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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

TATIANE MEDIANEIRA BACCIN AMBRÓS

COPARENTALIDADE E O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA: COMPARAÇÃO

ENTRE FAMÍLIAS CASADAS E FAMÍLIAS DIVORCIADAS

Florianópolis, SC

2022
TATIANE MEDIANEIRA BACCIN AMBRÓS

COPARENTALIDADE E O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA: COMPARAÇÃO

ENTRE FAMÍLIAS CASADAS E FAMÍLIAS DIVORCIADAS

Tese apresentada como requisito parcial à obtenção


de grau de Doutora em Psicologia, Programa de
Pós-Graduação em Psicologia, Mestrado/Douorado,
Centro de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Federal de Santa Catarina.

Orientador: Prof. Dr. Mauro Luís Vieira


Coorientadora: Prof. Dra. Fernanda Machado Lopes

Florianópolis, SC

2022
Ambrós, Tatiane Medianeira Baccin
Coparentalidade e o Comportamento da Criança: Comparação
entre Famílias Casadas e Famílias Divorciadas / Tatiane
Medianeira Baccin Ambrós ; orientador, Mauro Luís Vieira,
coorientador, Fernanda Machado Lopes, 2022.
205 p.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina,


Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programade Pós-
Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2022.

Inclui referências.
Tatiane Medianeira Baccin Ambrós

Coparentalidade e o comportamento da criança: comparação entre famílias casadas e


famílias divorciadas.

O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado em 01 de julho de 2022,


pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Profª. Drª. Clarisse Pereira Mosmann


Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unisinos

Profª. Drª. Dorian Mônica Arpini

Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSM

Profª. Drª. Marina Menezes

Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão de curso que foi

julgado adequado para obtenção do título de doutor em Psicologia.

Coordenação do Programa de Pós-Graduação

Profª. Dr. Mauro Luís Vieira

Florianópolis, SC
2022
Dedico este estudo a minha família, meus pais Vitório e Anires,
minha irmã Valéria e a todas as famílias participantes da
pesquisa.
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AGRADECIMENTOS

O meu agradecimento especial a DEUS pelo dom da minha vida e pela minha saúde,
sem ELE nada existe e nada é possível. Agradeço pela Fé, amor, persistência e resiliência que
sempre me concedeu. Chegar a este momento e escrever os agradecimentos é sem dúvida um
momento muito esperado, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração repleto de amor e
gratidão que escrevo estes agradecimentos a pessoas tão especiais em minha vida. Com toda
certeza a travessia Caixa D´Àgua, Jaguari, Santa Maria, Florianópolis e Joinville foi linda e
repleta de muitos desafios e alegrias.
Agradeço minha família, meu maior tesouro. Agradeço meus pais Anires e Vitório pelo
dom da vida, por todo cuidado, amor, carinho por acreditarem em mim e terem me incentivado
a estudar e pelo apoio em todas as minhas decisões. Agradeço por abrirem mão de muitas coisas
para que sempre pudéssemos estudar e comprar os materiais escolares. Agradeço pela
“autorização” em estudar e pelas palavras: “Você nasceu para ser Doutora, vai estudar minha
filha”. Essas palavras fizeram toda diferença em minha vida. Gratidão a Deus pela família que
me concedeu. Amo vocês e não tenho palavras que demonstrem tamanho amor e gratidão por
todos vocês.
Agradeço a minha irmã Valéria pelo apoio, carinho, presença e por compartilhar tantos
momentos juntas perto ou longe fisicamente. Agradeço pelo cuidado aos nossos pais enquanto
eu estudava em Florianópolis, gratidão pelo apoio quando decidi mudar de cidade e de estado
para continuar os estudos. Gratidão por tudo e por tanto. Agradeço às minhas tias Rosa e Mailde
(In Memorian) pelo apoio, carinho e amor. Agradeço a todos os demais tios, tias, primos,
primas, amigos e vizinhos pela amizade, carinho e apoio a mim e a minha família. Gratidão a
toda minha base familiar.
Agradeço ao incentivo do governo, por meio da bolsa Prouni, sem ela eu não teria a
possibilidade de fazer uma graduação, aos amigos, colegas de Santa Maria pelo apoio, carinho
e amor. São tantas pessoas especiais que é impossível citar a todos. Gratidão a Universidade
Luterana do Brasil (ULBRA) foi minha primeira casa e onde o grande sonho de ser Psicóloga
se iniciou. O meu agradecimento muito especial ao professor e amigo Luís Henrique Ramalho
Pereira com toda certeza esse grande Mestre fez toda diferença em minha vida, obrigada pela
parceria nas publicações e pelo apoio em continuar os estudos em uma pós- graduação. As
colegas amigas de graduação e pós, Amanda Diehl, Mariane Fraga, Carine Pereira, Elaine,
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Nara, Breno, Carolina Schumacker, Caroline Prola, Raquel, Maria Fernanda e tantos outros que
carrego no coração.
O meu agradecimento à UFSM pela possibilidade de fazer meu mestrado, ao curso da
pós de Psicologia pela acolhida e minhas colegas e professoras (Ana Paula Ramos de Souza,
Aruna Noal Correa, Mônica Arpini, Caroline Pereira e demais professores). Gratidão por tanto
e por tudo.
O meu agradecimento à Amiga e professora (Eve) Everley Rosane Goetz, obrigada pelo
carinho, confiança, apoio e incentivo, muito obrigada pela acolhida na tua vida, na tua casa e
na tua família. Gratidão pela confiança, apoio e por toda ajuda em Floripa, você fez toda
diferença na minha vida. Gratidão pela escuta, ensinamentos, incentivo, risadas e parceria para
estudos. Gratidão e não tenho palavras para agradecer e descrever o tamanho do meu carinho e
alegria em ter você em minha vida. Pessoa em forma de anjo. Meu muito obrigada a minha
amiga e Coach Elaine Figueira pela preparação na seleção para o doutorado, gratidão pela
alegria, humildade e sabedoria em compartilhar comigo teu conhecimento e amor. Levo tuas
palavras em meu coração, gratidão pela delicadeza, generosidade em cada gesto e palavra. Meu
muito obrigada, sempre. Deus coloca as pessoas certas no momento certo e na hora certa.
Gratidão aos amigos de Floripa, o meu muito obrigada a minha amiga e “irmã” Estela
pelo carinho, amor, apoio, acolhida na tua vida e na tua casa. São pessoas como você que Deus
coloca em nossa vida em forma de anjos, eu não consigo mensurar em palavras tanto amor e
carinho por ti. Deus faz os encontros da vida para que ela se torne leve, feliz e cheia de amor e
assim foi o nosso. Conte sempre comigo estarei sempre torcendo por você e gratidão por
espalhar tanta bondade e generosidade para as pessoas, e eu tive a sorte de ser uma delas.
Gratidão.
Gratidão a Camila Perrotta, obrigada pelo apoio e carinho. Gratidão pela companhia no
trabalho e nas sopas. Obrigada pela esculta, caminhadas, desabafos e claro passeios na praia.
Um beijo a Vitória, obrigada pelas palavras, sorrisos e apoio. Gratidão ao Keko pelas pizzas,
feijão e bata assada. Obrigada a Mônique pelas Barras de Access, reiki. Meu beijo ao Braian e
ao Francisco, crianças que aliviam os dias tensos e cansativos de estudos. Impossível mensurar
todos, por isso agradeço a cada um que fez parte da minha vida. Muito obrigada.
O meu agradecimento à Universidade Federal de Santa Catarina pela oportunidade de
fazer o doutorado. O meu muito obrigada ao meu amigo e orientador professor Mauro Luís
Vieira. Obrigada por acreditar e confiar em mim. Obrigada pelas palavras, pelas conversas,
conhecimento e questionamentos. Obrigada por confiar na minha pesquisa, coleta de dados
trabalhosa e demorada e ter tanta paciência, carinho e amor com seus alunos, foi uma
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experiência leve, sem cobranças. Seu carinho e amor com os alunos faz muita diferença.
Obrigada pelo coração humilde, generoso e acolhedor.
O meu agradecimento a minha coorientadora Prof. Fernanda Machado Lopes, obrigada
pela acolhida, generosidade e confiança, obrigada por enfrentar conosco esse desafio, obrigada
pela parceria, pelo apoio, carinho, sorrisos, chimarrão na rede durante as reuniões na pandemia,
gratidão pelo apoio no artigo de revisão sistemática inesquecível e publicada com muito
sucesso. Gratidão por tua humildade, generosidade e alegria em compartilhar todo o teu
conhecimento de forma leve e feliz.
O meu agradecimento ao nosso grupo de pesquisa NEPeDI, um grupo maravilhoso
repleto de carinho e companheirismo. O meu agradecimento muito especial a colega Larissa
Paraventi pelo amor e carinho desde o primeiro dia dentro da UFSC. Você é um ser humano
incrível! Gratidão às demais colegas Beatriz Coutro, Carol, Isadora, Isabela, Tamires, Jaíne,
Quele. Demais colegas do doutorado para a vida Maísa, Adria, Cláudia, Cremildo, Carol, Kátia,
e todas as alunas de iniciação científica, estágios, alunos de docência. Carol muito obrigada
pela ajuda na estatística, apoio e acolhida. Gratidão a todos.
O meu agradecimento especial às famílias, os pais que gentilmente participaram da
nossa pesquisa respondendo aos questionários. Gratidão imensa pela confiança, disponibilidade
e pela oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a realidade bela e desafiadora do ser mãe
e ser pai na atualidade. Obrigada pela divulgação da pesquisa, as escolas, professores, Fórum
de São José, secretarias de educação de todo Brasil, secretaria de saúde de Florianópolis,
amigos, familiares, colegas enfim a todos que ajudaram na divulgação da nossa pesquisa que
foi uma missão difícil, mas nunca impossível, a todos o meu muito obrigada.
Aos membros da banca, professoras Dra. Marina Menezes, Prof. Dra. Clarisse Pereira
Mosmann, Prof. Dra. Dorian Monica Arpini, Prof. Dra Daniela Schneider, Prof. Dra. Carina
Bossardi examinadoras agradeço pela disponibilidade e pelas contribuições preciosas para
aprimorar esse trabalho.
À Universidade Federal de Santa Catarina, ao Programa de Pós-Graduação em
Psicologia pela oportunidade de realizar o curso de doutorado, o agradecimento especial à bolsa
concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES- DS)
e ao financiamento da pesquisa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq)
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Tatiane Medianeira Baccin Ambrós. Coparentalidade e o comportamento da


criança: comparação entre famílias casadas e famílias divorciadas. Florianópolis, 2022.
Tese de Doutorado - Programa de pós-graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa
Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Luís Vieira
Defesa: 01/07/2022

RESUMO

A coparentalidade é um elemento central na vida familiar, o cuidado dos pais para com os filhos
e sua importância para o desenvolvimento infantil. O objetivo deste estudo foi investigar o papel
preditor da coparentalidade no comportamento da criança em famílias casadas e em famílias
divorciadas. O referencial teórico-epistemológico utilizado incluiu a Teoria Bioecológica do
Desenvolvimento Humano defendida por Bronfenbrenner, e o Modelo da Estrutura Interna e
Contexto Ecológico da Coparentalidade de Feinberg. Participaram do estudo 344 famílias pais
e mães, sendo 260 famílias casadas e 84 famílias divorciadas com filhos entre 3 e 11 anos, 11
meses e 29 dias residentes em diferentes regiões do Brasil, mas principalmente nas regiões Sul
e Sudeste. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram o questionário
sociodemográfico, a escala de relacionamento coparental – ERC e o questionário das
capacidades e dificuldades da criança (SDQ). A coleta de dados se deu no formato on-line,
utilizando recursos e plataformas de conexão virtual disponíveis. Por meio das análises
inferenciais, o teste Student (t) e análises de regressões múltiplas, constatou-se que a
coparentalidade e a dimensão de acordo parental tiveram valor preditivo para os
comportamentos adaptativos da criança. Além disso, houve associação entre o conflito
coparental com problemas de comportamento da criança. Por outro lado, o tipo de configuração
familiar (casada ou divorciada) não foi preditivo para o comportamento da criança, porém, a
contribuição quanto à configuração familiar foi preditiva para os problemas de relacionamento
da criança com seus pares, sendo maiores nas famílias divorciadas. Com relação à
coparentalidade e o comportamento da criança, conclui-se que a variável acordo coparental foi
a única variável preditora atenuante nos comportamentos da criança na amostra total das
famílias e também separadas por configurações (casada e divorciada), quanto aos
comportamentos de hiperatividade, dificuldades totais da criança problemas externalizantes. O
reconhecimento da parentalidade do parceiro foi uma variável atenuante nos sintomas
emocionais; problemas de relacionamento com pares; e problemas internalizantes apenas nas
famílias casadas. O conflito coparental apareceu como fator preponderante nas famílias da
amostra geral para os problemas de conduta e nas famílias divorciadas para os sintomas
internalizantes e sintomas emocionais. Os resultados apontam para a complexidade envolvida
nas interações familiares, a importância da coparentalidade e sua relação com o comportamento
da criança. O presente estudo contribui com a literatura da área ao investigar os efeitos da
coparentalidade no comportamento das crianças em famílias casadas e em famílias divorciadas,
destacando o acordo coparental como dimensão da coparentalidade importante e promotora do
desenvolvimento de comportamento pró-social.

Palavras-chave: coparentalidade; comportamento da criança; famílias.


10

ABSTRACT

Coparenting is seen as a central element in family life, the care parents give to their children
and its importance to child development. The aim of this study was to investigate the effects of
coparenting in the child’s behavior in married families and in divorced families. The theoretical-
epistemological referential used included the Bioecological Theory of Human Development
defended by Bronfenbrenner, and Feinberg’s Model of the Internal Structure and Ecological
Context of Coparenting. In total, 344 father and mother families participated in the research,
260 of which were married and 84 were divorced with children aged between 3 and 11 years,
11 months and 29 days living in different regions of Brazil, but mainly in the South and
Southeast regions. The instruments used in data collection were the sociodemographic
questionnaire, the coparenting relationship scale - CRS and the child’s strengths and difficulties
questionnaire (SDQ). Data collection happened in an online format, using available resources
and virtual connection platforms. Through inferential analyses, the Student (t) test and multiple
regression analyses, it was found that a) coparenting had predictive value for the child’s
behavior; b) the coparental agreement dimension stood out as a factor promoter of the child’s
adequate behavior; c) the coparental conflict seems to be promoter of problems in the child’s
behavior. Furthermore, the type of family configuration married or divorced wasn’t predictive
in itself for the child’s behavior, but the contribution regarding the family configuration was
predictive to problems of relationship with pairs, which is larger in divorced families.
Regarding coparenting and the child’s behavior, it was concluded that the variable coparental
agreement was the only mitigating predictor variable in the child’s behavior in the samples in
the families of the general sample, married and divorced, regarding the behaviors of
hyperactivity, total difficulties of the child externalizing problems. The recognition of the
partner’s parenthood was a mitigating variable in the emotional symptoms; problems of
relationship with pairs; internalizing problems only in the married families. The coparental
conflict appeared as a highlight in the families of the general sample for the problems of conduct
and in the divorced families for the internalizing symptoms and emotional symptoms. The
results point to the complexity involved in the family interactions, the importance of
coparenting and its relationship with the child’s behavior. The present study contributed to the
literature of the field by evaluating the relationship between coparenting and the children’s
behavior in the married families and in divorced families, highlighting the coparental agreement
as a coparenting dimension that is important and promoter of the development of prosocial
behavior.

Keywords: coparenting; the child’s behavior; families.


11

RESUMEN

A coparentalidade é vista como um elemento central na vida familiar, o cuidado dos pais para
com os filhos e sua importância para o desenvolvimento infantil. O objetivo deste estudo foi
investigar o papel preditor da coparentalidade no comportamento da criança em famílias
casadas e em famílias divorciadas. O referencial teórico-epistemológico utilizado incluiu a
Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano defendida por Bronfenbrenner, e o Modelo
da Estrutura Interna e Contexto Ecológico da Coparentalidade de Feinberg. Participaram da
pesquisa 344 famílias pais e mães, sendo 260 famílias casadas e 84 famílias divorciadas. Para
tanto, foi realizado um estudo de abordagem de análise com famílias casadas e divorciadas das
mais diversas regiões do Brasil, sendo a região Sul e Sudeste com maior número de
participantes, com critério de inclusão e exclusão previamente elaborados, incluindo pais e
mães casados ou separados /divorciados com filhos entre 3 e 11 anos, 11 meses e 29 dias. Os
instrumentos utilizados na coleta de dados foram o relacionamento socioparental, a escala de
relacionamento parental – ERC e o significado das capacidades e dificuldades da criança (SD).
A coleta de dados se deu no formato on-line, usando recursos e plataformas de conexão virtual
disponíveis. Por meio das atribuições inferenciais, o teste Student (avaliação de regressões) para
os filhos e filhos; b) a dimensão acordo coparental se destaca como fator promotor do
comportamento mais adaptativo da criança; c) o conflito coparental parece ser promotor de
problemas de comportamento da criança. Além disso, o tipo de configuração familiar casada
ou divorciada não foi preditivo em si para o comportamento da criança, porém a contribuição
quanto à configuração familiar foi preditiva para os problemas de relacionamento com pares,
sendo maior nas famílias divorciadas. Com relação à coparentalidade e o comportamento da
criança, conclui-se a variável acordo coparental foi uma variável única preditora atenuante nos
comportamentos da criança nas amostras das famílias da amostra geral, casada e divorciada,
problemas quanto ao comportamento de hiperatividade, dificuldades totais da criança
externalizantes. O reconhecimento da parentalidade do parceiro foi uma variável atenuada nos
sintomas; problemas de relacionamento com pares; e problemas internalizantes apenas nas
famílias casadas. O conflito coparental apareceu como fator nas famílias da amostra geral de
conduta e nas famílias divorciadas dos sintomas internalizantes e sintomas comuns para os
problemas. Os parentes identificados para a relação da criança resultantes. O presente estudo
contribui com a literatura da área ao investigar os efeitos da coparentalidade no comportamento
das crianças em famílias casadas e em famílias divorciadas, destacando o acordo coparental
como dimensão da coparentalidade importante e promotora do desenvolvimento de pró-social.

Palabras-Clave: coparentalidad; comportamiento del niño; famílias.


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LISTA DE ABREVIATURAS

ERC- Escala de Relação Coparental

CBCL- Child Behavior Checklist

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LABSFAC - Laboratório de Pesquisa em Saúde, Família e Comunidade

NEPeDI - Núcleo de Estudo e Pesquisa em Desenvolvimento Infantil

SAPSI - Serviço de Atenção Psicológica

SDQ- Questionário de Capacidades e Dificuldades das Crianças

SD- Questionário Sociodemográfico

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

UFSCar – Universidade de São Carlos


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação dos sistemas contextuais que compõem a Perspectiva Bioecológica do

Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner, traduzido por Böing (2014) de Halpern e

Figueiras (2004)....................................................................................................................... 40

Figura 2. Contexto Ecológico da Coparentalidade traduzido por Böing (2014) de Feinberg

(2003) ...................................................................................................................................... 55
14

LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Caracterização das Variáveis Sociodemográficas dos pais das Famílias Participantes
................................................................................................................................................. 71
Tabela 2. Caracterização do Nível de Escolaridade e Renda dos pais das Famílias Participantes
................................................................................................................................................. 72
Tabela 3. Caracterização das Variáveis Sociodemográficas das Crianças das Famílias
Participantes ............................................................................................................................ 73
Tabela 4. Médias, Desvios Padrões e Comparações da Percepção das Dimensões de
Comportamento da Criança e da Relação Coparental de Famílias Casadas e Divorciadas..... 75
Tabela 5. Variáveis Preditoras dos Sintomas Emocionais da Criança nas Diferentes Amostras:
Tipo de Família e Dimensões Coparentais .............................................................................. 79
Tabela 6. Variáveis Preditoras dos Problemas de Conduta da Criança nas Diferentes Amostras:
Tipo de Família e Dimensões Coparentais .............................................................................. 81
Tabela 7. Variáveis Preditoras da Hiperatividade da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de
Família e Dimensões Coparentais ........................................................................................... 84
Tabela 8. Variáveis preditoras dos Problemas de Relacionamento com Pares da Criança nas
Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais ........................................... 86
Tabela 9. Variáveis preditoras do Comportamento Pró-social da Criança nas Diferentes
Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais ............................................................. 89
Tabela 10. Variáveis preditoras das Dificuldades Totais da Criança nas Diferentes Amostras:
Tipo de Família e Dimensões Coparentais .............................................................................. 91
Tabela 11. Variáveis Preditoras das Problemas Externalizantes da Criança nas Diferentes
Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais ............................................................. 93
Tabela 12. Variáveis Preditoras dos Problemas Internalizantes da Criança nas Diferentes
Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais ............................................................. 95
Tabela 13. Variáveis Preditoras dos Comportamentos da Criança Estatisticamente
Significativas na Amostra Geral: Tipo de Família e Dimensões Coparentais ......................... 97
Tabela 14. Variáveis Preditoras dos Comportamentos da Criança Estatisticamente
Significativas na Amostra de Famílias Casadas: Dimensões Coparentais .............................. 98
Tabela 15. Variáveis Preditoras dos Comportamentos da Criança Estatisticamente
Significativas na Amostra de Famílias Divorciadas: Dimensões Coparentais ........................ 99
15

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 18

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 21

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 30

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 30

2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 30

3 HIPÓTESES ........................................................................................................................31

3.1 Hipótese 1: Famílias casadas terão melhor qualidade de relacionamento coparental em

comparação com famílias divorciadas ................................................................................. 31

3.2 Hipótese 2: Filhos (as) de famílias divorciadas apresentarão mais comportamentos

difíceis em comparação com filhos(as) de famílias casadas................................................ 31

3.3 Hipótese 3: A coparentalidade exercerá influência no comportamento da criança, sendo

que as dimensões positivas promoverão comportamento pró-social, enquanto seus aspectos

negativos aumentam os problemas de comportamento das crianças em ambas as

configurações familiares ...................................................................................................... 32

4 DESENVOLVIMENTO..................................................................................................... 33

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 33

5.1 A Teoria Bioecológica do Desenvolvimento humano ............................................. 33

5.1.1 Processos proximais .................................................................................................. 34

5.1.2 Pessoa ........................................................................................................................ 35

5.1.3 Contexto ..................................................................................................................... 36

5.1.4 Tempo......................................................................................................................... 39
16

5.2 As mudanças familiares e o divórcio no ciclo vital da família ...................................... 43

5.3 Coparentalidade ............................................................................................................. 50

5.4 O Comportamento da criança ........................................................................................ 58

6 MÉTODO ............................................................................................................................ 64

6.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................................ 64

6.2 Participantes .................................................................................................................. 64

6.3 Instrumentos .................................................................................................................. 65

6.4 Procedimentos éticos e de coleta de dados .................................................................... 67

6.5 Análise de Dados ........................................................................................................... 69

7 RESULTADOS ................................................................................................................... 70

7.1 Caracterização das variáveis sociodemográficas das famílias participantes ................. 70

7.2 Comparações da percepção das dimensões de comportamento da criança e da relação

coparental de participantes de famílias casadas e divorciadas ............................................ 74

7.3 Variáveis preditoras do comportamento da criança nas diferentes amostras: tipo de

famílias e dimensões coparentais......................................................................................... 76

7.3.1 Sintomas emocionais.................................................................................................. 77

7.3.2 Problemas de conduta ............................................................................................... 80

7.3.3 Hiperatividade ........................................................................................................... 82

7.3.4 Problemas de Relacionamento com os pares ............................................................ 85

7.3.5 Comportamento pró-social ........................................................................................ 87

7.3.6 Dificuldades totais da criança ................................................................................... 90

7.3.7 Problemas externalizantes ......................................................................................... 92


17

7.3.8 Problemas internalizantes ......................................................................................... 94

7.3.9 Principais resultados dos modelos de predição do comportamento da criança ....... 96

7.4 Síntese dos resultados .................................................................................................... 99

8 DISCUSSÃO GERAL ...................................................................................................... 101

8.1 Percepção das dimensões de comportamento da criança em participantes de famílias

casadas e famílias divorciadas ........................................................................................... 102

8.2 O papel preditor da coparentalidade no comportamento da criança, variáveis preditoras

do comportamento nas diferentes amostras, tipo de famílias e dimensões coparentais .... 110

8.3 Relação entre a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, Coparentalidade e o

dados do presente estudo ................................................................................................... 122

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................. Erro! Indicador não definido.

10 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 134

11 APÊNDICES ................................................................................................................... 154

Apêndice A – Carta convite aos pais para participação na pesquisa ................................. 154

Apêndice B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................ 155

Apêndice C – Artigo de Revisão Sistemática da literatura, publicado na Revista Psicologia:

Teoria e Prática ..................................................................... Erro! Indicador não definido.

12 ANEXOS ......................................................................................................................... 159

Anexo A - Questionário Sociodemográfico ...................................................................... 193

Anexo B- Escala de Relacionamento Coparental- ERC .................................................... 200

Anexo C- Questionário das Capacidades e Dificuldades da Criança - (SDQ) .................. 205


18

APRESENTAÇÃO

O presente estudo insere-se no Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPGP) da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especificamente na área três (A3), intitulada

“Saúde e Desenvolvimento Psicológico”, na linha um (L1), Saúde e Contextos de

Desenvolvimento Psicológico. A A3L1 do PPGP/UFSC reúne estudos sobre processos

psicológicos no âmbito das interações entre saúde e desenvolvimento individual e social. A L1

considera o desenvolvimento psicológico e suas relações com a saúde das pessoas nos contextos

ambiental, familiar, institucional e comunitário. Assim, este estudo se relaciona com a referida

linha ao buscar compreender a relação entre a coparentalidade e o comportamento da criança

no ambiente familiar e, ao mesmo tempo, inovar aproximando-se de um olhar para essas

diferentes configurações familiares, na atualidade.

A presente pesquisa intitulada: “Coparentalidade e o comportamento da criança:

comparação entre em famílias casadas e famílias divorciadas”, tem como objetivo investigar

o papel preditor da coparentalidade no comportamento da criança em famílias casadas e

famílias divorciadas. Ela faz parte de um projeto de investigação mais amplo, intitulado

‘Parentalidade e Desenvolvimento Socioemocional Infantil II’, coordenado pelo Professor Dr.

