ALENCAR Et Al 2012. Insetos em Comunidades Rurais Paraiba

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_________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume 09– Número esp – 2012

PERCEPÇÃO E USO DE “INSETOS” EM DUAS COMUNIDADES RURAIS NO


SEMIÁRIDO DO ESTADO DA PARAÍBA

Janderson Batista Rodrigues Alencar1’, Ernandes Fernandes da Silva2; Vanessa Moura dos
Santos1, Hyago Kesley de Lucena Soares1, Reinaldo Farias Paiva de Lucena3, Carlos Henrique de
Brito4

Resumo: A Etnoentomologia estuda o conhecimento sobre a interação, percepção e vivência das


populações tradicionais com os animais considerados insetos. O presente estudo registrou a
percepção e uso de insetos pelos moradores das comunidades de Besouro e Barroquinha, município
de Lagoa, Paraíba. No período de junho a julho de 2011, foram aplicadas entrevistas
semiestruturadas com 20 moradores de Besouro e 47 de Barroquinha. Registrando-se na
etnocategoria “Inseto”, 77 animais em Besouro e 104 em Barroquinha. Os usos atribuídos a esses
animais foram organizados em três categorias de uso e duas de percepção, onde 10% dos
entrevistados de Besouro atribuíram algum uso tecnológico para os insetos, enquanto os
informantes de Barroquinha nenhum uso foi registrado; quanto ao uso medicinal dos insetos os
informantes de Besouro apresentaram 55% e os de Barroquinha 11%; quanto ao uso voltado à
alimentação, Besouro correspondeu a 65% e Barroquinha 21,3%. Besouro e Barroquinha tiveram,
respectivamente, 33% e 36% de percepções positivas e 67% e 64% de percepções negativas,
reforçando a idéia de que a etnocategoria “inseto” é construída a partir da vivência cultural e que os
mesmos participam ativamente da vida sociocultural das comunidades. As duas comunidades
demonstraram um rico e diversificado uso dos insetos, porém a comunidade de Besouro apresentou
um maior uso dos insetos em relação à comunidade de Barroquinha para os fins alimentícios,
medicinais e tecnológicos. O termo “inseto” foi associado a todo animal que represente e/ou cause
danos às atividades da comunidade, incluindo outros grupos de animais que não fazem parte da
classe Insecta.

Unitermos: Etnoentomologia. Conhecimento tradicional. Semiárido.

PERCEPTION AND USE OF "INSECTS" IN TWO RURAL COMMUNITIES IN THE SEMIARID


OF PARAÍBA STATE

ABTRACT: The Ethnoentomology study the knowledge about the interaction, perception and
experience of traditional population with animals considered insects. The present study recorded the
perception and use of insects by community residents Besouro and Barroquinha, Lagoa, located at
municipality of Lagoa, Paraiba. Was conducted between June and July of 2011, semistructured
interviews were held with 20 residents of Besouro and 47 of Barroquinha. Were recorded in
ethnocategory “Insect” 77 animals to Besouro and 104 to Barroquinha. The uses assigned to those
animals were organized into three categories of use and two perceptions, where 10% interviews of
Besouro attributed some use technological for insects, while Barroquinha 0,0%; to use medicinal
1
- Aluno do curso de Ciências Biológicas. Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias.
Areia - PB. 2- Aluno do curso de Agronomia. Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias.
Areia - PB. 3- Professor da Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de
Fitotecnia e Ciências Ambientais. Setor de Ecologia e Biodiversidade. Laboratório de Etnoecologia. Areia - PB. 4-
Professor da Universidade Federal da Paraíba. Campus II. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Ciências
Biológicas. Areia - PB.

Recebido para publicação em 07 de maio de 2012


Aceito para publicação em 11 de agosto de 2012
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Besouro presented 55% and Barroquinha 11%; the use aimed at feeding, Besouro 65% and
Barroquinha 21,3%. Besouro and Barroquinha had respectively 33% and 36% positive perceptions
and 67% and 64% negative, reinforcing the idea that ethnocategory "insect" is constructed from the
cultural experience and that they actively participate in the socio-cultural life of communities. The
two communities have demonstrated a rich and diverse use of insects, but the community of
Besouro, showed a greater use of insects in relation to community Barroquinha for food, medicine
and technology. The term "insect" has been associated with any animal that represents and/or
causes damage to community activities, including other groups of animals that are not part of the
class Insecta.

Uniterms: Ethnoentomology. Local knowledge. Semiarid.

