ii
iii
iv
Agradecimentos
do Departamento de Matemática
dos Serviços de Relações Externas
da Fábrica da Ciência e Tecnologia
do Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa
e
da Equipa 3810-UA
Dr.Amaral Esteves, Prof.Dr. Batel Anjo, Drª Isabel Figueiredo, Dr. João Oliveira, João
Raposo, Dr.João Ribeiro, Prof. Dr. João Vieira, Prof. Dr. José Alberto Rafael, Dr.José
Anjos e José Sousa.
Pela orientação e apoio neste projecto, o meu reconhecimento à Mestre Paula Malta, que
marcou o meu percurso de estudante de turismo na Universidade de Aveiro.
vi
Índice Geral
Introdução................................................................................................................................. 3
Metodologia .............................................................................................................................. 7
Conclusões............................................................................................................... 107
vii
viii
Tabela 1: Ocupação do tempo nas vidas dos indivíduos, Adaptado da O.M.T., 1983: 12-14................................ 44
Tabela 2: Comportamento dos turistas ocidentais (Poon, 2001, citado por Nordin, 2005: 47) .............................. 55
Tabela 3: Previsões para os pincipais segmentos do mercado turístico (OMT; Cabrini, 2005:20) ........................ 55
Tabela 4: Tipologia da natureza de actividades..................................................................................................... 88
Tabela 5: Participação total por segmento e grupo etário...................................................................................... 91
ix
Introdução e Metodologia
Introdução
Apesar de não deter capacidade e autonomia de consumo directo, este segmento está a
evidenciar uma cada vez maior influência nas decisões da família sobre o consumo de
actividades turísticas e de lazer. Esta influência tem vindo a ser associada à evolução na
estrutura e comportamento das famílias, às maiores pressões sobre o tempo livre, à
aguerrida competição profissional, às mudanças culturais, demográficas e sociais e ainda, à
crescente instabilidade e insegurança globais.
A crise actual das instituições escolares e dos métodos educativos tem conduzido à
necessidade de integrar elementos atractivos associados ao lazer no sistema educacional.
Esta tendência, complementada com a perspectiva da educação formal e informal como
pilar fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades, tem originado
um crescimento acentuado das actividades de turismo educacional e do segmento escolar
do turismo.
Metodologia
A abordagem ao tema deste Projecto Final de Curso foi sendo delineada, ao longo de um
processo exploratório das questões relacionadas com a infância, com o turismo e com o
caso de estudo seleccionado, as actividades de educação e lazer promovidas pela
Universidade de Aveiro para as crianças, dos zero aos dezoito anos (0-18 anos), ao longo
do quinquénio 2001-2005.
turismo
educacional
Universidade
de Aveiro
Conforme evidencia o modelo de referência, adoptado como guia para a elaboração deste
trabalho, subscreveu-se uma perspectiva transdisciplinar no estudo e na fundamentação
teórica, procurando no entanto manter a orientação imposta pelo público-alvo, as crianças, a
perspectiva de análise da área do turismo e a focagem na natureza do caso de estudo.
Numa primeira etapa do processo foi feita uma recolha da bibliografia e de artigos científicos
associadas a diferentes áreas teóricas, procurando estudar de um modo abrangente as
contribuições oriundas das áreas da sociologia, da psicologia, da pedagogia, da história e do
turismo, para uma visão pluridisciplinar do público-alvo e do turismo educacional.
Simultaneamente foi feita a primeira abordagem às actividades oferecidas pela UA às
crianças, fazendo o primeiro levantamento de informação sobre a sua natureza, os seus
promotores e a tipologia de dados registados.
É nesta fase que se fazem os primeiros contactos e o primeiro levantamento da informação
na UA, mais especificamente contactando com o Serviço de Relações Externas, com o
Departamento de Matemática, com a Fábrica da Ciência e Tecnologia, com o CIFOP e com
o Departamento de Comunicação e Arte.
Esta primeira etapa permitiu consolidar conceitos sobre a especificidade do segmento
infantil e do seu papel social, estabelecendo algumas conclusões sobre a sua
caracterização e a sua cultura, sobre as suas motivações e necessidades e ainda
perspectivando novos modos e agentes da educação.
Numa segunda etapa foi desenvolvida a abordagem teórica do lazer, das actuais tendências
do turismo, e das motivações e comportamento dos turistas, recorrendo à bibliografia e a
publicações relevantes nestas áreas.
Ainda com base na pesquisa teórica desenvolveu-se uma perspectiva da evolução do
turismo e partindo das mais antigas motivações dos viajantes, caracterizou-se o turismo
educacional e identificaram-se as suas expressões e perspectivas de desenvolvimento.
Recorrendo à perspectiva histórica da educação e das universidades, identificou-se a
educação como uma das mais antigas motivações para viajar e as universidades como
ancestrais pólos de atracção de viajantes em busca de conhecimento.
Durante esta fase consolidou-se e completou-se a recolha de dados de participação do
público infantil nas diversas actividades promovidas pela UA e fez-se o levantamento dos
registos associados ao número de crianças participantes e à sua classificação, quanto ao
grupo etário, à natureza da visita e à origem geográfica.
mercado turístico, ainda se apresenta como um alargado campo para estudo e investigação.
Nestas áreas a pesquisa e a revisão teórica encontraram algumas limitações.
Apesar da limitação no formato adoptado, não foi possível ter acesso aos dados de
participação nas Visitas Guiadas à UA durante os anos 2002 e 2003. A origem geográfica
das crianças que participam nas actividades da UA, associada aos concelhos da sua
residência, foi um dos dados mais complexos de coligir, dado que, normalmente, era apenas
registada a designação da escola de origem. Adicionalmente carecem de normalização e
regularidade os registos da Semana Aberta da Ciência e da Tecnologia, das visitas Guiadas
e de um conjunto de Actividades Não Regulares, associados aos anos 2001, 2002 e 2003.
A base de dados dos registos de participação das crianças e da sua origem geográfica
foram integradas neste trabalho como Anexos 2 e 3.
A informação compilada sobre as actividades mais recentemente oferecidas pela UA e a
síntese da pesquisa histórica sobre o PmatE, constituem os Anexos 4, 5, 6 e 7.
Dada a grande diversidade de actividades de educação e lazer para crianças, objecto deste
levantamento e considerando a sua natureza eminentemente lúdica e interactiva,
complementou-se a sua descrição com dois DVDs, baseados em reportagens realizadas
para o programa de televisão 3810 UA e incluídos neste trabalho como Anexos 8 e 9.
O primeiro DVD que é uma edição dos Serviços de Relações Externas da Universidade de
Aveiro, corresponde a uma edição especial do programa de televisão 3810 UA, e contempla
os registos de um conjunto de actividades, organizadas pela UA em Novembro de 2004,
integradas na Semana Aberta da Ciência e da Tecnologia.
10
O segundo DVD, elaborado com o apoio de João Oliveira, responsável técnico do programa
3810 UA, é da responsabilidade da autora e contém uma compilação dos registos de
actividades associadas ao PmatE, à Prática Pedagógica organizada pelo Departamento de
Didática e Tecnologia Educativa, à Fábrica da Ciência, às actividades do Departamento de
Comunicação e Arte e de outras estruturas da UA.
11
12
13
14
Sendo o objecto central deste trabalho a análise da oferta da Universidade de Aveiro no que
concerne às actividades de lazer, turismo e educação, direccionadas para o segmento
infantil (dos zero aos dezoito anos), importa começar por caracterizar e delimitar este grupo.
Dada a importância deste segmento etário, pelo que ele comporta de carga humana,
afectiva e de responsabilidade social, procurou garantir-se uma visão alargada e
multifacetada, inspirada e o mais possível fundamentada nos conceitos das organizações
mundiais de referência, complementada pelas perspectivas teórico-práticas da psicologia
clássica, da pedagogia e da sociologia.
Desta forma, tentar-se-á formular as respostas para algumas questões principais: 1. O que é
a criança e a infância? 2. Quais os direitos que a sociedade lhe reconhece? 3. Qual tem sido
o seu papel na sociedade?
A Convenção sobre os Direitos da Criança, adoptada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 20 de Novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de Setembro de 1990,
estabelece que:
“Considerando que, em conformidade com os princípios proclamados pela Carta das Nações Unidas, o
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais
e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.
“Recordando que, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, a Organização das Nações Unidas
proclama que a infância tem direito a uma ajuda e assistência especiais”.
“Reconhecendo que a criança, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer
num ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão”.
“Considerando que importa preparar plenamente a criança para viver uma vida individual na sociedade
e ser educada no espírito dos ideais proclamados na Carta da Nações Unidas e, em particular, num
espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade e solidariedade”.
15
“Artigo 1: Nos termos da presente convenção, criança é todo o ser humano com menos de dezoito anos,
salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo”.
“Artigo 12: Os Estados Partes garantem à criança com capacidade de discernimento o direito de
exprimir livremente a sua opinião sobre questões que lhe respeitem, sendo devidamente tomadas em
consideração as opiniões da criança, de acordo com a sua idade e maturidade”.
“Artigo 31: 1 – Os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o
direito de participar em jogos e actividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente
na vida cultural e artística. 2 – Os Estados Partes respeitam e promovem o direito da Criança de
participar plenamente na vida cultural e artística e encorajam a organização, em seu benefício, de
formas adequadas de tempos livres e de actividades recreativas, artísticas e culturais em condições de
igualdade”.
A criança foi vista, até há poucos anos, “como um tipo de representação em miniatura dos
adultos e assim, para tirar algum tipo de conclusões sobre ela, bastaria ficar pelos
conhecimentos sobre os adultos, tendo o cuidado de definir uma proporção entre estes e a
estrutura da criança”1.
Segundo Jens Qvortrup (1999: 12), as crianças não deveriam ser vistas como algo estranho
à sociedade, como algo misterioso, como se fossem espécies ontologicamente diferentes.
As crianças são seres humanos e não meros seres em potência. Não podem ser vistas
como “pessoas que serão” e que devem ser integradas na sociedade. A infância é, então,
parte integrante da sociedade.
1
Foram os pedagogos que, como seria de prever, devido ao seu contacto prolongado com a criança, chamaram primeiramente
a atenção para a originalidade da psicologia infantil: citemos por exemplo, a autora italiana Montessorini, o belga Decroly ou o
americano Dewey. Os trabalhos dos médicos, Wallon, dos psicólogos Binet, Claparèd, Gusell e dos psicanalistas Klein e Anne
Freud, deram à psicologia da criança as suas bases científicas, mas não foi senão com o suíço Piaget que surgiu uma
psicologia infantil ‘pura’, oriunda das disciplinas e afins no seu objecto e nos seus métodos, fundada numa observação atenta e
numa experimentação rigorosa, in Dicionário da Psicologia (s/d).
16
este facto ao referir que os “estudiosos da sociologia da infância têm afirmado que a infância
enquanto categoria social é uma ideia moderna”.
A autora reforça esta questão afirmando que “tornamo-nos adultos e adultas, mas
esquecemos que nesse processo enclausuramos os nossos imaginários. O sentimento de
realidade constrange a capacidade dos adultos perceberem as crianças como elas são e
estão em interacção com os seus pares e adultos no mundo” (Delgado, 2003: 5). Os
profissionais de áreas relacionadas com a criança acabam muitas vezes por ser
constrangidos pelas imagens de carinho, inocência, pureza e graça ou numa outra linha,
pelas imagens das crianças como adultos em potência, aqueles que ainda virão a ser e que
apenas precisam ser orientados e educados pelos adultos.
Continuando a análise, Delgado (2003: 6) diz que é “provável que elas (as crianças) saibam
bem mais sobre os adultos/as e sobre as instituições que ajudamos a construir“. De facto,
não tem havido a preocupação em dar voz própria às gentes de palmo e meio, “ainda não
parámos para as escutar” e tentar perceber as suas ideias acerca dos adultos, das escolas
que estes criaram para as crianças e daquelas que os adultos pensam ser as suas maiores
necessidades.
17
Holloway e Valentine (2000: 2) afirmam que as crianças são, em geral, vistas como “sujeitos
que ainda têm que atingir a maturidade biológica e social” e consideradas “jovens adultos
que ainda terão que desenvolver uma série de competências que os adultos já possuem”.
Acrescentam que “este estado do menos-que-adulto significa que a infância é um tempo em
que as crianças são desenvolvidas, motivadas e educadas para os papéis de futuros adultos
que virão a ser”.
Sarmento (2005: 21) considera que “apesar de, no mundo ocidental, a visibilidade dos
problemas das crianças e da condição social da infância ser cada vez maior, o certo é que a
inconsistência da agenda política da infância tem perpetuado e, em alguns casos, agravado
aqueles problemas”.
Vai ainda mais além quando afirma que este mesmo mundo ocidental chegou atrasado ao
encontro obrigatório com os problemas da infância. Despertou numa época em que mesmo
atribuindo às crianças um papel cada vez mais importante, a população tem optado por ter
cada vez menos filhos. Adicionado a esta questão está ainda o aumento da esperança de
vida o que resulta na transformação da infância num grupo populacional com uma
percentagem cada vez mais baixa.
Este despertar ocorreu também num período em que a crise económica tem conduzido ao
desmembramento do “Estado-providência” e onde as mentalidades materialistas e
consumistas dão mais importância aos direitos do consumidor do que às questões da
cidadania.
Referindo também a visão de outros autores como Qvortrup, Sarmento (2005: 21) corrobora
a existência de ”uma enorme ambivalência das atitudes sociais dos adultos perante a
infância. O que os adultos querem para as crianças não se traduz em melhorias das
condições em que elas vivem”, mas na verdade “estas vêm as suas vidas ser cada vez mais
organizadas, (…) a sociedade limita-se a oferecer preparação em termos de controlo,
disciplina e administração, (…) não se reconhece como válida a contribuição das crianças
na produção de conhecimentos, (…) cada vez mais são tomadas decisões a nível
económico e político sem que as mesmas sejam levadas em conta”.