Mauro Luís Vieira e desenvolvido em parceria pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em

Desenvolvimento Infantil (NEPeDI), e pelo Laboratório de Psicologia da Saúde, Família e

Comunidade (LABSFAC), ambos pertencentes à área de Saúde e Desenvolvimento Psicológico

do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSC. Trata-se de uma continuidade e

ampliação das pesquisas realizadas através dos projetos “Envolvimento paterno no contexto

familiar contemporâneo” e “Relações entre envolvimento e práticas parentais, funcionamento


19

familiar, coparentalidade e comportamento da criança pré-escolar”, desenvolvidos em parceria

com os mesmos laboratórios citados acima.

A minha participação na elaboração do projeto, divulgação da pesquisa e contato com

as famílias na aplicação do questionário piloto foi fundamental para pensar a pergunta da

pesquisa. Minha inquietação em pesquisar esse tema foi em função de ter poucos estudos com

as famílias divorciadas e também as questões de consultório, onde famílias que passam por um

processo de separação buscam ajuda e orientação na educação dos filhos sobre como lidar com

os problemas de comportamento apresentados durante o processo de separação/divórcio.

A construção da proposta de investigação da temática decorreu também da minha

trajetória acadêmica. Desde a graduação estudo e pesquiso sobre o desenvolvimento infantil e

as famílias, portanto, neste estudo, decidi investigar a relação entre coparentalidade e

comportamento da criança em famílias casadas e famílias divorciadas. A pesquisa tem como

propósito inovar e complementar estudos anteriores que sugeriram novas investigações com

base em distintas configurações familiares. As referidas pesquisas apontaram para a potência

dessas múltiplas possibilidades no que tange a relação de coparentalidade, como, por exemplo:

famílias monoparentais, homoafetivas, separadas/divorciadas e recasadas.

Na maioria das pesquisas do grupo NEPeDI, foi estudada a coparentalidade a partir de

famílias casadas, de modo que a questão de dois núcleos familiares ainda não tinha sido

estudada. No ano de 2018, uma dissertação teve como foco estudar a relação entre

coparentalidade, envolvimento paterno e práticas parentais de pais e mães de famílias

divorciadas, no entanto a amostra foi pequena, com 45 participantes, o que dificulta a

generalização dos resultados. A pesquisa de Souza (2018), sugeriu o estudo e o olhar sobre as

novas configurações familiares existentes atualmente, assim como estudar a coparentalidade

em diversas configurações familiares (pais divorciados sem a custódia dos/as filhos/as, famílias

monoparentais masculinas e femininas, famílias biparentais homoafetivas compostas por


20

homens e por mulheres, pais/mães encarcerados, duplas coparentais formadas por

progenitor(a)/avó(ô)). A pesquisa de Barreto (2018) investigou a coparentalidade e o

temperamento de pré-escolares em famílias biparentais e indicou a realização de estudos

longitudinais com a população brasileira e amostras que incluam famílias com diferentes níveis

de escolaridade e renda e configurações familiares diferentes.

Por outro lado, com o isolamento social provocado pela pandemia de COVID-19, foi

necessário rever as estratégias utilizadas para coleta de dados que haviam sido submetidas para

apreciação na qualificação do projeto, pois nessa proposta seria realizada de modo presencial.

Em função disso, muitas pessoas passaram por novas adaptações, sendo necessário repensar a

rotina, a forma de viver, de organizar os afazeres. Portanto, novas estratégias para a coleta de

dados da investigação foram estabelecidas, demandando a reformulação no projeto de pesquisa.


21

1 INTRODUÇÃO

A família é vista como um sistema social responsável pela transmissão de valores,

crenças, ideais e significados que estão presentes nas sociedades (Kreppner, 2000). Portanto,

ela tem uma forte influência no comportamento dos indivíduos, impactando,

significativamente, nas crianças, que aprendem diferentes formas de existir, de ver o mundo,

de compartilhar, de se inter-relacionar e construir as suas relações sociais.

O sistema familiar pode ser compreendido como um grupo de pessoas que interagem a

partir dos vínculos afetivos, consanguíneos ou políticos, que estabelecem uma rede infinita de

comunicação e de mútua influência (Wagner, 2011). A Perspectiva Bioecológica do

Desenvolvimento Humano, elaborada por Urie Bronfenbrenner (2011), pode ser considerada

sistêmica à medida que compreende a pessoa por meio das interações e relações estabelecidas

com outras pessoas e com o ambiente onde ela vive (Barreto, 2018; Souza, 2018).

O desenvolvimento humano, para Bronfenbrenner (1992), refere-se ao conjunto de

processos em que as características da pessoa e do ambiente interagem, provocando mudanças

nas pessoas e no ciclo vital delas. O indivíduo vai se desenvolvendo e adquirindo uma

concepção mais ampliada, diferenciada do meio ambiente ecológico, e se torna mais motivada

e capaz de se envolver em atividades que revelam suas propriedades, sustentam ou restituíram

aqueles ambientes em nível de complexidade semelhante ou maior no que se refere à forma e

ao conteúdo. Assim, entende-se que o crescimento, o desenvolvimento infantil e o

comportamento são indissociáveis do contexto e das relações construídas ao longo da vida,

aspectos esses centrais da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano.

A Perspectiva Bioecológica do Desenvolvimento Humano é considerada um dos aportes

teóricos utilizados para o entendimento dos processos de interação que ocorrem entre o

indivíduo e a família ao longo do tempo. Considera que o desenvolvimento humano ocorre num
22

ambiente de interação entre o indivíduo e seu contexto de vida (Bronfenbrenner, 2011).

Bronfenbrenner e Morris (1998) destacam que as crianças influenciam os próprios ambientes

onde se encontram quando iniciam uma atividade nova, ou quando começam a estabelecer

algum tipo de vínculo com outras pessoas e são influenciadas, ao mesmo tempo, pelos que estão

ao seu redor.

Para explicar esse processo de desenvolvimento, Bronfenbrenner criou o Modelo PPCT

– Processo, Pessoa, Contexte e Tempo (Bronfenbrenner, 2011). No primeiro caso, temos os

processos proximais, que são definidos como a força motriz para o desenvolvimento

(Bronfenbrenner, 2011) e estão relacionados com as interações recíprocas, face a face, da

criança com a família em suas atividades diárias, principalmente no que se refere às brincadeiras

e às práticas educativas que promovem o desenvolvimento das pessoas envolvidas.

A Pessoa refere-se tanto aos fatores biopsicológicos do desenvolvimento do ser

humano, quanto àquelas características construídas na interação com o ambiente. O Contexto

são os espaços nos quais as crianças estão inseridas - família, escola. Aqui, destacamos a

importância de um ambiente seguro, com boas relações entre pais e filhos, e a coparentalidade

positiva. No componente Tempo, o desenvolvimento ocorre através da interação entre a pessoa

em desenvolvimento e os cinco contextos – micro, meso, exo, macro e cronossistema –

interconectados, que se influenciam, promovendo interação e desenvolvimento em uma

construção. Esses elementos podem tanto impulsionar, quanto inibir o desenvolvimento de um

indivíduo, a depender da maneira como as relações são estabelecidas na família, da sua duração

e da qualidade dessas.

O desenvolvimento humano é influenciado por muitos fatores e a família constitui-se

como a base para um desenvolvimento seguro e saudável. As transformações sociais ocorridas

nas últimas décadas, com relação a instituição família, nos remetem a pensar nas mudanças que

essa vem passando (Dessen & Braz, 2005).


23

A família é um microcontexto primário de desenvolvimento inicial da criança, em que

ocorrem as interações face a face entre os pais e os filhos, e que, posteriormente, sofrerá

influência de outros grupos, representados por pessoas da vizinhança e da escola (Dessen &

Braz, 2005). Uma concepção atual que se tem de família, hoje, é compreendê-la como um

contexto complexo promotor do desenvolvimento primário, da sobrevivência e da socialização

da criança, sendo um espaço de transmissão de cultura e conhecimento (Dessen & Braz, 2005).

As famílias casadas, também chamadas de tradicionais e biparentais, são constituídas de pai,

mãe e filhos. De acordo com Fraenkel e Capstick (2016), as famílias biparentais, no século

XXI, enfrentam vários desafios, ao mesmo tempo em que negociam questões transicionais e

desenvolvimentais na criação dos filhos. Muitas famílias enfrentam tensões, como doenças,

mortes, perdas e desemprego, por exemplo.

Por outro lado, a configuração da família contemporânea na sociedade ocidental é

decorrente de mudanças importantes que aconteceram nos anos 1950 e 1960, especialmente a

partir da “revolução da juventude” e da “revolução feminista”. Impulsionados por esses

movimentos, as figuras parentais, principalmente as mães, passaram a se comprometer mais

com projetos próprios, independentes da família. Com isso, tivemos uma reviravolta nas

famílias, transformando a relação dos pais com os filhos. Com a maior singularização das

figuras parentais, as separações começaram a se multiplicar, aspecto que provocou repercussões

importantes no que concerne a uma “economia dos cuidados” dedicados aos filhos,

modificando, de forma profunda, as relações familiares (Birman, 2006). Tais mudanças

parecem ter influenciado no estabelecimento da Lei do Divórcio, no ano de 1977 (Brasil, 1977).

A dissolução conjugal se configura como um momento de transição na vida das famílias,

causando impacto, tanto para os pais, quanto para os filhos, os quais devem lidar com a

reorganização das relações de parentalidade (Grzybowski & Wagner, 2010a).


24

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019),

os pedidos de divórcio têm aumentado a cada ano. Houve um acréscimo, também, na taxa geral

de divórcios, que passou de 2,5‰ (2017) para 2,6‰ (2018). Na avaliação dos divórcios

judiciais concedidos em 1ª instância, por tipo de arranjo familiar, a maior proporção das

dissoluções ocorreu entre as famílias constituídas somente com filhos menores de idade,

atingindo 46,6% em 2018.

Segundo Grzybowski (2002), como toda crise, o divórcio é um momento de grandes

transformações que exigem uma nova reorganização familiar, necessitando que todos os

membros familiares passem por ajustes em seus papéis e funções até que nova reorganização

seja alcançada. Para a superação do divórcio, será necessária a elaboração do luto pela perda da

família intacta, renunciando à fantasia de voltarem a ficar juntos.

A criação dos filhos é, por si só, uma das tarefas mais difíceis com a qual as famílias

precisam lidar (Carter & McGoldrick, 1995). Portanto, entende-se que os pais precisam discutir

e planejar a educação e a criação dos filhos. Após a separação ou o divórcio, essa discussão e

esse planejamento intensificam-se muito mais, uma vez que os pais precisam conversar sobre

como e com quem ficará a guarda do(s) filhos, como vão dividir as tarefas, os cuidados e as

responsabilidades com os filhos. Neste momento, a coparentalidade é uma alternativa entre os

pais. O estudo da coparentalidade nas famílias divorciadas é fundamental para conhecermos a

realidade nestas famílias que estão passando por este processo de transição e conhecermos se

existe ou não alguma diferença entre as famílias casadas e as famílias divorciadas. Depois da

separação dos pais, a coparentalidade é fundamental para que o casal se organize sobre a criação

dos filhos.

O uso do termo coparentalidade parece ser bastante recente na literatura. A primeira

referência apareceu há menos de três décadas, segundo Frizzo et al. (2005). O conceito surgiu

inicialmente do contexto de famílias em situação de divórico, uma vez que, no momento da


25

separação, a relação coparental é uma estratégia que possibilita, aos genitores, continuarem se

relacionando de forma positiva (McHale, 1995; Margolin et al. 2001; Schoppe at al., 2001).

Em um segundo momento, autores, como Belsky et al. (1995) e McHale (1997), passaram a

utilizar este conceito também para famílias nucleares. Estudar a coparentalidade nas famílias

casadas é pertinente porque, em caso de divórcio, a qualidade do relacionamento estabelecido

iniciou enquanto o casal ainda estava casado (Coiro & Emery, 1998).

A coparentalidade é um fenômeno relevante nas famílias, independente da configuração

familiar. De acordo com Feinberg (2003), essa implica num interjogo de papéis, ou seja, o

cuidado dos pais para com os filhos. A coparentalidade é vista como um elemento central da

vida familiar, a qual influencia o ajuste dos pais na criação dos filhos.

A coparentalidade ocorre pela inter-relação entre quatro fatores: (a) Concordância-

discordância entre a dupla parental: interação entre os pais, componente associado ao grau de

entendimento da díade parental em assuntos relacionados à criança; práticas parentais, decisões

sobre educação dos filhos; (b) divisão de tarefas, que corresponde à partilha entre a díade

coparental das tarefas e responsabilidades da rotina da criança, dos cuidados com ela, a assuntos

financeiros e de saúde; (c) imensão Suporte/Sabotagem, que é a forma como os pais se

valorizam e se apoiam enquanto pais; envolve a afirmação e competência do outro; (d)

gerenciamento conjunto das interações familiares, ou seja, interação entre os pais, que são

responsáveis por estabelecer as fronteiras familiares, das quais dependerá a qualidade do

funcionamento estrutural da família.

Mais especificamente, em termos de estudos de pesquisam, Souza et al. (2016)

realizaram uma revisão sistemática para descrever as medidas de coparentalidade mais

frequentes, assim como os contextos familiares mais investigados, encontradas no banco de

dados da Capes. Os resultados mostraram que há predominância das pesquisas quantitativas e

a família nuclear é a configuração mais estudada. Os autores consideram importante a


26

realização de estudos em contextos familiares mais heterogêneos, compatíveis com os novos

padrões familiares que têm se apresentado na contemporaneidade, investigando outros

contextos familiares que apresentem composições peculiares. Assim, o estudo da

coparentalidade em famílias divorciadas torna-se cada vez mais pertinente e relevante.

A revisão sistemática de Lamela e Figueiredo (2016) sobre coparentalidade, após a

dissolução conjugal, sobre a saúde mental das crianças constatou que a maioria dos estudos que

analisaram as associações entre a coparentalidade e os problemas de externalização

demonstraram que o conflito coparental está significativamente relacionado com o aumento de

sintomas de problemas de comportamento nas crianças. Os dados da investigação evidenciaram

que a coparentalidade é um preditor robusto dos problemas de internalização e externalização

das crianças, dos níveis de saúde mental dos pais e de características processuais dentro da

família após essa transição familiar.

Bronfenbrenner (2011) destaca que há fatores ambientais e geracionais que afetam o

desenvolvimento (núcleos formados pelo microssistema, mesossistema, exossistema e

macrossistema) e características biopsicológicas da pessoa ao longo do tempo (componentes da

pessoa e do tempo), as quais influenciam e são influenciadas pelas interações com outras

pessoas, como pais e educadores, por exemplo. Aqui, destaca-se a importância de um ambiente

satisfatório com uma coparentalidade positiva, com bom relacionamento entre os pais, boa

relação coparental, diálogo e conflitos gerenciáveis entre as partes. A partir disso, pode-se

compreender o comportamento infantil por meio da relação entre as características individuais

das crianças e das interações com outras pessoas (principalmente, pais e educadores) nos

contextos específicos.

As interações entre as pessoas em desenvolvimento, e as demais dos seus contextos,

podem promover, de acordo com Bronfenbrenner (2011), resultados de competência

(comportamento pró-social) ou disfunção, como problemas de comportamento (sintomas


27

emocionais, problemas de conduta, hiperatividade, problemas de relacionamento com pares)

para o desenvolvimento socioemocional da criança. Ao considerar as variáveis da relação

conjugal, Bolsoni-Silva et al. (2009) apontaram que as práticas parentais e o comportamento

dos filhos influenciam-se mutuamente e determinam, ao longo do tempo, que tipo de interação

predomina entre a criança e os cuidadores. Segundo os autores, as práticas parentais coercitivas

induzem respostas também negativas, por parte dos filhos, e o surgimento de sintomas

externalizantes e internalizantes que, por sua vez, causam estresse e frustração aos pais.

Com relação aos impactos da coparentalidade no comportamento da criança, Parkes et

al. (2019) investigaram as associações entre o apoio do casal na primeira infância das crianças

e os problemas de externalização da meia-infância, explorando a coparentalidade e / ou a

parentalidade individual das mães e dos pais. O apoio do casal na infância foi associado a

problemas de externalização, reduzidos de 8 a 10 anos depois, e muito desse efeito foi atribuído

à coparentalidade dos pais quando as crianças tinham 3 a 5 anos. O estudo descobriu que

relacionamentos de casal mais solidários, na primeira infância, reduziram os problemas de

externalização na infância (incluindo a redução do risco de problemas clinicamente

significativos). O efeito do apoio do casal era explicável em termos de comportamento de

coparentalidade e parentalidade durante os anos pré-escolares. Na mesma direção, Sebastião et

al. (2020) compararam e correlacionaram a avaliação de mães e pais biológicos, de famílias

casadas, sobre suas práticas educativas e problemas comportamentais de seus filhos, em idade

escolar, e verificaram que as práticas parentais negativas se correlacionaram positivamente com

os problemas de comportamento.

Os estudos sobre coparentalidade iniciaram-se com as famílias divorciadas, depois teve

a expansão para estudos com famílias casadas e um certo esquecimento das famílias

divorciadas. Estudos comparando as famílias são necessários, uma vez que contribuirá para

sabermos semelhantes e diferenças entre as famílias e pensar posteriormente em estratégias de


28

apoio e intervenção nas famílias. Em termos de relevância social, neste estudo, pretendeu-se

aprofundar o conhecimento sobre coparentalidade em famílias com diferentes configurações

familiares e verificar os efeitos no comportamento da criança com vistas a proporcionar

material para orientação, e estimular as famílias sobre a importância da coparentalidade

positiva.

Com as mudanças ocorridas na instituição familiar, o estudo sobre novos modelos e

configurações é relevante para colaborar com as famílias envolvidas em ambos os contextos. A

inovação e o ineditismo do presente trabalho é o estudo com as famílias divorciadas, tendo em

vista que uma série de pesquisas, que trazem estudos com famílias casadas, sugerem a

necessidade de estudar as mais diversas configurações familiares. Estudar a comparação e

buscar conhecer como se dá a coparentalidade nas famílias casadas e divorciadas é importante

para sabermos e entendermos se essa acontece da mesma forma em ambas as configurações

familiares. É relevante entender para poder pensar e elaborar novas políticas públicas, bem

como promover intervenções e orientações aos pais, procurando compreender qual o impacto

da coparentalidade no comportamento das crianças.

Na presente tese, em termos teóricos, parte-se de concepção do modelo bioecológico do

desenvolvimento humano de Bronfenbrenner (2011). Além disso, em termos de dinâmica

familiar, utilizar-se-á a concepção de coparentalidade proposto pelo Modelo da Estrutura

Interna e Contexto Ecológico da Coparentalidade de Feinberg (2003). As duas teorias usadas

para embasar o presente estudo defendem a existência de focos principais, que atuam mútua e

concomitantemente, desde o nascimento, para que a pessoa se desenvolva, compreendendo

como cada componente da coparentalidade influencia no ajustamento parental, na

parentalidade, na relação interparental e no ajustamento da criança. Ambas se referem a

aspectos ambientais e relacionais que influenciam e são influenciadas pelas interações com

outras pessoas.
29

Este estudo está alinhado com a área de concentração a qual este estudo está inserido,

uma vez que se fazem necessárias pesquisas que contribuam para a Saúde e Desenvolvimento

Psicológico nos mais diversos contextos. Sendo assim, este estudo vem aprofundar pesquisas e

estudos, colaborar junto à comunidade científica e inovar, trazendo o olhar sobre as novas

configurações familiares, bem como busca compreender qual a relação entre coparentalidade e

o comportamento das crianças, seja para fins teóricos, como também para intervenções práticas.

Dessa forma, pretende-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: “Qual é o papel preditor

da coparentalidade no comportamento da criança em famílias casadas e em famílias

divorciadas”?
30

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar o papel preditor da coparentalidade no comportamento da criança em famílias

casadas e em famílias divorciadas.

2.2 Objetivos específicos

1- Comparar a percepção dos pais de famílias casadas e famílias divorciadas sobre a sua

coparentalidade.

2- Comparar a percepção dos pais de famílias casadas e famílias divorciadas sobre as

dimensões de comportamento da criança.

3- Verificar o papel preditor da coparentalidade no comportamento das crianças em

famílias casadas e em famílias divorciadas.


31

3. Hipóteses

As hipóteses deste estudo são:

3.1 Hipótese 1: Famílias casadas terão melhor qualidade de relacionamento coparental


em comparação com famílias divorciadas.
Leme et al. (2010) destacam que mães separadas/divorciadas há menos de três anos

investem com menor frequência na educação dos filhos e na manifestação de afeto quando

comparadas às mães de famílias nucleares. O conflito interparental é citado, nos estudos com

famílias divorciadas, como elemento que exerce influência na coparentalidade (Lamela et al.

2013; Lamela & Figueiredo, 2016). Mediar a coparentalidade nesses casos é, muitas vezes, um

desafio para os pais.

3.2 Hipótese 2: Filhos (as) de famílias divorciadas apresentarão mais comportamentos


difíceis em comparação com filhos(as) de famílias casadas.
A metanálise de Amato e Keith (1991) mostrou que crianças de pais divorciados,

quando comparadas a crianças de pais casados, exibiam indicadores de menor bem-estar,

incluindo pior realização acadêmica, ajustamento psicológico, autoconceito, relações sociais e

qualidade de relacionamento com o pai e a mãe.

Estudos posteriores demonstraram que filhos de pais divorciados têm pior desempenho

escolar, mais problemas comportamentais e seu bem-estar psicológico e emocional é afetado,

além de terem baixa autoestima e relações sociais mais problemáticas do que crianças de

famílias intactas (Amato, 2001; Spruijt 2007; Martins, 2010). Também já foi demonstrado que

crianças que passaram por um divórcio têm tendência a ter níveis de saúde física e psicológica

mais baixos, adaptação desajustada, baixos rendimentos escolares, comportamentos de risco e

experenciar mal-estar psicológico (Nunes-Costa et al., 2009).


32

3.3 Hipótese 3: A coparentalidade exercerá influência no comportamento da criança,


sendo que as dimensões positivas promoverão comportamento pró-social, enquanto
seus aspectos negativos aumentam os problemas de comportamento das crianças em
ambas as configurações familiares.
Lamela et al. (2015) identificaram três diferentes perfis de coparentalidade:

coparentalidade de alto conflito, coparentalidade sabotadora e coparentalidade cooperativa.

Menos problemas de comportamentos externalizantes foram encontrados no grupo Cooperativo

em relação aos outros dois. Menos problemas de comportamentos internalizantes foram

encontrados entre os pais que exerciam coparentalidade cooperativa.

No estudo de Baxter et al. (2011), os autores mediram a existência de hostilidade

coparental, identificando-a como um importante fator explicativo de menor bem-estar

emocional dos filhos, independentemente do tipo de família casada, separada ou recasada.

Contudo, entre os pais que tinham uma relação hostil, aqueles que eram separados tinham

filhos com piores escores de bem-estar emocional.


33

4 DESENVOLVIMENTO

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 A Teoria Bioecológica do Desenvolvimento humano

A Psicologia do Desenvolvimento é uma área da ciência que se dedica ao estudo das

pessoas, enfatizando o seu desenvolvimento como processo composto por mudanças que

ocorrem no decorrer da vida do indivíduo, desde o nascimento, até a morte. Dentre as várias

teorias relativas à Psicologia do Desenvolvimento, optou-se pela Teoria Bioecológica do

Desenvolvimento Humano, de Urie Bronfenbrenner, a fim de confirmar a relevância deste

modelo para a compreensão do objeto de estudo da presente pesquisa de doutorado, sendo essa

teoria uma das abordagens teóricas desta investigação.

Na concepção de Bronfenbrenner (1999), o desenvolvimento representa uma

transformação que atinge a pessoa, reorganização que procede de maneira continuada dentro

da unidade tempo-espaço. Esta modificação realiza-se em diferentes níveis: das ações, das

percepções da pessoa, das atividades e das interações com o seu mundo. O desenvolvimento

humano é estimulado ou inibido pelo grau de interação com as pessoas e por uma variedade de

papéis, pela participação e engajamento em diferentes ambientes, iniciando pela experiência

familiar e entrando em contato com diferentes papéis, como o de mãe, pai, irmãos, tios, avós e,

posteriormente, creche e escola. Portanto, o desenvolvimento humano se estabelece de maneira

contínua e recíproca, no interjogo entre aspectos biológicos, psicológicos e ambientais.

A teoria de Bronfenbrenner foi revisitada e reformulada. O primeiro modelo, delineado

por ele em 1979, denominado “ecológico”, destaca o ambiente como elemento fundamental

para a compreensão de como o indivíduo se desenvolve. Em 1992, esse modelo contemplou os


34

aspectos do desenvolvimento vinculados à pessoa e adquire a denominação “Teoria dos

Sistemas Ecológicos” (Prati et al., 2008). Posteriormente, a teoria evolui e o entendimento do

desenvolvimento humano passou a contemplar um esquema mais amplo. No final da década

de 1970, Bronfenbrenner publicou seu estudo, inicialmente chamado de Teoria Ecológica, que

privilegiava uma compreensão de desenvolvimento, de forma contextualizada e em ambientes

naturais, visando apreender a realidade de forma mais abrangente, tal como é vivida e percebida

pela pessoa no contexto em que se insere (Bronfenbrenner, 1996).

Ao reformular sua teoria para uma compreensão bioecológica do desenvolvimento

humano, passou a ressaltar, além da interdependência indivíduo-contexto, as características da

pessoa em desenvolvimento em relação às influências de quatro aspectos multidirecionais inter-

relacionados, que constituem o modelo PPCT: Processo, Pessoa, Contexto e Tempo - elementos

centrais da Teoria Bioecológica (Bronfenbrenner & Morris, 1998).

5.1.1 Processos proximais

Os processos proximais representam o mecanismo central do desenvolvimento. É o

principal mecanismo responsável pelo desenvolvimento, pois compreende a ligação entre os

diversos contextos nos quais essa pessoa se expressa. São a força motriz do desenvolvimento e

referem-se às interações recíprocas face a face e à relação coparental.

