Algumas pessoas tinham a perspectiva de que


Ravenhill era um homem de um sermão, ou seja,
que ele tinha apenas uma mensagem —
reavivamento. Isso é compreensível, mas a evidência
é que sua pregação foi muito mais do que apenas
sobre reavivamento. Outros diriam que sua pregação
era uma compilação de algumas verdades —
reavivamento, oração e santidade da vida. Isso é um
pouco preciso, mas ainda é insuficiente. Um exame
de seus sermões revela que ele falou sobre uma
grande variedade de textos, doutrinas e assuntos.

É verdade que duas doutrinas primárias permearam


a pregação de Leonard — reavivamento e oração.
Ele retornou de novo e de novo a esses assuntos,
que foram inseridos em quase todos os sermões e
livros. Essas verdades foram tecidas em seu coração
desde sua juventude.

Em relação à mensagem de reavivamento, ele era


um especialista. Foi a sua mensagem para a igreja de
sua geração. Ele não era a pessoa para pedir ajuda
sobre a teologia técnica do reavivamento. Havia
outros que eram mais adequados para isso. Mas em
relação à importância e necessidade de
reavivamento, ninguém foi melhor do que Leonard
Ravenhill.

De um modo geral, ele não era pregador pastoral


(embora muitas vezes ele tenha dito coisas muito
encorajadoras). Sua pregação seguia o espírito dos
profetas do Antigo Testamento, que entregaram o
encargo do Senhor para o tempo em que viviam.
Leonard falou muitas vezes do seu ministério:

“O fardo do Senhor” é a afirmação frequentemente


usada pelos profetas no Antigo Testamento. Eles
eram homens de Deus que estavam cientes das
circunstâncias em torno deles e da condição do
povo. Eles também conheciam a justiça do Deus
Todo-Poderoso. Portanto, eles estavam cientes de
que qualquer nação que estivesse se afastando da
verdade de Deus entraria no julgamento divino.
Como resultado, eles estavam profundamente
sobrecarregados e, pela inspiração do Espírito
Santo, foram obrigados a clamar contra os pecados
do povo.126
Não era como se ele não ensinasse ou pregasse de
uma maneira que encorajasse os crentes. Ele
frequentemente atuava como um professor
expositivo, especialmente em igrejas onde pregava
uma série de reuniões. As igrejas onde ele pregava
frequentemente tinham serviços ao meio-dia com
uma refeição. Durante o almoço ele ensinaria a
partir de uma seção das Escrituras. Ele adorava falar
sobre o Sermão da Montanha ou Hebreus 11 em tais
circunstâncias.

Em 1977, em uma igreja batista em Fort Worth,


Texas, suas exposições ao meio-dia das bem-
aventuranças eram tão sólidas e edificantes quanto
qualquer coisa que eu já ouvi. Leonard seguiu
fielmente o texto, não se desviando para a direita ou
para a esquerda. Ele sempre evidenciou ter uma
tremenda percepção e sabedoria na Palavra de Deus.

Outra verdade que Leonard sentiu que precisava


ser pregada era o juízo final. Ele raciocinou, como
Paulo, sobre justiça, temperança e julgamento
vindouro. Em relação ao julgamento futuro, ele
falou sobre isso no início de seu ministério na
Inglaterra, o que está revelado em um trecho de um
sermão da década de 1930:

Em uma breve e brilhante biografia de um famoso


pregador americano, diz-se que ele tinha alguns
hábitos muito estranhos. Uma era levar no bolso um
punhado de pedras preciosas, como um diamante,
uma safira, um rubi, uma esmeralda e outros. Ele
ficava andando e pegava uma das pedras,
segurando-a contra a luz, movendo-a para procurar
diferentes tons ou iluminações da luz do sol. Todas
as pessoas que o viram acharam que ele era um
pouco estranho.

O nome do pregador era Jonathan Edwards. Talvez


ele fosse estranho, mas essa não era a única coisa
estranha sobre ele. Ele pregou um sermão muito
famoso que as pessoas frequentemente
consideravam extremista, chamado de “Pecadores
nas mãos de um Deus zangado”. A segunda vez que
ele pregou em Enfield, Connecticut, as pessoas
começaram a cair de seus assentos e a se segurar nos
bancos da igreja, clamando por misericórdia.

Havia razões para o poder e a unção de Edwards,


uma das quais é que ele orou: “Ó Deus, esboce a
eternidade nos meus olhos!” Talvez tenhamos dito
uma oração como essa, mas se Deus deveria impor a
eternidade aos nossos olhos, estou bastante
convencido de que seríamos pessoas muito
diferentes.

Alguém disse uma vez ao estudioso Daniel


Webster: “Você tem uma mente colossal. Qual foi o
maior pensamento que você já teve?”, ao que
Webster respondeu: “Pensei em muitas coisas, mas o
pensamento mais aterrorizador e perturbador que já
tive é este — minha responsabilidade pessoal para
com Deus.”

Há aproximadamente um milhão de palavras na


Palavra de Deus. Um escritor de hinos chama a
Bíblia de “um caixão de ouro onde estão guardadas
as joias da verdade, a imagem tirada do céu de
Cristo, a Palavra viva.”
Sugiro que, assim como Edwards selecionou uma
pedra preciosa e a levantou para a luz, selecionemos
uma palavra desse “caixão de ouro” e a ergamos
para a luz da eternidade. A palavra que eu escolheria
é julgamento. Eu espero que você ao menos se
preocupe o suficiente para dizer: “Por favor, Senhor,
dê-me uma nova iluminação sobre este fato
impressionante do tribunal de Cristo!”

Leonard tinha uma mente excepcional, uma


memória incrível e um dom único de pregação. Ele
normalmente pregava por mais de uma hora sem
anotações. O conteúdo era excelente e autoritário,
mantendo a atenção de todos. Sua pregação só pode
ser descrita como sendo uma demonstração do
Espírito e de poder, como diz o apóstolo Pedro:
“com o Espírito Santo enviado do céu”.

As impressões de Ravenhill sobre a pregação


Eu não me importo de pregar as pessoas à
convicção, mas eu não quero pregá-las para a
escravidão.
Existem três tipos de pregação — boca a ouvido,
cabeça a cabeça e coração a coração. Uma
mensagem preparada na cabeça só alcançará a
cabeça, mas uma mensagem que queima no coração
acenderá outros corações. A piedade apostólica, a
pureza apostólica e o poder apostólico são as
necessidades de hoje.

A maioria dos pregadores é preguiçosa, nebulosa


ou louca. Um diploma não fará um pregador mais
do que um cinto de couro fará de um homem um
profeta.
Passamos o Natal passado nas Bahamas. Domingo
de manhã ouvimos um sermão mais entediante que
qualquer homem alguma vez tenha murmurado no
púlpito. Que pena. As ovelhas famintas olham para
cima e não são alimentadas. Ai dos pastores
preguiçosos!
Jesus citou Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, pois ele me ungiu para pregar”. Jesus nunca
fez uma única coisa até poder dizer: “O Espírito do
Senhor está sobre mim.” E o que dizer de você?
Não há ninguém que possa lhe dar verdadeira
autoridade para pregar, nem seu seminário,
denominação ou qualquer outra pessoa.

Apenas mantenha seus olhos no trono, seus joelhos


no chão, e sua confiança no fato de que você está
sentado com Cristo em lugares celestiais, não
fictícios, mas reais. Certifique-se de que você
também pode dizer com Paulo: “Não cobicei a
prata, o ouro ou o vestuário de nenhum homem”, e
eu acrescentaria a isso “seu púlpito”.

Estou convencido de que, no atual turbilhão de


confusão teológica e moral, ainda há muitos
perguntando: “Existe alguma palavra do Senhor?”
Eles não estão interessados em seu ato de
malabarismo teológico, seu vocabulário elástico, a
reinvenção de algum evento político recente, ou a
quase desgraça do mercado de ações. Eles querem a
palavra de redenção. Prenda-se às boas novas. Jesus
veio para nos libertar, não nos assustar. Este é o seu
ano, pregador. Viva de joelhos fora do púlpito, mas
fique de pé nele e corajosamente proclame o ano
aceitável do Senhor. Que Deus esteja convosco!

Há três coisas que faltam na pregação moderna —


imensidão, intensidade e eternidade.
Pregadores, vamos tirar um dia de folga e nos
examinar para ver se estamos na sucessão apostólica
ou não; caso contrário, o Dr. Mackenzie pode estar
certo quando diz: “Às vezes temos sido culpados de
exercer um ministério que não poderia produzir um
novo cristão mais do que um esqueleto pode
carregar uma criança viva.”

Um sermão nascido na cabeça atinge a cabeça, mas


um sermão nascido no coração atinge o coração.
Estou cansado de pregadores que agem como leões
no púlpito, mas como gatos de rua do lado de fora.
O profeta é violado durante o seu ministério, mas
reivindicado pela história.

Qual é o trabalho do pregador? Preparar as pessoas


para a eternidade. Na pregação, permita que as
pessoas vejam que você é sincero. Os homens não
rejeitarão seus prazeres mais caros por um pedido
sonolento.

George Whitefield foi um dos favoritos de Len na


história da igreja.
Ele citava o amor de Whitefield por Cristo e como
Deus o usou:

Talvez a voz mais incrível da história tenha sido


George Whitefield, contemporâneo e ao mesmo
tempo colaborador de Wesley. Um homem estava
sentado na beira da estrada a uma milha de distância
de onde Whitefield estava falando sem amplificação
e o homem foi salvo ouvindo o sermão. O famoso
ator Stephen Garrick ouviu que George Whitefield
iria pregar em Londres às 5:00 da manhã e foi ouvi-
lo.

Você acreditaria que ele acordou às cinco horas da


manhã para ouvir esse homem? Oh, misericórdia!
Você consegue imaginar duas ou três mil pessoas,
esperando naquela hora da manhã para ouvir um
pregador? Whitefield foi um homem que Deus
possuía completamente e sua vida foi surpreendente.

Necessidade: uma nova raça de pregadores

“Se Jesus voltasse hoje, Ele não limparia o templo


— Ele limparia o púlpito.” Essa era a visão de
Leonard sobre a pregação contemporânea. Ele
exigia uma visão elevada da pregação, um
compromisso maior e mais sagrado com a
verdadeira pregação e que os homens santos
ocupassem os púlpitos da terra. Ele deplorava a
superficialidade do púlpito moderno e
frequentemente soava uma explosão de trombeta
quando e onde podia:
Nossos púlpitos têm mais fantoches do que
profetas. Parece-me que o pregador comum hoje é
um cruzamento entre um executivo júnior da IBM e
um gerente de um restaurante do McDonald’s. Há
poucos com um fardo real. A única coisa com que o
pregador parece se preocupar é que a igreja está
financeiramente no vermelho.

Ele falou sobre a pregação moderna em outra


ocasião:

Fico furioso quando penso na pregação dispersa


destes tempos. Quando leio alguns dos sermões dos
grandes homens de 1600, sinto-me humilhado além
das palavras sobre os desleixos que os pregadores de
rádio e TV apresentam como o evangelho. Eu
poderia me alegrar se metade deles morresse
amanhã. Uma senhora mencionou que seu pastor
ora pelos mortos. Quando me perguntam se eu faço
isso, eu digo: “Não, eu apenas prego para eles.”
Leonard era uma grande inspiração e
encorajamento para os pregadores, mas também
poderia ser seu pior pesadelo, um verdadeiro
espinho na pele. Suas repreensões muitas vezes são
profundas quando ele aponta o dedo para uma
plateia de pastores e diz: “A razão pela qual temos
tantos pigmeus em nossos bancos é porque temos
muitos fantoches em nossos púlpitos.”

Ele expôs tudo o que é superficial e carnal no


ministério cristão. Len podia ser implacável com
aqueles que não levavam a sério um ministério que
honra a Deus. Ele ofereceu aos jovens ministros um
padrão inacessível de ministério, o que desencorajou
alguns, mas inspirou aqueles verdadeiramente
chamados por Deus. Leonard acreditava que em
todas as gerações Deus sempre levanta pregadores
verdadeiros e ele sempre os chamava para
aparecerem:

Oh, que verdadeiros profetas surgissem agora em


nossa geração. Nossos púlpitos têm mais fantoches
do que profetas. Nesta hora de crise moral e
espiritual na América, precisamos de um profeta em
cada púlpito em todas as igrejas da nação.

É minha opinião solene que o Senhor em breve


levantará uma nova geração de pregadores, não
essencialmente homens acadêmicos, mas homens
nascidos do Espírito, cheios do Espírito e
controlados pelo Espírito, homens cujos nomes
nunca foram ouvidos, vindos de lugares que não
conhecemos, dizendo coisas que nunca ouvimos,
fazendo coisas que nunca vimos, em tempos que
nunca pensamos que viriam em nosso caminho.
Tenho certeza de que eles virão.

Eles não precisarão de nenhuma técnica da


Madison Avenue, não buscarão patrocinadores, não
pedirão favores, não farão fortunas, não pedirão
apoio, não projetarão nenhuma imagem, não
expressarão superficialidades, não falarão de
generalidades nem buscarão elogios. Eles não serão
artistas nem esperam ser entretidos. Eles conhecerão
a angústia de espírito e a ansiedade da alma que não
é conhecida pelos evangelistas profissionais. Que
Deus adiante seu dia.

Não precisamos apenas de outro Isaías —


precisamos de um em cada púlpito da terra. Os
profetas eram figuras trágicas pela própria natureza
de seu chamado. Eles tinham uma feroz lealdade a
Deus e um coração partido pelo pecado da nação.
Ezequiel teve que se deitar trezentos e noventa dias
de um lado sem o conforto de poder virar; Isaías
teve que andar nu diante das pessoas por três anos.
Nossos lindos e mesquinhos pastores hoje
morreriam sob tal pressão. Mas eu me recuso a
pendurar minha harpa nos salgueiros. Deus ainda se
levantará e dispersará seus inimigos.

Na década de 1980, Leonard escreveu para os


Breshears:

Queridos John e Virginia,


Nas últimas três noites de quarta-feira, tenho
ministrado uma aula sobre pregação no centro de
treinamento do ministério da Força Ágape. Minha
expectativa era de que houvesse uma dúzia de
pessoas interessadas em tal aula. Entre duzentos e
trezentos foram chegando e ainda mais esta semana.
Isso me dá a chance de obter algum fundamento nas
mentes e corações de alguns bons jovens cristãos.
Domingo de manhã eu preguei no serviço da manhã
da Ágape sobre o tribunal de Cristo. Disseram-me
que algumas pessoas estavam chorando por até nove
horas após o término da reunião. Alguns dos
principais líderes estavam realmente quebrados.
O Mestre disse: “O Espírito do Senhor está sobre
mim porque Ele me ungiu para pregar.” Meus
pensamentos se cristalizaram nessa verdade simples
— a pregação não-ungida é o pecado imperdoável
no púlpito. Que bênção que a verdadeira unção não
é para os ricos com seus bolsos profundos ou para
os intelectuais, a menos que sejam quebrados pela
primeira vez na cruz. Eu tenho certeza que a coisa
mais difícil de conseguir neste mundo é a unção de
Deus em sua vida e é também a coisa mais difícil de
manter.
Com amor para todos vocês,
Leonard e Martha

Ravenhill não tolerava o liberalismo de nenhuma


forma. Ele sentia que os ministros que negaram ou
comprometeram as Escrituras não deveriam estar no
ministério de modo algum:

Eu ouvi um pregador dizer sobre Jonas e a baleia


que há algo suspeito nessa história — bem, é claro
que existe; não é sobre um burro, é? O que ele quis
dizer é que há algo de fictício na história. Isso não é
verdade porque Jesus disse que Jonas estava na
barriga do grande peixe por três dias e três noites.
Então, esse pregador nega o que Jesus disse? A
verdade é que um ministro que vai negar as
Escrituras deve deixar o ministério e ir vender
hambúrgueres. Se ele é um liberal, ele deveria sair.
Eu o demitiria se tivesse alguma influência sobre
isso.

Humor na pregação
Por mais sério que Leonard fosse quanto a pregar,
seu senso de humor era grande e estava sempre
trabalhando. É surpreendente quanto humor ele
usou nos sermões. O humor aparecia quase todas as
vezes em que ele pregou. Ele intencionalmente fazia
piadas sobre muitas coisas, seja sobre si mesmo ou
sobre os outros. Ele continuamente via humor nas
coisas. Muitas vezes, eram piadas ou comentários
divertidos, criados para estabelecer um
relacionamento com seu público e, ao mesmo
tempo, para ilustrar a verdade. Às vezes, sua
primeira declaração na igreja costumava ser uma
piada.

Quando pregou em 1980, no extremo sul na Igreja


Batista Cottage Hill, em Mobile, Alabama, na
primeira manhã de domingo, ele iniciou com esta
declaração: “Eu sempre preguei no exterior com um
intérprete do qual não gosto. Por isso, é bom falar
onde as pessoas entendem inglês, mesmo que não
consigam falar.”
Em fevereiro de 1976, ele escreveu a um amigo:
“Eu acho que se eu decidir ser ‘grande’ como outros
evangelistas, eu precisarei de algumas abotoaduras
personalizadas e talvez até tenha que perfurar
minhas orelhas! Afinal, um evangelista de primeira
classe deve ter algum tipo de distinção especial,
certo?”

George Verwer convidou Leonard para falar na


conferência em Memphis, Tennessee, no final dos
anos 1980. Quando Leonard se levantou para falar
pela primeira vez, brincando, ele disse: “O estilo de
roupas de George é realmente perfeito — para vinte
anos atrás.” Leonard provavelmente teve que
mortificar muito do humor que lhe veio à mente. Ele
teria concordado com C. H. Spurgeon, que disse:

Às vezes, quando digo alguma coisa engraçada na


pregação, não lhe peço desculpas, pois se Deus me
deu humor, pretendo usá-lo em sua causa; muitos
homens foram apanhados, com o ouvido preso e a
atenção conquistada por uma observação estranha.
Se alguém puder provar que é uma maldade e não
uma faculdade natural, então a abandonarei. Mas o
humor é uma faculdade da natureza e deve ser
consagrado e usado para a causa de Cristo.

Leonard ficou em uma casa em Chicago quando


pregou para o Dr. Tozer. Um dia, a dona da casa
disse: “Vou ao salão de beleza. Eu vou ao mesmo
salão de beleza há vinte anos.” Len olhou para ela e
pensou: “Mulher, se você está indo há vinte anos,
como você se parecia quando eles começaram com
você?”

Em um sermão ele disse: “Minha preciosa esposa


não tem joias. Ela recebe algumas roupas muito
caras geralmente dadas a ela. Um dia ela disse:
‘Acho que preciso de um broche’, então eu disse:
‘Então vá para a cidade até uma das maiores lojas da
América e, querida, nem pense no preço. Qualquer
coisa que você queira no K-Mart (loja de desconto
popular) você pode comprar.’” Em outro sermão,
ele disse:

Vejo que o governo fez um fundo de US$ 35.000


para o estudo de javalis no Paquistão. Eu me
pergunto o que os javalis farão com isso? Outros
US$ 68.000 foram dados à Rainha da Inglaterra por
não plantar algodão em suas propriedades no
Mississipi. Querida garota — como ela precisa
disso! Um subsídio de US$ 600.000 foi dado a um
apicultor em Washington. Nós fomos picados! Eu
acho que se eu começasse um estudo sobre rãs de
pés chatos ou besouros de pernas tortas eu poderia
obter uma subvenção também.

Leonard usava o humor no púlpito regularmente,


vendo-o como aceitável em seu ministério para
realizar seu objetivo ao comunicar como deveria.
Em uma igreja, ele disse: “Sabe, alguém me disse
outro dia, ‘Dinheiro fala’. Eu disse: ‘Sim, é verdade,
mas tudo que me diz é ‘adeus’.”

Pregação profética
Leonard frequentemente dizia: “A maior
necessidade no púlpito hoje é de homens
verdadeiramente ungidos por Deus.” Sua visão
nunca mudou:

Os profetas do apocalipse ainda não chegaram, mas


eles virão. Homens guiados, alimentados e
estimulados por Deus, homens que ouviram coisas
como Paulo, homens com uma devoção quase
selvagem ao Cristo e à cruz, homens sem o objetivo
de ser um dos principais evangelistas no país,
homens sem vontade de comer um bife do
restaurante local, mas homens com o coração em
chamas e que têm palavras queimando para salvar
outros do fogo do inferno e os apresentar ao fogo
do Espírito Santo. Que eles possam chegar em breve
a esta era de Laodiceia.

Quando Leonard usou a palavra “profeta”, ele quis


dizer algo diferente do significado contemporâneo,
algo bíblico e histórico. Ele não quis dizer alguém
que pudesse prever o futuro ou prever o que iria
acontecer; em vez disso, ele quis dizer um homem
que foi enviado por Deus com autoridade divina
para reprovar, repreender e falar uma mensagem
para o momento, como Elias, Jeremias ou Amós.
Pregação profética é a pregação que traz a voz viva
de Deus através da Palavra do pregador. É pregar
aos presentes no poder do Espírito Santo. É Deus
vindo para confrontar as pessoas com uma
mensagem específica através de Seu mensageiro.

As próprias palavras de Leonard definem seu


significado quando ele fala da necessidade de
pregadores proféticos:

Há um vácuo terrível no cristianismo evangélico


atual. A pessoa desaparecida em nossas fileiras é o
profeta. O homem com uma seriedade terrível que é
totalmente sobrenatural, o homem que é rejeitado
por outros homens, até mesmo homens bons,
porque eles o consideram muito austero,
severamente comprometido, muito negativo e
antissocial.

Que ele seja tão claro quanto João Batista. Deixe-o,


por um tempo, ser uma voz chorando no deserto da
teologia moderna e da religião estagnada. Que ele
seja tão altruísta quanto o apóstolo Paulo. Deixe-o
também dizer e viver: “Essa coisa eu faço.” Que ele
rejeite os favores eclesiásticos. Que ele seja
autodegradante, que não seja egoísta,
autoglorificador, autoprojetivo, hipócrita e
autopromotor. Que ele não diga nada que atraia
homens para si mesmo, mas somente aquilo que
moverá os homens para Deus.

Que ele venha diariamente da sala do trono de um


Deus santo, do lugar onde ele recebeu suas ordens
para o dia. Deixem-no, pela graça de Deus, desatar
os ouvidos dos milhões que são surdos através do
barulho dos shekels extraídos deste momento de
mesmerismo material.

Deixe-o gritar com uma voz que este século não


ouviu, porque ele viu uma visão que nenhum
homem neste século viu. Deus nos enviou este
Moisés para nos conduzir do deserto do
materialismo crasso, onde as cascavéis da luxúria
nos mordem e onde os homens iluminados,
totalmente cegos espiritualmente, nos levam a um
Armagedom cada vez mais próximo. Deus tenha
piedade! Envie-nos profetas!

Em outra ocasião, ele escreveu: “Os profetas são


únicos. Os evangelistas modernos levantam dinheiro,
mas os profetas elevam o inferno. Os evangelistas
hoje obedecem ao chamado dos homens, mas os
verdadeiros profetas obedecem ao chamado de
Deus.”

Robert Jennings, um pastor do Missouri, tinha


vinte e três anos quando ouviu Ravenhill pregar em
1972 na Conferência Bíblica de Milldale em
Zachary, Louisiana:

A pregação e a oração de Ravenhill eram


penetrantes e reais — “Senhor, estamos cansados
das reuniões normais!” Sua pregação foi rápida,
com urgência, sobriedade, autoridade e senso de
eternidade. Como um jovem cristão, a glória e a
dignidade de Cristo que ele declarou e a vaidade de
todo o resto ajudaram a moldar minha mente
profundamente. Após as reuniões a cada noite, meus
amigos e eu olhávamos um para o outro e dizíamos:
“Você ouviu isso?”

Às vezes, Leonard se afastava da pregação sobre


reavivamento, oração ou arrependimento e pregava
sobre as verdades que encorajavam e edificavam os
crentes. Ele adorava falar das glórias do céu e dos
santos de lá, das glórias de nossa herança eterna e da
glória e amor de Cristo. Com ternura, paixão e
doçura de espírito, ele transbordava ao falar das
realidades celestiais:

Um dia, vou a uma coroação que fará a coroação


da rainha da Inglaterra parecer uma pia de cozinha
suja. Eu vou ver o Rei coroado. Além disso, tenho
um lugar reservado no céu para mim. Mas
aparentemente você não tem, já que você parece tão
chato! Eu tenho um lugar reservado no céu! Você
tem? Não será maravilhoso estar com os redimidos?
Ir e apertar a mão do apóstolo Paulo com todas as
suas cicatrizes e ver o velho Abraão lá! Escute, se eu
pudesse abrir a porta do céu por um momento e
você pudesse ter um vislumbre disso, você nunca se
desviaria, você nunca duvidaria, e você nunca
temeria!

Quando minha irmã e eu éramos jovens, abrimos


gentilmente a porta de um quarto em que não
devíamos entrar e vislumbramos alguns presentes
que estavam reservados para nós no dia de Natal;
você acha que dormimos naquela noite? Nem por
uma vida — estávamos tão excitados quanto
possível. Bem, não deveríamos ficar empolgados se
vislumbrássemos o que está reservado para nós?

Mas nós perdemos a visão da eternidade; nós


perdemos de vista a Sua majestade e a Sua glória.
Essas coisas são reservadas para aqueles de nós que
são mantidos pelo poder de Deus através da fé que
está pronta para ser revelada para nós!

Leonard frequentemente pregava com grande


profundidade sobre a realidade da certeza e da
esperança que os crentes possuem em Cristo:

Você se lembra de um hino que diz: “Eu preciso de


Ti a cada hora, Senhor mais gracioso.” Na Inglaterra
costumávamos cantar um hino: “Senhor, pelo
amanhã e sua necessidade, eu não oro, mas guardo-
me, guie-me totalmente Senhor, só por hoje.”
Alguém então percebeu: “Bem, eu não vivo um dia
de cada vez”, então escreveram um hino, “Eu
preciso de você a cada hora.” Então alguém disse:
“Bem, eu não vivo simplesmente de hora em hora”,
então escreveram o hino que minha avó costumava
cantar o tempo todo: “Momento a momento, sou
mantido em Seu amor.”

Pregação de rua
O grande ponto forte de Leonard era o
evangelismo de rua e a pregação ao ar livre, o que
ele fez por quase quarenta anos na Grã-Bretanha
antes de se mudar para a América. Seu evangelismo
era direto, amoroso e corajoso. Seu próprio
testemunho foi que muito raramente ele tinha
reuniões de rua onde as pessoas não se ajoelhavam
nas ruas para buscar a Deus e realmente oravam,
fosse à meia-noite, testemunhando a uma multidão
de bêbados e prostitutas, ou ao meio-dia com
empresários e estudantes.

Leonard e seus colegas pregavam e depois


conversavam com as pessoas, às vezes
permanecendo por horas de aconselhamento e
oração para ver as pessoas verdadeiramente
nascerem de novo do Espírito de Deus. Sua
pregação foi forte em estimular as pessoas a fugirem
para Cristo e se arrependerem e crerem no
evangelho.
Ao lidar com a busca de almas, Leonard não se
comprometeria a tomar decisões rápidas para Cristo.
Em uma série de reuniões, uma mulher de dezenove
anos que vivia com um homem divorciado foi até
Len dizendo que queria conhecer mais a Bíblia.
Depois de perguntar a ela sobre sua vida, ele disse a
ela que precisava se arrepender e buscar ao Senhor.
Ela começou a chorar, dizendo que levaria várias
horas para se acertar com Deus. Ela prometeu fazê-
lo e disse a Ravenhill que deixaria o homem naquela
noite. Leonard a deixou sozinha com Deus,
acreditando que o Espírito Santo seria capaz de
levá-la ao genuíno arrependimento. Mas ele não
tentou persuadi-la a fazer uma oração. Ele a fez
contar o custo de seguir a Cristo.

Na Inglaterra, havia uma mulher que costumava


atormentar Leonard nas ruas, chamando-o de verme
porque estava incomodada com a pregação dele. Ele
não se importou. Os católicos na Grã-Bretanha
sempre gritavam com ele quando passavam: “Você
não é verdadeiramente ordenado!” Novamente, ele
não se importava. Ele se acostumou tanto à oposição
no ministério ao ar livre que, independentemente do
que enfrentava, não sentia medo ou hesitação.

Nos fins de semana, Ravenhill conversava com


pessoas que saíam de cinemas e bares. Ele era
amoroso e gentil com os necessitados e
quebrantados, mas era destemido na presença de
pessoas orgulhosas e rudes quando pregava:

Eu realizei uma reunião todos os sábados à noite


durante três anos e os bêbados e prostitutas vinham.
Certa noite, um homem foi muito rude conosco e
falou alto. “Eu quero lhe dizer uma coisa”, ele
gritou: “Eu não pedi para vir a este mundo”, ao que
eu respondi: “Companheiro, você não vai pedir para
sair deste mundo também.”

Leonard conversou com as pessoas nas ruas, às


vezes permanecendo por horas para aconselhar e
orar com elas. Ele se opunha às técnicas baratas e
modernas de evangelismo destinadas a produzir uma
decisão rápida para Cristo através da oração. Tais
métodos iam contra tudo o que ele acreditava. Dito
isto, ele estimulou as pessoas a fugirem para Cristo e
a se arrependerem e crerem no evangelho, seja nas
igrejas ou nas esquinas das ruas com os fortes
rejeitadores de Cristo. Ele tinha grande compaixão
por eles e não tinha medo deles.

Richard Owen Roberts sobre Ravenhill

Richard Owen Roberts, diretor do Ministérios do


Despertar Internacional em Wheaton, Illinois, é
considerado por muitos como a principal autoridade
viva no reavivamento histórico. Ele passou um
tempo com Ravenhill e o ouviu pregar várias vezes.
Roberts testemunhou pessoalmente um
derramamento do Espírito Santo em Chicago sob a
pregação de Leonard, no final da década de 1980,
quando uma grande congregação se reuniu no
Auditório Torrey-Gray, no Instituto Bíblico Moody.
Roberts tem convicções firmes sobre a influência e
importância do ministério de Ravenhill para a igreja
americana:
O ministério de pregação de Leonard Ravenhill, no
que diz respeito à homilética de púlpito, era
certamente diferente e era difícil de descrever. Ele
não seguiu o padrão típico, mas isso não importa.
Forma na pregação é uma questão terrivelmente
pequena para mim. Convicção do pecado e
capacitação divina são as grandes questões na
pregação. Não há dúvida em minha mente de que
estaríamos muito melhor no ministério se os homens
estudassem a oração e o poder do Espírito Santo em
vez das homiléticas. Em Lucas, capítulo 3, João
Batista fez uma declaração poderosa sobre Cristo:
“Ele vos batizará com o Espírito Santo e fogo”
(Lucas 3:15). Essa é a realidade importante.
Leonard é uma representação maravilhosa dessas
duas realidades — um batismo de poder e um
batismo de paixão e pureza. Isso realmente
representa Leonard Ravenhill.

Leonard estava sob o revestimento do Espírito


Santo, um homem de pureza e um homem de
paixão. John Wesley disse sobre William Grimshaw:
“Dê-me três Grimshaws e toda a Inglaterra estará
em chamas para Deus porque Grimshaw é um
homem de fogo e em todos os lugares onde ele vai,
o fogo de Deus cai..

Essa é a minha sensação sobre Ravenhill. Ele era


pura paixão, acreditava na verdadeira santidade e
vivia com um revestimento de poder do alto. Essas
três coisas são o que todo jovem pregador precisa
desesperadamente. Sem isso, seu ministério será, na
maior parte, sem valor.129

Em seus últimos anos, Martyn Lloyd-Jones e sua


esposa Bethan estiveram no País de Gales para suas
férias anuais de verão. Ao chegar a uma pequena
capela galesa em um domingo, Lloyd-Jones sabia
que o pastor desejaria que ele falasse, mas teria
medo de perguntar a ele. Lloyd-Jones ofereceu e a
Sra. Lloyd-Jones acrescentou: “Deixe-o — pregar é
a sua vida.” O mesmo aconteceu com Leonard
Ravenhill.
Perto do fim de sua vida, perguntaram a Len: “Se
você soubesse que Deus ia tirar você da cena, qual
seria a sua última mensagem para a igreja na
América?” Leonard respondeu: “Primeiro seria que
nós não conhecemos verdadeiramente a Deus. Se
realmente conhecermos a Deus, não precisamos
conhecer mais ninguém. Mas se não o conhecermos,
teremos que conhecer todo mundo. Segundo, eu
diria que perdemos totalmente de vista o Tribunal de
Cristo.”
Ao entrar em seu octogésimo ano, Leonard disse:
“Eu tenho

pregado por 65 anos e hoje, mais do que nunca, eu


tremo com a Palavra de Deus.”
18 MARCAS DE UM VERDADEIRO
PREGADOR

​ ​ ​ ​ ​

“Sangue Eloquente” — Artigo evangelístico de


Leonard, 1932
O púlpito de hoje nunca teve tanta educação e tão
pouca revelação.
L.R.

Devo eu, por medo do homem mortal, o curso do


Espírito em mim restringir, ou desmaterializado em
obras e palavras ser uma verdadeira testemunha
ao meu Senhor? Devo eu, para acalmar a multidão
profana, suavizar Tuas verdades e alisar minha
língua?

Charles Wesley

A verdadeira pregação deve ser viva, não


aborrecida. Ravenhill disse uma vez: “Esta geração
de pregadores fez bem uma coisa — eles
conseguiram tornar Jesus Cristo sem graça.”

A pregação de Leonard nunca fez de Cristo sem


graça. Sua pregação naturalmente animada e ungida
tornou Cristo majestoso, amável e glorioso. Ele
pregou com vida e vigor sobre as grandes verdades
— os pecados excessivos do homem, a infinita
santidade de Deus e a grandeza da redenção que
está em Cristo. Ele podia tornar qualquer verdade
viva e atraente para a alma, atraente no sentido de
que se tornava muito real para o ouvinte. Sua
pregação era criadora e autoritária. Em suas palavras
— “A pregação viva gera vida. Há três coisas que
faltam na pregação moderna — imensidão,
intensidade e eternidade.” Todos as três estavam
presentes na pregação de Ravenhill.

Em relação à pregação morta, Ravenhill disse uma


vez: “É preciso homens vivos para pregar a Palavra
viva. Infelizmente, ainda temos homens mortos em
muitos púlpitos, pregando sermões mortos para
pessoas mortas.”

Humildade na pregação

A verdadeira pregação deve ser feita em um


espírito de humildade. Alguém enviou um folheto
para suas reuniões da igreja com uma foto de
Leonard que dizia: “Leonard Ravenhill é outro
Jeremias.” Isso o aborreceu: “Eu não sancionaria
uma coisa tola como essa. Eu não estou apto a
calçar seus sapatos, quanto mais ser comparado a
ele.”

Leonard sempre exemplificou a humildade em sua


vida e ministério. Ele escreveu certa vez para um
amigo:

Eu me alegro que Deus seja condescendente em


usar meu ministério limitado. Aos olhos de Deus,
não há homens grandes e pequenos, somente fiéis e
infiéis. Eu sou apenas um mencionado no círculo,
mas ser pouco em seu reino abençoado é mais
maravilhoso do que ser o grande nas legiões de
Lúcifer. Estamos em grave perigo quando deixamos
nossas conquistas se tornarem a base de nossa
confiança. Se eu me sinto mais forte esta noite
porque tenho pregado sessenta anos, então sou um
tolo.
Pregação ofensiva

O teólogo e cantor Michael Card canta sobre o


Cristo ofensivo em sua canção Scandalon, quando
fala sobre a vinda d’Aquele que faz os homens
tropeçarem:

Ao longo do caminho da vida há um teimoso


Scandalon,
E todos os que vêm por este caminho devem ser
ofendidos; Para alguns Ele é uma barreira, para os
outros Ele é o caminho Já que todos deveriam saber
o escândalo de acreditar.

Parece que hoje o Scandalon não ofende ninguém,


A imagem que apresentamos pode ser superada;
Será que somos como os outros foram há muito
tempo?
Será que algum dia aprenderemos que todos os que
vêm devem tropeçar?
Ele será a verdade que os ofenderá a todos e a cada
um,
A Pedra que os faz tropeçar e a Rocha que os faz
cair; Muitos serão quebrados para que Ele possa
torná-los inteiros Muitos serão esmagados e
perderão a própria alma.130

Este é o Cristo que Ravenhill pregou, o Jesus


histórico e ofensivo. A verdadeira pregação às vezes
será ofensiva para as pessoas. Com isso, queremos
dizer que a pregação é negativa, que ela corta e fere,
atingindo os ouvintes às vezes com muita força. Sua
pregação às vezes poderia ser como um caçador
atirando flechas afiadas que atingem o alvo ou como
um martelo nas mãos de um mestre construtor,
enterrando um prego com um único golpe.
Ravenhill não estava interessado em agradar as
pessoas ou entretê-las, muito menos em fazê-las
sentir-se bem. Ele poderia ferir muito
profundamente. Como Tommy Littleton disse de
Leonard: “Os profetas não são muito fofos quando
falam ‘Assim diz o Senhor’.” Algumas igrejas ou
grupos não convidavam Leonard a voltar pela
segunda vez para o ministério. Uma experiência
ilustra isso.

DeVern Fromke, o conhecido escritor e pregador


de Indiana, e Ravenhill foram os principais oradores
de um grande encontro de ministros batistas em
Indiana. Quando Fromke ligou para seu contato
mais tarde para confirmar as coisas, foi-lhe dito: “Ó
Sr. Fromke, você não recebeu uma ligação nossa?
Os planos da conferência mudaram. Espero que não
seja um problema para você.” Fromke disse: “Não,
eu tenho muito o que fazer e isso vai abrir mais
tempo para outras coisas. Mas estou interessado no
que aconteceu.”

“Bem, para dizer a verdade, os líderes mudaram de


ideia. Alguns deles ouviram Leonard Ravenhill antes
e realmente se sentiram escalpelado sob sua
pregação. Quando descobriram que ele estaria
pregando aqui, eles decidiram que não queriam ser
escalpelado novamente.”
Esta era uma experiência comum para Leonard.
Como Doug Detert observou na década de 1960:
“Às vezes a igreja onde Ravenhill estava pregando
não se importava em tê-lo ali por muito tempo.” A
multidão religiosa de tradicionalismo normalmente
não podia suportar Ravenhill mais de uma vez, mas
as pessoas comuns o ouviam alegremente. Em
meados dos anos 1980, Leonard escreveu para um
amigo:

Hoje há um clamor contra o lixo no correio. Mas


parece haver pouco clamor contra a pregação de
lixo, a qual existe tanto. Caro Dr. Tozer costumava
dizer: “Eu tenho que dizer a verdade, e a verdade
não é muito bem recebida, nem mesmo pelos
santos.”

Leonard estava conversando com um influente


vigário da Igreja da Inglaterra em uma catedral que
lhe disse: “Sr. Ravenhill, nós não reconhecemos sua
ordenação”, ao que Len respondeu: “Bem, Roma
também não reconhece sua ordenação.”

Len era destemido, nunca teve medo de falar a


verdade em particular ou do púlpito,
independentemente de como isso fazia as pessoas se
sentirem. Ele sabia que a verdade ofenderia. Sua
pregação, como alguém disse, confortou os aflitos e
afligiu os que estavam à vontade. Ele não se
importou com quem ofendeu: “Milhares de
pregadores que não ousariam cortar o inferno de
suas Bíblias, o cortaram da sua pregação..

Pregação aplicada ao coração

A pregação de Ravenhill sempre foi aplicada,


sempre ao coração. Nunca foi apenas uma
informação bíblica. Seus ouvintes sabiam que ele
estava falando com eles. Suas palavras muitas vezes
entravam na consciência como uma espada afiada
que perfura o coração.
Esta é a pregação bíblica para a consciência.
Quando Pedro pregou no dia de Pentecostes, a
Bíblia diz, “eles foram cortados até o coração”,
literalmente “apunhalados no coração” (Atos 2:37).
A pregação deve cortar o coração de homens e
mulheres pecadores.

Adrian Dieleman fala sobre essa realidade da


pregação:

Através da operação do Espírito, quando o Senhor


fala, as pessoas são cortadas ao coração. Não é uma
sensação agradável. De fato, pode ser o sentimento
mais doloroso e aterrorizante que uma pessoa nesta
terra pode ter. A palavra grega para “cortar o
coração” é muito descritiva. Pense na lança de um
soldado atravessando o corpo de um inimigo, ou
uma abelha picando sua vítima, ou um boxeador
atordoando seu oponente com um golpe na cabeça,
ou uma flecha acertando um cervo ou um pássaro.

Não é algo que você possa ignorar e exige uma


resposta porque é chocante, surpreendente e
doloroso ao mesmo tempo. Esse é o tipo de resposta
que a audiência de Pedro teve para a pregação da
Palavra.

Pastor Geoffrey Thomas da Igreja Batista Alfred


Place, Aberystwyth, País de Gales, fala desta
necessidade de aplicação do coração durante a
pregação em seu sermão “Uma nova autoridade”,
baseado em Marcos 1:21-28:

Considere o relato bíblico de Sísera, o comandante


do exército de Jabim, como uma ilustração desse
aspecto da pregação. Depois de ser derrotado em
batalha, Sísera foge para a tenda de Jael, mulher de
Heber, em busca de refúgio. Jael dá-lhe um pouco
de leite, cobre-o com um tapete quente e, em
seguida, obedientemente, enfia uma estaca na
têmpora, prendendo o crânio ao chão (Juízes 4:17-
21).
Usando isso como uma analogia na pregação, Al
Martin diz: “O pregador deve empregar a retórica
que Jael usou sobre Sísera, colocando seu prego na
cabeça do ouvinte e conduzindo-o pelo seu
cérebro.”

A maioria das pregações de hoje simplesmente


pegam a estaca da tenda e soltam a caspa na cabeça
de Sísera, em vez de prender o crânio ao chão. Se a
pregação deve ser uma busca e se deve ser vívida
em sua aplicação, ela deve ir além de abalar alguns
fragmentos e chegar à questão real de fixar
firmemente a verdade na cabeça dos ouvintes.

Charles Bridges diz: “Os sermões gerais que são


pregados a todos, na verdade, não são pregados a
ninguém.” A congregação deve ser levada a sentir
profunda e firmemente a convicção do pecado. Eles
devem sentir o consolo de preciosas e magníficas
promessas. Eles devem ser impelidos a sentir que
Cristo é para eles, que seu sangue pode purificar
seus pecados. O prego da verdade deve ser levado
para casa, se quiserem discernir, com discernimento
do dia do julgamento, se estão ou não entre as
ovelhas de Cristo. Nada menos que isso constitui a
pregação bíblica.”132

A pregação de Ravenhill produziu essa realidade.


Ele sempre levava a estaca para a cabeça de seus
ouvintes. Sua pregação era muitas vezes como uma
picada de abelha, o golpe de um boxeador ou uma
flecha atingindo o coração. Isto é o que diferencia
sua pregação daquelas comuns.

Pregação transformadora

A verdadeira pregação muda a vida das pessoas.


Muitas pessoas foram convertidas, ajudadas e
transformadas sob o ministério de Ravenhill. Houve
muitos casos de vidas mudadas que ele testemunhou
sob sua pregação.

Leonard pregou várias vezes em Nova York na


Igreja Batista Calvário, pastoreada por Stephen
Olford. Ele também pregou no Tabernáculo do
Evangelho, fundado por A. B. Simpson. Depois de
pregar lá um domingo, uma jovem senhora lhe
disse:

Eu ouvi você pregar alguns meses atrás na Igreja


Batista na West 57th Street. Eu não esqueci o que
você disse. Fui para casa e resolvi o assunto com
Deus. Você falou sobre Isaías 6 e eu vi uma imagem
minha e do meu pecado. Eu também vi a realidade
de um mundo perdido. Fui para casa naquela noite e
disse: “Senhor, aqui estou eu. Tenho uma posição
com um dos mais altos oficiais de uma empresa.
Sou a secretária pessoal de um multimilionário. Mas
é tudo seu — aqui está; pegue. Eu vou ser uma
missionária.” Então agora eu tenho estudado na
escola bíblica pelos últimos seis meses.

Leonard estava falando em uma igreja na


Inglaterra, onde P. T. Forsyth era o ministro. Forsyth
estava saindo da cidade e disse a Ravenhill: “Len,
você vai pregar no domingo à noite e haverá um
auditório lotado.”
Naquela noite, uma mulher famosa estava presente,
considerada por muitos a mais notória pecadora da
cidade. Depois do culto, ela esperou por Leonard.
Ravenhill disse: “Então, qual é o seu problema?”

“Qual é o meu problema? Você me pegou para ser


ridicularizada esta noite! Era tudo sobre bêbados e
mentirosos e pessoas que não perdoariam. Todo
mundo sabia que você se referia a mim!” Eu disse:
“Não, não.” Ela disse: “Não diga isso!”

Eu havia pregado naquela noite: “Se você não


perdoar aos homens as suas ofensas, o seu Pai
celestial não lhe perdoará.” Ela olhou diretamente
para mim e disse: “Ravenhill, eu não falo com um
vizinho há cinco anos e com o outro há três, e eu
vou para o inferno antes de falar com qualquer um
deles.” Eu disse: “Bem, tudo bem, você vai para o
inferno e eu vou para a cama.”

Ela disse: “Eu NÃO vou perdoar meus vizinhos!”


Eu respondi: “Você já me disse isso.” E novamente
ela disse: “Eu vou para o inferno primeiro!” Eu
disse: “Bem, eu já disse para você ir para o inferno
porque eu vou para a cama.” Então eu senti que
deveria orar, então eu fiquei de joelhos e comecei a
orar. De repente, ouvi um barulho e percebi que ela
estava de joelhos, soluçando.

Essa mulher foi salva naquela noite. Como


resultado, o marido dela foi salvo. Algumas semanas
depois, ele foi morto em um acidente na mina de
carvão. Logo depois, ela estava esperando em nossa
porta uma manhã e disse: “Eu quero dizer a você
que meu marido foi morto na mina de carvão na
noite passada. E estou tão feliz.” Pensei: “Feliz?
Você se livrou dele?” Ela disse: “Não, não, não!
Estou tão feliz porque antes de morrer ele foi salvo!
Veja, se eu não tivesse perdoado meu vizinho, eu
não teria sido salva e ele também não teria sido
salvo.”

Leonard estava pregando na Primeira Igreja Batista


em Boise, Idaho. Durante o culto, o pastor lhe disse:
“Você vê aquela senhora ali com os óculos grandes?
Ela é uma mórmon muito intelectual. Ela pode
discutir com qualquer um sobre pontos de vista
religiosos. É uma coisa boa você ficar por duas
semanas. Levará pelo menos esse tempo para
alcançar o cérebro brilhante dela.”

Não demorou duas semanas. A mulher foi


convertida na primeira noite. Ela então veio ao culto
da manhã regozijando-se: “Oh, Sr. Ravenhill, ontem
à noite fui libertada de dez anos de estrito
mormonismo através de uma palavra que você
disse.” Leonard disse: “Eu nunca disse uma palavra
sobre mormonismo”, ao qual ela respondeu: “Não,
você apenas citou Hebreus, capítulo um, que diz:
‘Ele por Si mesmo purificou os nossos pecados.’
Assim que você disse isso, eu disse: ‘É isso! O
Senhor fez isso sozinho. Ele não precisou de
ajuda!’” Ela foi transformada a partir daquele dia.

Leonard pregou pela transformação do coração,


não apenas para fornecer informações bíblicas. Ele
orou para que o Espírito Santo trabalhasse através
da mensagem e o resultado foram vidas
transformadas.