INTRODUÇÃO
A Etnociência trata da fundamentação de um conhecimento múltiplo, envolvendo diversas
outras ciências, tratando-se assim de uma área interdisciplinar fundamentada a partir de uma
etnografia de saberes, técnicas e tecnologia, abordando as relações de interdependência entre
homem e natureza, buscando uma forma de desenvolvimento sustentável em defesa da vida e do
meio ambiente, continuando com esse pensamento, D’Olne Campos (1995) evidencia que as
etnociências tratam de uma etnografia da ciência do outro, construída a partir do referencial de
saberes da academia. Dessa forma, a etnobiologia é uma ciência que busca compreender as relações
entre as populações humanas e os recursos naturais de seu território, considerando as características
ecológicas das espécies e dos ecossistemas (Souza, 2007). Ao mesmo tempo em que busca
estabelecer e identificar os conhecimentos culturalmente construídos a partir do contato
homem/natureza, abrangendo dessa forma um campo diversificado de saberes, como: ecologia,
ciências sociais e gestão pública, incorporando um viés social e cultural à análise, principalmente no
que se refere aos processos de percepção, uso e conhecimento da fauna e flora pelas comunidades
tradicionais (Posey, 1987a; Castro, 2004; Amorin, 2010).
Os saberes coletivos da comunidade sobre o conhecimento da biodiversidade, compreendida
a partir de suas vivências, estão amplamente ligados às formas de pensar, sentir e agir em relação
aos elementos constituintes desta diversidade (Costa-Neto, 2002). Possibilitando ao ser humano
perceber, classificar, identificar, categorizar e fazer uso dos animais de acordo com as percepções e
costumes particulares de cada cultura, estabelecendo desta forma uma gama de interações entre a
população e as espécies animais nas localidades onde vivem (Posey, 1986). Essa classificação folk
permite aos cientistas desenvolver novas técnicas de conservação da biodiversidade local, através
da valorização desses conhecimentos populares que fornecem informações suficientes sobre o
comportamento de uma espécie ou de um grupo ameaçado, como também nos permite levantar
hipóteses e/ou desenvolver práticas de utilidade alternativas para uma determinada espécie ou para
um determinado grupo (Lucena, 2009; Junior Pedroso, 2002).
Dentro do contexto dos estudos da etnobiologia, tem-se a subárea da etnoentomologia, a
qual busca registrar e compreender os conhecimentos desenvolvidos com base na cultura e na
dinâmica que envolve as relações das populações tradicionais com os insetos, assim como define
Costa-Neto (2000c), enfatizando que a etnoentomologia pode ser utilizada para entender os
conhecimentos, crenças, sentimentos e comportamentos das relações das populações humanas com
os insetos, o que nos remete a importância da convivência do antropólogo com outros especialistas
de diferentes áreas, adquirindo um caráter inter e transdisciplinar (D’Olne Campos, 1995).
A classe Insecta pertence ao grupo Arthropoda sendo o mais abundante em quase todos os
ecossistemas do planeta, chegando a ultrapassar mais de um milhão de espécies descritas e
catalogadas (Triplehorn e Johnson, 2011). A etnoentomologia trata-se de um ramo da etnozoologia
que tem como foco de estudo o conhecimento, percepção e uso que as comunidades tradicionais
(indígenas, quilombolas, campesinas e outras) possuem em relação aos animais que eles classificam
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e identificam como pertencentes à classe Insecta, ou seja, a construção da categoria folk inseto
(Costa Neto e Resende, 2004). Assim, é de suma importância para o equilíbrio ecológico,
desempenhando papel importante nos ecossistemas terrestres, pois estão envolvidos em processos
como a decomposição de matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, fluxo de energia, polinização,
dispersão de sementes, reguladores de populações de plantas, animais e outros organismos
(Antonini et al., 2003; Gullan e Cranston, 2008).
Devido a sua ampla abundância e distribuição, os insetos estão constantemente em contato
com as pessoas, ocorrendo situações de envolvimento entre eles, estas experiências, teoricamente,
afetam o julgamento, o tipo de percepção e atitude do ser humano para com esses animais, esse
conhecimento tradicional foi culturalmente construído entre seus integrantes e a vivência diária
(Ellen, 1997; Goodenough, 2003), o que nos remete o papel da etnoecologia que vem trazendo
inovações e contribuindo para a forma de desenvolvimento sustentável das nações, uma vez que não
se pode referir-se a etnoecologia se não considerarmos o conhecimento ecológico, classificação,
interpretação e forma de manejo da natureza, pois não se trata apenas do conhecimento empírico,
testado, mas sim de um conhecimento diferenciado em cada cultura (Toledo, 1992). Segundo Costa-
Neto (2000b), o fascínio provocado pelos insetos nos seres humanos influencia, de formas variadas
no seu cotidiano, como: música, literatura, linguagem, teatro, cinema, alimentação (entomofagia),
medicina (entomofobia e entomoterapia), artes plásticas, artes gráficas, entretenimento (por
exemplo, circos de pulgas e rinhas de louva-a-deus), sexualidade, filosofia, crendices populares,
folclore e medicina popular.
Seguindo a temática da etnoentomologia, o presente estudo registrou a percepção e uso de
insetos pelos moradores das comunidades rurais de Besouro e Barroquinha no município de Lagoa,
Paraíba, Nordeste do Brasil.

METODOLOGIA
Área de estudo
As comunidades rurais de Besouro e Barroquinha, pertencem ao município de Lagoa,
localizado na mesorregião do Sertão e microrregião de Catolé do Rocha, no Estado da Paraíba,
Nordeste do Brasil. Distante 394 km da capital do estado, João Pessoa, com acesso pelas rodovias
PB-325 e BR-230, possuindo uma área de 177,901 Km² com 4.681 habitantes, sendo 2.304 homens
e 2.377 mulheres. Limita-se ao norte com os municípios de Bom-Sucesso, Jericó e Mato Grosso, ao
sul com Pombal, ao leste com Santa Cruz e ao oeste com Paulista (IBGE, 2010).
O município está localizado na bacia hidrográfica do Rio Piranhas, mais precisamente na
região hidrográfica do Médio Piranhas, que proporciona ao município suporte para os sistemas de
produção agrícola, como o cultivo de fumo, feijão, algodão e milho, caracterizando na sua maioria
uma agricultura de subsistência, bem como atividades voltadas à pecuária, como a criação de
caprinos, ovinos e bovinos. Seu clima é semiárido quente de acordo com a Classificação climática
de Köppen (Aw), com temperatura média de 27ᵒC, com um período de estiagem que pode atingir
até 11 meses (IBGE, 2010). O município conta com 27 escolas, sendo 25 de ensino fundamental e
duas de ensino médio.
A ocupação das terras do município, presumidamente, se deu com a ocupação das terras
pelas tribos indígenas Cayacus, Paiacus, Cariris e Pegas (ou Degas) que foram aos poucos perdendo
espaço de suas terras onde habitavam para dá espaço a criação de bovinos trazida pelos colonos a
partir dos séculos XVI.

Coleta dos Dados Etnoentomológicos


As informações etnoentomológicas foram coletadas por meio de entrevistas com utilização
de um formulário semiestruturado. No formulário, as perguntas foram elaboradas no sentido de
explorar o conhecimento dos informantes sobre os insetos que estavam presentes nas localidades.
Buscou-se categorizar os animais de acordo com seus usos, ou seja, a partir de produtos e
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subprodutos (mel e cera), corpos e partes dos insetos (in natura ou não) utilizados como
medicamentos, alimentos e para fins tecnológicos no caso da cera; entender como a comunidade
organiza os grupos taxonômicos locais e que tipo de percepção determinado táxon representa para a
comunidade (positiva, negativa ou neutra) de acordo com a intenção esboçada pelo informante ao
ser entrevistado e questões socioeconômicas (Ulysséa et al., 2010).
A pesquisa foi realizada entre os meses de junho e julho de 2011, e participaram como
informantes os chefes domiciliares, sendo composta por 27 homens (17 de Barroquinha e dez de
Besouro) e 40 mulheres (30 de Barroquinha e dez de Besouro) somando 67 informantes. Esta
diferença entre o número de homens e mulheres está relacionada à presença de viúvas e solteiras, e
por algumas pessoas não terem sido encontradas no momento das visitas. Antes das entrevistas,
uma conversa foi realizada explicando o objetivo do trabalho, momento no qual os mesmos foram
convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, exigido pelo Conselho
Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 196/96). O presente
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) do Hospital
Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba, registrado com protocolo CEP/HULW nº
297/11, com folha de rosto nº 420134.
A vivência entre o informante e o pesquisador, durante as entrevistas, possibilita para o
pesquisador um melhor entendimento das interações entre os moradores da comunidade com os
animais percebidos como insetos, quanto às formas de utilização e percepções destes pelos
entrevistados. Tornando a pesquisa mais qualitativa, uma vez que, são consideradas as opiniões,
visão de mundo, atitudes expressas na linguagem e respostas dessas pessoas para análise dos dados.