O autor conclui afirmando que “as crianças continuam a ser percepcionadas pelos adultos,
como seres psicológica e fisicamente imaturos, socialmente incompetentes e culturalmente
18
Qvortrup (1999: 2-3) identifica nove paradoxos que espelham a ambivalência da sociedade
de hoje relativamente à infância. Seleccionam-se, apenas, os que directamente se
enquadram na problemática em estudo:
“Paradoxo 3: Os adultos gostam da espontaneidade das crianças, mas estas vêm as
suas vidas ser cada vez mais organizadas (…)”
“Paradoxo 4: Os adultos afirmam que as crianças deveriam estar em primeiro lugar,
mas cada vez mais são tomadas decisões a nível económico e político sem que as
mesmas sejam levadas em conta (…)”
“Paradoxo 8: Os adultos atribuem geralmente às escolas um papel importante na
sociedade, mas não se reconhece como válida a contribuição das crianças na
produção de conhecimento (...)”
“A sociologia da infância faz porém a distinção entre infância, para significar a categoria
social do tipo geracional, e criança, referente ao sujeito concreto que integra essa categoria
geracional e que, na sua existência, para além da pertença a um grupo etário próprio, é
sempre um actor social que pertence a uma classe social, a um género” (Sarmento, 2005:
371).
19
Adicionalmente, Sarmento (2003: 10) realça que “de acordo com a UNICEF e ONG’s como
a Save the Children, a infância é o grupo geracional que nas condições actuais da
globalização hegemónica, é mais (e mais progressivamente) afectado pelas condições de
desigualdade, pela pobreza, pela fome, pelas guerras, pelos cataclismos naturais, pela SIDA
e outras doenças” e que “a 2ª Modernidade radicalizou as condições em que vive a infância
moderna, mas não a dissolveu na cultura e no mundo dos adultos, nem lhe retirou a
identidade plural, nem a autonomia de acção, que nos permite falar das crianças como
actores sociais”.
Concluindo, na sua essência, a questão da infância prende-se, tal como foi referido
inicialmente, com um conjunto de características muito singulares, com os papéis sociais
que desempenha e com as formas como esses papéis são realizados no mundo actual.
Apesar da Convenção dos Direitos da Criança ter sido promulgada há dezassete anos pela
ONU, as práticas dos governos e da sociedade estão longe de respeitar os direitos, formal e
universalmente reconhecidos às crianças. Assim, as organizações mundiais de referência,
como a Unicef, continuam a eleger como medida prioritária a defesa dos seus direitos.
Os papéis que as crianças têm desempenhado na sociedade têm sido limitados pelo poder
dos adultos e das instituições que estes criaram para as controlar e continuará a sê-lo
enquanto estes não considerarem as crianças, como agentes sociais com direitos próprios,
nomeadamente o direito a serem ouvidas, participando nas decisões que as afectam. Esta
realidade ainda é mais notória nas sociedades desenvolvidas e globalizadas onde as
práticas de controlo estão mais institucionalizadas.
20
Quando agora nos propomos responder à questão “Quais são as suas necessidades,
apetências e motivações?” devemos então procurar a fundamentação das respostas,
interpretando a segmentação etária da infância e delimitando a nossa análise ao universo
das crianças (0-18 anos) do mundo ocidental.
Sarmento (2003: 13) propõe quatro eixos estruturantes para as culturas da infância: a
interactividade, a ludicidade, a fantasia do real e a reiteração.
Um dos aspectos marcantes das culturas infantis é a ludicidade: “as crianças brincam
contínua e abnegadamente” Sarmento (2003: 15). A cultura lúdica é central à própria ideia
de infância e, se hoje os brinquedos contemporâneos como por exemplo a boneca Barbie,
são completos, intencionais e estruturados, uniformizam as brincadeiras, limitam, cerceiam e
globalizam o imaginário infantil, a natureza interactiva do acto de brincar preserva sempre e
ainda, a brincadeira para lá dos brinquedos, como condição de aprendizagem e da
construção das relações sociais da criança.
21
“O mundo do faz de conta faz parte da construção pela criança da sua visão do mundo e da
atribuição do significado às coisas” Sarmento (2003: 16). Os acontecimentos, situações,
objectos e pessoas são percepcionados e interpretados pelas crianças na fronteira entre a
realidade e a fantasia 2.
Os objectos não representam para as crianças apenas o que valem e o que servem, mas
qualquer coisa mais ainda e “essa coisa é que é linda “, como dizia Fernando Pessoa (citado
por Sarmento, 2003: 17).
2
Para Sarmento, a alteração da lógica formal não significa que as crianças tenham um pensamento ilógico. Pelo contrário,
essa alteração, estando patente na organização discursiva das culturas da infância (especialmente no que respeita ao jogo
simbólico), é coexistente com uma organização lógico-formal do discurso, a qual permite que a criança simultaneamente
“navegue entre dois mundos – o real e o imaginário – explorando as suas contradições e possibilidades (Harris, 2002: 232,
citado por Sarmento, 2005: 15).
3
Sarmento (2003: 17-18) recorre à obra “Rua de sentido único e infância em Berlim por volta de 1900” de Walter Benjamin
(1992), publicada na Relógio de Água, que tem páginas admiráveis sobre esta capacidade de transmutação infantil.
22
As crianças dos 7 anos aos 11-12 anos caracterizam-se pela evidência das atitudes
exploratórias do mundo circundante e do lugar que nele ocupam. É com estas idades que as
crianças iniciam as relações grupais e o estabelecimento da sua própria identidade social.
As crianças aprendem como lidar com as aptidões mais formais da vida: a relação com os
23
pares, a progressão da simples brincadeira para aquela que exige estrutura mais elaborada
com regras e trabalho de equipa. As tendências nesta faixa etária são complexas pois, em
muitos casos, as crianças já são crescidas demais para os brinquedos sendo também novas
demais para as coisas que os mais velhos preferem, como sair com os pais para fazer
compras ou passear nos parques. “Para as crianças entre os sete e os oito anos de idade é
mais entusiasmante as brincadeiras com os seus pais, é uma forma de estarem juntos.
Neste contexto brincar significa receber atenção, divertirem-se, estarem intensamente
ocupadas, arreliar e beliscar: desperta o sentimento de solidariedade e da pertença” (Van
Gils, 2000: 143). Surpreendentemente, os miúdos com estas idades não anseiam pelo estilo
de vida dos adolescentes pois vêm neles os problemas com as amizades, os desportos e as
hormonas. A verdade é que nem sempre e nem todas as crianças desejam crescer
4
rapidamente. O quarto dos tweenagers torna-se numa “Cave de Aladino” repleta de
tecnologia e onde tudo se passa, especialmente os jogos de computador e a música. É com
esta idade que as roupas de marca começam a importar e o uso da marca errada é
considerado um suicídio social (Clarke, 2005: s/p). Nesta faixa etária são especialmente
relevantes os eixos culturais da ludicidade e da interactividade.
4
Tween é um neologismo aplicado às crianças com idades entre (between) a infância e a adolescência, geralmente na faixa
etária dos 8 aos 12/14 anos de idade. Quanto às motivações, este grupo etário deseja desesperadamente ser teenager mas
continua a comportar-se como uma criança, justificando que se diga deles: “too old for toys, but too young for boys”.
24
das capacidades cognitivas e em transição para o estado de jovem adulto em que lhes será
finalmente reconhecida a sua intervenção como cidadãos de pleno direito, nomeadamente
com direito à participação na vida política através do voto. As crianças desta faixa etária
questionam e discutem assuntos morais, sociais, políticos e filosóficos, arrogantes das suas
evidentes capacidades intelectuais, entram facilmente em conflito com a família, com a
escola e com os adultos. Os adolescentes dão a maior importância à socialização,
necessitam garantir o pleno reconhecimento dos seus pares, subjugam-se às regras
grupais, adoptam todas as tendências da moda juvenil e utilizam obsessivamente as
tecnologias de comunicação, evidenciando como eixos culturais de maior peso a
interactividade e a ludicidade.
25
“A gente gosta é de brincar com os outros meninos!” (Ferreira, 2004), este título do livro da
socióloga Manuela Ferreira espelha muito claramente aquela que é uma das necessidades
básicas e fundamentais das crianças. Nesta obra, a autora retrata o quotidiano das crianças
entre os três e seis anos num jardim de infância público, analisando as suas rotinas e rituais
de comunicação e socialização, detectando a transgressão e reconstrução de papéis,
identidades, relações grupais e práticas culturais. Deste estudo releva-se que quando às
crianças é dada voz própria, relativamente aos seus gostos e preferências, a resposta é
directa e imediata, o que mais gostam é de brincar com os outros meninos.
Apesar do actual e agitado debate acerca dos problemas da educação e das mudanças nas
famílias, sem dúvida que a mais significativa influência diz respeito ao uso que estas fazem
do tempo, quando pais e professores não estão presentes.
Estes usos do tempo poderão ser a chave para uma bem sucedida negociação da infância.
O que deve ser o tempo livre das crianças é um assunto muito controverso e conduz muitas
vezes a posições extremas, tanto nas análises filosóficas acerca da natureza humana como
nas preocupações com a vida do dia-a-dia. Mas, cabe também ás crianças decidir o que
vale ou não a pena, o que é ou não divertido e no fundo, o que pode conduzir a mais e
melhores resultados.
Com tempo e recursos adequados, a criança pode aprender a transformar a realidade para
se ultrapassar a si própria. Esta é a essência da brincadeira, do brincar. A brincadeira é, em
particular, uma manifestação especial da liberdade na infância.
“As investigações sobre a brincadeira têm concluído que esta traz benefícios para o
desenvolvimento cognitivo, social e emocional. As crianças a quem é permitido brincar com
determinados instrumentos/materiais mostram claras evidências de alta criatividade e
capacidade de resolução de problemas”; “crianças a quem é permitido brincar com os seus
pares evidenciam maiores competências sociais; crianças com oportunidade de brincar com
situações de desafio tornam-se mais auto-confiantes” (Barnett-Morris e Kleiber, s/d).
Muito embora assumindo diferentes formas e pesos, estes eixos marcam a cultura das
crianças dos zero aos dezoito anos e marcam as suas necessidades, apetências e
motivações.
27
Às crianças não inquietam o novo e o diferente, daí a sua grande apetência para a
experimentação e para a inovação. De algum modo, é este um sinal de renovação da
aprendizagem e do conhecimento. Às crianças, experimentando e reinventando papéis e
relações sociais, não inquietam os seus pares, daí a sua grande ligação social e o seu
permanente envolvimento grupal. De algum modo, é este um indício de espíritos solidários e
inclusivos.
As crianças confiam no afecto e no amor que esperam sempre receber, essa é a sua maior
e mais natural necessidade 5.
5
“À criança que aprende e desenvolve a capacidade humana de construir amor e entendimento, falta-lhe experiência de
deslealdade e traição; ignora o valor de transacção como moeda de troca: confiando em quem toma conta dela, deixando
correr o fluxo da confiança e prevendo um mundo de festa” (Iturra, 1994: 37).
28
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O relatório da Unesco (1996), “Learning: the treasure within”, elege como propósito
primordial conduzir o mundo para mais entendimento mútuo, mais responsabilidade e mais
solidariedade, aceitando as diferenças culturais, através da educação que abrindo o acesso
ao conhecimento, ajudará os povos a entender o mundo e os outros.
Vive-se hoje uma crise que, segundo Sarmento (2002: 275), “abala já não apenas os
processos de acção educativa e os modelos pedagógicos, mas também se dirige ao
coração mesmo da dimensão institucional da escola. Esta crise associa-se ao crescimento
dos movimentos juvenis e à génese de uma cultura contra a escola (Willis, 1991; Giroux,
1994), que se exprime de variadas formas, sendo apenas uma delas a disrupção escolar”.
6
Provérbio Chinês, Hovenlynck (2001: 1).
29
Segundo António Nóvoa (2006: s/p), é preciso “mudar de posição e mudar de perspectiva.
Mudar de posição: em vez de chamar para nós a responsabilidade, colocarmo-nos num
espaço de redes (culturais, familiares, sociais) que construa novos compromissos em torno
da educação. É preciso responsabilizar a sociedade pela escola. Mudar de perspectiva: em
vez da escola fechada, baseada num modelo arcaico, imaginar a nossa acção como
elemento de um novo espaço público de educação. É tempo de pôr a "sociedade a serviço
da escola" em vez da "escola a serviço da sociedade” (Albert Jacquard)”.
As soluções para a resolução destes problemas poderão então passar por “uma lógica
alternativa para a educação escolar, contra a exclusão e pela afirmação dos direitos
sociais“.
Em primeiro lugar e lutando contra a “exclusão dos saberes das crianças dos grupos sociais
das classes populares e das minorias étnicas e culturais (…), é indispensável quebrar com
tudo aquilo que são os elementos simbólicos que constituem o senso comum da acção
educativa. Isto significa aprender tudo de novo, fundamentar tudo de novo, obrigar a
repensar os adquiridos, combater através de um esforço de reflexividade, os efeitos de
institucionalização da escola” (Sarmento, 2002: 278).
Em segundo lugar, a escola só se renovará, encontrando novas bases cívicas, se trabalhar
a sua capacidade de “fazer o cruzamento com uma lógica emergente, que é a lógica dos
direitos da criança. Uma escola que não se articula com os direitos da criança não merece
abrir as suas portas. Esta articulação entre a lógica educativa e os direitos da criança, em
todas as suas dimensões, é um esforço absolutamente essencial” (Sarmento, 2002: 279).
A escola que, nos primeiros anos da modernidade, era vista como agente da socialização
das crianças, vê-se hoje confrontada com novos e poderosos agentes de socialização.