Ele estava impaciente com a pregação superficial, e


especialmente com sermões que eram secos e
chatos. Ele era às vezes um severo crítico da
pregação, simplesmente porque ele sabia o que a
pregação deveria ser para que Deus fosse honrado:

Má pregação! — ouvimos dois sermões arrastando


os pés ontem. Nenhum deles teve energia suficiente
para mexer a penugem no nariz de um ganso. O
sujeito que pregou conseguiu lidar com o livro
inteiro de Malaquias em 25 minutos e disse que ele
tinha muito tempo para usar. Isso é algo sobre o qual
eu não sei nada! Mas o pregador não disse nada
sobre o pão poluído e os sacrifícios defeituosos de
que fala Malaquias. Ele também não disse nada
sobre o Senhor purificando o sacerdócio. Ele
também não deu nenhum vislumbre da agitação da
alma do profeta dando a palavra final antes que o
Senhor deixasse Israel sozinho por quatrocentos
anos. Eu acho que todo pregador precisa ser
lembrado de que ele não é um descendente do
orador grego, mas é a descendência do profeta
hebreu.

Pregação poderosa: a unção do espírito

Em novembro de 1992, Leonard estava pregando


em uma grande conferência denominacional.
Naquela semana ele escreveu para um amigo:

No culto da noite, um pregador “brilhante” pregou


antes de mim. Ele brilhou, mas o mesmo acontece
com a geada. Ele deixou ciclos de gelo por todo o
púlpito. Mas felizmente depois o fogo caiu e
descongelou-os. Graças a Deus pelo incorruptível
Espírito Santo. Ele não pode ser subornado,
comprado ou negociado. Ele ordena e ele também
detém.
A verdadeira pregação deve ser feita com poder
espiritual. Depois de um conhecimento profundo da
Bíblia e da teologia, a necessidade mais importante
na pregação é a unção do Espírito Santo. A pessoa e
o ministério do Espírito Santo eram centrais para a
doutrina de Ravenhill e suas visões do verdadeiro
ministério. Em um sermão sobre João Batista, ele
falou sobre isso:

Existem tantos tipos de pregação quanto existem


tipos de pregadores. Certas pregações são
edificantes, mas não são convincentes. Algumas são
direcionados para as emoções e outras para o
intelecto. As pregações de Jesus, João Batista e
Pedro atacaram a consciência e a vontade humana.
Estes três tinham uma coisa em comum — a unção
do Espírito Santo.

Leonard era um pregador ungido. Era evidente


para seus ouvintes que ele pregava com autoridade
divina. Uma razão é que ele estava sempre pedindo
a outros que orassem para que o Espírito Santo
repousasse sobre ele quando pregava: “Esta semana
vou a San Antonio para pregar onde centenas de
pregadores se reunirão; Orem por mim, enquanto eu
olho para o Espírito para receber o poder do alto.”

Oecolampadius, o reformista suíço do século XVI,


disse: “Muito melhor alguns poucos homens bons e
fervorosos afetariam o ministério do que uma
multidão de pessoas mornas.” Isso expressa a
convicção de Leonard. Ele sabia por experiência que
a permanente unção do Espírito Santo sobre ele
produzia o “muito melhor”.

Tony Sargent, em seu excelente livro sobre a


pregação de Martyn Lloyd-Jones, “The Sacred
Anointing”, fala da fraqueza da pregação
contemporânea em relação à necessidade vital da
unção do Espírito Santo:

A maioria dos livros sobre pregação enfatiza a


necessidade de preparação, programas e trabalho
para um horário claramente definido. Uma leitura
aleatória das contribuições modernas confirma o
ponto. Se for feita referência à unção e dependência
do Espírito no ato de pregar, tende a ser incidental,
uma característica secundária a ser considerada.
Lloyd-Jones criticaria tal grave omissão. Esta é a
razão pela qual muitos dos livros sobre pregação não
ajudam os pregadores. Eles não lidam com esse
fenômeno vital.

É um triste comentário sobre a educação teológica


que a maioria dos seminários e escolas bíblicas
praticamente tenham negligenciado o papel do
Espírito Santo especificamente na pregação e no
ministério cristão em geral. A maioria dos cursos
sobre pregação homilética só faz boca a boca sobre
essa área vital da verdade.

Certamente um bom professor de homilética


afirmaria que a vida do pregador deveria ser
controlada pelo Espírito. Mas uma maior atenção à
necessidade da obra do Espírito Santo na pregação é
grandemente negligenciada ou omitida por
completo. Esta é uma omissão séria e trágica.
Ravenhill abordou esse problema:

Este é o tempo de um Espírito Santo restrito e


relegado, mesmo em círculos fundamentalistas. Nós
somos frouxos no uso de expressões das Escrituras,
distorcidos ao interpretá-las e preguiçosos ao ponto
da impotência em apropriar-nos de seu valor
incomensurável. O Sr. Pregador será eloquente no
discurso e no espírito, servindo ao Senhor com vigor
para defender a inspiração da Bíblia. No entanto,
esse mesmo homem, algumas respirações mais tarde
com calma, será ouvido racionalizando essa mesma
Palavra inspirada, desatualizando seus milagres e
declarando firmemente: “Este texto não é para
hoje.” Assim a fé do novo crente é mergulhada na
água gelada da incredulidade do pregador.

Essa realidade não foi negligenciada pelos


pregadores na história, como George Whitefield e C.
H. Spurgeon, e não foi negligenciada por Ravenhill.
A pessoa do Espírito Santo era uma realidade para
ele em sua vida diária e no ministério público. Ele
foi criado e convertido em um clima espiritual onde
o Espírito de Deus era real. Ele sabia disso antes
mesmo de sua conversão. As reuniões de oração de
que Leonard participou tiveram a mesma realidade.

Na Faculdade Cliff isso foi cultivado ainda mais.


Len não foi um daqueles cristãos que ignorou a
pessoa e a obra do Espírito por um período e depois
percebeu que o Espírito Santo era real e ativo.
Desde a época de sua conversão na adolescência, ele
viu o cristão como alguém que era controlado e
fortalecido pelo Espírito Santo.

Leonard acreditava que a necessidade urgente de


nossos dias são pregadores cheios do Espírito Santo
e capacitados pelo Espírito. Os pregadores de hoje
precisam ser como Miquéias, que exclamou: “Estou
cheio de poder pelo Espírito do Senhor e de juízo e
poder para declarar a Jacó sua transgressão e a Israel
o seu pecado” (Miqueias 3:8), e como Simeão, de
quem a Escritura diz: “O Espírito Santo estava sobre
ele” (Lucas 2:25).

Leonard escreveu a um amigo nos anos 1980: “Eu


vejo cada vez mais que a pregação de hoje perdeu
sua autoridade. Ensinamos as pessoas a
simplesmente pedirem ajuda a Deus, em vez de
implorar por sua misericórdia.” Ele acreditava que a
manutenção de uma vida ungida custava caro. Não
que qualquer pregador possa recebê-la, mas que
uma vida de obediência é o caminho para mantê-la
(Atos 5:32). Ele disse no final de sua vida:

Muitos pregadores se desgastam e depois vêm a


mim dizendo: “Irmão Ravenhill, eu realmente
preciso de férias.” Eu sempre digo a eles: “Não,
você não precisa — você precisa de uma caverna.”
Eles não passaram tempo sozinhos com Deus
consistentemente. Então eles se tornam fracos,
espiritualmente magros e sugados porque não estão
reabastecendo e mantendo sua vida espiritual. Mas
os homens não vão ficar sozinhos porque temos
medo da solidão. Nós não conseguimos lidar com
isso. Mas se você não sabe como ficar sozinho com
Deus, você não vai conhecer Deus mais
profundamente.

Não há um Pentecostes indolor. Muitos se apegam


ao poder que os santos conheciam no Cenáculo.
Mas quem quer seguir o mestre pelos três anos? E
depois pelos dez dias de permanência no Cenáculo?
Há uma preparação, um preço e, muitas vezes,
verdadeira dor.

Em cartas, ele frequentemente menciona seu desejo


de novas unções do Espírito Santo: “Esta semana
vou a San Antonio para pregar onde centenas de
pregadores se reunirão. Eu estou olhando para o
Espírito para atuar com poder do alto.” Da mesma
forma, seus sermões sempre pediam poder divino na
pregação, sempre exortando e instigando os homens
de que era o poder de Deus sobre o pregador que
fazia toda a diferença na verdadeira pregação:
Irmãos, ajoelhem-se novamente para redescobrir a
piedade apostólica e o poder apostólico. Fora com
os sermões doentios!
A grande pregação morreu? É a pregação de
aquecer almas uma arte perdida? Concordamos com
os sermões impacientes de lanchonetes ou nos
empenhamos para trazer o “poder do mundo que
está por vir” em todas as reuniões?

Os pregadores tornam os púlpitos famosos, mas os


profetas tornam as prisões famosas. Estamos
cansados de homens de roupas suaves e de fala mais
mansa que usam rios de palavras com apenas uma
colher de unção. Eles sabem mais sobre competição
do que sobre consagração e mais sobre promoção
do que sobre oração.

Pregação com consciência da eternidade

No escritório de Leonard, em Lindale, havia uma


ampulheta em sua mesa que durava vinte minutos
quando era virada. Quando os visitantes chegavam,
ele dizia de forma meio provocante: “Agora observe
esta ampulheta. Quando ela ‘terminar de correr’,
você sai correndo! Vinte minutos, isso é tudo que
você pode ter!” Mas ele raramente deixava as
pessoas partirem tão rapidamente, normalmente
passando duas ou três horas com elas. A ampulheta
lembrava-lhe da eternidade, e aquele tempo estava
se esgotando para todos.

Ravenhill acreditava que os pregadores precisavam


de uma consciência da eternidade. Ele caminhava
com essa consciência. Ele vivia diariamente à luz da
eternidade. Ele muitas vezes orou a oração de
Jonathan Edwards, “Senhor, estampe a eternidade
em meus olhos!” Seu sermão “O que é a sua vida?”
é um clássico sobre a brevidade da vida e a realidade
da eternidade, baseado em Tiago 4:14: “O que é a
sua vida? É mesmo um vapor que aparece por um
tempo e desaparece.”

Um homem veio ver Leonard um dia e perguntou:


“Irmão Ravenhill, você fala sobre os puritanos,
como Richard Hawker, John Owen e aqueles
grandes homens. Qual é a diferença entre os homens
daquele século e os homens de hoje?” Leonard
disse: “Ah, isso é fácil — eles viveram na luz da
eternidade e nós vivemos apenas à luz do tempo.”

Leonard tinha todas as marcas de um verdadeiro


pregador. Ele as exemplificava e acreditava que
todos os verdadeiros pregadores também deveriam.
A história o verá como um dos pregadores mais
poderosos e influentes do século XX.
19 A TEOLOGIA DE RAVENHILL

​ ​ ​ ​ ​

Um irmão visionário acabou de ler alguns dos
textos de Jonathan Edwards. Ele agora deplora a
pregação de hoje, que ignora o intelecto. Há pouco
raciocínio hoje em dia. O Apóstolo Paulo
estraçalhou a tranquilidade do Rei Félix quando
discutiu com ele sobre justiça, temperança e o
julgamento por vir. Que sermão este deve ter sido.
Ah, por uma cópia das anotações de Paulo!

L.R.

A teologia de Leonard Ravenhill é importante,


apesar de difícil de definir e resumir. Suas visões
eram muito complexas e sua vida era muito
profunda. Seu filho, David, talvez foi quem melhor
a descreveu:

Eu não sei se alguém pode descrever a teologia do


meu pai com uma palavra definitiva. Quando estava
entre os batistas, ele pregava sobre o batismo do
Espírito Santo. Quando com os pentecostais, ele
pregava sobre a santidade. Ele lia autores de todas as
teologias e colhia um pouco de cada um. Eu o
descreveria mais como um arminiano do que
calvinista, mas ele sabia como defender ambas as
posições. Eu sei que ele não tinha uma posição
sobre o arrebatamento pré-tribulação.135

Ravenhill não era um teólogo formalmente


treinado. Após um ano na faculdade bíblica, ele não
continuou sua educação teológica formal. Mas a
teologia era importante para ele e ele pregava a
doutrina. A teologia sem vida espiritual não o
interessava. A pura teoria era inútil para ele. Mas a
teologia bíblica que formava a mente e aquecia o
coração era vital para Leonard. Ele sabia que é a
verdade, aplicada pelo Espírito Santo, que muda os
homens e os liberta.

A ênfase doutrinal de Leonard muitas vezes era


confusa para algumas pessoas. Um dia ele soava
como John Wesley e, no outro, como George
Whitefield. Ele não era sempre equilibrado em seus
sermões. Ele não estava tentando ser assim. Ele
estava simplesmente jogando bolas nas cestas das
mentes das pessoas, permitindo que cada ênfase
fosse baseada em seu próprio mérito. Leonard não
tentava mostrar a relação entre verdades divergentes.
Ele apenas as declarava. Ele não era um professor
técnico, mas sim uma voz poderosa da verdade para
os corações das pessoas. Um dia, ele falava uma
verdade, e, no próximo, uma verdade que parecia
contradizer a mensagem anterior. Ele era assim, e
este foi o ministério que Deus lhe deu.
Provavelmente faz parte da explicação do que
tornava sua pregação tão poderosa.

Leonard escreveu para um amigo nos anos 1980


sobre a necessidade de preservar os fundamentos da
fé:

Nos anos 1900, o Dr. Francis L. Patton, o devoto e


capaz presidente do Seminário de Princeton no
começo do século XX, escreveu: “A única esperança
da cristandade é a reabilitação da teologia paulina. É
voltar, voltar, voltar para a encarnação e o sangue
expiatório, senão será a vez, vez, vez do ateísmo e
desespero.” Eu me pergunto, o que Patton diria hoje
em dia? Tenho certeza de que seria a mesma
mensagem, só que mais forte.

Ravenhill era um pregador doutrinal? Muitas


pessoas acham que não. Mas outros diriam que ele
pregou a doutrina bíblica e a teologia de várias
maneiras.

Após trinta anos de exposição ao ministério de


Leonard, eu concordo com a segunda perspectiva.
Ravenhill era um pregador doutrinal em vários
aspectos.

Este ponto precisa ser esclarecido. Apesar de não


ser um pregador treinado em seminário, muitos
grandes pregadores do passado não foram treinados
academicamente, como Spurgeon, Lloyd-Jones e
Tozer. Mas, apesar de não ser um acadêmico oficial,
ele era o mais teologicamente educado quanto
possível. A história de Ravenhill mostra que ele
pregava frequentemente sobre temas doutrinais.

Era difícil encaixar Ravenhill em um dos pontos da


teologia. Quando lhe faziam perguntas teológicas,
era difícil obter respostas claras. Leonard não se
atrelava a nenhum sistema teológico fabricado pelo
homem, apesar de conhecer todos. Ele se
beneficiava de muitos bons escritores e teólogos,
tanto calvinistas quando arminianos. Ele tinha um
amor especial pelos puritanos. Ele também se
baseava extensivamente em todas as tradições
evangélicas históricas, sejam anglicanas, batistas,
luteranas, presbiterianas, metodistas wesleyanas ou
metodistas-calvinistas galesas.

A pregação de Ravenhill refletia a influência


doutrinal e devocional de gigantes da teologia do
passado. Ele se baseou em muitas tradições em seus
estudos e pregação. Apesar de não as pregar
especificamente de maneira expositiva, suas
mensagens estavam repletas das grandes doutrinas
da Bíblia.

Um excerto de um sermão do Antigo Testamento


em 1936 reflete sua visão majestosa de Deus:

Deus não era meramente uma deidade tribal


hebreia como as nações pagãs presumiram, mas o
Deus de todas as nações e o Árbitro da história
mundial. Ele podia usar até mesmo os pagãos para
cumprir com Seus propósitos. A espada de
Nebuchadnezzar era a espada do Senhor.

Há um paralelo moderno. Não teria sido Vladimir


Lenin uma arma na mão de Deus para castigar?
Deus está governando toda a história e ele é um
Deus severo, determinado a erradicar a idolatria.
Ezequiel resume todos os pecados sociais de Judá
em ganância e idolatria. E a reação de Deus à
idolatria é de uma fúria implacável. Ele é o Deus dos
deuses e o Deus das nações.136
Leonard muitas vezes pregava com clareza sobre
várias doutrinas, apesar de muitas pessoas não
perceberem que ele o estava fazendo devido ao seu
estilo de pregação. Ele era equilibrado em suas
visões da soberania de Deus e da responsabilidade
do homem. Ele via ambas as verdades e pregava
igualmente bem sobre as duas.

Deus é soberano

Ravenhill acreditava que Deus está reinando sobre


todas as coisas por meio do controle e governo de
Cristo. Todas as coisas se movem em direção à sua
finalidade no Filho, como ele afirmou em um
sermão:

Deus tem o propósito em sua vontade soberana de


que toda a história humana seja consumada em
Cristo. Eu não me importo com o quanto as nações
estejam embriagadas de iniquidade hoje! Eu não me
importo que os políticos sejam tão hipócritas hoje
quanto na época de Nixon ou de qualquer outro. Eu
não me importo com o quanto os homens estejam
intoxicados com iniquidade. Eu não me importo que
as pessoas digam que estamos mais próximos de
uma explosão no Oriente Médio do que nunca. Seus
propósitos em Sua vontade soberana são que toda a
história humana seja consumada em Cristo.

Em um sermão mais tarde em sua vida, ele falou


maravilhosamente sobre a soberania absoluta de
Deus e Seus atributos majestosos:

O mundo inteiro parece estar se descolando. Mas


Cristo ainda está no trono e que bênção que ainda
sejamos parte de um reino eterno. Muitas vezes eu
penso sobre o verso de um hino: “Que assim seja,
Senhor, que Teu trono nunca, como os orgulhosos
impérios da terra, venha a falecer; Teu trono está
firme e crescendo, até que todas as Tuas criaturas
estejam sob Tua influência.”

Nosso Rei nunca pode ser abdicado, nunca pode


ser derrotado, nunca pode errar em sua estratégia de
guerra, e ele sempre tem um esquema. Como é bom
saber que Ele é soberano e que irá trabalhar em tudo
seguindo o conselho de Sua própria vontade. NÃO
há erros com Deus. O Deus poderoso, que habitou
sozinho por toda a eternidade, compartilha tudo
conosco. Ele é, por Sua própria natureza,
autossuficiente. Houve um tempo quando não havia
tempo nem céu, onde Sua glória agora se manifesta,
não havia terra para ter Sua atenção, nenhum
universo que precisasse ser sustentado pela palavra
do Seu poder. Não havia pessoas para salvar nem
anjos para cantar Sua glória. Deus estava sozinho
em Suas três pessoas igualmente divinas, com Sua
imponente grandeza divina.

Sobre os atributos de Deus:

Deus habita na luz, inacessível, em uma glória


indescritível, em uma majestade inimaginável, em
uma alegria indizível, em uma sabedoria insondável,
e em uma eternidade incalculável.
Sobre a glória de Deus na criação:
Os primeiros homens a irem à Lua enviaram fotos
gloriosas. Se você olhar de perto, você pode ver os
mastros que eles seguram, certo? Não minta! Você
não pode porque não há nenhum! Aqueles
astronautas olharam para a terra e viram a terra
sendo suspendida por nada. Então o governo pagou
cinquenta bilhões de dólares para colocar aqueles
homens na lua para descobrirem que o mundo não é
suspendido por nada.

Bem, isto não é nada! Jó fez isto cinco mil anos


atrás, quando ele disse: “Ele suspende a terra sobre
o nada!” Não é maravilhoso? A Austrália está aqui
embaixo e embaixo dela não tem nada além de água.
Agora, você pode pegar um punhado de água e
colocá-lo no fundo de um balde? Deus pode — ele
suspende a Terra sobre o nada!

Sobre a Encarnação:

Parece-me que a ofensa da Encarnação é que ela


desafia a análise e, portanto, é descartada pela
sabedoria dos tempos atuais. A Palavra se tornou
carne, mas não há resposta conhecida para isto no
laboratório dos cientistas. O que a ciência não pode
explicar não é considerado como genuíno e é até
mesmo desdenhado. Mas, bendito seja o Senhor, o
Invisível se tornou visível. O Ancião dos Dias teve
seu início nos dias humanos, e em uma manjedoura
também, mas não na manjedoura dos cartões
natalinos.

Logicamente, se a pousada estava lotada, o


estábulo também estava, então ele estaria cheio de
estrume e um odor ofensivo. E foi ali que o Senhor
da glória veio por nós e pela nossa salvação. Aqui
está o mistério, majestade e eternidade. Homens
sábios vieram e o adoraram. Homens sábios ainda
fazem isto, já que ninguém que rejeita Cristo é
sábio. Os pastores vieram para se curvarem ao
Grande Pastor e Bispo de nossas almas.

Eu pensei muito neste Natal sobre o Senhor ter


nascido de Maria. Ele poderia ter nascido como
Elias —em uma carruagem de fogo. Os judeus o
teriam recebido se fosse assim. Mas Deus escolheu
Maria — seu corpo, suas emoções, sua substância e
tudo o que ela tinha, e por meio dela, Ele nos deu
seu Filho.

Da mesma forma, Ele abençoa o mundo, não


meramente pelo que dizemos, mas pelo que
oferecemos. Ele pega o que temos e, por meio disto,
abre um canal para abençoar outros. Então devemos
ser o pão partido e o vinho derramado, que, por
meio de nós, pelo Espírito residente, outros sejam
alcançados. Canais apenas, Mestre abençoado.

Ele veio, abençoado seja Seu nome. A manjedoura


— que perigo ela traz! Ali está Ele, embrulhado em
nosso barro. O Ancião dos Dias se tornou uma
criança no tempo. A mão do bebê que não podia se
alimentar sozinho, um dia entregará a bênção que
alimentará cinco mil. Aquela bochecha de veludo do
bebê em breve terá o cuspe imundo das gargantas de
homens perversos escorrendo dela. Aqueles olhos de
bebê em breve serão chamas de fogo. Aquela boca
sem palavras em breve dirá a um trilhão de
dormentes sob a relva e embaixo do oceano:
“Levantem-se!” Reis caçarão este bebê para matá-
Lo. Nenhum deles o convidará para comer em sua
mesa. Mas um dia, todo rei que já viveu se curvará
perante Ele.

Sua cantiga de ninar, o rude estábulo, está despido


e aquecido com o suor de bestas cansadas. Que
amor e condescendência por nós! Homens sábios
vieram e O adoraram então. Homens sábios ainda o
fazem.

A centralidade de Cristo

Em relação ao senhorio de Cristo, Leonard nunca


emitiu um som incerto. Ele se atrelou à posição
bíblica da salvação pelo senhorio por toda a sua
vida. Cristo não é apenas o Salvador, mas o Senhor
de todos. Para Ravenhill, a ideia de que um
pregador pode “aceitar” Jesus como Salvador
enquanto rejeita seu senhorio desrespeita a Bíblia e é
classificada como falso evangelho.

Ele muitas vezes lembrou à igreja da centralidade


de Cristo em Si. Em uma carta aos Moore em
março de 1976, Leonard disse:

Eu acho que a atual ênfase exagerada nos dons do


Espírito Santo está descentralizando nosso Senhor e
Salvador no pensamento daqueles que professam
Seu nome. Isto é nocivo e deve ser retido e
corrigido. Por Cristo, todas as coisas consistem. Ele
é o Líder. Ele fez cativo o cativeiro e deu dons aos
homens. Quando muito se fala sobre o abençoado
Espírito Santo, o trabalho redentor do nosso Deus
em Cristo é descentralizado. Deus nunca teve a
intenção de que o Cenáculo ofuscasse a Cavalaria.

Quando Ravenhill ouvia doutrinas falsas, ele as


expunha e não ficava em silêncio. Em uma
mensagem, ele falou sobre a heresia da hiperfé e
pregadores da prosperidade:

Jesus disse à igreja no Apocalipse: “Você diz: Estou


rico, adquiri riquezas” — vamos lá, pessoal que
prega a prosperidade — se a prosperidade financeira
fosse a ordem de Deus, por que ele censura esta
igreja? Por que ele não os elogia e diz: “Vocês estão
vivendo exatamente como eu quero que vivam!”

Doutrina da salvação
Regeneração: o trabalho do Espírito Santo

Leonard via a regeneração como o trabalho apenas


do Espírito Santo, assim como os Apóstolos, os
reformadores protestantes, os puritanos, os
primeiros batistas, metodistas e presbiterianos. Sua
visão era de que a regeneração era o início da vida
espiritual do pecador, que estava envolvida na
conversão verdadeira.

Uma análise dos sermões de Ravenhill durante os


anos revela que ele fala claramente do novo
nascimento, pelo qual ele especificamente quer dizer
que é a regeneração pelo Espírito Santo: “Se um
homem realmente nasce novamente no Espírito de
Deus, esta é a coisa mais radical neste lado da
eternidade. Ele se torna uma nova criatura com um
novo coração e uma nova mente! Ninguém pode dar
a ele um coração limpo, a não ser Deus.” Ele mostra
nesta declaração que o novo nascimento é uma
mudança completa da natureza do homem, além de
um trabalho sobrenatural de Deus, não um trabalho
do homem. Em uma carta, Ravenhill disse:

Eu vejo que muitos evangelistas estão preocupados


com a falta de permanência das supostas conversões
das pessoas às quais eles ministram em suas
reuniões. O fato é que a maioria dos pregadores
apenas prega metade do evangelho. Tudo o que eles
pregam é o perdão, mas um homem precisa de mais
que perdão. Ele precisa de regeneração e de que sua
consciência seja expurgada pelo sangue de Cristo
para servir ao Deus vivente. Um homem não é
cristão até que Deus habite nele.
Um milagre deve acontecer. Devemos parar de
perguntar às pessoas se elas foram salvas. Todos
devem pensar que foram salvos. Por que não olhar
fundo em seus olhos e perguntar: “Cristo vive em
você?” Se Cristo não está em uma pessoa, ela não
renasceu.

Em relação à doutrina da salvação, sua pregação


muitas vezes pendia para o lado calvinista, mas nem
sempre. Sua visão da redenção era de substituição
penal, que Cristo morreu como um pagamento de
resgate a Deus pelos pecados de todos. Ele rejeitou
totalmente qualquer visão liberal do sacrifício de
Cristo.

O sacrifício e a pregação da cruz

O Cristo crucificado, enterrado, ressuscitado e


exaltado estava no coração da pregação de Leonard.
Ele pregou sobre a cruz como a mensagem histórica
dos sofrimentos de um Salvador crucificado.
Ravenhill descrevia as agonias e a paixão de Cristo
tão bem quanto qualquer outro pregador de sua
geração.

Em fevereiro de 1977, ele escreveu aos Moores


sobre seu sermão no domingo da semana anterior:

Eu acho que tivemos um momento muito rico no


domingo. Consideramos aquele capítulo
maravilhoso de Isaías 53. Martinho Lutero disse que
este capítulo deve ser escrito em ouro puro. O
comentador do Antigo Testamento, Friedrich
Delitzsch, diz que Isaías deve ter sentado embaixo
da cruz de Jesus por causa de sua grande
interpretação do evento. Que maravilhoso que Ele
morreu por nós. Paulo disse que Ele sentiu o gosto
da morte por todos os homens. O amor é tão
incrível, tão divino, que demanda minha alma,
minha vida, meu tudo.

Sua pregação da cruz não era mera verdade


teológica ou apenas fatos históricos do sofrimento
de Cristo. Leonard falava com paixão sobre a
realidade, poder e maravilha do trabalho de Cristo
em nome de qualquer pecador que confie nele. A
melhor forma de expressar a pregação de Ravenhill
sobre o sacrifício é deixá-lo falar extensivamente:

“O infrator mais vil que realmente acreditar naquele


momento, de Jesus seu perdão recebe”, disse o
escritor do hino. Não importa se for um homem rico
entrando no Waldorf-Astoria em Nova York nesta
tarde com a esposa de outra pessoa, encharcada de
diamantes, ou um mendigo andando pela rua. Não
há diferença se a pessoa vier à cruz.

“Acabou.” A implicação da palavra grega é “Está


completo”. Esta é a redenção completa. Você não
pode adicionar a ela. Você não pode subtrair dela.
Ela não precisa que um padre agregue a ela. Jesus
fez uma redenção perfeita para os homens. Seu
sangue foi derramado. É mais que todo o sangue das
bestas. Hebreus 9:13-14 diz: Ora, se o sangue de
bodes e touros e as cinzas de uma novilha
espalhadas sobre os que estão cerimonialmente
impuros os santificam de forma que se tornam
exteriormente puros, quanto mais, então, o sangue
de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de
forma imaculada a Deus, purificará a nossa
consciência de atos que levam à morte, de modo que
sirvamos ao Deus vivo!”. Ele não só recebe a
totalidade do pecado humano, Ele o prega na
árvore. Foi isto o que Ele fez.

Se você levantar a cruz, ela nos abrange a todos,


como Wesley diz: “Os braços de amor que me
envolvem fazem toda a humanidade se abraçar.” Se
você a levantar, ela aponta para um céu sem fim e
um inferno sem fundo, e os braços estão abertos
para salvar.

No outro lado da cruz, há uma sepultura eterna. A


única obstrução àquela sepultura eterna é o trabalho
terminado do Senhor Jesus. Você vê, está
terminado. A morte não possui nenhum domínio
sobre nós. O poder do Satã foi quebrado. O Céu o
recebeu. E a próxima coisa não é apenas “está
terminado”, mas “Ele subiu”, o que será substituído
por “Eu voltarei”.

Ravenhill continua:

Veja bem, naquele momento quando Jesus disse


“Acabou”, a misericórdia e verdade se encontraram,
a justiça e a paz se beijaram e o inferno entrou em
pânico. A terra foi despedaçada. Toda a terra tremeu
em seu eixo. A terra tremeu sob o impacto do
pecado que Ele carregou por nós.
Aquele evento foi tão sagrado que foi como se Deus
tivesse tirado seu casaco e o pendurado sobre o sol.
Houve escuridão por três horas. Ele não deixaria
ninguém ver Seu Filho se tornar corrupção.

Jesus Cristo, no mistério de Deus na encarnação,


foi como Wesley disse: “Nosso Deus contraído a um
intervalo, incompreensivelmente fez o homem”. O
céu dos céus não pode contê-lo. Ainda assim, Ele se
vestiu em carne e sangue e entrou no útero de uma
mulher. Eu não sei como Deus pode se tornar um
homem. Se isto for verdade, então como poderemos
saber como Ele se tornou pecado? Você sabe a
resposta? Não, não sabe. Nem nenhuma pessoa viva
sabe. Todo homem que é honesto, Spurgeon ou
qualquer outro, quanto mais honestos eles sejam,
mais eles dirão: “eu estou perplexo pela cruz —
grande é o mistério da divindade”.

Eu estava pensando neste grande hino de Wesley


hoje. Ele estava falando sobre a cruz:

Jesus faria o pecador morrer?


Então por que Ele pendura na árvore?
O que significa aquele estranho clamor decadencial?
Pecador, Ele ora por mim e por você,
Perdoe-os, Pai, oh, perdoe.
Eles não sabem que por Mim eles vivem,
Seu amoroso Cordeiro sacrificado;
Você, por Sua agonia dolorosa,
Seu sangue, Seu suor, Sua dor,
Sua vergonha, Sua cruz e paixão na árvore,
Eu oro, expurgue meus pecados!

O computador mais poderoso do mundo não


poderia calcular a quantidade de condenação e culpa
humana que Ele carregava.
Era mais que a areia do mar ou as estrelas do céu.
Ele não vai todos os anos como o sumo sacerdote
do Antigo Testamento — Ele vai uma vez ao lugar
sagrado. Ele não está carregando uma cruz de
madeira — Ele está carregando o pecado do mundo
que Sansão, com toda sua força, não poderia
carregar. Ele está resolvendo um problema que
Salomão, com toda sua sabedoria, não poderia
resolver, ao carregar o pecado do mundo.
Ele está fazendo isto de uma vez por todas. Jesus é a
consumação de todos os tipos e sombras do Antigo
Testamento. Ele é o cordeiro perfeito. Ele é a pomba
cujo peito foi colocado no sangue e jogado fora, e
então enviada ao ar. Ele é a novilha vermelha. Ele
está tipificado no sumo sacerdote. O sumo sacerdote
do Antigo Testamento vai uma vez ao ano e
eventualmente morrerá. Mas nosso Sumo Sacerdote
viverá para sempre. Ele é a oferta perfeita e o Padre
perfeito, Profeta e Rei.

Expondo os inimigos da cruz

Para Ravenhill, nunca faltou vontade de expor


aqueles que são descritos pelas Escrituras como
“inimigos da cruz de Cristo”. Ele via o liberalismo
como descrença, e em uma carta a alguns amigos,
ele disse o que pensava:

A Igreja Metodista Unida dos EUA votou por não


aceitar toda a Bíblia como a Palavra de Deus. Isto
não surpreendeu o Senhor. Ele sabia disto em sua
mente há muito tempo. Como diz o hino: “Mais
austero crescerá o conflito, à medida em que o
retorno do Rei se aproxima.”
Não importa quem fosse, ele sempre falava
audazmente a verdade sobre os crescentes perigos
do comprometimento e declínio na igreja. Às vezes,
ele deixava sua frustração ou raiva aparecerem. Ele
tinha zero tolerância pelo clero profissional que
negava a autoridade da Escritura.

Em uma carta a um amigo em fevereiro de 1973,


Leonard escreveu sobre tais pregadores liberais:
“Estes sacos cheios de vento deveriam estar
vendendo pipoca ou sanduíches. Eles tiram os
homens de seus caminhos e danificam suas almas.”

A diferença entre Leonard Ravenhill e a maioria


dos pregadores de hoje em dia é que ele estava
disposto a falar desta forma para expor as coisas de
maneira verdadeira. Os ministros de hoje não têm
esta coragem. A maioria deles quer falar do pecado
e do comprometimento com diplomacia. Poucos
estão dispostos a falar tão diretamente. Muitos
pastores querem ser adorados mais do que querem
ser fiéis. Muitos querem ser vistos como positivos,
não críticos, e aceitar a todos, então eles têm
cuidado com sua linguagem para não ofender
ninguém.

Leonard não. Ele era fiel à verdade, não importa o


que as pessoas pensassem, e ele não estava
preocupado em ser politicamente correto na igreja.
Ele falava diretamente, da maneira como o Apóstolo
Paulo dizia que ministros de verdade deveriam falar:
“Não usamos de engano nem torcemos a palavra de
Deus. Pelo contrário, mediante a clara exposição da
verdade, recomendamo-nos à consciência de todos,
diante de Deus” (2 Coríntios 4:2). Ele não se calava,
mesmo se suas palavras fossem ofensivas. Ele era
como Isaías neste aspecto: “Por amor de Sião eu
não sossegarei, por amor de Jerusalém não
descansarei enquanto a sua justiça não resplandecer
como a alvorada, e a sua salvação, como as chamas
de uma tocha” (Isaías 62:1).

Ravenhill falava claramente, honestamente,


diretamente, sobriamente e com convicção:
Muitos de nós não sentimos saudade da antiga
glória da Igreja porque nunca vivenciamos um
avivamento verdadeiro. Estagnamo-nos no status
quo e dormimos tranquilos à noite enquanto nossa
geração se move rapidamente para a noite eterna do
inferno. Vergonha, vergonha de nós! Jesus açoitou
cambistas para fora do templo. Mas antes de açoitá-
los, ele chorou por eles. Ele sabia quão perto estava
o julgamento. O Apóstolo Paulo enviou uma carta
manchada de lágrimas aos santos Filipenses,
dizendo: “Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e
agora repito com lágrimas, há muitos que vivem
como inimigos da cruz de Cristo” (Filipenses 3:18).

Note que ele não diz que eles são inimigos de


Cristo; eles são os inimigos da cruz de Cristo. Eles
negam ou atenuam os valores redentores da cruz.
Há muitas pessoas assim hoje em dia. A Igreja de
Roma não se assume como inimiga de Cristo. Ela se
sustenta em seu nome sagrado. Ainda assim, ela
nega a cruz ao dizer que a Virgem abençoada é a
corredentora. Se isto é verdade, por que ela também
não foi crucificada? Os Mórmons usam o nome de
Cristo, mas eles se afastam do sacrifício. Não temos
lágrimas para eles? Devemos olhar para eles sem
vergonha quando eles nos acusarem de inércia no
Trono do Julgamento, dizendo que eles foram
nossos vizinhos e uma ofensa para nós, mas não um
fardo porque eles estavam perdidos?

Conversão

Em relação ao conteúdo doutrinal do evangelho,


Leonard pregou uma mensagem clara do evangelho.
O convite do evangelho moderno de “ore esta
oração e aceite Jesus como seu Salvador” não era,
em sua opinião, nem um pouco espiritual. Sua
mensagem do evangelho era sempre o senhorio de
Cristo, a regeneração, justificação por fé, adoção e
conversão verdadeira.

A conversão, como Ravenhill via biblicamente, não


é simplesmente uma decisão da vontade de Cristo
baseada nas informações intelectuais sobre Jesus.
Ele sabia que havia uma diferença entre a mera fé
humana e a fé salvadora. Existe uma fé puramente
intelectual que dá apoio mental aos fatos da doutrina
cristã. Esta fé não salva a ninguém.

A fé salvadora, por outro lado, é completamente


diferente. Ravenhill acreditava que a fé salvadora era
uma graça que é trabalhada no coração pelo Espírito
Santo. A fé verdadeira tem Cristo em si como seu
objeto e resulta em obediência a Ele. Em termos de
pregar o dever da fé, Leonard acreditava que toda
pessoa é comandada por Deus para se arrepender e
buscar Cristo, já que Ele é livremente oferecido no
evangelho.

Ele acreditava que a conversão ensinada pelas


Escrituras é uma mudança radical e autêntica na
mente e coração de uma pessoa em relação a Deus,
sobre o pecado e sobre si mesmo. É dar as costas ao
pecado e ir em direção a Deus em Jesus Cristo.

A essência da conversão, de acordo com Ravenhill,


é o arrependimento verdadeiro do pecado e o
exercício da fé em Cristo. Tal fé é espiritualmente
forjada no coração pelo Espírito Santo e é uma fé
dependente, lançando o pecador para Jesus como
Senhor. O pecador genuinamente se rende a Cristo
devido à graça supernatural que o transformou. Este
é o evangelho que Leonard pregou por mais de
setenta anos.

Eclesiologia: a visão de Ravenhill sobre a Igreja

Ravenhill amava a Igreja, o corpo de Cristo, porque


Cristo a amava e se entregava a ela. Mas ele estava
sempre frustrado com a Igreja, em sua visão. Ele
expressava algumas destas visões sobre a Igreja com
David Mains de Chicago no seu programa de rádio
“Capela do Ar”, dos anos 1990:

DM: Em uma escala de 1-10, como você


classificaria a Igreja hoje?
LR: Em uma escala de 1-10, eu daria à Igreja, isto é,
à Igreja Evangélica, quatro. Eu vejo uma falta de
eternidade e da majestade de Deus no evangelismo
atual e isto se reflete, claro, na Igreja.
DM: Se você tivesse que melhorar a Igreja e mudar
este quatro para um oito ou nove. Agora você é o
treinador. O que você vai fazer para mudar? LR:
Precisamos recuperar a incrível majestade de Deus.
Eu perguntei a uma congregação no último
domingo: “Vocês vieram aqui para conhecer Deus
ou só para ouvir um sermão sobre Deus?” Eu já
perguntei isto muitas vezes em muitas igrejas, e só
uma vez eu recebi uma resposta de uma pessoa que
disse: “Bem, eu de fato venho para conhecer a
Deus.” DM: Leonard, por quais padrões você quer
que a Igreja seja julgada? Você quer que ela seja
julgada pelos prédios, porque isto com certeza traria
uma grande taxa de sucesso na América? O
tamanho da congregação parece ser alto. Os
orçamentos também são altos. Quais são seus
critérios de julgamento para uma congregação?
LR: Eu as julgo pela sua santidade e seu caráter. Eu
percorro uma comunidade e digo: “Que tipo de
pessoas vêm de tal igreja?”
Ravenhill viu a decadência de muitas igrejas e
sentiu tristeza por isto. Ele falou muitas vezes sobre
este fato, muitas vezes com um pouco de sarcasmo.
Em uma carta a Billy e Bobbie Moore, ele escreveu:
“Eu acabei de olhar pela janela e vi um grupo de
urubus circulando pela igreja. Eu sabia que ela
estava morta, mas não pensei que até mesmo os
urubus perceberiam!” Em junho de 1973, ele
escreveu para um amigo:

O baixo estado da Igreja me incomoda tanto. Mas


ainda assim, Ele se erguerá e derrotará os inimigos.
Deus não espera tanto tempo. Apenas por um tempo
Ele vira os olhos para a iniquidade das pessoas e a
preguiça da Igreja. Um novo dia está vindo. Tenho
certeza de que o Senhor fará um trabalho rápido e
derrotará a rebelião dos pecadores.

Leonard sempre acreditou que a Igreja estava


falhando ao cumprir sua responsabilidade. Ele sentia
que a Igreja não tinha o fardo que ela precisava para
cumprir seu papel na sociedade. Os pregadores
deveriam ter mais fardos, mais zelo e mais pesar
pela condição da Igreja, que, em sua mente, nunca
foi o que deveria ser:

O homem verdadeiro de Deus está triste, sofrendo


pelo mundanismo da Igreja, sofrendo pela cegueira
da Igreja, sofrendo pela corrupção na Igreja,
sofrendo pela tolerância ao pecado da Igreja,
sofrendo pela falta de oração na Igreja. Ele está
incomodado que a oração corporativa da Igreja já
não derruba os redutos do diabo. Ele está
envergonhado que a Igreja já não clama em
desespero, perante uma sociedade dominada pelo
diabo e louca em pecado: “Por que não
conseguimos expulsá-lo?” (Mateus 17:19) “Aqueles
que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria
colherão” (Salmos 126:5). Este é o édito divino. Isto
é mais que pregar com zelo. Isto é mais que
exposição acadêmica. Isto é mais que entregar
sermões de exatidão exegética e perfeição
homilética. Tal homem, seja pregador ou habitante
do banco da igreja, está estupefato com a
decrescente autoridade da Igreja no presente drama
da crueldade do mundo. E ele se acanha com pesar,
ao ver que os homens se fazem de surdos ao
evangelho e, neste processo, arriscam ir ao inferno
eterno de propósito. Com este fardo complexo, seu
coração é esmagado.

A Igreja: uma remanescente?

Leonard disse em mais de uma ocasião: “Eu estou


envergonhado de ser parte da Igreja de Jesus Cristo
hoje, porque eu acredito que ela é uma vergonha
para um Deus divino”. O que ele quis dizer e por
que ele disse isto? Ele quis dizer que tinha vergonha
de ser parte do que é a representação da Igreja. Ele
disse isto porque a representação da Igreja não
chega aos pés do que a Bíblia diz que a Igreja
realmente deve ser.

Ravenhill via muita carnalidade nas igrejas onde


pregava. Seus sentidos eram muito bem treinados
para discernir entre o bem e o mal. Ele nunca
deixava de observar o mundanismo nas igrejas
evangélicas:

Os jovens casais desta igreja estão tendo suas


reuniões durante a semana em uma festa na praia.
Algumas delas são conhecidas pelos seus biquínis.
Eu me pergunto o que o mundo pensa desta
bobagem. Quem pode ler o Novo Testamento com
um coração honesto e se sentir confortável ao ver a
Igreja de hoje em dia? E o elo mais lamentável das
igrejas é geralmente o pastor. Que infortúnio para
eles, que lideram as ovelhas à terra árida!

Como resultado, Leonard sempre foi frustrado com


o protestantismo porque não estava alcançando os
padrões bíblicos. A pergunta naturalmente surge: na
visão de Leonard, o que é a Igreja? Ela é toda a
Igreja Protestante ou apenas os resquícios de crentes
regenerados? Como Ravenhill definia a Igreja não
pode ser respondido rapidamente. Às vezes, não é
claro no que Leonard acreditava sobre a natureza da
Igreja.
Às vezes, ele parecia ter uma visão muito ampla,
igualando todo o protestantismo à verdadeira
cristandade. Este é o motivo pelo qual uma
declaração como “Eu estou envergonhado de fazer
parte da Igreja de Jesus Cristo hoje” é questionável.
Qualquer verdadeiro crente tem vergonha de fazer
parte do protestantismo por toda a sua descrença.
Mas a cristandade não é a Igreja de Jesus Cristo,
que na verdade está sendo sempre conformada à
imagem do Senhor. Ravenhill estava sempre
reivindicando à cristandade que fosse sagrada e
obediente. Mas como pode uma entidade feita de
tantas pessoas pecaminosas colher o fruto da
verdadeira cristandade? Equiparar a totalidade do
protestantismo com a verdadeira Igreja de Jesus
Cristo é um erro. Leonard muitas vezes parecia
cometer este erro.

Mas o problema não é resolvido tão facilmente.


Outras vezes, Leonard falava claramente sobre a
natureza da Igreja verdadeira, como sendo apenas os
crentes genuínos, o que encontra-se refletido em
uma declaração em uma mensagem:
Não precisamos fraquejar ou temer o que o homem
deve fazer conosco. A Igreja vencerá, ou seja, o
corpo verdadeiro de Cristo irá sobreviver aos
cambaleantes impérios políticos e financeiros.
Levante-se, levante-se para Jesus, o conflito está
próximo... Eu estou convencido de que a Igreja, ou
seja, o corpo dos crentes verdadeiramente
regenerados, nunca enfrentou um desafio de tal
magnitude.

Ele diz: “... a Igreja, ou seja, o corpo dos crentes


verdadeiramente regenerados” — aqui, Ravenhill
define a Igreja verdadeira como apenas consistindo
de crentes regenerados. Ele fala sobre o cristianismo
contemporâneo:

Com a astuta fraseologia de um vendedor


moderno, as massas estão sendo encorajadas a
comprar protetor solar, aplicado de uma garrafa, que
colore a pele sem o usuário nem ver o sol. Parece-
me que estamos anunciando e defendendo um
cristianismo que tem cor, mas não o caráter da coisa
real.138

Em seu livro, “Why Revival Tarries”,(Por que


Tarda o pleno avivamento) Leonard fala ainda mais
claramente quando afirma: “O conflito das eras está
aqui. Esta coisa não bíblica e distorcida chamada
Igreja, que se mistura com o mundo e desonra seu
suposto Senhor, teve sua verdadeira face revelada
— ela é uma fraude. A Igreja verdadeira nasce de
cima.”

Leonard acreditava que a Igreja verdadeira era tão


importante, que era o principal motivo pelo qual o
julgamento estava sendo adiado. No dia 2 de
fevereiro de 1977, ele escreveu para um amigo
sobre isto:

Todos os dias, há um grande rugido de blasfêmia e


pragas ascendendo da terra e o Senhor o escuta. O
culto e adoração tiram este rugido do inferno todos
os dias. A única coisa que mantém a raiva de Deus
controlada agora são os pequenos resquícios dos
verdadeiros santos que ainda estão ao nosso redor.

Depois, ele lembrou da influência dos seus pais no


seu entendimento: “Ensinaram-me, desde minha
infância, que Deus sempre tem um remanescente.
Eu tenho certeza de que isto é verdade nestes dias
horrendos.”

Estas declarações eliminam a ideia de que Ravenhill


incluía o liberalismo doutrinal como parte da
verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Por definição e
inferência, isto elimina boa parte do protestantismo e
até mesmo o evangelicalismo nominal professo, que
nega o poder do cristianismo experimental. Leonard
ainda vai mais além ao expor o evangelicalismo
moderno como diferente do verdadeiro cristianismo:

Somos nós cristãos brincando no jardim enquanto


os homens perecem? Este cristianismo de “Vá à
igreja uma vez por semana, pague o dízimo e cante
no coro” é uma farsa, se este é o limite do nosso
serviço cristão e a extensão da nossa paixão pelas
almas.