Coleta dos Animais


Foram realizadas coletas ativas e passivas a fim de capturar e identificar os animais
mencionados nas entrevistas, utilizando-se diferentes instrumentos. O puçá, utilizado para coleta
ativa, formada por um cabo de madeira leve contendo em uma das pontas um aro de metal de 50 cm
de diâmetro, fixado por alças de metal e um saco de náilon de fundo arredondado muito utilizado
para captura de borboletas.
Foram utilizadas armadilhas de queda do tipo pitfall (Figura 1), armadas nas áreas de mata
nos arredores das comunidades, sendo formadas por lonas medindo 2 m de comprimento e 30 cm de
altura, totalizando três lonas por armadilha, dispostas em forma de Y, fixadas no chão com piquetes
de 50 cm de altura; na extremidade de cada lona foi colocado um pote plástico (1 L) ao nível do
solo, contendo 200 ml de uma solução de água, formol P.A. (Formaldeido 37%) e detergente
neutro, para a captura dos animais, as quais permaneceram ativas por 24 horas.
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Figura 1: Armadilha pitfall utilizada nas áreas de vegetação para


coleta de animais terrestres nas comunidades de Barroquinha e
Besouro, Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).

A malaise utilizada para captura de insetos voadores (Figura 2) foi armada em uma área de
mata paralela às pitfalls, composta de uma estrutura semelhante a uma tenda de nylon suspensa por
estacas de madeira, com uma barreira central paralela, também de nylon de coloração escura,
armada com solução de 200ml de água com 10% de álcool. Durante visitas às comunidades,
exemplares dos animais coletados foram exibidos aos informantes para identificação êmica. Os
animais que foram reconhecidos foram identificados com o nome vernacular. Os animais
capturados foram armazenados em potes contendo álcool 70% e em seguida levados ao laboratório
de Zoologia de Invertebrados, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba
para triagem e identificação. As coletas ativas foram feitas no período diurno e noturno com o
auxílio de moradores da própria comunidade, onde foram percorridos os arredores das residências
dos entrevistados.

Figura 2: Armadilha malaise utilizada para captura de


inseto voadores nas comunidades de Barroquinha e
Besouro, Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).

O material foi identificado (Tabela 1) e armazenado conforme os padrões usuais de


coleções, utilizando-se chaves dicotômicas e encontra-se tombado no laboratório acima
mencionado.

Análise de Dados
As percepções foram avaliadas de acordo com as respostas e reações de cada informante
com relação à descrição, utilidade e uso de um dado inseto citado durante as entrevistas.
Considerou-se como uma percepção positiva aquela em que o informante atribui uma utilidade ao
inseto, como: uso alimentar, medicinal, importância ecológica, tecnológico, beleza e
inofensibilidade. As negativas quando o informante relaciona o inseto à transmissão de alguma
doença, descrição como praga, periculosidade e expressões que demonstrem repugnância, nojo e
raiva.
A avaliação quanto ao uso foram analisados utilizando o cálculo direto, avaliando a
importância relativa de cada uso apontada pelos informantes. Para avaliar a importância relativa do
uso dos animais registrados nas entrevistas foi calculado o índice chamado FL (“Fidelity Level”,
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Nível de Fidelidade) e prioridade de ordenamento (ROP) (Friedman et al., 1986), utilizado por
Ulysséa et al., (2010).
Para cada inseto estima-se o ROP (“Rank Order Priority”, Prioridade de Ordenamento),
combinando o FL com o RP (Popularidade relativa).
ROP = Fl X RP, onde: RP = razão do nº de informantes que citaram certo animal, dividido
pelo nº de informantes que citaram o animal mais citado. Fl = Ip / Iu X 100%, onde: Fl = nível de
fidelidade; Ip = nº de informantes que sugerem o uso de um determinado animal para um uso
principal e Iu = nº total de informantes que citaram o animal para qualquer finalidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante as entrevistas foram citados 104 animais na comunidade de Barroquinha e 78 em
Besouro, o que demonstra uma grande diversificação de animais, dos quais nem todos pertencem à
classe Insecta, mas que foram classificados neste grupo pelos entrevistados (Tabela 1). Resultados
semelhantes foram encontrados por Costa Neto (2005); Ulysséa et al. (2010); Silva & Costa Neto
(2004); Costa Neto & Carvalho (2000).
Tabela 1: Animais citados pelos informantes e sua possível identificação taxonômica, nas comunidades rurais
de Besouro e Barroquinha, Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).
Etnoespécie Pista Taxonômica Etnoespécie Pista Taxonômica
Abelha arapuá Trigona spinipes (Fabricius, 1793) Galinha d`água* Rallidae
Abelha breu Apidae Gia* Anura
Abelha canudo Apidae Grilo Orthoptera
Abelha chapeu Vespidae Joaninha Coccinellidae
Abelha Cupira Partamona cupira (Smith, 1863) Lagarta da pinheira Lepidoptera
Abelha inxuí Vespidae Lagarta de compasso Lepidoptera
Abelha italiana Apis mellifera (Linnaeus, 1758) Lagarta de fogo Lepidoptera
Abelha jandaíra Melipona subnitida (Ducke, 1910) Lagarta do feijão Lepidoptera
Abelha moça-branca Apidae Lagarta do milho Lepidoptera
Abelha sanharó Apidae Lagarta pega-pinto Lepidoptera
Abelha tataíra Apidae Lagarta preta Lepidoptera
Aranha* Aranae Lagarta rosada (fava) Lepidoptera
Barata miúda Blatella germanica (Linnaeus, 1767) Lagarta rosca Lepidoptera
Periplaneta americana (Linnaeus,
Barata (doméstica) Lagarta verde
1758) Lepidoptera
Beija-flor rabo de tesoura* Eupetomena macroura(Gmelin, 1788) Lagartixa* (lagarto) Squamata
Besouro da goiabeira Hemiptera Mané-mago Phasmatodea
Xylocopa frontalis
Besouro preto Mangangá
Coleoptera (Olivier, 1789)
Bicudo do algodão Curculionidae Marimbondo caboco Vespidae
Marimbondo capa
Bobó* (lagartixa de parede)
Squamata bode Vespidae
Borboleta Lepidoptera Marimbondo oco Vespidae
Calango* Squamata Mariposa Lepidoptera
Camaleão* Iguana iguana (Linnaeus, 1758) Mela-mela* (lesma) Pulmonata
Caranguejo* Decapoda Minhoca* (lombriga) Clitelata
Caranguejeira* Theraphosidae Mocó* Caviidae
Caroncha (cascudinho) Coleoptera Morcego* Chiroptera
Carrapato do gado* Ixodida Mosca (domestica) Diptera
Cascudinho branco (manhoso) Coleoptera Mosca varegeira Diptera
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Cascudo Coleoptera Mosca-branca Bemisia sp.