Como diz Ana Coll Delgado (2003: 7), “Nos acostumamos a pensar nas crianças enquanto
alunos e alunas, geralmente em escolas ou espaços educativos formais, ou ainda na
crianças dentro das creches ou pré-escolas. Nos acostumamos a pensar em educação
como algo institucionalizado e vivido em espaços escolares. Na verdade temos pesquisado
e produzido muito pouco sobre outros espaços educativos como a televisão, os jogos de
vídeo-game, as salas de Internet, os movimentos sociais, as ruas, as vilas e favelas com os
seus espaços informais e clandestinos de educação, as academias, os shoppings, as
escolas de samba e as danceterias. Enfim, pouco nos interessamos pelas crianças e suas
culturas interagindo em espaços que nós adultos ainda desconhecemos”.
30
31
Os audiovisuais como a televisão e a Internet assumem hoje um lugar único nas vidas e
relações entre pares de todas as crianças a nível mundial. Uma das consequências deste
facto incontornável é que “os pais e professores sentem estar a perder autoridade – não
apenas porque se sentem incapazes, ou simplesmente relutantes em alterar velhos
esquemas de transmissão de conhecimento – mas também porque as crianças têm acesso
a uma crescente quantidade de conhecimento através de outros meios” (Casas, 2000: 19).
32
Também as culturas das crianças se estão a alterar e assiste-se hoje a uma verdadeira
revolução na sua vida social, nos espaços que ocupam nas cidades e ainda na sua
educação e tudo isto parece passar-se com a distracção dos adultos. Denota-se, ainda, que
este não envolvimento dos adultos, causado, em parte, pelo não domínio das novas
tecnologias, cria também “novos problemas comunicacionais entre pais e filhos” (Casas,
2000: 20) sendo que as crianças, ao contrário do que era habitual, são agora tão ou mais
competentes em algumas áreas do que os adultos.
Assim, muito como consequência mais uma vez das novas tecnologias, especialmente as
de comunicação, a brincadeira já não é apenas uma forma das crianças se entreterem e
passarem o tempo, a brincadeira passou a ser também um poderoso instrumento de
aprendizagem, entretenimento, comunicação e estabelecimento de relações. Verifica-se,
ainda, não se tratar apenas de uma nova realidade com novos instrumentos, trata-se
mesmo da emergência de ”novas situações – a fantasia e o virtual tornaram-se reais, porque
é possível interagir com elas e alterá-las” (Munné e Codina, 1992 citados por Casas, 2000:
22).
No entanto e ao contrário do que seria de esperar, esta intensiva utilização dos media
parece não substituir nas crianças, a necessidade e mesmo a urgência da socialização e
interacção não só com os pares mas também com os adultos. “Enquanto houver amigos, as
crianças preferem as brincadeiras aos media, preferindo certamente a companhia dos
amigos à companhia dos media” (Casas, 2000: 24).
Não esquecendo que as suas necessidades, apetências e motivações são marcadas pelos
eixos mais relevantes da ludicidade e da interactividade, perspectiva-se a necessidade de
reforçar caminhos da nova educação que os tenham em conta.
33
Aos desafios que se colocam hoje à educação, começam a ser experimentadas e estudadas
algumas respostas. Pela sua relevância e na medida em que confirmam a importância das
componentes lúdicas e interactivas na educação das crianças, registam-se o método
apresentado no “Guia de recursos – Educação ao ar-livre” (Barnes, 2005), publicado pela
Hospitality, Leisure, Sport & Tourism Network em 2005, e um estudo sobre uma questão
profundamente pertinente “Será o lazer educacional uma contradição de termos?
Explorando a sinergia entre educação e entretenimento” (Packer e Ballantyne, 2004),
publicado nos Annals of Leisure Research em 2004.
Para que na prática estes resultados sejam obtidos importa, como consideram os autores
Higgins e Loynes (1997: 6, citado por Barnes, 2005: 2), que sejam incluídos os seguintes
elementos:
“elementos educacionais que estimulem o desenvolvimento pessoal e social;
experiências que incluam temas relacionados com a natureza, aventura e educação;
a aprendizagem como um processo experimental que requeira contacto directo;
um aumento da predisposição para o eu e o social, acrescida da sensibilidade pela
comunidade e pelo ambiente”.
Hunt (1989: 16, citado por Barnes, 2005: 2) sugere ainda, que seja dado especial ênfase
aos seguintes temas: “o desenvolvimento de capacidades técnicas, intelectuais e sociais; a
apreciação científica e estética do ambiente; o conceito de utilidade à sociedade, à
comunidade, ao ambiente ou à própria actividade; o desenvolvimento social”. Interessa,
portanto, pensar na educação ao ar-livre numa perspectiva integradora de “estímulos para o
desenvolvimento, a auto-disciplina, o julgamento e a responsabilidade, assim como as
relações com os outros e com o ambiente”. Este método tem vindo a ser praticado em
34
Greenhalgh (1989, citado por Packer e Ballantyne, 2004: 55) argumenta que o conflito entre
educação e entretenimento resulta da percepção da divisão entre trabalho e lazer, da cultura
ocidental. A educação é vista como estando ligada com o trabalho e o entretenimento com o
prazer, estando em geral assumido, que os dois são incompatíveis. O trabalho, por outras
palavras, não pode ser divertido e o lazer não pode ser sério. Segundo esta perspectiva, o
próprio conceito de lazer educacional apresenta-se como uma contradição.
Neste estudo, os termos educação e educacional são usados para referir os aspectos
incluídos na experiência da visita que estabelecem uma ligação cognitiva com o visitante,
independentemente dos resultados educativos serem ou não atingidos.
35
Alguns membros desta área do lazer educacional fornecem de modo deliberado, aos seus
visitantes, elementos de entretenimento mantendo simultaneamente o valor educativo.
“Os visitantes deslocam-se a locais como a Disneyland tendo como primeira motivação o
entretenimento. O facto das exposições serem pensadas ao estilo dos parques temáticos,
leva a que o visitante acabe por incidentalmente aprender uma grande variedade de
informação, sobre um vasto leque de assuntos como a história, desenvolvimento tecnológico,
agricultura, vida selvagem, evolução, diversidade cultural e inovação tecnológica” (Hedge,
1995: 106-107, citado por Packer e Ballantyne, 2004: 55).
Miles (1986, citado por Packer e Ballantyne, 2004: 55) sugere que, enquanto os
profissionais dos museus encaram os museus numa perspectiva meramente académica
como um lugar dedicado à aprendizagem e não ao lazer, já os visitantes encaram-nos como
um local para o entretenimento.
36
Roberts (1997, citado por Packer e Ballantyne, 2004: 57) considera que a própria natureza
do entretenimento evoca as condições ideais para a aprendizagem, tal como a abertura de
espírito e a atenção ao mundo exterior. Os adultos, assim como as crianças, necessitam de
um ambiente que permita a exploração, a interrogação e o desafio para ganharem assim, a
compreensão de si próprios e do mundo que os rodeia (Anderson, 1997; Mitchell, 1998,
citados por Packer e Ballantyne, 2004: 57). Estes tipos de aprendizagens podem ser
directamente relacionadas com as brincadeiras das crianças, tornando-se a surpresa, a
aventura e a descoberta, ingredientes chave da aprendizagem (Melamed, 1987, citado por
Packer e Ballantyne, 2004: 57).
De facto, confirma-se que o que é procurado pelo público que visita estes espaços e
equipamentos de lazer não é apenas a combinação de duas experiências distintas,
37
38
39
40
No intuito de descrever e analisar o conceito de lazer encontramos, mais uma vez, variadas
perspectivas académicas, defendidas por diversas correntes e áreas científicas,
naturalmente inspiradas pelos contextos civilizacionais associados à evolução da
humanidade ao longo dos tempos.
Neste ponto vai fazer-se uma revisão à literatura de referência, evidenciando as diferentes
abordagens teóricas ao lazer e procurando as respostas para algumas questões pertinentes
no âmbito deste trabalho, nomeadamente: O que é o lazer? Qual a sua importância no
contexto da civilização moderna ocidental? Quais as perspectivas de integração do lazer na
educação?
Segundo Costa (1996: 2), “o conceito lazer tem as suas origens no termo latim Licere que
significa ser livre (Jansen, 1977: 5,6; Torkildsen, 1992: 25), e no francês também de base
latina, na palavra Loisir que em termos gerais significa ser permitido (Jansen, 1977: 5,6;
Brightbill, 1964: 27; Torkildsen, 1992: 25) ”.
Da visão clássica, realça-se Aristóteles que defende que a felicidade é encontrada não no
divertimento mas sim no lazer e que um correcto uso do lazer é uma característica das
pessoas civilizadas. A sua interpretação de lazer, como um muito importante aspecto da
vida humana, tornou-se a base do conceito de lazer no mundo industrializado. Por outro
lado, Platão advogou que uma correcta utilização do tempo de lazer proporciona a
optimização do desenvolvimento e crescimento individual.
Alguns autores, como Sebastian de Grazia, citado por Dumazedier (1974: 26), consideram
que o lazer existiu em todas as civilizações, como um tempo fora do trabalho, onde lazer se
confundia com o jogo, a festa, o desporto e o treino militar, o culto e as práticas religiosas,
desportivas, educativas e culturais.
7
Título do capítulo sobre o tema adoptado por Dumazedier (1974: 87).
41
A ociosidade aristocrática até à revolução industrial não tinha origem na libertação do tempo
de trabalho mas era antes a substituição do trabalho reservado aos escravos e às classes
inferiores. Os filósofos gregos associavam a ociosidade à sabedoria e ao ideal de vida sem
trabalho. Por sua vez, este ideal de vida sem trabalho poderia criar o homem ideal: mais
sábio e mais saudável em corpo e em espírito.
EGÍPCIOS (1500 A.C.) – LAZER NOS IMPÉRIO ROMANO (27 A.C.) – LAZER
ESTRATOS MAIS ELEVADOS. LAZER IMPORTANTE POR RAZÕES DE TRABALHO,
COMO ARTE E JOGOS DE GUERRA. 1 ZONAS DE BANHOS PÚBLICOS, FINS
POLÍTICOS, DESPORTO PARA MANTER A
EVOLUÇÃO 3 FORMA, LAZER DE MASSAS.
GRÉCIA ANTIGA (776 A.C.)
PROFISSIONALIZAÇÃO DOS IDADE MÉDIA / DAS TREVAS (SÉC. XII)
DESPORTOS, ENTRETINEMENTO 2 QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO, SURGEM OS
PÚBLICO E COMPETIÇÕES, ÉTICA DO
LAZER.
4 MOSTEIROS, LAZER DO POVO NOS DIAS
SANTOS.
THOMAS COOK
1841
CEZAR RITZ
1850
SOCIEDADE MODERNA
Os teóricos da psicologia defendem que o lazer deveria ser analisado numa perspectiva
holística de forma a percepcioná-lo, não apenas como atitude e actividade, mas também
como estado de espírito ou atitude espiritual, expressão individual e uso pessoal do tempo.
42
Para Kelly (1996: 30) lazer é a "actividade escolhida para seu próprio benefício e pela
intrínseca satisfação que proporciona. As dimensões de liberdade e de satisfação intrínseca
são os elementos centrais na definição do lazer”.
Na visão holística de Kelly (1996: 416), o lazer integra três componentes, tempo
discricionário, actividade significante e experiência percepcionada, não podendo, portanto,
ser definido clara e profundamente por uma única dimensão. Envolve liberdade mais no
sentido de acção do que da ausência de constrangimentos, inclui decisão limitada aos
contextos sociais, temporais e espaciais, foca-se na experiência com orientação histórica e
de futuro, é fruto de uma motivação intrínseca mas com um significado e intenção de longa
duração, é existencial e social, imediato e processual, pessoal e político.
Kelly (1996: 417) recorre mesmo a oito metáforas para evidenciar a complexidade do
conceito e assim apresenta o lazer como: experiência imediata; inter-acção social; inter-
acção institucional; construção da identidade; condição da mente aberta à novidade;
controlo e conflito político e social; emoção e sentimento; oportunidade de desenvolvimento
pessoal e de novas competências pessoais.
Edington (1992: 4) também analisa o lazer considerando cinco perspectivas: como tempo
livre, como actividade, como estado de espírito, como estatuto social e como visão holística
do lazer a que conjuga todas as anteriores.
Voltando à investigação de Costa (1996: 3), é ainda identificado um segundo grupo de
académicos (Bolgov e Kalkei, 1974:1; Haun, 1962: 39-44; Charter of Leisure, 1972: 16;
Neumeyer e Neumeyer, 1958: Brightbill, 1961; Bonniface e Cooper, 1994: 1) defensores de
uma perspectiva orgânica que vêem o lazer como “um bloco de tempo fora do trabalho,
tempo extraordinário e suplente”.
43
Meurs e Kalfs (2000: 128, citados por Mokhtarian et al., 2004: 3) definem tempo de lazer
como todo o tempo que não é dedicado a assegurar o bem-estar futuro em sentido lato.
Esta definição não inclui, no entanto, as actividades associadas aos rendimentos, à gestão
do agregado familiar e à manutenção do bem-estar físico.
De acordo com Costa (1996: 4), a perspectiva orgânica é aquela que tem sido mais utilizada
como foi evidenciado num relatório da O.M.T. (1983) intitulado Desenvolvimento do tempo
de lazer e o direito a férias. Neste relatório, defende-se a ideia de lazer como um bloco do
tempo fora do tempo de trabalho ou simplesmente, como o tempo livre que os indivíduos
dedicam, tanto ao descanso, como à brincadeira e às actividades recreativas.
Tabela 1: Ocupação do tempo nas vidas dos indivíduos, Adaptado da O.M.T., 1983: 12-14
Um dos mais reconhecidos teóricos do lazer, Joffre Dumazedier (1974: 88-93), na sua obra
Sociologia Empírica do Lazer, faz uma abordagem crítica a quatro das mais comuns
concepções do lazer.