Tais declarações são golpes diretos ao cristianismo


americano do século XX, já que Ravenhill está
classificando este cristianismo moderno que vemos
na maioria das igrejas como “uma farsa”.

Resumindo, Ravenhill via a Igreja verdadeira como


sendo formada apenas por crentes regenerados, e,
para ele, ela estava devastada dentro da Igreja
professa em geral. Ele via a Igreja como uma
remanescente dentro de um sistema maior do
cristianismo professo. Ele sabia que muito do
cristianismo professo era falso. Sua visão era muito
fechada sobre isto: “Eu duvido que mais de dois
porcento dos cristãos professos dos Estados Unidos
realmente renasceram.”

Então Leonard via a Igreja verdadeira como


estando dentro da “Igreja” maior. A Igreja
verdadeira é formada apenas por aqueles que se
justificam apenas pela fé em Cristo. Ninguém está
dentro da verdadeira Igreja de Jesus Cristo se não
está em Cristo.

Reavivamento dentro da Igreja

Ravenhill sempre teve este desejo de ver a


renovação da vida espiritual na Igreja. Seu coração
batia pelo avivamento da Igreja e o evangelismo
verdadeiro. O impedimento do avivamento, de
acordo com Ravenhill, é a pobre condição espiritual
da Igreja professa.

Era a convicção de Leonard que muitos cristãos


muitas vezes vivem abaixo do seu chamado
verdadeiro e não conseguem possuir tudo o que eles
poderiam experimentar como cristãos. Seu chamado
especial era para acordar os dormentes da igreja.
Sua pregação lidava com aqueles frios de coração,
que toleravam o pecado e mundanismo. Ele foi
enviado para tais crentes professos.
Leonard era o melhor em clamar para que todos os
cristãos parassem de pender entre duas opiniões e
levassem o verdadeiro cristianismo a sério. Ravenhill
batalhava contra a concessão com a audácia de Elias
no Monte Carmelo.

Alguns cristãos estão inclinados a permanecer nas


áreas cinzentas da indiferença. Leonard queimou o
cinza como fogo através do joio.. Ele usava a
Espada do Espírito, às vezes com severidade, para
cortar e fazer com que o corpo fraco ou
comprometido dos crentes despertasse para atender
ao seu chamado. Ele mirava no coração e
normalmente alcançava seu alvo em cheio. Uma
Igreja renascida era seu desejo e paixão. Ele morreu
em fé, não vendo o desejo do seu coração, em
relação ao avivamento nacional. Mas ele nunca
perdeu seu fardo ou paixão por clamar que todos os
cristãos “recuperem o bom senso e parem de pecar”
(1 Coríntios 15:34).
Leonard sempre viu a necessidade dentro da Igreja
e falava dos motivos para isto:

Sérios estudantes do cristianismo estão perturbados


e aflitos com o lento progresso que a igreja faz hoje
em dia. Alguns pensaram que o batismo de crianças
atrairia uma multidão. Outros pensaram que
catequizar os jovens resolveria o problema, e outros
pensaram que o batismo na água traria mais
aderência à fé.

Então alguns acreditam que as escolas bíblicas são


a resposta para espalhar a mensagem aos pecadores.
Alguns tinham certeza de que os acampamentos
bíblicos acenderiam uma chama no país. Mas todos
estes métodos falharam.

Eu acredito que o principal motivo pela falta de


coragem, sacrifício e zelo pelo Senhor e pelos
perdidos é a falta de um verdadeiro louvor e
devoção.
Doutrina da santificação

Leonard cresceu em um contexto britânico do


metodismo wesleyano, junto com a influência da
teologia nazarena britânica. Eu suponho que ele se
considerava um metodista histórico, apesar de não
se alinhar com a igreja metodista. Quando ele entrou
para o ministério, o liberalismo já havia sido
permeado na Igreja Metodista na Inglaterra.
Ravenhill era um metodista do século XVIII nascido
no século XX. No centro daquele legado está a
verdadeira santidade do coração na vida do cristão.

A busca por Deus na santidade era uma realidade


para Ravenhill. Ele acreditava na verdadeira
santidade da vida cristã. Ele sabia biblicamente que
Cristo muda a natureza e o coração de um homem,
criando nele a retidão e verdadeira santidade por
meio do regenerador trabalho do Espírito Santo.
Uma vez que esta mudança ocorre, a santificação
começa. A partir daquele momento, o cristão está
sempre no processo de transformação na imagem de
Cristo. Esta era a realidade da santificação na qual
Leonard acreditava.

Em relação à doutrina de santificação, tanto o


metodismo wesleyano como a igreja nazarena
historicamente defenderam o que é chamado de
perfeição cristã ou santificação completa. Eles não
utilizavam o termo perfeição “imaculada”, e sim
“perfeição cristã” ou “santificação completa”.

A perfeição cristã ensina que a santificação é uma


experiência definitiva para todos os crentes, por
meio da qual a libertação de todos os pecados é
obtida. A posição doutrinal e ética da Igreja
Nazarena afirma claramente:

Acreditamos que a santificação completa é um ato


de Deus, subsequente à regeneração, pelo qual os
crentes são libertados do pecado ou depravação
original e levados a um estado de desenvolvimento
completo [devoção] a Deus, e à obediência sagrada
do amor perfeito.140

Tal definição também é uma representação correta


da doutrina metodista da santificação completa. Não
é nosso propósito aqui expor esta posição, e sim
entender a posição de Ravenhill em relação ao seu
passado, treinamento e tradição teológica.

Em relação à santificação, Ravenhill muitas vezes


dava uma ênfase arminiana porque ele estava
chamando os crentes a andar na santidade e
obediência. Ele basicamente defendia a visão
histórica de que a santificação é posicional,
progressiva e experimental. Em essência, sua
doutrina tinha estes componentes.

Santificação posicional

Primeiro, sua visão da santificação posicional. O


crente é santificado em Cristo no ponto de
justificação por meio da união com Cristo, e,
portanto, separado para Deus para sempre.
Ravenhill acreditava que todos os cristãos estão
entre aqueles “santificados em Cristo Jesus e
chamados para serem santos” (1 Coríntios 1:2).
Todo cristão foi separado como uma das pessoas
sagradas de Deus por virtude de sua união a Cristo.
Leonard diria um alto “amém” a este ensinamento.
Todos os crentes foram santificados porque estão
em Cristo, e, portanto, são sagrados na visão de
Deus. Esta é a santificação posicional.

Leonard acreditava que o antigo homem foi


sacrificado com Cristo, e que o cristão está morto
para a vida antiga por meio da união com Cristo. O
crente é uma nova pessoa com uma nova natureza e
agora está livre do domínio e do poder do pecado.
Não há dúvidas de que esta era a visão de Leonard
sobre ser santificado em Cristo.

O que não está completamente claro em seu


ensinamento é sua visão de permanecer no pecado.
Se Leonard acreditava que o pecado era erradicado
do cristão por meio do trabalho do Espírito Santo,
ele não deixou sua opinião clara. Ele nunca pregava
sobre a erradicação do pecado na experiência cristã
— o que significa que os crentes poderiam ser
imaculados ou perfeitos nesta vida. Nisto sua
opinião era divergente da clássica posição do
perfeccionismo na história.

Parece que sua visão era que o pecado não era


erradicado no cristão. O pecado ainda é um
problema para os cristãos, senão, por que eles
seriam chamados para se arrependerem no Novo
Testamento? Leonard pregava que devemos batalhar
contra o pecado, mas sempre de uma posição de
vitória, na base da morte de Cristo. Foi a cruz que
levou o pecado à morte, não a santificação do
cristão.

Apesar de Leonard não pregar a ausência de


pecados, ele fortemente enfatizava a vitória do
cristão contra o pecado. Sua mensagem sobre os
cristãos caminhando na verdadeira santidade e não
praticando o pecado era uma parte muito importante
de sua mensagem. John Breshars foi ajudado por
Leonard neste ponto, quando John o escutou pela
primeira vez:

A declaração de Ravenhill aos cristãos: “Vocês não


precisam pecar!” foi uma grande surpresa para o
meu coração orgulhoso quando eu o escutei pela
primeira vez. Mas eu diria que este ponto deve ser
mais enfatizado! De toda esta pregação, eu acho que
esta foi a frase teológica mais útil que já ouvi dele.
No livro do Primeiro João, não se diz “quando você
pecar”, mas “se você pecar”!

O princípio fundacional que Ravenhill estava


enfatizando aqui não era que os crentes nunca
pecarão, mas que por causa da recepção de uma
natureza na regeneração, os cristãos não precisam
pecar, podendo andar no caminho da virtude. O
pecado não é uma regra, e sim uma exceção para o
cristão, por causa de sua união com Cristo.
Santificação progressiva

Em segundo lugar, Ravenhill acreditava na


santificação progressiva. Leonard sempre enfatizava
o crescimento na graça e o aumento do
conhecimento sobre Deus. Esta é a terminologia
bíblica e Ravenhill era um biblista. Ele deixava a
Escritura estabelecer suas visões e terminologia.

A pregação de Leonard não indicava que ele


acreditava que uma experiência com Deus poderia
levar um cristão a uma posição imaculada. Em
oração, ele confessava seu pecado, suas falhas, e
falta de conformidade para Cristo. Ele estava sempre
exortando seus ouvintes a pressionar, segurar e
crescer na graça e conhecimento de Cristo:

Ir à cruz pela vida na regeneração e pela morte na


santificação não tem problema. Mas até mesmo
nestas experiências cristãs não há finalidade. Há uma
morte diária. Eu devo provar que minhas ações
estão relacionadas à minha teologia. Se Deus vai
aumentar em minha vida, então alguém vai diminuir.
Se eu estou dedicado à maturidade espiritual, então
eu devo ver Deus mais, e isto significa que eu verei
outros menos. Se eu não vou me envergonhar em
sua chegada (o tom de 1 João 2:28 sugere que
alguns vão querer se esconder), então eu devo
perseguir meu chamado de Deus em Cristo com
diligência. Não há uma escada para os picos da visão
espiritual. Que cada um de nós ore: “Senhor, é de
fato uma escalada íngreme, mas uma graça
abundante em Ti é encontrada; ... ajude-me a
continuar escalando.”141

A pregação de Ravenhill sobre a santidade às vezes


era muito difícil para algumas igrejas e cristãos
professos. Após Leonard deixar uma igreja onde ele
pregou, alguns membros reclamaram que ele prega
demais sobre a santidade. Sua resposta foi:

A última palavra sobre este assunto é com o


Senhor: “Segui a paz com todos, e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus
12:14). Então a alternativa para a santidade não é
tão doce! O inferno será um lugar repugnante cheio
de mentirosos, ladrões, meretrizes, assassinos e
afins. Eu me contentarei com a santidade em vez do
inferno todos os dias. O inferno é o sistema de
esgoto das eras, sem saída.

No dia 11 de agosto de 1974, Leonard escreveu


aos Moore, encorajando-os a lembrar que o
crescimento e a maturidade claramente não são
processos instantâneos:

Ele vai antes de suas ovelhas. Ele não nos diz


quanto tempo a viagem irá durar, nem o quão
íngreme será a estrada ou o quão solitária ou
perigosa será a jornada. Ele só diz: “Por isso não
tema, pois estou com você; não tenha medo, pois
sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; Eu o
segurarei com a minha mão direita vitoriosa.” Que
promessa!

A pureza instantânea é possível por meio do sangue


de Cristo. Mas a maturidade instantânea não é
possível; ela vem pela vara, enquanto o Senhor
afasta o diabo para ajudá-lo a nos tornar santos.

A realidade da santificação nunca termina até a


morte. Um patamar mais alto era o objetivo de
Leonard em sua vida cristã. Ele também chamava
outros para perseguir isto.

Santificação experimental: o batismo do Espírito

Finalmente, sua doutrina de santificação também


era experimental. Ele acreditava e experimentava,
em momentos diferentes, as experiências de
santificação do Espírito Santo em sua vida cristã.

Leonard não era Pentecostal, apesar de pregar para


eles e ser reivindicado por alguns deles. Mas, como
Martyn Lloyd-Jones e muitos outros antes dele,
Ravenhill acreditava que o batismo do Espírito (“a
unção”, como ele gostava de chamar), é diferente da
regeneração e muitas vezes acontece de forma
subsequente à conversão.

Ravenhill acreditava que tal trabalho de batismo do


Espírito é experimental e muitas vezes traz o cristão
a um novo nível de segurança, poder e vitória na
vida cristã. Ele também acreditava que a unção e
derramamento do Espírito poderiam ser
experimentados muitas vezes, não estando limitados
a uma experiência única. Ele acreditava que o
Espírito poderia ser derramado de repente em um
cristão individual ou em uma igreja a qualquer
momento.

Neste aspecto, ele amava a palavra bíblica em


relação à urgência do trabalho do Espírito ao ser
derramado — “E então, de repente, o Senhor que
vocês buscam virá para o seu templo” (Malaquias
3:1); “De repente veio do céu um som” (Atos 2:2);
“Repentinamente apareceu um anjo do Senhor”
(Atos 12:7). A promessa do trabalho repentino e
rápido de Deus deu esperança a Ravenhill, e ele
utilizava o argumento de tais escrituras em oração.
Em “Por que tarda o pleno avivamento”, ele diz:

Alguns cristãos não podem dizer quando foram


salvos. Mas eu nunca conheci um homem que foi
batizado com o Espírito Santo e com o fogo que não
soube dizer quando aconteceu. Tais homens plenos
em espírito sacodem nações por Deus, como
Wesley, que nasceu do Espírito, foi preenchido pelo
Espírito, e viveu e andou pelo Espírito.

Tal visão não vem do ensinamento cristão histórico,


apesar dos ensinamentos pentecostais e carismáticos
terem levados esta visão a extremos. Batistas,
metodistas, luteranos e presbiterianos históricos
defenderam um derramamento do Espírito após a
regeneração, que eles descreveram biblicamente
como um “batismo”.

Octavius Winslow, um batista do século XIX que


se tornou anglicano e pastoreou duas igrejas em
Nova York e três na Inglaterra de 1833 a 1878, fala
sobre esta grande necessidade de um aumento da
presença e poder do Espírito em nossas vidas
diárias:

Do que a Igreja de Deus precisa corporativamente,


precisamos igualmente como indivíduos cristãos —
um batismo mais profundo do Espírito Santo.
Leitor, por que você não está mais acomodado na
verdade — seus pés mais firmes sobre a Pedra? Por
que você não está mais alegrando-se em Cristo
Jesus, pelo sangue piedoso mais sensivelmente
aplicado à consciência, com o selo de adoção mais
profundamente marcado em seu coração, “Abba,
Pai” mais frequentemente e com um sotaque mais
forte e doce em seus lábios?

Por que a consciência tem tão pouca ternura, e o


quebrantamento do coração e a contrição do
espírito? E por que o trono da graça é tão pouco
recorrido, e a oração em si parece muito mais um
dever do que um privilégio, e quando realizada, tão
vagamente caracterizada com o humilde
quebrantamento de um pecador penitente, a audácia
filial de uma criança adotada, a rica unção de um
padre real?

Deixe a pequena medida na qual você recebeu a


influência do Espírito Santo fornecer a resposta.
“Você recebeu o Espírito Santo desde que
acreditou?” — você O recebeu como Testemunha,
como Selador, como Professor, como Habitante,
como Confortador, como o Espírito da adoção? Mas
você não esqueceu que seu Senhor estava vivo, e
exaltado em Seu trono, para dá-lo o Espirito Santo,
e mais rápido do que um pai dá bons presentes ao
seu filho?

Que Ele agora está preparado para abrir as janelas


do céu e derramar em você tal bênção que deve
confirmar sua fé, resolver suas dúvidas, aniquilar
seus medos, armá-lo para a luta, fortalecê-lo para o
julgamento, dar-lhe uma visão desobstruída de sua
aceitação no Amado, e assegurá-lo que seu “nome
está escrito entre os vivos em Jerusalém”?
Então, enquanto você valorizar a luz do semblante
de Deus, enquanto você desejar crescer no
conhecimento de Cristo, contanto que você seja
mais firme, imóvel, sempre abundante no trabalho
do Senhor, busque aproveitar a presença, amor e
unção do Espírito Santo em um nível mais alto.
Cristo foi até o alto para dar a você esta bênção
inestimável e diz para seu encorajamento: “Até
agora vocês não pediram nada em Meu nome.
Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja
completa.”

A linguagem de Winslow é importante. Ele não está


dizendo que o cristão não possui a morada completa
do Espírito. Ele utiliza termos como “medir”,
“influenciar”, “derramar” e “maior grau”. Este é a
terminologia experimental, da mesma forma que a
Bíblia utiliza em relação à experiência cristã. O que
Winslow está defendendo é um aumento na
influência do Espírito no cristão por meio de
diferentes derramamentos do Espírito em momentos
diferentes.
Perto de seus dezoito anos de idade, Leonard teve
uma poderosa experiência quando o Espírito foi
derramado nele. Depois disto, o Espírito Santo foi
bastante enfatizado na pregação de Ravenhill. Ele
aplicou o aspecto experimental do trabalho do
Espírito Santo em toda a sua vida e ministério
cristãos. Ele colocou sobre o cristão a
responsabilidade de seriamente esperar ou tardar até
ser dotado com o poder de Deus. Em “Meat For
Men”, ele diz:

Hoje ninguém tem tempo para esperar. Alguns


afirmam que não há necessidade de esperar pela
chegada do Espírito porque ele já lhes foi dado. Eu
tenho certeza de que estão certos. Mas também
tenho certeza de que há uma necessidade de esperar
para que possamos fazer um tour, conduzido pelo
Espírito, em nossos próprios corações. Precisamos
falar com George Croly:

Espírito de Deus, descenda ao meu coração,


Afaste-o da terra, mova por todos os seus pulsos;
Incline-se à minha fraqueza, poderosa é Tua arte, E
faça-me amar a Ti como eu devo amar.

A oferta comum dos evangelistas estes dias é: “Se


você precisa de poder, venha ao altar e agarre-o.”
Isto não tem mais apelo moral do que levar seu
carro para ser abastecido e dizer ao frentista: “Encha
o tanque.. Esta palavra não traz mudança moral ou
dotação espiritual que faria um mundo doente pelo
pecado saber que Deus visitou Suas pessoas.144

Leonard nunca usou apenas uma palavra para


definir a experiência do derramamento do Espírito.
Ele usou os termos “batismo”, “preenchimento” ou
“derramamento” de maneira intercambiável. Mais
tarde, ele amou a palavra “unção”, apesar de, com
os passar dos anos, ele ter passado a usar mais o
termo “batismo” ao se referir ao derramamento do
Espírito. O importante para Leonard era a realidade
da experiência, não a terminologia correta.
No derramamento do Espírito Santo, Leonard
recebeu um nível de segurança de filiação que ele
não havia conhecido antes e experimentou a vitória
sobre o pecado que ele não havia conhecido antes.
Sua morte ao pecado como um cristão se tornou
mais real a ele do que nunca. Foi um batismo
definitivo e santificador do Espírito que ele
experimentou quatro anos após sua conversão.

A doutrina de Ravenhill do Espírito Santo na


experiência cristã é como a seguir. Na regeneração,
o cristão recebe a morada do Espírito. O cristão
então é responsável por render sua vida ao controle
do Espírito Santo todos os dias como um sacrifício
vivo, além de todos os dias ser preenchido pelo
Espírito. A santificação é a entrega inicial do poder
do pecado, seguida pela vitória real e progressiva
sobre o pecado, uma vida de crescente pureza,
crescimento e santidade.

Então podem haver subsequentes derramamentos


ou batismos do Espírito que ocorrem às vezes no
serviço, testemunho e louvor. Outros
derramamentos devem vir através da oração e busca:
“Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas
coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no
céu dará o Espírito Santo a quem o pedir!” (Lucas
11:13). Realmente, o amor de Deus é derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que é dado a
nós. Ravenhill acreditava que o trabalho de
santificação do Espírito é experiencial, não só
teórico.

Enquanto alguns da história, como Martyn Lloyd-


Jones, enfatizaram a garantia ou amor divino como
sendo os principais efeitos do derramamento do
Espírito, a ênfase primária de Ravenhill foi
empoderar para o serviço e testemunho, o que
claramente é dito em Atos 1:8: “Mas receberão
poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e
serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a
Judeia e Samaria, e até os confins da terra”.

O empoderamento divino de fato parece ser o


resultado primário do batismo do Espírito na igreja
primitiva. Após a ressurreição, os discípulos tiveram
grande alegria e garantia, até mesmo antes do Dia de
Pentecostes. Foi o batismo do Espírito em
Pentecostes na igreja que poderosamente
transformou a igreja em Atos em uma comunidade
audaciosa e proclamadora, como Lucas registrou:
“Os que haviam sido dispersos pregavam a palavra
por onde quer que fossem” (Atos 8:4). Ravenhill
nunca parou de pregar e escrever sobre a
necessidade da igreja e dos pregadores de serem
empoderados pelo Espírito Santo:

A saída desta horrível praga de pecados ao nosso


redor certamente não é por meio de uma estratégia
humana. Qual é a maneira, então? A maneira de
Deus! “Não por força nem por violência, mas pelo
meu Espírito” (Zacarias 4:6). O mundo não conhece
o Espírito. Ele não invade os corações carnais. Nós,
crentes, estamos neste canal. É a unção do Espírito,
o dote dos céus, o poder sobrenatural para fazer
estremecer a terra.
O poder divino é estremecer os redutos do inferno
na terra, para dar o dote de poder para importunar o
diabo e seus poderes, o poder de quebrar a opressão
de milhões que estão presos a superstições e práticas
ocultas, algemados a drogas, bebidas e luxúria, o
poder de abalar o paganismo com o clamor da
libertação, o poder que irá paralisar os cultos e
libertar os cativos, e o poder que cobrirá o nome do
Senhor com glória.

A forma de sair desta bagunça pecadora é esta:


ajoelhe-se, e então estenda-se aos céus em
intercessão, e então para o mundo, com uma
preocupação, compaixão e conquista batizadas por
fogo para o último derramamento de misericórdia
antes do dia de sua ira.

A convicção de Ravenhill estava correta: é o


Espírito Santo em si que faz a palavra pregada vir
com poder em nossos corações. Esta foi sua
experiência regularmente. Ele parafraseou D. M.
McIntyre sobre o efeito da pregação de Martin Boos
mais cedo na história:

Antes do grande avivamento em Gallneukirchen


[Áustria] acontecer, Martin Boos passou dias, e às
vezes noites, em solitárias agonias de intercessão.
Depois, quando ele pregava, suas palavras eram
como chamas, e os corações das pessoas, como
relva.

Em relação ao empoderamento do Espírito, ele


estava convencido de que apenas pregadores
espirituais produzirão pessoas de mentalidade
espiritual. E isto só vem pelo Espírito Santo. Tal
unção não pode ser ensinada ou proporcionada por
homens, mas, como Ravenhill disse, deve ser:

perseguida e conquistada; ela não pode ser


aprendida... ela é ganha ao lutar em orações no
armário. A vitória não é obtida no púlpito ao atirar
balas intelectuais ou gracejos, e sim em oração.
Quando o martelo da lógica e o fogo do zelo
humano falham ao abrir um coração de pedra, a
unção terá sucesso.

Leonard foi criticado por fundamentalistas que


negavam que a unção do Espírito Santo era para
este período da história da igreja: “Eu ouvi ontem
que um homem no púlpito onde ministramos um
ano atrás na Flórida disse: ‘Ravenhill é um
mentiroso; não existe isto de ser preenchido pelo
Espírito Santo após sermos salvos. Recebemos tudo
de uma só vez’.” Tal visão é o produto moderno do
dispensacionalismo do século XX e é a negação da
natureza sobrenatural da cristandade bíblica.
Ravenhill combateu esta forma de cristianismo
intelectual pela maior parte do seu ministério,
especialmente após chegar na América.
Leonard rejeitou completamente a visão moderna do
pentecostalismo em relação ao trabalho do Espírito
na vida cristã. Em 1980, ele escreveu para um
amigo:

Escutamos um sermão morto por um pregador


“preenchedor de Espírito” morto. Ele disse que foi
preenchido com o Espírito Santo e falou em línguas,
e então foi salvo. Que teologia é esta! Eu espero
falar com ele amanhã sobre isto. Pode-se perguntar
o que os jovens que o escutaram pensaram sobre tal
confusão.

A interpretação glamorosa da vida preenchida pelo


Espírito é uma novidade moderna e não tem
fundamento bíblico. O batismo do Espírito não é um
passeio permanente. Após nosso Senhor ser
batizado pelo Espírito, ele sofreu acusações,
Getsêmani e então a cruz.

Escatologia

O centro da escatologia de Ravenhill eram os


aspectos práticos, não os detalhes. A realidade do
retorno de Cristo, o fato de entrar na eternidade na
morte e o grande fato do trono de julgamento de
Cristo — estas grandes realidades dos fim dos
tempos e do fim da vida resumiam suas doutrinas
das coisas finais.

Em janeiro de 1973, Leonard escreveu para os


Breshear:

Eu recusei convites para ministrar na Austrália,


Irlanda e Nova Zelândia porque eu sinto que este
ano devo escrever um livro sobre o trono do
julgamento de Cristo. Por favor, orem para que eu
tenha a sabedoria que vem de cima. Como eu queria
um vislumbre da eternidade.

Ravenhill não se importava muito com os detalhes


do fim dos tempos. Apesar de sempre mostrar
urgência sobre o retorno de Cristo, ele não
enfatizava os detalhes escatológicos. Leonard era um
purista, nunca perseguindo as tendências dos
professores da profecia que ensinavam cada detalhes
de um sistema de profecia do fim dos tempos. Ele
não tinha interesse na novidade das visões
modernas. Ele simplesmente defendia aquelas
verdades que eram evidentes na Escritura. Jesus
Cristo retornará uma segunda e última vez, assim
como ele ascendeu ao céu — literalmente,
fisicamente e visivelmente para julgar todos os
homens no dia final da história. Leonard acreditava
que a segunda vinda de Cristo será literal, final e
consumará todas as coisas. Ele virá para julgar toda
a história no julgamento final e reinará para sempre.

Seu fardo ao pregar a Segunda Vinda era enfatizar


a realidade central do que mais importava. O
“quando, onde e como” do retorno de Cristo não era
tão importante quanto a certeza, brusquidão e
finalidade de sua vinda. A responsabilidade moral de
nossa reação ao retorno de Cristo era o que
importava para Leonard. Se o Senhor Jesus está de
fato voltando, então que tipo de homens devemos
ser? Ravenhill disse: “Quando foi a última vez que
uma congregação levantou mãos sagradas e disse:
‘Ainda assim, venha, Senhor Jesus!’ Infelizmente,
somos muito apegados à terra”.

A realidade de morrer, estar com Cristo na


eternidade e ficar perante o trono do julgamento de
Cristo era muito mais importante para ele do que os
detalhes do fim dos tempos. O bom amigo de
Leonard, Al Whittinghill, falou sobre isto:

A palavra eternidade estava em seus estudos para


apresentar um lembrete constante a ele sobre a
perspectiva correta das coisas. Ele via todas as coisas
com base nisto. Isto o guiava em suas decisões. Ele
constantemente falava e pensava sobre o trono de
julgamento de Cristo. Quem pode esquecer de tê-lo
ouvido falar sobre o dia quando todos os homens
ficarão perante Cristo e prestarão contas a Deus? A
envolvente consciência do chamado para pregar e o
privilégio deste chamado parecia animá-lo de tantas
formas. Ele andava na luz da eternidade e não só na
luz do tempo.

Foi a ênfase do Apóstolo Paulo sobre o retorno de


Cristo que foi vital para o coração de Ravenhill: “Ela
nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões
mundanas e a viver de maneira sensata, justa e
piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a
bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso
grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tito 2:12-
13). Este é o coração da doutrina da escatologia de
Ravenhill.

Leonard não acreditava na doutrina moderna pré-


milenista do arrebatamento da Igreja. Ele sentia que
ela comprometia o dever atual da Igreja e evitava o
sofrimento que a Igreja deve suportar. Ele também
acreditava que isto impedia a obediência total da
Igreja em todas as coisas, dizendo: “A Igreja de hoje
quer ser arrebatada da responsabilidade.”

No final dos anos 1980, Leonard palestrou na


Faculdade Criswell, em Dallas, para um auditório
lotado e foi recebido maravilhosamente. No fim do
serviço, o gracioso Dr. W. A. Criswell apresentou
uma nova cópia da Bíblia de Estudo Criswell a
Leonard. Ravenhill, que não gostava da atenção
pessoal, recebeu-a com gratidão. Mas a Bíblia de
estudo pré-milenista nunca levou Leonard a aceitar a
posição pré-milenista do arrebatamento, que durante
toda sua vida ele acreditou ser falsa doutrina.

Leonard pregou com paixão sobre a Segunda


Vinda, mas desafiou a doutrina moderna do
arrebatamento pré-tribulação. Ele acreditava que a
doutrina era uma invenção moderna e que ia contra
a Escritura em várias partes. Uma pessoa apenas
precisa ouvir seus sermões e ler seus livros para
saber sua opinião.

Lições da teologia de Ravenhill

Existem várias lições importantes que aprendemos


com a peregrinação teológica de Ravenhill.

1. Devemos saber em que


acreditamos
Ravenhill exemplifica para nós a necessidade de
saber em que acreditamos teologicamente. Ele é um
exemplo de seriedade ao perseguir um
conhecimento profundo de Deus na Escritura e nos
grandes escritos da história da igreja. Ele lia a Bíblia
profundamente e continuamente por várias horas
cada semana. Ele lia, meditava e fazia anotações. Ele
podia citar livremente qualquer parte da Bíblia.

Todo cristão deve estar enraizado e embasado nas


verdades da Bíblia e nas grandes verdades da
teologia. Este processo deve ser martelado por meio
de um verdadeiro estudo para equipá-lo para saber
em que ele realmente acredita.

Leonard pode não ter estado correto em todos os


pontos da doutrina cristã, mas ele certamente havia
estudado esses pontos, meditado sobre eles e os
estudado de verdade. Leonard sabia claramente em
que acreditava e proclamava isto. Ele entrava na luz
que Deus lhe deu. Ele era leal a tudo o que
considerava ser bíblico. Ele não trocava a tradição
pela verdade. O legado de Ravenhill exemplifica
uma seriedade bíblica que é bastante necessária hoje
em dia.

2. Devemos viver o que


acreditamos

A vida de Leonard também nos mostra a


necessidade de viver o que acreditamos e praticar a
verdade que professamos. Em uma carta para Bill e
Bobbie Moore, Len escreveu: “Que utilidade tem a
fama sem fé, dinheiro sem misericórdia, poder sem
paz, grandiosidade sem graça, popularidade sem
pureza, ensino sem ternura e vida sem liberdade?” A
obediência prática à verdade não é opcional, de
acordo com a teologia de Ravenhill. Ele praticava o
que pregava. Seu filho, David, chamava Leonard de
“uma epístola viva”.
Ravenhill dizia que trafegar na doutrina escritural
não vivida é perigoso porque, como ele disse: “a
teologia da sala de aula vai para a margem quando
estamos enfrentando o inimigo sozinhos”. O cristão
deve andar na luz que Deus lhe deu. Ravenhill
muitas vezes falava sobre esta necessidade:

Alguns de vocês não precisam de mais luz de Deus.


Vocês precisam se tornar sérios ao obedecer à luz
que ele já lhes deu. Provavelmente deveríamos
defender uma moratória em todas as pregações da
nação por seis meses e apenas jejuar e orar. Por que
Deus deveria dizer algo novo para nós quando não
estamos obedecendo o que ele já nos mostrou e não
estamos andando na luz que ele nos deu? Deus não
dá aos crentes um entendimento da verdade apenas
para preencher nossas mentes com conhecimento.
Ele revelou a verdade para que possamos obedecê-la
e aplicá-la. “Vocês serão meus amigos, se fizerem o
que eu lhes ordeno”, diz o nosso Senhor (João
15:14). O que importa não é o quanto os cristãos
sabem, mas o quanto eles estão obedecendo à
verdade que eles professam saber.

3. A teologia deve estar viva no coração e nas


afeições

Ravenhill era um modelo consistente disto. As


verdades doutrinais devem estar vivas e frescas para
o indivíduo cristão. A doutrina bíblica deve trazer
grande alegria ao coração e, às vezes, lágrimas aos
olhos. A verdade deve ser vibrante e transmitir uma
vida nova e nunca permanecer na teoria. Se as
verdades da Palavra de Deus não passarem da mente
para tomarem conta das afeições e emoções, então
elas ainda são teóricas. Um pregador frio e calculista
nunca move ninguém. Se os pregadores não são
movidos pela verdade, então por que alguém seria
movido ao escutá-los? Os sermões mortos pregados
pelos homens mortos produzem apenas morte. A
vida gera vida. A verdade deve estar viva em nossos
corações assim como em nossas mentes.

4. Nossa presente necessidade do Espírito Santo


O problema para Ravenhill, finalmente, não é a
terminologia, mas a realidade. Somos pregadores
cheios do Espírito Santo? Este poder está em sua
pregação? O poder de Deus está em seu ministério?
Você clama por sua unção e empoderamento? Se
esta não for uma realidade na vida de todo cristão e
pregador, então a teoria e terminologia não
importam. O que é importante é se estamos
experimentando o poder de Deus em nossas vidas e
ministérios de acordo com Mateus 5:6 e Lucas
11:13.

Ainda resta mistério

Apesar de Ravenhill pregar uma mensagem bíblica,


eu não tenho certeza se ele estaria interessado em
ser teologicamente avaliado. Ele não seria colocado
em uma camisa de força teológica. Ele parafraseava
uma variedade de pessoas que divergiam umas das
outras e até mesmo dele em suas teologias. Se ele
reconhecia a verdade no trabalho de um escritor, ele
a apreciava, independentemente de sua afiliação
denominacional.

Eu não acho que Leonard reconciliou em sua


própria mente os problemas teológicos a longo prazo
com os quais os estudantes batalham. Havia algumas
áreas secundárias da teologia pelas quais ele não se
interessava. Ele era mais um homem de pôr as mãos
na massa do que um teólogo.

Sua pregação fazia as pessoas às vezes falarem:


“Não tenho certeza se o Sr. Ravenhill é calvinista ou
arminiano, mas eu sei de uma coisa — ele é uma
voz clamando na selva, apontando os homens para
Cristo.”

A verdade é que Leonard não estava tentando estar


em nenhum campo teológico. Ele amava a doutrina
da Bíblia, mas era grande demais para qualquer
sistema. Ele mediava nas grandes e profundas
verdades da teologia e da experiência cristã. Ele as
aplicava em sua vida diária. Na vida e no ministério,
Leonard tinha cuidado consigo e com a doutrina.
Sobre isto, ele cumpriu com as palavras do apóstolo:
“para que assim tornem atraente, em tudo, o ensino
de Deus, nosso Salvador” (Tito 2:10).

Quando você examina a teologia de Ravenhill e


tenta chegar a uma conclusão, ainda resta mistério.
Eu me pergunto que campo teológico João Batista
defenderia? Eu tenho certeza que muitas pessoas
ficariam felizes em nos dar a resposta. Mas estou
satisfeito em deixar o mistério no ar.
20 EVANGELISMO À MANEIRA DE DEUS

​ ​ ​ ​ ​

Nosso evangelismo contemporâneo e


computadorizado é tão eficaz quanto tentar
derreter um iceberg com um fósforo.
L.R.

Ravenhill era, antes de tudo, um evangelista, mas


não um evangelista típico. Ele via uma conexão vital
entre o evangelismo, a condição espiritual da igreja e
o clima moral da nação: “O maior obstáculo para o
avivamento na América é o evangelismo moderno.”
Primeiro, sua declaração parece questionável
porque, na superfície, parece não haver uma
conexão entre estas realidades. Mas quando
examinamos de perto, há motivos para concluir que
ele está certo.

Pregação evangelista nos anos 1930

A paixão e personalidade de Leonard nos seus


primeiros anos de evangelismo eram vistas por
aqueles que o conheciam. T. A. Noble escreveu sua
perspectiva sobre o começo de Ravenhill:

Leonard Ravenhill sempre estava perfeitamente


vestido. Ele havia se juntado ao time de caminhada
do sul, liderado por Jack Ford em 1930. Ele estava
na Faculdade Cliff, e então foi assistente de Arthur
Faucett em Bolton e de Maynard James em
Oldham, tornando-se pastor da Missão Oldham em
1934. Ele tinha uma personalidade cativante que
prendia a imaginação das pessoas, um ministério
evangelista dinâmico e era devoto a um ministério de
pregação e oração.

A partir de 1932, Leonard pregou como evangelista


por toda a Inglaterra e em partes do País de Gales.
Ele teve muitas experiências com todos os tipos de
pessoas. Deus enviou muitas pessoas que
precisavam de sua mensagem única e apaixonada
para ouvi-lo falar durante aqueles anos:
Na cidade onde eu conheci minha querida esposa,
houve um serviço no sábado à noite, e eu preguei
sobre Salmos 51. Uma mulher veio à frente da
igreja falar comigo, e ela era a pessoa mais feia e
miserável que eu já tinha visto. Eu já tinha visto
mulheres feias, claro! Mas como ela era feia. Ela
tinha um nariz como uma banana e era enrugada
como uma ameixa; ela vestia roupas pretas da
cabeça aos pés. Eu disse: “Qual o seu problema?”
Ela disse: “Meu nome é Sra. Shepherd. Quarenta
anos atrás, eu era uma oficial do Exército da
Salvação. Eu trabalhava com outra senhora oficial e
não nos dávamos bem, então uma noite fiquei com
raiva. Eu cheguei em casa, peguei minha boina do
Exército da Salvação, rasguei-a e a joguei no fogo.
Eu peguei minha Bíblia, rasguei todas as páginas e a
queimei. Eu cortei meu uniforme e o queimei. E por
quarenta anos...! Ah, eu escutei William Booth e
Coronel Brengle. Eu também escutei o Comissário
Railton pregar. Eu escutei os gigantes do exército. E
nenhuma vez meu espírito reagiu; eu estava morta
como uma pedra! Mas hoje, Deus falou comigo. E
agora eu quero me arrepender dos meus pecados e
pedir que Ele restaure a alegria da minha salvação.”
Leonard era vívido e gráfico em sua pregação
evangelista. Uma de suas primeiras mensagens,
pregada em 1939, foi publicada no “The Flame”, e
uma parte dela revela um exemplo da verdadeira
pregação evangelística:

Oh, que todos os pecados desconfessados,


escondidos e esquecidos de sua vida possam agora
ter mil línguas para cantar o doloroso lamento da
condenação. Deixe suas inquietudes falarem e
atormentá-lo até você se arrepender; deixe toda a
transgressão propositalmente ou imprudentemente
esquecida ter uma ressurreição. Quando você deitar
na cama esta noite, deixe o fantasma de cada um
destes pecados entrar em seu quarto, chamar seu
nome, e com uma voz sepulcral e dedos de
esqueleto, apontarem para você e reivindicarem
você como pai. Melhor que você tenha uma noite
em claro na terra do que milhões no inferno. Os
homens caem em suas camas em perdição por
menos do que o que você fez!
Os tolos desdenham da inocência e idiotas riem
sozinhos da castidade. Deseje a Deus que o acorde
da consciência que está quebrado possa vibrar mais
uma vez, e que você sinta e admita sua própria lepra
perante Deus! Você admite sua culpa? Tudo bem!
Então por que tentar removê-la sozinho? Corpos de
bestas que, se pudessem ser juntados, seriam mais
altos que o Monte Everest, foram oferecidos em
altares judeus, e por debaixo destes altares, rios de
sangue foram derramados. Mas eles não obtiveram
frutos e foram ineficazes em seus esforços para
erradicar o pecado. O que pode lavar seus pecados?
Nada, a não ser o sangue de Jesus, o precioso e
puro sangue do Cordeiro de Deus. - Leonard
Ravenhill, The Flame, 1939

O fardo e a paixão do evangelho

O evangelismo fez parte do ministério de Leonard


por toda sua vida. Era seu dom espiritual primário e
seu incentivo pessoal. Com apenas quinze anos de
idade, Ravenhill era encontrado todas as semanas
nas ruas de Leeds, falando com as pessoas sobre
Cristo e compartilhando o evangelho a céu aberto.
Este foi o começo de mais de setenta anos de
evangelismo consistente.

A realidade do inferno e da eternidade parecia estar


revigorada em Ravenhill todo o tempo. No final de
1976, ele disse para um amigo: “Precisamos de um
entendimento atualizado da perdição dos homens.
Há poucos que parecem se importar. Milhões ainda
não escutaram Seu nome após dois mil anos de
história da Igreja.” Ele pensou sobre a condição
perdida dos homens, meditou sobre isto e orou. Ele
especialmente pregou sobre isto. O fato de que os
homes estão padecendo era um fardo que estava
sempre com ele:

Eu sentei na minha mesa e as lágrimas começaram


a escorrer da minha face. O Senhor colocou o nome
de um homem na minha mente. Eu nunca havia
visto este homem na minha vida. Eu sabia que ele
era rico. Eu não sei muito sobre seu nome. Mas eu
conheço e amo seu filho. Eu comecei a pensar sobre
este homem, com todos os seus privilégios, vida
social e tudo o que ele tem, mas seu nome não está
no livro da vida; ele vai vivenciar uma segunda
morte por toda a eternidade.

Eu não estou preocupado com o quanto você sabe


sobre a Palavra de Deus. Eu pergunto às pessoas
hoje: “Você conhece Deus?” e elas geralmente
recuam. Mas esta não é a única coisa pela qual
estamos no mundo. Se eu perguntar por que Jesus
veio ao mundo, as pessoas geralmente dizem: “Ele
veio ao mundo para salvar os pecadores”. Mas Jesus
disse em João 17: “que te conheçam, o único Deus
verdadeiro”. Ele não veio para resgatá-lo do inferno
ou para transformar homens maus em homens bons
— ele veio para fazer homens mortos viverem. Se
você está vivo nele, você o amará mais.
Evangelismo moderno: colhendo frutas verdes

Ravenhill sabia que o evangelismo do século XX


tinha sido pesado nas balanças e era escasso: “Eu
não tenho motivos para acreditar que os métodos
evangelísticos que falharam nos últimos dez anos
serão bem-sucedidos nos próximos dez anos. Deus
precisa de homens — novos homens com uma nova
mensagem, com uma nova unção, nova visão e nova
autoridade.”

Leonard não só falava sério sobre fazer


evangelismo, mas também sobre os métodos
utilizados. Ele era contra práticas não bíblicas que
não resultavam na conversão verdadeira, mas só
garantiam decisões rápidas para Cristo. Leonard
expressou isto em detalhes com David Mains:

A pregação evangelística é mais desafiante,


dramática e empolgante, e traz mais
responsabilidades do que fazer uma cirurgia de
coração aberto. Não é o que estamos fazendo no
evangelismo, cirurgias de coração aberto? Eu acho
que o evangelismo de hoje em dia é o maior inimigo
do avivamento porque ele é tão superficial.

Os pregadores puritanos temiam mais que qualquer


outra coisa o pecado de “colher frutas verdes”. Eles
tinham medo de falsas conversões em seu
ministério, e que isto os levaria à condenação em
vez de salvação.
Você sabia que Spurgeon, o maior vencedor de
almas de hoje em dia, em mais de cinquenta anos de
pregação, nunca fez uma chamada ao altar? Ele
então foi seguido por A. C. Dixon, que começou a
utilizá-las. Um dos jornalistas disse para ele depois:
“O Sr. Spurgeon esteve aqui por anos e nunca fez
uma chamada ao altar. Ele disse às pessoas: ‘Se você
está ansioso sobre sua alma, encontre-me no
escritório amanhã de manhã.’ Em seu longo
ministério em Londres, era normal haver uma
procissão ao seu escritório desde manhã cedo na
segunda-feira até o fim do dia.”
A resposta de Dixon foi: “Bem, eu acredito em
malhar o ferro enquanto está quente”, e então o
repórter respondeu: “Bem, Spurgeon acreditava que
se o ferro estava quente às 8 da noite do domingo,
ele ainda estaria quente na próxima manhã, se o
Espírito Santo realmente estivesse trabalhando.”

Veja, estamos apenas colhendo frutas verdes. Se


pudéssemos pegar um computador para nos dizer
quantas decisões foram feitas no evangelismo nos
últimos dez anos, todos da nação teriam sido
convertidos ao menos duas vezes. Então quase não
há frutas duradouras.

Ravenhill sabia que as reações das pessoas ao


evangelismo não necessariamente significavam nada.
Ele sabia que as reações das pessoas ao evangelho
poderiam ser apenas emocionais e não durariam.

Parte do problema tem a ver com a falta de


pregação que produziria a convicção do pecado.
Como Ravenhill disse: “Tentamos salvar as pessoas
antes que elas saibam que estão perdidas. Estamos
pedindo que as pessoas esperem no Salão Superior,
mas elas nunca se ajoelharam à cruz.”

Em uma igreja, cinquenta senhoras vieram,


chorando, orar. Todas elas afirmaram que queriam
andar com Deus a qualquer custo. Meses depois, o
pastor disse a Leonard que muitas delas não haviam
comparecido à igreja desde as reuniões.

Leonard não estava surpreso. Sua experiência


pregando o ensinou a não buscar reações físicas na
pregação ou a depender do que ele via no exterior.

Ravenhill achava o evangelismo moderno escasso


por causa de seu dano às almas dos homens. Ele
julgava os métodos evangelísticos modernos não
pelo seu sucesso exterior imediato, e sim pelas frutas
duradouras. As conversões provam uma mudança
verdadeira de vida? Eles amam Cristo e a Bíblia?
Eles desejam o louvor de Deus e a fraternidade com
outros cristãos? Estas são as evidências da conversão
verdadeira que Leonard esperava.

Um ministério evangelístico em particular não o


impressionou, mesmo com toda a sua atividade
exterior. Ele expressou isto em uma carta a um
amigo:

Eu acho que a falência do evangelismo de hoje em


dia é mostrada claramente por sua operação. Um
relatório que estou lendo diz que das 4.106 decisões
para Cristo feitas em seu mais novo programa em
178 igrejas, apenas três porcento se juntaram às
igrejas. Com esta mesma fórmula, eles planejam
lançar uma cruzada mundial de um bilhão de dólares
em breve. Estas pessoas estão embriagadas pelas
estatísticas? Lembra de quando eles invadiram uma
grande cidade do Sul alguns anos atrás? Eles
divulgaram uma reportagem sugerindo que a cidade
havia sido estremecida, mas um pastor daquela
cidade me disse que não houve muito resultado
naquele esforço.
O evangelismo de hoje, com seus bonitos
animadores cristãos, seus escritórios
computadorizados, seus homens bem pagos e sua
grande mídia podem fazer muitas coisas. Mas o
fogo nunca cai sobre computadores e funcionários
de escritórios, mas apenas sobre aqueles de coração
partido, famintos por Deus e humildes. O fogo do
Espírito Santo é a necessidade.