Continua

Continuação

Cavalo-do-cão Pompilidae Mosquito Diptera


Mosquito borrachodo
Cigarra
Homoptera (muruim) Diptera
Cobra caninana verde* Squamata Mosquito da dengue Aëdes sp.
Cobra caninana* Spilotes pullatus (Linnaeus, 1978) Mosquito de bode Diptera
Mucurana (piolho de
Cobra cascavel*
Crotalus durissus (Linnaeus, 1978) porco) Phthiraptera
Cobra cipó* Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) Muriçoca (doméstica) Diptera
Mutuca (mosca do
Cobra coral*
Micrurus biboca (Merrem, 1820) gado) Diptera
Cobra corre-campo* Philodryas sp. Percevejo Hemiptera
Cobra de duas cabeças* Amphisbaena sp. Pernilongo Diptera
Cobra de viado* Boa constrictor (Linnaeus, 1978) Piolho (de gente) Phthiraptera
Cobra goipepa* Squamata Piolho de cobra* Chilopoda
Bothropoides erythromelas (Amaral,
Cobra jararaca* Pichilinga* Acari
1923)
Cobra preta* Squamata Poimesa (louva-deus) Mantodea
Cobra verde* Squamata Potó Staphylinidae
Cuduniz* Tinamidae Preá* Caviidae
Cupim Isoptera Procotó (barbeiro) Triatoma sp.
Cururu* (sapo) Anura Pulga Siphonaptera
Embuá* Diplopoda Pulgão Hemiptera
Escorpião* (lacraia) Scorpiones Rã* (perereca) Anura
Esperança Orthoptera Rato* (domestico) Muridae
Zenaida auriculata
Formiga de roça Ribaçã*
Atta sp. (DesMurs, 1847)
Formiga pinga fogo Formicidae Rola-bosta Scarabaeidae
Formiga preta Formicidae Tanajura Atta sp.
Formiga saraça Formicidae Teju* Merianae
Formiga saúva Formicidae Tesoura Dermaptera
Formiga tracoá Formicidae Traça Thysanura
Formigão Formicidae Vagalume Lampyridae
Gafanhoto Orthoptera
*Animais não pertencentes à classe Insecta.

Grupos Taxonômicos
Os moradores de ambas as comunidades classificaram como insetos diversos animais que
não fazem parte da classe Insecta (Figura 3). Para Costa Neto e Magalhães (2007), vários animais
são classificados como insetos pelas sociedades humanas, pois o termo “inseto” diz respeito a uma
categoria de amplo significado semântico que reúne diferentes grupos taxonômicos, por exemplo:
besouros, lagartos, abelhas, serpentes, aves, escorpiões, aranhas, embuás e outros. Resultados
semelhantes foram observados nas comunidades de Besouro e Barroquinha (Figura 3).
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Figura 3: Grupos taxonômicos dos animais citados pelos informantes das comunidades de Barroquinha e Besouro,
Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).

No entanto, alguns entrevistados da comunidade de Barroquinha demonstraram percepções


positivas (Tabela 3), relacionando-os a algum tipo de importância, como, por exemplo:

“O sapo, por exemplo, é importante, pois come outros insetos” (A., 46 anos)
“Alguns não (importância), outros sim, abelha serve para polinização” (T., 31 anos)

Essa relação é explicada pela hipótese de ambivalência (Costa Neto, 1999, 2000a),
demonstrando que os entrevistados tendem a projetar sentimentos de repugnância, nojo,
periculosidade, nocividade, medo e menosprezo aos animais associados com o grupo dos insetos,
resultante do reflexo cultural e da relação de proximidade do ser humano para com esses animais.

Animais Coletados
Na tabela 1 pode-se observar a lista das etnoespécies citadas pelos informantes de ambas as
comunidades. No ato das entrevistas parte desse material biológico não estava disponível, o que
dificultou sua identificação taxonômica, no entanto, sua pista taxonômica é citada. O material
coletado foi processado conforme os padrões usuais de coleções e está guardado no laboratório
descrito na metodologia.

Percepções dos informantes


Observou-se que na comunidade de Besouro 33% das citações dos entrevistados
relacionadas aos insetos foram positivas e 67% negativas, enquanto que na comunidade de
Barroquinha foram atribuídas 36% como sendo positivas e 64% sendo negativas. As semelhanças
desses percentuais estão relacionadas às proximidades das comunidades (4km) e, sobretudo, com a
similaridade das atividades culturais e econômicas desenvolvidas nas mesmas.
O alto percentual de citações negativas para ambas as comunidades está relacionado com as
sensações projetadas pelos informantes ao se depararem com os insetos, como: nojo, medo, ameaça,
repugnância, irritação, agonia e outros, (Costa Neto, 1999, 2000a) isso porque boa parte desses
artrópodes são transmissores de doenças, pragas agrícolas, peçonhentos (Costa Neto et al., 2005).
Isso pode ser percebido pela expressão do informante da comunidade de Barroquinha:“mosquito,
tem veneno porque quando ferroa fica manchado...” (M., 49 anos); e na comunidade de Besouro:
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“a joaninha come as folhas...” (R., 56 anos); e “a dengue é transmitida pelo mosquito...” (B., 48
anos).
A avaliação da percepção relacionada a esses animais, de acordo com a descrição dos
informantes (Tabela 2), foi adaptado de Kellert (1980) onde buscou-se enquadrar as percepções em
categorias que nos possibilita compreender o quão é amplo o significado das ações e relações destes
animais para com a vida de ambas as comunidades e com o meio ambiente, segundo a opinião dos
entrevistados.
Tabela 2: Percepções dos informantes das comunidades de Besouro e Barroquinha, Lagoa-PB, quanto aos “insetos” da
região.
Categoria Atitudes básicas para com os invertebrados
Ecológico Refere-se às inter-relações entre animais e o ambiente em que vivem.
Utilitário Uso desses animais para o benefício próprio.
Domesticação Adaptação de espécies animais para suprir algumas necessidades humanas.
Negativa Relaciona os sentimentos de medo, irritabilidade, desprezo ao terem contato com esses animais.
Moralista Atitude que repudia os maus tratos, buscando o bem estar desses animais.