44
Lazer como tempo liberto não só pelas obrigações profissionais mas também pelas
obrigações domésticas e familiares. Esta perspectiva de lazer, segundo Dumazedier,
esquece as obrigações sócio-espirituais e sócio-políticas, e enquadra as obrigações
sociais como actividades de lazer, retirando à dinâmica do lazer a influência das
instituições sócio-espirituais e sócio-políticas no controlo dos tempos livres;
Lazer como “único conteúdo do tempo orientado para a realização da pessoa como fim
último”, inscrito no tempo liberto pela sociedade e apropriado pelo indivíduo quando este
já desempenhou as suas obrigações profissionais, familiares, espirituais e políticas. É
um tempo desobrigado pela regressão dos diversos controlos institucionais, pela
evolução da economia e da sociedade e constitui-se como um “novo valor social da
pessoa que se traduz por um novo direito social, o direito dela dispor de um tempo cuja
finalidade é antes a auto-satisfação” Dumazedier (1974: 93).
Torkildsen (1992: 25-31) também associa o lazer aos conceitos de liberdade sem
obrigações, oportunidade para escolher, tempo livre após o trabalho e tempo livre após as
obrigações sociais e o sociólogo Dumazedier (1974: 57) subscreve esta última concepção
de lazer, como um novo direito social centrado na realização do indivíduo onde “a
subjectividade do indivíduo se torna em si mesma um valor social” (Richta, citado por
Dumazedier, 1974: 57) e emerge contra a ética economicista e o controlo das instituições
sociais.
45
A dinâmica social do lazer deriva não só dos progressos tecnológicos que aumentando a
produtividade, diminuem as horas necessárias ao trabalho profissional e familiar, mas
também do declínio das instituições familiares, religiosas e políticas e do seu controlo social
e ainda pela reclamação de liberdade individual que se manifesta, mesmo quando as
condições sociais e económicas são limitativas.
Mas, esta nova necessidade social pode tornar-se insignificante por falta de dinheiro e de
tempo e pode mesmo tornar-se desviante e marginal, passando a ser uma fonte de ‘evasão’,
de inadaptação e de delinquência social.
Neste tempo marcado pelas novas normas sociais, nem a eficiência técnica, nem a utilidade
social, nem o compromisso espiritual constituem a finalidade do indivíduo, mas sim a
realização e a expressão de si mesmo.
Dumazedier (1974: 92) identifica dentro do tempo de lazer quatro períodos: 1. o do fim do
dia, 2. o do fim-de-semana; 3. o do fim do ano (férias); 4. o do fim da vida (reforma) e,
alertando para as dificuldades de sistematização e classificação das actividades de lazer,
propõe alguns princípios baseados na sociologia do desenvolvimento cultural.
Passmore e French (2001), citados por Mokhtarian, et al (2004: 3) estudaram cento e trinta
adolescentes australianos, tendo concluído que para eles as actividades só poderiam ser
consideradas de lazer quando envolviam divertimento e resultavam da sua livre escolha.
Num estudo análogo, Tinsley, et al. (1993: 447), também citados por Mokhtarian, et al.
(2004: 3) concluíram serem necessárias quatro características para que a experiência de
lazer ocorra: livre escolha; satisfação intrínseca; máximo estímulo e requerer uma noção de
compromisso.
Também Kelly (1996: 30) defendeu a ideia de que o lazer é a actividade escolhida para seu
próprio benefício e pela intrínseca satisfação que proporciona e onde as dimensões de
liberdade e de satisfação intrínseca são os elementos centrais na definição do lazer.
“Diante da crise actual da escola, diante das novas reivindicações da juventude em prol da
autonomia da livre escolha, como poderia ela envolver somente estudos obrigatórios? Teria
de envolver necessariamente, sob pena de fracasso, o lazer da juventude” (Dumazedier,
1974: 243).
Iso-Ahola (1982: 379-394) defende que a limitação de oportunidades para brincar durante a
infância tem impacto significativo na capacidade cognitiva e na flexibilidade comportamental
47
do adulto perante o lazer, o que poderá reduzir a sua resistência psicológica durante toda a
sua vida. Este autor considera ainda que “só as actividades de lazer intrinsecamente
motivadoras podem tornar-se pessoalmente significantes”, que há uma “correlação positiva
entre a satisfação do lazer e a percepção de qualidade de vida” e que apesar do bloqueio da
cultura tradicional “mais cedo ou mais tarde os pais terão que aceitar a ideia de lazer como a
primeira fonte de motivação e auto-satisfação pessoal para os seus filhos”.
Falar de uma sociedade do lazer poderá parecer uma visão reducionista da sociedade, mas
o lazer é cada vez mais percepcionado como meio de satisfazer novas necessidades da
personalidade em todos os níveis culturais, observando-se o decréscimo dos valores do
trabalho no sentido clássico e a expansão dos valores do lazer, especialmente entre a
juventude.
Apesar de alguma influência da educação nos conteúdos do lazer, é certo que um dos
fundamentos da crise escolar está directamente relacionado com o controlo institucional da
escola, que tem afastado das suas práticas pedagógicas os valores do lazer, bloqueando o
desenvolvimento livre dos indivíduos que se recusam ao trabalho escolar.
48
A definição de turismo é problemática dado que a sua natureza exige uma multiplicidade de
perspectivas sociais, económicas, culturais, políticas e antropológicas.
Do ponto de vista histórico, o turismo é de facto uma actividade humana ancestral e não um
fenómeno recente, “a novidade reside na sua extensão, na multiplicidade de viagens e no
lugar que ocupa na vida das pessoas. Actualmente, não é mais a expressão das
necessidades individuais e sim daquelas colectivas, nascidas dos novos modos de vida da
nossa sociedade tecnicista e urbana. Tampouco é um movimento exclusivo das classes
privilegiadas, como predominantemente na época passada. Trata-se de um movimento sem
classes que, graças à política de pacotes turísticos, proporciona a possibilidade de viajar a
quase todas as pessoas dos países industrializados tornando-se, cada vez mais, uma
reivindicação e um direito do homem civilizado” (Ruschmann, 2002: 13, citado por Dias,
2003: 30).
Numa visão alargada do turismo, Alexandre, o Grande (336-323 AC), Zhang Qian (106 AC),
Xuanzang, (629-645 DC), Marco Pólo, (1271-1295) Abu A.M.Ibn Battuta (1325-1354) podem
ser vistos como os viajantes históricos da Antiguidade; a Rota da Seda, e as Rotas
marítimas das Especiarias e da Porcelana, como os primeiros grandes itinerários turísticos
religiosos, científicos, culturais e de negócios, entre os grandes pólos dominantes da
civilização mundial: a Europa, a Índia e a China.
8
Rick Steves in Asia Through the Backdoor, citado por Bodger, D.H. et al. (2004).
49
Cunha (1997: 3,64-67) e Dias (2003: 45-47) referem que o termo turismo nasce
efectivamente no decorrer do século XVIII, quando se tornou hábito, entre os privilegiados
jovens ingleses e mais tarde também entre os americanos, na sua condição de aristocratas
ou ricos, preencher o período de tempo entre a universidade e o início das suas carreiras
com uma extensa viagem pelo continente europeu. Este conjunto de viagens foi então
apelidado de Grand Tour e estendia-se desde apenas alguns meses até alguns anos.
Um dos mais populares destinos era a Itália, pelo seu valioso património de monumentos
românicos, por nela se concentrarem centros de conhecimento de prestígio mundial e por se
tratar de uma sociedade de abastados mercadores que coleccionavam as riquezas do
mundo, adoravam arquitectura e tinham um muito forte sentido de responsabilidade pública.
Um outro país ao qual estes viajantes dedicavam especial atenção era a França que se
destacava por ser um centro do estilo e da sofisticação, atraindo os artistas e onde os
jovens se despiam dos seus rudes hábitos, para se polirem de civilização e boas maneiras
(Cunha, 1997: 3,64-67; Dias, 2003: 45-47).
Um dos mais famosos relatos destas aventuras pela Europa, datado de 1867, é da autoria
9
de Mark Twain que fez uma Tour pela Europa e pelo Mediterrâneo oriental. Patrocinado
pelo jornal Alta California enviava regularmente relatos da suas jornadas que mais tarde
viriam a ser publicados no livro “A inocência no estrangeiro ou Os progressos dos novos
peregrinos”.
A título de curiosidade e como fiel retrato do que realmente era experienciado nestas quase
9
História da Grand Tour desenvolvida por um grupo de estudantes de literatura da Universidade de Michigan, no âmbito do
projecto educativo “A Inglaterra do século XXVIII” do Museu Flagler, Palm Beach, Florida.
50
Em 1822, o The Shorter Oxford English Dictionary apresentou uma das primeiras
conceptualizações de turismo. Nele, turismo é definido como “a teoria e prática de viajar,
viajando por prazer” (Dias, 2002: 27) e em 1910 um economista austríaco, Hermann Von
Schullern zu Schattenhofen (citado por Wahab, 1991: 16 in Dias, 2002: 27) caracterizava o
turismo como o “somatório de operações, principalmente de natureza económica,
directamente relacionadas com a entrada, estada e movimento de estrangeiros dentro e fora
de um certo país, cidade ou região”.
A primeira definição formal de turismo, produzida em 1942, por Hunziker e Krapf, e mais
tarde adoptada pela Association Internationale des Experts Scientifiques du Tourism,
considera o turismo como um “conjunto de relações e fenómenos originados pela
deslocação e permanência de pessoas fora do seu local habitual de residência, desde que
tais deslocações e permanências não sejam utilizadas para o exercício de uma actividade
lucrativa principal, permanente ou temporária” (Cunha, 1997: 8).
Cunha (1997: 8), considera esta definição incompleta por não sublinhar importantes
aspectos sociológicos. Na sua opinião, os sociólogos percepcionam o turista como “o
homem que se desloca para satisfazer a sua curiosidade, o desejo de conhecer, para se
cultivar e evadir, para repousar ou para se divertir num meio diferente do que lhe é habitual”.
51
Defende ainda que “são estes aspectos recreativos, educativos e culturais que levam a
considerar o turismo não apenas como um fenómeno económico mas, antes de tudo, como
um fenómeno social ”.
Mathieson e Wall (1982, citados por Cunha, 1997: 9) apresentam uma perspectiva dinâmica,
considerando o “turismo como fluxo e/ou movimento temporário de pessoas, para destinos
fora dos seus locais normais de trabalho e residência, as actividades realizadas nesse
destino e as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades” e para Kelly (1985,
citado por Williams e Shaw, 2002: 5), “o turismo é recreio em movimento, envolvimento em
actividades longe de casa e em que a viagem é, pelo menos, uma das satisfações
procuradas”.
Jafari (1989: 437, citado por Rodrigues, 2001: 5) propõe uma abordagem sistémica do
turismo que deverá “ser considerado, por um lado, como fenómeno sócio-cultural e por outro
lado como uma indústria, composta por um sistema gerador de turistas e por um sistema
receptor de turistas assente numa relação de total interdependência”. Rodrigues (2001: 4)
apresenta ainda, no contexto das abordagens sistémicas, a definição de Bull (1995: 1) que
analisa o turismo como “fenómeno social, considerado como uma actividade humana, que
envolve, além do comportamento humano, uma utilização de recursos e uma interacção
com outros indivíduos, economias e ambientes”.
Bernecker (1965), citado por Cunha (1997: 9) simplifica a questão definindo turismo como “a
soma das relações e dos serviços que resultam de uma alteração de residência, temporária
e voluntária, não motivada por razões de negócios ou profissionais”.
O turismo tornou-se, a partir dos finais do século XIX, objecto de estudo das ciências
humanas e, citando Rodrigues (2001, 6), “é possível assim inferir que a ideia de produto
científico está intimamente relacionada com a construção de um objecto de estudo”; “é neste
contexto que a economia, a psicologia, a sociologia, a geografia, a história, entre outras
ciências sociais, foram construindo o seu próprio objecto científico da realidade social
estudada. Não significa que a realidade para cada um delas seja diferente. Cada uma
estuda a realidade consoante a sua perspectiva, conferindo uma abordagem
pluridimensional sobre a mesma” Rodrigues (2001: 7).
e Graburn, 1991: 7, citados por Rodrigues, 2001: 7). Nesta visão holística, o turismo é um
fenómeno simultaneamente económico, psicológico, antropológico, cultural e social.
Estes motivos evidenciam a visão do turismo para lá do lazer quando enquadram o turismo
de negócios, de visita a amigos e familiares, de saúde e religioso, conforme realça
Henriques (2003: 25): “de facto, nem todo o turismo pode ser visto como lazer e algumas
definições de turismo incluem viagens de negócios e visitas de estudo”; ”o que evidencia
53
que o turismo se estende para além das fronteiras do tempo livre e penetra nos domínios
dos tempos dos compromissos sociais e dos tempos coercivos do trabalho”.
“O turismo é a actividade humana mais exposta às mudanças que ocorrem na sociedade e
também aquela que melhor as reflecte” (Cunha, 2001: s/p).
A sociedade contemporânea, caracterizada pela globalização económica, pela turbulência
social e pela massificação tecnológica apresenta condições de grande variabilidade e
mutação rápida nos comportamentos e condições sociais.
Os principais factores que influenciam as decisões da procura turística são de natureza,
social, económica, política, tecnológica e ambiental, conforme evidencia o modelo de análise
STEEP, apresentado no relatório Tourism of Tomorrow do European Tourism Research
Institute (Nordin, 2005: 1-99).
No âmbito da análise produzida por este grupo de especialistas, foram indicados como
factores que actualmente mais influenciam a natureza da procura turística os seguintes:
sociais – aumento da esperança de vida, crime e terrorismo, valores, cultura e família e
individualismo; tecnológicos – desenvolvimento e uso das TIC, transportes a baixos custos e
energias alternativas; ambientais – catástrofes ambientais e naturais, aquecimento global do
planeta e risco de pandemias; políticos – ameaça do terrorismo e democratização global;
económicas – preço dos combustíveis e enriquecimento global.