Para Bronfenbrenner (1996), o poder desenvolvimental das díades está atrelado a três

propriedades: intensidade e grau de reciprocidade, afeto e equilíbrio de poder. A reciprocidade

refere-se à capacidade de os membros coordenarem suas atividades entre si, o que favorece a

aquisição de habilidades interativas. O afeto é resultante da regularidade das interações das

díades, pois quanto mais positivos e mútuos forem os sentimentos, maior será a possibilidade

de ocorrerem relacionamento positivo. E a terceira propriedade, o equilíbrio de poder, reside na

possibilidade de a pessoa em desenvolvimento adquirir, gradualmente, crescentes


35

oportunidades de controlar a situação, desenvolvendo sua autonomia e a capacidade de lidar

com relações de poder diferenciadas (Boing, 2014).

Os processos proximais, de acordo com Bronfenbrenner (2011), são quaisquer

interações positivas entre o organismo e o ambiente (as pessoas, os objetos e os símbolos) que

requerem regularidade, reciprocidade e estimulação da atenção, da exploração e da imaginação

por parte deste. Portanto, o desenvolvimento é caracterizado pela interação entre as dinâmicas

da mudança e da continuidade ao longo da vida. Por meio dos afetos, o indivíduo interage para

além de sua individualidade. Assim, mesmo que o processo de desenvolvimento seja particular,

o outro é essencial para que esse procedimento ocorra, através da reciprocidade nas

estimulações, dos sentimentos e das experiências.

De acordo com Bronfenbrenner (2011), o desenvolvimento é um curso da mutualidade,

produto da relação de seus componentes, relação entre os pais, incluindo a criança. Essas

interações e a relação coparental são importantes para as características da pessoa. Acerca do

presente estudo, considera-se a presença desse mecanismo, como, por exemplo, na interação

direta, ou seja, face a face, que acontece no microcontexto família e em atividades realizadas

entre pais e filhos. Tal mecanismo tem possibilidades diferentes de configuração com um

núcleo familiar ou dois núcleos familiares, como no caso da família divorciada - família casada,

composta por um microcontexto, e a família divorciada, onde a criança tem dois microcontextos

de desenvolvimento, a casa do pai e a casa da mãe.

5.1.2 Pessoa

A pessoa, o segundo núcleo da Teoria Bioecológica, é entendida como produtora e

produto do desenvolvimento. A pessoa, de acordo com Bronfenbrenner (2011), refere-se tanto

aos fatores biopsicológicos do desenvolvimento do ser humano, quanto àquelas características

construídas na interação com o ambiente.


36

Bronfenbrenner e Morris (1998) destacam três tipos de características da pessoa que

influenciam e moldam o curso do desenvolvimento humano, que são as disposições

comportamentais, que podem ser generativas ou inibidoras. São generativas quando envolvem

orientações ativas, tais como curiosidade, tendência m iniciar e engajar-se em atividades. E são

inibidoras quando abrangem as características da pessoa, que dificultam a manutenção do

controle sobre as emoções, como a impulsividade, a agressividade, a apatia, a insegurança

(Boing, 2014).

O segundo são os recursos bioecológicos, que se referem às características que

influenciam a capacidade da pessoa para engajar-se nos processos proximais. Tais

características podem ser: doenças crônicas ou dano cerebral; ou habilidades psicológicas

relacionadas às capacidades, ao conhecimento e às experiências. Além disso, as demandas

pessoais são as características relacionadas à capacidade de provocar ou impedir a presença, no

ambiente, de reações que favoreçam ou inibam a ocorrência dos processos proximais

(Bronfenbrenner & Morris, 1998).

No presente estudo, as características do comportamento pró-social, como a

competência social, por exemplo, influenciam e são influenciados pelos demais núcleos de

PPCT, uma vez que uma coparentalidade positiva com motivação e estímulos e boa relação dos

pais com seus filhos favorecem um bom comportamento, enquanto uma coparentalidade

negativa com conflito entre os pais, uma relação conflituosa favorece para os mais diversos

problemas de comportamento das crianças.

5.1.3 Contexto

O terceiro núcleo do Modelo Bioecológico é o contexto de vida das pessoas, que é

caracterizado por qualquer evento ou condição fora do organismo que pode influenciar ou ser

influenciado pela pessoa em desenvolvimento. Esse permite a utilização de várias combinações


37

das características da pessoa e do ambiente, que podem produzir efeitos sobre o

desenvolvimento.

O contexto são os espaços nos quais as crianças estão inseridas, como família e escola,

por exemplo. Aqui, destacamos a importância de um ambiente seguro, com boas relações entre

pais e filhos e a coparentalidade. Apresenta-se em quatro subsistemas socialmente organizados

que auxiliam a amparar e nortear o ser em crescimento: Microssistema, Mesossistema,

Exossistema e Macrossistema, que são sistemas inter-relacionados de influências ambientais.

O microssistema é o nível em que operam os processos proximais, ou seja, no qual a

pessoa que se encontra em desenvolvimento vive e interage face a face. É o ambiente mais

imediato da criança, e como exemplo de subsistemas, temos: a família, a escola, local de

trabalho e grupo de amigos. O microssistema é constituído por padrões de atividades, papéis e

relações interpessoais experienciados pelos indivíduos em um dado ambiente. A criança

experiencia posições, relacionamentos e atividades em relações face a face com outras pessoas

em desenvolvimento, como com os aspectos físicos e simbólicas desse ambiente. As

características físicas, sociais e simbólicas particulares funcionam da maneira a estimular ou

inibir as relações interpessoais.

Para promover mudanças no seu curso de vida, as pessoas presentes devem ter

temperamentos, personalidades e sistemas de crenças distintas (Bronfenbrenner, 2011). O

microssistema tem como base as relações diádicas, como os genitores interagem, como se

relacionam e como é seu estilo de vida. No microssistema das famílias, destaca-se a relevância

da coparentalidade em dois contextos: o tradicional, com pai, mãe e filho, e aquele em que

houve uma separação, ou um divórcio, e a criança convive em dois lares e o desafio da

coparentalidade em configurações casadas e divorciadas. Nas famílias divorciadas, a

coparentalidade é fundamental para interação entre pais e filhos(as).


38

O rompimento conjugal gera muitas mudanças no contexto familiar. A separação é um

evento de transição familiar responsável por inúmeras mudanças potencialmente estressantes,

uma vez que provoca desequilíbrios e reorganizações nos papéis e funções dos membros da

família, especialmente quando o casal tem filhos. Nesse contexto, pode-se afirmar que a

experiência do divórcio dos pais, durante a infância, configura-se como um fator de risco para

o desenvolvimento dos filhos, cujo impacto será definido de acordo com os fatores de proteção

da criança e das condições e habilidades dos pais para lidar com essa transição (Greene et al.,

2016; Lamela & Figueiredo, 2016; Sands et al., 2017).

Após a separação/divórcio, a relação parental precisa ser reorganizada de acordo com

cada família. Nesta perspectiva, a relação coparental existe desde que haja crianças na família,

independente da sua estrutura familiar. A relação parental diz respeito à forma como a ligação

entre os pais e os filhos é construída. Esta relação pode influenciar o desenvolvimento da

criança, seja ela positiva ou negativa, trazendo as respectivas consequências, bem sucedidas ou

não, de acordo com a posição assumida pelos pais. Quando falamos de relação parental,

pensamos em dois adultos, geralmente os pais, responsáveis por cuidar e educar uma criança,

de preferência de forma equilibrada e consensual sobre as regras.

O mesossistema compreende as relações com os filhos. Presença ou ausência abarcam

o conjunto de microssistemas e compreende as inter-relações entre dois ou mais

microssistemas/ambientes em relação mútua, em que a pessoa em desenvolvimento participa e

cujas interações podem ser promotoras ou inibidoras do desenvolvimento. A vinculação entre

o microssistema familiar e o escolar, por exemplo, caracterizam essa estrutura. Segundo

Bronfenbrenner (2011), o exossistema consiste nas interações entre dois ou mais contextos,

sendo que a pessoa em desenvolvimento não participa diretamente de um deles, como, por

exemplo, o ambiente de trabalho dos pais. As inter-relações entre dois ou mais ambientes, nos
39

quais uma pessoa participa ativamente, pode ser formado ou ampliado sempre que ela passe a

fazer parte de novos ambientes.

O exossistema engloba o contexto, o sentimento de pertencer a um grupo, como a

família. O contexto da criança é expandido, como, por exemplo, no que se diz respeito ao

divórcio, no qual as relações têm dois microssistemas que precisam se relacionar bem, ter uma

coparentalidade positiva com dois microssistemas familiares com comunicação clara e direta

entre os pais. Nas famílias divorciadas, o conflito coparental, a coparentalidade negativa, a falta

de coparentalidade e a exigência de trabalho dos pais podem influenciar na interação e

acessibilidade deles com os filhos.

O macrossistema é um contexto de estrutura mais ampla e envolve os sistemas de

valores e crenças de uma cultura, tendo costumes e estilo de vida como promotores de

desenvolvimento. É o nível mais amplo do sistema ambiental (interconexões entre culturas,

subculturas, crenças e valores do cotidiano do pré-escolar). É compreendido como o contexto

que engloba qualquer sociedade ou grupo social, sua cultura, subcultura ou outra estrutura

social maior (Bronfenbrenner, 2011). Este nível influencia a natureza das interações de todos

os outros níveis da ecologia do desenvolvimento humano. Além disso, o macrossistema são os

eventos que influenciam a família, tendo como exemplo o caso de uma criança que cresce em

uma família nuclear ou divorciada e é fortemente influenciada pelo macrossistema da cultura

atual (Bronfenbrenner, 2005). O cronossistema diz respeito às transformações da família na

sociedade - dentre elas, o divórcio e as diferentes configurações familiares ao longo do tempo.

Estes subsistemas são dinâmicos, ou seja, são mutáveis, estão em transformação,

influenciando e sendo influenciados.

5.1.4 Tempo

O quarto elemento do Modelo, o Tempo, chamado de "cronossistema", abrange as

mudanças, relacionadas ao tempo, no indivíduo e no ambiente em que vive. É dividido em: a)


40

microtempo (continuidades/descontinuidades dentro dos episódios de processo proximal); b)

mesotempo (periodicidade dos episódios de processo proximal) e c) macrotempo (mudanças na

sociedade) (Boing, 2014).

A Figura 1 ilustra os sistemas contextuais do Modelo Bioecológico:

Figura 1
Representação dos sistemas contextuais que compõem a Perspectiva Bioecológica do
Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner (Halpern e Figueira, 2004).

Dentre tantas mudanças e transformações pelas quais a família passou, tem-se o

divórcio, que, conforme Zordan (2010), abrange as inter-relações entre a pessoa e os diversos

sistemas: microssistema, representado pela família aceitando diferentes estilos de vida e


41

configurações familiares; o mesossistema, que se refere à inter-relação entre um ou mais

sistemas, as separações e divórcio como fato corrente, as mudanças religiosas e na legislação

em relação ao divórcio.

Neste contexto, ocorrem os processos proximais em famílias casadas e divorciadas. A

família nuclear é a que possui um núcleo familiar, sendo, neste estudo, as famílias casadas.

Com as mudanças que ocorreram ao longo do tempo, atualmente temos as famílias divorciadas

presentes, inclusive com guarda compartilhada. O divórcio é o maior rompimento no processo

de ciclo de vida familiar, provocando uma crise para a família como um todo e também para

cada indivíduo que a compõe, aumentando a complexidade das tarefas desenvolvimentais que

o grupo familiar estiver vivenciando no momento (Carter & McGoldrick, 1995).

Assim, há fatores ambientais e geracionais que afetam o desenvolvimento (núcleo de

contexto formado pelo microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema) e

características biopsicológicas da pessoa ao longo do tempo (componentes da Pessoa e do

Tempo), as quais influenciam e são influenciadas pelas interações com outras pessoas

(Processo). Pode-se compreender o comportamento infantil por meio da relação entre as

características individuais das crianças e interações com outras pessoas (principalmente os pais

e educadores).

Os efeitos desenvolvimentais dos processos proximais podem variar em função dos

contextos, então é importante que a criança cresça em um ambiente saudável, com diálogo entre

os pais. De acordo com Tudge et al. (2000), os processos proximais são como a essência das

atividades diárias nas quais a criança se envolve com outras pessoas.

O contexto, assim como a pessoa, tem características que são instigadoras de

desenvolvimento. Bronfenbrenner (1993) chama atenção para as características promotoras do

desenvolvimento que partem do ambiente físico, podendo ser positiva e negativa. De um lado,

tem-se os objetos e ambientes que convidam à manipulação e exploração e, de outro, a


42

instabilidade, falta de estrutura e de previsibilidade dos acontecimentos, que podem dificultar

o processo de desenvolvimento. Essa visão nos faz considerar aspectos importantes dos

ambientes imediatos da criança pequena (família, creche, escola) como promotores de seu

desenvolvimento. Neste ponto, ressaltamos uma importante reflexão acerca dos ambientes que

são disponibilizados para as crianças, como a família, a qual estrutura tais ambientes para que

as interações ocorram de maneira significativas, a fim de promover para as crianças situações

que contribuirão para sua formação, desenvolvimento e crescimento. É importante atentar-se

para o microssistema enquanto contexto de desenvolvimento, como está organizado este

ambiente pelos pais e adultos, bem como a interação e disponibilidade entre pais e filhos. É

relevante que os pais respeitem as diferenças conjugais, sabendo administrá-las, bem como os

conflitos, as disputas, os afetos, a (falta de) comunicação e as dificuldades coparentais,

evitando, assim, desentendimentos conjugais intensos, frequentes e sem resolução construtiva.

As interações que a criança faz com os mesmos e com demais adultos terão influências

no seu desenvolvimento. Bronfenbrenner (2005) destaca a importância das relações entre pais

e filhos(as), bem como a presença materna e paterna no desenvolvimento da criança. A família

é o centro do sistema social, e a continuidade e as mudanças que ocorrem nesse contexto

acarretam transformações nos processos proximais, conforme as características de cada pessoa.

A proposta de pesquisar as famílias casadas e as famílias divorciadas a partir da Teoria

Bioecológica do Desenvolvimento Humano reside no fato desta abordagem ter como foco as

pessoas em desenvolvimento e em interação dinâmica com os múltiplos contextos nos quais

estão inseridas, os quais podem afetar, diretamente, seu desenvolvimento biopsicossocial. Além

disso, abarca as continuidades e mudanças que operam nos ambientes, nos processos proximais

e nas características biopsicológicas das configurações familiares em desenvolvimento. A

escolha por Bronfenbrenner enquanto perspectiva teórica desta pesquisa se deu pela coerência

entre os pressupostos básicos de sua teoria, por entender que o ser humano é ativo no processo
43

de desenvolvimento, por afetar e ser afetado pelo meio e pelo contexto. Também, por

compreender o desenvolvimento humano de forma global, defendendo a interação entre

organismo e ambiente, entendendo a inter-relação entre os fenômenos. A seguir, serão

apresentadas informações e reflexões sobre mudanças ao longo do tempo.

5.2 As mudanças familiares e o divórcio no ciclo vital da família

As famílias e o mundo estão mudando de maneira dramática nas últimas décadas

(Walsh, 2016). As famílias foram, e continuam sendo, estudadas por vários segmentos da

ciência, em diferentes dimensões, e possivelmente nenhum estudo vai esgotar o assunto

(Cerveny, 2004). A família representa o contexto primário em que ocorre o desenvolvimento

humano. No Brasil, algumas transformações históricas e sociais repercutem em várias esferas

até os dias atuais. As transformações sociais, econômicas e políticas ocorridas nas sociedades

ocidentais, particularmente no último século, tiveram impacto na vida familiar, ampliando o

entendimento da família como sistema complexo, incluindo relações estabelecidas entre todo o

grupo familiar no estudo do desenvolvimento humano (Dessen & Braz, 2005).

A família é vista, hoje, como um contexto complexo promotor do desenvolvimento

primário, da sobrevivência e da socialização da criança, e é um espaço de transmissão de

cultura, significado social e conhecimento. Com as transformações sociais ocorridas no âmbito

familiar, acentuadas com o aumento das taxas de divórcio, vários questionamentos aparecem

sobre as questões familiares e para novos modelos de família, além de que mudanças nas

relações entre pais e filhos têm levado a muitos questionamentos sobre o papel parental na

promoção de saúde dos filhos.


44

As transformações ocorridas nas sociedades industrializadas, principalmente a partir de

meados do século XX, provocaram alterações na estrutura e na dinâmica das relações

familiares, contribuindo para a concepção contemporânea de família. Essas transformações

levam a questionar o conceito de família, tentando compreendê-la como um sistema complexo,

influenciado por múltiplos fatores e eventos internos e externos, que sofre variações em função

dos contextos histórico, social e cultural (Dessen & Braz, 2005).

Os estudos sobre as repercussões das características do funcionamento familiar no

desenvolvimento infantil evoluíram de forma consistente nas duas últimas décadas. A família

é uma unidade grupal na qual se desenvolvem três tipos de relações pessoais: aliança (casal);

filiação (pais/filhos) e consanguinidade (irmãos). Com o passar do tempo, várias funções foram

sendo transmitidas, dentre elas: valores éticos, religiosos e culturais (Osório, 2011). A família

é um construto frágil que está em constante processo de adaptações e readaptações em função

dos eventos próprios de seu desenvolvimento, portanto, tanto a criança, quanto os seus membros

familiares são participantes ativos nessas relações, sendo as influências exercidas entre eles

mútuas e bidirecionais (Kreppner, 2000).

As pesquisas sobre a reverberação das características do funcionamento familiar no

desenvolvimento dos filhos focalizam principalmente os processos relacionais entre a

conjugalidade, parentalidade e a coparentalidade com o objetivo de desvelar as variáveis

específicas que engendram os mecanismos de interação entre esses subsistemas (Morril et al.,

2010). As relações conjugais com maiores níveis de qualidade atuarão como fonte de apoio

entre os pais no exercício da parentalidade, coparentalidade e no desenvolvimento dos filhos.

A conjugalidade inicia-se a partir do relacionamento de dois adultos unidos por laços

afetivos e sexuais, criando, portanto, o subsistema conjugal. A parentalidade surge com a

inclusão de um filho no sistema familiar, e, de acordo com Cruz (2005), é concebida como um

conjunto de atividades realizadas em parceria entre cuidadores e crianças que promovem o


45

desenvolvimento da criança. A parentalidade exige, do casal, novas habilidades,

desenvolvimento de novas tarefas, combinações, sustento e educação dos filhos, formando

assim, o subsistema parental.

Dentre tantas mudanças que a família passou e passa ao longo de sua história, temos o

divórcio. A partir da implementação da lei do divórcio no Brasil (Brasil, 1977), o matrimônio

começou a tomar novos rumos, em face da dissolução de vínculos conjugais, da necessidade de

definição de guarda e a busca pela manutenção os vínculos maternos e paternos. A lei do

divórcio é considerada um marco histórico do Direito de Família no Brasil, uma vez que

possibilitou o fim da indissolubilidade do casamento. A conjugalidade pode ser dissolvida pela

decisão dos adultos em encerrar esse vínculo, ao passo que a parentalidade é indissolúvel, tendo

em vista que os laços entre pais, filhos e irmãos devem continuar, independentemente da

configuração familiar (Ziviani et al., 2012).

Após a dissolução dos vínculos conjugais, os pais precisam decidir sobre a participação

de cada um na vida dos filhos. As relações parentais exercem influência no desenvolvimento

infantil. Os efeitos das relações conjugais e parentais, das influências não-familiares e do papel

do contexto social estão todos inter-relacionados. Os pais tornam-se, assim, mediadores da

associação entre os contextos social, cultural, econômico, histórico e o comportamento e a

personalidade das crianças. Essas forças contextuais afetam a forma de os genitores se

comportarem e podem acentuar ou atenuar o efeito do comportamento parental no

desenvolvimento das crianças (Dessen & Braz, 2005).

Compreende-se que a qualidade da relação conjugal provoca reflexos na forma como

os pais gerenciarão os problemas com as crianças, pois a habilidade para resolver os conflitos

conjugais se reflete no exercício da parentalidade e, posteriormente, na coparentalidade. As

práticas educativas parentais estão entre as principais variáveis associadas ao desenvolvimento

socioemocional infantil, às relações entre pais e filhos e ao equilíbrio do ambiente familiar ao


46

longo das diferentes etapas do ciclo vital da família e nas mais diversas configurações

familiares.

De acordo com Walsh (2016), o divórcio envolve um conjunto complexo de condições

alteradas ao longo do tempo. Em famílias com alto nível de conflito e abusivas, os filhos cujos

pais se divorciam ficam em melhores condições do que aqueles cujas famílias permanecem

intactas. A adapatação saudável dos filhos, de acordo com Ahrons (1994), depende do

funcionamento sólido dos pais residentes e da qualidade das relações com e entre os pais, antes

e depois do divórcio.

Tanto nas famílias casadas, como nas famílias divorciadas, o exercício da

coparentalidade é relevante, pois conhecer a realidade das famílias nesses contextos é

imprescindível, tanto para a prática profissional, como para a promoção do desenvolvimento

infantil das crianças. A coparentalidade começou a ser estudada para investigar as interações

entre os sistemas familiares no contexto da separação conjugal ou divórcio.

As transformações sociais ocorridas nas famílias nos levam a pensar que as famílias

tradicionais sem problemas já não existem mais. Uma família original intacta conflituosa e tensa

pode ter menos possibilidades de oferecer e propiciar saúde a seus filhos do que um outro seio

familiar mais continente e estável, independentemente de sua configuração (Féres-Carneiro,

1992). Mudanças estressantes fazem parte da vida diária, já que problemas e estresse familiares

não sinalizam, necessariamente, uma anormalidade ou patologia familiar (Walsh, 2016).

Muitos estudos trazem que não é a configuração familiar que influencia no desenvolvimento,

mas a forma como o casal se relaciona após a separação divórcio. Pode-se observar que,

independentemente da transformação e evolução que a família vem passando nos últimos

tempos quanto a sua configuração, esta não é uma variável associada ao bem-estar psicológico

de seus membros. Na pesquisa de Leme et al. (2010), as crianças de famílias casadas


47

manifestam mais habilidades sociais e apresentam menos problemas de comportamento do que

as crianças de famílias monoparentais.

No estudo de Leme et al. (2014), compararam-se grupos com mães de famílias casadas

e recasadas e buscaram identificar diferenças nas habilidades sociais, comportamentais e

educacionais de crianças oriundas de ambas as famílias. De acordo com a percepção das mães

de famílias nucleares, seus filhos possuem mais habilidades sociais de amabilidade e

autocontrole/civilidade se comparadas com as crianças de famílias recasadas. Além disso, os

filhos que pertencem às famílias casadas também apresentaram melhores resultados de

habilidades sociais de cooperação e autocontrole/passivo se comparados aos filhos que

pertencem às famílias recasadas.

Mosmann et al. (2017) avaliaram as associações da conjugalidade, parentalidade e

coparentalidade com sintomas internalizantes e externalizantes dos filhos. Foi realizado um

estudo explicativo, quantitativo e transversal, com 200 indivíduos (100 homens e 100

mulheres), que coabitassem com seus filhos de quatro a 18 anos. A análise apontou, como

preditoras dos sintomas internalizantes, apenas duas variáveis, a adaptabilidade conjugal e a

aprovação coparental. Já a competição coparental, a exposição do filho ao conflito coparental,

a prática parental de intrusividade, a aprovação coparental e a prática parental de supervisão do

comportamento foram preditoras dos sintomas externalizantes. Quando a família casada

apresenta comportamentos destrutivos e que põem riscos ao desenvolvimento sadio dos filhos,

o divórcio passa a ser a melhor opção. Assim, todas as variáveis envolvidas devem ser

analisadas antes de constatar um ideal.

Assim como a família, o casamento contemporâneo também passou por mudanças e

desafios, levando os cônjuges a se confrontarem o tempo todo, já que, de um lado, temos os

ideais de autonomia de cada um, e, por outro, a necessidade de vivenciar a realidade comum do

casal, a experiência de desejos e projetos de compartilhar. A vivência desse paradoxo gera


48

muitos conflitos, cria tensões internas entre o casal, que, quando não resolvidas, levam à

separação conjugal. Muitos casais têm se divorciado, não por considerarem o casamento menos

importante, mas, justamente, porque sua importância ser tão grande que eles não aceitam que a

vida conjugal não corresponda às suas expectativas. Com o aumento das separações, crescem,

também, as novas configurações familiares (Wagner, 2002).

Considerada um dos principais contextos de desenvolvimento de seus integrantes,

particularmente na infância, a família é composta por uma série de relações emocionais

complexas e interdependentes de seus integrantes, que são influenciadas por fatores

macrossociais - como cultura, história e aspectos socioeconômicos (McGoldrick & Shibusawa,

2016). Dessa maneira, mudanças históricas afetam a estrutura e as funções da família, sendo o

divórcio um dos eventos familiares em maior crescimento no século XXI na sociedade ocidental

(Greene et al., 2016; Raley & Sweeney, 2020).

Nas famílias que vivenciaram um processo de divórcio, a coparentalidade é

fundamental entre os pais. O divórcio é um fenômeno complexo e pluridimensional (Féres-

Carneiro, 2003), sendo, cada vez mais, alvo de estudos científicos, tendo em vista o crescente

número de divórcio na sociedade. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2019), os pedidos de divórcio têm aumentado a cada ano. Em 2018, por

exemplo, foi registrado um divórcio para cada três registros de casamento civil no país. Houve

um acréscimo, também, na taxa geral de divórcios, que passou de 2,5% (2017) para 2,6%

(2018).

Na avaliação dos divórcios judiciais concedidos em 1ª instância, por tipo de arranjo

familiar, a maior proporção das dissoluções ocorreu entre as famílias constituídas somente com

filhos menores de idade, atingindo 46,6% em 2018. Entre 2008 e 2018, houve um aumento de

5,6% nos divórcios judiciais concedidos em 1ª instância em que os casais possuíam somente

filhos menores, cuja sentença consta a guarda compartilhada dos filhos. O divórcio pode ser
49

fonte potencial de estresse e conflitos familiares, e essa situação pode provocar dificuldades na

para construir aliança parental (Ahrons, 1994). Um dos maiores desafios de uma família

separada com filhos é diferenciar os papéis conjugais dos parentais.