A visão positiva desses animais ocorreu quando a percepção possuía valor ecológico (como
borboletas), valor alimentício (como Abelhas, Tanajuras) medicinal (como Abelha italiana, Formiga
de roça) e tecnológico (como abelhas). Resultados similares sobre a percepção desses invertebrados
foram encontrados por Kellert (1993). Insetos, como a abelha, foram citados por 57,4% e 65% dos
entrevistados nas comunidades de Barroquinha e Besouro, respectivamente (Tabela 3). O maior
número de citações positivas para esses insetos se deve principalmente à produção de mel e a cera,
pois na região apresenta um grande potencial produtivo de mel, sendo utilizados para diferentes
fins, como, por exemplo, alimentícios, medicinal e obtenção de renda com a venda de seus
produtos.

Tabela 3: Percepções dos informantes das comunidades de Besouro e Barroquinha, Lagoa-PB, quanto as
“etnoespécies” da região.
BARROQUINHA BESOURO
"INSETO" Citações (%) "INSETO" Citações (%)
Positiva Negativas Positivas Negativas
Abelha 57,4% 4,26% Abelha Arapuá 20,0% 10,00%
Abelha Arapuá 4,3% 0,00% Abelha Canudo 5,0% 0,00%
Abelha de Chapéu 0,0% 2,13% Abelha Italiana 55,0% 0,00%
Abelha Inxuí 2,1% 0,00% Abelha Jandaira 5,0% 0,00%
Abelha Italiana 4,3% 0,00% Abelha Moça-branca 5,0% 0,00%
Barata 0,0% 14,89% Abelha Tataíra 5,0% 0,00%
Barbeiro/Procotó 0,0% 61,70% Abelhas 65,0% 5,00%
Beija-flor 2,1% 0,00% Aranha 5,0% 5,00%
Besouro 0,0% 2,13% Barata 0,0% 5,00%
Bicudo 0,0% 36,17% Barbeiro 0,0% 80,00%
Borboleta 29,8% 6,38% Beija-flor 5,0% 0,00%
Caranguejeira 0,0% 4,26% Besouro 0,0% 10,00%
Carrapato 0,0% 4,26% Percevejo 0,0% 5,00%
Cascudo 0,0% 8,51% Bicudo do Algodão 0,0% 45,00%
Cascudo verde 0,0% 2,13% Bicudo do feijão 0,0% 5,00%
Cobra 6,4% 2,13% Borboletas 5,0% 10,00%
Cuduniz 2,1% 0,00% Caroncha 0,0% 10,00%
Cupim 2,1% 0,00% Cascudo 10,0% 5,00%
Cururu (Sapo) 4,3% 10,64% Chupão (Hemiptera) 0,0% 5,00%
Escorpião 4,3% 2,13% Cobra 20,0% 5,00%
Formiga 12,8% 10,64% Cobra Cascavel 5,0% 0,00%
Formiga de roça 4,3% 14,89% Cururu 5,0% 0,00%
Continua
81

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Continuação

Formiga do cupim 2,1% 0,00% Formiga de roça 5,0% 30,00%


Gafanhoto 0,0% 19,15% Formigão 0,0% 5,00%
Galinha d'agua 2,1% 0,00% Gafanhoto 10,0% 20,00%
Gia 4,3% 0,00% Grilo 5,0% 5,00%
Grilo 2,1% 2,13% Joaninha 0,0% 10,00%
Lagarta 0,0% 36,17% Lacraia 0,0% 10,00%
Lagarta de fogo 0,0% 2,13% Lagarta 0,0% 60,00%
Lagarta rosca 0,0% 2,13% Lagarta rosca 0,0% 5,00%
Lagartixa 2,1% 0,00% Lagarta azulada 0,0% 5,00%
Mangangá 6,4% 2,13% Lagarta de Fogo 0,0% 5,00%
Mocó 2,1% 0,00% Lagarta Pinga-fogo 0,0% 5,00%
Mosca 4,3% 12,77% Lagarta preta 0,0% 5,00%
Mosca-branca 4,3% 55,32% Lagartixa 5,0% 0,00%
Mosquito do feijão 0,0% 2,13% Larva do coqueiro 5,0% 0,00%
Mosquito 4,3% 8,51% Marimbondo Caboclo 0,0% 5,00%
Mosquito (Aedes aegypti) 0,0% 29,79% Mela-mela 0,0% 5,00%
Mosquito (Calazar) 0,0% 2,13% Mosca do gado 0,0% 5,00%
Mosquito (Malária) 0,0% 2,13% Mosca minadora 0,0% 5,00%
Muriçoca 0,0% 10,64% Mosca-branca 0,0% 50,00%
Percevejo 0,0% 2,13% Moscas 5,0% 0,00%
Preá 2,1% 0,00% Mosquito da dengue 0,0% 50,00%
Purgão 0,0% 2,13% Mutuca 0,0% 5,00%
Rã 2,1% 0,00% Pretinha 0,0% 5,00%
Rato 0,0% 12,77% Rato 0,0% 10,00%
Ribaçã 2,1% 0,00% Tanajura 40,0% 0,00%
Tanajura 8,5% 0,00% Varijeira 0,0% 5,00%
Teju 10,6% 0,00%

Categorias de Uso
Uso utilitário, subcategoria: insetos utilizados em tecnologias
A utilização de insetos para fins tecnológicos foi mencionada apenas pela comunidade de
Besouro. Trata-se do uso da cera produzida por algumas abelhas (Figura 4). Conforme a citação
abaixo:
“a cera é a melhor que tem! Servia para vedá os silos antigamente e como candieiro para
alumia o terreiro em época de festa” (R., 56 anos).