Modelo STEEP
Tecnológicos
Políticos Económicos
54
Estes factores induzem mudanças nas motivações e aspirações dos turistas, perspectivando
um novo perfil para o turista (Cabrini, 2005: 29): independente, experiente, orientado para a
tecnologia, exigente, activo, aberto a outras culturas, sensível ao ambiente e à sociedade,
com consequentes alterações comportamentais.
Antigo Novo
Inexperiente Maduro
Homogéneo Híbrido
Previsível Espontâneo
Luxúria do sol Para lá do sol
Queimar ao Sol Manter a roupa
Rigoroso nas contas Querer ser diferente
Superioridade Aproximação
Escape Extensão da vida
Tabela 2: Comportamento dos turistas ocidentais (Poon, 2001, citado por Nordin, 2005: 47)
A OMT (Cabrini, 2005: 20) prevê, entre 2000 e 2020, como principais os seguintes
segmentos do mercado turístico:
As principais tendências chave para 2005, identificadas pelo English Tourism Council citado
por Nordin (2005: 18), e que espelham também algumas das mais importantes alterações
observadas nos últimos anos são:
55
Recorrendo, mais uma vez, ao European Tourism Expert Group, importa sublinhar que os
Baby Boomers, nascidos entre 1943 e 1960 e a Geração X, nascidos entre 1960 e 1980,
estão especialmente sensíveis e apetentes para as viagens em família nomeadamente
intergeracionais, em clara distinção da Geração Y, nascida entre 1980 e 2000, que se
caracteriza por um grande individualismo, actividade e elevada dependência das
tecnologias. (Nordin, 2005: 26-32).
O relatório Tourism of Tomorrow do European Tourism Research Institute (Nordin, 2005: 26-
32), defende, ainda, que uma das mais fortes tendências nas viagens em família está
relacionada com a escolha de destinos e actividades associadas ao entretenimento e a
56
fantasia. Estas escolhas parecem ser muito motivadas por best-sellers como o Senhor dos
Anéis e as Aventuras do Harry Potter.
É ainda sublinhado que os Tweenies, crianças com idades entre os cinco e os doze anos,
são um importante grupo, embora muitas vezes pouco considerado, e que se confirma hoje
que desempenham um papel dominante na escolha dos destinos de férias da família,
nomeadamente pelo seu uso e domínio da internet na procura e aquisição de informação e
de serviços turísticos on-line, tendo-se tornado os mais informados conselheiros nas viagens
das famílias.
Subscreve-se mesmo a perspectiva de Tribe (1997, citado por Henriques, 2003: 21) que
perante o caleidoscópio conceptual do turismo, avança com o conceito de indisciplina do
turismo. Indisciplina, no sentido em que o estudo do turismo não aceita conter-se dentro de
uma única e bem delimitada disciplina científica, antes convoca um conjunto pluridisciplinar
de áreas científicas para a sua completa análise e caracterização.
57
58
O viajante sempre sofreu melhorias através daquelas que são parte essencial do acto de
viajar: as experiências. Viajar por questões educacionais sempre teve uma longa história.
O turismo educacional não é nada de muito recente, existe há séculos. As suas raízes
históricas estão, normalmente, associadas à Grand Tour, quando a educação era uma das
razões fundamentais para viajar, sendo considerada como parte integrante da educação dos
aristocratas e um estímulo único para os artistas, embora durante os séculos XVIII e XIX,
essa oportunidade fosse apenas um privilégio das elites (CTC, 2001: 6).
A Grand Tour foi importante exactamente porque dava a oportunidade, aos membros activos
das elites das sociedades, de desenvolverem os seus conhecimentos acerca de outras
10
Francis Bacon (1561), citado por Bodger, D.H. et al. (2004).
59
culturas chave no mundo e também de aprenderem uma ou mais línguas. Tudo isto era
importante para o seu desenvolvimento cultural – os dicionários definem cultura como
“desenvolvimento (físico ou mental); desenvolvimento intelectual”. Tornava os cidadãos mais
bem sucedidos nas suas vidas profissionais, pois tinham assim a oportunidade de
compreender as pessoas e as culturas das pessoas com quem necessitavam trabalhar pelo
mundo todo (Bodger, et al. 2004: 1).
Mas uma visão menos fechada e ancorada no Ocidente revela mais longínquas, no tempo e
no espaço, relações entre as viagens e a educação.
Está documentado o papel, que remonta ao século III, AC, dos mosteiros budistas como o
de Abhayagiri, no Sri Lanka, destino de peregrinação de monges orientais e da sua
influência na difusão de conceitos religiosos, artísticos, técnicos e científicos explícitos em
Gandhara, na parte mais ocidental da Índia, em Pala, na Ásia Central e em Gupta, na China
(Voûte, 2000, citado por Voûte, 2005, s/p). Estão datadas do período neolítico, as trocas de
objectos, mercadorias e tecnologias, entre a Mesopotâmia e os territórios da Índia e da
China. Desde tempos ancestrais que as rotas marítimas das especiarias e da porcelana
ligavam o Sudoeste Asiático ao Mar Vermelho.
As caravanas de mercadores da rota da seda nas suas viagens desde o Japão e da China
até Samarkanda, na Ásia Central e desde a Índia até Roma e Bizâncio, estabelecendo-se e
envolvendo-se com as populações locais, transportavam, para além das suas mercadorias,
os conhecimentos de medicina, engenharia, matemática, geografia, astronomia e filosofia,
iniciando a fundação do diálogo civilizacional entre o Leste e o Oeste. Ao longo de dois mil
anos, as cidades oásis da Ásia central testemunharam esta fervilhante troca cultural (Glover,
1998;2000, citado por Voûte, 2005, s/p).
Desde a Antiguidade até á Idade Média, monges e peregrinos viajaram, lado a lado, com os
mercadores, instruindo-os nos segredos do taoismo, budismo, zoroartrismo, judaísmo,
cristianismo, confucionismo e islamismo. As caravanas estabeleciam-se temporariamente
nos mosteiros budistas e cristãos, centros de saber e conhecimento, onde iriam nascer as
primeiras universidades formais, como Nalanda, Oxford e Bolonha. (Voûte, 2000, citado por
Voûte, 2005, s/p).
pessoas de todas as idades têm a oportunidade de participar num largo leque de actividades
de turismo educacional.
Hoje, o termo viagem educacional pode significar qualquer tipo de oportunidade de viagem:
desde as crianças em idade escolar que vão numa viagem de educação para um cruzeiro
no Mediterrâneo com um professor convidado ou um estudante de línguas que estuda no
estrangeiro ou mesmo um curso para adulto cujas áreas de estudo envolvam viagens até
um local ou locais específicos (Bodger, et al. 2004: 1).
Um dos elementos chave dos programas das viagens educacionais relaciona-se com o facto
de se tratar de uma experiência, num determinado destino, com base nos requisitos
educacionais e de aprendizagem. O destino, o itinerário e a contribuição de recursos
humanos especialmente qualificados exigem uma cuidada programação para ser garantida
a plena satisfação das necessidades de aprendizagem.
As viagens educacionais deste tipo apenas começaram realmente a desenvolver-se a partir
da década de 60 do século passado. Inicialmente resumia-se a uma das funções das
instituições de ensino, como por exemplo as actividades extra-curriculares nas
Universidades que recorriam a saídas de campo de disciplinas leccionadas durante os
meses de Inverno e de forma a que os estudantes pudessem experienciar, eles próprios, os
objectos centrais das disciplinas em estudo (Bodger, et al. 2004: 1).
com as oportunidades de viajar por prazer. O turismo educacional oferece uma experiência
socialmente satisfatória, promovendo a auto-valorização.
As pessoas que recorrem às viagens educativas caracterizam-se por terem elevados níveis
de educação, serem adultos financeiramente seguros, abertos e curiosos em relação ao
mundo. São consumidores bem informados e esclarecidos, exigentes da qualidade que
procuram e estão dispostos a pagar por oportunidades de turismo educacional que
respondam às suas necessidades e expectativas.
Muitas destas pessoas estão associadas em grupos com interesses comuns, como
organizações de alumni, sociedades de amigos ou grupos com interesses especiais (CTC,
2001: 11).
Viajar e aprender são actividades complementares. “Juntas podem tornar-se na aliança
perfeita de visitas com valor acrescentado e de oportunidades de descoberta, que podem
ser combinadas” (CTC, 2001: 14).
Os turistas escolhem férias que incluam experiências educativas para terem a oportunidade
de aprender com os especialistas, partilhar os seus próprios conhecimentos, aprender novas
atitudes, usufruindo da autenticidade de experiências únicas em zonas tanto rurais como
urbanas ou mesmo em comunidades remotas.
Rappolo (1996: 91, citado por Carneiro e Malta, 1997: 2) observou que “à medida que os
países se tornam mais dependentes entre si, o seu sucesso, crescimento e prosperidade
económica passará a depender grandemente da capacidade de duas específicas indústrias,
a educação e o turismo – de forma a que criem as necessárias avenidas de suporte aos
intercâmbios internacionais e de educação”.
“Indo mais além, as mudanças, tanto na educação como no turismo, dão origem a
processos de convergência, em que a educação estimula o desenvolvimento do turismo e
62
os modos formais e informais das aprendizagens se tornam numa cada vez mais central
componente da experiência turística” (Carneiro e Malta, 1997: 2).
Ritchie (2003: 18, citado por Carneiro e Malta, 2005: 4) conceptualiza o turismo educacional
como “actividades turísticas desenvolvidas por aqueles que, em férias, pernoitam pelo
menos uma noite e também aqueles que fazem excursões em que a educação e a
aprendizagem são o primeiro ou segundo motivo para participarem nela”.
Mitchell (1998: 176) considera no entanto que “apesar de já se considerar a educação como
uma importante motivação para o turismo, a verdade é que pouco se sabe sobre as
aprendizagens turísticas.”
Exemplos notórios de turismo educacional são os programas de Elderhostel que foram
criados em 1975 por dois grandes visionários – Marty Knowlton and David Bianco.
O conceito de Elderhostel, lançado inicialmente nos Estados Unidos, foi inspirado nos
programas educacionais europeus pensados pelas comunidades locais, grupos de
artesanato e também universidades, explorando o potencial das universidades que
combinavam alojamento e ensino. Os programas Elderhostel são dirigidos a pessoas com
cinquenta e cinco anos ou mais, oferecendo estimulantes programas de aprendizagem com
alojamento confortável e de baixo custo” (Bodger, et al., 2004: 2).
Hoje, os 8 000 programas Elderhostel e a sua extensão Road Scholar, criada em 2004,
recrutam académicos, profissionais e especialistas locais, oferecendo aventuras de
aprendizagem e estendem-se por 90 países envolvendo anualmente cerca de 160 000
turistas, embora tenham deixado de utilizar as infra-estruturas de alojamento das
universidades.
“As viagens de estudo são desde há muito, componentes das práticas escolares, mas as
alterações, que desde a segunda guerra mundial, a vida nas cidades tem vindo a sofrer, (...)
transformou radicalmente o papel dessas viagens de estudo na vida dos mais jovens”
(Nespor, 2001: 1).
63
Nespor conduziu um estudo, entre 1992 e 1994, com alunos de turmas do ensino básico,
em que funcionando como participante, meramente observadora, assistiu e gravou as
reuniões de pais, professores e sessões educativas que decorriam na preparação e no
decorrer de viagens de estudo. “Falei informalmente com os miúdos, entrevistei-os
individualmente e em grupo, durante os almoços com eles, e, com os da 4ª classe, ajudei
vários nas suas pesquisas individuais”; “a minha participação nas viagens de estudo iniciou-
se quando um professor me convidou a acompanhá-los (...), no processo de ver um lado
diferente dos miúdos” (Nespor, 2000: 29).
“As viagens de estudo permitem aos jovens que socializem fora dos espaços da escola (e
também nas longas viagens de autocarro entre os diferentes locais que visitam) e permite-
lhes ainda levarem para casa pequenas partes dos espaços visitados para mostrarem aos
amigos ou aos pais, coleccionando símbolos que têm habitualmente a forma de fotografias,
postais ou recordações (Urry, 1992) o que também lhes permitirá simplesmente reviver a
experiência, sempre que quiserem” (Nespor, 2001: 30).
“É muito provável, tal como McLaughlin et al (1994: 107) sugerem, que uma significativa
oportunidade a que os jovens dos meios urbanos aspiram, é a libertação das fronteiras
impostas pelo seu isolamento, imaginar e experienciar coisas nunca antes vistas ou
imagináveis“ (Nespor, 2001: 39).
Entre outros aspectos, a compreensão sobre as aprendizagens turísticas poderá dar novas
pistas para as genuínas razões pelas quais as pessoas viajam.
“Parece irrefutável que a educação se tornará na motivação líder do século XXI. O conceito
de educação está embebido no desejo de experienciar a história, a cultura e as belezas
naturais dos países de destino” (Mitchell, 1998: 176).
São várias as teorias motivacionais relevantes para a educação através do turismo. Mayo e
Jarvis (1981: 156) sugerem que viajar pode satisfazer as necessidades intelectuais, i.e. a
necessidade de aprender e perceber, em coerência com os conceitos de Maslow (1943:
370-396).
É um meio de preencher a necessidade de conhecimento, permitindo-nos recolher factos
sobre o mundo à nossa volta, de uma forma que nem os livros nem as revistas podem. Ler
apenas sobre o mundo, não é suficiente. Temos forçosamente que o ver por nós próprios”
(Mitchell, 1998: 177).
64
De acordo com Iso-Ahola, (1983: 50-51 citado por, Mitchell, 1998: 177), as pessoas
procuram recompensas e ganhos psicológicos (intrínsecos) quando decidem envolver-se e
comprometer-se com actividades de lazer.