Ao considerar variáveis da relação conjugal, Bolsoni-Silva et al. (2009) apontam que as

práticas parentais e o comportamento dos filhos se influenciam mutuamente e determinam, ao

longo do tempo, que tipo de interação predominará entre a criança e os cuidadores. Segundo os

autores, as práticas parentais coercitivas induzem respostas também negativas por parte dos

filhos, além do surgimento de sintomas externalizantes e internalizantes.

A pesquisa de Gorin (2015), com quatro pais e quatro mães separadas, sobre a

parentalidade após o divórcio e suas repercussões na vida dos filhos, evidenciou que a forma

na qual o divórcio foi vivido, individualmente, impacta as possibilidades de reorganização

familiar após a ruptura. Nesse sentido, a coparentalidade se mostrou potencialmente difícil de

ser exercida, implicando em grandes transformações na vida dos filhos.

Por meio da análise de dados da literatura de estudos realizados, autores têm verificado

baixos índices de coparentalidade em casais divorciados (Beckmeyer et al., 2014; Lamela &

Figueiredo, 2016). Nesse sentido, pesquisas com famílias em situação de divórcio têm indicado

que o conflito interparental tem sido considerado um aspecto importante que dificulta o

exercíco da coparentalidade (Lamela et al., 2013; Lamela et al., 2015).

Na literatura nacional, há um esforço para se compreender a coparentalidade no

contexto do divórcio (Lamela et al., 2013). Pesquisas internacionais têm comprovado que o

desenvolvimento das crianças poderia ser mais bem explicado se agregarmos à análise, também,

a coparentalidade nestas associações, considerando o seu impacto nas relações sistêmicas

familiares, mais do que na qualidade conjugal e parental sozinhas (Kwon et al., 2013; Mendez

et al., 2015; Silva & Mosmann, 2014), e que a coparentalidade é um fator relevante no

desenvolvimento dos filhos.


50

Segundo Emery (1999), processos familiares, como a parentalidade inadequada,

conflito interparental e desestruturação da estrutura familiar, explicam muitos dos

comportamentos de externalização encontrados entre as crianças dos pais divorciados. A

resiliência deve ser pensada, uma vez que, efetivamente, a maioria das crianças que vivenciam

o divórcio dos pais apresentam um bom ajustamento e não demonstram vários ou permanentes

problemas emocionais ou comportamentais (Amato, 2001).

A coparentalidade é um constructo importante, tanto nas famílias casadas, como nas

famílias divorciadas. As configurações familiares foram passando por mudanças e

transformações e a coparentalidade mostra-se como um fenômeno importante neste contexto.

5.3 Coparentalidade

A coparentalidade é um fenômeno em que dois ou mais cuidadores gerenciam suas

práticas parentais, oferecendo auxílio, ou prejudicam a parentalidade do parceiro, lidando com

os conflitos relacionados à criação dos/as filhos/as (Feinberg, 2003; Margolin et al., 2001;

McHale, 1997; Van Egeren & Hawkins, 2004). Os primeiros estudos sobre coparentalidade

tiveram origem de dois conceitos provenientes: da teoria Estrutural de Minuchin (1982), o qual

diz respeito ao gerenciamento dos pais de suas responsabilidades parentais, e da Teoria das

Relações Objetais de Weissman e Cohen (1985), o qual se refere ao grau de implicação e

trabalho compartilhado dos pais na criação dos filhos(as).

Em virtude dessa origem, fundamentada em distintas concepções de sujeito, existem

estudiosos que consideram a coparentalidade como um fenômeno diádico – envolvendo apenas

o par ou dupla coparental Van Egeren (2004), e outros como tri ou polidiádico, dependendo do

número de filhos da família, por considerar que as interações com a criança interferem nessa

relação (Feinberg, 2003; Margolin et al., 2001; McHale et al., 2004).


51

Uma das conceituações mais citadas é a de McHale (1997), que identificou quatro

dimensões na coparentalidade, considerando as interações do progenitor na presença ou

ausência do outro cônjuge. A integração familiar diz respeito a ações, de um dos pais, quando

está com a criança, que almejam a inserção da dupla coparental, ou a difamação dos

comportamentos parentais que minam ou depreciam o companheiro em seu papel de pai/mãe.

A dimensão do conflito corresponde aos desentendimentos e discussões entre os pais que

ocorrem na presença dos filhos(as). O fator “repreensão” agrega os comportamentos de

recriminar a criança, não disputar a atenção da criança enquanto o/a companheiro/a repreende

o/a filho/a, pedir ao cônjuge que repreenda a criança.

Para Margolin et al. (2001), a coparentalidade é tridimensional em relação ao conflito

interparental, à cooperação e à triangulação. Associando parte das dimensões de conflito e

difamação de McHale (1997), o fator conflito interparental reúne os desacordos em assuntos

relativos à criança. O fator triangulação contempla as tentativas de um dos pais em minar o/a

companheira/o para comprometer a relação da dupla com o filho(a), excluindo o outro cuidador.

A dimensão “cooperação” considera o quanto os pais oferecem suporte, admiram-se em seus

papéis de pais e compartilham atribuições, garantindo acessibilidade ao filho(a).

Neste estudo, optou-se pelo conceito de coparentalidade de Feinberg (2003), que

implica num interjogo de papéis, ou seja, o cuidado dos pais para com os filhos. A

coparentalidade é considerada um conceito que estabelece uma ligação entre as qualidades da

díade parental e o percurso do desenvolvimento infantil. O estudo da coparentalidade tem

contribuição relevante para a clínica e para a pesquisa, pois o foco passa a ser nas relações

triádicas (pai, mãe e filhos). A influência do tipo de relação entre o casal, portanto, vai

influenciar na forma como os mesmos vão exercer a coparentalidade. Entende-se que os

ambientes familiares influenciam e são influenciados entre si, logo uma coparentalidade
52

positiva favorece um desenvolvimento infantil seguro e saudável, já uma coparentalidade

negativa afeta o desenvolvimento das crianças, influenciando no comportamento das mesmas.

A coparentalidade é um modelo que se propõe, por meio de uma visão complexa e

multicomponente, explicar a estrutura da coparentalidade e compreender como cada

componente influencia no ajustamento parental, na parentalidade, na relação interparental e no

ajustamento da criança (Feinberg, 2003). A coparentalidade positiva traz benefícios ao

desenvolvimento das crianças. O papel dos pais na aprendizagem interpessoal das crianças

depende da forma como eles planejam a educação dos filhos. Quando o relacionamento dos

pais com os mesmos é sustentado por regras claras, há maior probabilidade do desenvolvimento

de relações saudáveis, tanto no âmbito familiar, como em outros contextos (Del Prette & Del

Prette, 2009). Bolsoni-Silva e Marturano (2008) realizaram um estudo e concluíram que pais e

mães do grupo de crianças analisadas, sem problemas de comportamento, eram mais

consistentes em suas práticas, e relatavam, frequentemente, reforçar positivamente os

comportamentos socialmente habilidosos dos filhos.

A qualidade da relação coparental vai favorecer o desenvolvimento das crianças,

contudo, quando essa relação é baseada em conflitos, problemas podem aparecer. Teubert e

Pinquart (2010), analisaram a relação entre a coparentalidade e o ajustamento dos filhos, e

identificaram uma relação positiva entre conflito coparental e problemas externalizantes dos

filhos. Já a triangulação e a baixa cooperação coparental estiveram mais associadas a problemas

internalizantes. Os estudos de Lamela e Figueiredo (2016) e Raposo et al. (2011) indicaram que

o conflito pós-divórcio entre os pais é o mais prejudicial para os filhos, mesmo que o conflito

não esteja necessariamente relacionado à dimensão coparental.

As relações estabelecidas entre o casal podem ser entendidas como o papel materno e

paterno, e a coparentalidade atenta para como esses dois ou mais adultos compartilham essas

funções parentais, envolvendo responsabilidade conjunta dos pais pelo bem-estar da criança.
53

Existem muitos autores que trabalham sobre a coparentalidade, como: McHale (1997); Kotila

e Schoppe-Sullivan, 2015; Margolin et al. (2001); Van Egeren e Hawkins (2004); Feinberg

(2003).

Feinberg (2003), propôs um modelo teórico para explicar a estrutura da coparentalidade

por meio de uma visão ecológica e multicomponente, uma compreensão sobre como cada

componente influencia no ajustamento dos pais, na parentalidade, na relação interparental e no

ajustamento da criança. A coparentalidade positiva contribui diretamente para o bem-estar dos

filhos e para o apego das crianças (Fagan, 2008). Nesse sentido, a coparentalidade se torna um

dos principais elementos do contexto familiar, com acentuada relevância para o

desenvolvimento dos filhos, independentemente da estrutura familiar (Solmeyer et al., 2014;

Zemp et al., 2018).

Para Feinberg (2003), a coparentalidade ocorre pela inter-relação entre quatro fatores:

• Concordância-discordância entre a dupla parental: é a dimensão da coparentalidade

associada ao grau de entendimento entre a díade parental em assuntos relacionados com a

criança, tais como: disciplina, formas de prestação de cuidados, decisões sobre a educação ou

necessidades emocionais das crianças. Feinberg (2003) considera que esta dimensão é dual, já

que o grau de desacordo nas práticas parentais está relacionado com os problemas de

ajustamento das crianças.

• A dimensão “Divisão de tarefas”: corresponde à partilha entre a díade coparental das

obrigações, das rotinas diárias de cuidados à criança, bem como à divisão das responsabilidades

dos assuntos financeiros, médicos e legais relacionados às crianças. Este componente da

coparentalidade tem um expressivo impacto na satisfação com a relação coparental e com os

níveis de estresse parental, em que, quanto maior for a divisão de tarefas, menor o estresse no

desempenho das funções parentais e maior satisfação com a relação com o outro.
54

• A dimensão “Suporte/Sabotagem” da função parental: consiste na qualidade e no grau

do suporte recíproco entre a díade, é a forma como os adultos se valorizam e/ou se apoiam (ou

não) como pais. São exemplos de aspectos positivos: reconhecimento e respeito na

parentalidade do outro, expressões de afeto positivo, apoio emocional e de respeito perante a

autoridade e contributos do outro membro do par coparental, que indicam manifestações do

suporte esperado entre os pais. Aspectos negativos surgem por meio de crítica, padrão de

hostilidade, culpabilização, afeto negativo perante o outro. O suporte parental está associado ao

sentimento de competência parental, assim como ao ajustamento dos filhos (Feinberg, 2003).

• A dimensão “Gerenciamento conjunto das interações familiares”: possui foco na

interação entre os pais, a qualidade do funcionamento estrutural da família dependente do

componente da coparentalidade. Esse pode ser entendido como englobando três amplos

aspectos: (a) gestão por parte de pais e mães sobre os próprios comportamentos e sobre a

comunicação com os outros dentro do sistema familiar, pois, quando a comunicação acontece

de forma hostil, com conflito entre os pais, afeta os pais e os filhos; (b) gestão das fronteiras

que são estabelecidas pelos comportamentos e atitudes parentais, que contribuem para o

engajamento ou exclusão de outros membros da família nessa relação, entretanto, os pais podem

expor os filhos aos conflitos interparentais quando não conseguem manejá-los sozinhos, os pais

podem tanto usar o filho para colocá-lo contra o outro membro coparental, quanto colocá-lo

como regulador das tensões entre os pais; e (c) relações familiares equilibradas, que diz respeito

ao modo com que um dos membros da díade parental assume a liderança enquanto o outro, em

determinada situação, se retrai; a como os pais contribuem, de modo equilibrado, para o

envolvimento de interação triádica, ou um assumir o controle e o outro se retirar. A gestão

familiar tem como objetivo o equilíbrio entre os pais na interação com a criança, e em partes,

quando essa interação ocorre em situações triádicas.


55

O contexto ecológico da coparentalidade, proposto por Feinberg (2003), retrata quatro

elementos da estrutura interna considerados como um conjunto, e assumem o papel central

desse modelo interagindo com os demais fatores, como demonstrado na Figura 2. Fatores

individuais, familiares e extrafamiliares são influentes nas relações de coparentalidade, sendo

que a coparentalidade pode atuar como processo de mediação ou moderação, que interfere nos

desfechos familiares.

Figura 2
Contexto Ecológico da Coparentalidade traduzido por Böing (2014) de Feinberg (2003)
56

Os quatro componentes da coparentalidade são considerados como um conjunto

inserido em um contexto ecológico, interagindo recursivamente com fatores individuais,

familiares e extrafamiliares. Os elementos “pessoa” e “contexto” apresentam a interação de

seus componentes com os “processos proximais”, na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento

Humano de Bronfenbrenner.

As influências em nível individual são as características pessoais dos pais incluindo os

comportamentos, a saúde mental e emocional, que afetam, tanto a coparentalidade, como o

relacionamento interparental. As características individuais das crianças como temperamento e

dificuldades comportamentais podem aumentar o estresse e os conflitos na relação coparental.

Espera-se que a influência do temperamento infantil, na relação interparental e na parentalidade,

seja parcialmente mediada através da relação coparental (Feinberg, 2003).

Em nível familiar, a relação interparental diádica é importante, pois cada componente

da dupla coparental traz para a relação sua capacidade em demonstrar respeito e suporte ao

outro e capacidade de negociação das divergências entre ambos. A relação coparental assume

um papel central na vida diária da família dos parceiros coparentais, influenciando a relação

interparental. As divergências coparentais podem levar ao conflito, à insatisfação no

relacionamento e até à separação/divórcio.

A coparentalidade também recebe influência do nível extrafamiliar, que diz respeito aos

fatores de estresse e apoio social. Os pais precisam de diálogo, boa relação coparental e esforço

na criação dos filhos. O estresse tende a surgir na dupla coparental, ou na família, enquanto o

apoio social tende a fortalecer a harmonia entre os pais, fortalecendo as relações (Feinberg,

2003).

Assim, percebe-se a existência de vários fatores individuais, familiares e extrafamiliares

que influenciam na coparentalidade. Essas influências podem ser estáveis, como a

personalidade dos pais, ou mais propensas a variações, como no caso de estresse econômico. A
57

falta de recursos financeiros é um dos fatores externos que mais influenciam negativamente a

relação coparental, assim como o estresse no trabalho e a divisão do tempo entre o trabalho e

as questões familiares (Feinberg, 2003).

Desse modo, Feinberg (2003) coloca sob o título de “risco” os fatores individuais,

familiares e extrafamiliares, nos quais a coparentalidade vai atuar como um mediador ou

moderador sobre eles que influenciam os resultados familiares. Considerando que o modelo

ecológico coloca a coparentalidade como central na rede que envolve o relacionamento do

casal, a parentalidade e os resultados nos filhos, ela também exerce papel mediador e

moderador. Essa mediação ocorre nas influências dos resultados familiares relevantes, uma vez

que vários fatores influenciam a coparentalidade, e a essa influencia os resultados em ambos os

pais e nos filhos.

A coparentalidade atua como moderador entre os fatores de risco e proteção e os

resultados familiares, como uma coparentalidade positiva, é vista como um fator de proteção.

Feinberg (2003) relata estudos que indicam que a coparentalidade positiva protegeria a

adaptação da criança e a qualidade parental dos efeitos negativos de uma depressão em um dos

pais, assim como também seria capaz de atenuar os resultados nos filhos dos conflitos que

ocorrem entre o casal.

As dimensões propostas por Feinberg (2003), encontram correlatos e sobreposições em

diversas propostas teórico-metodológicas, como é o caso das apresentadas por Margolin et al.

(2001), bem como Teubert e Pinquart (2010). O modelo de Feinberg (2003) contempla

suficientemente bem os elementos componentes pelos quais a coparentalidade é investigada em

estudos empíricos, nomeadamente: a cooperação, a concordância, o acordo no cuidado e

educação da criança e o conflito e triangulação, como no estudo de (Teubert & Pinquart, 2010).

Uma recente revisão de literatura sobre instrumentos de avaliação da coparentalidade

sustenta que suas dimensões tendem a se localizar em dois grupos distintos: aqueles
58

relacionados ao apoio e à cooperação (incluindo comunicação, respeito, trabalho em equipe,

aliança, confiança, entre outros); e outros relacionados ao conflito coparental (como

triangulação, desentendimento, sabotagem, hostilidade, coparentalidade restritiva, entre

outros), com análises fatoriais, indicando soluções de uma a quatro dimensões para o fenômeno

(Cusí et al., 2020).

Sobre mudanças no exercício da coparentalidade em diferentes estágios do

desenvolvimento infantil, Augustin e Frizzo (2015) investigaram duas famílias e compararam

dois momentos: o primeiro e o sexto ano de vida da criança. Os resultados mostraram que

alguns aspectos da coparentalidade tendem a se manter estáveis ao longo do desenvolvimento

infantil, como características individuais dos pais. Outros, como divisão de tarefas, podem

sofrer transformações, dependendo das necessidades e habilidades da criança.

Além disso, em estudo realizado por Souza et al, (2020) com famílias em situação de

divórcio e com crianças de três a seis anos, constatou-se baixos valores na coparentalidade e,

mais especificamente, nas dimensões de acordo coparental, suporte e divisão do trabalho.

Evidências têm apoiado a hipótese de que a coparentalidade negativa (também denominada

competitiva) representa um fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias na

infância, enquanto a coparentalidade cooperativa é considerada um fator de proteção aos filhos

(Cusí et al., 2020; Teubert & Pinquart, 2010).

A relação coparental, a coparentalidade e como a criança se insere neste contexto pode

influenciar, de forma positiva ou negativa, o comportamento da criança, como ela vivencia e é

afetada pela coparentalidade (Feinberg, 2003). Sendo assim, é pertinente avaliar como a

coparentalidade poderá influenciar no comportamento da criança.

5.4 O Comportamento da criança


59

O comportamento infantil é compreendido como resultante de interações com outras

pessoas (em especial pais e educadores), que ocorrem em contextos com características

específicas, considerando os aspectos individuais de cada criança. Essas interações podem

promover efeitos de competência ou disfunção para o desenvolvimento, de acordo com

Bronfenbrenner (2011).

Dentre as características biopsicossociais das crianças, que podem ser inibidas ou

estimuladas pelos processos proximais e pela coparentalidade nos microcontextos

desenvolvimentais, temos as disposições comportamentais ativas positivas e negativas.

Os processos proximais ocorrem o tempo todo e, dependendo das suas características

(como duração do período de contato, frequência do contato ao longo do tempo, interrupção ou

estabilidade da exposição etc.), podem levar a dois tipos (positivo e negativo) de resultados no

desenvolvimento. O resultado positivo é denominado de competência, aquisição de habilidades

socioemocionais, cognitivas e físicas, de capacidade de controlar o próprio comportamento ou

de outras pessoas. O resultado negativo envolve a manifestação recorrente de disfunções e

dificuldades em comportamentos de autocontrole em diferentes domínios do desempenho

(Bronfenbrenner & Evans, 2000).

Os problemas de saúde mental, na infância e na adolescência, são comuns e podem se

manifestar por diversas dificuldades, tais como as comportamentais, emocionais, sociais e de

rendimento escolar, prejudicando o desenvolvimento e o aproveitamento dos recursos

potenciais. Durante muito tempo, foram utilizados vários questionários para a avaliação dos

indicadores de psicopatologia de crianças e adolescentes, como os questionários de Rutter

(1967) e de Achenbach (Achenbach, 1991). Apesar de muito úteis, esses apresentam, como

principal limitação, a sua grande extensão. Inspirado por essas questões, Robert Goodman

propôs, em 1997, o Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ), ou Questionário de

Capacidades e Dificuldades, desenhado para ser um questionário curto e simples, clinicamente


60

útil e com boa aceitação pelos respondentes (Fleitlich et al., 2000; Goodman, 1997). Trata-se

de um questionário de rastreamento (screening) de problemas de saúde mental, proposto para

avaliar o comportamento de crianças e adolescentes dos 4 aos 16 anos. Desta maneira, o SDQ

configura-se como uma promissora alternativa dentro do cenário brasileiro, onde instrumentos

padronizados para a avaliação de indicadores de saúde mental infanto-juvenil ainda são

escassos.

Os comportamentos da criança estão descritos em cinco categorias, usando a versão do

SDQ (Questionário de Capacidades e Dificuldades das Crianças), instrumento utilizado neste

estudo, que inclui 25 itens divididos em cinco subescalas, com cinco itens cada. São elas: a)

sintomas emocionais, incluindo problemas de somatização, preocupações, medos, ansiedade ou

tristeza; b) problemas de conduta, caracterizados por birras, desobediência, argumentação,

agressividade; c) hiperatividade, abarcando agitação, distração, impulsividade, dificuldades de

atenção; d) problema de relacionamento com pares, como o isolamento, ter poucos amigos ou

dificuldade de relacionamento (Goodman, 2001).

A infância é um momento muito importante da vida, pois é durante esse período que a

criança desenvolve suas características físicas, intelectuais e socioemocionais. Os problemas de

comportamento infantil fazem parte desse processo e precisam de atenção para que sejam

superados e corrigidos. Os problemas de comportamento podem ser descritos em sintomas de

internalização e sintomas de externalização. Os sintomas de internalização são caracterizados

por excessivo controle dos impulsos e se manifestam através dos mais variados sintomas de

ansiedade, depressão, retraimento social e queixas somáticas. Os problemas de externalização

compreendem o conjunto de sinais comportamentais e psicológicos que estão estatisticamente

associados à agressividade e à delinquência, e que tem como base o baixo controle dos

impulsos. (Achenbach & Rescorla, 2001).


61

A pesquisa de Loureiro et al. (2020) comparou a avaliação de indicadores de problemas

de comportamento e de recurso pró-social de escolares, a partir do relato de mães e professoras.

Por meio da análise dos resultados da referida pesquisa, os autores verificaram diferenças

estatísticas significativas na avaliação dos recursos adaptativos e problemas de comportamento

da criança, por mães e professoras, em todas as escalas, e o escore total do SDQ. As mães

identificaram mais problemas do que as professoras em relação aos meninos. Por outro lado, as

meninas apresentaram mais sintomas emocionais nos anos iniciais de escolarização.

A relação coparental vai ser importante para compreender a ocorrência desses

comportamentos, tanto o comportamento pró-social, como os problemas de comportamento. O

comportamento pró-social, nas crianças, aumenta com a complexidade dos novos contextos

sociais. Geralmente, com a entrada da criança na creche ou na escola - a mesma experiência,

mas com mais interações -, faz-se novas amizades com crianças da mesma idade e tem-se a

oportunidade de uma maior socialização, desenvolvendo e ampliando os comportamentos.

Os comportamentos das crianças podem ser positivos ou negativos. Quando negativos,

temos os problemas de comportamento, que, conforme revisão de literatura realizada por

Bolsoni-Silva e Del Prette (2003), podem ser definidos como déficits ou excessos

comportamentais que prejudicam a interação da criança nos ambientes em que interage, sendo

a escola e a família os mais citados. Os problemas comportamentais emocionais que

acompanham os transtornos psicológicos, e que podem se expressar como dificuldades

interpessoais na infância, são classificados em dois grandes grupos: os externalizantes e os

internalizantes (Del Prette & Del Prette, 2009). Segundo esses autores, os problemas de

comportamento externalizante (como hiperatividade, comportamentos desafiadores ou

opositores e condutas antissociais, dificuldades de relacionamento com pares e problemas de

conduta) são mais frequentes em comportamentos desafiadores ou opositores e condutas

antissociais. Além disso, os autores afirmam que os comportamentos internalizantes (como


62

sintomas emocionais) são identificáveis em transtornos, como depressão, ansiedade, fobia e

isolamento social, e estão relacionados a um maior risco de problemas psicossociais ao longo

da trajetória desenvolvimental em pré-escolares.

Fatores familiares têm sido associados a desfechos específicos no desenvolvimento dos

filhos, especialmente no que diz respeito ao comportamento da criança. Esses têm

características próprias e efeitos específicos sobre o desenvolvimento, sendo discriminados

entre problemas de comportamento (internalizantes e externalizantes) e comportamentos pró-

sociais. A pró-sociabilidade indica um padrão mais adaptativo para a criança, já que contribui

para uma convivência positiva e estabelecimento de relações saudáveis (Costello & Maughan,

2015; Eisenberg et al., 2015).

Pesquisadores têm focado na coparentalidade e no comportamento da criança. A relação

coparental positiva foi relacionada à menor presença de problemas comportamentais (Kolak &

Vernon-Feagans, 2008; McHale et al., 1999). Um relacionamento coparental negativo foi

associado com a presença de problemas de comportamento externalizantes em crianças pré-

escolares (Schoppe et al., 2001). Altos níveis de coparentalidade, de apoio e estruturas

familiares mais adaptativas, foram associados a menos problemas de comportamento

externalizantes.

Souza (2018) investigou as repercussões da coparentalidade e do envolvimento paterno

no comportamento da criança em famílias casadas, obtendo, como resultado, a coparentalidade

materna e paterna, e o envolvimento paterno explicaram 55% da variância dos problemas de

comportamento das crianças. Ao mesmo tempo, salientaram a importância do relacionamento

coparental e do envolvimento paterno para a compreensão dos comportamentos dos pré-

escolares, principalmente ao se considerar seus impactos adaptativos e efeitos de disfunção ao

longo da trajetória desenvolvimental humana.


63

O conflito conjugal tem sido associado a problemas de comportamento e ajustamento

nos filhos, principalmente quando esses são expostos a conflitos. No estudo conduzido por

Jiménez-Garcia et al. (2019), pelo qual investigaram 317 processos judiciais, observou-se maior

proporção de comportamentos externalizantes, sintomas emocionais e problemas de

desempenho acadêmico, entre os filhos de pais que não estavam realizando a coparentalidade

após o divórcio. Por sua vez, Mosmann et al., (2018) identificaram as variáveis competição

coparental, prática parental de intrusividade, exposição do filho ao conflito coparental e conflito

conjugal como discriminante dos filhos com sintomas clínicos. Os resultados também

mostraram a variável da coparentalidade com maior poder de discriminação entre os grupos.

Sendo assim, entende-se que a coparentalidade atua como um importante fator interveniente

entre a conjugalidade e a parentalidade, pois reflete tanto na relação dos pais com a criança,

como na dos cônjuges.