Uma das características únicas de Ravenhill era sua


honestidade e desejo de mencionar nomes,
ministérios ou métodos que ele sabia que eram
questionáveis ou errados. Ele denunciava qualquer
coisa ou qualquer pessoa que ele sentisse que
estivesse publicamente desonrando a Deus. Em uma
ocasião, ele disse:

Eu estou chocado após descobrir que um


evangelista famoso pregou em um festival de rock.
Jesus pode ter feito isto também, mas ele não teria
chamado a plateia bêbada e adúltera de ótimas
pessoas, como ele fez nesta reunião. E então ele
encerrou ao pedir uma “bênção” no jogo de futebol
no Orange Bowl. Como alguém se atreve a invocar
o sangue do Filho eterno no meio de uma plateia de
pecadores, muitos dos quais com certeza estavam
apostando no jogo e usando o nome de Deus em
vão? Isto me faz pensar na oração:

Senhor e Pai da humanidade


Perdoa nossas tolices;
Recupere a retidão das nossas mentes
Em vidas mais puras, encontrando Tua bênção Em
profunda reverência e louvor.

Métodos evangelísticos no evangelismo

Ravenhill não acreditava na invenção moderna do


evangelismo de “decisão rápida”, que também era
chamado de “regeneração decisional”, a crença de
que uma decisão para Cristo produz regeneração.
Isto ocorre quando as pessoas que expressam
qualquer interesse espiritual são apressadas a orar e
fazer uma rápida decisão para Cristo. Eles oram
uma oração do “pecador” e então dizem que estão
salvos. Nada mais é necessário para estas
“conversões” a não ser pressão humana e uma
rápida oração.

Ravenhill se opôs à ideia moderna de convites


públicos forçados. Em vez disto, ele acreditava em
pregar e acreditar que o Espírito Santo faria seu
trabalho. Leonard viu a regeneração e conversão
verdadeira a Cristo como um trabalho de Deus nos
corações dos homens. Muitas vezes, ele advertia
sobre os perigos da manipulação humana ao tentar
produzir conversões. Leonard via isto como
“inoculação” religiosa do evangelho:

Quando as pessoas recebem uma inoculação, na


verdade elas recebem uma dose leve de uma doença
contra a qual elas serão protegidas. Eu me pergunto
se isto não é verdade para a maioria das pessoas no
cristianismo professo — elas recebem apenas
cristianismo o suficiente para evitar que contraiam o
cristianismo verdadeiro?
Leonard sabia que era desonesto comunicar os
aspectos positivos do evangelho, omitindo as partes
negativas. A mensagem completa de Cristo e o
conselho total de Deus estavam sempre no coração
de sua pregação, tanto para incrédulos quanto para
cristãos. Em junho de 1974, ele escreveu:

Eu estava pensando outro dia que se a pregação de


Jesus fosse tão inofensiva quanto a nossa, eles nunca
o teriam crucificado. Ele é a pedra que os
construtores rejeitaram. hoje estamos tentando
“pintar” esta pedra e torná-lo mais aceitável aos
pecadores. Estamos tentando glamourizar o
evangelho e apresentá-lo no estilo de Hollywood
com filmes evangélicos, acrobacias e encenações.
Que pesar pelos pregadores falidos desta hora. Eles
não labutam, eles nem giram — eles são muito
preguiçosos para fazer qualquer coisa.

Ao falar sobre o fraco evangelismo praticado por


tantas pessoas, Ravenhill muitas vezes convocava
uma mensagem mais forte e equilibrada:
Eu vejo todos estes adesivos de para-choques:
“Sorria, Deus o ama”; que tal um adesivo para o
outro lado do para-choques — “Pois o Senhor
disciplina a quem ama”. As pessoas fariam isto?
Lembre-se — a Bíblia diz: “Deus tanto amou ao
mundo”. Sim, está certo. Mas vamos equilibrar isto.
A mesma Bíblia também diz: “Deus manifesta a
cada dia o seu furor”. Isto significa que se você não
está em Cristo, é melhor se arrepender agora antes
que seja tarde demais.

Pregando o arrependimento

O evangelismo de Leonard muitas vezes se


concentrava na doutrina bíblica do arrependimento.
Por causa de sua ênfase, havia pessoas que
discordavam de sua mensagem, chamando-a de
legalística e não aplicável hoje em dia. Ele recebeu
uma carta um dia que revelava a visão moderna de
muitos:
Querido Sr. Ravenhill,
Eu o ouvi pregar duas noites e fiquei muito
decepcionado porque você enfatizou o
arrependimento. Você deveria saber que o
Evangelho de João foi o último evangelho escrito e
que João, em nenhuma ocasião, utiliza a palavra
arrependimento. Isto prova que não há necessidade
de arrependimento hoje em dia.

A resposta de Ravenhill:

Este argumento é tão inútil quanto um traje de


banho para um pato. Se o escritor soubesse que
João escreveu o último evangelho, ele deveria estar
bem informado de que João também foi o último
escritor humano do Livro do Apocalipse. Aquela foi
a última mensagem de João, e nela, ele usa a palavra
arrependimento sete vezes. O arrependimento deve
voltar à moda! Eu tenho certeza de que o irmão que
me desacata por pregar o arrependimento acredita
no inferno. Mas será que ele sabe que nenhum dos
termos utilizados para o inferno foi utilizado por
João? Então, de acordo com sua lógica, pregar sobre
o inferno também é errado. Há uma dezena de
coisas vitais mencionadas nos outros evangelhos que
João omite. Mas eu, pessoalmente, não vou parar de
pregá-las.

Nos anos 1980, os problemas com arrependimento


e o senhorio de Cristo estavam sendo bastante
debatidos nos círculos evangélicos. Alguns
evangélicos professos, até mesmo conservadores,
estavam popularizando uma visão de que se o
arrependimento e submissão a Cristo como Senhor
são uma parte essencial do evangelho bíblico, então
os trabalhos estão sendo agregados à graça. O
argumento é que se dissermos aos pecadores que
eles precisam se arrepender e se submeter a Cristo
como o Senhor para serem salvos, isto seria
adicionar mais trabalhos à salvação, em vez de dizer
a eles que a graça é completamente de graça.

Quando esta controvérsia foi discutida na Igreja


americana dos anos 1980, Ravenhill enxergou isto
como uma das provas que o evangelicalismo
americano havia abandonado sua posição bíblica.
Sobre a questão do arrependimento, ele não hesitou
ao falar a verdade:

Você vê mais e mais pessoas que ou têm uma


religião da cabeça ou uma religião morta, ou uma
visão muito superficial da verdade. Parece que,
nestes dias, o evangelista oferece muito por muito
pouco. Um arrependimento superficial, se é que
pode ser chamado assim, é aceito e então à pessoa é
garantida imunidade da justiça divina, segurança
eterna, ela escapará do inferno, além de receber o
título para uma mansão no céu. Que travestia da
coisa real. Que Deus tenha piedade de nós.

A “Newsweek” mostrou que seis americanos


proeminentes foram convertidos ao cristianismo
recentemente. Mas ninguém mencionou a convicção
do pecado ou a recepção de Cristo como Senhor.
Então eu vejo mais do que nunca a fraqueza do
evangelismo moderno. Nós fazemos as pessoas
andarem até um altar e fazerem a oração do pecador
e pedirem perdão. Mas quando os pecadores, que
são rebeldes contra Deus, clamaram por
misericórdia? Misericórdia, como o arrependimento,
é um palavrão para a maioria dos evangelistas.

A visão antiga do evangelismo é que as pessoas não


vinham para um altar por cinco minutos e iam
embora, e sim ficavam e encaravam a face de Deus
até terem uma verdadeira revelação.

Em outra ocasião, ele contrastou a ênfase bíblica


no evangelismo de hoje e criticou as práticas carnais
do evangelismo moderno:

Este estúpido mundo de “homens sábios” pensa


que o evangelho é uma simples alternativa que
oferecemos ao estilo de vida que eles querem ter.
Precisamos proclamar em alta voz que o evangelho
não é uma opção, mas um ultimato divino.
Arrependa-se ou padeça, transforme-se ou queime.
Este é o dia em que uma sociedade pecadora precisa
de evangelistas que podem manter o inferno longe.
Que Deus nos una com tais homens. Em poucos
anos, um punhado de homens socialmente não
influentes, com bolsos e mãos vazias, viraram o
mundo de cabeça para baixo pelo Senhor Jesus
Cristo. Que diferença dramática da abordagem
evangelística de hoje em dia. Os apóstolos não
tinham ouro, mas muita glória. Os evangelistas de
hoje têm muito ouro e nenhuma glória. Nossos
esforços feitos pelo homem batalharam por gerações
sem produzir um avivamento genuíno, abalador de
culturas, onde o clima moral da sociedade muda e o
impacto é sentido por toda a nação. Nosso
evangelismo computadorizado contemporâneo é tão
eficaz quanto tentar derreter um iceberg com um
fósforo.

Nossa pregação do evangelho cheia de truques teria


falhado miseravelmente no tempo dos apóstolos.
Você pode imaginar Paulo e seus colegas
confrontando uma sociedade pagã hoje em dia com
garotas rebolando e garotos batendo palmas
cantando “Algo bom vai acontecer para você!” ou
oferecendo um pacote de prosperidade em troca de
uma doação?

Sobre o apelo aos pecadores, Ravenhill sempre foi


muito honesto. Ele não tentava pressionar as pessoas
a tomarem uma decisão ou emocioná-las. Ele não
era um evangelista pedinte. Ele sobriamente
afirmava que Deus comanda que todos os homens
de todos os lugares se arrependam, para acreditar no
evangelho e ir a Cristo sem reservas. Qualquer um
que vier será salvo. Qualquer um que não vier
padecerá. Esta era a mensagem e método
evangelístico de Ravenhill. Ele não aprovava as
novidades evangelísticas modernas para tornar o
evangelho mais palatável:

Eu notei uma frase esta semana de um irmão. Ele


falou de um “ágape preguiçoso” que está em todos
os lugares. Como ele está certo. Este é o dia em que
o Espírito Santo é negligenciado, apesar da ênfase
em seus dons e poder. Certamente isto não é
sagrado. Esta apresentação preguiçosa do evangelho
também tem tanto caráter quanto uma ostra, tantos
ossos quanto uma água-viva e é tão perfumada
quanto um gambá. Para cada mil panfletos do
evangelho que você vê que dizem: “Deus é amor”,
você pode encontrar um que diz que Jesus virá em
labaredas de fogo, vingando-se daqueles que não
conhecem a Deus e que não obedecem ao
evangelho. Estes são tempos perigosos e como
precisamos de profetas de verdade.

Há um evangelista na Rua Bourbon, em Nova


Orleans, que ganhou US$130 mil no ano passado.
Suas “conversões” incluem o líder da máfia de Nova
Orleans e uma stripper que foi “convertida” em seu
ministério. Bem, ela ainda é uma stripper, dizendo
que Deus deu a ela um lindo corpo e que ela gosta
de exibi-lo. Que grande conversão do evangelismo
moderno!

Você pode imaginar um programa evangélico de


rede nacional na TV, começando com a leitura de
Naum 1:2 “O Senhor é Deus zeloso e vingador! O
Senhor é vingador! Seu furor é terrível! O Senhor
executa vingança contra os seus adversários e
manifesta o seu furor contra os seus inimigos.” Se o
evangelista começasse seu programa com isto,
deixariam que ele voltasse à televisão na segunda
noite? E quanto ao evangelista carnal e chamativo,
com seu olho e motivo na oferenda de amor e
esperando por uma recomendação às outras grandes
igrejas? Que Deus tenha piedade de nós!

Onde está dito no Novo Testamento que o


evangelismo é feito em algumas noites de reuniões
na igreja? Paulo ficou dois anos em um lugar até
que as pessoas fossem discipuladas. Eu tenho
certeza de que a ideia moderna de algumas noites
em uma igreja realizando reuniões não é
completamente escritural. Não nos pedem para
“salvar as pessoas”; em vez disso, nos pedem para
“fazer discípulos em todas as nações”. Isto não pode
ser feito sem ficar em um lugar por um período de
tempo mais longo. Se a Igreja estivesse fazendo isto
anos atrás, talvez não estaríamos nesta bagunça.
Leonard acreditava que a verdadeira pregação
evangelística era um sacramento, que tal como
Cristo foi historicamente mediado à humanidade por
meio do corpo de Maria, então Cristo é
espiritualmente mediado aos homens por meio da
pregação do evangelho pelo Espírito Santo. Deus
vem pela palavra pregada ao coração e à consciência
do pecador, e Cristo é manifestado através dos
meios de pregação ordenados por Deus. Nestes
temos, ele pregou Cristo aos pecadores pelo
evangelho. Ele pregou o evangelho com muita força
e com grande sobriedade, sem omitir aos pecadores
a urgência de enfrentarem suas condições perante
Deus:

Para ir ao inferno, você não precisa desrespeitar


Deus, blasfemar o nome de Jesus ou cometer
adultério — apenas continue empurrando com a
barriga como você está fazendo! O pior pecado não
é o adultério; o pior pecado é: “Eu posso viver
minha vida sem Deus!”
A perspectiva de Ravenhill era que a Igreja do
século XX tinha o evangelismo mais ineficiente da
história, apesar das cruzadas e das reuniões
evangelísticas mais caras, sobrepostas por
transmissões diárias no rádio em toda a nação.
Apesar de tudo, a nação possui mais corrupção e
julgamento do que nunca. Ravenhill sabia que o
evangelismo moderno é falho por causa de seu
diagnóstico inadequado do problema do homem e
por causa do uso de métodos evangelísticos
mundanos que desonram Jesus Cristo. Em suas
palavras:

Um defunto pode ver melhor se você lhe der um


par de óculos? Sua saúde é restaurada se você lhe
restaurar cosmeticamente? Então a nação é erguida
superficialmente por meio da pregação ineficiente e
band-aids políticos. A novidade no evangelismo é ter
um boneco de madeira no joelho e deixá-lo
resmungar, o que é um pouco menos que blasfêmia.
Que diferença entre estes fantoches e Pentecostes —
Pedro e o fantoche são muito diferentes!
Leonard acreditava que havia uma vasta diferença
entre o avivamento e uma cruzada evangelística. Os
pregadores do século XX confundiam o
relacionamento entre os dois, mas Leonard sempre
os diferenciava:

No evangelismo, homens agonizam por homens —


no avivamento, os homens agonizam por Deus. No
evangelismo, as pessoas se reúnem — no
avivamento, as pessoas tremem. O evangelismo é
direcionado ao homem — o avivamento é
direcionado a Deus. O evangelismo é o homem
falando por Deus — o avivamento é Deus falando
pelos homens. O evangelismo muitas vezes é
divertido — o avivamento é sempre maravilhoso. O
evangelismo muitas vezes é caro — o avivamento é
explosivo. O evangelismo toca meu vizinho — o
avivamento me toca. O evangelismo muitas vezes
traz apenas nova dedicação — o avivamento traz a
verdadeira reformação.
Leonard se tornou conhecido na América por suas
declarações originais e únicas. Algumas de suas
melhores falas tinham a ver com o evangelismo e
evangelistas:

• “Um evangelista popular alcança suas emoções,


mas um profeta de verdade alcança sua
consciência.”

• “Só porque há uma agitação religiosa no lugar,


isto não quer necessariamente dizer nada;
também há uma agitação quando o circo chega à
cidade.”

• “Devemos fazer o que podemos por Deus, antes


que ele nos dê o poder para fazer o que não
podemos fazer.”

• “Qualquer método de evangelismo funcionará se


Deus estiver nele.”
• “A visão antiga do evangelismo não é que as
pessoas vinham para um altar por cinco minutos
e iam embora, mas sim que buscavam
Deus pessoalmente até terem uma verdadeira
revelação.”

• “É fácil ‘salvar’ os homens. O problema é perdê-


los.”

• “Eu acredito que toda igreja é sobrenatural ou


superficial. Não há
meio-termo.”

• “O mundo vai para o fogo do inferno porque a


Igreja perdeu o fogo
do Espírito Santo.”

• “Se há milhões de estradas para o inferno, não há


uma estrada que
saia dele.”
• “O evangelismo toca meu vizinho, mas o
avivamento me toca.”

• “Ele não é um tolo que troca o fardo do pecado


pelo fardo do Senhor.”

• “Falhamos ao tornar os pecados ofensivos e


Cristo atraente.”

• “A resposta para o fogo do inferno é o fogo do


Espírito Santo.”
Muitos jovens vieram a Leonard durante os
anos, pedindo que ele orasse por eles, porque
eles queriam este dom e unção para o
evangelismo. Ele sempre recusava os pedidos
dizendo: “Todos querem meu manto, mas
ninguém quer o saco e as cinzas.” Falando com
os funcionários de um ministério de avivamento
nacional, Leonard os repreendeu: “Por que
conduzir o avivamento na igreja de outra pessoa
quando sua própria igreja está morta? Isto não
faz sentido.”
Ravenhill foi um dos principais evangelistas do
século XX. Alguns pregadores se ofenderam
com ele ou tinham medo dele, geralmente
porque suas visões expunham seus ministérios
como carnais ou superficiais. Mas os homens
bons e divinos que trabalharam em ministérios
evangelísticos durante os anos de Ravenhill,
viram Leonard como um homem equiparado a
poucos, um evangelista único.
21 AVIVAMENTO À MANEIRA DE DEUS

​ ​ ​ ​ ​

Leonard, início dos anos 80

Seja o que for que dissermos sobre avivamento,


temos que reconhecer isto: o avivamento é um ato
de misericórdia da soberania de Deus.

L.R.

A principal razão pela qual não vemos o


avivamento é porque estamos contentes em viver
sem ele.

L.R.

Leonard Ravenhill não estava tão apaixonado pelo


avivamento como estava pelo Redentor. Esta é a
perspectiva do seu amigo galês Des Evans.

Embora as palavras de Evans sejam verdadeiras,


Leonard amava a obra de Deus no avivamento. Foi
o seu batimento cardíaco e um forte desejo por mais
de setenta anos. Seus sermões e livros refletiram isso
em toda a sua vida.

Em uma carta escrita a seu amigo John Breshears,


Ravenhill definiu sua visão de avivamento.

Avivamento, no sentido histórico, é Deus


ressuscitando espiritualmente mortos em grande
número, enchendo as igrejas com pessoas nascidas
do Espírito. Em última análise, isso realmente
significa reviver os santos e é uma recordação do
Espírito Santo para a vida no Novo Testamento. São
as pessoas que preparam uma estrada para nosso
Deus e então seguindo-o implicitamente quando ele
desce a estrada.

Leonard deu um brado para um avivamento


genuíno, porque a geração americana para a qual ele
pregou nunca tinha visto avivamento. Sua trombeta
foi tão drástica, destemida e radical que sua ênfase
parecia desequilibrada às vezes. Mesmo seus livros
revelam uma ênfase excessiva na mensagem de
avivamento às vezes. Mas a ênfase nova de uma voz
profética precisa ser desequilibrada às vezes, de
modo a restaurar uma área negligenciada da
verdade. Avivamento, oração e evangelismo foram
as especialidades de Ravenhill. Ele foi um
evangelista por setenta e dois anos e viu movimentos
genuínos do Espírito Santo no norte da Inglaterra e
no País de Gales em diferentes ocasiões.

Em seu livro “Revival Praying”, Leonard diz no


prefácio:

Com relação ao meu título, os puristas teológicos


provavelmente me perseguirão por casar essas duas
palavras: oração e avivamento. Mas depois de
pensar mais, não pude fazer outra coisa. Meus
críticos dirão com precisão dolorosa que, enquanto a
oração é uma palavra do Novo Testamento, o
avivamento não é mencionado lá. Eles serão
friamente corrigidos no diagnóstico. No entanto,
devo retaliar com o fato irrefutável de que, se o
avivamento não é mencionado pela palavra direta de
inspiração, é mencionada no Novo Testamento pela
inferência inspirada. Quem pode negar que o
avivamento está nos Atos dos Apóstolos, e que, da
mesma forma, orar é interligado com os
avivamentos encontrados lá?150

Quase todos os livros de Ravenhill eram sobre


avivamento. Ele pensou e escreveu mais sobre
avivamento do que a maioria dos líderes cristãos,
porque ele orou por isso mais do que a maioria. Sua
pregação também refletia o mesmo. Seja uma série
de palestras sobre o assunto ou um único sermão,
não se pode perder a urgência que ele sentia sobre a
necessidade do despertar espiritual:

Deus prometeu que ainda abalará os céus e a terra,


o mar e a terra seca. Oro para que, antes que Ele os
abale em julgamento, le misericordiosamente abale a
igreja com avivamento. Uma nova safra de profetas
se levantará e abalará as nações, reunindo a última
colheita de almas em redenção antes que os céus
abandonem a ardente indignação de um Deus santo
nesta sociedade saturada de pecado.

Pode ser que tenhamos que nos unir em um sentido


mais profundo com aqueles profetas antigos e
dolorosos antes que o céu se rasgue e a chuva de
bênção necessária venha.
A maquinaria enferrujada do denominacionalismo é
muito dura para operar nos dias de hoje. Em outras
palavras, os odres velhos não conterão o novo vinho
do reino de Deus quando o avivamento vier.

Eu oro durante a noite mais agora do que em toda


a minha vida. Fico feliz em fazer isso porque sei que
o tempo está passando. Eu não quero ver minha
geração morrer sem ver um avivamento do Espírito
Santo que mantém as luzes acesas na igreja semana
após semana, dia e noite, onde toda a reunião está
pulsando com a eternidade. Nossa necessidade é
inundações, inundações e mais inundações de poder
para esta hora má.
Ravenhill orou por avivamento por mais de setenta
anos. Ele passou noites inteiras orando por
avivamento. Foi o desejo de ver a Deus glorificado
que o manteve desejando isto:

Eu passei dias em campos e florestas orando por


avivamento, junto com alguns outros homens
preciosos. E eu não vou desistir, eu estou
aguentando. Eu não estou pendurando minha harpa
nos salgueiros porque alguns espertos vêm e me
dizem que a Bíblia não ensina esse avivamento para
hoje.

A glória dos avivamentos passados

Leonard falou muitas vezes ao longo dos anos


sobre avivamentos do passado para inspirar fé e
oração. Ele tinha amplo conhecimento da história
dos movimentos de avivamento:

A glória do avivamento evangélico conforme


Wesley já atingiu os corações dos metodistas de
hoje? Eles leram sobre os homens batizados com
fogo na equipe de Wesley? Homens como John
Nelson, Thomas Walsh e uma série de outros cujos
nomes estão escritos no Livro da Vida, homens
perseguidos e chutados nas ruas quando realizavam
reuniões de rua? Mesmo enquanto o sangue deles
escorria de suas feridas, suas lágrimas corriam de
seus olhos.

O Exército da Salvação mal consegue ler sua


história evangélica flamejante sem lágrimas. E têm
as pessoas da santidade posto um guarda na porta do
salão de beleza, para que nenhuma irmã entre para
enrolar o cabelo, enquanto a um quarteirão de
distância há uma série de prostitutas tentando vender
seus corpos destruídos pelo pecado sem ninguém
para lhes dizer do amor eterno?

Os pentecostais olham para trás com vergonha


assim que lembram quando viviam nos caminhos
teológicos, mas com a glória do Senhor no meio
deles, quando tinham uma vida normal na igreja, o
que significava noites de orações seguidas de sinais e
maravilhas, milagres e dons genuínos do Espírito
Santo? Quando eles não eram observadores de
relógios, e suas reuniões duravam horas, repletas de
poder sagrado? Não temos lágrimas por essas
lembranças, ou vergonha de que nossos filhos não
conheçam tal poder?

Outras denominações tiveram seus dias de glória de


avivamento. Pense nas poderosas visitas entre os
presbiterianos na Coreia e no avivamento que abalou
a terra em Shantung entre os batistas. Esses dias se
foram para sempre? Não temos lágrimas pelo
avivamento?

Alguns se maravilham com nossos evangelistas


descarados que anunciam que eles acabaram de ter
um maravilhoso avivamento, com milhares de
pessoas lotando seus altares. Então, para acalmar os
fundamentalistas rígidos, eles acrescentam: “Mas
não havia nada sensacional e nenhuma desordem”.
Mas pode haver um terremoto sem sensação ou um
tornado sem desordem?

O ministério escaldante de Wesley não causou


alvoroço? A Igreja da Inglaterra bateu todas as
portas diante de um homem enviado por Deus, cujo
nome era John Wesley. Este abençoado homem
Wesley terminou Oxford, tendo em suas palavras
“falhado completamente”, mesmo com o cérebro de
um erudito, o fogo de um fanático e a língua de um
orador. Então veio 24 de maio de 1738, quando
John Wesley, em uma reunião de oração da Rua
Aldersgate, nasceu do Espírito. Mais tarde ele ficou
cheio do Espírito. Em treze anos, esse homem
batizado pelo fogo abalou três reinos. E Jerônimo
Savonarola sacudiu Florença na Itália central até que
o rosto do “monge louco” se tornou um terror para
os florentinos de sua época e uma coisa de escárnio
para a multidão religiosa.

E então houve John Knox. Como uma criança


concebida de repente salta para a vida, assim é com
o avivamento. No século XVI, Knox fez a oração de
Rachel, gritando: “Dê-me a Escócia ou eu morro!”
Knox morreu, mas, enquanto a Escócia vive, Knox
viverá.

Depois, há Nicholas Zinzendorf, que ficou


envergonhado com o estado infrutífero e sem amor
dos morávios, e foi derretido e motivado pelo
Espírito Santo até que, de repente, o avivamento
chegou às 11h da manhã de quarta-feira, 13 de
agosto de 1727. Então começou o avivamento da
Morávia, no qual nasceu uma reunião de oração que
nos contam ter durado literalmente cem anos.
Daquele encontro veio um movimento missionário
que chegou aos confins da terra.

Ravenhill acreditava que toda igreja deveria estar


viva em todos os momentos com o poder do
Espírito de Deus. Se essa visão é certa ou errada,
permanece em aberto para maiores esclarecimentos.
Não há dúvida de que Leonard acreditava nisso com
todo o seu ser. Ele costumava dizer: “Você nunca
precisa anunciar um incêndio. Todo mundo vem
correndo quando há um incêndio. Da mesma forma,
se a sua igreja estiver em chamas, você não precisará
anunciá-lo. Todos ao redor já saberão disso.”

Avivamento e evangelismo devem ser


diferenciados

Um dos principais debates que Ravenhill teve com


a igreja americana foi seu fracasso em distinguir
entre avivamento e evangelismo. O evangelismo
moderno tinha embaçado as duas coisas na mente de
muitos líderes e ministérios da igreja. Ravenhill sabia
que isso era um erro grave que levou a muita
confusão e ensinamentos errados. Ele viu que a
igreja do século XX havia perdido a definição e a
clareza sobre o avivamento e o evangelismo.
Leonard sempre manteve a visão mais bíblica de que
o evangelismo é a atividade da Igreja em levar o
evangelho a um mundo perdido, enquanto o
avivamento é Deus descendo sobre a Igreja com
grande poder para despertá-la. A primeira é a
atividade dos cristãos e a segunda é a obra de Deus
somente. Ele gastou muito tempo e energia
esclarecendo a relação entre avivamento e
evangelismo.

Leonard gostava da declaração de Paul Rees:


“Avivamento e evangelismo, embora intimamente
ligados, não devem ser confundidos. O avivamento
é uma experiência na Igreja; evangelismo é uma
expressão da Igreja.”

David Mains perguntou uma vez a Leonard:


“Como você recomendaria que os ministros passem
a maior parte do tempo? Seria em aconselhamento,
oração ou preparação de sermões?” A resposta de
Ravenhill foi: “Eu diria que eles precisam reler o
avivamento histórico. Eu não acredito que haja uma
dúzia de pessoas na América que já viram
avivamento.”

Leonard ansiava por ver Deus vir entre seu povo


em poder e com isso transbordar para a sociedade
como um despertar. Ele acreditava que o avivamento
poderia e deveria acontecer, que é nossa
responsabilidade trabalhar por ele e que a maioria
dos cristãos não é séria o suficiente sobre isso. Sua
pregação refletia isso em todos os momentos:

Nosso Deus é um fogo consumidor. Quando chega


em poder, ele consome orgulho, luxúria,
materialismo e outros pecados. E só porque há
alguma agitação religiosa em um lugar, isso não
significa necessariamente nada; há também uma
agitação quando o circo chega à cidade. Os santos
do Novo Testamento tinham o revestimento do
Espírito, mas não o equipamento; hoje temos o
equipamento, mas não o revestimento.

Uma teologia de avivamento

A questão tem sido discutida há séculos. O


avivamento é uma obra de Deus ou uma obra do
homem? É principalmente responsabilidade de Deus
ou responsabilidade da Igreja? Os cristãos podem
fazer algo para assegurar a bênção do derramamento
do Espírito Santo?

Qual era a visão de Ravenhill sobre o avivamento?


Devemos começar dizendo que Leonard não era um
teólogo técnico do avivamento. Existem outras
fontes melhores para isso. Leonard não era o técnico
que definiu o avivamento, embora ele tenha sido o
profeta que revelou sua necessidade urgente. Ele era
um forte apelo para o avivamento, não uma palestra
acadêmica sobre isso.

Enquanto Leonard sabia que o avivamento era obra


do Espírito Santo, ele era da escola que acredita que
é sempre a vontade de Deus responder às orações e
à obediência de seu povo enviando avivamento.

Ravenhill e Charles G. Finney concordavam?

Ao contrário de Charles Finney, que negou que o


avivamento seja milagroso por natureza, Ravenhill
acreditava que o avivamento é a intervenção divina
de Deus em poder sobrenatural. Finney não
acreditou nisso. Ele acreditava que o avivamento é
simplesmente uma escolha de nova obediência a
Deus e não milagrosa em qualquer sentido da
palavra. Ele esclareceu muito bem suas visões em
suas famosas “Palestras de avivamento” dadas em
1835 em Nova York:

Um avivamento não é um milagre. Um milagre tem


sido definido, geralmente, como uma interferência
Divina, uma separação ou suspensão das leis da
natureza. Um avivamento não é um milagre nesse
sentido. Todas as leis da matéria e da mente
permanecem em vigor. Elas não são nem suspensas
nem separadas em um avivamento. Um avivamento
não é um milagre de acordo com outra definição do
termo “milagre” — algo acima dos poderes da
natureza. Não há nada na religião além dos poderes
comuns da natureza. Consiste inteiramente no
exercício correto dos poderes da natureza. É apenas
isso e nada mais. Quando os homens se tornam
religiosos, eles não são capazes de fazer esforços
que antes eram incapazes de apresentar. Eles só
exercem poderes que tinham antes de um modo
diferente e os usam para a glória de Deus.

Um avivamento não é um milagre nem dependente


de um milagre em qualquer sentido. É um resultado
puramente filosófico do uso correto dos meios
constituídos, tanto quanto qualquer outro efeito
produzido pela aplicação de meios. Pode haver um
milagre entre suas causas antecedentes ou não.

Os apóstolos empregaram milagres simplesmente


como um meio pelo qual eles prenderam a atenção à
sua mensagem e estabeleceram sua autoridade
divina. Mas o milagre não foi o avivamento. O
milagre era uma coisa; o avivamento que se seguiu
foi outra. Os avivamentos nos dias dos apóstolos
estavam ligados a milagres, mas eles não eram
milagres. Durante muito tempo, supôs-se pela Igreja
que um avivamento era um milagre, uma
interposição [interferência ou interrupção] do poder
Divino. É somente em poucos anos que os ministros
geralmente supõem que os avivamentos devem ser
promovidos pelo uso de meios [...] Deus derrubou a
teoria de que geralmente avivamentos são milagres.

Esta é uma longa citação, mas é necessário ver em


primeira mão das próprias palavras de Finney o que
ele realmente acreditava e ensinava.

Ravenhill, no nível mais básico, não concordava


com a visão de Finney. Leonard acreditava que um
avivamento é milagroso por natureza. A visão de
Ravenhill era historicamente ortodoxa nesse ponto e,
ao contrário da visão de Finney, era teologicamente
correta.

Não estou dizendo que Ravenhill não gostasse de


Finney absolutamente. Ele apreciava o evangelista
do século XIX e acreditava que Finney era usado
por Deus. Mas Leonard se separou dele na questão
básica e importante de definir a verdadeira natureza
do avivamento. Suas visões são muito distantes para
não ver a distinção.
Avivamento: o derramamento do Espírito Santo

O que Leonard acreditava sobre o avivamento?


Devemos primeiro começar afirmando que ele
acreditava que um avivamento é um derramamento
da graça divina por Deus, o Espírito Santo. Em sua
essência, isso torna um avivamento milagroso por
natureza. Ravenhill acreditava nisso completamente.
Se o avivamento é, como escreveu Leonard a John
Breshears, “Deus ressuscitando os espiritualmente
mortos em grande número e enchendo as igrejas
com pessoas nascidas do Espírito”, então como
pode o avivamento ser algo que não seja milagroso?
Ele disse em uma mensagem:

Temos um cemitério local onde todas as pessoas


estão unidas e em um só lugar. Mas dez mil Bíblias
lhes darão vida? Não, a letra mata; é o Espírito que
dá vida. Os homens santos falaram quando foram
movidos pelo Espírito Santo. Que expressão! Não é
de admirar que o poderoso Félix tenha tremido
quando Paulo argumentou sobre retidão, temperança
e julgamento vindouro. Deus conceda que, nesta
hora crítica da história humana, possamos ver
congregações inteiras tremendo em sua santa
Palavra.

A definição de Ravenhill é diretamente o que


Finney nega – “Deus ressuscitando espiritualmente
mortos em grande número”, que é uma interrupção
divina ou interferência na ordem natural das coisas.

Leonard desafiaria qualquer um a contestar que o


verdadeiro avivamento é de natureza miraculosa e
sobrenatural. Ele amou as palavras de John Willison
de 1742:

Um dia da ministração do Espírito traria muitas e


ricas bênçãos junto com ele, como descobertas da
glória do Redentor, convicções do mal e vilania do
pecado, muitas coroas de vitória e triunfo em Cristo,
e grandes acréscimos aos amigos dele e seus
seguidores.
Então a luz do evangelho brilharia claramente, o
conhecimento salvador aumentaria, a ignorância e o
erro desapareceriam, as riquezas da livre graça
seriam exibidas e Satanás estaria preso.
Então os ministros e as ordenanças seriam vivos, os
pecadores seguros seriam despertados, as almas
mortas viveriam, os corações duros seriam
derretidos, as fortes concupiscências subjugadas e
muitos filhos e filhas nascidos de Deus. Um dia
assim curaria as divisões, cimentaria brechas,
tornaria todos nós um só coração e mente e traria o
céu à terra. Isso compensaria nosso
descontentamento, removeria nossas queixas e uniria
o rebanho disperso de Cristo. Faria a verdadeira
religião e as pessoas santas serem estimadas, o vício
estaria em desgraça e a imoralidade esconderia sua
face. Então os sábados e as comunhões seriam dias
de céu. Oração e louvor, conversas espirituais, e o
falar sobre Cristo e amor redentor seriam nosso
maior prazer. Oh, então ore por tal tempo!

É quando falava sobre a natureza sobrenatural do


avivamento que Ravenhill estava sempre no seu
melhor: “Por avivamento quero dizer uma obra de
Deus que fecha as lojas e para o tráfego, e as luzes
do santuário não saem por um mês ou mais.” Ele
quis dizer uma intervenção do céu em grande poder.
Leonard deu muitas declarações do que ele queria
dizer:

Avivamento é o ato do Espírito sobre os crentes


que deixaram seu primeiro amor.
O avivamento é a restauração da verdadeira
doutrina.
Avivamento é o despertar do poder da oração em
vidas individuais.

O avivamento é ver que Deus deve ser justificado


por sua misericórdia ou por seu julgamento.
Avivamento é a ascendência do espiritual sobre o
material.
Avivamento é a paixão do Espírito dentro do crente
para conhecer e obedecer a vontade total de Deus.
O avivamento é a disposição para abandonar tudo,
para que Deus possa ser tudo em tudo para o
indivíduo e para a igreja.
O avivamento é a operação “sem limite de tempo”
de Deus sobre os santos, resultando em um mover
de Deus entre os pecadores.

O avivamento é o redimido, soluçando com


coração partido sobre uma nação de vidas
quebradas.
O avivamento não é um luxo, mas uma necessidade
para a nação.
O avivamento não é uma alternativa humana, mas
um imperativo divino.

A pregação e as orações de Leonard estavam cheias


da realidade de que Deus intervém nos assuntos dos
homens na história para enviar avivamentos. Ele
vem pelo seu Espírito de repente sobre uma igreja
ou uma comunidade. Ele soube por experiência, em
muitas ocasiões ao longo dos anos, sobre a vinda do
Espírito Santo sobre o povo de Deus em poder
vivificador. Em outubro de 1973, depois de voltar de
uma gloriosa semana em uma igreja no sul, ele
escreveu:

Como você descreve um pôr do sol brilhante para


um homem cego? Como você explica uma sonata
clássica para um homem totalmente surdo? Como
você coloca em palavras uma reunião da borda da
eternidade, encharcada de poder de outro mundo?
Nós tivemos uma reunião como esta na semana
passada. Deus se moveu. Que oração, que choro e o
que clamor a Deus! Ah, por mais disso por toda a
terra.

Mesmo uma pesquisa elementar da ênfase de


Ravenhill no avivamento revela que sua visão era a
de que Deus deve vir sobrenaturalmente ou não há
avivamento.

Avivamento: Deus é soberano


Em segundo lugar, Leonard acreditava que Deus é
soberano no avivamento. Quanto à soberania de
Deus, Leonard sabia muito bem que os avivamentos
são sazonais e que Deus trabalha em diferentes
períodos ao longo da história no envio de
avivamentos. Ele sabia que a Bíblia ensina que há
tempos ordenados de aumento das bênçãos advindas
da presença da mão direita de Jeová. Como Leonard
disse em um sermão: “Devemos sempre lembrar que
o homem pode construir o altar e preparar o
sacrifício, mas somente Deus pode enviar o fogo.”

Ravenhill sabia que havia estações soberanas de


renovação e ele frequentemente se referia a isso em
sua pregação e ensino:

Eu tenho diante de mim a narrativa que foi escrita


por Jonathan Edwards. Percebemos que o Grande
Despertar na Nova Inglaterra de 1735 não foi
encenado ou planejado? Jonathan Edwards poderia
ter dito: “Vamos esperar, porque em duas semanas
George Whitefield, o maior pregador desde o
apóstolo Paulo, está vindo para a América.” Mas ele
não fez isso.

Edwards estava pregando a doutrina da


regeneração e, de repente, enquanto ele estava no
curso normal da pregação, na primavera de 1735, o
Espírito Santo caiu sobre as reuniões.

Leonard Leonard foi ainda mais enfático em outros


momentos: “Não podemos organizar o movimento
do Espírito mais do que podemos esculpir as nuvens
que passarão no céu amanhã. Deus é soberano no
avivamento.”

Avivamento: o homem é responsável

Leonard acreditava que a Igreja é responsável em


relação ao avivamento. Ele tinha a mais profunda
convicção de que o derramamento do Espírito devia
ser desejado, orado e trabalhado.
A teologia metodista histórica de Ravenhill
afirmava que a Igreja é responsável por fazer o que
Deus ordenou em todos os momentos. É a vontade
de Deus enviar avivamentos, argumentou Ravenhill,
e os crentes são responsáveis por estarem cheios do
Espírito Santo e andarem no Espírito. Ele não tinha
lugar para a morte espiritual na Igreja, mas
acreditava que a norma é a Igreja experimentar a
poderosa presença do Espírito de Deus. Embora ele
não acreditasse que o homem pudesse fazer o
avivamento acontecer, ele acreditava que a Igreja
poderia vê-lo ocorrer se ela se tornasse séria o
suficiente sobre a oração e a busca de Deus. Ele
costumava afirmar que o avivamento envolve
responsabilidade humana.

Existem teólogos que insistem que o avivamento é


um ato soberano de Deus, independente da atuação
humana. Isso não pode ser exato. Toda a história
humana desde o Pentecostes é contra essa visão. Se
Deus trabalha sem homens, então por que ele disse
aos discípulos que aguardassem até que fossem
dotados de poder e depois entrassem em todo o
mundo?

À luz disso, Ravenhill acreditava que os cristãos


deviam estar realmente ansiosos em orar e lutar por
avivamentos. Ele parece às vezes estar dizendo que
a Igreja faz o avivamento acontecer. Ele não
acreditava nisso. Mas ele acreditava que havia uma
desconexão entre o que Deus havia prometido e o
que a Igreja professa estava experimentando. De sua
perspectiva, pouquíssimos crentes tinham suficiente
desejo, seriedade ou oração para o avivamento:

A única razão pela qual não vemos o avivamento é


porque estamos contentes em viver sem ele. Se
metade dos cristãos na América estivesse tão
interessada no reino de Deus quanto na média do
Dow Jones na bolsa de valores, teríamos
avivamento.

Deus tem pena de nós, depois de anos escrevendo,


usando montanhas de papel e rios de tinta, e
exaustiva terminologia sobre as maiores reuniões de
avivamento na história, ainda estamos diante de uma
corrupção grosseira em todas as nações, assim como
com a era da Igreja mais sem oração desde o
Pentecostes.

Homens e mulheres em chamas é a necessidade no


momento; Oh, ser dez mil vezes mais fervoroso para
o Senhor, ser incandescente com o fogo do Espírito
Santo até que toda essa parte terrena de mim brilhe
com seu fogo divino!

Seis palavras simples são mais associadas ao nome


de Leonard Ravenhill – Por que tarda o pleno
avivamento. Ele acreditava que o avivamento estava
demorando por causa das deficiências na Igreja e
frequentemente expressava isso:

Por que o avivamento demora? A resposta é bem


simples. Ele demora por causa de várias coisas:
• porque o evangelismo é altamente comercializado
• porque o evangelho tem sido muito banalizado
• por causa do nosso descuido
• por causa do medo do homem
• porque nos falta urgência na oração
• porque nós roubamos a glória que pertence
somente a Deus

Quando e por que o avivamento vem? Leonard


acreditava que era porque havia um povo preparado
que buscava a Deus e estava pronto para receber a
bênção de Deus em avivamento. Ele falou sobre o
avivamento de 1949 nas Hébridas escocesas para
provar seu ponto:

Um pastor disse recentemente: “Desejamos que o


avivamento venha a nós como veio nas Hébridas da
Escócia.” Mas o avivamento não chegou àquelas
ilhas simplesmente sendo desejado! Os céus se
abriram e o poderoso poder de Deus sacudiu
aquelas ilhas porque frágeis filhos do pó
santificaram um jejum, convocaram uma assembleia
solene e esperaram cobertos de lágrimas diante do
trono do Deus vivo. Essa visitação veio porque ele
encontrou um povo de pureza, de visão e paixão
ardente. Eles não tinham duplos motivos em suas
orações. Seus olhos eram somente para a glória de
Deus. Eles não estavam com ciúmes de outro grupo,
mas estavam com inveja do Senhor dos Exércitos.

Ravenhill implorou a todos os crentes que se


tornassem sérios sobre a necessidade de avivamento.
Mas a sua vida também evidenciou outra realidade
que não dependia da ocorrência do avivamento. Ele
nos mostrou que um homem pode caminhar
continuamente em uma nova vida espiritual, quer a
Igreja o faça ou não, caso haja avivamento ou não.
Ele concordou com Tozer que cada um de nós pode
ter tanto de Deus quanto desejamos.

Somos todos tão espirituais quanto queremos ser. A


condição da Igreja não impede necessariamente
qualquer cristão de andar em comunhão diária com
Cristo em um nível mais profundo.
Em setembro de 1973, ele expressou o desejo de
uma séria checagem de coração pela Igreja em geral:

É uma pena que não tenhamos um papa protestante


que possa fechar todas as pregações em todas as
igrejas e ter um mês para um avivamento nacional.
Nós tentamos quase todas as outras maneiras. A
organização não fez isso e agora um gemido deve
começar.

Em seus últimos anos, Leonard ficou obviamente


desapontado por não ter visto o avivamento ainda,
pelo qual orou por tanto tempo. Ele andou em fé,
mas não obteve a promessa antes de morrer. David
Ravenhill reflete sobre o coração e a perspectiva de
Leonard sobre a esperança que ele nutria até o fim:

Penso que houve uma certa decepção por ele não


ter visto um verdadeiro avivamento no final. Ele
havia dado a vida orando por avivamento. Eu não
acho que ele tenha desistido de realmente orar para
que Deus revivesse seu trabalho. Sua urgência
permaneceu grande e sua oração pelo avivamento
foi grande. Ele vivia com uma expectativa até o fim
de que haveria outro despertar espiritual, vivendo ele
para ver ou não. Seu coração frequentemente sentia:
“Quanto tempo, Senhor?”

Eu também acho que houve uma decepção quando


ele olhou para a Igreja em geral quando viu igrejas
construindo pistas de boliche, gastando milhões de
dólares em fatores de entretenimento para atrair
pessoas. Sua visão era: “Por que as igrejas devem
colocar as pistas de boliche? Por que a presença de
Deus não é atraente o suficiente?” Esse tipo de coisa
o alimentou ainda mais. Quanto mais ele via a Igreja
indo nessa direção, mais isso o inflamava e o fazia
comprometido com sua mensagem. Ele não viveu
para ver comprometimentos ainda mais extremos na
igreja professa que o teriam afligido ainda mais.

Apesar de Leonard não ter visto nenhum


avivamento na América, ele ainda andava com Deus
em fé e esperança, pregando e orando por
avivamento à maneira de Deus.
22 UM MINISTÉRIO DE CARTAS ​ ​ ​ ​ ​
​​

Leonard em seu escritório. Lindale, Texas

Escrever cartas é como uma tarefa para mim.


Após ficar fora por duas semanas, eu respondi
oitenta cartas só na semana passada. A maioria
são perguntas de pessoas ansiosas. Este também é
um ministério de verdade.
L.R., outubro de 1981

A maior parte do ministério de Leonard Ravenhill


ocorreu antes do uso do computador e ele nunca
teve um. Sua vida e ministério foram de
correspondência escrita. As cartas e o telefone eram
suas únicas formas de comunicação. Ele recebia
milhares de cartas e escrevia para pessoas de todo o
mundo. Isto incluía pregadores renomados,
missionários, pastores, líderes cristãos, pessoas
famosas, assim como muitos cristãos que buscavam
seus conselhos.

Uma família guardou suas cartas mensais, escritas


de 1969 até 1994, uma coleção de quinhentas
cartas. Leonard manteve relacionamentos não pelo
telefone, mas por cartas. Cada página que ele
escrevia às pessoas ele considerava como um sério
aspecto de sua vocação como um ministro de Jesus
Cristo.
No dia 23 de setembro de 1981, ele escreveu para
um amigo: “Eu respondi cinquenta cartas esta
semana. É bom que as pessoas me perguntem tantas
coisas, mas é cansativo. Eu enviei sessenta e três
cartas hoje.” Este é um exemplo do ministério
escrito regular de Leonard a cada semana, a não ser
que estivesse viajando.

O valor das cartas teve uma importância


significativa na história da Igreja. Muitos benefícios
e ministérios resultaram de tantas cartas que
mudaram vidas, principalmente como visto nas vidas
de homens como William Jaye John Newton.1 O
Pastor Dean Olive, de Madison, Alabama, mostra
isto a partir da história cristã quando ele diz:

William Jay lucrou ao ler as cartas de John


Newton, o comerciante de escravos que se
converteu e se transformou em um pregador do
evangelho. Em sua autobiografia, Jay cita Newton:
“Eu prefiro ser reconhecido por fazer mais bem por
alguns dos meus trabalhos do que
pelas minhas ‘Cartas’, que eu escrevi sem estudar
ou sem pensar no público. Mas o Senhor disse:
‘Você deve ser útil por elas’, e eu aprendi a dizer:
‘Que Tua vontade seja feita! Use-me como desejar,
apenas faça-me útil’.” Jay então compartilhou como
as cartas de Newton foram úteis, não só aos outros,
mas a ele mesmo: “Que milhares obtiveram lucro e
prazer constantes com a leitura destas declarações
do coração! Eles nunca vão deixar de encontrar a
graça, enquanto Deus tiver uma Igreja na terra. Em
relação a mim, eu comumente lia uma destas cartas
todas as tardes de sábado, após os trabalhos do dia,
e que revigoramento e lucro eu obtive delas.”