Confirmam-se dinâmicas para uma cultura de educação ao longo da vida, como chave que
dará acesso ao século XXI, adoptando os quatro grandes pilares: aprender a saber,
aprender a fazer, aprender a viver em conjunto e aprender a ser (Unesco, 1996).
Quando emergem as crianças como agentes sociais, com voz e cultura próprias, é
determinante não esquecer que as suas necessidades, apetências e motivações são
marcadas pelos eixos mais relevantes da ludicidade e da interactividade, perspectivando-se
a necessidade de os ter em conta, nos caminhos para a nova educação.
A visão humanista da educação obriga a centrar a atenção no desenvolvimento humano,
respeitando a individualidade, diversificando os percursos de aprendizagem, estimulando a
criatividade, a auto-estima e o afecto. Os processos educativos terão que passar para lá da
escola, fazer parte de um compromisso permanente de toda a sociedade.
O lazer é cada vez mais percepcionado como meio de satisfazer novas necessidades da
personalidade em todos os níveis culturais, observando-se o decréscimo dos valores do
trabalho no sentido clássico e a expansão dos valores do lazer, especialmente entre a
juventude.
65
Confirma-se a educação como motivação líder do século XXI e que de mãos dadas com o
turismo, quais peregrinos e mercadores de há mil anos, irão juntos contribuir decisivamente
para o diálogo global da humanidade, se forem capazes de inovar e construir um novo
turismo: o turismo educacional, baseado na autodeterminação, no sentimento de auto
valorização, na exploração, no desafio, na aprendizagem e na descontracção …mas
sobretudo se souberem respeitar o caminho da aspiração histórica da pessoa à expressão
de si mesma, que as crianças, na sua cultura própria, reclamam simplesmente com um
…Posso ir brincar?
66
À produção intelectual, desde a Grécia clássica até ao museu de Alexandria, não é estranha
a inspiração e o legado científico e cultural produzido pelos assírios, caldeus e egípcios que,
8.000 anos A.C., souberam transmitir na forma escrita, mais tarde reinventada pelos fenícios
na forma do alfabeto fonético, a matriz da escrita grega, cirílica e romana.
11
Aristóteles, citado por Gambra (1968: 23).
67
No Egipto, cerca de 300 A.C., Euclides instala a sua escola de geometria em Alexandria que
se torna o maior centro do conhecimento e da experimentação científica, da matemática, da
mecânica e da astronomia e de onde emergem, até aos dias de hoje, a física de Arquimedes
e a astronomia de Ptolomeu.
A biblioteca de Alexandria contava com mais de 700 000 obras do repositório da sabedoria
grega, egípcia, judaica, oriental e cristã, acumulada ao longo de séculos de civilização e o
museu de Alexandria, constituiu-se, durante séculos, não só como o maior pólo de
aprendizagem da humanidade, mas também o mais importante centro de miscigenação
civilizacional de árabes, europeus e orientais (Cubberley, 1920: 32).
O império romano vai beber à cultura grega as suas maiores marcas e os jovens tribunos
romanos viajavam para a Grécia e para Alexandria para completarem a sua educação. O
Estado Romano institui em Roma a educação superior, baseada no latim e no grego, para a
aprendizagem das leis, da gramática, da retórica, da matemática, da medicina, da
astronomia e da mecânica. Aos romanos, com a unificação do Império, se deve a imposição
e o legado de um corpo cultural comum de práticas, de moeda, de leis e de língua, o que vai
facilitar a rápida expansão do cristianismo (Cubberley, 1920: 42).
Na Europa e durante a baixa Idade Média até ao séc. XII, a educação foi tutelada pela Igreja
Cristã, hermética e limitada pelos textos religiosos e pelo latim, fechada nas catedrais e nos
mosteiros e dirigida ao clero e muito limitadamente aos nobres.
69
Com o fim dos impérios unificados na Europa, as nações europeias caminharam, durante
muitos séculos, para a separação cultural e para a afirmação da sua identidade própria.
Com o movimento da Reforma e a separação das Igrejas católica e luterana, no séc. XVI,
com a invenção europeia da imprensa, por Guttenberg, em 1440, e consequente expansão
da produção bibliográfica, as línguas nativas e vernáculas foram progressivamente
substituindo o latim e o grego, línguas francas nas universidades da Idade Média.
As universidades passam a aliar-se aos poderes políticos ou à Igreja e a ciência passa a
desenvolver-se à margem das universidades.
70
71
Em 1327, o noviço beneditino alemão, Adso de Melk, que viajava na Toscânia, por ócio e
por desejo de aprender, acompanhando o seu mestre franciscano inglês Guilherme de
Baskerville (discípulo, ele próprio, de Grosseteste de Oxford e de Guilherme de Occam),
ouvia dele, que “um bom cristão pode aprender às vezes até com os infiéis” e que aos
franciscanos ingleses, Roger Bacon, (1214-1294), Doutor Admirabilis, teria ensinado que “o
plano divino passaria um dia para a ciência das máquinas” e que “um dia, pela força da
natureza poder-se-ão fazer instrumentos de navegação …e haverá carros …e
pequeníssimos instrumentos que levantem pesos enormes e veículos que permitam viajar
pelo fundo do mar”(Eco, 1980: 17,19-21).
“Não era luxúria a sede de conhecimento de Roger Bacon, que queria empregar as ciências
para fazer feliz o povo de Deus e portanto não procurava o saber pelo saber” (Eco, 1980:
389).
72
73
74
Theoria, Poiesis, Praxis, estas insígnias foram “inscritas num livro aberto, estilizado: o livro
expressa a defesa da sabedoria, nas vertentes ensino e investigação; as palavras gregas
representam a dimensão actual da investigação teórica, tecnológica, artística e humanística;
a esfera armilar simboliza a universalidade do saber” (Estatutos da U.A., 1989 citado por
Amorim, 2001:12).
As fontes desta análise foram o livro de Inês Amorim, História da Universidade de Aveiro – A
construção de memórias: 1973-2000, os resumos históricos dos serviços de documentação,
a informação publicada no site institucional da Universidade de Aveiro e ainda o documento
“Da Universidade única à multiplicidade de universidades no século XXI, disponibilizado pelo
portal nacional dos Universitários – Universia.pt: As Universidades em Portugal: história,
organização e problemas.
Tendo sido criada num contexto histórico – político particular, na véspera da maior marca da
história contemporânea de Portugal, o 25 de Abril de 1974, a Universidade de Aveiro
também faz parte da mudança desejada para o sistema universitário português, que antes
se confinava às universidades clássicas de Lisboa, Porto e Coimbra.
12
Pombo, O. (1999), Regresso ao Futuro, Conferência “Da ideia da Universidade à Universidade de ideias”.
75
É então que na República, corria o ano de 1911, voltaram a surgir duas novas
Universidades em Lisboa e no Porto sendo que em 1930 nasce a Universidade Técnica de
Lisboa e somente nos anos sessenta são criadas duas Universidades no Ultramar (Luanda
e Lourenço Marques). “As Universidades criadas com a República anunciavam-se já como a
solução aos problemas da vida nacional, assumindo-se como verdadeiros centros de
investigação científica e tecnológica” (Amorim, 2001: 19).
13
O compromisso baseava-se na oferta da UA de um bacharelato em Telecomunicações em troca da cedência temporária de
edifícios dos CTT e apetrechamento dos laboratórios por parte dos CTT.
76
ministrar. Neste sentido, é possível perceber desde logo, a aspiração ao salto entre a visão
da ciência como mera ferramenta, à visão da ciência como uma forma integrada de estar,
trabalhar, ver e viver o mundo.
Segundo Inês Amorim (2001: 81), quando analisa a orientação para a ciência no capítulo:
Da ciência técnica à ciência cultura: cozinheiros-chefe e cientistas, a UA surge desde a sua
fundação, como defensora da ciência cultura, “Este breve percurso, (...) deverá ainda
equacionar o relacionamento surgido, com particular ênfase desde o pós-guerra, entre a
radicalização da tecnologia, o racionalismo científico e a ciência como cultura, no âmbito da
missão da Universidade. O seu difícil equilíbrio aponta já para a possibilidade de uma
Universidade que procure a recuperação da noção de cultura, transcendendo o objectivo
estritamente técnico-funcional. Tal perspectiva emerge de um belíssimo texto intitulado:
Procedimentos experimentais: sobre cozinheiros-chefe e cientistas (Sousa, 1992: 91-102)
que entre múltiplos aspectos denuncia: os jovens cientistas estão mais ensinados para
terem empregos do que para conjecturar ou questionar, (…) são empregados por indústrias
que os tratam como se fossem cozinheiros-chefe, (…) de forma a produzir pratos que
agradem os seus clientes, e que por isso serão vendidos por largas somas de dinheiro.
A questão colocada é profunda – a da necessidade de equilíbrio numa educação científica
de forma a ultrapassar a imagem frequente de um monólogo discursivo, que ignore
fenómenos e práticas socialmente correntes, em benefício de situações puras e
estereotipadas (Gago, 1992: 40). “
Esta visão sobre a ciência indicia já muito claramente uma opção pela “ciência como cultura
e não apenas como um conjunto de saberes especializados”; “o que de mais nobre a ciência
pode oferecer à cultura não é ganhar dinheiro, nem guerras, o que de mais nobre a ciência
pode oferecer não difere muito daquilo que a Filosofia e a Arte podem oferecer: o direito de
duvidar, o direito de pesquisar interiormente uma existência de novos mundos visíveis do
exterior” (Sousa, 1992: 100 citado por Amorim, 2001: 81).
77
Assim, os parâmetros de decisão para as opções curriculares iniciais prendiam-se com “as
exigências da qualidade de vida da comunidade nos múltiplos aspectos do progresso
integral e correlativas perspectivas de emprego; o nível de procura por parte dos estudantes;
o grau de insuficiência doutras escolas em domínios idênticos ou afins; as eventuais
relações de semelhança com outros cursos; o seu grau de exequibilidade” (Amorim, 2001:
91).
Neste enquadramento conceptual e correspondendo ao compromisso entre o Ministério de
Educação Nacional e os C.T.T., o primeiro curso aprovado nesta Universidade, foi o de
Electrónica e Telecomunicações. Respondendo às necessidades de uma multiplicidade de
78
empresas da região que se dedicavam e ainda se dedicam a este sector industrial, o curso
de Cerâmica e Vidro é mais uma das primeiras evidências do consciente contributo da
Universidade para o desenvolvimento regional e da sua preocupação com os níveis de
empregabilidade.
Analisando a evolução da infra estrutura física da UA, confirma-se que a UA começou por se
instalar provisoriamente, a partir de 15 de Dezembro de 1973, num edifício cedido pelo
Centro de Estudos e Telecomunicações (C.E.T.), entidade responsável pelos processos de
investigação no seio dos C.T.T. e cujas instalações se localizavam na rua Mário
Sacramento.
79
uma instalação definitiva. Foi neste cenário que se tornou premente a concepção de um
Plano Geral (PG) para estruturar o futuro espaço da Universidade.
. H
A
.
CIFP . .
E
C
. . T
Legenda:
A: Artes
C: Ciências
CIFP: C.I. Formação de professores
E: Economia, C. do trabalho
H: Humanidades
T: Tecnologias
Diagrama 5: Plano Geral: relações interdepartamentais, Amorim (2001: 41)
Em Março de 1975, os Serviços Técnicos da UA, lançam dois inquéritos internos sob o
mesmo título: Inquéritos para a preparação de um pré-programa das futuras instalações
desta Universidade, procurando auscultar as necessidades da docência e da investigação e
programando uma oportunidade única de ultrapassar o esquema tradicional de arquitectura
universitária.
Em 1978 é iniciada mais uma etapa diferenciadora na história desta instituição ao fazer-se
uma opção pelo formato dos Campus anglo-saxónico, formato este “que teve as suas raízes
em Oxford e Cambridge” (Amorim, 2001: 18) sendo então nele concentrados, os diferentes
departamentos, correspondendo a uma única área geográfica, com claras fronteiras da
cidade e do seu centro urbano. A mais marcante opção do PG prendeu-se com “a divisão, à
época, da estrutura orgânica da Universidade em cinco grandes áreas de estudo” (Amorim,
2001: 40).
O Plano Geral da UA foi orientado pela Universidade de Arquitectura do Porto, tendo nele
ficado determinado “nas palavras do seu coordenador, arquitecto Nuno Portas substituir a
80
Se a história de uma instituição pode ser lida na sua infra-estrutura física, ela é sobretudo
marcada pela infra-estrutura humana: as pessoas que a sonharam, projectaram e
construíram.
14
Entrevista de Victor Gil para O Litoral, Diário de Aveiro, 12.12.98
81
PROVEDOR UNIVERSITÁRIO
REITORA
VICE-REITORES
Gabinete do Reitor
ADMINISTRADOR
ADMINISTRADOR PARA A ACÇÃO
SOCIAL
Estudos, planeamento e
prospectivas
Assessoria jurídica
82
83
secundária, não superior, que têm como objectivo promover um percurso formativo que
permita a obtenção de qualificação profissional.
Pela sua vocação para a ligação do ensino e da investigação com o meio empresarial e com
a comunidade em geral, a UA ocupa um papel de destaque no progresso científico,
tecnológico e artístico, destacando-se na direcção destas intervenções a Fundação João
Jacinto Magalhães e a GrupUnave.
84
Os exemplos do carácter inovador da UA não são de agora. Nos anos 80, investigadores da
UA desenvolveram os primeiros estudos de construção de um forno microondas para a
multinacional TEKA. Desde então a UA tem continuado a apostar em projectos de
investigação e desenvolvimento em áreas de grande impacto científico, tecnológico e
socioeconómico, como a robótica e a inteligência artificial, a telemedicina, os telemóveis de
4.ª geração, a genética, a protecção ambiental e o ordenamento do território, o
desenvolvimento de novos materiais e o ensino à distância, para referir apenas alguns
exemplos.