No estudo realizado por Lau (2017), o pesquisador identificou o efeito indireto do apoio

coparental sobre o aumento da hiperatividade da criança por meio do conflito coparental. Além

disso, também verificou um efeito indireto da comunicação e do conflito coparental sobre os

sintomas emocionais negativos da criança por meio do apoio coparental, além de identificar

que havia mais apoio coparental quando a criança era menina.

Com o objetivo de analisar estudos existentes sobre coparentalidade e comportamento

da criança no contexto do divórcio, realizamos uma revisão sistemática da literatura com

estudos publicados entre 2010 e 2020. O artigo foi publicado na Revista Psicologia: Teoria e

Prática e encontra-se no Apêndice C.


64

6 MÉTODO

6.1 Caracterização da pesquisa

A abordagem desta pesquisa é quantitativa, ao buscar a quantificação e a relação entre

as variáveis (Sampieri et al., 2006). Caracteriza-se, ainda, quanto à temporalidade, como um

estudo transversal, pois foi analisado num momento determinado, no espaço e no tempo atual

da trajetória de vida dos participantes (Gil, 2002).

Quanto aos objetivos, classifica-se como comparativa, correlacional e explicativa. O

método comparativo consiste em investigar coisas ou fatos e explicá-los segundo suas

semelhanças e suas diferenças. Permite a análise de dados concretos e a dedução de

semelhanças e divergências de elementos constantes, abstratos e gerais, propiciando

investigações de caráter indireto (Fachin, 2001). Também se caracteriza como descritiva, pois

segundo Gil (2002), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das

características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre

variáveis. Explicativa quando feita análise de regressão para verificar o papel preditor da

coparentalidade no comportamento das crianças em famílias casadas e divorciadas.

6.2 Participantes

Participaram da pesquisa 344 famílias, sendo 260 respondentes de famílias casadas e

84 respondentes de famílias divorciadas com filhos entre 3 e 11 anos 11 meses e 29 dias. Para

atender os objetivos deste estudo, os participantes foram divididos em dois grupos por tipo de

configuração familiar. O grupo de participantes de famílias casadas relataram serem casados

ou coabitarem com o outro responsável legal da criança. Já o grupo de participantes de famílias

divorciadas relataram não coabitar com o outro responsável legal da criança por divórcio ou

separação informal. É relevante destacar que 20 participantes do segundo grupo se

encontravam em um novo relacionamento, configurando para fins de nomenclatura famílias


65

recasadas. Ressalta-se, entretanto, que no presente estudo, utilizaram-se apenas as repostas

sobre o relacionamento coparental com o outro responsável legal que não coabitava por

situação de divórcio ou separação. As famílias recasadas não foram incluídas neste estudo.

Foram incluídos os participantes que atendiam aos seguintes critérios: (a) ser pai ou

mãe, casado ou divorciado, com pelo menos um filho ou filha com idade entre 3 e 11 anos, 11

meses e 29 dias e com desenvolvimento típico; (b) ter tido a criança focal após seus 18 anos de

idade; (c) residir em território brasileiro; (d) cohabitar há pelo menos seis meses no caso dos

respondentes casados; (e) estar divorciado há pelo menos 6 meses e exercer a coparentalidade

no caso dos respondentes divorciados. Foram excluídos os pais que não estavam na idade, que

não responderam ao ERC e que a criança tinha desenvolvimento atípico.

6.3 Instrumentos

O Questionário Sociodemográfico numa parceria entre NEPeDI e LABSFAC, objetiva

coletar variáveis de contexto de cada participante. Ele possui perguntas abertas e de múltipla

escolha a respeito de dados pessoais do participante (idade, sexo, raça, escolaridade), dados

familiares (caracterização, composição, renda) e dados da criança focal (sexo, idade, filiação,

etapa de escolarização, raça).

A escala de relação coparental (ERC) possui 35 itens divididos em sete subescalas a)

Acordo coparental (itens 6, 9, 11, 15); b) divisão do trabalho (itens 5, 20); c) Suporte coparental

(itens 3, 10, 19, 25, 26, 27); d) Reconhecimento da parentalidade do parceiro (itens 1, 4, 7, 14,

18, 23, 29); e) Sabotagem coparental (itens 8, 12, 13, 16, 21, 22); f) Exposição a conflitos (itens

31 a 35); e, g) Proximidade coparental (itens 1, 17, 24, 28, 30).

Os participantes respondem cada item em uma escala de sete pontos que varia de não

verdadeiro (0) a completamente verdadeiro (6), exceto para a subescala Exposição ao conflito,

na qual as categorias de resposta variam de nunca (0) a muito frequentemente (6). A Teoria da
66

Estrutura Interna e Contexto Ecológico da Coparentalidade (Feinberg, 2003) embasa

teoricamente a Escala da Relação Coparental (Feinberg et al., 2012).

A versão da ERC utilizada no estudo Anexo B é uma adaptação transcultural brasileira

resultante da colaboração entre a UFSC e a Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

(Carvalho et al., 2018). A dimensão de Proximidade coparental não é integrante de nenhuma

das quatro dimensões propostas pelo modelo teórico de Feinberg (2003). De fato, sua inclusão

ocorreu como sugestão de entrevistas qualitativas que indicaram a existência dessa dimensão

extra, relativa à alegria em compartilhar com o/a parceiro/a o desenvolvimento dos/as filhos/as

dividindo as tarefas parentais e testemunhar o crescimento do/a parceiro/a em sua parentalidade

(Feinberg et al., 2012). Entretanto, Lamela et al. (2016) não utilizaram essa subescala em

amostra com pais divorciados, afirmando no apêndice do estudo que ela não faz parte de

coparentalidade e apresenta-se nessa relação apenas entre casais que compartilham também um

relacionamento conjugal. Por esse motivo, na presente pesquisa também não se utilizou essa

dimensão.

A pontuação da escala é feita pela média dos itens de cada dimensão. Os dois

instrumentos (ERC e SDQ) são contabilizados por meio da média aritmética dos itens da

dimensão. Dessa forma, no ERC nas dimensões positivas quanto mais próximo de 6 maior é a

qualidade do relacionamento coparental e quanto mais próximo de zero pior a qualidade da

relação coparental. Nas dimensões negativas quanto mais próximo de 6 pior é o relacionamento

coparental e quanto mais próximo de zero melhor é o relacionamento coparental. Os índices de

fidedignidade nesse estudo foram: (a) Acordo coparental (α=0,80); (b) divisão do trabalho

(α=0,33); (c) Suporte coparental (α=0,91); (d) Reconhecimento da parentalidade do parceiro

(α=0,89); (e) Sabotagem coparental (α=0,82); e, (f) Exposição a conflitos (α=0,86).

O questionário de Capacidades e Dificuldades (Strengths and Difficulties

Questionnaire - SDQ) avalia as dimensões de comportamento da criança. Esse instrumento de


67

livre acesso avalia o comportamento de crianças e adolescentes com idades entre quatro e 16

anos Anexo C. É constituído por 25 itens divididos em cinco subescalas com cinco itens cada:

sintomas emocionais (itens 3, 8, 13, 16, 24); problemas de conduta (itens 5, 7, 12, 18, 22);

hiperatividade (itens 2, 10, 15, 21, 25); problemas no relacionamento com pares (itens 6, 11,

14, 19, 23); e comportamento pró-social (itens 1, 4, 9, 17, 20). O questionário é respondido por

pais, professores ou pelas próprias crianças/adolescentes (a partir de 11 anos) por meio de uma

escala Likert de três pontos variando entre falso (1), mais ou menos verdadeiro (2) e verdadeiro

(3) para os comportamentos da criança nos últimos seis meses conforme Anexo C. A pontuação

da escala é feita pela média dos itens de cada dimensão variando entre (1) ausência do

comportamento à (3) presença total do comportamento. No caso do SDQ as dimensões de

problemas de comportamento, quanto mais próximo de 1 for a média, menos problemas de

comportamento a amostra apresenta e quanto mais próximo de três mais problemas de

comportamento foram apontados pelos pais. No caso do comportamento pró-social é o

contrário: quanto mais próximo de um menos comportamento pró-social a crianças apresentou,

quanto mais próximo de três maior a média de comportamento pró-social.

Os índices de fidedignidade nesse estudo foram: sintomas emocionais (α=0,58);

problemas de conduta (α=0,72); hiperatividade (α=0,81); problemas no relacionamento com

pares (α=0,61); comportamento pró-social (α=0,62), dificuldades totais da criança (α=0,83);

problemas externalizantes (α=0,85); e, problemas internalizantes (α=0,69).

6.4 Procedimentos éticos e de coleta de dados

O projeto de pesquisa “Parentalidade e desenvolvimento socioemocional infantil” foi

submetido ao Comitê de Ética para Pesquisas com Seres Humanos da UFSC (CEPSH-UFSC)

e obteve aprovação para realização sob o protocolo nº 2.766.021 em 11 de julho de 2018. Diante
68

da pandemia da COVID-19, a coleta de dados foi adaptada para o ambiente virtual e o projeto

de pesquisa guarda-chuva foi submetido novamente ao CEPSH/UFSC, obtendo aprovação sob

parecer de nº 4.050.295 em 26 de maio de 2020. Em novembro de 2020, foi submetida uma

emenda solicitando a ampliação da faixa etária da criança focais da pesquisa (de 4 a 11 anos

para 3 a 11 anos), que também foi aprovada mediante parecer nº 4.452.803 em 10 de dezembro

de 2020.

A pesquisa atendeu à resolução nº 510 de 07 de abril de 2016 do Conselho Nacional de

Saúde (CNS). Além disso, tratando-se de pesquisa em Psicologia, foram considerados com

igual importância os princípios fundamentais da atuação do psicólogo que constam no Código

de Ética da categoria e, em especial, o que determina o Artigo 16, que diz respeito à realização

de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a produção de conhecimentos e tecnologias

(Brasil [Ministério da Saúde], 2016).

Um link personalizado do questionário (https://pt.surveymonkey.com/r/PDSEIfamII)

foi divulgado nas redes sociais do NEPeDI e do LABSFAC (Instagram© e Facebook©); em

canais de comunicação institucional da UFSC e diversas outras universidades do país; entre os

estudantes de graduação e pós-graduação do curso de Psicologia da UFSC e entre grupos

informais de contato da pesquisadora e de colegas. Os pais e mães interessados em participar

acessaram o link da coleta de dados, encontrando inicialmente o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE). O TCLE e todos os instrumentos desta pesquisa foram inseridos

na plataforma paga Survey Monkey. O consentimento é registrado por meio de um item ao

final do TCLE e uma cópia do termo assinado pelo coordenador do projeto de pesquisa é

disponibilizado aos participantes. Após a declaração de consentimento ao TCLE e

fornecimento de um e-mail de contato para posterior para envio dos resultados da pesquisa

(devolutiva de informações), todos os participantes foram direcionados à segunda página para

preenchimento de dados sobre a criança focal e, posteriormente, declararam sua relação com a
69

criança (mãe/madrasta ou pai/padrasto). Ao final do preenchimento do questionário, foram

disponibilizados links de acesso aos sites dos núcleos de pesquisa (NEPeDI e LABSFAC) e

das páginas de rede social com informações sobre as temáticas estudadas. Os participantes

foram estimulados a convidar outros pais e mães que conhecessem para participar da pesquisa.

6.5 Análise de Dados

Os dados coletados via formulário foram exportados e analisados por meio do programa

estatístico SPSS versão 20.0. Para a caracterização dos fenômenos foram realizadas análises

estatísticas descritivas univariadas (média e desvio padrão). A fidedignidade dos questionários,

escalas e subescalas foi mensurada por meio do Alfa de Cronbach. Para o alcance do objetivo

desse estudo foram realizados dois tipos de análises inferenciais.

O teste Student (t) para amostras independentes para comparação da percepção de

pais/mães de famílias casadas e pais/mães de famílias divorciadas quanto às dimensões de

comportamento da criança (sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade,

problemas no relacionamento com pares, problemas internalizantes, problemas externalizantes,

dificuldades da criança e comportamento pró-social). Também foram realizadas comparações

entre as percepções dos dois grupos das dimensões de coparentalidade (Apoio coparental,

Divisão de tarefas, Reconhecimento da parentalidade do parceiro, Acordo coparental,

Sabotagem coparental e Conflito coparental).

Outro tipo de análise inferencial utilizado foram os modelos de análises de regressões

múltiplas com nível de percepção de cada dimensão de comportamento da criança como

desfecho e as dimensões da coparentalidade como preditoras na amostra geral. Ainda foram

criados modelos para cada configuração familiar com o objetivo de determinar se as variáveis

das dimensões da coparentalidade seriam preditoras das dimensões comportamentais da

criança em cada grupo de participantes (pais/mães casados e divorciados). Os ajustes dos


70

modelos foram avaliados por meio do teste ANOVA e a contribuição de cada variável do

modelo por meio do coeficiente beta.

7 RESULTADOS

Para melhor visualização dos resultados, estes foram divididos quanto ao procedimento

estatístico utilizado e as variáveis de interesse do estudo. Primeiramente será apresentada a

caracterização das variáveis sociodemográficas das famílias participantes, em seguida as

comparações da percepção das dimensões de comportamento da criança e da relação coparental

de participantes de famílias casadas e divorciadas, variáveis preditoras do comportamento da

criança nas diferentes amostras: tipo de família e dimensões coparentais.

7.1 Caracterização das variáveis sociodemográficas das famílias participantes

Na Tabela 1, apresenta-se a caracterização das principais variáveis sociodemográficas

das famílias participantes, discriminada conforme amostra total, famílias casadas e famílias

divorciadas.
71

Tabela 1
Caracterização das Variáveis Sociodemográficas dos pais das Famílias Participantes
Amostra Idade Relação de Parentesco Etnia Religião

M (DP) Mãe Pai Branca Parda Preta Amarela Católica Outra Evangélica Adventista Espírita Ateia
% (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n) % (n)

Total 37,75 (5,887) 82,8 (285) 17,2 (59) 80,2 (276) 13,7(47) 5,2 (18) 0,9 (3) 50,0 (172) 15,4 (53) 13,1 (45) 1,7 (6) 13,1 (45) 6,7 (23)
(N = 344)

Famílias 37,88 (5,720) 81,9, (213) 18,1 (47) 77,8 (203) 15,3 (40) 5,7 (15) 1,1 (1,1) 52,1 (136) 13,4 (35) 13,8 (36) 1,5 (4) 13,0 (34) 6,1 (16)
Casadas
(N = 260)

Famílias 37,36 (6,404) 85,7 (72) 14,3 (12) 88,0 (73) 8,4 (7) 3,6 (3) - 43,4 (36) 21,7 (18) 10,8 (9) 2,4 (2) 13,3 (11) 8,4 (7)
Divorciadas
(N = 84)
Nota. M = média; DP = desvio padrão.
72

Tabela 2
Caracterização do Nível de Escolaridade e Renda dos pais das Famílias Participantes
Amostra Nível de escolaridade

Fundamental Médio Técnico Graduação Pós-Graduação Mestrado Doutorado Pós-doutorado


% (n) % (n) % (n) % (n) (especialização) % (n) % (n) % (n)
% (n)
Total 2,0 (7) 16,0 (55) 2,6 (9) 24,4 (84) 34,3 (118) 13,4 (46) 4,1 (14) 3,2 (11)
(N = 344)

Famílias Casadas 1,1 (3) 14,2 (37) 2,7 (7) 23,0 (60) 36,8 (96) 13,4 (35) 5,4 (14) 3,4 (9)
(N = 261)

Famílias Divorciadas 4,8 (4) 21,7 (18) 2,4 (2) 28,9 (24) 26,5 (22) 13,3 (11) - 2,4 (2)
(N = 83)

Amostra Renda

M (DP) Valor Valor


Mínimo Máximo
Total 8927,01 8133,27 400,00 70000,00
(N = 344)
Famílias Casadas 9648,85 8420,88 800,00 70000,00
(N = 261)
Famílias Divorciadas 60280,27 6354,42 400,00 3000,00
(N = 83)
Nota. M = média; DP = desvio padrão. Os valores referentes à renda estão na moeda real brasileiro.
73

Tabela 3
Caracterização das Variáveis Sociodemográficas das Crianças das Famílias Participantes
Amostra Idade Sexo Etnia
M (DP) Feminino Masculino Branca Parda Preta Não
% (n) % (n) % (n) % (n) % (n) Informado
% (n)
Total 6,2849 (2,49552) 53,5 (184) 46,5 (160) 61,6 (212) 10,5 (36) 2 (07) 25,9 (89)

Famílias 6,1686 (2,47338) 52,5 (137) 47,5 (124) 59,8 (156) 11,1 (29) 1,5 (4) 27,6 (72)
Casadas

Famílias 6,6506 (2,54440) 56,6 (47) 43,4 (36) 59,8 (156) 11,1 (29) 1,5 (4) 20,5 (17)
Divorciadas
Nota. M = média; DP = desvio padrão.

Com relação à composição familiar, a amostra total foi composta por 344 famílias,

residentes em todo o território brasileiro, dentre as quais 261 eram famílias casadas e 83 eram

famílias divorciadas. Os participantes tinham média de 37 anos de idade (37,75) M(DP)

(5,887). Em relação ao grau de escolaridade dos pais, a maioria dos participantes (34,3% da

amostra total) declarou ter pós-graduação profissional (especialização). Quanto a renda das

famílias, o Teste t(348) = 3,222 p=0,001 tem diferença estatísticamente significativa. As

famílias divorciadas tem menor renda do que as famílias casadas. Quanto à religião, a maioria

(50%) dos participantes declarou ser da religião católica; e, em relação à etnia, a maioria se

declarou branca (80,2%).

Com relação às características das crianças, as mesmas tinham em média 6 anos de

idade M (6,2849) a maioria declarou-se branca (61,6%) e do sexo feminino (53,5%). Em

relação ao grau de parentesco com a crianças a maioria declarou ser a mãe da criança,

representando (82,8%) de participantes da amostra geral; e, declarou ser o pai da criança,

equivalente a 59 (17,2%) de participantes, da amostra geral.

A seguir encontram-se descritas as comparações de médias entre os grupos de

participantes de famílias casadas e divorciadas das variáveis de comportamento da criança e da


74

relação coparental. Em seguida, são apresentadas as regressões lineares múltiplas. Cada

dimensão comportamental da criança foi avaliada como desfecho das variáveis coparentais nos

subgrupos de participantes de famílias casadas e divorciadas e também a configuração familiar

nas regressões com a amostra total.

7.2 Comparações da percepção das dimensões de comportamento da criança e da relação


coparental de participantes de famílias casadas e divorciadas

Inicialmente, foram realizados testes de comparação de médias (t de Student) entre os

grupos de participantes de famílias casadas e divorciadas, para verificar se existia diferença

significativa entre ambos em relação à percepção dos pais da percepção das dimensões de

comportamento da criança e da relação coparental.

Na análise da percepção das famílias casadas e divorciadas sobre as dimensões de

comportamento dos filhos, não houve diferença estatística significativa em quase todas as

dimensões, exceto em uma. As famílias divorciadas relataram uma percepção maior de

problemas de relacionamento com pares (M=1,38; DP=0,30) do que as famílias casadas

(M=1,29; DP=0,35), de modo que essa diferença foi estatisticamente significativa entre os

grupos [t(342)= -2,052; p = 0,041]. Dessa forma, excetuando essa dimensão, essa pesquisa não

encontrou diferenças significativas nas percepções parentais das dimensões do comportamento

dos filhos entre os grupos de participantes, o que sugere influência pouco significativa do tipo

de família (casada ou divorciada) para o comportamento da criança. Ressalta-se a contribuição

encontrada da configuração familiar para os problemas de relacionamento com os pares,

apontado uma maior percepção desses problemas em participantes de famílias divorciadas.

Na comparação entre as percepções parentais de seu relacionamento coparental em

famílias casadas e divorciadas, todas as diferenças foram estaticamente significativas com

médias maiores para as famílias casadas em relação aos participantes de famílias divorciadas

em todas as dimensões positivas: Acordo coparental [Casadas M=4,07; DP=1,19; Divorciadas


75

M=2,55; DP=1,57; t(113,441)= 8,107; p≤0,000], Divisão de tarefas [Casadas M=2,78 (1,53);

DP=1,19; Divorciadas M=2,24 (1,55); DP=1,57; t(342)= 2,808; p =0,005], Suporte coparental

[Casadas M=5,05; DP=1,08; Divorciadas M=3,19; DP=1,67; t(104,691)=9,508; p≤0,000] e

Reconhecimento da parentalidade do parceiro [Casadas M=4,83; DP=0,92; Divorciadas

M=3,35; DP=1,62; t(99,596)= 7,893; p≤0,000] Assim, os participantes de famílias casadas

relataram percepção de maior média das dimensão positivas das coparentalidade positiva.

Esses resultados podem ser identificados na tabela 2.

Tabela 4
Médias, Desvios Padrões e Comparações da Percepção das Dimensões de Comportamento da
Criança e da Relação Coparental de Famílias Casadas e Divorciadas

Variáveis Família M (DP) t(gl) p

Casadas 1,54 (0,40)


Sintomas Emocionais t(342)= 0,410 0,682
Divorciadas 1,52 (0,38)

Casadas 1,519 (0,44)


Problemas de Conduta t(342)= -0,768 0,443
Divorciadas 1,56 (0,46)

Casadas 1,74 (0,53)


Hiperatividade t(342)= -1,799 0,073
Divorciadas 1,86 (0,52)

Problemas de Relacionamento Casadas 1,29 (0,35)


t(342)= -2,052 0,041*
com Pares Divorciadas 1,38 (0,30)

Casadas 1,52 (0,30)


Dificuldades Totais da Criança t(342)= -1,485 0,138
Divorciadas 1,58 (0,31)

Casadas 1,63(0,42)
Problemas Externalizantes t(342)= -1,495 0,136
Divorciadas 1,71(0,45)

Casadas 1,42(0,31)
Problemas Internalizantes t(342)= -0,867 0,387
Divorciadas 1,45(0,30)

Casadas 2,68 (0,33)


Comportamento Pró-social t(342)= 0,532 0,595
Divorciadas 2,66 (0,31)

Conflito Coparental Casadas 1,92 (0,83) t(342)= 2,888 0,004**


76

Divorciadas 1,61 (1,00)

Casadas 1,57 (0,86)


Sabotagem Coparental t(103,468)= -5,442 0,000***
Divorciadas 2,43 (1,36)

Casadas 4,07 (1,19)


Acordo Coparental t(113,441)= 8,107 0,000***
Divorciadas 2,55 (1,57)

Reconhecimento da Casadas 4,83 (0,92)


t(99,596)= 7,893 0,000***
Parentalidade do Parceiro Divorciadas 3,35 (1,62)

Casadas 2,78 (1,53)


Divisão de Tarefas t(342)= 2,808 0,005**
Divorciadas 2,24 (1,55)

Casadas 5,05 (1,08)


Suporte Coparental t(104,691)=9,508 0,000***
Divorciadas 3,19 (1,67)

Nota. M = média; DP = desvio padrão; t = teste t; p = teste de significância.


* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.

Nas dimensões negativas da coparentalidade, em relação dimensão de Conflito

coparental também os participantes de famílias casadas (M=1,92; DP=0,83) reportaram

maiores médias que os participantes de famílias divorciadas (M=1,61; DP=1,00), sendo essa

diferenças estatisticamente significativa [t(342)= 2,888; p =0,004]. Em relação a dimensão de

Sabotagem coparental as famílias divorciadas (M=2,43; DP=1,36) relatam médias maiores que

as famílias casadas (M= 1,57; DP=0,86) em suas percepções com diferença estatisticamente

significativa [t(103,468)= -5,442; p≤0,000]. Dessa maneira, com exceção da dimensão conflito

coparental, os participantes do grupo de famílias casadas relataram uma percepção de melhor

qualidade do relacionamento coparental com sua dupla que o grupo de participantes de famílias

divorciadas.

7.3 Variáveis preditoras do comportamento da criança nas diferentes amostras: tipo de


famílias e dimensões coparentais
77

Os modelos de regressão múltipla criados e testados neste estudo serão descritos por

dimensão de comportamento da criança. Ainda, em cada dimensão, primeiramente, será

apresentado o modelo de regressão múltipla com a amostra geral; em seguida, será a

subamostra de participantes de famílias casadas; e, por fim, o modelo com os participantes de

famílias divorciadas.

7.3.1 Sintomas emocionais

Em relação aos sintomas emocionais na amostra geral a análise de regressão linear

múltipla apontou um bom ajuste do modelo de predição [F(6;337)=4,561; p≤0,000] com a

variável de Acordo coparental (β = -0,179; p = 0,027) como única preditora estatisticamente

significativa da percepção parental que atenua os sintomas emocionais das criança, fornecendo

um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,059, determinando que as variáveis

preditoras em seu conjunto explicam 5,9% dos sintomas emocionais. De modo que quanto

maior a média de percepção parental de Acordo coparental relatada pelos participantes da

amostra geral, menor era a média de sintomas emocionais da criança. As demais variáveis

coparentais e a configuração familiar na amostra desse estudo não se mostraram preditoras dos

sintomas emocionais da criança.

Também os modelos de regressão dos subgrupos de participantes de famílias casadas

[F(5;255)=4,788; p≤0,000] e divorciadas [F(5;77)=2,576; p=0,033] foram estatisticamente

significativos. Ao analisar os dois grupos separadamente, nas famílias casadas apenas a

variável Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro foi preditora para reduzir os sintomas

emocionais da criança (β = -0,176; p = 0,020), fornecendo um coeficiente de variância

explicada (R² ajustado) de 0,068, determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto

explicam 6,8% dos sintomas emocionais da criança. Portanto, quanto maior a média de

percepção parental de Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro relatada pelos


78

participantes da amostra de famílias casadas, menor era a média de sintomas emocionais da

criança. Os resultados na íntegra, são demonstrados na Tabela 3.