A citação acima retrata muito bem o uso da cera para vedar silos para o armazenamento de
grãos e antigamente como combustível para candieiros em época de festas. Essa prática foi mais
empregada no passado quando não tinham acesso a energia elétrica. A comunidade de Barroquinha
não citou nenhuma atribuição de uso tecnológico. Dos cinco insetos citados como produtores de
cera a abelha Arapuá demonstra ser a mais explorada para este uso, em relação às demais, o que
demonstra um maior conhecimento sobre o potencial uso tecnológico desse inseto.
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Figura 4: Citações do uso de “inseto” para fins tecnológicos pelos moradores da comunidade rural de Besouro, Lagoa,
Paraíba (Nordeste do Brasil).

Uso utilitário, Subcategoria: insetos utilizados na alimentação


A utilização de insetos na alimentação humana é uma pratica muito antiga utilizada por
muitas civilizações pré-modernas e mantida até os dias atuais (Costa Neto e Ramos-Elorduy, 2006;
Costa Neto, 2011). Usar insetos na alimentação significa ingerir um alimento natural altamente
proteico e muito abundante na natureza (Costa Neto, 2004a; Lokeshwari & Shantibala, 2010).
Na comunidade de Besouro, 13 de um total de 20 entrevistados citaram ao menos um inseto
para algum tipo de uso alimentício, seja na alimentação humana ou animal, como, por exemplo,
abelha italiana, tanajura, larva do coqueiro e cobra preta (Figura 5), enquanto que na comunidade de
Barroquinha apenas 10 de um total de 47 entrevistados mencionaram ao menos um animal para fins
alimentícios, a exemplo da Abelha italiana, Tanajura, Teju, Formiga e Jia (Figura 5). Mesmo na
comunidade de Barroquinha possuindo um número de informantes maior que em Besouro, os
moradores desta comunidade apresentaram um maior número de citações sobre potencial uso
alimentício de insetos.
Esse desuso dos insetos pelas civilizações humanas na alimentação ocorre por diversos
motivos, dentre eles: a influência da mídia sobre a forma de pensar das pessoas, o aspecto do
animal, alguns representantes do grupo dos insetos são vetores de doenças, pragas agrícolas e
outros, retratando esse grupo de animais como sendo imprestáveis e que devem ser exterminados a
qualquer custo (Ulysséa et al. 2010). Embora o consumo de insetos seja considerado coisa de “gente
primitiva” (Costa neto, 2003), segundo o referido autor o problema não está na questão histórica e
sim na estética e, sobretudo, no psicológico das pessoas, pois se referem a estes animais com certa
repugnância. Desta forma a maior o parte da população preferi outras fontes de alimentos.
A mídia incentiva o uso indiscriminado de inseticida para exterminar tais animais,
construindo a idéia que os insetos não são uma boa alternativa alimentar, fazendo com que uma
grande quantidade de proteína seja desperdiçada em regiões onde a produção de alimento é cada
vez mais escassa.
Em Besouro, de um total de 22 citações de uso alimentício, 40,9% foram referentes a
utilização do mel da abelha italiana como subproduto na alimentação e na obtenção de renda por
alguns moradores e 36,3% foram para a tanajura. Em Barroquinha esses insetos também foram os
mais citados, de um total de 25 citações de uso alimentício 24% foram referentes à abelha italiana e
16% referindo-se a tanajura. Esses insetos apresentam um enorme potencial alimentício em ambas
às comunidades como descreve os próprios moradores de Besouro e Barroquinha respectivamente:
“a tanajura serve para comer” (E., 41 anos) e “utilizo o mel das abelhas pra comer”. (F., 39 anos).
Costa Neto e Magalhães (2007) observaram que no Estado da Bahia o uso de insetos na
alimentação é uma prática altamente ignorada pelos moradores de São Gonçalo dos Campos que se
referiam a tais sempre com nojo e desprezo. Apenas a tanajura, gafanhoto e alguns produtos
derivados desses animais como o mel das abelhas, segundo os referidos autores, foram citados
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como sendo utilizados na alimentação local. O uso de insetos na alimentação humana dá-se ao fato
da “carne” desses animais apresentarem em sua constituição muito mais proteínas que a carne de
outros animais como frango e bovinos (Costa neto e Ramos-Elorduy, 2006), o que representa um
grande potencial alimentício muitas vezes desperdiçado, mas que pode ser muito explorado no
futuro, porém de uma forma consciente que não venha a prejudicar nossa biodiversidade.

Figura 5: Citações do uso de “inseto” para fins alimentícios pelos moradores das comunidades rurais de Barroquinha e
Besouro, Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).

Uso utilitário, Subcategoria: insetos utilizados na medicina popular


O uso medicinal de insetos e seus elaborados no combate a enfermidades é uma prática
antiga e muito difundida (Costa Neto, 2004b), principalmente na Espanha (Benítezg, 2011), embora
nos dias atuais venham se tornando cada vez menos comum essa prática, seja por influência da
mídia ou pela acessibilidade a remédios industrializados (Ulysséa et al., 2010).
A comunidade Besouro apresentou o maior percentual de informantes que citaram algum
“Inseto” para fins medicinais, com 55%, seguido da comunidade Barroquinha com apenas 11%
(Figura 6). A abelha italiana foi o inseto mais citado em ambas as comunidades com cinco citações
em Besouro e duas em Barroquinha, sempre as relacionando ao mel produzido, como na
comunidade de Besouro: “o mel da abelha toma com limão para gripe...” (D., 68 anos) e “o mel que
é produzido pela abelha serve de remédio é vitamina grande (boa) batido na manteiga, misturado
com laranja, para a gripe...” (J., 53 anos). Resultados semelhantes foram encontrados por Costa
Neto & Pacheco (2005) utilizando este inseto para fins medicinais.
Estudos relacionados à utilização de invertebrados na medicina popular por Alves e Dias
(2010) no Brasil, evidenciaram que 81 animais são utilizados para fins medicinais, dos quais 41
pertencem a classe Insecta, e o mel de abelha foi o produto mais citado, sendo usado no combate a
inúmeras doenças, e também como ação antibacteriana, o que representa um grande potencial desse
produto, podendo ser aproveitado pela medicina moderna. Nas comunidades estudadas foram
citados outros animais para fins medicinais (Figura 6), como exemplo em Besouro: “chá da
formiga, serve para garganta (pega a formiga, amarra no paninho e bota a trouxinha na água quente,
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toma ele morninha...” (R., 56 anos) e em Barroquinha: “o chá da lagartixa, coloca ela viva pra
ferver e toma o chá, é bom pra garganta” (R., 27 anos).