O campus é uma mini-cidade, com os seus espaços naturais e os cerca de 40 edifícios que
o compõem: edifícios de ensino e de investigação, edifícios de apoio administrativo e
técnico, residências, cantinas, bares e restaurantes, pista de atletismo, pavilhão
polidesportivo, lavandarias, correios, banco, loja da Universidade, bibliotecas, livrarias,
centro de cópias, salas para espectáculos e conferências, galerias para exposições, jardim
infantil e creche. Aqui encontram-se reunidas num único espaço todas as infra-estruturas de
estudo, de investigação, de apoio, culturais, desportivas e de lazer, oferecendo condições
únicas a todos quantos fazem parte da comunidade académica.
85
86
Oferta de Actividades
PmatE Pratica
Pedagógica
Semana da
Ciência e Olimpíadas
Tecnologia Química
Fábrica da Biologia no
Ciência Verão
Visitas
Guiadas Geologia no
Verão
Cursix.Estga
Actividades
do DECA
Baseado na análise
da tipologia da oferta de actividades da UA)
88
30.199
30.000
25.000
Nº de participantes
20.000
15.000
10.428
10.000 8.743
6.237 6.338
5.000
89
Universidade de Aveiro
18.000
17.421
16.000
14.000
Nº de participantes
12.000
9.608
10.000
8.000
7.534
6.130
6.000
4.000
2.000
21.252
22.500
20.000 17.421
Nº de participantes
17.500
15.000
12.500 9.609
10.000 7.534
6.130
7.500
5.000
2.500
0
2001 2002 2003 2004 2005
90
actividades oferecidas pela UA, adoptou-se uma grelha de classificação baseada nos
grupos etários associados à infância, de acordo com a segmentação etária da infância
apresentada no Capítulo 1 deste trabalho. Esta segmentação etária permite estabelecer
uma correlação coerente com as idades médias associadas aos ciclos de educação: (0-4) +
(4 - 6 anos) = Pré-escolar; (7-10 anos) = 1º Ciclo; (10-14 anos) = 2º e 3º Ciclos; (15-17 anos)
= Secundário.
Assim a recolha de dados, conforme Anexo 2, permitiu agregar registos de tipo escolar,
quando organizadas pelas escolas ou pelos professores e de tipo não escolar, quando
organizadas pela família ou independentes e ainda sem qualquer classificação, quando não
evidenciam a natureza da organização e iniciativa da visita.
Sintetizando, os registos de participação nas actividades oferecidas pela UA foram
classificados:
Quanto à natureza da organização da visita, em três segmentos: escolar; não
escolar; não classificado.
Quanto à idade dos participantes, em quatro grupos etários: pré-escolar; 1º ciclo; 2º
e 3º ciclos; secundário.
2001 834 11,1% 0 0,0% 105 1,4% 849 11,3% 2.274 30,2% 3.359 44,6% 113 1,5% 7.534
2002 373 6,1% 0 0,0% 63 1,0% 353 5,8% 2.416 39,4% 2.204 36,0% 721 11,8% 6.130
2003 687 7,2% 0 0,0% 524 5,5% 867 9,0% 3.056 31,8% 2.546 26,5% 1.928 20,1% 9.608
2004 2.215 12,7% 199 1,1% 865 5,0% 1.572 9,0% 6.442 37,0% 4.315 24,8% 1.813 10,4% 17.421
2005 1.831 8,6% 0 0,0% 668 3,1% 5.704 26,8% 7.298 34,3% 3.988 18,8% 1.763 8,3% 21.252
Totais 5.940 9,6% 199 0,3% 2.225 3,6% 9.345 15,1% 21.486 34,7% 16.412 26,5% 6.338 10,2% 61.945
Na análise dos dados recolhidos, conforme tabela 5, confirmou-se que as visitas conduzidas
91
Universidade de Aveiro
Escolar
49.250
80%
Não classificado
6.338
10%
Não escolar
6.139
10%
Cerca de 80% das crianças que se deslocam UA, fazem-no maioritariamente integradas nas
iniciativas promovidas pelos seus professores e pelas suas escolas, confirmando a forte
ligação à rede educativa, que a UA soube consolidar e fortificar com a oferta destas
actividades.
Como se evidencia na tabela 5 e no gráfico 4, 20% das visitas não estão associados a
qualquer idade ou ciclo de educação, estando 10% classificadas como não escolares e as
restantes 10%, num total de 6.338 visitas, não evidenciam qualquer classificação
relativamente à idade dos visitantes nem sobre a natureza da iniciativa e organização da
viagem.
O público infantil que participa nas actividades propostas pela UA distribui-se por todos os
grupos etários em análise, como se observa no gráfico 5.
92
Universidade de Aveiro
Secundário
16.412
33%
Nas iniciativas da UA foi possível recolher dados sobre a origem geográfica para 24.727
participantes. Associando o concelho de origem às NUT III, como se evidencia no mapa 1,
verifica-se que o maior peso de participação é originado no litoral, e com maior incidência
nas NUT III vizinhas da NUT do Baixo Vouga, onde se situa a UA.
93
4.000 3.726
3.509
3.500
3.000
Nº de participantes
2.500
2.000 1.744
1.500 1.251
1.000
500
198
0
“Este programa nasceu em 1989 como um desafio para a criação de um sistema informático de apoio à avaliação em
disciplinas do ensino superior com grande número de alunos.
A insuficiência dos meios informáticos levou, em boa hora, a uma experiência com os alunos do 7º ano da Escola Secundária
Nº1 de Aveiro seguindo a filosofia entretanto definida. Assim nasceu o que se tornou no ex-libris do Projecto – a competição
matemática EQUAmat.
Mais tarde o PmatE cresceu, expandiu-se para outros graus de ensino – do 3º ciclo (EQUAmat) ao secundário (mat12) ao 1º
ciclo (3º e 4º anos - MINImat) e finalmente ao 2º ciclo (MAISmat), este último em fase avançada de arranque”.
O Fundador do PmatE
Professor Doutor João David Vieira
adesão, conforme Anexo 2, sendo a vertente EQUAmat, dirigida ao 3º ciclo, aquela que,
apesar de estar em curso há mais anos, mantém um crescimento permanente e continuado.
PmatE: EQUAmat, mat12 e MINImat
3.718
4.000 3.505
3.500
3.000
Nº de participantes
2.500
1.744
2.000
1.251
1.500
1.000
198
500
0
2001 2002 2003 2004 2005
Secundário
520
13%
Pela sua natureza e desenvolvendo-se a partir das escolas, o PmatE obtém 100% do seu
público nas escolas e as visitas que lhe estão associadas são organizadas pelos seus
professores.
95
1.000 participantes
2001
2002
2003
2004
Escala
1: 8.000.000 2005
Mapa 2: PmatE - Distribuição e evolução anual da participação por origem (NUT II)
Confirma-se que a adesão ao PmatE se verifica fortemente a partir das regiões Centro e
Norte do país, que representam mais de 97% da participação, conforme Anexo 3 e o mapa 2
evidencia.
Este factor é tanto mais relevante quanto põe em causa a potencial visão de que as
tecnologias de informação e comunicação, em que se baseia a adesão ao PmatE, poderiam
induzir uma participação mais alargada e homogénea no país.
96
PmatE
Evolução da participação por NUT II
2001-2005
3.718
4.000
3.505
3.500
Nº de participantes
3.000
2.500
2.000 1.744
1.251
1.500
1.000
500 198
0
2001 2002 2003 2004 2005
Algarve 0 0 14 18 52
Alentejo 2 0 0 28 12
Lisboa e VT 4 0 38 110 76
Centro 132 834 980 2.003 2.008
Norte 60 417 712 1.346 1.570
Uma análise mais fina por NUTIII permite ainda evidenciar o efeito da proximidade
geográfica na participação das crianças no PmatE, embora se confirmem algumas NUT III
do interior da Região Centro com muito baixa participação.
97
A Semana da Ciência e Tecnologia é uma iniciativa nacional, que ocorre todos os anos, em
Novembro, envolvendo instituições científicas, universidades, escolas, associações e
museus que abrem as portas para dar a conhecer as actividades que desenvolvem, através
de um contacto directo com o público.
10.000
9.000 8.273
8.000
6.832
7.000
Nº de participantes
5.936
6.000
5.000
5.000
4.158
4.000
3.000
2.000
1.000
Esta iniciativa, no período em análise, tem a responsabilidade por 30.199 visitas à UA.
Ao longo de uma semana, a Universidade promove um vasto conjunto de actividades para
divulgar e promover a cultura científica junto da população em geral e sobretudo junto da
juventude, conforme aconteceu em Novembro de 2005 e se evidencia nos Anexos 4 e 8.
Escolar
26.200
87%
Não escolar
3.999
13%
1.º Ciclo
2.467
25%
Secundário
3.945
39%
Gráfico 12: Semana da Ciência e Tecnologia - Distribuição do segmento escolar por grupo etário
99
relevante de públicos infantis em todos os grupos etários, conforme se expõe no gráfico 12,
mas merece especial destaque o peso do grupo das crianças do ensino pré-escolar, que
representa 8% do seu público infantil.
Escala
1: 8.000.000
Mapa 4: Semana da Ciência e Tecnologia – Distribuição da participação por origem (NUT III)
A origem geográfica das crianças que participam na Semana da Ciência e Tecnologia, como
se observa no mapa 4, apresenta os maiores pesos nas NUTIII do Norte e Centro do País.
No entanto a adesão originada nas NUT III do interior parece ser mais relevante do que se
verifica para outras iniciativas.
100
Fábrica da Ciência
4.500
4.000
3.500
Nº de participantes
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000 653
500
NA NA NA
0
A Fábrica representa já hoje uma das referências na oferta de uma intensa e estimulante
programação de actividades para as crianças e para as suas famílias e é responsável por
6.237 crianças visitantes.
101
Fábrica da Ciência
Escolar
5.806
93%
Não escolar
431
7%
No entanto, confirma-se através do gráfico 14, que a participação das crianças nas
iniciativas da Fábrica da Ciência é maioritariamente do segmento escolar, deixando evidente
a influência das escolas e dos professores na organização das visitas.
O público não escolar representa 7% da participação, mas o segmento familiar é apenas
3%, o que evidencia que as actividades para a infância promovidas pela Fábrica da Ciência,
apesar do seu impacto socio-cultural, ainda estão longe de sensibilizar as famílias.
Fábrica da Ciência
Gráfico 15: Fábrica da Ciência - Distribuição do segmento escolar por grupo etário
Apenas são relevantes dois grupos etários: o 1º ciclo, com o maior peso (63%), seguido dos
2º e 3º ciclos, com 37%. Não é expressiva a adesão das crianças do pré-escolar nem do
secundário.
A Fábrica da Ciência destaca-se, no universo das actividades oferecidas pela UA, pela
capacidade de atrair as crianças do 1º ciclo.
103
A prática das Visitas Guiadas à UA faz parte do percurso pedagógico de muitas escolas e
professores, atingindo nos anos 2001, 2004 e 2005 um total de 8.743 visitas registadas.
A abordagem que se faz está limitada pela impossibilidade de aceder aos registos
associados aos anos 2002 e 2003.
Visitas Guiadas
4.000
3.500
3.347
3.173
3.000
Nº de participantes
2.500 2.223
2.000
1.500
1.000
500
ND ND
0
Constata-se, mais uma vez e como nas restantes actividades, a influência das escolas e dos
professores na promoção das Visitas Guiadas à UA, representando cerca de 80% do total
destas visitas, conforme se verifica no gráfico 18.
Visitas Guiadas
Escolar
7.044
81%
Não escolar
1.699
19%
104
As visitas não escolares, são do tipo independente, sendo inexistentes as visitas por
iniciativa das famílias, o que é justificável se considerarmos a natureza das actividades
associadas às Visitas Guiadas naturalmente organizadas por grupo e com objectivos
pedagógicos normalmente negociados entre a escola e a Universidade através dos seus
departamentos, institutos ou centros de investigação.
A distribuição por grupos etários, conforme gráfico 18, evidencia as particularidades destas
Visitas Guiadas. Assim o grupo etário com maior peso (57%) é o secundário e a totalidade
do pré-escolar e 1º ciclo representam apenas 10%.
Visitas Guiadas
Secundário
2.882
57%
1.º Ciclo
464
9%
Pré-escolar
26
1%
Gráfico 18: Visitas Guiadas - Distribuição do segmento escolar por grupo etário
105
Outras Actividades
1.928
2.000 1.813
1.763
1.750
1.500
Nº de participantes
1.250
1.000
721
750
500
250 113
No entanto algumas destas iniciativas ocorrem há muitos anos por iniciativa directa das
estruturas pedagógicas e científicas da UA, tendo ganho a adesão continuada das escolas,
listando-se algumas das suas actividades no Anexo 6.
106
Conclusões
"" Ó
Ó ssttôôrraa,, ppooddeem
mooss vvoollttaarr aa bbrriinnccaarr nnaa U
UAA??""
107
108
Apesar da Convenção dos Direitos da Criança ter sido promulgada há dezassete anos pela
ONU, as práticas dos governos e da sociedade estão longe de respeitar os direitos, formal e
universalmente, reconhecidos às crianças.
Os papéis que as crianças têm desempenhado na sociedade têm sido limitados pelo poder
dos adultos e das instituições que estes criaram para as controlar e continuará a sê-lo
enquanto estes não considerarem as crianças, como agentes sociais com direitos próprios,
nomeadamente o direito a serem ouvidas, participando nas decisões que as afectam. Esta
realidade é ainda mais notória nas sociedades desenvolvidas e globalizadas onde as
práticas de controlo estão mais institucionalizadas.
109
Parece haver na civilização ocidental uma trajectória sócio-cultural que reforça a ideia do
lazer numa perspectiva holística, considerando-o como elemento central da vida quotidiana
e a integração de múltiplas formas de lazer na vida profissional, familiar e institucional, como
factor incontornável para o exercício da criatividade em liberdade e para a auto-satisfação
individual e social.