O que Jay disse do ministério de cartas de Newton


pode também ser dito de Ravenhill. Pegando
emprestadas as palavras de Jay, milhares obtiveram
lucro e prazer constantes com a leitura das
declarações do coração de Ravenhill. Muitos outros
podem testemunhar o número de cartas que
receberam dele. Todos os dias ele colocava a caneta
no papel para enviar os pensamentos do seu coração
aos outros.

Leonard se disciplinou para escrever às pessoas


porque ele enxergava isto como um ministério
importante para aqueles que precisavam. Se alguém
se dedicava a escrever, ele se dedicava a responder.
Às vezes ele encerrava as cartas com Efésios 6:19,
mostrando seu desejo pelas orações deles: “Orem
também por mim, para que, quando eu falar, seja-
me dada a mensagem a fim de que, destemidamente,
torne conhecido o mistério do evangelho.” Ele
também tinha outro motivo para adicionar este
verso: “Eu adicionei a referência a Efésios 6:19 às
minhas cartas com a esperança de que quem
recebesse se fixasse na palavra mensagem.”

Suas cartas geralmente eram curtas, com uma ou


duas páginas. Ele também era conhecido por
escrever cartas com apenas uma frase! Leonard não
desperdiçava palavras. Em 1979, a carta mais curta
que eu recebi de alguém me veio sem eu pedir:
“Querido Mack, eu comecei uma reunião de oração
todas as sextas-feiras à noite. Por favor, venha. Em
oração, Leonard”. Que carta! Eu a levei a sério e
nós fomos à reunião de oração na maioria das noites
de sexta-feira, que começaram em 1980 e duraram
vários anos. Suas cartas normalmente eram repletas
com as notícias recentes do ministério, comentários
sobre eventos nacionais e globais, o estado da Igreja,
novos livros que ele leu e notícias da família. Doug
Detert lembra de como Leonard e Martha eram um
time na hora de escrever cartas:

O irmão Len escrevia muitas cartas todos os dias


quando minha esposa Millie era sua estenógrafa,
algumas delas eram realmente mordazes em seus
conteúdos, escritas para homens que ele sentia que
estavam comprometendo a doutrina e a conduta.
Leonard disse: “No entanto, eu sempre as mostro à
Martha antes de enviá-las, e ela joga nove de cada
dez no lixo!”
Cartas

3 de março de 1984
Meu querido Irmão Mack,
Obrigado pelo tesouro de materiais que eu recebi de
você hoje. Eu os arquivarei para referência. Eu
estou completamente convencido de que os EUA e
todas as outras nações estão entrando em um novo
período da Idade das Trevas. Ainda assim, há uma
glória a ser revelada. O livro de frases de orações
que eu lhe enviei é uma mistura de lixo e tesouros.
Você os discernirá, eu sei.
Bênçãos para você, sua querida Linda e seus lindos
filhos.
Efésios 6:19
Irmão Len Ravenhill

Sem data
Querido Mack,
Como Samuel Chadwick dizia: “Você nunca precisa
anunciar um incêndio”. Consiga uma chama sagrada
de oração e outros o seguirão. Obrigado pela sua
preocupação. Eu agora estou escrevendo um resumo
da minha autobiografia. Os dias parecem mais
curtos do que as coisas que preciso fazer.
O homem que não abandonar seu estilo de vida por
Deus nunca abandonará sua vida por Ele. O que
devemos temer? Estamos de fato mortos no pecado,
mas vivos em Deus. Abençoado seja. A pressão nos
pressiona mais próximos dele. Glória!
Irmão Len R.

Sem data
Meu querido Irmão Mack,
Obrigado pela sua graciosa carta e pelo bom livro.
Temos uma escassez de santos e pessoas andando na
divindade hoje em dia. Também temos uma escassez
de pregadores. Apenas a exposição não é suficiente.
Deve haver uma explosão!
Um puritano disse que viveu por seis dias na beira
da eternidade e desceu no sétimo dia para
compartilhar suas meditações, observações e
revelações. Daqui a um mês, eu devo saber sobre
três reimpressões de velhos clássicos e eu lhe
avisarei.
O objetivo de muitos pregadores é o sucesso e a
popularidade, mas nenhum dos dois exige
integridade e caráter. João 17:3 me queima nestes
dias: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
Se nos atrelarmos a isto, e também a Atos 4:12 por
mais dez anos, poderemos acabar na cadeia.
Nós estamos livres na próxima quinta-feira às 9:30
da manhã se você puder vir. Continue pressionando!
Amor a vocês dois,
Irmão Len

Havia algumas famílias às quais Leonard escreveu


mês a mês por anos. A correspondência durou mais
de trinta anos com algumas pessoas.
John e Virginia Breshears

Warsaw, Illinois

John e Virginia receberam uma carta todo mês por


vários anos, geralmente tratando de vários assuntos,
incluindo uma discussão sobre amizades mútuas e
igrejas.

Escrita em Zachary, Louisiana no começo dos anos


1970 21 de março
Preciosos John e Virginia,

Saudações do úmido sul. Estamos em casa após ao


menos seis semanas na estrada. Foi bom revê-la,
Virginia, e conhecer sua mãe e irmãs.
O Senhor nos proporcionou reuniões poderosas. Ao
menos dois homens responderam ao chamado de
Deus para o ministério enquanto eu estava
pregando. Que homens eles precisarão ser para
arrancar a raiz do diabo que está tomando conta da
terra.

Os homens devem dizer: “Aqui está Cristo”. Agora


eles estão fazendo isto com um menino da Índia que
diz que é a reencarnação de Cristo.. Eu ouvi que ele
já obteve mais de meio milhão de seguidores na
Inglaterra no último ano. Algumas pessoas na costa
oeste aqui compraram um jato de três milhões de
dólares para ele, além de alguns carros.

Bem, há coisas piores a caminho. Os barões da


indústria nunca tiveram tanto controle sobre os
homens como os sindicatos possuem hoje, e eles
mantém a nação refém com este horrível poder.
Que Deus abençoe as pessoas que tateiam por meio
desta neblina teológica. A quem elas podem
recorrer? Há pregadores hereges que têm uma
grande audiência de milhões todos os dias e com
certeza têm dinheiro. Os carismáticos com certeza
são um caldeirão de diversidade. Quem pode segui-
los sem abrir mão das verdades antigas que foram
enviadas pelo evangelho em sua forma mais pura
aos fins da terra? Eu tenho certeza de que apenas
orar “Abençoe-me” é uma oração infantil. Mas orar
“torne-me uma bênção” é algo completamente
diferente.

Deus ainda irá obter seus homens. Que desafio


seria vender tudo, comprar um par de shorts de
couro e chorar no deserto dos Navajos, “Preparem-
se à maneira do Senhor”. Foi isto o que João Batista
fez. Hoje, você seria preso por isto.

Agora engenhando uma Igreja de um mundo, um


banco de um mundo e uma sociedade de uma raça,
os poderes satânicos agora focam no unissex, com
as mulheres se vestindo como homens até mesmo na
igreja. Elas ficariam chocadas se disséssemos que
este é um plano maligno para destruir o papel
masculino, mas eu tenho certeza disto.

Vamos passar um feriado perto de Mobile e então


voltaremos aqui por uma semana. Então iremos às
Bahamas depois das nossas reuniões na Flórida e
ficaremos lá por seis semanas. Eu levarei meu
material para escrever sobre o trono de julgamento
de Cristo.

Nossos David e Nancy estão a caminho da Nova


Zelândia para trabalhar com um bom irmão que tem
a reputação de orar doze horas por dia. Com certeza
deve ser um exagero, mas se ele ora seis horas por
dia, ele já é incomum.
Em Seu amor e paz,
Leonard e Martha

Março de 1984
Querido Irmão John,
Estamos em casa por apenas um dia agora depois de
seis semanas na estrada. Obrigado pelas orações e
pelo útil presente. O Senhor trabalhou
maravilhosamente em alguns lugares, e algumas
foram apenas reuniões normais de pregação. Mas
houve noites em que a reunião estava repleta de Sua
presença. As almas gemeram — uma mulher na
igreja caiu embaixo do banco e ficou lá por horas.
Mas ela foi transformada quando finalmente se
libertou, ou melhor, quando o Espírito Santo a
libertou.
Por favor, ore sinceramente para que saibamos o
que o Senhor quer para a nossa agenda no próximo
ano. Por enquanto, agendamos uma semana de
reuniões em uma faculdade batista em Riverside,
Califórnia. Há setecentos e cinquenta estudantes lá,
e eu ouvi que eles estão famintos por um movimento
do Espírito Santo.
Sim, você está certo sobre o que escreveu. Se temos
pentecostais católicos, então por que não
pentecostais testemunhas de Jeová ou pentecostais
mórmons? Afinal, os mórmons acreditam em falar
em línguas como um pilar de sua fé. Se deixamos
algumas cabras ficarem com as ovelhas, por que não
deixar todas entrarem?
Dizer que os católicos estão mais perto da verdade
que outros cultos é incorreto. Eu me recuso a
compartilhar o Senhor Jesus e Sua paixão
abençoada com Maria como a corredentora. A missa
é uma blasfêmia e orar pelos mortos é inútil.
Na outra semana, eu estava em uma reunião que
duas freiras frequentavam regularmente. O pregador
disse que elas eram boas senhoras e eu não duvido.
Ambas falam em línguas, mas quando lhes perguntei
o que elas fariam se a Bíblia contradissesse a
doutrina da igreja, elas responderam: “Ficaríamos
com a igreja”. Elas diriam isto se tivessem o Espírito
da Verdade? Reconheço que algumas pessoas
precisariam de tempo para verem seus erros, mas
quando elas persistem nisto após supostamente
serem preenchidas pelo Espírito por anos, então eu
estou convencido de que elas ainda estão erradas e
não possuem o Espírito.

Você poderia, por favor, marcar alguns dias no seu


calendário para oração? Nos dias 3 a 7 de junho eu
irei pregar para cinco mil pastores batistas do sul na
Filadélfia, na sua convenção nacional anual. Esta
pode ser uma oportunidade única. E no dia 7 de
novembro, eu vou pregar para mais de quinhentos
pastores batistas na convenção estadual batista na
Flórida. Estas são as aberturas do Senhor e eu estou
maravilhado e assustado, mas obedecerei. Todos os
tipos de pregadores já pregaram nestes grandes
eventos, e agora é minha vez, com meu pobre
estilingue e pedra. Mas Deus irá dotar-me de poder,
e se minha mira for firme e os motivos puros, não
há motivo pelo qual o Senhor não faria este ano o
que ele nunca fez ali.

Nosso amor e orações, Leonard & Martha

22 de janeiro de 1973
Zachary, Louisiana
Queridos John e Virginia,
Apesar do atraso, feliz e abençoado Ano Novo para
vocês. Suponho que está frio por aí? Aqui nevou
um pouco, apesar do clima ameno.

Uma semana atrás estávamos em Forth Worth,


Texas, falando para aproximadamente mil pastores e
pregadores. O Senhor me deu a Palavra. Os homens
estavam chorando, alguns gemendo, e outros
chocados. Não importa suas reações, contanto que
eles tenham deixado aquele lugar com suas mentes e
corações diferentes de como quando entraram.
1973 supostamente será o ano em que a América
terá o abalo espiritual. Eu me pergunto por quê?
Haverá uma abordagem diferente? Sem o
arrependimento e humilhação perante o Pai, não
poderá haver avivamento.

Algo que me impactou bastante outro dia foi que,


após dois mil anos, enquanto a igreja evangelizou
centenas de nações, não houve um avivamento entre
os judeus. “Eis que a casa de vocês ficará deserta”
ainda é a terrível palavra do Senhor para a rejeição
do Seu Filho. Será que Deus irá abandonar os EUA
ou a Inglaterra e nos deixar, como ele deixou os
judeus? Se os trabalhos divinos que foram feitos ao
nosso redor pelo nosso Espírito tivessem sido feitos
em Sodoma, eles teriam se arrependido há muito
tempo. Marchamos, gordos e prósperos, à nossa
ruína. Nós cantamos “Avante soldados cristãos”,
mas agimos como escoteiros assustados.
O Irmão Andrew, que escreveu “O contrabandista
de Deus”, disse que os EUA mataram mais cristãos
que a Rússia, o que significa que os matamos com
conforto, os sufocamos e cantamos cantigas
espirituais, enquanto eles engordavam e sonhavam
com a mansão no topo da montanha. Ó pregadores
que alimentam a si mesmos, mas deixam as pessoas
passarem fome!
Que o Seu melhor seja seu este ano. Que seus filhos
o chamem de abençoado enquanto você os treina
para Ele. Nosso amor e orações,
Len & Martha

Sem data
Queridos John & Virginia,
Espero que o verão esteja sendo bondoso com vocês
e que vocês não estejam torrando, como nós
estamos na maioria dos dias. A umidade aqui é de
cem porcento na maioria dos dias, o que piora tudo.
Que pena que não possamos dizer que a humildade
seja de cem porcento entre os redimidos por Deus.
Com certeza deveria ser!
Hoje eu estava lendo que John Calvin disse que ele
não sabia medir sua dívida às cartas de Paulo para
Timóteo. Claro, ele nunca leu “A spada do Senhor”,
“O ranzinza mensal” ou “Cristandade hoje”. Ele
seria agradecido por estes.
Paulo diz que Timóteo possui uma bênção especial
em sua avó Loide e sua mãe Eunice. Eu acredito
que, quando criança, o medo do Senhor estava nele.
Que bênção para aqueles que foram criados em uma
casa onde havia um altar familiar. Eu tenho pena das
almas, por mais que sejam milionários, que não
tiveram uma casa tão centrada em Deus.
Na segunda-feira partimos para Florence, Alabama
por alguns dias, e então para Greensboro, Carolina
do Norte, e então para Gadsden, Alabama. Por
favor, ore para que o Senhor rasgue os céus. Um
velho pregador esteve comigo por duas horas ontem.
Ele tem certeza de que a economia nacional vai
quebrar no próximo ano.
Em relação a Watergate e Richard Nixon, o Lorde
Acton na Inglaterra disse: “O poder corrompe, mas
o poder total corrompe totalmente.” Parece ser
assim agora. Como eu vejo, o Sr. Nixon poderia ter
admitido seus erros e se desculpado perante a nação
dois anos atrás, e provavelmente tudo seria
perdoado e esquecido, mas ele está perto de sua
morte política agora.
Que dia, quando a justiça cobrir a terra e Jesus
reinar em sua majestade e autoridade incorruptível.
Obrigado novamente por orar por nós, por nos amar
e nos ajudar.
Len & Martha

Sem data
Queridos John & Virginia,
Saudações do nosso lar, doce lar. Mais cinco mil
milhas no carro após a viagem ao oeste. O Senhor
trabalhou graciosamente em McAllen, Texas. Os
estudos bíblicos matinais foram especialmente
abençoados, e a multidão parecia crescer todos os
dias. O pastor disse em um momento que duzentas
pessoas estavam vindo às reuniões. As reuniões
noturnas também foram abençoadas. Vários
missionários vieram do México para assistir e foram
revigorados e desafiados.
Paramos em uma reunião em uma casa na volta para
casa. A ênfase ali parecia ser que o Espírito Santo
havia sido entregue aos crentes para nos satisfazer
ou nos fazer feliz. “Vocês receberão poder” — para
aplaudir? Para segurar as mãos enquanto cantamos
ou oramos? Não. O fato é que devemos trabalhar
enquanto é dia, porque a noite vem e está vindo
rapidamente. Há fardos a levantar e batalhas a lutar.
Nenhum homem que planejou ser um lutador de
boxe deveria esperar que seu oponente ficasse ali
parado, apanhando. Há golpes a dar e golpes a levar.
O mesmo se passa com nosso inimigo — ele luta de
volta e nunca podemos assinar um tratado de paz
com ele.
É interessante ouvir um comentador de notícias
dizer que os filmes de hoje estão sendo produzidos
com o exemplo definitivo de obscenidade. Um filme
está sendo feito sobre a vida sexual de Jesus, e ele
foi tão ofensivo que nem os franceses deixaram que
fosse exibido em seu país. Bem, Deus só deixará a
humanidade chegar a certo ponto, e então o
julgamento chegará a eles se não se arrependerem.
Lembrem-se — Deus não pode ser explicado,
apenas vivenciado. Um dia com ele é melhor que
mil horas de instrução sobre ele.
Nosso amor e orações,
Os Ravenhills
Al Whittinghill

Woodstock, Geórgia

Sem data
Meu querido Al,
Espero que você esteja com uma azia que remédio
nenhum pode curar. No último domingo, eu escutei
um evangelista da TV falar sobre as enfermidades
da nação. Mas ele nunca mencionou Deus, Jesus ou
os Dez Mandamentos.
Eu pensei que a Universidade Liberty me queria
para uma semana de pregação. Agora eles me
convidaram para dois dias em março. Eu disse a
eles: “Não, obrigado; eu não estou disponível.” E se
Moody tivesse ido à Inglaterra por apenas dois dias?
Ele foi por oito meses e chocou toda a nação.
Solte seu balde, querido irmão — o rio de Deus está
cheio de água. Ele não seca ou congela. Ele não é
um tolo que troca o fardo do pecado pelo fardo do
Senhor.
Bênçãos e orações,
Len R.

Sem data
Querido Irmão Al,
Seu cheque chegou hoje. Muito obrigado. Que
bênção poder dizer: “Não cobicei a prata nem o
ouro nem as roupas de ninguém.” As senhoras
pintadas, cobertas de pó e perfume que entram nas
nossas igrejas são como todas as outras — nuas
perante Ele. Todos os homens prestarão contas no
trono do julgamento. E então os primeiros serão os
últimos e os últimos serão os primeiros.
Quando falamos com o Senhor com sua Palavra, a
escuridão deste mundo não nos encobre. Hudson
Taylor disse: “Quando Deus abre a janela do céu
para nós, o diabo abrirá a porta do inferno, e
ficaremos presos entre as duas.” Que verdade. Se
Cristo é por nós, quem será contra nós? Amor e
orações,
Len e Martha
14 de março, 1994 Querido Irmão Al,

Foi tão bom falar com você no telefone ontem. O


orgulho nunca nos deixará cair se sempre
lembrarmos, quando entrarmos no púlpito, que
somos servos voluntários e, como São Paulo, temos
um ministério de “ai de mim”. Ser o Ministro da
Educação para o governo não é nada comparado a
ser um ministro do evangelho. Muitos homens de
seminários são hoje desastres no púlpito. Nosso
Senhor disse que muitos foram chamados, mas
poucos foram escolhidos. Ele o escolheu, Al. As
qualificações necessárias para um pregador são
dadas em Isaías 61:1-3. Hoje, sexta-feira, eu estou
orando para que você tenha uma unção quase
insuportável. Estamos assolados nestes dias com
uma tempestade de carnalidade e crueldade no
mundo. O diabo parece estar ganhando, mas Deus
não está em teste. Se Jesus pregasse sermões como
eles são pregados hoje, ele nunca teria sido
crucificado. Ele foi rejeitado quando nasceu,
enquanto viveu e no fim. Podemos esperar mais?
Os dois batistas cegos, Clinton e Gore, que nos
lideram em Washington, ambos precisam de Deus.
Meu modo de operação diário é o mesmo. Vou
dormir às 9-9:30 da noite, e então acordo à meia-
noite. Tínhamos mais de trinta pregadores em nossa
reunião de oração ontem. Deus falou.

O Primeiro e Segundo Timóteo continuam a se


abrir para mim enquanto o Senhor expande meu
entendimento. Que incrível que ele vive para fazer
esta intercessão por nós. A prova da nossa sucessão
apostólica é o sucesso apostólico.

Deus não pode ser explicado, mas pode ser


vivenciado. Todas as nossas folhas de figo cairão no
trono do julgamento. O primeiro será o último e o
último será o primeiro. Quando caminhamos com o
Senhor iluminados pela sua Palavra, a escuridão dos
eventos do mundo não nos intimida. Eu não vim
para Cristo cheio de culpa e condenado. Eu vim
para ele porque meu pai amava sua Bíblia, amava
orar e amava ir às reuniões evangelísticas de rua. Eu
vi que eu não amava nenhuma destas coisas. Sua
vida me mudou mais do que toda a pregação que eu
já ouvi.

Bênçãos para vocês dois e seus filhos, Irmão Len

Sem data
Querido Irmão Al,
A luz do céu brilha mais forte à medida que as
ilusões da terra vão embora. Parece que agora temos
crentes Teflon — nada realmente gruda. Outra etapa
passou. Eu agora tenho oitenta e oito anos de idade.
A bondade e misericórdia me acompanharam. Eu
dou a ele todo o louvor. A terra é do Senhor e a
Bíblia é o manual do usuário. Quanto mais o
conhecemos, mais encontramos sua verdade. Em
Deus acreditamos, mas em quem Deus acredita?

Gálatas capítulo 2 me comoveu esta semana.


Bênçãos para vocês dois e às crianças.
Irmão Len
Sem data
Querido Irmão Al,
“Sejam homens de coragem, sejam fortes”. Nossa
batalha é a única em que os combatentes devem ser
dóceis e fracos, porque “da fraqueza tiraram a
força”. Como Isaías diz: “até o aleijado levará sua
presa”.
Agora é meia-noite no meu relógio. Eu dormi por
uma hora e acordei com um fardo para você. Paulo
disse a Timóteo: “Timóteo, guarde o que lhe foi
confiado.” Faça o mesmo, irmão.
Você tem o novo livro de Richard Owen Roberts,
“Avivamento”? É o melhor novo livro sobre o
avivamento desta década. Quero sua opinião sobre
ele.
Cancelei todas as reuniões deste ano, exceto em uma
pequena igreja do interior. Deus tem uma dimensão
para nós que ainda não percebemos. Bênçãos,
Irmão Len R.

Sem data
Al, meu querido irmão,
Novamente estamos sobrecarregados, mas
precisamos trabalhar enquanto é dia. Ele é um pobre
açougueiro que não come sua própria carne. Ele é
um pobre pregador que não vive seu próprio
evangelho. Jesus é o pão da vida, um pão que nunca
estraga. Ele é a água da vida, uma água que nunca é
salobra. Ele é a luz da vida, uma luz que nunca se
apaga.
Este ano eu não espero comprar mais livros. O
Irmão Arnold Dallimore nos deu o estudo definitivo
de Whitefield. Também há um grande estudo
definitivo de William Cowper. Um amigo me enviará
uma cópia.
São Paulo, o príncipe da perseguição, se tornou o
príncipe da pregação após o nosso maravilhoso
Senhor.

Para os incrédulos, morrer é em vão; para os


crentes, morrer é ganhar. O pecador assolado pela
culpa diz: “É inferno, é inferno, com minha alma.”
Bênçãos,
Len. R.
Sem data
De Al para Leonard
Querido Irmão Leonard,
“Na cruz, na cruz, onde eu vi a luz pela primeira vez
e o fardo do meu coração foi embora.” Agradecido
a Deus pela capacidade de entender os mistérios da
cruz mais profundamente todos os dias.
Eu sinceramente lhe agradeço pela maravilhosa
cópia do livro “A Dying Man’s Regrets”, de
Adolphe Monod. Eu acredito que este tipo de
mensagem deve ser divulgado nas igrejas e um
veredicto exigido. Eu estou tão grato a você pelas
suas orações e seu cuidado à minha alma carente. As
palavras não podem expressar o respeito e amor que
eu tenho tanto por você quanto pela sua querida
esposa, mas eu traduzirei minha gratidão em orações
e manifestações práticas de amor e carinho.
Sempre que eu vejo minha correspondência e vejo
uma carta sua, meu coração pula de alegria porque
eu sei que serei abençoado pelo que lerei. Que Deus
continue a lhe dar esta força e encorajamento
renovadores. Eu estou orando especificamente por
você, que aqueles que visitem sua casa sejam mais
sensíveis às suas necessidades pessoais e aos seus
horários também. Por favor, não hesite em ligar para
mim a qualquer hora do dia se há um fardo que
possamos carregar com você ou uma oração para
fazer por você.
Todos os dias, fica mais claro que a profunda
maldade do coração que impregnou nosso sistema
governamental em breve será manifestada em uma
hostilidade e inimizade contra as coisas que todo
cristão de verdade defende. A noite com certeza está
vindo, quando o trabalho do ministério terá uma
grande etiqueta de preço! Que possamos ser fiéis a
Deus nestes dias, enquanto nos atrelamos ao nosso
maravilhoso Senhor e exaltamos suas excelências.
Você é bastante amado no Senhor,
Al Whittinghill
Dan e Penny Dehaan

Atlanta, Geórgia

Sem data
Queridos Dan & Penny,
Que agradável ouvir de vocês esta semana e falar
sobre as reuniões em Columbia. Que este fim de
semana seja um momento de muita unção para
você, Dan; estou orando para que isto aconteça. Eu
vivenciei isto semana passada em Fort Worth, Texas.
Tenho certeza de que o Senhor falou alto para os
poucos professores que vieram dos seminários. Foi
ótimo ver as faces ávidas dos muitos jovens que
estiveram ali.
Haverá um dia quando a santidade do Senhor estará
nas rédeas dos cavalos, assim como estava em cima
do capacete do sumo sacerdote. Até este dia, vamos
continuar pregando para estas igrejas carnais.
Se caminharmos na luz, então veremos as
armadilhas. Eu acho que o diabo prefere nos ter
muito ocupados como cristãos do que embriagados.
Hudson Taylor disse que sua missão orou por
dinheiro na China e uma rica mulher americana lhes
enviou o que precisavam. E isto aconteceu de novo
e de novo. E então uma vez eles oraram e nada
aconteceu. Nenhum dinheiro veio de nenhum lugar.
Taylor então percebeu que ele estava esperando que
a senhora atendesse sua necessidade e o Senhor
cortou seu suprimento. Eles se arrependeram e então
o dinheiro começou a vir novamente da Austrália.
Não temos uma direção final sobre onde vamos
depois daqui. Deve haver algum lugar onde os
homens queiram orar e lutar a boa luta da fé. Nesta
hora de crise moral e espiritual nos EUA,
precisamos de um profeta em cada púlpito de cada
igreja da nação.
Nosso amor e orações,
Os Ravenhills

Sem data
Querido Dan,
Em sua defesa, o mártir Estevão disse: “O Deus
glorioso apareceu a Abraão.” Quando, onde e por
quê? Ainda mais importante — quando foi que o
Deus glorioso apareceu para nós? A pregação foi
encolhida a meras palestras. Elas não são mais boas
notícias, e sim bons conselhos. O Deus Glorioso foi
diminuído a um querubim ou serafim. Eles não
param de clamar dia e noite: “Santo, santo, santo!”
Crentes professos hoje não sabem se Cristo estava
no santuário ou não. Eles, claro, saberiam se a glória
fosse derramada em uma reunião da igreja.
Muitos dos pregadores do rádio representam o Alto
e Sublime como um dos grandes Deuses doadores.
Ele é representado como o servo dos homens,
esperando para conceder qualquer favor que eles
comandem. Enquanto eu penso sobre isto, você
precisa ler o livro “The Justification of God”, de P.
T. Forsyth. Spurgeon disse que Forsyth nasceu cem
anos antes de seu tempo. Leia-o; ele pode chocá-lo
às vezes, mas ele tem uma mensagem para este dia.

Donald Grey Barnhouse falou na Convenção


Keswick na Inglaterra em 1939, no ano em que a
Segunda Guerra Mundial começou. Então ele voltou
para a primeira convenção após a guerra e pregou
palavra por palavra o que ele pregou da última vez
que esteve ali. Eu posso honestamente dizer que
quando eu prego uma “velha” mensagem, ela
renasce todas as vezes que a prego, então ela é
renovada.

Amor e bênçãos, Leonard e Martha

A Família Billy Moore

Scottsdale, Arizona

Quando Steven Moore, o filho mais velho de Billy


e Bobbie Moore, foi para a faculdade no outono de
1974, Leonard enviou a ele uma carta de
encorajamento e conselho:

Segunda, 9 de setembro
Meu Querido Steve,
Apenas algumas frases para você antes de começar
um novo capítulo em sua vida. Parece que foi
apenas alguns anos atrás que você foi para a escola
pela primeira vez! Acredito que sua mãe também
chorou naquele dia? Você foi abençoado com uma
casa maravilhosa e pais graciosos. Eles continuarão
vendo você como um “garoto”, até mesmo quando
você tiver seus próprios garotos. Mães e pais ficam
conosco para sempre. Melhor ainda, você tem um
lar cristão e esta é a melhor coisa que qualquer
criança pode ter.
Agora você chegou à parte principal do caminho.
Haverá outras também, como quando você escolher
uma carreira ou uma esposa. (Ligue para sua mãe
primeiro!) Mas desta vez, este é um teste de muitas
coisas, inclusive do seu caráter.
Você sempre estará longe dos seus pais, mas não dos
olhos do seu Pai do Céu. Você estará longe de casa,
mas mais próximo de Sua casa que nunca. Você
ligará para seus pais às vezes, mas você pode falar
com Ele a todos os momentos, até mesmo durante
os exames!

Steve, eu acho que tudo se resume a isto. Quando


você entrar no mundo de negócios, você irá liderar
ou seguir. Certifique-se de sempre liderar. Você
precisa fazer algumas coisas, como receber ordens
dos professores, mas outras coisas você tem a
escolha quanto a fazê-las.

É um mundo difícil fora de uma casa abençoada. O


pecado nem sempre é feio, de aparência maldosa e
fedorento. Ele pode vir com muito charme. Mas eu
sou um de muitos que confia em você. Eu sei que
você ama Cristo e que este será o melhor momento
da sua vida — sua presença e voz quando você
estiver em dúvida, sua força quando você for
desafiado em situações morais e espirituais, e sua
graça quando debocharem de você por defender o
que é verdadeiro e certo.

Tenha uma boa viagem e mande-me uma carta se


eu puder ajudá-lo a qualquer momento. Saiba que
vou orar por você todos os dias. Mantenha contato
constante com sua casa por telefone ou cartas. Você
é o primeiro “passarinho” a deixar o ninho da
família e os outros em breve o seguirão. Todos os
nossos “passarinhos” já se foram, mas eles são bons
homens que amamos e que nos amam. Durma cedo,
coma bem, estude bastante e ore! Nosso amor para
você,
Leonard e Martha

Leonard então escreveu para Bobbie sobre a


partida de Steven com conselho e encorajamento:

Steve é um grande garoto. Ele tem caráter, mas ele


será desafiado porque esta é a única forma de
fortalecer o caráter. Sua cadeira vazia apertará seu
coração sempre que você a ver. Faz parte da vida.
Mas veja desta maneira. Ele não está indo para a
cadeia ou para o hospital para uma cirurgia. Ele não
está indo para a guerra sem saber se voltará. Ele não
está deixando a casa em um escândalo de loucura.
Sejamos agradecidos por todas estas coisas.

Quando Hudson Taylor, o fundador da Missão


Continental Chinesa, estava deixando sua casa, sua
mãe foi se despedir. Quando o navio deixou o porto
de Liverpool e ela o viu ir embora, então João 3:16
se tornou muito real para ela, que ela estava dando
seu filho para outros.
Nosso amor para vocês dois, Leonard e Martha

Darren Moore, o filho mais novo de Billy e


Bobbie, também era muito próximo de Leonard.
Eles trocaram várias cartas durante vários anos,
começando quando Darren tinha quinze anos.

20 de outubro de 1977
Meu querido Darren,
Saudações calorosas do caloroso estado do Texas.
Por favor, fique com o calor, já que você o aguenta
melhor! Sua carta me alegrou. Estou feliz que você
aprendeu algo com minhas fitas. Fico encorajado em
saber que os outros garotos e as pessoas mais velhas
obtêm um pouco da verdade delas. Não, você não
está jovem demais para começar a pensar seriamente
e profundamente sobre as coisas eternas. Eu tinha
sua idade quando comecei a ver que há coisas
maiores que os tesouros deste mundo. C. H.
Spurgeon tinha sua idade quando o Senhor o
encontrou.
Se você chegar a ir a uma escola bíblica, isto
significará que você leu bons livros e obteve bons
conselhos dos professores. Isto significa que você
agora pode investir mil dólares em bons livros que
serão carne espiritual para o seu homem interior.
Um conjunto inteiro dos livros do Dr. Tozer é
barato, já que são todos de brochura. Eu posso
enviar uma lista a você. Eu gosto de ler as biografias
e autobiografias de grandes homens, especialmente
pregadores. O que Deus fez com e por eles pode
não ser necessariamente o que Ele quer fazer
conosco, mas nós vemos um padrão no Seu
trabalho, especialmente ao ver que todos passam
pela fornalha. Veja Daniel na cova do leão ou as três
crianças hebraicas no fogo, ou Paulo com suas
grande provações e prisões.
Eu tenho certeza, Darren, que uma das maiores
coisas que um ser humano pode possuir é
autopossessão. Os gregos costumavam dizer:
“Homem, conheça a si mesmo.” Eu acredito que o
Senhor diz: “Filho, possua a si mesmo.” Eu quero
dizer que devemos controlar nossos apetites pela
comida e coisas. Devemos dormir, mas não sermos
preguiçosos.
Precisamos ganhar dinheiro para viver
decentemente, mas devemos ter cuidado com a
cobiça. Precisamos de fraternidade com as pessoas,
mas precisamos mais da fraternidade com ELE. Não
devemos nos esconder nos monastérios, mas
devemos saber quando nos afastar das pessoas
quando sentimos que Deus está pedindo. Duas
noites atrás, eu acordei à 1 da manhã e trabalhei até
as 4:30 da manhã porque eu senti um impulso para
escrever. Eu trabalhei bastante e agradeci ao Senhor
por ter me dado essa inspiração.

Você sabe que amamos vocês, Moores, mais do


que amamos qualquer outra pessoa nos EUA. Eu
escreverei para seu pai e sua mãe mais tarde. Com
amor para vocês todos,
Leonard Ravenhill

22 de junho de 1981
Meu querido Darren,
Espero que você não esteja trabalhando demais. Eu
quero mencionar um novo livro de Martyn Lloyd-
Jones, “The Puritans: Their Origins and
Successors”, publicado pela Banner of Truth. Estes
foram homens que agora parecem ter desaparecido
da terra. Você também pode conseguir “Martyr’s
Mirror” e “Miller’s Church History”. Venha nos
visitar.
Amor para todos vocês,
Leonard

Sem data
Meu querido Darren,
Olá, amigo! Espero que você ainda esteja pincelando
tinta naquelas bonitas pinturas. Como você está indo
com sua leitura? Aquele livro, “The Hidden Life of
Prayer”, é certamente uma obra prima e uma mina
de ouro dos tesouros espirituais.
Há uma escola bíblica aqui perto de nós, Força
Agape. Eles têm um curso de seis semanas. Talvez
você possa fazer um curso de verão aqui. Seria
muito bom estar mais perto de você.
Se você ler todos os livros do Dr. Tozer, você
ganhará muita sabedoria. Ele tinha muitas boas
ideias sobre questões espirituais. Além disso, “The
Arena of Faith” e “The King of the Earth”, ambos
de Eric Sauer, valem a pena ler.
Darren, aproveite o tempo. Ele é tão precioso. Ele
voa rápido sem nem percebermos. Com amor,
Leonard
Byron Paulus

Niles, Michigan

14 de agosto de 1990
Meu querido Irmão Byron,
Obrigado pela revigorante carta e pela luminária.
Esta atual escuridão é fácil de explicar. Sessenta
anos atrás, todas as igrejas tinham reuniões na rua.
Aquela luz do testemunho se apagou. E então havia
reuniões de oração semanais. Agora esta luz se
apagou. Também costumava haver um serviço
noturno aos domingos. Na maioria das igrejas, isto
já não existe. Havia dez luzes (os Dez
Mandamentos) em cada sala de aula. Agora estas
luzes foram extintas. Mas Deus se levantará e
dispersará seus inimigos! Um homem deve ouvir a
voz de Deus antes que ele possa ser uma voz para
Deus. As únicas duas opções do homem são o
sangue do Cordeiro ou a ira do Cordeiro. Homens
inteligentes andam na lua, homens ousados andam
em algumas partes do assoalho oceânico. Mas
homens sábios andam com Deus. Não há pessoas
grandes ou pequenas no reino de Deus, apenas fiéis
e infiéis.
Neste momento, eu preciso de orientação. Há
chamados por todo o mundo para o ministério. Pode
ser que eu vá para Londres, Inglaterra. Na nova
arena de Londres, estão esperando 11 mil pessoas,
setenta porcento delas devem ser pregadores. Além
disso, que oportunidade de estar aí com você para
conversarmos por duas horas todos os dias com os
Ministérios da Ação da Vida. Apenas a vontade
d’Ele importa.
Martha e eu agradecemos de verdade pelo seu
material e apoio espiritual. Nosso amor e orações
para todos,
Leonard Ravenhill
Abril de 1991
Querido Byron,
Meu gracioso irmão, trabalhe enquanto é dia — a
noite está vindo ou já chegou? Quão verdadeiro foi
Jesus em sua profecia: “Como foi nos dias de Noé”.
A corrupção toma conta das nações e a violência é
nossa companheira diária. Mas seu Espírito nem
sempre luta com os homens.

Nosso perigo nacional é indescritivelmente grande.


Apesar disto, o Rei Eterno reinará com toda glória.
Poucos entram na Casa Branca, mas milhões se
encontrarão no Grande Trono Branco. Que dia!
Todos os papas, príncipes, potentados e presidentes
prestarão contas por suas gestões. Será que os
garotos da máfia ou os reis do pornô pensam sobre
isto?
Deus tem suas maneiras durante os redemoinhos e
tempestades; as nuvens são a poeira dos seus pés.
Nós, velhos, somos frágeis crianças de poeira e tão
débeis quanto fracos. Mas “Em Ti confiamos, não
falharás”.
Ah, a misericórdia de Deus, que Ele segura seus
julgamentos. Como somos privilegiados de sermos
Seus embaixadores. Ele é um reino que durará por
toda a glória da eternidade. Bênçãos em todos os
seus trabalhos para o Seu reino. Orações e
agradecimentos,
Len R.
Novembro de 1992
Byron, meu querido irmão,
Disseram-me que escolhemos um presidente cuja
namorada é a capa da revista Playboy. Também
parece que os homossexuais estão em muitos lugares
agora, e eu acredito que Bill Clinton permitirá que
eles se juntem ao exército. Na próxima década, os
desinformados serão enganados e toda a armadura
de Deus será necessária para todos nós. Esta é uma
batalha espiritual, sem reservas ou armistício com o
inimigo. Que bênção que Deuteronômio 33:24 seja
nosso.
Dez mil sermões de perfeição homilética e exatidão
exegética foram dados no último domingo. Uma
coisa estava faltando. Paulo, após um longo
ministério, ainda clamava: “Quero conhecer a
Cristo”. Podemos construir o altar e preparar o
sacrifício, mas apenas Deus poderá enviar o fogo.
Nós lutamos contra a indiferença do mundo e a
inércia da Igreja. A pergunta é: nossas folhas de figo
irão suportar até o dia de sua chegada? Ah, a glória
que ainda será revelada nesta era.
Obrigado novamente pelo seu amor, orações e
presentes.
Len e Martha

Setembro de 1994
Meu querido Irmão Byron,
O Sr. John Newton, escrevendo no diário de John
Wesley, disse: “Mais austero crescerá o conflito à
medida em que o retorno do nosso Rei se
aproxima.”
Hoje, lutamos contra filmes, TV, uma indústria
cinematográfica de um bilhão de dólares, uma
indústria de cervejas de um bilhão de dólares, a
ameaça das apostas, clubes de golfe, country clubes,
boates e muito mais. Precisamos conhecer Isaías 66,
assim como as palavras de Pedro: “pregaram o
evangelho pelo Espírito Santo enviado do céu.” Que
tarefa ficar entre um Deus vivente e um mundo
moribundo.

Os doze discípulos escutaram o melhor sermão,


mas nunca disseram: “Senhor, ensina-nos a pregar”,
ou “Senhor, ensina-nos a cantar”. Mas eles O
ouviram orar, como em João 17, e pediram:
“Senhor, ensina-nos a orar”. A meia-noite e o ar da
montanha muitas vezes testemunharam sua oração.
Mas as luzes na sala de oração já foram apagadas
em muitas igrejas. No dia 18 de junho, eu começarei
meu octogésimo oitavo ano. A bondade e
misericórdia me acompanharam. Em Lucas 15, o
irmão mais velho disse: “Meu irmão está morto”. O
pai disse: “Meu filho foi morto”. Bem, nossos
bancos de igreja estão cheios de pessoas mortas.
Mas ele não é um tolo que troca o fardo do pecado
pelo fardo do Senhor. Que estranho que as pessoas
que dizem: “Jesus pode voltar hoje” estão
planejando se divorciarem amanhã.

Você já viu uma noiva em seu dia de casamento


que estivesse miserável, nua e suja? Estou
completamente convencido de que o Santo Pai que
escolheu uma virgem para ter seu filho escolherá
uma noiva virgem para o seu Filho.
Assista e ore — bênçãos para você, Leonard
Ravenhill

A família Bloom

Spartanburg, Carolina do Sul

29 de setembro de 1960
Queridos Blooms,
Mais do que nunca eu vejo o trabalho enganoso do
inimigo. Na outra noite, eu recebi uma ligação de
um grupo que cancelou uma reunião na qual eu ia
pregar. Eles sentiram que eu defendo as cruzadas de
cura em massa. Estas acusações não são verdadeiras
e eu não me importo. Mas eu vejo o sinistro poder
do diabo nisto. Na última noite, tivemos um ministro
aqui que recentemente viu a mão do Senhor
trabalhar nas reuniões na Alemanha. Ele é um
homem muito espiritual. Ele disse que o essencial
para esta hora são as pessoas puras.
Você perguntou sobre Duncan Campbell, e a estória
de sua experiência é esta. Ele estava em uma reunião
e, logo antes de pregar, o Senhor falou com seu
coração: “Sobre o que você vai falar?” e ele
respondeu: “Sobre o Espírito Santo”. E então veio
um desafio ao seu coração: “Por que falar sobre o
Espírito Santo quando você mesmo perdeu o seu
poder?” Isto chocou Campbell e ele voltou para
casa. Ele se isolou até cedo na manhã, quando ouviu
os passos de sua filha. Enquanto estava deitado no
chão, sua filha colocou sua mão em sua cabeça e
orou. Daquele dia em diante ele foi um homem
diferente. Ele me contou pessoalmente que
raramente ousava orar para que o Senhor desse a
outro homem a mesma visão que ele tinha. Por
favor, orem por mim, como eu oro por vocês.

Nos elos da Cavalaria, Leonard e Martha

18 de novembro de 1965
Queridos Blooms,
Estou ansiosamente esperando pelos dias com vocês.
Eu não estou muito preocupado com o tamanho do
público que virá. Eu não mereço um público maior
do que o que vocês recebem. A Palavra diz: “Pois
onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu
estou no meio deles.” Eu quero que Ele faça a
reunião.
Devemos sair daqui na quinta-feira, 2 de dezembro,
parar por uma noite em Charlotte se o trem estiver
passando ali, e então visitar uma garota. E então eu
estarei com vocês no sábado.
Eu ficaria feliz se pudéssemos providenciar uma
acomodação para os bebês, para minimizar as
distrações. Também prefiro que apenas uma
gravação de fita seja feita em cada serviço. Estes
gravadores estão se tornando uma peste. Eles
geralmente param de funcionar nos últimos cinco
minutos, que são tão vitais para a mensagem. Eu
acho que uma fita mestre pode ser feita e controlada
em uma área que não distraia as pessoas.
Eu também gostaria que a fileira de trás ficasse vazia
até o último hino, antes do sermão, para que as
pessoas não fiquem andando pelo santuário quando
a mensagem começar.

Eu espero ir a vocês na plenitude da bênção do


evangelho de Cristo. Eu não tenho nada para
vender, pedir ou promover a não ser sua glória.
Outro pedido — por favor, não deixe sua Martha
me alimentar demais. Como sempre em Cristo,

Len R.

Uma carta para crianças

[Esta carta foi escrita no começo dos anos 90]


Queridas crianças,
Vocês são muito abençoadas de terem pais e avós
que amam o Senhor e vivem em uma casa onde não
há palavrões, bebedeiras e brigas. Certifiquem-se de
ler bons livros, principalmente o “Protestant Saints”
e “Lives of Missionaries”, do Sr. Harvey, e “Heroes
of our Faith”.
Eu oro por todos vocês. Sempre vigie e orem.
Leonard Ravenhill

Uma carta aberta sobre o treinamento ministerial


Leonard uma vez escreveu ao editor de uma revista
cristã, em resposta a um artigo defendendo que
jovens ministros devem ter todos os diplomas de
ensino possíveis para alcançar um mundo
intelectual. A carta começa com o título: “Eu
discordo”.

Prezado senhor:
Após ler a edição do dia 28 de abril do seu bom
jornal, meu coração clamou pelas experiências
daquele maravilhoso editorial e minha mente clamou
contra o conselho da carta sobre a qual o editorial
estava falando. Primeiro, deixe-me dizer que eu sou
completamente a favor da educação cristã. Eu tenho
experiência direta conversando com alguns dos bons
missionários da Aliança Missionária Cristã. Eu sei
que muitos deles não poderiam ter feito o trabalho
de tradução que eles completaram de forma tão
adequada se eles não fossem pessoas inteligentes.
Enquanto eu leio esta carta à qual seu editorial
respondeu, parecia que eu podia ver a figura do
nosso querido Dr. Tozer sobreposta nela.
Esta tendência de louvar o santuário do
intelectualismo também está alcançando as esferas
políticas. Uma revista de primeira linha
recentemente publicou um artigo dizendo que os
líderes políticos das nações devem ter doutorados.
Isto excluiria o Senhor Winston Churchill. Vamos ter
educação, e nós certamente precisamos dela em
vários lugares. Mas um alto QI não nos traz
coragem. Nem as palavras douradas do PhD
garantem força e sacrifício, ou até mesmo
moralidade e a vontade de deixar um homem melhor
assumir a posição.

Eu estava viajando por um certo país da Europa de


trem e no assento ao meu lado estava um dos jornais
mais renomados do mundo. Era uma tarde de
sábado, então eu fui às notícias da igreja. O país é
famoso por seus pregadores e os homens da
América consideram uma grande honra obter um
doutorado em seus corredores de aprendizado. Isto
foi o que me chocou. Enquanto eu lia a seção da
igreja, havia centenas de avisos de igrejas e quase
todos os pastores tinham um ou dois diplomas.
Quase todos eles tinham um mestrado ou doutorado.

Mas, apesar desta ótima exibição, o país onde eles


pregam está gravemente golpeado por igrejas vazias
e uma juventude rebelde. Então um púlpito educado
e intelectual não é a resposta. A recuperação da
Igreja não depende de uma nova raça de mecânicos
teológicos que podem aprimorar o velho motor
evangélico para que eles possam ultrapassar os
teólogos alemães.

Novamente, deixe-me frisar que eu sou


completamente a favor da educação dos ministros. A
erudição é uma coisa boa, particularmente a
erudição teológica, quando ela fica de joelhos. Eu
não acho que meu dentista seja burro se ele não
sabe as médias dos principais jogadores de beisebol
ou que cavalo venceu no Kentucky Derby. Eu tenho
certeza que os cuidadosos empresários querem ouvir
sobre o céu quando eles vão à igreja. Mas se eles
receberem o discurso da ciência política ou apenas
uma dissertação das calamidades sociais, eles
provavelmente frequentarão o santuário cada vez
menos. O que a alma desgastada precisa é de um
sermão cheio de Espírito e então ela irá jantar e
agradecer.