Figura 6: Citações do uso de “inseto” para fins medicinais pelos moradores das comunidades rurais de Barroquinha e
Besouro, Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).

Principal uso dos insetos


Na comunidade de Barroquinha, 19 animais apresentaram citações de uso: Abelha italiana,
Tanajura, Teju, Formiga, Gia, Cobra preta, Cuduniz, Escorpião, Galinha d´água, Rã, Preá, Ribaçã,
Cobras, Formiga de roça, Lagartixa, Cobra verde, Cupim, Formiga do cupim e Mocó. Enquanto na
comunidade de Besouro, 14 animais apresentaram citações de uso: Abelha italiana, Tanajura, Cobra
preta, Abelha arapuá, Gafanhoto, Grilo, Larva do coqueiro, Cobras, Formiga de roça, Lagartixa,
Abelha canudo, Abelha jandaíra, Abelha moça branca, Abelha tataíra (Tabela 4). Tendo seis
comuns entre as duas comunidades.
As citações de uso foram analisadas quanto à fidedignidade (FL) e prioridade de
ordenamento (ROP), adaptado de Albuquerque & Andrade (2002); Albuquerque et al. (2008);
Sieber (2009); Ulysséa et al. (2010); Bernardes et al. (2011). O FL trata da relação do uso principal
com a soma de todos os usos relacionados ao mesmo inseto, mensurando um valor para o uso
principal.
Pode-se perceber após as análises (Tabela 4) que as principais utilidades dos insetos estão
diretamente ligadas aos hábitos culturais do uso desses animais, como, por exemplo: alimentação
humana (Abelha italiana, Tanajura e Teju); medicinal (Lagartixa, Mocó e Cupim) e tecnologia
(Abelhas Tataíra, Arapuá e Jandaira).
Nos casos onde o FL for igual a 100% como, por exemplo, a Tanajura, Gia, Cobra preta,
Grilo e Lagartixa, significa dizer que todos os informantes que os citaram relacionaram a apenas um
tipo de uso. Já os casos em que o FL for menor que 100%, implica dizer que os informantes citaram
mais de um tipo de uso para este animal além do principal, como por exemplo: Teju (75%); Cobra
preta (12,5%) e Abelha arapuá (66,67%). No entanto o FL apresentou variação para o mesmo
inseto, pois a quantidade de uso foi diferente entre as comunidades, como exemplo, a Abelha
italiana (81,82%) em Besouro e 75% em Barroquinha.
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Tabela 4: Nível de fidedignidade entre as respostas sobre usos dos insetos e prioridade de ordenamento destes usos,
para 20 informantes da comunidade Besouro e 47 para Barroquinha, Lagoa-PB. FL – Nível de Fidedignidade. ROP –
Prioridade de Ordenamento.
BARROQUINHA BESOURO
FL FL
Insetos ROP USO PRINCIPAL Insetos ROP USO PRINCIPAL
(%) (%)
Abelha
Abelha Italiana 75,0 75,00 Alimentação Humana 81,8 81,82 Alimentação Humana
Italiana
Tanajura 50,0 100,00 Alimentação Humana Tanajura 72,7 100,00 Alimentação Humana
Teju 37,5 75,00 Alimentação Humana Cobra Preta 9,1 100,00 Alimentação Humana
Formiga 25,0 50,00 Alimentação Humana Abelha Arapuá 18,2 66,67 Tecnologia
Gia 25,0 100,00 Alimentação Humana Gafanhoto 9,1 100,00 Alimentação Humana
Cobra Preta 12,5 100,00 Alimentação Humana Grilo 9,1 100,00 Alimentação Humana
Larva do
Cuduniz 12,5 100,00 Alimentação Humana 9,1 100,00 Alimentação Humana
Coqueiro
Escorpião 12,5 100,00 Alimentação Humana Cobras 36,4 100,00 Medicinal
Formiga de
Galinha D´água 12,5 100,00 Alimentação Humana 9,1 100,00 Medicinal
Roça
Rã 12,5 100,00 Alimentação Humana Lagartixa 9,1 100,00 Medicinal
Abelha
Preá 12,5 100,00 Alimentação Humana 9,1 100,00 Tecnologia
Canudo
Abelha
Ribaçã 12,5 100,00 Alimentação Humana 9,1 100,00 Tecnologia
Jandaíra
Abelha Moça
Cobras 12,5 100,00 Medicinal 9,1 100,00 Tecnologia
Branca
Formiga de
12,5 100,00 Alimentação Humana Abelha Tataíra 9,1 100,00 Tecnologia
Roça
Lagartixa 12,5 100,00 Medicinal
Cobra Verde 12,5 100,00 Medicinal
Cupim 25,0 100,00 Medicinal
Formiga do
12,5 100,00 Medicinal
Cupim
Mocó 12,5 100,00 Medicinal

Insetos causadores de doenças


As percepções negativas que os entrevistados atribuem aos insetos na maioria das vezes
estão relacionadas ao fato de alguns deles serem causadores de doenças (Silva et al., 2007).
Os entrevistados da comunidade de Besouro citaram o Barbeiro como sendo o principal
inseto transmissor de doença, “o Barbeiro (procotó) transmite a doença de chagas” (M., 26 anos),
com 42% das citações, seguido do Mosquito da dengue com 24%, “a dengue é transmitida pelo
mosquito” (B., 48 anos). Em Barroquinha foram encontrados resultados semelhantes para os
mesmos indivíduos, com 41% das citações para o Barbeiro “barbeiro causa doença, se a pessoa
tiver acesso às fezes do barbeiro pode ser contaminado” (J., 27 anos) e 19% para o mosquito da
dengue. Outros insetos também foram citados (Tabela 6). Resultados muito acima desses foram
encontrados por Lima et al. (2010) em Cabo de Santo Agostinho, no Estado do Pernambuco, onde
85,7% dos entrevistados citaram os insetos como causadores de doenças na região.
O barbeiro e o mosquito da dengue por serem transmissores respectivamente da doença de
chagas e da dengue obtiveram os maiores percentuais de citações em ambas as comunidades, o que
explica a maior percepção negativa por parte dos informantes. Esses mesmos insetos foram
encontrados por Lima et al. (2010) como os principais causadores de doenças no Estado do
Pernambuco. Costa Neto (2004c) obteve resultados semelhantes ao estudar um grupo de
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Marimbondos, aos quais eram atribuídas percepções negativas por sua picada provocarem pavor e
dor nas pessoas.
Tabela 6: Percentual de citações de “inseto” considerados
causadores de doenças pelos moradores das comunidades
rurais de Barroquinha e Besouro, Lagoa, Paraíba (Nordeste
do Brasil).
Insetos Besouro Barroquinha
Barbeiro/Procotó 42% 41%
Mosquito da Dengue 24% 19%
Lacraia 5% 0%
Rato 5% 7%
Barata 5% 6%
Borboleta 3% 1%
Cobra 3% 1%
Caroncha 3% 0%
Aranha 3% 0%
Abelha 3% 1%
Mosca 0% 6%
Muriçoca 0% 4%
Sapo 0% 3%
Caranguejeira 0% 3%
Mosquito 3% 3%