79

Tabela 5

Variáveis Preditoras dos Sintomas Emocionais da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Sintomas Emocionais

Amostra Variáveis B Beta t p R R2 R2 F(gl;gl) p


preditoras do modelo (EP) ajustado

Tipo de família -0,114 (0,060) -0,124 -1,893 0,059


Divisão de Tarefas -0,002 (0,014) -0,009 -0,165 0,869
Conflito Coparental 0,048 (0,028) 0,107 1,705 0,089
Total RPP -0,018 (0,023) -0,060 -0,789 0,431 0,274 0,075 0,059 F(6;337)=4,561 p=0,000***
Sabotagem Coparental 0,007 (0,029) 0,020 0,256 0,798
Acordo -0,049 (0,022) -0,179 -2,228 0,027*
Coparental
Divisão de Tarefas 0,005 (0,017) 0,020 0,304 0,761 0,293 0,086 0,068
Conflito Coparental 0,002 (0,035) 0,003 0,048 0,962
RPP -0,076 (0,032) -0,176 -2,340 0,020*
Casadas p=0,000***
Sabotagem Coparental 0,021 (0,037) 0,046 0,572 0,568 F(5;255)=4,788
Acordo -0,043 (0,027) -0,128 -1,581 0,115
Coparental

Divisão de Tarefas -0,007 (0,028) -0,027 -0,238 0,813 0,379 0,143 0,088
Conflito Coparental 0,109 (0,049) 0,285 2,242 0,028*
0,033 (0,033) 0,141 0,998 0,321
RPP
Divorciadas F(5;77)=2,576 p=0,033*
Sabotagem Coparental -0,011 (0,048) -0,040 -0,238 0,813
Acordo -0,069 (0,038) -0,283 -1,831 0,071
Coparental
Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
80

Já para as famílias divorciadas a variável Conflito coparental foi a única com poder de

predição estatisticamente significativo de aumento dos sintomas emocionais da criança (β =

0,285; p = 0,028), fornecendo um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,088,

determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto explicam 8,8% dos sintomas

emocionais da criança. Dessa maneira, quanto maior a média de percepção parental de Conflito

coparental relatada pelos participantes da amostra de famílias divorciadas, maior era a média

de sintomas emocionais da criança.

7.3.2 Problemas de conduta

Em relação aos problemas de conduta na amostra geral a análise de regressão linear

múltipla apontou um bom ajuste do modelo de predição [F(6;337)=8,253; p≤0,000] com as

variáveis de Acordo coparental (β = -0,321; p≤0,000) e Conflito coparental (β = 0,126; p =

0,038) como preditoras estatisticamente significativa da percepção parental dos problemas de

conduta dos filhos, fornecendo um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,113,

determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto explicam 11,3% dos problemas de

conduta, conforme Tabela 4. A predição foi de diminuição dos problemas de conduta no caso

do acordo coparental, de modo que quanto maior a média de percepção parental de Acordo

coparental relatada pelos participantes da amostra geral, menor era a média de problemas de

conduta da criança. Já a variável Conflito coparental se mostrou uma preditora que acentua os

problemas de conduta da criança, assim quanto maior a média de percepção parental de

Conflito coparental relatada pelos participantes da amostra geral, maior era a média de

problemas de conduta da criança. As demais variáveis coparentais e a configuração familiar na

amostra desse estudo não se mostraram preditoras dos problemas de conduta da criança.
81

Tabela 6
Variáveis Preditoras dos Problemas de Conduta da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Problemas de Conduta

Variáveis p
Amostra B (EP) Beta T P R R2 R2 ajustado F(gl;gl)
preditoras do modelo

Tipo de família -0,095 (0,066) -0,093 -1,450 0,148 0,358 0,128 0,113
Divisão de Tarefas 0,011 (0,016) 0,039 0,710 0,478
Conflito Coparental 0,063 (0,030) 0,126 2,080 0,038*
Total RPP -0,016 (0,025) -0,046 -0,615 0,539 F(6;337)=8,253 p=0,000***
Sabotagem Coparental -0,009 (0,032) -0,021 -0,278 0,781
Acordo Coparental -0,098 (0,024) -0,321 -4,099 0,000***

Divisão de Tarefas -0,001 (0,018) -0,005 -0,083 0,934 0,401 0,161 0,144
Conflito Coparental 0,058 (0,037) 0,110 1,575 0,116
RPP -0,005 (0,034) -0,010 -0,143 0,886
Casadas
Sabotagem Coparental 0,024 (0,039) 0,047 0,604 0,546 F(5;255)=9,755 p=0,000***
Acordo Coparental -0,109 (0,028) -0,298 -3,847 0,000***

Divisão de Tarefas 0,056 (0,034) 0,190 1,616 0,110 0,322 0,104 0,046
Conflito Coparental 0,062 (0,059) 0,137 1,053 0,296
Divorciadas RPP -0,043 (0,041) -0,154 -1,065 0,290
F(5;77)=1,784 p=0,126
Sabotagem Coparental -0,040 (0,058) -0,118 -0,682 0,497
Acordo Coparental -0,071 (0,046) -0,244 -1,548 0,126

Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
82

Somente o modelo de regressão do subgrupo de participantes de famílias casadas

[F(5;255)=9,755; p≤0,000] foi estatisticamente significativo. Nesse grupo apenas a variável

Acordo coparental foi preditora atenuante dos problemas de conduta da criança (β = -0,298;

p≤0,000), fornecendo um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,144,

determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto explicam 14,4% dos problemas de

conduta da criança. Portanto, quanto maior a média de percepção parental de Acordo coparental

relatada pelos participantes da amostra de famílias casadas, menor era a média de problemas

de conduta da criança.

Já para as famílias divorciadas além do modelo não ter apresentado um bom ajuste,

nenhumas das relações foi estatisticamente significativa. Esse resultado aponta para pouca

relação de predição em famílias divorciadas entre as variáveis coparentais e os problemas de

conduta da criança.

7.3.3 Hiperatividade

Em relação a hiperatividade a variável de Acordo coparental se apresentou como única

preditora estatisticamente significativa atenuante da percepção parental na amostra geral,

casadas e divorciadas. Na amostras geral (β = -0,342; p≤0,000), de famílias casadas (β = -

0,289; p≤0,000) e de famílias divorciadas (β = -0,339; p = 0,034), conforme Tabela 5.

Entretanto, a análise de regressão linear múltipla apontou um bom ajuste do modelo de predição

apenas nas amostras geral [F(6;337)= 8,072; p≤0,000] - fornecendo um coeficiente de variância

explicada (R² ajustado) de 0,109, determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto

explicam 10,9% da hiperatividade; e de famílias casadas [F(5;255)= 7,232; p≤0,000] com um

coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,107, determinando que as variáveis

preditoras em seu conjunto explicam 10,7% da hiperatividade da criança.

Portanto, nas amostras geral, casada e divorciada, quanto maior a média de percepção

parental de Acordo coparental relatada pelos participantes, menor era a média de hiperatividade
83

da criança. Entretanto o modelo explicação de predição da hiperatividade da criança pelo

conjunto das variáveis coparentais só foi significativo na amostra geral e de famílias casadas.

As demais variáveis coparentais e a configuração familiar na amostra deste estudo não se

mostraram preditoras da hiperatividade da criança.


84

Tabela 7
Variáveis Preditoras da Hiperatividade da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Hiperatividade

R2
Variáveis R R2 F(gl;gl) p
Amostra B (EP) Beta t P
preditoras do modelo ajustado

Tipo de família -0,088 (0,079) -0,071 -1,115 0,266 0,353 0,125 0,109
Divisão de Tarefas -0,005 (0,019) -0,015 -0,267 0,790
Conflito Coparental 0,019 (0,036) 0,032 0,527 0,598
F(6;337)=8,072 p=0,000***
Total RPP -0,018 (0,030) -0,043 -0,578 0,564
Sabotagem Coparental -0,006 (0,038) -0,012 -0,161 0,872
Acordo Coparental -0,125 (0,029) -0,342 -4,365 0,000***

Divisão de Tarefas -0,010 (0,022) -0,028 -0,447 0,655 0,352 0,124 0,107
Conflito Coparental 0,015 (0,045) 0,024 0,330 0,742
RPP -0,030 (0,042) -0,053 -0,719 0,473
F(5;255)=7,232 p=0,000***
Casadas Sabotagem Coparental 0,010 (0,049) 0,016 0,206 0,837
Acordo Coparental -0,128 (0,035) -0,289 -3,655 0,000***

Divisão de Tarefas 0,017 (0,039) 0,049 0,419 0,676 0,334 0,111 0,054
Conflito Coparental 0,008 (0,068) 0,015 0,114 0,909
RPP -0,012 (0,047) -0,036 -0,253 0,801 F(5;77)=1,931 p=0,099
Divorciadas Sabotagem Coparental -0,011 (0,066) -0,029 -0,170 0,865
Acordo Coparental -0,113 (0,052) -0,339 -2,158 0,034*

Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
85

7.3.4 Problemas de Relacionamento com os pares

Na amostra geral o modelo de regressão [F(5;255)= 7,994; p≤0,000] foi

estatisticamente significativo, conforme Tabela 6. Apenas a variável Acordo coparental foi

preditora atenuante dos problemas relacionamento com os pares da criança (β = -0,233;

p=0,003), fornecendo um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,110,

determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto explicam 11% dos problemas

relacionamento com os pares da criança. Portanto, quanto maior a média de percepção parental

de Acordo coparental relatada pelos participantes da amostra geral, menor era a média de

problemas relacionamento com os pares da criança. As demais variáveis coparentais e a

configuração familiar na amostra deste estudo não se mostraram preditoras dos problemas de

relacionamento com os pares da criança.

Em relação a amostra geral de participantes de famílias casadas a análise de regressão

linear múltipla apontou um bom ajuste do modelo de predição dos problemas relacionamento

com os pares da criança [F(6;337)= 9,274; p≤0,000] com as variáveis de Acordo coparental (β

= -0,228; p=0,004) e Reconhecimento da parentalidade do parceiro (β = -0,148; p = 0,042)

como preditoras estatisticamente significativas atenuantes da percepção parental dos

problemas relacionamento com os pares dos filhos, fornecendo um coeficiente de variância

explicada (R² ajustado) de 0,137, determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto

explicam 13,7% dos problemas de relacionamento com pares. De modo que quanto maior a

média de percepção parental de Acordo coparental e de Reconhecimento da parentalidade do

parceiro relatada pelos participantes de famílias casadas, menor era a média de problemas de

relacionamento com os pares da criança. Todas essas análises são demostradas a seguir.
86

Tabela 8
Variáveis preditoras dos Problemas de Relacionamento com Pares da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões
Coparentais
Problemas de Relacionamentos com Pares

Variáveis R2
Amostra B (EP) Beta t p R R2 F(gl;gl) p
preditoras do modelo ajustado

Tipo de família -0,033 (0,051) -0,042 -0,651 0,515 0,354 0,126 0,110
Divisão de Tarefas -0,004 (0,012) -0,017 -0,301 0,764
Conflito Coparental 0,032 (0,023) 0,083 1,374 0,170
Total RPP -0,023 (0,020) -0,086 -1,163 0,246 F(6;337)=7,994 p=0,000***
Sabotagem Coparental 0,014 (0,025) 0,043 0,562 0,575
Acordo Coparental -0,055 (0,018) -0,233 -2,980 0,003*
*
Divisão de Tarefas -0,010 (0,014) -0,045 -0,721 0,471 0,392 0,154 0,137
Conflito Coparental -0,007 (0,030) -0,016 -0,223 0,824
RPP -0,056 (0,027) -0,148 -2,048 0,042*
Casadas Sabotagem Coparental 0,031 (0,032) 0,076 0,979 0,328 F(5;255)=9,274 p=0,000***
Acordo Coparental -0,067 (0,023) -0,228 -2,928 0,004*
*

Divisão de Tarefas 0,033 (0,023) 0,170 1,463 0,148 0,352 0,124 0,067
Conflito Coparental 0,076 (0,039) 0,251 1,951 0,055
RPP -0,005 (0,027) -0,025 -0,177 0,860
Divorciadas F(5;77)=2,179 p=0,065
Sabotagem Coparental 0,005 (0,038) 0,021 0,124 0,902

Acordo Coparental -0,036 (0,030) -0,184 -1,179 0,242

Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
87

Já para as famílias divorciadas, além do modelo não ter apresentado um bom ajuste,

nenhuma das relações foi estatisticamente significativa. Esse resultado aponta para pouca

relação de predição em famílias divorciadas entre as variáveis coparentais e os problemas de

relacionamento com os pares.

7.3.5 Comportamento pró-social

Em relação ao comportamento pró-social na amostra geral a análise de regressão linear

múltipla apontou um bom ajuste do modelo de predição [F(6;337)= 3,423; p=0,003]

unicamente com a variável Acordo coparental (β = 0,212; p=0,009) como preditora

estatisticamente significativa promotora da percepção parental do comportamento pró-social

do filho, fornecendo um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,041,

determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto explicam 4,1% do comportamento

pró-social, conforme Tabela 7. De modo que quanto maior a média de percepção parental de

Acordo coparental relatada pelos participantes da amostra geral, maior era a média de

comportamento pró-social da criança. As demais variáveis coparentais e a configuração

familiar na amostra desse estudo não se mostraram preditoras da prossociabilidade da criança.

Somente o modelo de regressão do subgrupo de participantes de famílias casadas

[F(5;255)= 5,091; p≤0,000] foi estatisticamente significativo. Nesse grupo apenas a variável

Acordo coparental foi preditora promotora do comportamento pró-social da criança (β = 0,194;

p=0,017), fornecendo um coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,073,

determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto explicam 7,3% da prossociabilidade

da criança. Portanto, quanto maior a média de percepção parental de Acordo coparental relatada

pelos participantes da amostra de famílias casadas maior era a média de comportamento pró-

social da criança.
88

Já para as famílias divorciadas além do modelo não ter apresentado um bom ajuste,

nenhumas das relações foi estatisticamente significativa. Esse resultado aponta para pouca

relação de predição em famílias divorciadas entre as variáveis coparentais e a prossociabilidade

dos filhos. Todas essas análises são demostradas a seguir.


89

Tabela 9
Variáveis preditoras do Comportamento Pró-social da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Comportamento Pró-social

Variáveis R2
Amostra preditoras do B (EP) Beta t p R R2 F(gl;gl)
ajustado p
modelo
Tipo de família 0,039 (0,050) 0,051 0,768 0,443 0,240 0,057 0,041
Divisão de Tarefas -0,022 (0,012) -0,104 -1,822 0,069
Conflito Coparental -0,026 (0,023) -0,070 -1,104 0,270
p=0,0003**
RPP -0,001 (0,019) -0,005 -0,061 0,951 F(6;337)= 3,423
Total Sabotagem -0,011 (0,024) -0,037 -0,464 0,643
Coparental
Acordo Coparental 0,048 (0,018) 0,212 2,609 0,009**

Divisão de Tarefas -0,023 (0,014) -0,105 -1,639 0,102 0,301 0,091 0,073
Conflito Coparental -0,005 (0,029) -0,012 -0,170 0,865
RPP 0,034 (0,027) 0,096 1,281 0,201
Sabotagem -0,030 (0,031) -0,077 -0,964 0,336 F(5;255)=5,091 p=0,000***
Casadas
Coparental
Acordo Coparental 0,054 (0,022) 0,194 2,401 0,017*

Divisão de Tarefas -0,033 (0,024) -0,164 -1,350 0,181 0,211 0,045 -0,017
Conflito Coparental -0,028 (0,042) -0,089 -0,662 0,510
Divorciadas RPP -0,027 (0,029) -0,139 -0,929 0,356 F(5;77)=0,721 p=0,610
Sabotagem -0,009 (0,041) -0,037 -0,208 0,836
Coparental
Acordo Coparental 0,030 (0,032) 0,149 0,917 0,362
Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
90

7.3.6 Dificuldades totais da criança

Em relação às dificuldades totais da criança a variável de Acordo coparental se

apresentou como única preditora estatisticamente significativa atenuante da percepção parental

nas amostras geral (β = -0,385; p≤0,000), de famílias casadas (β = -0,340; p≤0,000) e de

famílias divorciadas (β = -0,361; p =0,021), conforme Tabela 8. Os três modelos de predição

apresentaram um bom ajuste [Geral: F(6;337)= 14,747; p≤0,000; Casadas: F(5;255)= 16,471;

p≤0,000; Divorciadas: F(5;255)= 2,996; p=0,016] fornecendo coeficientes de variância

explicada (R² ajustado) de 0,194 na amostra geral, de 0,229 na amostra de participantes de

famílias casadas e 0,108 dos participantes de famílias divorciadas. De modo que as variáveis

preditoras em seu conjunto explicam 19,4% das dificuldades totais da criança na amostra geral,

22,9% na amostra de famílias casadas e 10,8% na mostra de famílias divorciadas. Portanto, nas

amostras geral casada e divorciada, quanto maior a média de percepção parental de Acordo

coparental relatada pelos participantes, menor era a média de dificuldades totais da criança.
91

Tabela 10
Variáveis preditoras das Dificuldades Totais da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Dificuldades Totais

Variáveis R2
Amostra B (EP) Beta t p R R2 F(gl;gl) p
preditoras do modelo ajustado

Tipo de família -0,083 (0,044) -0,115 -1,896 0,059 0,456 0,208 0,194
Divisão de Tarefas 2,153 (0,010) 0,000 0,002 0,998
Conflito Coparental 0,041 (0,020) 0,116 2,014 0,045*
Total RPP -0,019 (0,017) -0,078 -1,106 0,269 F(6;337)= 14,747 p=0,000***
Sabotagem Coparental 0,002 (0,021) 0,005 0,075 0,940
Acordo Coparental -0,082 (0,016) -0,385 -5,159 0,000***

Divisão de Tarefas -0,004 (0,012) -0,020 -0,350 0,727 0,494 0,244 0,229
Conflito Coparental 0,017 (0,024) 0,046 0,699 0,485
RPP -0,042 (0,023) -0,127 -1,856 0,065
Casadas Sabotagem Coparental 0,022 (0,026) 0,061 0,828 0,408 F(5;255)=16,471 p=0,000***
Acordo Coparental -0,087 (0,019) -0,340 -4,621 0,000***

Divisão de Tarefas 0,025 (0,023) 0,122 1,076 0,285 0,404 0,163 0,108
Conflito Coparental 0,064 (0,039) 0,203 1,618 0,110
RPP -0,007 (0,027) -0,034 -0,244 0,808
Divorciadas Sabotagem Coparental F(5;77)=2,996 p=0,016*
-0,014 (0,039) -0,062 -0,372 0,711
Acordo Coparental -0,072 (0,030) -0,361 -2,364 0,021*

Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
92

7.3.7 Problemas externalizantes

Em relação aos problemas externalizantes da criança, a variável de Acordo coparental

se apresentou como única preditora estatisticamente significativa atenuante da percepção

parental nas amostras geral (β = -0,374; p≤0,000), de famílias casadas (β = -0,333; p≤0,000) e

de famílias divorciadas (β = -0,323; p =0,043), conforme Tabela 9. Os três modelos de predição

dos problemas externalizantes da criança pelas variáveis coparentais e tipo de família

apresentaram um bom ajuste [Geral: F(6;337)= 10,361; p≤0,000; Casadas: F(5;255)= 11,053;

p≤0,000; Divorciadas: F(5;255)= 2,051; p=0,081] fornecendo coeficientes de variância

explicada (R² ajustado) de 0,141 na amostra geral, de 0,162 na amostra de participantes de

famílias casadas e 0,060 nos participantes de famílias divorciadas. De modo que as variáveis

preditoras em seu conjunto explicam 14,1% das dificuldades totais da criança na amostra geral,

16,2% na amostra de famílias casadas e 6% na mostra de famílias divorciadas. Portanto, nas

amostras geral, casada e divorciada, quanto maior a média de percepção parental de Acordo

coparental relatada pelos participantes, menor era a média dos problemas externalizantes da

criança.
93

Tabela 11
Variáveis Preditoras das Problemas Externalizantes da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais

Problemas Externalizantes

Variáveis R2
Amostra B (EP) Beta T p R R2 F(gl;gl) p
preditoras do modelo ajustado
Tipo de família -0,092(0,63) -0,091 -1,449 0,148 0,395 0,156 0,141
Divisão de Tarefas 0,003(0,015) 0,011 0,203 0,839
Conflito Coparental 0,041(0,029) 0,084 1,410 0,159
Total RPP -0,017(0,024) -0,050 -0,681 0,497 F(6;337)= 10,361 p=0,000***
Sabotagem Coparental -0,007(0,031) -0,018 -0,245 0,807
Acordo Coparental -0,111(0,023) -0,374 -4,855 0,000***

Divisão de Tarefas -0,006 (0,017) -0,020 -0,330 0,742 0,422 0,178 0,162
Conflito Coparental 0,036 (0,035) 0,071 1,029 0,304
RPP -0,018 (0,033) -0,038 -0,535 0,593
Casadas Sabotagem Coparental 0,017 (0,038) 0,034 0,446 0,656 F(5;255)=11,053 p=0,000***
Acordo Coparental -0,119 (0,027) -0,333 -4,341 0,000***

Divisão de Tarefas 0,036 (0,034) 0,126 1,077 0,285 0,343 0,118 0,060
Conflito Coparental 0,035 (0,058) 0,078 0,608 0,545
Divorciadas RPP -0,028 (0,040) -0,100 -0,696 0,489 F(5;77)=2,051 p=0,081
Sabotagem Coparental -0,025 (0,056) -0,077 -0,450 0,654
Acordo Coparental -0,092 (0,044) -0,323 -2,063 0,043*
Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
94

7.3.8 Problemas internalizantes

Em relação aos problemas internalizantes na amostra geral as análises de regressão

linear múltipla apontaram um bom ajuste dos três modelos de predição [Geral: F(6;337)=

8,533; p≤0,000; Casadas: F(5;255)= 10,040; p≤0,000; Divorciadas: F(5;255)= 2,913; p=0,018]

conforme tabela 10.

A variável Acordo coparental foi a única preditora atenuante dos problemas

internalizantes da criança nos modelos com a amostra geral (β = -0,244; p=0,002), fornecendo

coeficiente de variância explicada (R² ajustado) de 0,116, de modo que as variáveis preditoras

em seu conjunto explicam 11,6% dos problemas internalizantes da criança na amostra geral.

Portanto, quanto maior a média de percepção parental de Acordo coparental relatada pelos

participantes da amostra geral, menor era a média de problemas internalizantes da criança. As

demais variáveis coparentais e a configuração familiar na amostra deste estudo não se

mostraram preditoras dos problemas internalizantes da criança.

Em relação a amostra de participantes de famílias casadas as variáveis de Acordo

coparental (β = -0,210; p = 0,007) e Reconhecimento da parentalidade do parceiro (β =-0,196;

p = 0,007) como preditoras estatisticamente significativas atenuantes da percepção parental dos

problemas relacionamento com os pares dos filhos, fornecendo um coeficiente de variância

explicada (R² ajustado) de 0,148, determinando que as variáveis preditoras em seu conjunto

explicam 14,8% dos problemas de conduta. De modo que, quanto maior a média de percepção

parental de Acordo coparental e de Reconhecimento da parentalidade do parceiro relatada pelos

participantes de famílias casadas, menor era a média de problemas internalizantes da criança.


95

Tabela 12
Variáveis Preditoras dos Problemas Internalizantes da Criança nas Diferentes Amostras: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Problemas Internalizantes

Variáveis R2
Amostra B (EP) Beta T p R R2 F(gl;gl)
preditoras do modelo ajustado p

Tipo de família -0,074(0,046) -0,103 -1,610 0,108


Divisão de Tarefas -0,003(0,011) -0,015 -0,276 0,783
Conflito Coparental 0,040(0,021) 0,114 1,887 0,060
Total RPP -0,021(0,018) -0,086 -1,166 0,244 0,363 0,132 0,116 F(6;337)= 8,533 p=0,000***
Sabotagem Coparental 0,011(0,022) 0,037 0,480 0,631
Acordo Coparental -0,052(0,017) -0,244 -3,123 0,002**

Divisão de Tarefas -0,003 (0,012) -0,013 -0,205 0,838


Conflito Coparental -0,002 (0,026) -0,007 -0,094 0,925
RPP -0,066 (0,024) -0,196 -2,729 0,007**
Casadas Sabotagem Coparental 0,026 (0,028) 0,072 0,938 0,349 0,406 0,164 0,148 F(5;255)=10,040 p=0,000***
Acordo Coparental -0,055 (0,020) -0,210 -2,719 0,007**

Divisão de Tarefas 0,013 (0,022) 0,068 0,600 0,550


Conflito Coparental 0,093 (0,038) 0,307 2,441 0,017*
RPP 0,014 (0,026) 0,077 0,549 0,585 0,399 0,159 0,104
Divorciadas F(5;77)=2,913 p=0,0018*
Sabotagem Coparental -0,003 (0,037) -0,015 -0,089 0,929
Acordo Coparental -0,052 (0,029) -0,272 -1,781 0,079

Nota: RPP= Reconhecimento da Parentalidade do Parceiro; B= Coeficiente não padronizado de regressão; EP= Erro padrão do coeficiente não padronizado de regressão; Beta=
Coeficiente de regressão padronizado; t= teste t de Student; p: Significância estatística; R: Coeficiente de Regressão; R²: Soma do coeficiente de Regressão ajustado; R²ajustado:
Coeficiente de regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.
96

Nas famílias divorciadas apenas a variável Conflito coparental foi a única preditora

para promover os problemas internalizantes (β = 0,307; p = 0,017) fornecendo coeficiente de

variância explicada (R² ajustado) 0,104, de maneira que, as variáveis preditoras em seu

conjunto explicam 10,4% na amostra de famílias divorciadas. Portanto, quanto maior a média

de percepção parental de Conflito coparental relatada pelos participantes da amostra de famílias

divorciadas, maior era a média de problemas internalizantes da criança.

7.3.9 Principais resultados dos modelos de predição do comportamento da criança

Ao analisar os participantes em sua totalidade, como pode ser observado na tabela 13 a

variável acordo coparental foi preditora atenuante de todas as dimensões de problema de

comportamento da criança e única preditora promotora de comportamento pró-social da

criança, na amostra geral. Ainda que pese o poder preditor promotor da variável Conflito

coparental para os problemas de conduta da criança e para as dificuldades totais, a força de

predição do Acordo coparental foi maior. Desse modo, tipo de configuração familiar (casada

ou divorciada) não foi fator preditivo em si para o comportamento da criança, assim como as

dimensões de Reconhecimento da parentalidade do parceiro, sabotagem e suporte coparental.