Há mais na pregação do que a montagem de um


sermão de perfeição homilética e exatidão exegética.
Estas coisas são boas quando são nossos guias, mas
são horríveis quando são nossas correntes. Hoje
estamos testemunhando as pessoas mais quebradas,
miseráveis e imorais de todos os tempos. No meio
de sua carnalidade e confusão, elas precisam escutar
a palavra do céu. Como elas escutarão sem um
pregador, e como ele pregará se não for ungido? A
unção é a prerrogativa de Deus.

Em oração, Leonard Ravenhill

Uma lição das cartas de Ravenhill

Ter um coração para amar e buscar pessoas


As cartas de Leonard mostram a importância de ter
um coração para buscar as pessoas com amor e
encorajamento. Seu exemplo nos mostra que, como
cristãos, devemos nos interessar pelas pessoas como
indivíduos, não por um motivo egoísta de construir
nosso ministério, mas pelo próprio bem destas
pessoas, mesmo se não obtivermos nada em troca.

O exemplo de Ravenhill mostra que os cristãos


devem pensar e orar pelas pessoas como indivíduos,
com um coração cheio do amor de Deus. Leonard
era como seu Senhor neste aspecto, com um
coração para os necessitados e espiritualmente
faminto. As cartas podem ser um verdadeiro
ministério de amor às pessoas. Mas se utilizamos
este ministério ou não, um coração de amor deve
nos mover para nos importarmos com os outros,
como a lei de Cristo nos comanda.

É fácil para aqueles em ministérios públicos terem


uma visão exaltada da importância de uma pessoa e
começarem a negligenciar a importância vital de se
importar com indivíduos. Um relacionamento
pessoal muitas vezes tem muito mais impacto que
um ministério de pregação ou ensinamento. Apesar
de um ministério público ser importante, a dinamite
do ministério pessoal gera frutos que não podem ser
gerados de nenhuma outra maneira.

Ravenhill provavelmente teve mais impacto nas


vidas dos indivíduos do que ele teve nas igrejas ou
outros ministérios. Ele sabia que era importante
ministrar aos indivíduos porque ele percebia como a
vida de uma pessoa pode afetar profundamente
outra vida. Isto aconteceu com ele por meio de
Samuel Chadwick e Tozer, e durante sua vida ele
fez o mesmo para os outros.

Leonard nunca viu a si mesmo como mais


importante que outra pessoa. Se ele estivesse com
um pregador famoso ou com um adolescente, ele
nunca mostrava favoritismo. Ele via cada pessoa
como um indivíduo significante. Ele não olhava
além de uma pessoa para focar em várias. Len era
excelente em se relacionar com as pessoas por meio
de momentos pessoais com elas, e principalmente
em suas cartas.

Como resultado, quando Deus dava aos Ravenhills


um relacionamento com alguém, as cartas
começavam a avançar. Seu comprometimento ao
ministério escrito foi refletido nas centenas de cartas
que ele escrevia todos os anos. O número de cartas
muitas vezes chegava a setenta por semana. Era uma
disciplina privada de autonegação para exercitar tal
prática, e ele fazia isto porque era importante para o
Senhor e para ele.

Alguns pregadores e pastores não têm este coração.


Eles apenas veem multidões e não indivíduos. Tais
homens não têm tempo para uma pessoa,
principalmente se esta pessoa não representa um
benefício ao seu ministério. Alguns são apenas
oportunistas, muito amigáveis com aqueles
necessitados, mas que não se interessam se eles não
podem obter benefícios de um relacionamento.

Amar as pessoas pessoalmente e cuidar delas, seja


pessoalmente ou por meio de cartas e tecnologia é o
coração de Jesus. Também era o coração de
Leonard. Amar as pessoas realmente só é possível
em momentos em que se está cara a cara, ou por
meio de cartas verdadeiras ou ligações telefônicas.
A. W. Tozer uma vez disse a Ravenhill: “Leonard,
eu vou dar amor às pessoas, mesmo que isto me
mate.” Ravenhill adorava isto. Ele tinha um coração
para cada pessoa que conhecia. Todo cristão deveria
seguir seu exemplo, quer eles escrevam cartas ou
não.
23 DOIS AMIGOS ESPECIAIS

​ ​

A casa dos Ravenhill. Lindale Texas

Eu quase nunca o via sem um livro em sua mão.


Até mesmo nos seus últimos anos, você nunca
podia conversar com ele sem ele parafrasear um
livro que achava que você deveria ler.
Jacob Aranza

Uma das coisas que eu mais lembro são as mãos


do meu pai. Quando eu era um garoto, eu visitava
muitas livrarias com ele. Quando ele encontrava
um volume atraente, suas grandes mãos
geralmente percorriam o livro, pela sua lombada e
pelas páginas. Uma vez que um livro era escolhido,
ele era segurado como um tesouro a ser levado
para casa.

Phillip Ravenhill

De muitas maneiras, Leonard Ravenhill tinha uma


vida multifacetada. Como um cristão em sua
adolescência, ele era um evangelista e pregador de
rua. Ele era um intercessor, pregador, autor,
palestrante, artista e poeta. Além disso, ele também
era um bibliófilo e escritor de hinos assíduo. Ele
tinha dois amigos íntimos em sua vida — livros e
hinos. Perto do seu amor pela Bíblia e pelas orações,
os melhores livros e hinos históricos da fé cristã
eram sempre uma parte central da peregrinação
espiritual de Ravenhill.

Livros

C. S. Lewis disse: “Sempre que abrimos um livro


para lê-lo, estamos admitindo a inadequação do
nosso ponto de vista.” Ler livros é um ato de
humildade porque é um reconhecimento de que não
sabemos tudo o que precisamos saber. Os livros são
necessários na vida cristã para o conhecimento,
entendimento e ganho de uma perspectiva mais
ampla e madura. É saudável admitir que precisamos
da ajuda da riqueza de conhecimento de outros
homens e é arrogante pensar o contrário.

Este era completamente o sentimento de Leonard.


Desde o começo de sua vida cristã, Leonard leu
livros que mudaram sua vida. Ele conhecia os
melhores autores da história cristã e era um
estudante dedicado e diligente das suas obras. Um
dos primeiros livros que ele leu como cristão foi o
“Livro dos Mártires”, de Foxe, sobre o qual ele
falou: “Eu não acho que você possa ler todos os
Mártires de Foxe para seus filhos, mas estou feliz de
tê-los lido quando era adolescente, e isto mudou
minha vida.”

Uma feliz ocasião foi poder entrar no escritório de


Leonard, onde grandes estantes estavam cheias dos
melhores livros de comentários, biografias, contas
missionárias, trabalhos teológicos, clássicos
devocionais e muitos raros tesouros do passado.

Era um grande prazer pegar um livro das prateleiras


de Leonard e discuti-lo com ele. Ele invariavelmente
conhecia os fatos importantes de qualquer volume
que ele tinha e sabia do valor do ouro literário que
ele possuía. Era extremamente educativo aprender
de Ravenhill quais livros eram bons e quais eram os
melhores. Winkie Pratney lembra da expertise e altos
padrões de Leonard ao ler:

Ele escreveu ótimos livros porque leu ótimos livros.


Ele foi um dos poucos homens que eu conheci
pessoalmente com um domínio absoluto dos grandes
clássicos cristãos de muitas eras da história da Igreja.
Ele não tinha nada além de desprezo pela maioria
dos materiais cristãos promovidos hoje como best-
sellers. Da última vez que eu tive o privilégio de sair
com ele, fomos a uma convenção de vendedores de
livros cristãos. Ele passou a maior parte do tempo
vagando pelos corredores, procurando em vão por
algo que valesse a pena e rosnando algo sobre
cambistas no templo.

O conhecimento de Leonard sobre a literatura


histórica cristã era extensivo. Sua biblioteca deixaria
qualquer cristão com inveja. Seu uso dos livros
como ferramentas concedidas por Deus, tanto em
seu ministério quanto para o de outros, era incrível.
Ele estava sempre lendo, primeiro a Bíblia, e então
uma grande variedade de autores de cada período da
história da Igreja.

Uma passagem por sua biblioteca revelava isto. Em


uma prateleira, estava uma coleção de capa de couro
de 1831 dos Hinos de Wesley, assim como cópias
dos melhores hinos do passado. Mais embaixo
estavam as edições completas das escrituras dos
primeiros místicos cristãos, assim como as obras de
Frederick Faber, uma edição mais antiga das “Obras
Completas” de Francois Fénelon, as escrituras de
Madame Guyon e outros místicos.

Em relação a escritores mais recentes, ele tinha


todas as obras dos primeiros autores Irmãos de
Plymouth — J. G. Bellett, C. H. Mackintosh,
William Kelley, Thomas Kelley, J. N. Darby,
Anthony Norris Groves, G. H. Lang e muitos
volumes de J. B. Stoney.

Mais em frente, havia coleções mais antigas de


ricos autores devocionais e comentadore,s como F.
B. Meyer, H. A. Ironside, G. Campbell Morgan,
Oswald Chambers e Francis Havergal.

E então o olho é atraído às teologias e biografias


dos grandes teólogos, como as obras de John Owen,
Thomas Manton, John Flavel, Jonathan Edwards,
Abraham Kuiper, Arthur Pink, John Newton, J. C.
Ryle, Charles Hodge, A. T. Robertson, Alfred
Edersheim, William G. T. Shedd, William
Cunningham e R. L. Dabney.
As biografias e autobiografias preenchendo
prateleira atrás de

prateleira eram tão numerosas quanto gloriosas —


Charles Wesley, John Wesley, William Jay, George
Whitefield, Daniel Rowland, John G. Paton, Henry
Martyn, William Borden of Yale, John Sung,
Watchman Nee, Wang Ming Dao, Howell Harris,
Charles Finney, Asahel Nettleton, Amy Carmichael,
C. T. Studd, David Brainerd, Jonathan Edwards, J.
C. Ryle, C. H. Spurgeon, George Muller, Hudson
Taylor e Martyn Lloyd-Jones. E a lista ainda
continua.

Ravenhill lia bastante e profundamente, retendo


muito do que ele lia. Ele podia citar autores e
escritores de hinos extensivamente em sermões sem
precisar consultar suas anotações. Uma vez ele
disse: “As abelhas juntam o mel de várias flores. Em
minha leitura durante os anos, eu devo ter
armazenado muitos pensamentos no subconsciente”
— certamente um eufemismo!

Leonard era muito exigente com o que ele lia. Ele


enxergava através das questões superficiais que um
autor escrevia e as avaliava cuidadosamente. Após
ler um livro, ele fazia sua crítica:

Acabei de reler um livro de um certo homem sobre


nossa crise nacional. Ele nos deu uma obra prima de
desinformação e muitas coisas que ele pensa serem
proféticas, mas são patéticas. Ele deixou de fora de
sua edição as profecias que ele fez anteriormente, na
primeira edição, e que não aconteceram. O pior
sobre fazer previsões é que o tempo sempre vai
provar que estamos certos ou errados. Este homem
sempre vai para o lado errado.

Joe Fauss, em Lindale, estava construindo um novo


escritório em sua casa e perguntou a Leonard que
livros ele deveria comprar. Len disse: “Vamos tirar
um dia e dirigir até Waxahachie. Há uma boa livraria
ali.” Juntos, eles olharam todos os títulos em todas
as prateleiras. Enquanto eles andavam pela loja,
Leonard disse: “Compre Alexander Maclaren e
Joseph Parker, compre isto e aquilo!” Ele era como
uma criança na loja de doces quando se tratava de
livros que ajudam os homens no ministério.

Leonard também gostava e apreciava as escrituras


de Arthur Pink.

Após ler “Seven Sayings of the Savior on the


Cross”, de Pink, Leonard comentou: “Eu nunca li
um livro que me emocionasse tanto. Eu o li em um
navio voltando para casa. Eu tenho vinte dos seus
livros, apesar de não saber quantos ele escreveu.”

O conhecimento de Leonard sobre livros era


extenso em se tratando dos avivamentos históricos,
movimentos de orações e pregadores esquecidos,
assim como as vidas dos homens de oração do
passado. Ele estava sempre recomendando os
melhores livros e biografias em qualquer lugar que
pregasse. Ele queria que os cristãos estivessem tanto
inspirados quanto educados sobre o passado, para
que estivessem mais bem equipados para o futuro.

Os grandes heróis da história cristã eram sempre


uma inspiração para Ravenhill. Ele lia sobre as vidas
dos líderes cristãos de cada século. Em um sermão,
ele expressou a necessidade de que mais
reformadores fizessem o que Martinho Lutero fez:

Quando toda a Europa estava negra como a noite,


um homem escutou Deus. Seu nome era Martinho
Lutero. O que aconteceu? Ele chocou toda a
Europa. Ele não inventou a justificação pela fé. Ele
havia ido a um cemitério. A igreja em toda a Europa
estava em um cemitério espiritual, cheio dos ossos
de homens mortos. Então Lutero foi vivificado pelo
Espírito de Deus. Ele acreditou no evangelho e
disse: “Agora em Cristo, eu sou um homem livre; eu
não preciso do papa; eu não preciso de um padre; eu
não preciso dos sacramentos da igreja”. E ele foi
estremecer toda a Europa por Jesus Cristo apenas
com a Bíblia.

Leonard especialmente amava Robert Murray


M’Cheyne, o jovem pregador escocês do século
XIX de Dundee, e lia sobre sua vida e sermões:

Anos atrás, em Dundee, eu me levantei


reverentemente e li a grande inscrição sobre o pilar
da Igreja de São Pedro, onde M’Cheyne ministrava.
Ele sabia hebreu bem o suficiente para conversar
com os judeus europeus. Seu gosto acadêmico lhe
deu o apetite para os melhores poetas dos clássicos
gregos. Ele mantinha seu diário longe de olhos
curiosos ao escrever em latim. Como um escritor de
hinos, seus grandes hinos “Jehovah Tsidkenu” e
“When This Passing World is Done” deram-lhe um
lugar entre os imortais.
Mas M’Cheyne se destacava em uma arte maior que
qualquer uma destas, já que ele é lembrado como
um homem de oração. Igrejas maiores que a dele
ofereceram um grande preço por seu ministério, mas
ele graciosamente recusou todas as propostas. Ele
estava contente com seu terreno porque nenhuma
igreja poderia lhe oferecer mais tempo para oração.
“Como Deus é real!”, ele disse uma vez: “Deus é a
única pessoa com a qual eu realmente posso
conversar.”

Na Faculdade Cliff, Leonard comprou três livros


por quinze centavos. Um deles foi “Power Through
Prayer”, de E. M. Bounds. Aquele livro, junto com
“The Life of David Brainerd”, mudou sua vida.

Ravenhill citou extensivamente frases de homens


como John Owen, Jonathan Edwards, John Bunyan,
Charles Wesley, John Wesley, George Whitefield e
William Gurnall, que estão entre seus favoritos.
Houve alguns livros que ele sempre recomendou,
como “Christian in Complete Armor”, de Gurnall;
“Looking unto Jesus”, de Isaac Ambrose; “Fair
Sunshine”, de Jock Purves; “The Soul of Prayer”,
de P. T. Forsyth e “The Hidden Life of Prayer”, de
D. M. McIntyre. Estes estavam no topo de sua lista
de recomendação de leitura, junto com “The Diary
of David Brainerd”.

Seu bom amigo Al Wittinghill comentou sobre a


profundidade da influência de Leonard nos outros
ao utilizar livros como um ministério:

Len tinha uma paixão por ler livros que eram


eternos em seu alcance e impacto. Os grandes
clássicos eram seus melhores amigos. Ele lia livros
para conhecer a Deus, não só para obter uma
mensagem dele. Ele estava sempre dando seus livros
para outros. Eu aprecio os livros que ele me enviou
que tinham suas curtas e apaixonadas inscrições na
frente. Às vezes aqueles livros eram obscuros e
desconhecidos para a maioria das pessoas do nosso
tempo, mas eles eram sempre joias e cheios da glória
do Senhor. Eu sempre pensei neles como livros que
“esfregam na sua cara”.

Muitos de nós sempre ficávamos impressionados


com como o Irmão Len conseguia tirar poderosas
ilustrações das vidas dos santos que viveram séculos
antes e que Deus utilizou para impactar a história.
Ele realmente era um acadêmico das maneiras de
Deus na história da Igreja. Ele era um grande
pensador que se expôs à história e ciência e filtrou
várias escrituras das grandes mentes para encontrar
as ilustrações que moveriam as pessoas a caírem de
joelhos perante Deus.

Em seu livro, “Sodom Had No Bible”, Leonard


tem uma seção chamada “Retratos de pregadores do
Avivamento”. Ela consiste de dez curtas biografias
de pregadores do passado. Incluem-se Francis
Asbury, Richard Baxter, Jonathan Edwards, George
Fox, William Grimshaw, W. P. Nicholson, Gideon
Ousely, Jerome Savonarola, John Wesley e George
Whitefield, com um apêndice do sermão de Edward,
“Pecadores nas mãos de um deus raivoso”.

Isto reflete, até certo ponto, a amplitude de sua


leitura sobre a história da Igreja, especialmente
considerando o fato de que muitos dos seus anos de
estudo foram antes das reimpressões de tais livros.
Ele encontrava livros em bibliotecas ou sebos, que
ele frequentava para encontrar os mais formosos
volumes.

Ele escreveu a um amigo uma semana: “Eu estive


lendo o livro mais recente de Elton Trueblood, ‘The
Incendiary Fellowship’, que eu achei bastante
interessante”.

Em uma carta a outro amigo ele disse:

Eu já doei duas ou três coleções de livros e a que


eu tenho agora não está muito grande. Não que eu
tenha lido todos os livros, mas eu me sinto desafiado
quando vejo a maioria dos volumes e lembro que a
maioria dos autores nunca utilizou um processador
de textos. Quanto eles produziram sem a tecnologia
e quão pouco produzimos com ela!

Conselho de Ravenhill sobre leitura

Pregador, você quer aprender sobre a pregação?


Estude o livro de Ian MacPherson, “The Burden of
the Lord”. Pegue um pedaço de Alexander Whyte
toda semana em seu livro republicado, “Bible
Characters”. Seu ouro nunca perde o brilho.
Também experimente P. T. Forsyth. Ele lhe mostrará
a dignidade e desgraça de ser um pregador. A. W.
Pink é falível, como todos os homens, mas ele
também diz algumas coisas maravilhosas.

Além disso, “The Pulpit Commentary” vale seu


custo e é uma mina de riqueza espiritual para todos
os seus dias.
O “New Testament Holiness”, de Thomas Cook
deve ser lido uma vez por ano por cada pregador, e
da mesma forma, “The Path of Prayer” e “The Way
to Pentecost”, de Samuel Chadwick. “Heralds of
God” e “A Faith to Proclaim” de James S. Stewart
também farão sua alma formigar. Há três volumes
sobre Isaías escritos por E. J. Young, publicados
pela Eerdmans. São as melhores obras escritas sobre
Isaías neste século. Também veja os comentários de
R. C. H. Lenski. Ele possui dez volumes sobre o
Novo Testamento. É muito novo, mas eu não tenho
certeza qual a editora.

Certifique-se de rejeitar aquela abominação que


eles chamam de livro de resumos de sermões. Se
Deus inspirou o pregador que escreveu o livro, por
que ele não pode inspirá-lo? O resumo do sermão de
outra pessoa é uma muleta e a maioria consiste de
cérebros de homens mortos. Deus é obrigado a dar a
eles uma ressurreição?

Há um livro escrito em 1684 por William Gurnall


sobre Efésios 6 chamado “The Whole Armor of
God”. Spurgeon dizia que todo pregador deveria lê-
lo. E então eu recomendo recuperar a majestade de
Deus ao ler “The Existence and Attributes of God”,
de Stephen Charnock, porque não temos uma
teologia massiva hoje em dia.

Se você quer um bom livro sobre oração, então leia


o que eu publiquei, chamado “A Treasury of
Prayer”, de E. M. Bounds, um compilado dos
melhores textos de Bounds sobre orações.

Dois pregadores renomados que são amigos e


amantes de ótimos livros estavam em um sebo
teológico na Filadélfia na mesma manhã. Sem notar
a presença um do outro, os dois estavam de joelhos
examinando os livros nas prateleiras mais baixas, e
quando chegaram à esquina de um sofá, que
surpresa que eles haviam se dado de cara ao buscar
livros raros.

Era assim que Leonard procurava livros. Ele estava


em uma rápida busca pelas melhores obras, sempre
encontrando os melhores vendedores e as livrarias
mais raras. Ele gostava de encomendar bons livros
em massa para doá-los às pessoas regularmente.

Depois da guerra, a família visitou lojas de


antiguidades, onde as pessoas estavam se livrando de
suas antiguidades para comprar coisas novas.

Len entrava nas lojas para procurar livros, não


antiguidades. David Ravenhill estima aqueles dias:

Eu lembro de quando era criança, meu pai nos


levava às pequenas montanhas entre Lancashire e
Yorkshire e parávamos em pequenas cidades onde
meu pai nos levava a lojas de antiguidades para
buscar livros antigos. Ele tinha um apetite feroz
quando se tratava de ler. Ele muitas vezes nos levava
ao mercado aberto em Manchester, onde ele
buscava em pilhas de livros nas barracas, esperando
encontrar ao menos um que queria. Eu agora tenho
sua biblioteca de mais de três mil livros e estou
impressionado com quantos livros ele leu. Eu posso
escolher praticamente qualquer livro e encontrar
alguma anotação na margem. Sua biblioteca era bem
eclética. Ele lia todos os escritores antigos, tanto
arminianos quanto calvinistas, assim como todo o
resto. Ele estava sempre encomendando livros para
doá-los às pessoas que ele achava que poderiam se
beneficiar deles.

O filho mais novo de Leonard, Philip, disse que


uma de suas memórias mais queridas eram as mãos
de seu pai: “Uma das coisas que eu mais lembro são
as mãos do meu pai. Quando eu era um garoto, eu
visitava muitas livrarias com ele. Quando ele
encontrava um volume atraente, suas grandes mãos
geralmente percorriam o livro, pela sua lombada e
pelas páginas. Uma vez que um livro era escolhido,
ele era segurado como um tesouro a ser levado para
casa.”

Haroldo Silva, um amigo de Leonard na


Fraternidade Bethany, disse que Leonard tirava um
livro da prateleira, falava sobre o autor, mencionava
se ele era arminiano ou calvinista, dava comentários
adicionais e então colocava o livro de volta na
prateleira. Em um momento, ele parava e dizia:
“Sabe, se o autor é um homem de oração, eu não
me importo se ele é calvinista ou arminiano.”

Pode surpreender algumas pessoas que o último


livro de Leonard tenha sido escrito onze anos antes
de sua morte. “Revival God’s Ways” foi publicado
em 1983. Após aquele ano, apesar de sempre
escrever, ele não havia publicado mais nenhum livro.

Seu objetivo de terminar o que teria sido sua


principal obra, “The Judgment Seat of Christ”,
nunca foi alcançado. Ele começou a trabalhar nele
nos anos 1960. Até abril de 1991, ele estava
trabalhando na pesquisa para o manuscrito e
escreveu para um amigo na época:

Finalmente, após dez anos de preparação, estou


começando a escrever sobre o trono do julgamento
de Cristo. Eu vejo a vida como uma pequena ilha,
cercada por um oceano de eternidade.

Por motivos desconhecidos, o livro nunca foi


publicado e o material nunca foi encontrado pela
família.

Os efeitos da influência de Ravenhill por meio dos


livros são profundos em milhares de vidas. Que
lições devem ser obtidas com este exemplo?

1. A importância da leitura correta: leia os melhores


livros

Esta é a principal lição que seu amor pelos livros


nos ensina. Enquanto Ravenhill se preparava para o
ministério, ele descobriu quais eram os melhores
autores e começou a ler suas obras. Ele tinha uma
curiosidade divina de ler os livros certos e nunca se
contentava com menos.

Nos seus últimos anos, Leonard não perdia tempo e


energia em best-sellers contemporâneos, a não ser
que eles fossem substantivos e escritos com o
coração. Ele não tinha interesse em seguir as modas
literárias da época ou em ler os autores populares
que, no fim, eram superficiais.

Sejam comentários, teologia, história cristã ou


trabalhos biográficos, sua biblioteca estava entre as
melhores. Muitos jovens e pastores eram educados
em seu escritório, aprendendo quais autores ler e
quais evitar. Leonard estabeleceu um padrão para
outros sobre a importância da melhor leitura para o
ministério cristão.

Aqueles que querem se destacar na vida cristã e


serem utilizados por Deus devem fazer a mesma
coisa. Não há atalhos na vida ou ministério cristãos,
se uma pessoa deve servir a Cristo proveitosamente.
Parte desta escolha é ler bem e de forma inteligente
os melhores livros.

2. A disciplina da leitura: ler consistentemente


“Exercita-te a ti mesmo em piedade” (1 Timóteo
4:7). Este era o exemplo de vida de Leonard. Ele
deixou aos pregadores um fenomenal exemplo de
disciplina pessoal nos seus hábitos de estudo. Ele
estava sempre lendo. Esta era uma parte
fundamental de sua disciplina diária. Além das
leituras diárias e consistentes da Bíblia, ele estava
sempre lendo um ou dois livros. Quando ele
terminava um livro, ele começava outro.

Jacob Aranza disse: “Eu quase nunca o via sem um


livro em sua mão. Até mesmo nos seus últimos
anos, você nunca podia conversar com ele sem que
ele parafraseasse um livro que achasse que você
deveria ler. Ele nos apresentava a escritores que já
foram esquecidos.”

O propósito principal de Leonard em sua leitura


não era encontrar materiais para sermões, e sim
alimentar sua própria alma. Ele sabia que se não
fosse consistentemente alimentado pela verdade, ele
não teria nada do Senhor para ministrar aos outros.
Os hábitos de estudo de Leonard mostravam uma
extraordinária disciplina todos os dias. Todos os dias
ele se isolava por horas com Deus, sua Bíblia e
ótimos livros.

Este era o padrão que Ravenhill tinha para ele e


para todos no ministério. Todos os pregadores
deveriam ser leitores disciplinados. Leonard não
tinha simpatia por pregadores que eram preguiçosos
ou inconsistentes em suas disciplinas de estudo. Não
há desculpas. Se um pregador não tem a maturidade
para disciplinar a si mesmo para ler, ele não deveria
estar no púlpito, porque ele não tem nada
importante a dizer. Homens que pregam sermões
superficiais são preguiçosos em seus estudos.

O ministério cristão não é o lugar certo para o


homem que não pode exercitar a autodisciplina.
Todo cristão deve sempre estar lendo a Bíblia
consistentemente, junto com um bom livro. Termine
um livro e reflita sobre o que ler a seguir.
Hinos

Leonard amou hinos durante toda sua vida. Ele os


escutava diariamente em sua casa e na casa de sua
avó. Ele começou a memorizá-los aos cinco anos.
Quando era criança, ele sentia que às vezes os
pregadores que escutava eram tediosos, então ele lia
o livro de hinos enquanto estava na igreja. Aos dez
anos de idade, ele conhecia mais hinos do que
muitos adultos. Quando ele tinha quinze anos, ele
conhecia a maioria dos hinos metodistas. Ele
escutava os metodistas abençoados, as pessoas da
santidade britânica e os zelosos trabalhadores do
Exército da Salvação cantarem os hinos
fervorosamente e reverentemente.

Leonard então memorizou centenas dos melhores


hinos da história, escritos por Charles Wesley, Isaac
Watts, Frances Havergal, Fanny Crosby e muitos
outros. Toda a sua experiência de vida, combinada
com uma conversão verdadeira, preparou Ravenhill
para ser um catalisador para a promoção de hinos.

Enquanto pregava, ele amava citar e ensinar com


hinos, mostrando a profundidade da experiência que
os escritores dos hinos estavam expressando. Seu
amor e conhecimento dos melhores hinos e
escritores de hinos provavelmente era maior que o
de qualquer outra pessoa. Quando ele entrou no
ministério, era óbvio que lugar os hinos tinham em
sua vida. Eles apareciam em sua pregação. Os
versos dos hinos eram regularmente citados em suas
mensagens e artigos, ilustrando sua opinião. Ele
podia citar os mais raros hinos com facilidade e
claridade. Al Whittinghill fala sobre a influência e
paixão de Leonard neste aspecto:

Leonard amava bons hinos. Não importava qual


denominação eles tinham, contanto que realmente
glorificassem o Senhor. Ele sempre pedia hinos
como “Come Though Almighty King” e “Break
Thou the Bread of Life” antes de pregar. Ele era um
amante dos hinos que exaltavam a pessoa de Cristo
e eram cantados diretamente para Ele. Ele sempre
apreciava a música que parecia expressar a atitude e
atmosfera do céu. Muitas vezes ele citava uma
estrofe de um hino escrito séculos atrás que
perfeitamente ilustrava sua mensagem. Eu sempre
me perguntava: “Como ele lembra tão bem destes
hinos?” Ele lembrava deles porque ele esteve
cantando estes hinos por cinquenta anos, muitas
vezes levando um livro de hinos para o seu
momento com Deus e cantando em louvor a Cristo.

Leonard amava especialmente a combinação da


teologia profunda com uma rica devoção a Cristo.
Ele citava extensivamente vários hinos de cada
tradição da Igreja. Era difícil encontrar um hino em
inglês que ele não conhecesse.

No dia 6 de julho de 1972, em uma carta aos


Moores, Leonard disse: “Estou pensando em um
velho hino”, e então citou o hino do século XIX de
Oswald Allen, “Today Thy Mercy Calls Me”:
Ó esta misericórdia envolvente,
Tua porta sempre aberta;
O que eu devo fazer sem Ti
Quando o coração e os olhos se esgotarem? Quando
todas as coisas parecerem contra mim, Para me levar
ao desespero,

Eu sei que um portão está aberto, Um ouvido


escutará minha oração.

Leonard certa vez pregou em uma grande igreja na


Filadélfia e depois comentou sobre a música:

Durante as canções, o pastor disse: “Acabamos de


descobrir que não precisamos de um livro de
canções, apenas de um bom livro de hinos.” Você
pode imaginar um homem pastorando para uma
igreja com mil membros dizendo: “Acabamos de
descobrir um hino — ‘Oh, For a Thousand Tongues
to Sing’.” Quando ele disse isto, eu me perguntei:
“Onde ele esteve por toda a sua vida?” Eu cantei
com meu nariz no canto do banco da igreja como
quando eu era criança.

John e Charles Wesley certamente estavam entre


seus escritores de hinos favoritos, e ele muitas vezes
os citava e falava de suas vidas, ministérios e
hinologia:

Charles Wesley nos proporcionou aquele adorável


hino infantil. Eu costumava cantá-lo nos joelhos da
minha mãe toda noite até os meus dez anos de
idade. “Gentil Jesus, dócil e tranquilo, cuide de mim,
uma criancinha.” Eu suponho que ele foi baseado
em 2 Pedro, quando Pedro fala sobre a gentileza e
docilidade de Cristo.

Ele amava o hino de Charles Wesley sobre a


pregação e dizia que todo pregador deveria colá-lo
na frente de sua Bíblia:

Pregue a Palavra
Devo eu, por medo do homem mortal,
O curso do Espírito em mim impedir?
Ou animado em ação e palavra
Ser uma verdadeira testemunha do meu Senhor.
Deslumbrado pelo cenho de um mortal devo
Esconder a Palavra de Deus tão alta?
Como então perante a Ti eu ousarei
Me levantar ou como aguentarei Tua ira?
Eu devo acalmar a multidão profana
Amaciar Tuas verdades e suavizar minha língua?
Para ganhar os brinquedos corporativos da terra ou
fugir Da Cruz, suportada pelo meu Senhor, por Ti.
O que é ele então, cujo desprezo eu temo,
Cuja ira ou ódio me deixa assustado?
Um homem! Um herdeiro da morte, um escracho
Ao pecado, uma bolha em uma onda!
Sim, deixe os homens enfurecerem-se, já que Tu
estenderás Tuas asas sobre minha cabeça;
Já que em toda a dor Teu doce amor
Ainda será meu revigoramento.
Dê-me Tua força, Ó Deus do poder,
E então deixe os ventos soprarem ou tempestades
rugirem; Tua fiel testemunha eu serei,
Está consertado — posso fazer tudo por Ti.
Em uma carta a Byron Paulus, Leonard falou sobre
um de seus escritores de hinos favoritos: “Sim, Isaac
Watts, que ótima compreensão que ele teve para
poder escrever ‘When I Survey the Wondroud
Cross’, ‘Joy to the World’ e ‘Join All The Glorious
Names,’ que diz: ‘Grande profeta do meu Deus,
meus lábios devem abençoar teu nome’.”

Há hinos americanos maravilhosos que Leonard


não conhecia até chegar à América, como “Great Is
Thy Faithfulness”. Este se tornou um de seus
favoritos. O hino preferido de todos de Leonard
provavelmente era “Crown Him With Many
Crowns”, de Matthew Bridges, que ele amava
cantar:

Coroe-O com muitas coroas, o Cordeiro em Seu


trono,
Ouça! Como o hino divino abafa todas as músicas
menos a Sua; Acorde, minha alma, e cante sobre Ele
que morreu por ti,
E saúde-O como teu Rei sem comparação por toda
a eternidade. Coroe-O como o Filho da virgem, o
filho encarnado de Deus,
Cujo braço ganhou aqueles troféus cor púrpura, que
agora adornam Sua fronte;
Fruto da rosa mística, como aquela rosa que
originou,
A raiz de onde a misericórdia sempre flui, o Bebê de
Belém.
Coroe-O como Filho de Deus, antes de os mundos
começarem,
E aquele que pisar onde Ele pisou, coroe-O como
Filho do Homem; Quem toda tristeza conheceu, que
torce o peito humano,
E a tira e suporta para Si, que Nele tudo possa
permanecer.
Coroe-O como Senhor da Vida, que triunfou sobre
o túmulo,
E subiu vitorioso na discórdia para aqueles que Ele
veio salvar;
Suas glórias agora cantamos, que morreu e subiu ao
alto,
Que morreu na vida eterna para trazer, e vidas que a
morte pode morrer.
Coroe-O como o Senhor da paz, cujo poder um
cetro exibe,
De polo a polo que guerras possam acabar, e tudo
ser oração e louvor; Seu reino não terá fim, e que ao
redor de Seus pés perfurados,
Lindas flores do paraíso estendam sua doce
fragrância.
Coroe-O como o Senhor do Amor, veja Suas mãos,
Aquelas feridas, ainda visíveis de cima, glorificadas
em sua beleza; Nenhum anjo no céu pode suportar
esta visão,
Mas Seus olhos miram para baixo nos mistérios tão
brilhantes.
Coroe-O como Senhor do Céu, em Seu trono em
mundos acima, Coroe-O como Rei de Quem recebe
o maravilhoso nome do Amor; Coroe-O com muitas
coroas, enquanto tronos sobre Ele caem, Coroe-O,
seu Rei, com muitas coroas, pois Ele é o Rei de
tudo. Coroe-O como Senhor dos senhores, que
reina sobre todos, Que uma vez na terra, a Palavra
encarnada, mate os pecados entregues; Agora vive
nos reinos da luz, onde santos cantam com os anjos
Suas canções perante Ele dia e noite, seu Deus,
Salvador, Rei. Coroe-O como Senhor dos anos, o
Potentado do tempo,

Criador das esferas rolantes, inefavelmente


sublime;
Todos saúdem, Redentor, saúdem! Pois Tu
morrestes para mim, Teu louvor e glória não devem
faltar na eternidade.

O legado dos hinos de Ravenhill

O que Ravenhill deixou para as futuras gerações


em relação à música no louvor a Deus?

Restaurando os Hinos

Ravenhill disse para uma igreja uma noite:

Eu não me importo com os coros; eles são bons,


mas você perde muitas coisas ao apenas cantar estas
canções. Vocês deveriam ter um livro de hinos. Se
tudo o que vocês cantam é bênção, alegria e “Eu te
amo, Senhor”, não tem problema. Mas vamos
colocar, com o perdão da palavra, nossas vísceras no
nosso canto.

Ele estava certo ao dar tal conselho.

Leonard trouxe às igrejas do século XX um amor


por hinos que é mais necessário agora do que
quando ele estava vivo. Seu exemplo deve ser
seguido pelos cristãos de hoje.

A profundidade da apreciação de Ravenhill pelos


hinos impactou toda uma geração, que tinha virado
as costas para os hinos por causa de uma morte na
tradição da Igreja. Uma geração mais jovem de
cristãos na segunda metade do século XX
identificou os hinos como sendo de serviços de
igrejas mortas e tédio religioso. Como resultado,
muitos dos que se tornaram cristãos apenas
aprenderam a cantar canções da escritura ou refrãos
contemporâneos.
Com o advento da música de louvor, dos refrãos da
Escritura e da música cristã contemporânea, a
apreciação dos hinos foi progressivamente perdida
na Igreja evangélica, sendo substituída pela música
que é teologicamente fraca e, muitas vezes,
superficial. O limite foi superado e uma mudança
completa ocorreu sem muitas pessoas perceberem. A
profundidade do conteúdo encontrado nos hinos
mais antigos começou a ser perdida na Igreja em
geral.

A superficialidade nas letras e conteúdo teológico é


o padrão hoje em dia na maioria dos círculos
evangélicos. A teologia encontrada na música cristã
mais contemporânea poderia caber em um dedal,
apesar de haver algumas melhorias nos anos
recentes.

Não estaria faltando algo quando a congregação


canta apenas canções positivas, felizes e superficiais?
Algo muito mais profundo e edificante é necessário
se deve haver crescimento e graça. Os crentes se
reúnem para louvar, desejando serem alimentados
mais profundamente e então apenas cantam tais
palavras, exibidas na tela acima deles:

Todo movimento que eu faço, eu faço por você,


Você me faz mover, Jesus!
La, la, la, la, la, la
La, la, la, la, la, la

Tais letras não comunicam uma verdade sobre o


relacionamento de Cristo com o crente, e certamente
não produzem uma visão maior de Deus ou um
nível mais profundo de santificação. Então por que
os cristãos estão satisfeitos com menos? Algum
cristão honesto realmente acredita que estas canções
são melhores que cantar coisas como:

Jesus, apenas pensar em Ti


Enche meu peito de doçura;
Mas ainda mais doce é Tua face para ver
E em Tua presença descansar.
Ó esperança de todo coração contrito,
Ó alegria de todos os dóceis,
Para aqueles que caem, que gentil Tua arte! Que
bom para aqueles que buscam!

Jesus, Tu és nossa única alegria,


E nosso prêmio Tu serás,
Jesus, que nossa glória agora seja Tua.

O que é necessário é o que os grandes hinos já


possuem — o casamento da teologia da Escritura,
combinado com uma profunda devoção a Jesus
Cristo por toda a vida. A doutrina e a devoção são
necessárias no canto coletivo e isto apenas é
alcançado ao cantar os hinos. Apesar de haver um
relativo aumento no uso dos hinos nos anos
recentes, muito progresso e reforma ainda são
necessários.

Eu confesso ser imparcial em relação ao canto de


hinos. Isto se deve em parte a ver a fraqueza da
música da igreja no evangelicanismo. É
desencorajante, no mínimo, ir a uma igreja bíblica
professa apenas para vivenciar o que pode ser
chamado de canto preguiçoso, superficial e não
teológico, que nem instrui a mente nem move as
afeições.

O que é necessário é um retorno aos hinos.


Pastores, anciãos e líderes de louvor devem fazer
um maior esforço para liderar suas igrejas para
aprenderem muitos dos hinos históricos. Seu
número é tão vasto, é impossível acabar o
suprimento. A recuperação dos hinos restaurará uma
riqueza e profundidade no canto da verdade que não
deve ser encontrada em outras formas de música
utilizadas na Igreja evangélica. O resultado será um
processo de amadurecimento e apreciação da
verdade que erguerá a Igreja para uma maior
profundidade em Deus.

Se houve um pregador que ajudou a Igreja neste


aspecto, este pregador foi Ravenhill. Em relação a
isto, ele era um reformador.
A importância dos hinos

Quando Len começou as reuniões de oração nas


sextas-feiras à noite em Lindale, ele disse aos
funcionários dos Ministérios dos Últimos Dias que
se eles fossem frequentar sua reunião de oração, eles
teriam que aprender a cantar hinos. Foi difícil para
eles, porque as canções eram antigas! Sua presunção
era que “antigo” certamente significava canções
religiosas chatas. Mas Len insistiu, dizendo que a
glória e caráter de Deus estavam nos hinos e que
eles precisavam conhecê-los. Ele meio que
brincando ameaçou que eles não poderiam ir às
reuniões se não aprendessem os hinos. Este era
Leonard — insistente, resistente e inflexível. Ele
ganhou aquela batalha. Eles aprenderam os hinos e
estavam permanentemente gratos.

Muito canto contemporâneo deixava Ravenhill


insatisfeito por causa de sua centralidade no homem.
Ele viu que a maioria do que a Igreja moderna faz
no canto e louvor não produz admiração e
reverência a Deus. Só porque a música é popular,
isto não a torna honrosa a Deus nem bíblica. Len
acreditava que a música da Igreja deveria ser
reverente, não medíocre. Ela deve ser avaliada
baseada apenas na qualidade. A mediocridade tanto
nas letras quanto na melodia o desagradava, porque
não refletia a grandiosidade e majestade de Deus.

Robert Elmore, o conhecido músico de igreja disse:


“Há ministros que alimentam suas congregações
com a forte carne da Palavra, enquanto ao mesmo
tempo, cercam sua pregação com apenas o leite
desnatado da música.”

Ravenhill acreditava que isto era claramente errado.


Apenas o melhor deveria ser oferecido em louvor,
na pregação ou na música. Qualquer coisa menos
que isto era uma concessão, resumida bem por Jerry
Solomon quando ele disse: “Não oferecemos a Deus
nosso melhor ao ter esta abordagem.”158 Leonard
dizia: “Nenhuma concessão é permitida! — Faça
músicas majestosas centradas em Deus ou não as
faça.”

Os hinos possuem dois grandes benefícios.


Primeiro, os hinos são bíblicos. Os santos do Antigo
Testamento e do Novo Testamento cantavam hinos.
O gênero dos hinos na história cristã é tão antigo
quanto a Bíblia em si. Nenhuma outra forma de
canto é tão bíblica.

Segundo, os hinos são uma forma excepcional de


edificação, até mais que a maioria dos refrãos da
Escritura. Isto se deve ao fato que escritores de
hinos sempre expressaram uma profunda teologia e
experiência cristã em seus hinos. Uma profundidade
de entendimento que vem por eles não é possível em
outras formas de louvor a Deus.

Uma profunda experiência cristã sempre foi


expressada pelos hinos, muito mais que em canções
de louvor ou na música contemporânea. As
profundidades de sofrimento, desencorajamento,
lágrimas, aflição, dificuldades, desafios e até mesmo
morte não são temas abordados na música da Igreja
moderna. Muitas canções cristãs contemporâneas às
vezes parecem ser simplesmente penugem e algodão
doce religiosos inseridos em um ritmo divertido. Tal
escolha é uma má dieta espiritual que produz anemia
espiritual. Pode ser apenas um canto leve por um
momento, mas não faz nada pela alma quando o
ouvinte está passando pelos momentos mais difíceis
da vida. Mas quando você estiver caminhando sobre
o fogo, escolha cantar um ou dois hinos que
mostrem a graça de Deus nos momentos mais
difíceis e veja o que acontece:

Quando a escuridão parece esconder a face d’Ele,


eu descanso em sua graça eterna;
Em cada tempestade e vendaval
Minha âncora se segura sob o véu.

Seu juramento, Seu pacto, Seu sangue, Apoiam-me


nesta intensa inundação; Quando tudo ao redor da
minha alma cede, Ele é minha esperança que
permanece.
- Edward Mote

Deus se move de forma misteriosa Realizando Suas


maravilhas;
Ele planta Suas pegadas no mar
E previne as tempestades.

Seus santos temerosos, tomam coragem


As nuvens possuem tanto temor;
E estão grandes com misericórdia e vão cair Em
bênçãos sobre sua cabeça.
Não julgue o Senhor como frágil,
Mas confie nele por Sua graça;
Por trás de uma providência triste
Se esconde um rosto sorridente.
Seus propósitos amadurecerão rápido,

Revelando-se a cada hora;


O broto pode ter um gosto amargo,
Mas doce será a flor.
A cega descrença com certeza se enganará E
examinará Seu trabalho em vão;
Deus é Seu próprio intérprete,
E Ele deixará isto claro.
- William Cowper

Quanto mais profundo o sofrimento ou provação,


mais profunda precisa ser a verdade do que
cantamos. O canto algodão doce não nos ajudará
quando uma grande devastação ou perda vier às
nossas vidas.

Ravenhill sabia que isto era verdade. Ele via as


experiências teológica e cristã entrelaçadas em cada
hino e sempre revelava as verdades dos hinos que
amava e cantava.

Em uma carta a um amigo, Ravenhill estava feliz


com a glória da salvação verdadeira e citou um de
seus escritores de hinos favoritos: “O Sr. Wesley
acertou quando disse: ‘Nascido para criar os filhos
da terra, nascido para dar-lhes um segundo
nascimento.’ Graças a Deus que já tivemos esta
experiência transformadora. Agora somos os filhos
de Deus.”

Uma semana, Leonard estava pregando em uma


igreja na Inglaterra, onde Augustus Toplady tinha
sido ministro, duzentos anos mais cedo. Ravenhill
falou do famoso hino de Toplady, “Rock of Ages”,
naquela manhã:

O pastor desta igreja foi um homem muitos anos


atrás que se chamava Toplady. Ele escreveu aquele
lindo hino: “Pedra das eras rachada para mim,
deixe-me esconder em Ti.” Ele tinha uma grande
concepção do pecado por causa do que o pecado
faz! Ou você se livra dele ou ele se livra de você!

Ravenhill então utilizou o cenário do ministério de


Toplady e seu hino para ilustrar e aplicar a verdade
aos seus ouvintes daquele dia. Ele fazia isto
frequentemente. Quando pregava sobre amar a Deus
com todo o coração, alma, mente e força, Leonard
citava um hino de Elizabeth Prentiss, que era
bastante conhecido e um de seus favoritos, que
sempre deixava sua opinião clara e com uma rica
aplicação:

Mais amor a Ti, Ó Cristo,


Mais amor a Ti!
Escuta a oração
Que eu faço de joelhos
Este é meu clamor mais sincero. Mais amor, Ó
Cristo, a Ti,

Mais amor a Ti, Mais amor a Ti!

Então ele abordava esta aplicação de maneira muito


pessoal: “Quando você ora: ‘Mais amor a Ti, Ó
Cristo, mais amor a Ti’? O amor está preenchendo
seu coração? Você pode dizer com a escritora do
hino: ‘Este é o meu clamor mais sincero, mais amor,
Ó, Cristo, a Ti’? Você pode dizer com Wesley: ‘Ó
Cristo, tua arte é tudo o que eu quero’?”
Tal uso dos hinos na pregação proporcionava aos
seus ouvintes a realidade do cristianismo
experimental, que é muito mais que um assento
intelectual aos fatos. É o amor de Deus derramado
nos nossos corações pelo Espírito Santo.