Insetos Pragas
Na comunidade de Besouro os indivíduos que tiveram um maior número de citações foram:
a lagarta (25%), bicudo do algodão (17%), mosca-branca (17%) e formiga de roça (12%). Na
comunidade de Barroquinha os resultados foram: mosca-branca (28%); lagarta (27%); formiga de
roça (11%) e bicudo do algodão (9%) (Figura 7). Lima et al.(2010) observaram que formigas e
baratas foram os principais insetos pragas no Estado do Pernambuco, e no presente estudo
observou-se que nas comunidades de Besouro e Barroquinha, as formigas também foram citadas
como praga na região, porém as baratas foram citadas pelos entrevistados como causadora de
doença por 5% e 6% dos entrevistados, respectivamente (Tabela 6), o que demonstra diferentes
atribuições a um mesmo inseto em regiões diferentes. Trabalhos relacionados à utilização das
propriedades medicinais da barata na no Estado da Bahia (Costa-Neto, 1999b) retratam muito bem
esta relação de ambiguidade entre grupos sociais e nos estados brasileiros.
Os insetos considerados pragas nas comunidades remetem aqueles causadores de danos às
lavouras (Figura 7), nos mostrando o quanto é evidente a percepção negativa dos entrevistados das
comunidades, onde isso se deve parcialmente a perda da produtividade das lavouras. Costa Neto &
Rodrigues (2006) encontraram besouros como insetos praga no Estado da Bahia. A ocorrência
destas pragas está relacionada com as culturas cultivadas na região (Fumo, Feijão, Algodão, Milho).
Os moradores de ambas as comunidades apresentam um rico conhecimento sobre os insetos
envolvidos com as atividades agropecuárias ocorrentes na região, como o cultivo de algumas
culturas já mencionadas e a criação de bovinos, caprinos, aves e animais domésticos. Os “insetos”
considerados pragas (Figura 7) e os envolvidos na criação de animais na região são: a mosca do
gado, piolho de porco (mucurana), mosquito de bode, pulga, pichilinga de aves e carrapato do gado
(pistas taxonômicas descritas na Tabela 1). Este conhecimento está diretamente relacionado com o
dia-dia destas pessoas e o tempo dedicado a essas atividades. Para Lima et al. (2010) o
conhecimento das pessoas em relação aos insetos pode ser adquirida na escola ou na própria
vivência do dia-a-dia. Os autores observaram em Cabo de Santo Agostinho–PE que 88,5% dos
entrevistados relacionaram os insetos como sendo causadores de doenças e como pragas na região,
demonstrando uma percepção destrutiva em relação a esses animais.
O controle de parasitos nas criações de animais nas comunidades se dá com o uso de
produtos químicos. O combate aos insetos considerados pragas na comunidade de Besouro é pelo
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uso de defensivos químicos mencionados por 70% dos entrevistados, no entanto 30% utilizam
produtos caseiros, como exemplo: “veneno caseiro, angico: pega as folhas, pisa, bota de molho uns
15 dias e bota no pulverizador, ou usa a urtiga, tem que usar misturado com água, se não mata as
plantas” (R., 56 anos). “uso produtos naturais, feito a base de mamona, pega o cacho verde, passava
na forrageira, deixa de molho três dias e pulverizava, ou usa o angico, prepara do mesmo jeito, uns
três ou quatro dias, depois bota detergente neutro 10 ml em 5 litros de água, coloca 15 dias antes de
ser consumido” (J., 56 anos). ou não utilizam nenhuma forma de combate a esses insetos pragas,
“aqui deixa por conta, porque não gosta de usar veneno” (R., 62 anos), isso deve-se ao fato de
alguns produtores da comunidade terem conhecimento dos riscos à saúde e de contaminação do
destes ao meio ambiente.
Na comunidade de Barroquinha foi registrado um maior número de citações do uso de
defensivos industrializado com 98% dos entrevistados e apenas 2% fazem o combate com produtos
naturais como, por exemplo: “pulveriza com Nim, ele fica três dias de molho, pra poder pulverizar”
(M., 83 anos). Os produtores utilizam estes elaborados caseiros para a maioria das pragas ocorrentes
na comunidade (Figura 7).

Figura 7: Percentual de citações de “insetos” considerados pragas pelos moradores das comunidades rurais de
Barroquinha e Besouro, Lagoa, Paraíba (Nordeste do Brasil).

CONCLUSÃO
Com base na discussão dos dados podemos afirmar que a etnocategoria “inseto”, ou seja, a
categoria popular formada a partir do conhecimento, sentimentos, crenças e sensações de um
determinado grupo cultural, é formada por representantes de outros grupos taxonômicos que não
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pertencem à classe Insecta, mas que por motivos perceptivos estão incluídos em um mesmo grupo.
Em ambas as comunidades os insetos foram percebidos tanto positivamente quanto negativamente
pelos moradores, reforçando a ideia de que a etnocategoria “inseto” é construída a partir da vivência
cultural e que os mesmos participam ativamente da vida sociocultural das comunidades. As duas
comunidades em questão apresentaram um rico e diversificado uso dos insetos, porém a
comunidade de Besouro apresentou um uso maior dos insetos em relação à comunidade de
Barroquinha para fins alimentícios, medicinais e tecnológicos. Embora as comunidades tenham
apresentado essa riqueza de uso, torna-se indispensável o aprofundamento de estudos a respeito do
potencial alimentício, medicinal e tecnológico desses animais possibilitando um desenvolvimento
sustentável das comunidades humanas.

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