A dimensão de acordo coparental se destacou como fator promotor do comportamento mais

adaptativo da criança, enquanto o Conflito coparental parece ser fator promotor de problemas

de comportamento da criança, principalmente para aqueles relacionados a conduta.


97

Tabela 13
Variáveis Preditoras dos Comportamentos da Criança Estatisticamente Significativas na
Amostra Geral: Tipo de Família e Dimensões Coparentais
Variáveis preditoras
Variável dependente Beta p R2 ajustado F(gl;gl)p
do modelo

Sintomas emocionais Acordo Coparental -0,179 0,027* 0,059 F(6;337)=4,561***

Conflito Coparental 0,126 0,038*


Problemas de 0,113 F(6;337)=8,253***
Conduta
Acordo Coparental -0,321 0,000***

Hiperatividade Acordo Coparental -0,342 0,000*** 0,109 F(6;337)=8,072***

Problemas de
Relacionamento com Acordo Coparental -0,233 0,003** 0,110 F(6;337)=7,994***
Pares

Conflito Coparental 0,116 0,045*


Dificuldades da 0,194 F(6;337)= 14,747***
Criança
Acordo Coparental -0,385 0,000***

Comportamento Pró-
Acordo Coparental 0,212 0,009** 0,041 F(6;337)= 3,423**
social

Problemas 0,141 F(6;337)= 10,361***


Acordo Coparental -0,333 0,000***
externalizantes

Problemas
0,116 F(6;337)= 8,533***
internalizantes Acordo Coparental -0,244 0,002**

Nota: Beta= Coeficiente de regressão padronizado; p= Significância estatística; R²ajustado= Coeficiente de


regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.

Na análise apenas com a amostra de participantes de famílias casadas também se

destaca o poder preditor da variável Acordo coparental para a diminuição de problemas de

comportamento e de promoção do comportamento pró-social da criança, conforme tabela 14.

Apenas na dimensão de Sintomas emocionais que essa relação não apareceu como

estatisticamente significativa. Entretanto, outra dimensão positiva da coparentalidade, o

Reconhecimento da parentalidade do parceiro, apresentou-se como preditora atenuadora dos

sintomas emocionais, problemas de relacionamento com os pares e problemas internalizantes

da criança. Dessa forma, a coparentalidade em famílias casadas se apresentou como fator


98

promotor de comportamento mais adaptativo da criança, principalmente nas dimensões de

Acordo coparental e Reconhecimento da parentalidade do parceiro.

Tabela 14
Variáveis Preditoras dos Comportamentos da Criança Estatisticamente Significativas na
Amostra de Famílias Casadas: Dimensões Coparentais

Variáveis preditoras R2
Variável dependente Beta P F(gl;gl)p
do modelo ajustado

Sintomas emocionais Conflito Coparental 0,285 0,028* 0,088 F(5;77)=2,576*

Hiperatividade Acordo Coparental -0,339 0,034* 0,054 F(5;77)=1,931

Dificuldades da Criança Acordo Coparental -0,361 0,021* 0,108 F(5;77)=2,996*

Problemas externalizantes Acordo Coparental -0,323 0,043* 0,060 F(5;77)=2,051

Problemas Internalizantes 0,104 F(5;77)=2,913*


Conflito Coparental 0,307 0,017*
Nota: Beta= Coeficiente de regressão padronizado; p= Significância estatística; R²ajustado= Coeficiente de
regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.

Os resultados com a amostra de participantes de famílias divorciadas apontam para um

funcionamento diferente de predição do comportamento da criança por meio da

coparentalidade. O Conflito coparental se destacou como preditor que contribui para o

aparecimento de sintomas emocionais e problemas internalizantes da criança em modelos de

análise com bom ajuste, mesmo em face à reduzida amostra. O Acordo coparental foi preditivo

atenuador da hiperatividade, dos problemas externalizantes e das dificuldades totais da criança,

mas em modelos que não apresentaram bons ajustes, exceto no de dificuldades totais do filho.

Na Tabela 15, podem ser observados os demonstrativos de todas as análises de famílias

divorciadas.
99

Tabela 15
Variáveis Preditoras dos Comportamentos da Criança Estatisticamente Significativas na
Amostra de Famílias Divorciadas: Dimensões Coparentais

Variáveis preditoras
Variável dependente Beta p R2 ajustado F(gl;gl)
do modelo

Reconhecimento da
Sintomas emocionais Parentalidade do -0,176 0,020* 0,068 F(5;255)=4,788***
parceiro

Problemas de
Acordo Coparental -0,298 0,000*** 0,144 F(5;255)=9,755***
Conduta

Hiperatividade Acordo Coparental -0,289 0,000*** 0,107 F(5;255)=7,232***

Acordo Coparental -0,228 0,004**

Problemas de
Reconhecimento da
Relacionamento com 0,137 F(5;255)=9,274***
Pares Parentalidade do -0,148 0,042*

parceiro

Dificuldades da
Acordo Coparental -0,340 0,000*** 0,229 F(5;255)=16,471***
Criança

Comportamento Pró-
Acordo Coparental 0,194 0,017* 0,073 F(5;255)=5,091***
social

Problemas
Acordo Coparental -0,374 0,000*** 0,162 F(5;255)=11,053***
externalizantes

Acordo Coparental -0,210 0,007**


Reconhecimento da
Problemas
0,148 F(5;255)=10,040***
internalizantes Parentalidade do -0,196 0,007**

parceiro

Nota: Beta= Coeficiente de regressão padronizado; p= Significância estatística; R²ajustado= Coeficiente de


regressão ajustado; F= ANOVA; gl=graus de liberdade.
* p ≤0,050; ** p ≤0,001 ***p<0,000.

7.4 Síntese dos resultados

Uma análise conjunta dos resultados aponta para o poder preditivo da coparentalidade

para os comportamentos da criança, principalmente em sua dimensão de acordo coparental em

todas as configurações familiares. Também a dimensão de conflito coparental apareceu como


100

destaque na predição de problemas de comportamento na amostra geral e em famílias

divorciadas, principalmente na dimensão de sintomas emocionais da criança. A dimensão de

Reconhecimento da parentalidade do parceiro apareceu como preditora dos sintomas

emocionais, problemas de relacionamento com pares e problemas internalizantes apenas para

participantes de famílias casadas. As demais dimensões de coparentalidade (Sabotagem,

Suporte e Divisão de tarefas) não apresentaram poder preditivo para a amostra destes estudo.

A comparação do comportamento da criança entre as configurações familiares casadas

e divorciadas não apontou diferenças estatisticamente significativas, exceto para a dimensão

de problemas de relacionamento com os pares em que as famílias divorciadas relataram média

maior que as famílias casadas. Entretanto, no modelo de predição na amostra geral dessa

dimensão o tipo de família não foi preditora para a presença de problemas de relacionamento

com os pares, apenas o Acordo coparental. No grupo de famílias casadas além do Acordo

coparental, também o Reconhecimento da parentalidade do parceiro apresentou poder preditivo

de atenuação desses problemas comportamentais. Já entre as famílias divorciadas não

apareceram relações de predição entre as variáveis. Possivelmente, outras variáveis não

mensuradas neste estudo podem contribuir para o aumento de problemas de relacionamento

com pares em famílias divorciadas.

A diferença entre a percepção do relacionamento coparental, entretanto, foi

significativa em todas as dimensões, apontando para percepção de uma relação coparental

melhor por parte de famílias casadas. Embora as famílias divorciadas tenham apontado menor

percepção que as famílias casadas de Conflito coparental, ainda assim as médias das duas

configurações foram baixas.


101

8 DISCUSSÃO GERAL

A discussão deste estudo está organizada em tópicos, de forma que os principais

resultados de cada objetivo – geral ou específico – foram retomados e respondidos, bem como

as hipóteses pré-formuladas. Este estudo teve como objetivo geral investigar os efeitos da

coparentalidade no comportamento da criança em famílias casadas e famílias divorciadas e,

como objetivos específicos, comparar a percepção dos pais de famílias casadas e famílias

divorciadas sobre a sua coparentalidade; comparar a percepção dos pais de famílias casadas e

famílias divorciadas sobre as dimensões de comportamento da criança; verificar o papel

preditor da coparentalidade no comportamento das crianças em famílias casadas e em famílias

divorciadas.

Sobre a caracterização da amostra no presente, estudo a maioria dos participantes

respondentes da pesquisa, que foram as mães das crianças, a maioria branca com média de

idade de 37 anos. Com relação às crianças cujas mães responderam aos questionários, as

crianças, na maioria, eram do sexo feminino e tinham, em média, 6 anos de idade. Na revisão

de Ambrós et al. (2022), a maioria dos estudos (n=7) também contou majoritariamente com

mães como participantes (61% a 100%). A predominância de mães nas amostras também tem

sido identificada em outras revisões de literatura, como nos estudos de Coltro et al., (2020) e

Samdan et al., (2020) relacionados ao contexto familiar.

Com relação à escolaridade, a maioria das participantes declararam ter pós-graduação.

Acredita-se que um dos fatores foi a pandemia da Covid-19 e, posteriormente, o isolamento

social. As mães com maior escolaridade reconhecem a importância da pesquisa, pois muitas

vivem no meio acadêmico com fácil acesso à internet e meios digitais. Com a pandemia e o

isolamento, tivemos a impossibilidade de acessar bairros, escolas e creches, casas para fazer
102

convite aos pais para participação, e o modo on-line passou a ser a única forma para

participação.

8.1 Percepção das dimensões de comportamento da criança em participantes de famílias


casadas e famílias divorciadas

Segundo os resultados encontrados neste estudo, obteve-se que, na percepção das

famílias casadas e divorciadas sobre as dimensões de comportamento dos filhos, os resultados

mostraram que as famílias divorciadas relataram uma maior percepção de problema de

relacionamento com pares em seus filhos. Contudo, houve diferença estatisticamente

significativa em apenas uma dimensão do comportamento da criança, indicando que a

configuração familiar não é fator tão importante para o comportamento das crianças. Este

resultado refuta parcialmente a segunda hipótese deste estudo (existe diferença no

comportamento das crianças em famílias casadas e em divorciadas, tendo os(as) filhos(as)

destas últimas problemas de comportamento), pois a única dimensão que teve diferença

estatisticamente significativa foi problema de relacionamento com pares.

Crianças com problemas de relacionamento com pares apresentam características,

como isolamento, ter poucos amigos ou dificuldade para relacionamento. Talvez, as crianças

das famílias divorciadas terem apresentado mais comportamentos deste tipo na amostra do

presente estudo se deve ao fato de que, após o divórcio, muitas crianças possam se sentir

isoladas, com medo, ansiosas, tristes, com poucos amigos e contatos pela necessidade da nova

adaptação. Após o divórcio, pode ocorrer uma readaptação da criança à nova configuração

familiar. Sendo assim, a família pode contribuir de diversas formas para que as crianças não

sofram com o divórcio. O diálogo e a demonstrações de afeto e atenção durante tal processo

podem auxiliar a minimizar os efeitos negativos da separação.


103

Para Dantas et al. (2004), é de suma importância que se fortaleçam os vínculos com os

filhos após a separação. Com esse maior fortalecimento, diálogo e demonstração de carinho

dos pais para com os filhos, a interação positiva facilita para que a criança passe por este

período de uma maneira mais harmônica e feliz. É fundamental que os pais tenham diálogo e

boa convivência, exercendo coparentalidade positiva, principalmente após o divórcio. Dantas

et al. (2004) relatam a importância da figura paterna que, na maioria das separações, é quem

sai de casa e acaba se ausentando da vida da criança. O pai precisa separar o que é da

conjugalidade e o que é da parentalidade, pois segue sendo pai e deverá continuar investindo

em proteção e na vinculação entre ambos.

Na comparação entre as percepções parentais de seu relacionamento coparental em

famílias casadas e divorciadas, as famílias casadas apresentaram destaque para as dimensões

positivas da coparentalidade. Essas famílias relataram maior média que as famílias divorciadas

na dimensão de acordo coparental. Numa ordem de 0 a 6, as famílias casadas apresentaram

médias de 4, 7 sendo relativamente alta se comparada às famílias divorciadas que tiveram

média 2, 6. Também se destacaram as dimensões positivas de reconhecimento da parentalidade

do parceiro, divisão de tarefas, melhor relação coparental, suporte coparental. O acordo

coparental é uma dimensão da coparentalidade considerada importante e um fator de proteção

para as crianças. Dos estudos incluídos na revisão sistemática da literatura de Ambrós et al.

(2022), foram similares aos resultados do presente estudo, em que o apoio coparental foi a

variável mais significativa quando os sintomas emocionais são considerados como preditores

de problemas de comportamento nas crianças.

A pesquisa de Mosmann et al. (2018) destacou a importância do relacionamento

coparental positivo e do envolvimento paterno (cuidados básicos e brincadeiras) para a

compreensão dos comportamentos das crianças. A variável “acordo coparental” teve o maior

poder discriminatório. Este resultado aponta para os reflexos da negociação entre os pais acerca
104

dos cuidados e responsabilidades com os filhos, e sobre a capacidade destes últimos de

identificarem essa dinâmica no ambiente familiar (Riina & McHale, 2014).

O reconhecimento da parentalidade do parceiro nas famílias casadas teve uma média

alta (4,6) se comparado às famílias divorciadas (3,35). Essa foi a maior média de

coparentalidade positiva nas famílias divorciadas, e nas famílias casadas foi a segunda média

mais alta. O reconhecimento da parentalidade do parceiro foi atenuadora dos sintomas

emocionais, problemas de relacionamento com pares e problemas internalizantes. É importante

e desafiador o reconhecimento da parentalidade do parceiro em todas as configurações

familiares, principalmente após o divórcio, fortalecendo a importância da coparentalidade

positiva. Bueno et al. (2015) destacam a importância de ser pai e ser mãe, independente da

configuração familiar. O casamento pode não dar certo, mas a paternidade e a maternidade são

para a vida toda.

Esse papel de pai/mãe deve ser valorizado e, embora questões do contexto, como

separação do casal e excesso de trabalho, possam dificultar a convivência com os filhos, é um

desafio buscar ser um pai/mãe presente com participação ativa na vida dos filhos. Sabe-se que,

na maioria dos divórcios, os filhos ficam sob a guarda da mãe, no entanto a participação do pai

é essencial para o desenvolvimento dos filhos. Segundo Benczik (2011), o papel de pai no

desenvolvimento cognitivo e social do (a) filho(a) é essencial, sendo que a interação entre

ambos é entendida como um dos fatores decisivos para a capacidade de aprendizagem e a

interação da criança na comunidade.

No estudo de Alves et al. (2015), os autores concluíram que, apesar das mudanças

ocorridas nos últimos anos, a ausência paterna ainda é um aspecto recorrente nas famílias

divorciadas, inclusive naquelas que vivenciam a guarda compartilhada. Dentre as dimensões

da coparentalidade, houve destaque, para as famílias divorciadas, do reconhecimento da

parentalidade do parceiro, indicando que a participação do pai na vida dos filhos vem se
105

modificando ao longo do tempo. Nesse sentido, entende-se que existe uma tendência para que

pais sejam mais dispostos em participar e colaborar na criação de seus filhos. No estudo de

Amato et al. (2011), foram encontradas diferenças significativas nos problemas de

comportamento da criança entre os grupos com coparentaliddae cooperativa, parentalidade

paralela e parentalidade única. As crianças do cluster de coparentalidade cooperativa (bom

divórcio) tiveram o menor número de problemas de comportamento e laços mais próximo com

seus pais.

A parentalidade é um dos fatores mais importantes e de maior influência no

desenvolvimento social e socioemocional da criança (Parent & Forehand, 2017). O

desenvolvimento socioemocional da criança é influenciado pela parentalidade; atividades

parentais focadas nas dimensões suporte, afeto e sensibilidade mostraram-se relacionadas à

promoção de maior competência social e cognitiva da criança, menos problemas de

comportamento e maior comportamento pró-social.

Quanto à dimensão de suporte coparental, a média mais alta foi nas famílias casadas,

relatando que o auxílio, enquanto casal, ajuda dos pais com relação aos filhos. Esta foi a

segunda média mais alta dentre todas as dimensões para as famílias divorciadas, mostrando

que o suporte coparental é uma dimensão importante nas famílias. Esse resultado vai ao

encontro de afirmação destacada por Böing e Crepaldi (2016) de que o suporte coparental e a

satisfação com a parentalidade são fatores importantes para a promoção do desenvolvimento

infantil nas mais diversas configurações familiares (divorciadas, recasadas, heteroafetivas ou

homoafetivas).

Quanto à dimensão da coparentalidade, divisão de tarefas, ambas as configurações

familiares tiveram médias baixas - casadas e divorciadas -, sendo que, no contexto das

divorciadas, foi mais baixo ainda. Böing e Crepaldi (2016) destacam que a satisfação em

relação à divisão de tarefas está relacionado com a divisão do trabalho e, também, com a
106

afinidade de expectativas e concepções do casal sobre como deve ser o cuidado com a criança.

De acordo com Feinberg (2003), a satisfação na divisão das tarefas tem associação com a

satisfação da relação coparental e quanto maior a divisão de tarefas menor estresses nas funções

parentais e maior satisfação na relação coparental. Talvez, pelo instrumento ter dois itens na

dimensão divisão de tarefas, ela pode não ter sido mensurada adequadamente para abarcar essa

dimensão. No estudo de Frisco e Williams (2003), os autores buscaram a relação entre

satisfação conjugal, divisão do trabalho doméstico e divórcio, e encontraram que a

desigualdade percebida na divisão do trabalho doméstico está negativamente associada à

satisfação conjugal, tanto para maridos, quanto para esposas.

A forma como a família se organiza para dar conta de suas tarefas é fundamental, sendo

assim, busca-se uma maior igualdade na divisão de tarefas, repercutindo, de diversas formas,

no funcionamento familiar. Para Bossardi et al. (2015), é fundamental que a família defina o

que compete a cada um de seus membros para melhor organização da mesma, e o que pode ser

funcional para uma família, pode não ser para outra. As combinações e o diálogo entre os pais

são importantes, evitando, assim, brigas e desentendimento entre os cônjuges.

Na pesquisa de Bossardi (2011), a autora procurou caracterizar o investimento parental

e suas especificidades de acordo com o comportamento materno e paterno. Os resultados

indicaram que a maior participação paterna encontra-se relacionada com a participação

materna, e que o pai parece estar dividindo e compartilhando algumas tarefas de cuidado com

a mãe. De acordo com os resultados deste estudo, também foram identificados avanços quanto

à participação do pai e à divisão de tarefas, mas a mesma ainda se apresenta baixa,

principalmente entre as famílias divorciadas.

Quanto aos resultados referentes às dimensões negativas da coparentalidade no presente

estudo, tiveram destaque as dimensões conflito coparental e sabotagem coparental. Apesar de

extremamente baixas nas duas configurações familiares, houve mais conflito coparental nas
107

famílias casadas do que nas famílias divorciadas. Nas famílias divorciadas, a diferença foi

significativa, pois a dimensão negativa da coparentalidade que teve maior média foi a

sabotagem coparental (M=2,43; DP=1,36), se comparada com as famílias casadas (M= 1,57;

DP=0,86). A relação interparental é um contexto essencial para o desenvolvimento das

crianças, seja como recurso ou fator de risco. Embora mais visível em famílias separadas, o

conflito interparental também afeta o bem-estar das crianças em famílias nucleares (Harold &

Sellers, 2018).

Nas famílias casadas, os casais possivelmente conseguem conversar, discutir de forma

a entrar em acordo após as discussões e conflito. Outras famílias, mesmo tendo conflitos, não

se separam, optando por permanecerem casadas por questões familiares, como, por exemplo,

em função dos filhos, de questões financeiras, do comodismo, trabalho, entre outras. Driver et

al. (2016) mencionam sobre o mito de casais com casamentos satisfatórios. Nesse caso, parece

prevalecer a crença de que eles conseguem resolver todas as suas discordâncias. No entanto, é

importante destacar que os casamentos, provavelmente, terão problemas, tanto solúveis, quanto

insolúveis.

De acordo com os resultados supracitados, a hipótese de que as famílias casadas teriam

melhor qualidade de relacionamento coparental em comparação com as famílias divorciadas,

foi parcialmente confirmada, pois, nas dimensões positivas da coparentalidade, as médias

foram maiores para as famílias casadas em comparação as famílias divorciadas. Entretanto, a

dimensão negativa da coparentalidade (conflito coparental) nas famílias casadas foi maior que

nas divorciadas. Uma hipótese para as famílias casadas terem apresentando mais conflitos, se

comparadas as famílias divorciadas, pode ser pelo fato de as famílias casadas terem ficado um

período integral em convivência, ou seja, o casal estava vinte e quatro horas dentro da mesma

casa com os filhos, precisando administrar muitas tarefas exigidas pelo distanciamento até

então nunca vivenciadas antes, como delimitação e o compartilhamento de espaços no


108

domicílio, trabalho on-line, educação dos filhos, aulas virtuais, desafio de praticar atividades

de lazer e visitas a familiares, precisando manter o distanciamento social, organização e divisão

das tarefas da casa, negociar o período de usos de telas - um tema bem polêmico e que gera

muitos conflitos entre os casais.

Diante de tantos desafios, é possível que os casais possam ter apresentado mais

conflitos e dificuldades em remanejar a vida enquanto casal, situação nunca vivenciada antes

pelos pais durante o casamento e, possivelmente, nunca imagináveis entre o casal, uma vez que

não é sempre que nos deparamos com uma situação que exige tantos desafios e risco de morte

quanto uma pandemia. Segundo dados publicados no portal de notícias G1, mais de 80 mil

casais se divorciaram nos cartórios do Basil em 20021. Um número recorde, segundo dados do

Colégio Notarial do Brasil, que reúne os tabelionatos de notas do país. De janeiro a dezembro,

foram 80.573 divórcios, uma alta de 4% em relação aos 77.531 registrados em 2020.

A pandemia de Covid-19 apresentou, aos casais, uma série de desafios quanto à

conjugalidade que os colocam em uma situação de maior vulnerabilidade (Silva et al., 2020).

Segundo a pesquisa da Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ, 2020), 29,2% dos participantes

relataram piora no estado de saúde. Dentre os participantes com diagnóstico de depressão,

46,6% disseram ter sentido piora em seu quadro. Além disso, 40,4% dos participantes sentiram-

se deprimidos e 52,7%, ansiosos, muitas vezes ou sempre, durante a pandemia. Os sintomas de

ansiedade e depressão se mostraram mais prevalentes entre as mulheres, especialmente aquelas

com idade entre 18 e 39 anos. Todos esses impactos sociais, econômicos e emocionais foram

vivenciados pelas famílias, demandando um processo de reorganização estrutural. Os cuidados

com a saúde mental de cada um dos cônjuges representam um importante processo a ser

observado no contexto da pandemia, considerando um dos princípios básicos sistêmicos, pois

o que acontece em cada uma das partes afeta o todo, ao mesmo tempo em que o que acontece

no todo, influencia as partes (Minuchin et al., 1999).


109

Segundo o estudo de Prime et al. (2020), a pandemia da Covid-19 representa uma

ameaça aguda ao bem-estar de crianças e famílias devido a desafios relacionados à ruptura

social, como insegurança financeira, sobrecarga de cuidados e estresse relacionado à restrição

em termos de mobilidade e de mudanças na rotina. Silva et al. (2020) realizaram uma revisão

narrativa da literatura, abordando conjugalidade, coparentalidade, parentalidade e implicações

para a prática da terapia de casal e família nesse contexto. Os autores destacam que a pandemia

supracitada pode afetar a conjugalidade, a parentalidade e a coparentalidade nas famílias. A

pandemia trouxe desafios adicionais à coparentalidade, visto que as figuras parentais

precisaram redefinir a rotina familiar, o que implicou no estabelecimento de novos acordos

sobre a divisão de cuidados dos filhos e de tarefas domésticas (Prime et al., 2020). Os casais

também enfrentaram temas e situações que, anteriormente à pandemia, não existiam ou não

eram considerados problemáticos, demandando realinhamentos.

Uma hipótese para as famílias divorciadas terem apresentado menos conflitos, se

comparadas as famílias casadas, pode ser pela pesquisa ter sido realizada em um período de

pandemia, no qual os pais divorciados estavam morando em casas diferentes e com menos

visitas e acessos aos filhos. Dependendo de quem tinha a guarda da criança, o outro genitor

provavelmente ficou sem ver a criança, ou com o número de visitas limitadas, uma vez que

estávamos em um período de pandemia.

A sabotagem coparental, dimensão negativa da coparentalidade, foi maior em famílias

divorciadas se comparada às famílias casadas. É comum que, após o divórcio, dependendo de

como a relação do antigo casal terminou, um dos pais tente sabotar o outro, interferindo, assim,

na relação do genitor com a criança, muitas vezes “minando” a criança com questões

desnecessárias em relação ao outro cônjuge. Estudos com famílias binucleares têm mostrado

que o conflito entre o casal é um dos determinantes que exerce maior impacto de forma negativa

na coparentalidade (Lamela, Castro, & Figueiredo, 2010; Lamela et al., 2013). Os resultados
110

do presente estudo vão ao encontro do estudo de Farias (2015), que testou, em famílias

portuguesas, diferenças entre pais divorciados e pais casados no relato de sintomas de

internalização e sintomas de externalização nos filhos em idade pré-escolar. Os testes

revelaram que os pais divorciados, quando comparados com os pais casados, apresentaram

valores mais elevados de sabotagem coparental.

A sabotagem coparental é similar às dimensões de difamação de McHale (1997), que

se relaciona com os comportamentos parentais que desvalorizam, ou desestimulam, o

companheiro em seu papel de pai/mãe. A forma como cada família vivencia o exercício da

coparentalidade, após uma dissolução conjugal, ocorre de forma singular, tanto para os pais,

quanto para os filhos. Dyer et al. (2018) realizaram uma análise de regressão com dados de 542

pais (homens) de baixa renda. Como resultado, dentre os três fatores coparentais analisados

(Aliança, Sabotagem e gatekeeping), somente a sabotagem se relacionou positivamente com

problemas de comportamento da criança.