110
Confirmam-se dinâmicas para uma cultura de educação ao longo da vida, como chave que
dará acesso ao século XXI, adoptando os quatro grandes pilares: aprender a saber,
aprender a fazer, aprender a viver em conjunto e aprender a ser (Unesco, 1996).
Confirma-se a educação como motivação líder do século XXI e que de mãos dadas com o
turismo, quais peregrinos e mercadores de há mil anos, irão juntos contribuir decisivamente
para o diálogo global da humanidade, se forem capazes de inovar e construir um novo
turismo: o turismo educacional, baseado na autodeterminação, no sentimento de auto
valorização, na exploração, no desafio, na aprendizagem e na descontracção…mas,
sobretudo, se souberem respeitar o caminho da aspiração histórica da pessoa à expressão
de si mesma, que as crianças, na sua cultura própria, reclamam simplesmente com um
…Posso ir brincar?
111
Mas, pela sua matriz humana de cooperação e inclusão universalista, a UA tem condições
para ir mais longe e considerar as crianças, como agentes sociais com direitos próprios,
nomeadamente o direito a serem ouvidas, participando nas decisões que as afectam. A UA
pode abrir às crianças a oportunidade para falarem sobre as actividades que organiza e
promover a sua contribuição para o planeamento das iniciativas para a infância.
A perspectiva holística de lazer e a confirmação da educação como motivação líder do
século XXI, permite perceber a UA como um pólo de atracção, regional e mesmo nacional,
para o turismo educacional, onde se exercita a transição da educação formal e institucional
para a educação baseada na criatividade e na descoberta, respeitando a cultura própria das
crianças.
A fidelização deste público apresenta sinais de impacte na procura de formação superior,
inscrevendo a UA na memória das crianças como estimulante referência de qualidade e
prazer na aprendizagem.
112
Neste Projecto Final de Curso reconhecem-se amplas áreas de estudo que ficaram por
explorar e caminhos de investigação que só o calendário e o tempo formal impediu de
percorrer.
A abordagem ao turismo educacional poderia ainda abrir áreas de estudo associadas à
educação formal, à classificação mais detalhada das condições físicas e logísticas que exige
e à tipologia de tempos e espaços próprios.
Considera-se, no entanto, que o trabalho desenvolvido, tendo sido um desafio pela abertura
de novas áreas de conhecimento, foi também uma grande oportunidade de aprendizagem e
de conjugação das técnicas e competências adquiridas ao longo da licenciatura em Gestão
e Planeamento em Turismo.
113
114
Anexos
115
116
Lista de Anexos
117
118
119
120
Não
Não Escolar Escolar
Classificado
Pré- 1.º 2 e 3.º
Actividades Independente Familiar Secundário
escolar Ciclo Ciclos
PmatE 0 0 0 0 198 0
S Ciência Tecnologia 834 0 105 583 1274 2204 0
Fábrica da Ciência NA NA NA NA NA NA NA
Visitas Guiadas 0 0 0 266 802 1155 0
Outras Actividades 0 0 0 0 0 0 113
Totais 834 0 105 849 2274 3359 113
Não
Não Escolar Escolar
Classificado
Pré- 1.º 2 e 3.º
Actividades Independente Familiar Secundário
escolar Ciclo Ciclos
PmatE 0 1235 16 0
S Ciência Tecnologia 373 63 353 1181 2188 0
Fábrica da Ciência NA NA NA NA NA NA NA
Visitas Guiadas ND ND ND ND ND ND ND
Outras Actividades 0 0 0 0 0 0 721
Totais 373 0 63 353 2416 2204 721
Não
Não Escolar Escolar
Classificado
Pré- 1.º 2 e 3.º
Actividades Independente Familiar Secundário
escolar Ciclo Ciclos
PmatE 1550 194 0
S Ciência Tecnologia 687 524 867 1506 2352 0
Fábrica da Ciência NA NA NA NA NA NA NA
Visitas Guiadas ND ND ND ND ND ND ND
Outras Actividades 0 0 0 0 0 0 1928
Totais 687 0 524 867 3056 2546 1928
121
Não
Não Escolar Escolar
Classificado
Pré- 1.º 2.º e 3.º
Actividades Independente Familiar Secundário
escolar Ciclo Ciclos
PmatE 2 0 0 298 2925 284 0
S Ciência Tecnologia 1034 0 865 1002 2379 2993 0
Fábrica da Ciência 0 199 0 0 454 0 0
Visitas Guiadas 1179 0 0 272 684 1038 0
Outras Actividades 0 0 0 0 0 0 1813
Totais 2215 199 865 1572 6442 4315 1813
Não
Não Escolar Escolar
Classificado
Pré- 1.º 2.º e 3.º
Actividades Independente Familiar Secundário
escolar Ciclo Ciclos
PmatE 8 0 0 270 2928 520 0
S Ciência Tecnologia 1071 0 642 1884 1494 1741 0
Fábrica da Ciência 232 0 0 3352 2000 0 0
Visitas Guiadas 520 0 26 198 876 1727 0
Outras Actividades 0 0 0 0 0 0 1763
Totais 1831 0 668 5704 7298 3988 1763
Não
Não Escolar Escolar
Classificado
Pré- 1.º 2.º e 3.º
Actividades Independente Familiar Secundário
escolar Ciclo Ciclos
PmatE 10 0 0 568 8836 1014 0
S Ciência Tecnologia 3999 0 2199 4689 7834 11478 0
Fábrica da Ciência 232 199 0 3352 2454 0 0
Visitas Guiadas 1699 0 26 736 2362 3920 0
Outras Actividades 0 0 0 0 0 0 6338
Totais 5940 199 2225 9345 21486 16412 6338
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
Plani-paper 21 a 27-11-05
133
Esta iniciativa pretende introduzir a Simulação Numérica. Introdução ao “Industrial Code”. Pretende-se que o
público resolva com estes códigos alguns dos problemas técnicos apresentados na altura.
134
Traz uma amostra de água de um poço/furo e analisa a sua qualidade Os participantes são convidados a
trazer e caracterizar amostras de água (2L) de poços ou outras captações privadas, mediante alguns
parâmetros físico-químicos com vista a uma utilização doméstica. Após uma breve explicação do parâmetro a
determinar, do método experimental a utilizar e da legislação em vigor, os participantes realizarão os testes.
Os resultados serão comparados com os valores das normas legais e serão igualmente identificados outros
parâmetros, de modo a identificar as possíveis utilizações/destinos a dar à água dessa captação. Esta
actividade permitirá um contacto directo com métodos experimentais relativamente simples de caracterização
de uma água e a consulta e interpretação de legislação.
Os sistemas de comunicação ópticos têm vindo a conhecer uma evolução constante, estando presentes na
quase totalidade dos sistemas de telecomunicações actuais. Breve apresentação dos sistemas de
comunicação ópticos, seguindo-se a utilização pelos alunos de um kit que lhes permitirá aprender os principais
conceitos envolvidos na transmissão através de uma fibra óptica, bem como na emissão e recepção de luz.
Para finalizar serão apresentadas algumas experiências laboratoriais, em particular a emissão e propagação
de impulsos ópticos NRZ e RZ, a conversão de comprimento de onda e medição da resposta de filtros ópticos,
usando um analisador de espectros óptico.
Tá-se bem à BEIRA-MAR… o ordenamento e protecção dos Recursos e Zonas Costeiras (1º ciclo) 21 a 27-11-05
Oficinas de trabalho sobre a temática do Ordenamento e Protecção dos Recursos e das Zonas Costeiras. Esta
actividade tem os seguintes objectivos: alertar para os conflitos de uso existentes nestas áreas, os riscos
associados e o papel que as populações podem e devem desempenhar na protecção deste território e dos
seus recursos; dar a conhecer as figuras e instrumentos de planeamento existentes, bem como o papel que os
utentes e residentes podem e devem desempenhar na sua implementação. A Dr.ª Maresia e o seu grupo de
investigadores, Água Salgada, Mexilhão e Companhia propõem um conjunto variado de actividades como o
filme O Mar Conta Histórias; Ao Sabor do Vento e ao Som das Ondas – jogo de identificação de sons e
imagens; Entre uma Baleia e um Tubarão – jogo de identificação de recursos costeiros, utilizadores e
impactes; Mas quem é o Responsável?... – jogo de consciencialização cívica que pretende alertar o público-
alvo para os problemas existentes no litoral e nos oceanos e simultaneamente mostrar e incentivar formas
mais sustentadas de uso e conservação dos seus recursos.
Como radiam as antenas 21 a 27-11-05
A Rádio, a Televisão e o sistema GPS são alguns dos exemplos da recepção de informação através de ondas
electromagnéticas. Um dos componentes fundamentais dum sistema de comunicações usando ondas
electromagnéticas propagando-se em meio livre é designado por antena. As ondas electromagnéticas
recebidas pelos utilizadores são emitidas por emissores tendo-se neste caso sistemas unidireccionais.
Também conhecidos são os sistemas bidireccionais, nos quais os utilizadores transmitem e recebem
informação transmitindo e recebendo ondas electromagnéticas. Os telemóveis são sem dúvida a utilização
mais corrente, mas os simples walkie-talkies, as comunicações entre radioamadores e as comunicações entre
as forças policiais e militares são outros bons exemplos. Para o desempenho duma antena é muito importante
saber como é que ela emite e recebe ondas electromagnéticas em função da direcção. A representação das
características de radiação duma antena em função da direcção designa-se por diagrama de radiação. Nesta
actividade, vai-se mostrar como se mede e como se representa o diagrama de radiação duma antena.
Encontro Regional de Marketing 21 a 27-11-05
Touch Points, Marketing Experiencial O Encontro Regional de Marketing está inserido na Semana Nacional de
Marketing, promovida pela Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing (APPM) e visa promover a
reflexão e debate sobre as grandes questões, novas tendências e desafios que as constantes transformações
da sociedade contemporânea colocam ao Marketing. Serão apresentadas soluções tecnológicas que permitem
gerir melhor a relação com o cliente e tornar as campanhas de marketing mais eficientes e eficazes.
135
Ao longo de 4 dias, ao início da tarde, serão projectados filmes de divulgação científica. Durante as sessões
estará presente um docente do Departamento de Matemática, que comentará o conteúdo científico do filme.
136
137
A dramatised reading of the play Equus by Peter Shaffer. The play deals with emotive issues to do with human
realtionships, sexual behaviour and current problems in society.
138
Breve exposição das actividades que decorrem no IEETA. Visita aos laboratórios de investigação do Instituto
de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro.
139
Oficinas de trabalho sobre a temática do Ordenamento e Protecção dos Recursos e das Zonas Costeiras. Esta
actividade tem os seguintes objectivos: alertar para os conflitos de uso existentes nestas áreas, os riscos
associados e o papel que as populações podem e devem desempenhar na protecção deste território e dos
seus recursos; dar a conhecer as figuras e instrumentos de planeamento existentes, bem como o papel que os
utentes e residentes podem e devem desempenhar na sua implementação. A actividade centra-se no segundo
objectivo em articulação com o primeiro. Consiste na simulação/teatralização duma sessão de discussão
pública de um hipotético projecto costeiro (processo de participação pública) com representantes de diferentes
grupos de interesse (stakeholders).
140
Breve exposição das actividades que decorrem no Instituto de Telecomunicações. Visita aos laboratórios de
investigação do Instituto de Telecomunicações.
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
Primeira prova na história do programa. Prova essa que apesar de ainda não se intitular
EQUAmat, foi a prova que lhe deu origem. Tratava-se de exercícios relacionados com 1990
as equações de 1º grau e os alunos que nela participaram estudavam na Escola 1ª Edição
Secundária Nº1 de Aveiro.
A final ocorreu no dia 24/5 (Dia Aberto da U.A.) e contou com a presença de 180 alunos 1991
do 7º ano da Escola Secundária Nº1 de Aveiro. 2ª Edição
A final da prova EQUAmat ocorreu nos dias 27, 28 e 29 de Abril e nela participaram 77 1992
alunos. 3ª Edição
Prova aberta a todas as escolas do Distrito de Aveiro. A final ocorreu no dia 21 de Maio 1993
(Dia Aberto da U.A.) e nela participaram 81 alunos. 4ª Edição
A final da prova EQUAmat ocorreu a 2 de Junho e pela primeira vez foram convidadas
1995
a participar as escolas dos distritos do Porto, Viseu, Coimbra e Figueira-da-Foz. [1ª 5ª Edição
versão do EQUAmat em Windows]
Na final da prova EQUAmat participaram 260 alunos (113 equipas), 174 alunos do 8º e
52 alunos do 9º Ano. Os alunos provinham de 102 escolas dos distritos do Porto, 1999
Aveiro, Castelo de Paiva, Coimbra, Vila Real de Trás-os-Montes, Viseu, Castelo 9ª Edição
Branca, Leiria, Santarém, Setúbal e Beja.
Na final da prova EQUAmat participaram 102 escolas dos Distritos do Porto, Castelo de
.2001
Paiva, Aveiro, Vila Real de Trás-os-Montes, Viseu, Coimbra, Castelo Branca, Leiria, 11ªEdição
Santarém, Setúbal e Beja
151
152
153
Anexo 9: DVD – Compilação das reportagens 3810 UA: “Os universitários de palmo e meio”
PmatE
PmatE 2004
Mat12
EQUAmat, EQUAmat em rede
Prática Pedagógica
Semana da Prática Pedagógica
Forum da cidadania
Recriar a cidade
Kits didácticos
Fábrica da Ciência
Robótica da LEGO
Kit educacional
Comunicação e Arte
Fungágá
Música na escola
Teatro na Pampilhosa da Serra
Outras Actividades
Olimpíadas da Química Junior
Processo de Bolonha
154
155
156
Referências
157
158
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http://www.academyofleisuresciences.org/alswp6.html, [2006].
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