O que todos os cristãos deveriam aprender com o


amor de Ravenhill por livros e hinos? Amá-los, usá-
los, lê-los, aplicá-los e ministrar aos outros com eles.
Disciplinar a si mesmo com eles com o propósito da
santidade, primeiro para sua própria santidade e
depois para a dos outros. Isto pode fazer toda a
diferença em sua jornada cristã, e na deles também.
24 APENAS UMA VIDA: FINALMENTE EM
CASA PARA SEMPRE​ ​ ​ ​


Leonard, 1993
Valeu a pena Cristo ter morrido pelas coisas pelas
quais você está vivendo?

Inscrição no túmulo de Ravenhill

Eu vejo a vida como uma pequena ilha, rodeada


por um oceano de eternidade.

L.R.

O fim dos anos 1980 trouxe uma mudança clara e


permanente para o ministério público de Ravenhill.
Ele pregava bastante, principalmente em igrejas
batistas e em grandes conferências pela nação.
Quando estava em casa, ele pregava para a Força
Ágape, Juventude Com uma Missão, Ministros dos
Últimos Dias, para a Igreja Comunitária do Garden
Valley e outras igrejas locais no leste do Texas.

Os anos 1990 resultaram em uma mudança clara e


permanente para Leonard e Martha. Houve menos
viagens e ministérios públicos e mais ensinamentos
pessoais para indivíduos à medida em que ele se
aproximava do seu octogésimo terceiro ano. O
amigo de Len, Al Whittinghill, observou isto
claramente:

Com o passar dos anos, seu itinerário ficou menos


ocupado, seu ministério pareceu mudar de foco. Às
vezes quarenta pessoas por semana iam à sua casa
para se encontrar com ele em seu escritório. Eles
reconheciam o profundo fogo no coração de Len e
queriam sentar-se aos pés daquele cujos ossos foram
ateados pelo fogo celestial.

Quem pode contar as ligações de pregadores e


outros que o procuravam em todas as horas do dia e
da noite de todos os cantos do mundo? Ele
pacientemente escutava os homens abrirem seus
corações. E então, quase como se ele pudesse ler
cada coração, ele dava várias frases de exortação e
conselho que muitas vezes mudavam aquelas
pessoas para sempre.159

Outra parte do tempo deles, principalmente aos


domingos, era dedicada para se encontrarem em
uma nova igreja fundada por David Wilkerson
alguns anos antes. Os Ravenhills faziam parte de sua
fraternidade naquela época, e Wilkerson e Ravenhill
muitas vezes compartilhavam as pregações.

Leonard agora estava enfrentando diferentes


desafios com sua saúde. Ele escreveu para Doug
Stringer em Houston:

Querido Irmão Doug,


Obrigado pela ligação. Se for a vontade de Deus
irmos para Houston um dia, iremos. Mas, no
momento, minha querida Martha e eu estamos nos
recuperando de uma forte gripe. Além disso, o
nervo ciático da minha perna esquerda está bastante
dolorido. Agora eu ando mancando, assim como
Jacó! Não parece que viajarei muito este ano. Mas
eu digo com o Salmista: “Meus tempos estão em
Tuas mãos”. Como o escritor de hinos disse:
“Pronto para ficar, pronto para ir, pronto para tomar
meu lugar; pronto para servir lentamente ou
grandemente, pronto para cumprir com Sua
vontade.”

Bênçãos, Irmão Len

Leonard continuava orando como sempre e


escrevendo muitas cartas aos amigos e apoiadores.
Ele também estava liderando várias reuniões de
oração e encorajando os jovens ao seu redor. Sua
fome espiritual era contagiosa, com um coração
apaixonado para continuar buscando a Deus:

Agora nos meus últimos anos eu só tenho uma


ambição — aproximar-me de Deus. Eu estou
determinado este ano, mais que nunca, a conhecer
Jesus Cristo de uma forma que eu não conheci
antes. Eu quero descobrir sua majestade. Eu quero
descobrir a glória que ele teve com o Pai. Eu Lhe
agradeço por como Ele me guiou desde que eu tinha
quinze anos na Inglaterra. Eu passei por
dificuldades, tempestades, bons momentos, tempos
difíceis e outros momentos. Mas ainda assim “Há
um lugar de calmo descanso perto do coração de
Deus”. Não é verdade?

Um homem que foi significantemente impactado


nos anos 1990 pelo ministério de Leonard foi Mike
Bickle, um pastor em Kansas City, Missouri, apesar
de a influência inicial ter sido anos antes. Ele
começou a ler os livros de Ravenhill aos dezesseis
anos, quando era membro da igreja presbiteriana de
St. Louis em 1972. O ministro da juventude da
igreja estava recomendando os livros de Ravenhill
para o seu grupo de mil membros. O impacto
espiritual foi significativo em Bickle e em outros na
igreja.
Ravenhill se tornou maior que a vida para Mike. A
jornada começou com ele lendo todos os livros que
encontrava de Ravenhill, o que também o levou aos
livros de E. M. Bounds e A. W. Tozer. Ravenhill
então se tornou a principal influência espiritual de
Bickle, apesar de Mike nunca o ter conhecido nem
ter escutado Leonard pregar.

Dez anos se passaram até que Mike Bickle


conheceu Ravenhill pessoalmente. David Ravenhill
entrou em contato com os funcionários da igreja de
Bickle em Kansas City. Isto deu a Mike a
oportunidade de conhecer Leonard pessoalmente e
visitá-lo no Texas muitas vezes, e isto abriu as portas
para Leonard pregar em Kansas City por dez dias
em duas ocasiões.

Conferência em Anaheim na Fraternidade Vineyard


em 1989

Bickle esteve presente em um dos últimos


momentos importantes do ministério de Leonard, na
conferência nacional da Fraternidade de Vineyard,
na Arena da Cidade de Anaheim, nos dias 6 a 9 de
fevereiro de 1989. Nove mil pessoas estavam
presentes e quatro mil não puderam entrar.

Muitas pessoas que foram à conferência nunca


haviam escutado alguém como Ravenhill, com uma
pregação tão saliente e uma abordagem séria ao
reino de Deus. Um líder de Vineyard disse depois:

Aquela multidão nunca havia ouvido um homem


pregar e orar como Ravenhill. Eles nunca haviam
escutado ideias e assuntos assim, combinados com o
espírito, peso e solenidade da vida de Leonard. Até
mesmo as críticas diretas vinham com o poder de
Deus nelas.

Leonard pregou duas vezes em dois dias, mais uma


terceira vez para um grupo de pregadores. Durante
os sermões, um espírito de quebrantamento e
humildade era derramado e a maioria das pessoas
acabavam ajoelhadas, chorando e buscando a Deus.
Testemunhas disseram que foi um momento sagrado
e profundo e que nunca haviam visto ou vivenciado
algo assim.

Leonard falou brevemente do seu momento com os


pregadores em uma carta a um amigo: “Eu acabei de
pregar em Anaheim para 4.500 pregadores; muitos
estavam despedaçados, chorando e buscando
arrependimento.”

Bickle depois refletiu sobre a vida e influência do


legado de Ravenhill:

Uma grande parte do legado de Leonard Ravenhill


foi que ele impactou multidões de homens mais
jovens nos anos 1980 e 1990. Ele era a voz de Deus
para dar a tantas pessoas a visão e entendimento da
oração e avivamento verdadeiros.

Eu acredito que há milhares de homens agora com


seus cinquenta e sessenta anos que ainda têm
aquelas brasas espirituais queimando neles, com o
DNA de Ravenhill selado neles, espiritualmente. Eu
acho que eles estão por toda a América, prontos
para virem à frente para Deus.

O que eu mais amei sobre seu livro “Por que tarda


o pleno avivamento” foi quando ele disse que há
duas coisas que os pregadores precisam — visão e
paixão. Eles precisam de uma visão da eternidade e
de paixão espiritual. Eu não sei se qualquer outro
homem na América, durante minha vida, tocou o
cordão da eternidade como Ravenhill, a não ser A.
W. Tozer.160

1994: a batalha final

À medida em que o outono chegava, Leonard


sentia que seu ministério público estava acabando. A
última reunião de orações que ele realizou foi na
Comissão do Calvário no dia 14 de setembro de
1994. Ele compartilhou seu coração naquela manhã
com aqueles que estavam presentes com uma
transparência genuína:

Quem estaria encantado agora de ir e ficar em


frente ao Rei? Vocês terão que responder por toda a
sua pregação. Eu acordei às três da manhã hoje
pensando sobre isto. Eu estive pregando por mais de
setenta anos. Se você prega por uma hora, utilizando
7.200 palavras, e prega sessenta vezes por ano por
setenta anos, são mais de trinta milhões de palavras
que você terá que explicar a Deus.

Quanto mais eu leio a Palavra de Deus, mais ela


perfura meu coração. Ela me faz parar, pensar e
meditar. Agora, mais do que nunca, eu tenho
meditado sobre a eternidade. Nossas pessoas não
são conscientes da eternidade. Você pensa que uma
pessoa que está pronta para a eternidade faltaria a
uma reunião de oração?

Cada pessoa e cada pregador ficará em frente a


Deus. Este é o dia do juízo final. Eu quero viver
com os valores da eternidade em mente. Se nos
julgarmos na luz da Palavra de Deus, não
precisamos temer o julgamento. Se caminharmos na
luz, como Ele está na luz, isto é tudo o que Ele pede
de nós — que caminhemos na luz. E é isto o que eu
desejo para vocês, que todos vocês tenham mais
visão do que eu tive, mais poder do que eu tive e
mais entendimento do que eu tive. Lembrem-se —
nenhum pregador teve um Deus maior, uma Bíblia
maior ou um calendário maior que vocês. Que Deus
nos ajude.

Dois dias mais tarde, no dia 16 de setembro,


Leonard escreveu para seus amigos Billy e Bobbie
Moore. Deus havia falado claramente com ele e ele
escreveu para compartilhar algumas notícias com
eles:

16 de setembro de 1994
Queridos Bill e Bobbie,
Hoje, depois de mais de setenta anos no púlpito,
estou me aposentando do ministério falado. Ainda
espero agitar almas ao escrever.
Muitos anos atrás nos conhecemos. Para nós, foi um
ato de Deus. Vocês lidam com joias em seus
negócios, mas vocês são joias para nós, porque
vocês têm as joias do caráter — integridade,
honestidade, pureza e nenhuma fraude. Vocês
enriqueceram nossas vidas.
Como nunca antes, precisamos vestir a armadura de
Deus todos os dias, lutar e aguentar mesmo quando
não entendemos.
Bênçãos,
L & M Ravenhill

Embora Leonard tivesse sofrido vários pequenos


derrames nos anos anteriores, sua fala nunca foi
afetada e ele sempre se recuperou. Mas o último
derrame no dia 28 de setembro o debilitou
completamente. Às 9 da manhã, Leonard e Marta
estavam realizando suas devoções matinais quando
de repente ele caiu do sofá. Ele sabia que este seria
o último.
Ele foi hospitalizado por uma semana, e então a
família decidiu trazê-lo para casa com cuidados
domésticos. Ele reagia à música às vezes, mas não
pôde se comunicar pelas últimas semanas.

Joe Fauss esteve ali uma noite, logo após o


derrame. Martha decidiu não o colocar no suporte
de vida. Às vezes, ele temporariamente parava de
respirar e então começava a respirar de novo,
ficando inconsciente por mais sete semanas.

Durante estas semanas, Leonard escutava música e


às vezes levantava suas mãos, como se quisesse que
alguém se aproximasse. Mas quando alguém reagia,
ele parecia afastá-los. Finalmente, Martha percebeu
que ele estava louvando enquanto escutava a
música.

No dia 15 de outubro, Martha escreveu aos seus


bons amigos, Billy e Bobbie Moore, sobre a
condição de Len:
Queridos Billy e Bobbie,
Agradecemos sinceramente por sua carta e cheque.
Seu amor foi tão importante para nós durante estes
muitos anos. Vocês e sua família têm um lugar
especial em nossos corações. Len passou uma
semana no hospital e então o trouxemos para casa.
Sua condição continua igual, talvez um pouco mais
fraco. Mas ele está muito tranquilo. Ele está
recebendo oxigênio e fluidos.
É tão bom ter Paul aqui para ajudar com estas
máquinas, além de ajudar de várias outras maneiras.
Ele e sua família me dão uma grande força e
conforto. Mantemos os antigos hinos tocando dia e
noite. Len gosta deles e muitas vezes levanta as
mãos em louvor.
Amor para vocês e toda a sua família.
Martha e Len

Um mês depois, os Moores receberam outra carta


de Martha:
15 de novembro de 1994
Queridos Billy e Bobbie,
Obrigada pela carta e pelo útil presente. Eu espero
que vocês dois e sua família estejam bem. Não
houve mudança na condição de Len. Amanhã fará
sete semanas que ele sofreu o derrame e os médicos
dizem que ele pode não durar mais duas semanas.
Ele está tranquilo e não parece estar sofrendo,
apesar de perceber que não consegue expressar seus
pensamentos, o que deve ser difícil para ele. Eu
gostaria muito de saber o que ele está sentindo,
vendo e escutando em espírito, mas isto nos foi
negado. Ele ainda ama que toquemos os mesmos
hinos antigos e às vezes ele ainda levanta sua mão
esquerda em louvor.

Tem sido um longo jejum para ele, quase cinquenta


dias sem comer, apenas um pouco de nutrição por
meio de tubos.
Martha

A eternidade foi a coisa mais importante na mente


de Leonard nos seus últimos anos e agora ele estava
pronto para entrar na glória eterna. Ele amava um
poema que foi enviado para ele anos antes pelo
autor, Walden Parker:

Daqui a Cem Anos

Não fará muita diferença, amigo,


daqui a cem anos,
se você vive em uma monumental mansão
Ou na beira do rio;
Se as roupas que você usa são feitas sob medida Ou
de retalhos,
Se você come grandes filés ou feijão e bolo Daqui a
cem anos.

Não importará sua conta bancária


Ou o tipo de carro que você dirige,
Pois o túmulo reivindicará toda a riqueza e fama E
as coisas pelas quais você anseia.
Há um prazo que todos nós devemos obedecer E
ninguém se atrasará,
Não importam todos os lugares que você visitou,
Cada um respeitará esta data.

Nós apenas teremos na eternidade


O que doamos na terra,
Quando vamos ao túmulo podemos salvar apenas
As coisas de valor eterno,
O que importam, amigo, os ganhos mundanos Pelos
quais os homens se reverenciam?
Pois seu destino estará selado, veja,
Daqui a cem anos.

Uma noite, quando ficou claro para David


Ravenhill que Leonard nunca retomaria sua
consciência, ele sentou ao lado da cama do seu pai e
começou a escrever sobre ele:

Eu conheci um homem que deu sua vida ao fogo


do avivamento, Ele orava de dia, ele orava de noite,
para realizar este desejo.
Ele tinha apenas uma obsessão — ver uma gloriosa
noiva
Vestida em pureza perfeita, trazida ao lado do seu
Noivo.

Seu poder no púlpito era alcançado por poucos


E ainda assim ele amava o armário, ali com o Deus
que ele conhecia;

Enquanto outros ansiavam pelo aplauso dos


homens, pela fortuna e fama,
Ele tinha apenas uma ambição — exaltar o nome do
seu Mestre.

Por oitenta anos ele viveu, apenas pela eternidade,


Um homem de fé e sabedoria e verdadeira
humildade;
Ele sabia que um dia teria que ficar perante o trono
do julgamento de Deus,
E então ele correu para obter seu prêmio, para
completar sua missão.

A fortuna que ele deixou para trás não foi de ações


ou ouro, Mas de vidas transformadas e desafiadas,
suas estórias ainda não contadas;
A vida não tem privilégio maior que o que eu tive,
De conhecer este grande homem de Deus e tê-lo
como meu Pai.

Em uma carta para sua amiga Martha Bloom,


Leonard havia escrito anos antes: “Cante, Martha,
pois todos devemos estar cantando uma nova canção
em breve!” Estas palavras se tornaram verdade para
ele em um lindo domingo, quando Leonard
tranquilamente dormiu com Jesus ao meio-dia do
dia 27 de novembro de 1994.

Naquela ensolarada manhã de novembro, um


homem morreu tranquilamente no leste do Texas.
Uma vida de oitenta e sete anos que passou a vapor,
uma vida solitária que tocou inúmeras vidas.
“Apenas uma vida — que logo passará.” Ele muitas
vezes citou este poema, e agora era verdade para
ele. Não houve cobertura da mídia ou manchetes
sobre sua morte. Como Winkie Pratney disse:
“Poucos vieram ao funeral. Mas também, toda a sua
vida ele direcionou os homens e mulheres para longe
dele e para perto de Cristo. Por que sua morte
deveria ser diferente?”

Dezoito anos mais cedo, Leonard havia escrito para


um amigo sobre ter a graça para morrer:

Este pensamento veio a mim hoje das Escrituras:


“Cristo tornou inoperante a morte e trouxe à luz a
vida e a imortalidade por meio do evangelho.” Que
triunfo para Ele. Ele acabou com a morte ao morrer,
e então trouxe a vida eterna da morte. Ele disse:
“Tenho as chaves da morte e do Hades.” Ele é o Rei
sobre a morte, despedaçando o domínio do túmulo.

Apenas o cristão olha para a morte nos olhos sem


temer. Isto me lembra da mulher que veio para John
Wesley, pedindo que ele orasse para que ela
morresse com graça. Ele se recusou e ela perguntou
o porquê, e ele respondeu: “Porque o que você
precisa agora é viver com graça.”
Que verdade, e como precisamos disto todos os
dias. Que bênção que a graça é gratuita, a
misericórdia é gratuita e o amor de Deus é gratuito.

Leonard recebeu setenta e dois anos de graça em


sua vida e agora ele teve a graça para morrer.
Leonard disse após a morte de Keith Green: “Deus
enterra seus trabalhadores, mas continua com seus
trabalhos.” E agora, doze anos mais tarde, era sua
vez.

Eu me perguntei se Leonard teve algum


arrependimento durante sua vida. Se sim, devem ter
sido poucos. Ele havia expressado apenas um
arrependimento no seu último ano: “Se eu tivesse
passado mais tempo sozinho com Deus em vez de
pregando e planejando como eu iria mudar o
mundo, eu teria sido um homem muito diferente.”

Martha escreveu para os Moores após a morte de


Leonard:
Queridos Billy e Bobbie,
Obrigada pelo seu cartão e cheque hoje. Vocês são
tão gentis. Eu realmente agradeço suas ligações,
amor e orações.
Len agora está em glória com o Senhor que ele
amava supremamente e servia tão fielmente. Que
êxtase e alegria que ele está sentindo — finalmente
em casa! Sem mais dores ou fardos, que ele sempre
carregava. Ele viveu para a eternidade.
Amor a todos,

Martha

O serviço memorial

Foi uma cerimônia simples, com menos de


trezentas pessoas. O serviço foi liderado por Bob
Roberts, um pastor batista da área de Lindale. Paul e
David Ravenhill falaram. Depois, Dallas Holm
liderou a congregação ao cantar “It is Well With my
Soul” e Paul falou:
Mensagem de Paul Ravenhill
Tudo está bem com minha alma. Sem isto, nada
mais importa. A última coisa que meu pai iria querer
nesta manhã é que estivéssemos irritados de alguma
maneira. De certa forma, eu acho que hoje ele é
como um velho soldado que chegou ali e viu, como
John Bunyan disse: “as alegrias de todo o seu
sofrimento e os frutos de todos os seus trabalhos”
que ele não pôde ver na terra.
E então, de certa maneira, eu acho que agora ele
provavelmente está como uma criança que entrou no
reino, onde tudo é novo, e ele havia desejado tudo
aquilo. A maravilha é muito maior do que
imaginava.
Hoje eu estava lendo a parte das Escrituras que diz:
“Graças à Tua luz, vemos a luz.” Um verso em
Provérbios também diz: “A vereda do justo é como
a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até à
plena claridade do dia” (Provérbios 4:18). Ao meio-
dia do domingo, 27 de novembro, meu pai entrou
na perfeita luz da presença do Senhor. Alguns me
perguntaram por que sua longa enfermidade de
sessenta dias. Por que sessenta dias? Bem, pensamos
que o ideal seria chegar ao fim da nossa jornada e
que o Senhor nos levasse de repente. Mas eu acho
que é um privilégio que o Senhor, no fim, tenha
permitido que alguém enfrentasse o inimigo. Meu
pai, com toda a sua intensidade e paixão, viveu
intensamente em antagonismo contra aquele
inimigo, e, no fim, o enfrentou. Ele não desistiu,
mas enfrentou a morte por nove semanas após
aquele derrame. Eu lembro que meu pai costumava
contar a estória de como ele me dedicou a ser um
missionário desde que eu tinha um mês de idade.

Estávamos na Escócia, onde David Livingstone


nasceu, no primeiro quarto dele. A cama estava
cercada por uma corda para que ninguém fosse até
ela. Mas ninguém estava ali, então meu pai cruzou a
corda e me colocou na cama: orando: “Senhor,
torne esta criança uma missionária”. E o que
aconteceu foi que quando meu pai teve seu último
derrame, eu havia acabado de partir para o Paraguai
e havia voltado há apenas um dia. Quando ele
morreu, eu tentei falar com meu irmão David, e ele
estava pregando naquele momento. Então nenhum
de nós estava ali no momento do derrame ou de sua
morte por causa do evangelho. Estes foram os
pequenos detalhes que foram como meu pai queria e
como Deus havia planejado. Houve paz durante
todos os momentos. Ele só respirou menos e menos,
e finalmente entrou na luz de Deus. Estamos
reunidos para lembrá-lo. O mensageiro se foi, mas a
verdade permanece.

Após chegar aqui esta semana, eu estava dirigindo


outro dia e o Senhor trouxe um verso à minha
mente, que fala do pedinte que morreu: “Ele foi
levado por anjos.” Talvez alguns de vocês não
conhecessem meu pai intimamente e talvez alguns
de vocês sim. Apesar de ser considerado um dos
maiores pregadores do mundo, ele sempre se
considerava um pedinte, porque ele sabia quem ele
era, ele sabia de onde veio e sabia que tudo o que
ele tinha era do Senhor e não dele. Eu tenho certeza
de que meu pai não iria querer que eu dissesse isto
de qualquer outra forma a não ser “o pedinte
morreu”.
Para meu pai, era: “Além da página sagrada, eu
busco a Ti, Senhor; meu espírito clama por Ti, Ó
Palavra vivente.” Tantas vezes ele tentou trazer as
pessoas a isto. Seu chamado foi para nos ajudar a
perceber que o Espírito de Deus deve vir a nós, que
Deus em si deve viver. Eu percebi ontem um papel
em seu escritório, no qual ele escreveu na margem
com tinta vermelha: “O púlpito de hoje nunca teve
tanta educação e pouca revelação.” Ele era contra as
cabeças cheias e corações vazios. Ele era contra a
igreja que tem conhecimento sem amor e religião
sem vida e paixão. Ele era contra a ideia de que a
oração e o louvor podem ser ensinados.

As últimas palavras do Rei Davi a Salomão foram:


“E você, meu filho Salomão, reconheça o Deus de
seu pai, e sirva-o de todo o coração e
espontaneamente” (1 Crônicas 28:9).
Precisamos ver o lado espiritual das coisas.
Seguimos o caminho dos preceitos. Seguimos o
caminho dos Provérbios. Em outras palavras,
vivemos em um momento em que a Igreja pensa que
a vida de um cristão pode ser ensinada. Mas a
religião do meu pai veio do coração. Eu acho que a
mente tem medidas, mas o coração não. O objeto do
amor do coração merece tudo. Às vezes meu pai
não tinha nada além de desprezo por aqueles que
rebaixavam o cristianismo a uma série de perguntas
fáceis, ou por aqueles que tentavam explicar os
princípios dizendo: “Faça isto e você será um
cristão.”

Para ele, a oração é o sangramento do coração, a


pregação é o derramamento da vida e o louvor é a
doação da sua alma. Ela precisa ir fundo em nós e
vir das profundezas do Espírito para se tornar algo
que apresentamos a Deus. Qualquer coisa espiritual
deve vir da profundeza dos nossos corações.

Meu pai foi uma pessoa que às vezes parecia rude.


Ele se deixava levar porque este tema era tão maior
que ele, e ele ia além de suas palavras. A paixão
fazia com que ele se deixasse levar. Mas nisto ele
encontrou o Espírito Santo.
Se ele pudesse falar conosco hoje, sabendo o que
agora ele sabe no céu, ele diria: “Crianças, abram
seus corações; deixem seu coração fluir. Esqueçam a
ortodoxia ou se as pessoas gostam ou não de suas
palavras. Acima de tudo, Deus é Onipotente.”

Doug Stringer, um velho amigo de Leonard,


lembra do dia:

Eu fui ao funeral e então ao enterro. Ele era este


grande homem de Deus que descansou em um
pequeno cemitério do interior fora de uma pequena
cidade no leste do Texas. Isto realmente tipifica a
humildade de sua vida. Eu fui lembrado naquele dia
de que há uma geração clamando por pais espirituais
verdadeiros e mães da fé como Ravenhill era para
tantas pessoas. Quando o Irmão Leonard faleceu, eu
senti uma grande perda e perguntei ao Senhor quem
poderia preencher aquele espaço na minha vida. Sua
resposta foi gentil, mas clara: “Filho, agora está na
sua vez de ser um pai espiritual para a próxima
geração.” Às vezes eu me sentia pressionado a ligar
para ele e ele dizia: “Ah, querido Irmão Doug, eu
estava orando por você.” Eu ficava tão comovido
que alguém tão importante no reino de Deus estava
dedicando tempo para orar por mim. Leonard
Ravenhill deixa um rico legado. Que também
possamos deixar um legado para esta geração, um
que ela esteja honrada em continuar com a paixão
por Deus e compaixão pelas almas.

O túmulo de Leonard

O Cemitério de Garden Valley é um lindo lugar. O


campo rodeia o cemitério quando você passa por um
pequeno portão e anda 45 metros até o canto direito,
onde você encontrará o túmulo de Leonard. Apenas
três lotes acima do túmulo de Len está a lápide de
Keith Green. Aqui, ambos os seus restos mortais
aguardam o retorno de Cristo. Leonard e Keith
ascenderão juntos daquele chão naquele grande dia.
É emocionante estar ali naquele lugar tão calmo,
lendo as palavras no túmulo de Len: “Valeu a pena
Cristo ter morrido pelas coisas pelas quais você está
vivendo?” Esta era uma de suas frases favoritas,
escrita em várias de suas cartas, e que agora está em
seu túmulo.

Logo após a morte de Leonard, Martha escreveu


para John e Virginia Breshears:

Queridos John e Virginia,


Obrigada pela sua carta e pelo seu amor e orações.
Len agora está com o Senhor, quem ele amou
supremamente e serviu tão fielmente. Sua alegria
agora está completa. Ele viveu toda a sua vida com
os valores da eternidade em mente. Ele foi o marido
e pai perfeito para nós e sentimos muita falta dele.
Mas sabemos que Deus é sempre perfeito. Eu
lembro dos dias felizes que passamos em sua casa
muitos anos atrás. Deus abençoou vocês ricamente
em tudo o que vocês fazem.
Em Seu amor,
Martha Ravenhill
Nos anos após a morte de Leonard, David
Wilkerson apoiou Martha financeiramente todos os
meses por causa de seu amor pelos Ravenhills e sua
apreciação pelas suas vidas.

Winkie Pratney, um amigo e vizinho de Leonard e


Martha por anos, um pregador, escritor e evangelista
internacional, passava metade do seu tempo no seu
país, Nova Zelândia, e a outra metade em Lindale,
Texas. Winkie estava em casa no Texas quando
ouviu a notícia de que Len havia morrido. Dois
meses após o funeral, Winkie escreveu sobre a
morte do velho soldado de Cristo:

Um homem morreu este ano e entrou para a glória.


Não houve manchetes e relativamente poucas
pessoas vieram ao seu funeral. Tanto ele quanto sua
família queriam que fosse assim. Toda a sua vida,
ele buscou guiar os homens e mulheres para longe
do homem e em direção a Cristo. Por que sua morte
seria diferente? Eles enterraram Len Ravenhill a
apenas alguns metros do seu jovem amigo, Keith
Green, no pequeno cemitério perto das casas de
ambos. Ele se foi, mas seu trabalho permanece vivo.

Eu conheci Len pela primeira vez da maneira que


muitos estudantes de faculdades bíblicas no mundo
o conheceram, pelos seus livros. Aqueles que têm a
perigosa sorte de se deparar com o livro de Leonard
sobre fogo espiritual, o clássico “Why Revival
Tarries”, passarão algumas noites em claro em
convicção, com muitos pensamentos sobre oração e
sentindo uma grande tentação para plagiar. Len tinha
muito jeito com as palavras, aperfeiçoado quando
era um jovem pregando por toda a Grã-Bretanha,
onde ele e seus amigos tinham o objetivo de decorar
uma página do Dicionário Oxford todos os dias.

Então foi no Desafio Juvenil no Brooklyn que eu o


conheci pessoalmente no começo dos anos 1960,
quando eu passei um verão assustador com David e
Don Wilkerson nos guetos. Len era o capelão do
Desafio Juvenil, e ele pôs o medo de Deus naqueles
pobres viciados, que provavelmente pensaram que
todo capelão falava com um sotaque britânico,
pregava por duas horas e orava seis horas por dia.

Len levava sua oração e pregação muito a sério. Ele


me disse: “Se você precisa falar por uma hora com
mil pessoas, você é responsável por mais de mil
horas do tempo das pessoas. O quanto você deve se
preparar para estas mil horas?”

Leonard amava a Deus e as pessoas, mas poucas


pessoas podem realmente dizer que eram próximas
dele. Ele passou, como A. W. Tozer disse, no
verdadeiro teste do profeta — ele me faz sentir
desconfortável? Sempre que visitávamos Len, eu
apenas escutava. O que você poderia dizer ou dar a
um homem que orou pelo avivamento e pelas almas
por mais de setenta anos?

Após sua morte, eu posso lembrar como se fosse


agora. Eu estou ao seu lado na funerária, na noite
antes de seu enterro. Os três filhos de Len estão ali,
cada um refletindo à sua maneira o investimento que
seu pai fez no mundo: um missionário, um pastor e
evangelista e um curador de museu. A robusta
companheira irlandesa de Leonard, Martha, está aí,
recebendo aqueles que vieram ver seu marido uma
última vez. A única coisa faltando nesta noite são
seu chá e biscoitos.

Eu olhei pela última vez naquela nobre face, agora


quieta e estranhamente livre da batalha que ele lutou
toda sua vida. Há algo de diferente nele hoje, eu
acho. E então eu sei o que é. Ele não está usando
seus óculos. Não há mais livros para escrever. Nem
pessoas para ver. A corrida acabou. Agora é nossa
vez.

“Adeus, Len”, eu digo no meu breve momento


sozinho com o caixão. Eu sei que agora é apenas
uma carcaça e o homem real já se foi. Eu suspiro,
mas sei que ele pode escutar: “Adeus, velho
soldado; você lutou uma boa luta e terminou sua
tarefa.”
Talvez ele seja o último dos gigantes do seu tempo.
Eu peço a Deus que o que ele pregou e escreveu
seja utilizado por Ele para trazer outra geração para
carregar a tocha que ele carregou. Ele é
provavelmente o homem que seu amigo Tozer tinha
em mente quando disse: “Fala-se muito sobre
profecias, mas o que precisamos agora é de um
homem com o dom da profecia. Onde está o
homem que consegue enxergar além do papel
picado deste desfile e nos dizer de onde tudo veio e
para onde estamos indo? Eu oro para que este
homem venha, e, quando vier, ele provavelmente
sentirá um pouco de raiva do mundo.”

Martha decidiu se mudar para a Argentina para


morar com seu filho Paul. Ela teria que deixar sua
casa, o local onde Len estava enterrado e tudo o que
ela e Leonard conheceram na América por 36 anos.
Ela compartilhou esta decisão com seus amigos, Al e
Mary Madeline Whittinghill, em uma carta:

Queridos Al & Mary,


Meu filho Paul e sua esposa, Irene, voltarão à
Argentina nos próximos meses e planejam se
estabelecer ali. Quando esta porta se abrir, eu irei
com eles. Aos oitenta e oito anos, meu tempo aqui é
curto. Eu os avisarei quando a mudança acontecer.
Eu espero que vocês e a família estejam bem.
Acredito que suas crianças estejam crescidas, talvez
na faculdade agora. Como os anos passam. Que elas
possam trazer as mesmas bênçãos a vocês que os
nossos meninos nos trouxeram. Eles realmente
conhecem e caminham com Deus. Isto é mais
valioso que qualquer riqueza mundana. Que o
Senhor abençoe vocês e todo o seu trabalho para o
Mestre.

Em Seu amor, Martha Ravenhill

Martha escreveu para os Moores da Argentina em


2000:

Queridos Billy e Bobbie,


Em breve eu terei noventa anos de idade. Eu sou
abençoada por não ter que trabalhar. Eu passo a
maior parte do meu tempo lendo a Bíblia e orando.
Eu li a Bíblia inteira cinco vezes desde que cheguei.
Minha perna direita dói muito, mas dizem que a
única coisa para curar isto é uma prótese de anca.
Mas analgésicos ajudam.
Deus foi tão fiel comigo por todos os anos. Com
certeza seria bom vê-los, mas eu acho que o tempo
está curto para mim. Parece que faz muito tempo
que Len foi para casa. A velhice nos traz muitos
desafios, mas temos fé em Deus. Espero juntar-me a
Len e Philip em breve.
Meu amor a vocês dois e a toda a família.
Martha

No mês de setembro de 2001, Martha sofreu um


derrame em casa, na Argentina. David foi ficar com
ela na casa de Paul. Ela morreu no dia 12 de
setembro de 2001, quase sete anos após a morte de
Leonard. Que reunião deve ter sido no céu, com
todo o sofrimento passado, todas as lágrimas indo
embora e todos os fardos retirados — para sempre
com o Senhor.
Se Leonard ainda estivesse aqui, ele daria um grito
de guerra para todos os cristãos. Ele nos lideraria se
pudesse. Eu vividamente lembro dele cantando. Sua
canção para todos os que ficaram para trás é
encontrada nas palavras de Ernest Shurtleff de 1888:

Lidere, ó Rei eterno,


O dia da marcha chegou; Doravante em campos de
conquista Tuas tendas serão nosso lar.

Durante os dias de preparação Tua graça nos


fortaleceu;
E agora, ó Rei eterno, Cantamos nosso grito de
guerra.

Lidere, ó Rei eterno,


Até a guerra contra o pecado acabar; E a santidade
sussurrar
O doce amém da paz.
Pois não é com o alto confronto das espadas, Nem
com as batidas dos tambores;
Com amor e misericórdia
É que o reino dos céus vem a nós.

Lidere, ó Rei eterno,


Nós seguimos não com medo; Pois a alegria nasce
como a manhã Onde Tua face aparece.
Tua cruz é levantada sobre nós, Nós entramos em
sua luz;
A coroa espera a conquista, Lidere, ó Deus
poderoso.

Len e Martha estão descansando. Não há biscoitos


ingleses a servir, nenhum livro para ler ou escrever,
sermões para pregar, batalhas para lutar, nem fé para
exercitar. Não há lágrimas ou medo aqui. Eles estão
em casa. Eles receberam a coroa da vida. Eles veem
o Rei em toda sua beleza. Lar, doce lar. Leonard e
Martha estão em casa para sempre.
25 AGRADECIMENTO QUE HONRA A
DEUS

​ ​ ​ ​ ​

Túmulo de Leonard, Cemitério Garden Valley,


Garden Valley, Texas
Leonard Ravenhill é um dos poucos homens que
eu conheci que era um profeta de verdade.
David Wilkerson

Leonard era a personificação do que parecia ser


mais importante no reino de Deus.
Al Whittinghill

Leonard e Martha foram amados por muitas


pessoas. E, por sua vez, eles verdadeiramente
amaram aos outros e os fizeram sentir-se amados.
Vaylard e Lorna Zupke disseram: “Temos a
impressão de que Deus nos colocou de forma
especial em seus corações para que eles orassem por
nós.” Doug Detert talvez foi quem expressou
melhor:

Na última vez que eu visitei Len e Martha, eu tive


uma impressão em particular — e pode ter sido
apenas uma impressão, não um fato — quando
saímos de sua casa pela última vez, eu senti que
havia uma afeição por trás do interesse de Len em
nós como família, e em mim em particular. Ele me
amava.

Muitos outros se sentiam da mesma forma.


Leonard e Martha encorajaram e oraram por muitas
pessoas. Eles faziam os outros se sentirem como se
suas vidas fossem importantes e os tratavam como
filhos espirituais e amigos.

Centenas de pessoas expressaram seus sentimentos


sobre os Ravenhills durante os anos. Aqui estão
algumas das várias expressões de apreço.

Jacob Aranza, Pastor


Lafayette, Louisiana
Leonard e Martha foram um presente incrível para o
corpo de Cristo. Eu fui apresentado ao Len quando
li seu clássico “Por que tarda o pleno avivamento”.
A primeira vez que o escutei pregar foi em uma
conferência da Força Ágape, quando ele falou sobre
o trono do julgamento de Cristo. Eu me mudei para
ficar mais próximo de Leonard em 1984 e
compramos a casa que seu filho David havia
construído ao lado deles.
O relacionamento que eu compartilhava com
Leonard seria melhor descrito como o
relacionamento de Paulo e Timóteo. Foi um
privilégio ter o Irmão Len como mentor por quatro
anos e que Michelle tenha sido treinada nas mãos de
Martha. Eles eram como avós para nossos filhos.
Quando ele vocacionou nosso segundo filho,
Christian Martyn, em nossa sala de estar, Len lhe
entregou a primeira Bíblia que ele havia trazido da
Inglaterra à América, quando ele começou seu
ministério aqui.
Escutar o Irmão Len pregar só poderia ser descrito
como uma experiência, não um sermão. Cada
palavra era condenadora, afiada e mais como um
ferrete no coração em vez de palavras ao ouvido!
Oramos juntos muitas vezes e estes momentos
foram ricos e sempre poderosos. Nós
compartilhamos um pacto, que enquanto eu
estivesse pregando em pé, ele estaria de cabeça
baixa, orando. No entanto, meu encontro mais
memorável ocorreu após ele me ouvir pregar.

Quando eu estava realizando reuniões estendidas


em uma cidade vizinha, os Ravenhills apareceram de
surpresa na tarde de domingo para me ouvir pregar.
Na minha opinião, a mensagem era boa, o conteúdo
era claro e as pessoas estavam inspiradas.

Na próxima manhã eu fui até sua casa e perguntei o


que ele pensou do serviço. Ele foi brutalmente
honesto e respondeu dizendo: “Você foi muito
engraçado. Você quer que as pessoas gostem de
você. Você provavelmente passou a tarde comendo
e conversando com as pessoas em vez de orar!”

Ele estava certo. Eu estava comendo na mesa


errada e confraternizando com a pessoa errada!
Apesar de isto ter acontecido 25 anos atrás, eu
lembro como se fosse hoje. Aquela conversa me
ensinou mais que todos os momentos de oração que
compartilhamos juntos.

Eu ainda o escuto dizer: “A diferença entre


pregadores na América e pregadores na Inglaterra é
que na América os pastores possuem escritórios,
mas, na Inglaterra, eles têm salas de estudo!” Uma
vez ele me disse que uma mulher foi até ele e disse:
“Você me lembra da pregação do meu avô!”
Quando Leonard perguntou quem seu avô era, ela
respondeu: “Charles Spurgeon”.

Suas raízes inglesas, suas viagens pelo mundo, sua


paixão pelo aprendizado e sua vida de oração o
tornaram uma tocha no púlpito, enquanto outros
homens eram apenas velas! Eu também acredito que
seu sucesso ainda muito jovem e a oportunidade de
conhecer seus heróis e mentores espirituais, como
A. W. Tozer, fizeram com que ele ansiasse por um
maior impacto e influência pelo Senhor.

Na minha opinião, sua força era sua paixão


incessante por Deus, pela verdade e pelo despertar
espiritual. Isto naturalmente levou às suas fraquezas.
Muitos trabalhos de ministérios que não
abrangessem estes ingredientes não eram tão
respeitados por ele.

Leonard, como muitos que se foram antes dele, foi


chamado para ser uma voz profética para preparar o
caminho do Senhor. Muitos daqueles que ele
influenciou estão colhendo os frutos da semente que
ele plantou e o chão ocioso que ele quebrou tão
diligentemente trará o avivamento que ele tanto
ansiava.

Jesse Barrington, Pastor


Igreja Grace Life
Plano, Texas
Eu acho que nunca li algo sobre Leonard Ravenhill
que não tenha me deixado mais humilde, que tenha
feito com que eu reavaliasse meus pensamentos e
me desse uma perspectiva eterna maior. Este era o
ministério dele.

É como se você sentisse que está indo bem em sua


vida cristã, e então você escuta Ravenhill. De
repente, você é sacodido e percebe como você ainda
precisa crescer. Ravenhill foi utilizado por Deus para
estimular as pessoas a continuarem com Cristo
continuamente e de forma mais profunda.

David Bercot
Editora Scroll
Amberson, Pensilvânia
Eu conheci Leonard pela primeira vez em 1989
quando ele tinha oitenta e dois anos de idade e sua
saúde estava frágil. Ao vê-lo pela primeira vez, eu
nunca pensaria que Deus ainda utilizaria este frágil
homem de cabelos brancos. Ele andava lentamente e
sem equilíbrio, e às vezes precisava de ajuda para se
levantar de sua cadeira. Mas assim que ele abriu a
boca eu percebi que minha impressão inicial estava
errada. Mesmo naquela idade, Leonard ainda falava
com fogo e convicção, e parecia que seus olhos
estavam perfurando minha alma.

Dan Betzer, Pastor Sênior da Primeira Assembleia


de Deus
Fort Myers, Flórida
Foi no final do verão de 1973 quando eu descobri
que Leonard Ravenhill estaria pregando em uma
semana de reuniões na Igreja Metodista Unida de
Wilmore, perto do campus do Seminário Asbury. Eu
disse imediatamente para minha esposa Darlene:
“Precisamos ir a estas reuniões.”
Nós estávamos naquela noite no santuário lotado. O
departamento de música de Asbury abriu o serviço
com um miniconcerto de 45 minutos, durante o qual
Ravenhill sentou em silêncio na plataforma, sem
olhar para cima nem participar de qualquer maneira.
Quando ele foi apresentado pelo Pastor David
Seamonds, Ravenhill andou até o púlpito, olhou
para todos os músicos e disse com uma voz baixa,
mas firme: “Eu duvido que muitas das pessoas esta
noite vieram escutar esta música, então não
precisaremos de vocês pelo resto da semana.”

Algumas pessoas sussurraram “améns” na


multidão, porque Ravenhill estava certo. Não
estávamos ali para nada, exceto ouvir a Palavra
entregue por um homem de Deus.
Ele pregou naquela noite de abertura sobre o trono
do julgamento de Cristo. Ele havia pregado por
quase noventa minutos quando, de repente, ele
fechou sua Bíblia para encerrar a mensagem. Uma
senhora sentada na minha frente se levantou e
gritou: “Por favor, não pare!”
Quando o serviço acabou, eu fui ao escritório da
igreja e conheci o Irmão Ravenhill pela primeira vez.
Imediatamente nos tornamos amigos, um
relacionamento que se aprofundou perceptivelmente
durante os anos. No ano seguinte, em 1974, Darlene
e eu iniciamos uma igreja em Sandusky, Ohio. Eu
convidei Ravenhill para ser nosso primeiro
evangelista e ele e Martha vieram para uma semana
de reuniões. O prédio estava cheio todas as noites.
Naquela época, eu estava servindo como o capelão
para os Cleveland Browns e muitos dos jogadores
dirigiram desde Cleveland para assisti-lo, assim
como a Miss Ohio.

Um pastor ligou de outro estado para dizer que


queria vir e ficar no prédio durante toda a semana de
reuniões. “Tudo bem se eu dormir em um banco da
igreja à noite?”, ele perguntou. Claro, não havia
problema. Aquele ministro nunca havia deixado o
santuário, talvez apenas para comer em um
restaurante da vizinhança. O poder de Deus foi tão
forte entre nós naquela semana abençoada.
Todas as noites após o serviço, Leonard e Martha
iam à nossa casa para jantar. Nossas conversas
geralmente duravam a noite inteira. O Irmão
Ravenhill não só era um profeta ungido de Deus,
mas também era abençoado com um senso de
humor. Suas histórias do começo do seu ministério
eram fascinantes e, muitas vezes, divertidas. Nós
fomos convidados para sua casa em Seguin, Texas,
e em Lindale também. Em casa visita, quando o
Irmão Ravenhill não estava em seu escritório
orando, ele falava durante os dias e noites. Nós
trocávamos cartas, verdadeiros tesouros que eu
guardei durante os anos. Uma carta em particular foi
especial.
Em 1986, eu fui escolhido como o pastor da igreja
onde eu ministro até hoje. O primeiro ano foi brutal.
Eu orava toda manhã: “Deus, por favor, me tire
daqui!” Nosso carro foi explodido em nossa
garagem por um membro da igreja. Muitas vezes,
durante aquele primeiro ano, havia tiros nas janelas
de nossa igreja. O carro do meu pastor associado foi
destruído por outro membro e recebemos ameaças
de morte e ligações obscenas. Um dia, desesperado,
eu escrevi ao Irmão Ravenhill sobre minha
dificuldade e sobre como eu não sabia quanto tempo
mais eu duraria naquela igreja. Sua resposta foi
clássica:
“Querido Dan, pobre Dan,
Possivelmente, ninguém na história da igreja sofreu
como você está sofrendo. Martha e eu estávamos
falando sobre você esta manhã no café da manhã,
sobre como é um prazer conhecer um mártir da sua
estatura.” E então a última frase em sua carta:
“Nunca mais escreva uma carta assim para mim
novamente.”
Eu obedeci!
Ravenhill era um incrível professor e motivador. Ele
foi um de poucos homens que mudou minha vida.
Eu anseio por encontrá-lo na glória um dia. Eu
escrevo esta recordação agora, 37 anos após
conhecê-lo pela primeira vez. Muitas vezes eu
relembro nossos vários encontros durante os anos e
agradeço ao Senhor que foi minha alegria e
privilégio ter um amigo como Leonard Ravenhill.
Gary Carnie
Diretor, Desafio El Paso
El Paso, Texas
A circunstância pela qual eu conheci Leonard foi por
meio de um artigo na revista “Decisão”. Havia um
pequeno artigo chamado “Por que não choramos
mais”. Eu fui profundamente comovido. Eu não
conseguia acreditar na pungência e relevância deste
escritor chamado Ravenhill.
Eu fui à livraria batista e perguntei se eles tinham
algum livro dele. Eles não tinham nada disponível.
Então eu tive que esperar até que uma nova
funcionária chegasse ali, já que ela tinha todos os
seus livros. Eu não conseguia acreditar. Eu perguntei
a ela se eu podia lê-los. E então eu encontrei uma
livraria especializada no leste do Texas que oferecia
todos os seus livros.

Eu estava em casa uma manhã, em meu escritório,


quando minha esposa disse de repente: “Gary,
aquele homem inglês do qual você estava falando
está na TV.” Eu corri para escutar.
Leonard estava sendo entrevistado no 700 Club por
Pat Robertson. Eu escutei cada palavra. Ele estava
falando sobre oração, avivamento e outras verdades
maravilhosas. Eu havia escutado boas pregações
antes, mas nada como o que ele estava falando. As
coisas que ele falava começaram a crescer em mim.
Eu sabia que as igrejas na área de El Paso, onde eu
vivia, precisavam da verdade, então eu orei e então
liguei para ele e o convidei para pregar.

Eu pensei que fosse falar com uma secretária, mas


em vez disto, ele atendeu. Conversamos e pedi que
ele viesse para El Paso para pregar. “Eu vou orar
sobre isto” foi sua resposta. Dentro de duas semanas
eu recebi uma carta dizendo que ele viria. Eu
contatei as igrejas e algumas estavam interessadas
em recebê-lo, então eu comecei a planejar as
reuniões. Houve uma grande visita do Senhor nestas
reuniões. O pastor estava tão despedaçado que ele
não conseguiu nem fechar as reuniões e pediu que
eu o fizesse. Falamos muito sobre a graça soberana
de Deus e os movimentos do Espírito Santo.
Após estas reuniões, eu mantive contato com
Leonard, às vezes conversando com eles nos
sábados. Eu raramente conseguia vê-lo por causa da
distância entre nós. Conversávamos regularmente e
era claro que ele desejava a amizade e fraternidade.
Ele muitas vezes parecia solitário e queria fraternizar
com os homens. O impacto que ele teve nos
pregadores foi enorme. O núcleo de sua vida era o
Senhor Jesus Cristo.

Leonard deixou um legado de seriedade. Ele levava


Deus a sério e sua pregação fazia com que os outros
sentissem esta seriedade. Ele pregava terrores
divinos, a ira de Deus e o que significava ser
verdadeiro sobre as coisas de Deus.

Seu legado de oração também é enorme. Ele dizia


que ninguém pode orar por você; você deve orar por
si próprio. Podemos certamente orar pelos outros,
mas ninguém vai fazer minhas orações por mim. Ele
tinha uma seriedade total sobre as orações e o
contato com Deus. Leonard acreditava que você não
pode ter este tipo de vida de oração a não ser que
seja uma vocação.

Seu legado também é o de ler bons livros. Ele


sempre tinha uma lista para dar às pessoas com os
melhores livros para ler. Ele recomendava ótimos
livros aos jovens e influenciava as pessoas em
relação à leitura. O primeiro livro que ele disse que
eu deveria ler foi “Christian in Complete Armor”, de
William Gurnall.
Eu não acho que já existiu alguém como Ravenhill.
Ele era um lobo solitário de muitas maneiras e
mantinha sua vida privada com Deus. Ele era um
homem destemido e podia ser uma agitação aos
outros se eles se comprometessem.

Doug Detert
Membro da Equipe do Desafio Juvenil
Presidente do Centro Evergreen, Inc.
Almond, WI.
Às vezes, Len abria seu coração para mim sobre
vários homens e seus ministérios, dando-me uma
visão privilegiada do que era necessário para ser um
líder bem-sucedido e abençoado. Ele me curou de
minha idolatria infantil dos líderes renomados ao
expor suas humanidades. Ele respeitava o chamado
de Deus, mas tinha pouco respeito pelos homens
que não caminhavam na estrada da integridade e
santidade.
Eu trabalhei nos livros e artigos de Leonard, não só
para a revista do Desafio Juvenil, mas também para
várias outras publicações como a Revista “Decision”
e o jornal “Herald of His Coming”. Eu considerei
uma honra estar envolvido na edição dos seus
artigos. Ele me deu todo o material para o seu livro
“Sodom Had No Bible”. Às vezes eu me encontrava
dizendo: “Isto não pode ser publicado! É muito
ofensivo!” E outras vezes eu mantinha as frases da
forma como ele as escreveu. Leonard tinha
perspicácia e um verdadeiro senso de humor. Um
dia eu não conseguia encontrar Millie, e enquanto a
procurava, cruzei caminhos com Leonard.
“Você viu a Millie?” Eu perguntei da forma mais
educada possível. “Sim”, ele respondeu. “Eu vi um
cachorro andando pela rua com algo na boca, eu
acho que era a Millie.” E foi com seu humor
sarcástico e um brilho nos olhos que ele disse isto.
Em um momento no nosso relacionamento, ele me
deu um conselho inesquecível: “Doug, nunca
chegue em um momento onde não há ninguém que
possa opinar sobre sua vida. Todos precisam de
alguém para supervisá-los.”
Um dia ele nos disse: “Vocês precisam visitar a
igreja de A. B. Simpson, o Tabernáculo da
Broadway, onde o Dr. Paris Reidhead é o atual
pastor.” Eu sabia muito pouco sobre a denominação
da Aliança Missionária Cristã. Mas com a
recomendação do Len, eu e Millie fomos de metrô
até a Broadway com 66a. Eu havia escutado Paris
Reidhead várias vezes antes na Fraternidade Cristã
de Harvard, mas não sabia nada sobre o homem.
Durante a pregação naquela manhã de domingo, eu
tive uma profunda convicção da minha falta de fé na
minha vida e ministério futuros. Eu tenho uma
dívida com Len que eu não posso retribuir, por ele
sugerir que fôssemos louvar ali naquela manhã.

Apesar de Leonard ser um gigante espiritual, seria


bom lembrar que ele era um vaso de barro e muito
realista de várias maneiras.
David Wilkerson se beneficiou bastante com os
conselhos abençoados de Len, principalmente
quando eles eram vizinhos em Lindale. Foi David
quem pagou para remodelar completamente a
garagem de Len e a transformou em um lindo
escritório e uma grande biblioteca. Este se tornou o
lugar favorito de Len na casa.

Enquanto conversava com ele no Texas, Len me


perguntou se eu havia lido o livro “Christian in
Complete Armor”, de William Gurnall. Quando eu
disse que não, ele foi a uma de suas prateleiras e
colocou uma cópia do valioso volume em minhas
mãos, dizendo: “Eu gastei muito dinheiro para
comprar este livro, então da próxima vez que eu
falar com você, eu vou perguntar se você o está
lendo de verdade!”

Em algum momento no início dos anos 1990, Len


me ligou e pediu que eu o visitasse novamente em
Lindale. Eu fiquei muito emocionado pela sua
promessa de pagar pela minha passagem. Eu fui e
ele cumpriu sua promessa.

Em seus últimos anos, Leonard ficou ainda mais


profundamente preocupado com a direção que a
Igreja em geral estava tomando. Por exemplo, ele
lamentava a falta de reverência demonstrada pelos
grandes líderes cristãos. Ele falava comigo sobre as
falhas morais e éticas que assolavam a igreja
professa.

Sonny Holland, Evangelista


Clinton, Louisiana
Leonard Ravenhill podia apresentar o evangelho,
seja em pregação ou por escrito, de uma forma
única que não será esquecida. Ele era um homem
que falava com autoridade e teve um grande
impacto naqueles que o conheceram. Seu livro “Por
que tarda o pleno avivamento” foi publicado em
todo o mundo.
Durante uma época, fomos vizinhos no Centro de
Conferência Milldale, em Zachary, Louisiana, apesar
de estarmos ambos no evangelismo e não termos
muito tempo para ficarmos juntos. Mas após escutá-
lo trazer mensagens sobre o avivamento, eu sempre
tive uma fome renovada para ver um avivamento à
moda antiga, repleto de Deus, enviado pelos céus,
que exaltasse a Cristo e matasse os pecados em meu
próprio coração. Estes foram os bons dias nos
primeiros anos do ministério e eu estou ansioso para
vê-lo novamente e conversar sobre os momentos
que passamos juntos.

Aeron Morgan
Queensland, Austrália
Eu vivo na Austrália, mas minha família está em
Gales, onde eu cresci. Lembro-me de Leonard
Ravenhill com muito carinho e gratidão a Deus. Ele
ficou em nossa casa em Aberaman muitas vezes, às
vezes junto com os Pastores Glyn Thomas e George
Deakin, quando o Irmão Ravenhill ainda estava com
o Movimento da Calvário da Santidade.
Passamos momentos incríveis com ele. Quando eu
lia seus livros, eu lia um autor que vivia o que
escrevia e praticava o que pregava. Ele costumava ir
para o lado da montanha que ficava perto de nossa
casa às 4 da manhã para buscar o Senhor e ficava ali
até as 8 da manhã. Então ele descia para tomar café
da manhã e depois ia para a igreja para passar a
manhã orando. Eu posso compartilhar muitas coisas
que foram uma inspiração e bênção para nós. Eu
estava na minha adolescência na época, e agora
tenho setenta e cinco anos. Mas estes dias foram
inesquecíveis, com homens de Deus que realmente
moldaram minha vida e a estabeleceram na verdade
e nas prioridades espirituais. Eu só sinto muito que
Leonard não pôde vir à Austrália conosco quando
eu fui o Diretor da Faculdade Bíblica da Assembleia
de Deus Eu o enviei uma carta e ele graciosamente
respondeu, mas não pôde vir. Logo depois, claro, ele
foi encontrar Cristo.

Jack Morrison
Livros Cristãos Raros
Dixon, Missouri
Eu conheci Leonard Ravenhill pela primeira vez
pelo seu ministério de livros. Eu fui a uma de suas
reuniões de oração em Lindale e ele mencionou que
estaria em uma igreja em Dallas e me pediu para
providenciar uma mesa de livros. Isto iniciou uma
amizade pessoal. Durante os próximos anos até sua
morte, íamos até sua casa e passávamos tempo com
Len e Martha.

As reuniões de oração nas sextas-feiras à noite


eram muito especiais. Eles abriam sua casa após a
reunião de oração. Leonard sempre fechava sua
reunião de oração ao citar Miquéias 6:8: “Ele
mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o
Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e
ande humildemente com o seu Deus.”

Ele ficava ofendido com a visão contemporânea


que dizia que se as pessoas fossem salvas, elas ainda
podiam viver suas vidas como queriam e fazer o que
quisessem. Ele sabia que esta era uma doutrina falsa
e não bíblica. Ele sentia que um dos seus poucos
arrependimentos e erros foi que ele não passou mais
tempo com A. W. Tozer. Ele se arrependia muito
disto.
Leonard muitas vezes era mal-entendido. As
pessoas apareciam em sua casa às 8 ou 9 da manhã,
e descobriam que ele estava dormindo e
indisponível. O que eles não sabiam era que ele
estava acordado, orando, desde meia-noite até as 5
da manhã, e que estava dormindo há apenas
algumas horas. Ele muitas vezes orava por muitas
horas durante a noite. Ele acreditava que você não
conhece realmente uma pessoa até orar com ela.

Len estava sempre lendo um livro. Sempre que ele


pregava, ele citava um bom livro ou hino. Era
empolgante estar sob sua pregação. Ele era um
grande homem de fé. Ele realmente confiava em
Deus. Ele nunca tentava exaltar seu próprio nome.
Ele nunca criou um ministério com seu nome. Ele
não tinha uma grande casa ou um grande ministério,
nem tinha secretárias e funcionários. Ele só pregava,
orava, estudava e escrevia. Era só ele, Martha e o
Senhor. Ele não se preocupava com dinheiro,
porque confiava completamente em Deus. Leonard
foi o homem mais acessível que eu já conheci. Ele
simplesmente era assim.

Byron Paulus
Diretor dos Ministérios Ação de Vida
Buchanan, Michigan
A paixão e intensidade de Leonard Ravenhill eram
contagiosas. Sempre que eu o escutava, ele falava
com uma urgência que parecia que esta seria a
última mensagem que ele pregaria na terra. Às
vezes, ele acabava deitando no chão e clamando a
Deus, como se estivesse respondendo de todo
coração à sua própria mensagem!

Quando eu o visitei em sua casa, a presença de


Deus estava sobre ele. Eu nunca esquecerei de sua
simples explicação para a urgência que caracterizava
sua vida: “Byron, se você estiver disposto a viver
sem o avivamento, você viverá sem ele.”

Leonard era um mentor para mim e para os


Ministérios Ação de Vida em relação à mensagem
do avivamento. Mais do que qualquer outro homem,
ele ajudou a formar o componente profético do
nosso ministério. Seu livro “America Is Too Young
To Die” foi tão informativo para nós que se tornou o
ímpeto por trás da nossa produção multimídia com o
mesmo nome. A produção percorreu todo o país por
duas décadas e foi transformada em um especial
para um canal nacional de televisão, sendo vista por
mais de quatro milhões de pessoas.

Quase toda manhã eu recito as últimas palavras que


ele escreveu: Senhor, engaje meu coração hoje
Com uma paixão que nunca irá embora;
Agora incendeie-o com Teu fogo sagrado,

Que nunca mais o desejo do tempo


Invada ou extinga o poder nascido do céu.
Eu estaria preso em Tua vontade sagrada, Todos os
Teus propósitos a serem cumpridos, Que cada
esforço da minha vida traga
Um louvor arrebatador ao meu Rei eterno;
Eu juro desde hoje até o túmulo
Que serei Teu escravo inquestionável. Obrigado,
Senhor, por Leonard Ravenhill

Dr. Frankie Rainey


Professor de estudos Bíblicos e Pastor do Campus
do Seminário e Colégio Batista do Sul Canadensee
Cochrane, Alberta, Canadá
Leonard Ravenhill esteve na nossa igreja em Forth
Worth, Texas, nos anos 1970. Ele havia acabado de
vir para nós de outra cidade em nosso estado, onde
ele havia estado em outra igreja. Ele nos disse que o
jovem pastor disse para ele: “Irmão Ravenhill, você
estará satisfeito em saber que agora somos uma
igreja do Novo Testamento!” Detectando um pouco
de orgulho, Leonard respondeu: “Parece que a igreja
em Coríntios também era uma igreja do Novo
Testamento!”

O Irmão Len não hesitou ao pregar em nossa


igreja, mas ele falou da verdade no amor. O Senhor
utilizou Leonard Ravenhill para trazer decisões que
mudaram as vidas de muitos enquanto ele ministrou
para nós.
Richard Owen Roberts
Presidente dos Ministérios Despertar Internacional
Wheaton, Illinois
O primeiro contato que eu tive com Leonard
Ravenhill foi nos anos 1980, quando um grupo de
jovens da área de Chicago sugeriu que chamássemos
Leonard para vir a Chicago para uma série de
reuniões na área. Então eles começaram a contatá-lo
e ele concordou em vir a Wheaton. Este foi nosso
primeiro momento pessoal com ele e ele ficou em
nossa casa.
Nós organizamos algumas reuniões individuais em
várias igrejas na área. Originalmente, esperávamos
conseguir agendar reuniões para ele no Instituto
Bíblico Moody, mas não foi possível, então nos
contentamos em tê-lo em algumas igrejas locais nos
subúrbios do oeste de Chicago.
Mas tivemos sucesso ao organizar uma reunião
pública no Auditório Torrey no campus do Instituto
Moody, que foi um momento maravilhoso, onde um
grande número de pessoas se reuniu em uma sexta-
feira à noite. O serviço no Instituto Moody foi muito
inspirador, já que muitos estudantes estiveram
jejuando e orando pelo avivamento antes de sua
visita. O serviço inicialmente parecia ser
relativamente normal, apesar de Leonard falar com
muita eficácia como sempre. Mas eu não senti nada
extraordinário acontecer durante este serviço.
Então quando ele estava terminando seu sermão, ele
comentou que havia um número de estudantes ali
que provavelmente estavam recuados, o que era
muitas vezes o caso com estudantes de faculdades
bíblicas e seminários. Estávamos no fim do ano
acadêmico. Ele disse para eles que seria sábio se eles
acertassem as contas com Deus. Então ele disse que
o altar estava aberto para orações e simplesmente
sentou-se.
De repente, a frente do auditório estava cheia de
pessoas, muitos chorando e despedaçados. Isto
durou um bom tempo. No meio do trabalho de
Deus, Leonard de repente decidiu ir embora. Alguns
dos líderes não concordaram com seu desejo. O que
muitos haviam orado estava agora acontecendo com
a agitação do Espírito Santo. Por que ele iria embora
agora?
Mas ele insistiu em não ficar. Ninguém realmente
descobriu o motivo. Talvez porque ele não quisesse
prejudicar o que Deus estava fazendo. Talvez ele
não estivesse se sentindo bem ou estivesse cansado.
Qualquer que fosse a razão, apesar de vários líderes
tentarem convencê-lo a ficar, ele não recuou e foi
firme em seu desejo de voltar às suas acomodações.
Nós nunca entendemos o porquê e foi confuso para
alguns de nós, uma destas coisas que nos deixaram
perplexos. As outras reuniões durante a semana
foram todas muito eficazes.

Mais tarde, quando eu estava pregando no leste do


Texas, eu fui à sua casa e passamos momentos
maravilhosos de fraternidade e oração juntos. Isto
foi um pouco antes de sua morte. Naquele
momento, eu o perguntei por que ele era tão
favorável ao movimento da Terceira Onda. Sua
resposta me encantou quando ele disse: “Eu estou
tão cansado da morte na Igreja que estou feliz em ir
a qualquer lugar onde haja um pouco de vida.” Eu
me senti da mesma forma tão profundamente que
quase aplaudi sua resposta porque, na minha
opinião, precisamos ser abertos a qualquer coisa que
indique que há um trabalho de Deus, quando as
provas são claras de que se trata de uma obra divina.
Das pessoas que eu conheci nestes círculos, eu vi
coisas que são muito verdadeiras, assim como coisas
muito falsas. Então não podemos ficar em cima do
muro com estas coisas. Em relação ao avivamento
no século XX, as três pessoas mais influentes na
América foram J. Edwin Orr, Armin Gesswein e
Leonard Ravenhill. Eles ministraram em círculos
relativamente diferentes e seus caminhos se
cruzaram às vezes. Cada um teve uma grande
influência nos círculos onde eles ministravam.

Armin trabalhou entre luteranos no Brooklyn e


depois entre grupos de santidade na Califórnia e no
Canadá e fundou o Movimento da Oração do
Avivamento. Edwin Orr trabalhou entre ramificações
reformadas dos batistas e presbiterianos e sua
influência foi enorme, mas ele também ultrapassou
muitos limites denominacionais.
Ravenhill, por outro lado, viajou literalmente para
qualquer lugar e para todos os lugares, indo aonde
houvesse quem quisesse escutá-lo. Em certo grau,
ele tocou os diferentes segmentos da Igreja. Quase
toda viagem que eu faço eu encontro todos os tipos
de pessoa que me perguntam: “Você conheceu
Edwin Orr ou Armin Gesswin? E você já ouviu falar
de Leonard Ravenhill?”
No topo da lista de qualquer livro relacionado ao
avivamento, está o livro de Leonard. Eu acho que
sua influência é tão forte hoje quanto era no
passado. Todos os três já se foram, mas suas
influências foram enormes. Eu não acho que
Leonard enxergava o avivamento corretamente, do
ponto de vista teológico. Eu acho que ele foi
utilizado para manter este fardo do avivamento vivo.
Mas não acho que ele se especializava em montar
uma estrutura bíblica do avivamento. Edwin Orr
provavelmente era melhor nisto.

Mas os livros e pregação de Len eram como


grandes tiros de espingarda, no sentido de que você
não os procurava para desenvolver um pensamento
sobre o avivamento, e sim para receber um bom
choque de realidade sobre o que há de errado com a
Igreja e quais são as perspectivas corretas sob a
influência do Espírito Santo. Seus livros eram
fabulosos neste aspecto. Mas eu não acho que seus
livros ou ministério eram a melhor fonte de teologia
bíblica do avivamento.

Eu diria que foi uma vida de oração e a unção do


Espírito Santo que tornaram o ministério e vida de
Leonard únicos. Ele passou uma grande parte do seu
tempo em oração, o que era óbvio, e ele vivenciou
uma verdadeira unção do Espírito Santo, o que
também era óbvio. Ambas estas realidades eram
incrivelmente importantes para o seu ministério.

Seu legado para nós é que não é necessário haver


um declínio espiritual contínuo na igreja, mas que o
Espírito Santo é muito capaz de mudar a realidade
destas igrejas, assim como de denominações inteiras
e até mesmo de nações. Eu acredito que ele era um
homem cheio de esperança e que estava convencido
de que a pregação correta da Palavra de Deus traria
resultados.

Eu acho que sua mensagem foi rejeitada pela


maioria das igrejas americanas no fim de sua vida.
As pessoas que agora escutam um pregador
verdadeiro trazer a verdadeira palavra de Deus, vão
embora pensando: “Bem, isto foi estranho, não é
uma novidade? Você consegue imaginar um idoso
falando assim, com tanto vigor?” É mais como um
circo ou novidade. Eu acho que alguns viam
Leonard desta maneira — um velho estranho, um
pitoresco e dinâmico pregador, alguém para encarar
e poder dizer: “Eu quero escutar este homem
estranho neste extraordinário serviço da igreja.” Mas
muitos iam embora sem serem mudados ou
impactados. Deus, em momentos da história,
utilizou homens como Leonard e tal pregação para
mudar nações inteiras. Ele não era menos que estes
homens do passado. Mas não era para haver uma
mudança nacional por meio do ministério de
Ravenhill. Agora há uma dureza no coração da
América e a maioria das pessoas estão rígidas e
completamente fora de contato com a realidade do
cristianismo verdadeiro por causa de uma forma de
ensinamento que nega o poder do evangelho.

Quando Leonard Ravenhill pregava, era como uma


espingarda — ele o atingia em cheio! Quando ele
subia no púlpito, ele pregava! Sua ousadia, a
simplicidade de sua fala e sua abordagem de
confrontação na pregação eram muito utilizadas por
Deus. Ele não atraía as massas da sociedade, mas ele
influenciou uma multidão de pessoas. Eu ousaria
dizer que se você pudesse listar todas as pessoas que
foram influenciadas por Leonard, você teria uma
vasta variedade de pessoas.

Se não tivéssemos Gesswein, Orr e Ravenhill no


século XX, nossa nação teria desaparecido
completamente.

Charles Stanley
Ministérios “In Touch”
Atlanta, Geórgia
Inicialmente, eu conheci o ministério de Leonard
Ravenhill ao ler seus livros. Então eu comecei a
sentir um desejo crescente de conhecer este homem
que conhecia o Senhor tão intimamente e que sabia
orar como ele.
O que tornou sua pregação mais poderosa que a da
maioria dos pregadores hoje foi o fato que ele era
corajoso, ousado, direto e condenador. Ele falou
com um grupo de pastores um dia e não se
desculpou ao dizer o quanto a maioria de nós não
orava, apesar da oração ser uma das principais
chaves de um ministério verdadeiro.
O efeito geral do seu ministério em nossa igreja foi
que ele realmente nos mostrou a importância da
oração e que o trabalho do Espírito Santo estava
conectado à oração verdadeira. Quanto mais
orávamos, mais nós, como cristãos, desejávamos a
vontade e propósito de Deus. Quanto mais
dependíamos do Espírito Santo, mais provável era
que Deus realizasse obras em nossa igreja. Isto foi
exatamente o que aconteceu. Quando eu lembro
disto agora, foi uma bênção enorme e eu fui como
uma esponja, esperando para absorver o máximo
possível.
Hoje não temos o tipo de influência de Leonard, já
que as conversas normalmente são sobre liderança,
conferências, organização e este tipo de coisa. Com
Leonard era: “Vamos buscar a Deus, orar e buscar a
face do Senhor.” Hoje os pregadores parecem
pensar que podemos agir como o mundo, pensar
como o mundo e ainda ter o mesmo efeito espiritual
nos outros. É claro que não é assim que funciona.
Agora, quando eu lembro disto depois de trinta
anos, o que é mais importante para mim é a minha
imagem dele como um profeta de Deus que passava
horas orando à noite e que realmente acreditava que
jejuar e orar poderia mudar tudo. Eu me sinto
imensamente abençoado por Deus pelo privilégio de
tê-lo conhecido.
Ravenhill deixou um tremendo legado para nós. Mas
o que me incomoda é que parece que ele foi quase
esquecido. Parece que muitos pastores hoje em dia
não estão interessados em ler sobre um homem
como Leonard e não estão interessados em ler o que
ele escreveu ou ouvir o que ele pregou. Hoje,
quando eu menciono seu nome ou seus livros, eles
ficam parados, confusos, sem saber sobre quem eu
estou falando. Realmente perdemos uma grande
pessoa.

Darrell Talley
Fairfax, Virginia
O Irmão Ravenhill e sua doce esposa Martha
geralmente ficavam na casa dos meus pais quando
estavam na cidade. O Irmão Len passava várias
horas todas as manhãs em oração, e então aparecia
para comer algo e conversar casualmente com quem
estivesse ao redor. Eu sempre gostava das nossas
conversas, tanto que eu e minha esposa, antes de
nos casarmos em 1978, literalmente sentamos aos
seus pés no quarto dos meus pais e ele nos contou
como continuarmos casados na perspectiva
escritural. Eu acho que funcionou, porque ainda
estamos casados depois de 32 anos. Eu raramente
vejo um casal tão completo com a companhia um do
outro, mas que também estivesse tão bem quando
estavam separados. Leonard geralmente dizia que
ele comprometeria seus filhos aos campos de missão
na África e em outros lugares, onde ele sempre quis
ir. Mas Deus o levou a ministrar aos pagãos na
América.
Ele compartilhou conosco que um rico benfeitor nos
anos 1950 prometeu que poderia tornar seu
ministério “maior que o de Billy Graham”, uma
oferta que ele recusou. Ele sempre evitava falar
sobre dinheiro, simplesmente dizendo que as
pessoas ricas eram úteis como veículos para realizar
o trabalho de Deus, mas que era necessário ficar de
olho nelas e nos ricos pregadores da TV. O dinheiro
sempre traz o perigo de corromper as coisas. Esta
foi uma pequena alfinetada para os meus pais e seus
amigos ricos que apoiaram Leonard e Martha
durante os anos, assim como o trabalho missionário
do seu filho.

A lembrança destas memórias queridas me faz


perceber o quanto os Ravenhills significavam para
mim e para nossa família. Eu continuarei a sentir
saudades deles. Leonard Ravenhill de fato foi uma
pessoa única.

Kevin Turner
Presidente
Impacto Mundial Estratégico
Bartlesville, Oklahoma
Inicialmente, eu achei que seria uma tarefa fácil falar
do Sr. Ravenhill e seu impacto em minha vida. Mas
o esforço foi frustrado devido a uma absoluta
incapacidade de encapsular em meras palavras o que
foi transmitido pelo Espírito Santo por meio de
Leonard à minha alma. Dentro de uma semana após
ir a Cristo, eu recebi uma fita cassete de Ravenhill
pregando sobre o trono do julgamento de Cristo. Eu
nunca havia escutado a palavra de Deus com tanta
força e unção, e eu literalmente fiquei preso ao
chão, chorando incontrolavelmente, enquanto eu vi
o Alto e Sublime que habita na eternidade.
Realmente, a eternidade foi carimbada em meus
olhos.
Eu devo confessar que não terminei a mensagem
naquela noite, mas em algum momento da
mensagem, eu estava deitado no chão cobrindo
meus ouvidos, porque sentia que minha alma iria
explodir. A eternidade estava sendo despejada em
um espaço limitado e eu não conseguia conter a
força do Espírito que estava invadindo meu coração.
Eu passei as próximas horas em absoluto repúdio a
mim mesmo e em extremo louvor a Ele, que
derramou Sua afeição sobre mim. Eu não sei por
quanto tempo estive no chão, mas, durante aquele
tempo, olhei para o Cordeiro de Deus e vi o lixo que
era minha vida.
No outro dia, eu perguntei ao amigo que me deu a
fita com o sermão se ele sabia como eu poderia
contatar Ravenhill. Como apenas a providência pode
fazer, recebi o número do Sr. Ravenhill por meio de
outro amigo que fazia pequenas tarefas na casa dos
Ravenhill. Sendo novo no mundo cristão, eu não
havia sido doutrinado ainda sobre o fato que a
maioria dos “superssantos” de hoje em dia são
considerados intocáveis. Então, na minha
ingenuidade, eu liguei para Leonard.

O Sr. Ravenhill não só atendeu o telefone, mas


imediatamente começou a despejar em minha vida,
dedicando uma quantidade considerável de tempo
para perguntar sobre minha alma e para perguntar
que livros eu havia lido. Eu expliquei que era um
novo cristão. Sem pausar, ele pediu meu endereço
postal. Pouco tempo depois, uma carta e três livros
chegaram pelo correio. Sabendo que eu já tinha a
Bíblia, ele pediu que eu lesse os livros que ele havia
enviado, junto com a Palavra de Deus. Eu estava
segurando um livro escrito em 1653 por um
puritano chamado Isaac Ambrose, “Looking Unto
Jesus”, que tem mais de 850 páginas sobre Hebreus
12:1-2.

Leonard disse em sua carta que eu levaria oitenta


dias para lê-lo e que eu seria levado para um vale,
onde eu me desesperaria, mas com certeza seria
erguido às alturas após completar aquele livro.
Nos anos seguintes, Leonard e eu continuamos o
relacionamento e de tempos em tempos eu o visitava
pessoalmente. Apesar de todas as visitas a Leonard
serem memoráveis, a primeira é a que mais se
destaca.

Um homem aparentemente frágil veio à porta e


rapidamente me levou ao seu escritório. Minha
reação ao conhecê-lo foi parecida com quando eu o
escutei pela primeira vez em seu sermão. Eu passei a
maior parte do tempo naquela reunião deitado de
cara no chão, chorando incontrolavelmente. Na
linguagem mais simples imaginável, ele falou com
Deus sobre mim.

Desde então, eu passei os últimos vinte anos


servindo como missionário em zonas de guerra e em
áreas onde os cristãos são ativamente perseguidos.
Enquanto eu estava servindo no exterior, minha
esposa, filha e eu fomos atacados por uma multidão.
Foi assustador ver minha filha e esposa gritando e
sendo tratadas de tal maneira. Após sobreviver ao
ataque, voamos de volta à nossa casa da missão.
Minha filha estava chorando, minha esposa estava
chorando e eu estava simplesmente em choque. Só
de pensar nas cinquenta a sessenta pessoas nos
atacando e nos gritos da minha esposa e filha por
ajuda me deixaram sem dormir.

Mais cedo na próxima manhã, minha esposa olhou


para mim com lágrimas caindo de sua face e disse
que estava na hora de mudar nossas passagens e
levar nossa família a um lugar seguro. Foi um
pedido válido do amor da minha vida e da mãe dos
meus três filhos. Ela precisava de uma palavra do
seu marido mais que qualquer outra coisa de Deus.
Enquanto eu orava para consolar minha esposa, eu
sabia que fugir não era a resposta, mas como eu
poderia pedir a ela que ficasse? E soando nos meus
ouvidos como um trombeta estavam os conselhos de
um homem que dedicou seu tempo para orar por
mim: “Meça sua vida pelas perdas, não pelos
ganhos, não pelo vinho bebido, mas pelo vinho
servido aos outros, pois aquele que mais sofre é o
que mais tem a dar.” As palavras de Leonard foram
palavras de verdade marcadas pelo Espírito Santo e
que nos deram a coragem para arriscar e considerar
a perda como ganho.

Eu sou honrado de ter conhecido Leonard e de ter


sido levado a Jesus por meio de sua vida.

Al Whittinghill
Embaixadores Para Cristo, EUA
Marietta, Geórgia
“O justo perece, e ninguém pondera sobre isso em
seu coração; homens piedosos são tirados, e
ninguém entende que os justos são tirados para
serem poupados do mal. Aqueles que andam
retamente entrarão na paz; acharão descanso na
morte” (Isaías 57:1-2).
Foi difícil para mim acreditar quando, enquanto
estava na África do Sul, eu ouvi que o Irmão
Leonard Ravenhill havia ido se encontrar com o
Senhor. Eu tentei imaginar como deve ter sido para
ele quando ele entrou na glória e viu “cara a cara”
Aquele por quem seu coração bateu durante setenta
e dois anos. Como João Batista, Leonard era uma
luz ardente e brilhante.
Foi meu privilégio conhecer Leonard por mais de
vinte anos e tê-lo como um parceiro de oração e
mentor. Minha primeira exposição a ele foi quando
1.400 pregadores foram convidados para passar um
final de semana com ele em um retiro no Texas.
Incrivelmente, menos de cinquenta homens foram,
mas que final de semana glorioso! Após uma de suas
últimas sessões, meu coração estava queimando com
o desejo de saber mais. Eu queria me aproximar
deste “carvão ardente” e conhecer seu coração.
Quando a reunião acabou, quando ele estava saindo
pela porta, ele olhou por trás de seus ombros e
nossos olhos se encontraram. Então ele disse:

“Você gostaria de se juntar a mim e Martha para


uma xícara de chá?” Quando eu sentei com este
gracioso casal, nossos corações foram unidos.
Naquele dia, Deus permitiu que estabelecêssemos
um forte relacionamento que apenas ficaria mais
forte nos próximos anos. Ele se tornou um pai na fé
e no ministério para mim. Apenas o céu irá revelar a
influência colossal que ele teve no reino de Deus por
meio do seu desejo apaixonado de encorajar
pregadores e impulsioná-los à arena do avivamento
enviado por Deus.

Foi muito benéfico pensar sobre o Irmão Len e


refletir sobre algumas das coisas dele que tornaram
sua vida um canal tão abençoado pelo qual Deus
pôde ter um impacto eterno em tantos daqueles para
os quais ele ministrou. Na minha mente, várias
coisas caracterizaram sua vida. Primeiro, ele tinha
um grande medo de Deus, que permeava tudo o que
ele fazia e dizia. Ele temia tanto ao Senhor que não
temia nenhum homem. Isto era claro em sua
pregação. Ele não considerava o favor de um
homem algo que devesse ser buscado. Ele estava
sempre erguendo a Igreja ao nível mais alto e para a
pura beleza da santidade, quase como um porta-voz
da paixão de Deus.

Apesar de isto nem sempre ser feito gentilmente,


ele sempre o fazia com sinceridade e um coração
partido. Apesar de muitos considerarem revigorante,
muitos o odiavam por isto. Era difícil permanecer
neutro quando você escutava o Irmão Len pregar.
Era o tipo de pregação que exige um veredito do
coração dos ouvintes. Como ele muitas vezes disse:
“Os ouvidos dos homens coçam, mas eu não tenho a
comissão de Deus para coçá-los.”

Segundo — intensidade, imensidão e eternidade.


Ravenhill geralmente dizia para mim que estas três
coisas estavam em grande ausência na pregação do
nosso tempo. Esta era a realidade para ele. Com
fervor, Leonard pedia que a Igreja vivesse na luz da
imensidade do glorioso caráter de Deus. Muitas
vezes, enquanto pregava, sua voz falhava com
emoção e era óbvio que sua paixão, que estava
fluindo do seu coração, nasceu dos ricos momentos
que ele passou com o Senhor. É por isto que ele
podia comunicar com tanta força o coração de Deus
nas mensagens que pregava.

Terceiro, Ravenhill buscava aqueles que


caminhavam com Deus e desejavam uma
fraternidade com ele. Muitas vezes ele falava do
tempo que passou com homens como A. W. Tozer,
Duncan Campbell, Rees Howells e muitos outros.
Ele estava sempre querendo aprender com os
gigantes e então permitir que a verdade fosse
derramada por meio da sua vida naqueles que
estavam famintos por Deus. Ele queria ser uma
companhia para aqueles que temiam a Deus. Ele
muitas vezes dizia que uma de suas coisas preferidas
era tomar chá com um grupo de corações famintos e
então passar uma noite em oração verdadeira juntos,
esperando pelo Senhor e suplicando a Ele. A oração
era realmente vital para o Irmão Len.

Quarto, o Irmão Leonard tinha uma elevada ideia


de quem é Deus e entendia muitos dos mistérios de
andar pela fé e confiava no Senhor todos os dias
pela Sua provisão. Ele sabia como caminhar todos
os dias, buscando ao Senhor em suas necessidades
diárias. Eu o via levar seus livros na mala do seu
carro quando ia às reuniões. Nestes dias, seus livros
não eram encadernados de maneira sofisticada, mas
as pessoas os queriam e compravam. Os lucros eram
destinados para apoiar missões e aqueles na sua
família que estavam no campo. Ele confiava em
Deus e o Senhor provia.

Quinto, ele realmente via a Deus como santo. Esta


visão celestial ardia profundamente em sua retina
espiritual e afetava a forma como ele via tudo.
Quando você estava com ele, ele parecia demonstrar
esta sensação de dignidade e majestade que flui do
trono e que deveria preencher a vida de todo filho
do Rei. Ele parecia estar indelevelmente marcado
com uma sensação de majestade, mistério e poder
de Deus.

Finalmente, o Irmão Len tinha muita coragem


espiritual. Eu o vi confrontar problemas que a
maioria das pessoas tinha medo de confrontar. Ele
não estava tentando impressionar as pessoas que o
escutavam. Eu estava sempre ciente de que ele
pregava e falava com a consciência de que ele só
devia satisfações a Um. Como ele amava a vida de
Elias e exortar as pessoas de Deus para prestarem
atenção à palavra que Deus deu a Elias para “se
esconder”. Ravenhill tinha um dom que fazia as
pessoas quererem sair de fininho da reunião e
entrarem em seus armários de oração. Enquanto ele
pregava sobre a necessidade de fazer a vontade de
Deus, ele sempre fazia isto com a exortação
reverente de caminhar de acordo com as maneiras
de Deus.
Eu também estava ciente da humanidade do Irmão
Len. Talvez muitas pessoas não saibam muito sobre
seu lado terno e a parte dele que era muito gentil,
mas eu louvo a Deus por me deixar vê-la. Apesar de
muitas vezes parecer muito duro no púlpito, eu o vi
chorar com uma doce compaixão por aqueles que
estavam no erro. Todas as coisas que o
sobrecarregavam e incomodavam pareciam deixá-lo
de joelhos perante Deus em oração. Ele sentia
profundamente esta completa dependência pelo
Senhor. Ele amava a Igreja do nosso Senhor e sentia
o peso dela dia e noite. Isto também o deixava de
joelhos e acordado por horas à noite. Ravenhill tinha
uma habilidade excepcional de captar os eventos do
dia e parecia poder destilar e discernir o que estava
acontecendo com a perspectiva de Deus. Eu amava
receber suas cartas, que pareciam uma fenda de luz
brilhando na escuridão do que estava acontecendo
nas notícias. Suas cartas sempre eram tão
penetrantes. Eu acho que este é o único motivo pelo
qual a maioria das pessoas guardaram suas cartas.
Elas muitas vezes eram escritas de madrugada e
cheias de sua urgência e fardo. Quando você as lê,
você sempre se sente exortado e encorajado.

Eu não tenho as palavras adequadas para transmitir


o sentimento de gratidão que eu sinto por Deus por
me permitir ter o privilégio de conhecer e conviver
com o Irmão Ravenhill. Ele parecia sempre ter uma
euforia por respirar o raro ar ao redor do trono de
Deus! Ele foi um amigo maravilhoso para mim e um
autêntico mentor como um homem de Deus e um
pregador ungido. Eu amei este querido irmão. Um
dia raramente passa que eu não lembre de algo que
ele disse para mim ou alguma lição que ele pregou.
Muitos de nós devem tanto a ele pela forma como
Deus o utilizou para nos encorajar em nossa
caminhada diária e no nosso chamado. Um dia ele
disse que orou por mim todos os dias por quinze
anos! Quem pode entender isto? “A oração de um
justo é poderosa e eficaz.” Maravilhosa graça.

Fred Wolfe
Pastor Fraternidade Lucas 4:18
Mobile, Alabama
Em 1978, eu estive na casa de Leonard Ravenhill
por um dia. Então eu o convidei para pregar no
próximo ano por duas semanas inteiras em nossa
igreja, a Igreja Batista de Cottage Hill, em Mobile,
Alabama. Quando eu lhe pedi para ir, sua resposta
foi que ele o faria se eu concordasse em dedicar
meia noite de oração nas reuniões.
Como uma igreja, nós havíamos passado nossas
sextas-feiras à noite em oração durante o ano
anterior, então rapidamente aceitamos seu pedido.

Ele veio para pregar durante as duas primeiras


semanas de janeiro de 1979. Durante as duas
semanas, Leonard pregou por mais de uma hora
cada noite. Isto teve um impacto poderoso em nossa
igreja, nossa cidade e até além. Nossa igreja
certamente nunca mais foi a mesma após Ravenhill.
Eu tenho certeza de que apenas a eternidade
revelará tudo o que Deus fez em Mobile durante
aqueles dias, trinta anos atrás.
Durante aqueles dias que mudaram nossas vidas,
Leonard foi muito cuidadoso ao ministrar sob minha
autoridade e com minha aprovação. Quando oramos
juntos durante aqueles dias, ficou óbvio que a
oração era o coração de sua vida e ministério. Eu
descobri que Leonard era um poderoso homem de
Deus, mas também um homem muito humilde. Ele
era ousado como um leão, mas humilde como um
cordeiro.

Ravi Zacharias
Apologista Cristão
Atlanta, Geórgia
Eu era um jovem estudante na faculdade bíblica e
estava sentindo a necessidade de ter um mentor, que
pudesse me ajudar e me mostrar se a direção que eu
estava seguindo era certa ou errada. Havia livros
disponíveis para mim, e quando eu permaneci como
um explorador habitual, eu podia fazer isto
livremente na biblioteca da faculdade. Eu lembro
claramente da tarde entre aulas quando eu me
deparei com um escritor que se tornaria um
oportuno mentor. O revivalista inglês, Leonard
Ravenhill, me inspirou profundamente pelo seu livro
“Por que tarda o pleno avivamento”. Eu comecei a
lê-lo na biblioteca e seu estilo voraz e declarações
poderosas chamaram minha atenção, então eu
simplesmente não consegui soltar o livro. Eu mal
podia esperar que as aulas terminassem para poder
correr de volta para Ravenhill e ler mais dez ou
quinze páginas antes de a próxima aula começar.

Você pode falar muito sobre Deus, Ravenhill


escreveu em essência, e você pode saber muito
sobre Deus, ainda assim você pode saber muito
pouco sobre Deus em seu relacionamento com ele.
Eu não queria que aquilo acontecesse comigo.
Lembro-me de um parágrafo que ele compartilhou
sobre oração, citando São Crisóstomo:

“A potência da oração subjugou a força do fogo;


ela reprimiu a ira dos leões, calou a anarquia,
extinguiu guerras, pacificou os elementos, expulsou
demônios, quebrou as correntes da morte, expandiu
os portões do céu, abrandou doenças, repeliu
fraudes, resgatou cidades da destruição, manteve o
sol em seu curso e prendeu o progresso do
relâmpago. A oração é uma panóplia autossuficiente,
um tesouro intacto, uma mina que nunca se esgota,
um céu desobstruído pelas nuvens, um céu sem
tormentas. Ela é a raiz, a fonte, a mãe de todas as
bênçãos.”

Então ele citou E. M. Bounds:


“Nenhuma erudição, nenhuma pureza de dicção,
nenhuma amplitude de perspectiva mental, nenhuma
flor de eloquência e nenhuma graça de pessoa pode
expiar a falta de fogo. A oração acende o fogo. A
chama dá à oração acesso assim como asas,
aceitamento, assim como energia. Não há incenso
sem fogo, nem oração sem chama.”
Os textos de Ravenhill, mais que qualquer outra
influência durante meus anos na faculdade bíblica,
moldaram meu pensamento sobre a oração,
pregação e a importância de me aproximar de Deus.
Quando eu mencionei os livros de Ravenhill a um
amigo, ele disse casualmente: “Ah, sim, Leonard
Ravenhill. Ele pregou na minha igreja em London,
Ontario.” “Sério?” “Claro, ele pregou seis ou sete
vezes; minha igreja tem seus sermões gravados.” Eu
mal podia acreditar na minha sorte. “Você poderia
conseguir estas fitas para mim?”
Ele conseguiu e, quanto mais eu escutava, mais
profundamente eu era movido para querer ser o tipo
de homem que Ravenhill descrevia — um que era
necessário na Igreja de Cristo, para a igreja ser o que
Deus queria que fosse. Eu escutei estas mensagens
todas as noites em meu quarto, fazendo com que
minha mãe dissesse: “Você não se cansa da voz
deste homem?”
E então, vários anos atrás, eu estava palestrando na
Universidade LeTourneau, em Longview, Texas.
Enquanto estava na plataforma, alguém disse que
Leonard Ravenhill estava na plateia. Eu fiquei
nervoso a partir daquele momento, sabendo que ele
estava escutando minha mensagem.
Após a reunião, um homem veio até mim, abrindo
caminho entre os benfeitores na frente. “Há um
senhor em uma cadeira de rodas que gostaria de
apertar sua mão”, ele disse. “Você poderia vir aqui
atrás por um momento?”
Eu o segui até o fundo, onde o homem na cadeira
estendeu sua mão para mim: “É muito bom
conhecê-lo, meu irmão”, ele disse. “Meu nome é
Leonard Ravenhill.”

Eu quase caí de joelhos. Agora eu tive a


oportunidade de dizer a este homem o que seu
ministério significou para mim. Ele ficou bastante
emocionado e me convidou para sua casa em
Lindale no próximo dia. Que dia incrível! Sua
graciosa esposa, Martha, serviu-me chá e biscoitos
ingleses e Len e eu visitamos e oramos durante o
dia. Ele me perguntou: “Que livros mais
influenciaram você?” Minha resposta honesta foi:
“O livro que mais me influenciou foi o seu, ‘Por que
tarda o pleno avivamento’.” E esta influência
continua comigo até hoje.

Vaylard e Lorna Zupke


Randalia, Iowa
Leonard realmente sentia Deus em sua vida. A
realidade de Deus era muito real nas vidas de
Leonard e Martha. Era tão evidente, preciosa e real.
Havia uma humildade em suas vidas, apesar de
vermos a grandeza espiritual que eles tinham, e
havia uma aceitação verdadeira para nós em seus
corações. Havia um calor neles que era real. Ele
sempre nos escrevia, dizendo que estava orando por
nós e que tinha a foto da nossa família em seu
quadro de avisos. Tínhamos a impressão de que
Deus especialmente nos colocou em seus corações
para que orassem por nós.
Leonard tinha um grande respeito pela Palavra de
Deus. Ele sentia profundamente durante o serviço
de pregação que os homens deveriam honrá-la e
honrar a Deus. Isto deixou uma grande impressão
em nós. Ele levava a pregação muito a sério,
principalmente em serviços onde a mensagem já
havia começado. Ele não gostava que as pessoas
chegassem atrasadas ao serviço. Em um serviço em
Fayette, Iowa, um casal chegou atrasado três noites
seguidas. Após a terceira vez, Len parou de pregar e
disse: “Ajudantes, por favor, sentem quem chegar
atrasado no fundo.” Os melhores livros que temos
na nossa biblioteca em casa são os que Leonard nos
enviou, livros como “The Hidden Life of Prayer”,
de D. M. McIntyre, e “Invasion of Wales by the
Spirit”, de James A. Stewart. Parece-me que sua
pregação era muito rígida. Ele pregava desta forma
com qualquer grupo, principalmente contra seus
pecados e fraquezas. Como Tozer disse: “Leonard
Ravenhill pode ser exigente com os outros porque
ele é exigente consigo mesmo”.
O ministério de Leonard traz à mente o que Isaías, o
profeta, disse: “Grite alto, não se contenha! Levante
a voz como trombeta. Anuncie ao meu povo a
rebelião dele, e à comunidade de Jacó os seus
pecados.” Foi isto o que ele fez. Podemos dizer dele
o que foi dito de João Batista — Houve um homem
enviado por Deus cujo nome era Leonard Ravenhill.
Ele vivia na luz da eternidade.
© 2018 – Editora Alive

Editor Responsável Bruno Andrade

Revisão
Hugo Maciel de Almeida

Tradução
Eric Anacleto Ribeiro Bruno Andrade

Capa
Reginaldo Almeida

Diagramação
Breno Oliveira Alvarenga ..................................

Todos os direitos reservados na língua portuguesa


para:
Editora Alive
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Copyright @ 2010 por Mack Tomlinson Publicado


originalmente por Free Grace Press

ISBN 978-1-7177215-7-0

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