8.2 O papel preditor da coparentalidade no comportamento da criança, variáveis


preditoras do comportamento nas diferentes amostras, tipos de famílias e dimensões
coparentais

A coparentalidade foi preditiva para os comportamentos da criança, com destaque para

a dimensão acordo coparental, a mesma sendo um fator protetivo em todas as configurações

familiares. A coparentalidade se apresentou como fator promotor de comportamento mais

adaptativo da criança, principalmente com relação às dimensões de acordo coparental e

reconhecimento da parentalidade do parceiro, enquanto a coparentalidade negativa em sua

dimensão conflito coparental apareceu como preditora dos problemas de comportamentos da

criança, nas famílias da amostra geral e em famílias divorciadas, principalmente na dimensão

sintomas emocionais. De acordo com Farias (2015), a coparentalidade foi apontada, em seu

estudo, como um fator determinante no desenvolvimento da criança, na medida em que uma


111

relação parental, baseada em conflitos, desencadeia problemas comportamentais e emocionais

nas crianças, quer em famílias com pais divorciados, quer em famílias com pais casados

(Feinberg, 2003; Margolin et al., 2001; McHale et al., 2004).

Além disso, Herrero et al. (2020) têm identificado que a coparentalidade é um fator

protetivo para o comportamento infantil, desde que os pais não enfrentem conflito de altos

níveis. Os autores afirmam que o conflito poda gerar maiores desfechos negativos para

crianças, cujos pais se encontram em um divórcio em que os conflitos estejam presentes, uma

vez que pode promover a exposição da criança a um sistema familiar adverso e hostil.

Outro resultado deste estudo foi que a coparentalidade negativa, em sua dimensão de

conflito coparental, prediz os problemas de comportamento na criança, principalmente os

sintomas emocionais nas famílias da amostra geral e sintomas internalizantes nas famílias

divorciadas. Esse resultado corrobora com o estudo de Raposo et al. (2011), pelo qual

analisaram o impacto do divórcio no ajustamento da criança, os resultados indicam que

problemas transitórios nas crianças, até dois anos após o divórcio, têm sido associados à

dissolução conjugal, no entanto a configuração familiar não pode ser considerada responsável

direta pelo ajustamento da criança, sendo preciso considerar as características da criança, os

problemas financeiros, a sintomatologia dos pais, a qualidade das práticas parentais e o conflito

conjugal.

O conflito interparental é reconhecido, há bastante tempo, como um importante fator

de risco para o bem-estar das crianças. No estudo de Lux et al. (2021), os autores abordaram

os efeitos do conflito interparental nos problemas comportamentais e emocionais de crianças

pequenas e alemãs. A amostra compreendeu 828 participantes, 59,9% do sexo feminino, e seus

filhos, de 3 a 5 anos. Os efeitos do conflito interparental nos problemas comportamentais e

emocionais das crianças foram mediados por problemas de coparentalidade e, em parte,

também por parentalidade negativa. Os achados corroboram com a importância da relação


112

interparental e da qualidade da coparentalidade para o desenvolvimento infantil e apontam para

a importância da prevenção precoce.

Dos estudos analisados por Ambrós et al. (2022), a existência de conflito coparental

representa fator de risco para os problemas de comportamento na criança. Além disso,

Koprowski et al. (2020), que realizaram uma revisão integrativa entre os anos de 2008 e 2020,

de acordo com os resultados dos estudos analisados, sinalizaram que o impacto negativo do

conflito conjugal não reflete somente na interação do casal, mas também no desenvolvimento

da criança e do adolescente nas dimensões emocional, cognitiva e social, podendo ter

consequências de longo prazo, principalmente quando o conflito envolve violência física e

verbal entre o casal. Nesse sentido, a saúde mental dos filhos pode ser favorecida ou

prejudicada em decorrência de aspectos da conjugalidade dos pais e da coparentalidade, além

da relação parental (Mosmann et al., 2018; Padilha et al., 2019).

Nos estudos de Lamela e Figueiredo (2016) e Raposo et al. (2011), os autores relataram

que o conflito pós-divórcio entre os pais é o mais prejudicial para os filhos, mesmo que o

conflito não esteja necessariamente relacionado à dimensão coparental. No que se refere a

conflitos entre os ex-cônjuges após o divórcio, há evidências empíricas de que crianças, cujo

pai e a mãe têm níveis mais elevados de conflito, apresentam maiores dificuldades quando

comparadas a crianças com pai e mãe com melhor nível de cooperação e comunicação (Verças,

2012). Depois do divórcio, as brigas tendem a diminuir e nem sempre o mesmo (divórcio) é

um evento negativo, sendo, em muitos casos, a melhor solução quando os conflitos entre o

casal passam a ser rotineiros.

A coparentalidade é um desafio em todas as famílias, principalmente após o divórcio.

Sendo assim, a forma como cada família vai vivenciar o exercício da coparentalidade, após

uma dissolução conjugal, ocorre de forma singular, tanto para os pais, quanto para os filhos.

Kostulsk et al. (2017), por meio da análise de um relato de experiência com pais e mães após
113

o estabelecimento da guarda de filhos, evidenciaram, dentre outros resultados, que alguns pais

e mães têm certa dificuldade em vivenciar os acordos realizados, um fator que pode ocorrer

devido à dificuldade em minimizar os conflitos advindos do rompimento conjugal, aspecto que

interfere na manutenção dos vínculos parentais e no exercício da coparentalidade.

Lamela e Figueiredo (2016) realizaram uma revisão sistemática com estudos que

testaram a associação entre saúde mental de crianças e coparentalidade após a dissolução

conjugal. Os resultados mostraram que a coparentalidade é um mecanismo-chave dentro do

sistema familiar para a previsão da saúde mental infantil após a dissolução conjugal, e

indicaram que os profissionais da saúde consideram a coparentalidade como uma variável

psicossocial para a avaliação da saúde mental das crianças e diagnóstico.

Para Feinberg (2003), o acordo coparental está entre as principais estratégias

mediadoras das relações entre pais e filhos e associadas à eficácia das práticas educativas,

quando utilizadas pelos pais de forma homogênea. O estudo de Mosmann et al. (2018)

identificou que as variáveis acordo coparental, divisão de trabalho coparental, suporte

coparental, dimensões positivas da coparentalidade, diferenciaram os filhos sem sintomas

psicológicos clínicos. A variável acordo coparental teve o maior poder discriminatório.

Mosmann et al. (2017) identificaram que a variável aprovação coparental foi preditora

dos sintomas nas crianças no sentido de que, quanto menos aprovação coparental, mais

sintomas emocionais e de comportamento nos filhos ocorreram. Essa variável refere-se ao

reconhecimento positivo de um parceiro em relação à paternidade do outro e o quanto há de

aprovação entre os cônjuges quando estão exercendo a função de pais (Feinberg et al., 2012).

No estudo de Lux et al. (2021), os problemas de coparentalidade foram igualmente ligados a

sintomas emocionais da criança e problemas de conduta.

O estudo de Farias (2015) verificou diferenças estatisticamente significativas entre os

pais divorciados e os pais casados na subescala emocional, em que os pais divorciados


114

relataram mais sintomas de problemas emocionais nos filhos do que os pais casados. Balagões

(2020) fez um estudo com famílias portuguesas e explorou se os efeitos das variáveis de

autoridade parental, coparentalidade de triangulação e/ou conflito podem aumentar a

vulnerabilidade da criança, que são filhos de pais separados em processos de regulação de

responsabilidades parentais, e constataram que, quanto mais conflito os pais em residência

exclusiva percecionaram, mais sintomas emocionais identificaram nos filhos.

O transtorno de ansiedade de separação e o transtorno de ansiedade social são fatores

consideráveis em filhos pequenos que enfrentam a separação de seus pais. Na mesma direção,

o estudo de Nunes-Costa et al. (2009) constatou que crianças que passaram pelo processo de

divórcio dos pais têm tendência a ter níveis de saúde física e psicológica mais baixos, adaptação

desajustada, baixos rendimentos escolares, comportamentos de risco e experenciar mal-estar

psicológico.

No presente estudo, foi encontrado que, em relação aos problemas de conduta, as

variáveis acordo coparental e conflito coparental foram preditoras da percepção parental dos

problemas de conduta nos filhos. Quanto mais acordo coparental, menos problemas de conduta

nas crianças das famílias da amostra geral e famílias casadas ocorreram; além disso, quanto

mais conflito, mais problemas de conduta nas crianças das famílias da amostra geral se

constatou. Nas famílias divorciadas, as variáveis coparentais apontaram pouca relação com os

problemas de conduta das crianças. Além disso, também foi encontrado que houve relação

inversa entre acordo parental e problemas de conduta das crianças. Nesse sentido, Mosmann et

al. (2017) encontraram que a disputa coparental prejudica o desempenho dos genitores,

resultando em práticas parentais intrusivas e reverberando negativamente nos filhos. Estes,

talvez impactados por um contexto hostil e competitivo, podem devolver, ao ambiente, o que

absorveram por meio de comportamento agressivo e problemas de conduta. Sendo assim, um


115

ambiente favorável, com coparentalidade positiva e acordo entre os pais, favorece para um

desenvolvimento saudável nas crianças.

Como resultado do estudo de Theodoro et al. (2010), quanto mais conflito nas famílias,

mais problemas de conduta. Afirma-se que o conflito familiar pode ser uma fonte geradora de

estresse e agressividade dentro do sistema familiar. A presença de conflitos familiares

caracteriza-se como fator de risco para a saúde física e mental dos membros da família.

Com relação à hiperatividade, a variável acordo coparental foi a única preditora nas

famílias da amostra geral, casada e divorciada. Portanto, quanto mais acordo coparental

relatado pelos pais, menor era a média de hiperatividade na criança. Quanto mais

coparentalidade positiva e mais acordo coparental, menos sintomas de hiperatividade nas

crianças. Balagões (2020) identificou, em seu estudo, que, quanto mais cooperação os pais em

residência exclusiva percecionaram, menos comportamentos hiperativos identificaram nos

filhos.

No estudo de Farias (2015), houve uma diferença estatisticamente significativa entre os

dois grupos de pais na subescala de hiperatividade, em que os pais divorciados indicaram mais

sintomas de hiperatividade do que os pais casados. O resultado desse estudo divergiu dos

achados do presente estudo, uma vez que a hiperatividade nas crianças não foi maior entre as

famílias divorciadas. O acordo coparental atenuou os sintomas de hiperatividade, sendo um

fator protetivo. Talvez, não ter aparecido tanto nas famílias divorciadas pode ser pelo fato de o

tamanho da amostra ser reduzido neste estudo, mas, mesmo assim, ele já se mostra como

preditivo para hiperatividade.

Quanto aos problemas de relacionamento com pares, a variável acordo coparental foi

preditora dos problemas de relacionamento com pares. Foi identificado, no presente estudo,

que houve relação inversa entre acordo parental e problema de relacionamento com pares nas

crianças das famílias da amostra geral e nas casadas. Nesse último caso (famílias casadas),
116

além do acordo coparental, o reconhecimento da parentalidade do parceiro também foi preditor

dos problemas de relacionamento com pares. Nas famílias divorciadas, houve pouca relação

entre as variáveis coparentais e os problemas de relacionamento com pares. Parece que o

acordo coparental e o reconhecimento da paretalidade do parceiro favorecem para a diminuição

dos problemas de relacionamento com pares. Segundo Balagões (2020), quanto mais conflito

os pais, em residência alternada, perceberam, mais problemas de relacionamento com colegas

identificaram nos filhos.

Com relação ao comportamento pró-social, o acordo coparental foi a única variável

preditora para a promoção do comportamento pró-social nas crianças das famílias da amostra

geral e casadas. O acordo coparental nas famílias casadas diminuiu os problemas de

comportamento e promovem o comportamento pró-social. Para as famílias divorciadas, as

variáveis coparentais apresentaram pouca relação com a prossociabilidade dos filhos. Esse

resultado está diretamente ligado à hipótese três deste estudo (a coparentalidade exercerá

influência no comportamento da criança, sendo que as dimensões positivas promoverão

comportamento pró-social, enquanto seus aspectos negativos aumentam os problemas de

comportamento das crianças em ambas as configurações familiares). Assim sendo, esta

hipótese foi parcialmente confirmada, pois não foi em todas as configurações que o acordo

coparental se mostrou como dimensão significativa e foi promotora do comportamento pró-

social nas crianças. O acordo coparental foi a única variável preditora para a promoção do

comportamento pró-social nas crianças das famílias da amostra geral e casadas.

A coparentalidade se relaciona com o processo proximal, além do engajamento dos pais

com os filho e atua na promoção saudável do desenvolvimento das crianças e das famílias. A

coparentalidade positiva pode levar as crianças a desenvolverem comportamento pró-social.

Sendo assim, no presente estudo, o acordo coparental nas famílias casadas foi um fator

promotor do comportamento pró-social. Para Beiras e Souza (2015), a coparentalidade positiva


117

contribui, de modo importante, para o bem-estar e desenvolvimento dos filhos, e essa condição

ser reflete no desenvolvimento emocional positivo da criança.

O estudo longitudinal de Scrimgeour et al. (2013), com cinquenta e oito famílias, com

pais e mães, teve como objetivo examinar como os aspectos das relações parentais e coparentais

se relacionavam com o comportamento pró-social das crianças na primeira infância. Os

resultados revelaram que a coparentalidade cooperativa foi positivamente associada ao

comportamento pró-social das crianças. Os autores destacam a associação entre práticas

parentais positivas e o desenvolvimento pró-social das crianças no contexto de

comportamentos coparentais cooperativos.

Com relação ao comportamento das crianças, a dimensão de dificuldades totais e o

acordo coparental foram as únicas variáveis preditoras das dificuldades totais da criança na

amostra geral, nas famílias casadas e divorciadas. Por meio da análise dos dados, foi

identificado que houve relação inversa entre acordo coparental e dificuldades totais da criança.

A coparentalidade é apontada como um fator relevante no desenvolvimento dos filhos, desde

a infância até a adolescência (Teubert & Pinquart, 2010). Evidências empíricas longitudinais

indicam que a coparentalidade e o funcionamento familiar se associam ao desenvolvimento

dos filhos em diferentes faixas etárias (McHale et al., 2004; Teubert & Pinquart, 2010).

Existem indicativos de que o comportamento dos filhos é afetado pelas relações pais-filhos e

também pela forma como conduzem a coparentalidade; é interessante que haja diálogo entre

os cônjuges, suporte e apoio coparental.

O acordo coparental, a maneira como esses pais conversam e discutem sobre a educação

de seus filhos, parece indicar que esses aspectos são promotores para a diminuição das

dificuldades da criança. Choi e Becker (2019) verificaram que a coparentalidade mais solidária

estava significativamente associada a menos problemas comportamentais da criança e menos

severidade aos pais, transmitidos por meio de coparentalidade de apoio.


118

Com relação aos problemas externalizantes, a variável acordo coparental foi preditora

atenuante de problemas externalizantes nas crianças das famílias nas amostras geral, casada e

divorciada. Ou seja, parece que o acordo coparental nas famílias funciona como mecanismo

protetor dos sintomas externalizantes. Mosmann et al. (2017) avaliaram as associações da

conjugalidade, parentalidade e coparentalidade com sintomas internalizantes e externalizantes

dos filhos. Quanto aos sintomas externalizantes, as variáveis preditoras foram competição

coparental, prática parental de intrusividade, aprovação coparental, prática parental de

supervisão do comportamento e exposição do filho ao conflito coparental. Este estudo

corrobora com a literatura internacional (Feinberg, 2003; Teubert & Pinquart, 2010). No estudo

conduzido por Jiménez-Garcia et al. (2019), com 317 processos judiciais, foi encontrada maior

proporção de comportamentos externalizantes, sintomas emocionais e problemas de

desempenho acadêmico entre os filhos de pais que não estavam exercendo a coparentalidade

após o divórcio.

No estudo de Schoppe‐Sullivan et al. (2009), os autores testaram se o comportamento

coparental moderou as relações longitudinais entre o esforço de controle de crianças pré-

escolares e seu comportamento externalizante. O comportamento de coparentalidade, ou a

medida em que os pais apoiam ou prejudicam os esforços parentais um do outro, também foi

identificado como um importante correlato do ajustamento socioemocional das crianças. Como

resultados, o comportamento coparental de apoio moderou as relações longitudinais entre o

esforço de controle das crianças e os relatos de mães e professores sobre seu comportamento

externalizante. A coparentalidade efetiva serviu como um amortecedor para as crianças, de

modo que, quando os pais apresentavam altos níveis de comportamento coparental de apoio, a

ligação entre baixo controle de esforço e aumento no comportamento externalizante não foi

observada.
119

Com relação aos problemas internalizantes, o acordo coparental foi a variável preditora

nas crianças da amostra geral. Nas famílias casadas, o acordo coparental e o reconhecimento

da parentalidade do parceiro foram preditoras atenuantes dos problemas internalizantes.

Quanto mais acordo, menos problemas internalizantes nas crianças das famílias da amostra

geral e nas famílias casadas. Nas famílias divorciadas, a variável conflito coparental foi a única

preditora para promover os problemas internalizantes. Quanto mais conflito, mais problemas

internalizantes nas crianças das famílias divorciadas.

A qualidade da coparentalidade pode impactar de forma positiva ou negativa no

comportamento dos filhos. Quando acontece o divórcio, os pais precisam estar atentos sobre

como está a sua relação com o outro cônjuge, sobre os cuidados e atenção que os filhos estão

recebendo. Crianças que assistem agressões ou conflito entre os pais recebem um impacto

direto em sua saúde mental. As mudanças geram conflitos emocionais, cabendo, aos ex-

cônjuges, escolher a forma de vivenciar a nova configuração da relação e da realidade familiar,

beneficiando o filho, que continua existindo para ambos (Grzybowski, 2010). Os impactos dos

conflitos conjugais nas relações parentais podem comprometer a qualidade de vida e a trajetória

de desenvolvimento da família como um todo e de cada um de seus membros (Padilha et al.,

2019). Segundo Souza (2000), os filhos têm sua saúde mental preservada através do bom

relacionamento pré e pós-separação de seus genitores. Tudo dependerá da qualidade do contato

com a figura parental e de como as mudanças no núcleo familiar serão elaboradas pela criança.

No estudo de Lamela et al. (2015), os autores identificaram três diferentes perfis de

coparentalidade, Coparentalidade de Alto Conflito, Coparentalidade Sabotadora e

Coparentalidade Cooperativa. Menos problemas de comportamentos internalizantes nas

crianças foram encontrados entre os pais que exerciam Coparentalidade Cooperativa em

comparação ao grupo de Coparentalidade Sabotadora.


120

As crianças das famílias divorciadas, neste estudo, apontaram maiores sintomas

emocionais e problemas internalizantes, caracterizados por ansiedade, retraimento, depressão

e sentimento de inferioridade, sintomas, predominantemente, “para dentro”. Com o divórcio

dos pais, as crianças podem ter vivenciado situações de brigas e discussões entre os pais, assim

tornando-se mais tristes, ansiosos e retraídos por, muitas vezes, não entenderem o que estava

acontecendo e, em muitos casos, sentirem-se culpados pelas brigas e desentendimentos dos

pais. Pais e mães divorciados encontram muitas dificuldades para manter um relacionamento

coparental saudável, envolvendo-se em brigas, discussões e, até mesmo, agressões. O estudo

de Farias (2015), nas subescalas que avaliam os sintomas internalizantes, verificara-se

diferenças estatisticamente significativas entre os pais divorciados e os pais casados na

subescala emocional, em que os pais divorciados relataram mais sintomas de problemas

emocionais nos filhos do que os pais casados.

Silva e Gonçalves (2016) realizaram uma pesquisa de revisão bibliográfica para

identificar os efeitos vivenciados pelos filhos durante o divórcio. Por meio da análise dos

dados, os autores destacam que, durante as mudanças ambientais, a criança poderá apresentar

mudanças emocionais, como, por exemplo, o transtorno de ansiedade social ou transtorno de

ansiedade de separação. A criança, ainda, pode vir a demonstrar dificuldades nas atividades

cotidianas, desenvolvendo baixa autoestima e baixa qualidade de vida.

Os resultados do estudo de Mosmann et al. (2017) evidenciaram congruência na

percepção de pais e mães acerca da presença de sintomas nos filhos. Adaptabilidade conjugal

e aprovação coparental foram preditoras dos sintomas internalizantes. Esse resultado também

pode indicar associação entre as variáveis preditoras e os sintomas internalizantes quanto à

forma como emergem no contexto familiar. Estima-se que a rigidez no subsistema conjugal se

expresse de forma mais implícita, interferindo, de forma velada, no clima familiar.


121

As crianças podem desenvolver problemas de comportamento quando crescem em

uma família na qual o casal está em constante conflito, quer os pais vivam juntos ou separados.

Souza (2000) acrescenta que os filhos de pais divorciados podem ser competentes e bem

ajustados quando o divórcio puder conter a demanda de conflitos entre os cônjuges, e quando

a mãe ou o pai que tiver a guarda da criança for capaz de proporcionar um ambiente de cuidado

positivo, a despeito do estresse associado a um papel singular mais sobrecarregado. A criação

satisfatória e o desenvolvimento saudável de uma criança envolvem um conjunto de cuidados,

dentre eles, físicos, cognitivos, emocionais e afetivos, pelos quais ambos os pais são

responsáveis, independentemente de estarem casados ou separados (Goetz & Vieira, 2010).

Por sua vez, Machado e Mosmann (2019) testaram um modelo estrutural em

adolescentes no qual a desregulação emocional é mediadora entre as dimensões negativas da

coparentalidade e problemas internalizantes. Os resultados indicaram que a regulação

emocional é mediadora da associação entre dimensões negativas de coparentalidade e sintomas

internalizantes em adolescentes, e que a regulação emocional possui papel determinante para

o desenvolvimento de sintomas internalizantes no contexto de dificuldades coparentais.

Com relação à agressividade infantil, Karberg e Cabrera (2020) desenvolveram um

modelo que explicou 28% da variação na agressividade infantil, destacando uma relação entre

instabilidade conjugal e agressividade dos filhos, por meio de menor coparentalidade, que era

ainda maior para mães divorciadas do que para mães separadas (que nunca se casaram com

suas duplas coparentais) e estavam coabitando com outro parceiro. Galperim (2014) investigou

possíveis relações entre clima familiar e comportamentos agressivos entre pares na infância, e

um dos resultados foi que as reações internalizadas apresentaram associação positiva com a

dimensão conflito nas relações familiares.

O estudo de Bolze et al. (2017) objetivou compreender as características e as estratégias

de resolução de conflitos conjugais e parentais em famílias com crianças entre 5 e 7 anos.


122

Responderam a uma entrevista semiestruturada 12 casais com filhos, cujo tempo de união

conjugal foi de seis a 24 anos e oito díades tinham mais de 10 anos de casamento. A análise

categorial evidenciou que os conflitos conjugais envolveram motivos pessoais. Os casais

relataram dificuldade de sair da “solteirice” e adaptar-se à vida de casado, bem como depressão

de um dos cônjuges e abuso de bebida alcoólica. Além disso, aspectos contextuais se referiram

a conflitos devido à organização da casa, pelo distanciamento em virtude do trabalho e pela

situação financeira. Por sua vez, motivos relacionais envolviam situações de ciúme, suspeita

de traição por parte do cônjuge, brigas e/ou separação temporária, além da utilização de

estratégias de resolução construtivas e destrutivas. As estratégias construtivas abrangeram

comunicação aberta e solução de problemas; as destrutivas, evitação e hostilidade verbal.

8.3 Relação entre a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, Coparentalidade


e os dados do presente estudo

Ao se observarem os resultados da presente tese relacionados à Teoria Bioecológica e

à coparentalidade com os resultados da pesquisa, destaca-se o modelo PPCT (Processo, Pessoa,

Contexto e Tempo). O processo proximal é o principal mecanismo responsável pelo

desenvolvimento e tem relação com as interações recíprocas face a face, da família e criança

em suas atividades diárias, principalmente no que se refere às brincadeiras e às práticas

educativas que promovem o desenvolvimento. Na relação coparental, a interação direta

acontece no microcontexto família, como atividades realizadas entre pais e filhos - neste

estudo, as famílias casadas e as famílias divorciadas, em que as crianças frequentam geralmente

a casa do pai e casa da mãe. No microcontexto família, acontece a coparentalidade, e, neste

estudo, essa se apresentou como fator promotor de comportamento mais adaptativo da criança

em ambas as configurações familiares, com foco nas famílias casadas, principalmente nas

dimensões de acordo coparental e reconhecimento da parentalidade do parceiro. Nas famílias


123

casadas, a dimensão acordo coparental colaborou para a diminuição de problemas de

comportamento e de promoção do comportamento pró-social da criança. O reconhecimento da

parentalidade do parceiro apresentou-se como preditora atenuadora dos sintomas emocionais,

problemas de relacionamento com os pares e problemas internalizantes da criança.

Nas famílias divorciadas, a coparentalidade negativa, por meio da dimensão de Conflito

coparental, destacou-se como preditor que contribui para o aparecimento de sintomas

emocionais e problemas internalizantes da criança em modelos de análise com bom ajuste,

mesmo em face à reduzida amostra. O Acordo coparental foi preditivo atenuador da

hiperatividade, dos problemas externalizantes e das dificuldades totais da criança, mas em

modelos que não apresentaram bons ajustes, exceto no de dificuldades totais do filho. A

literatura aponta que a criança, ao testemunhar conflitos conjugais entre seus pais, pode

empreender esforços cognitivos, comportamentais e emocionais para significar e lidar com

essas interações conflitivas (Goulart et al., 2015).

O componente da pessoa contém as disposições comportamentais ativas da criança, que

podem ser positivas, como tendência em envolver nas atividades grupais, ou negativas, como

apresentar insegurança ou timidez, e os problemas de comportamento, como hiperatividade,

problemas de conduta, problema de relacionamento com pares. No presente estudo, as

características do comportamento pró-social, por exemplo, parecem influenciar e são

influenciados pelos demais aspectos da vida da pessoa. Além disso, uma coparentalidade

positiva, com motivação, estímulos e boa relação dos pais com seus filhos, parece favorecer o

desempenho do comportamento mais adaptativo nas crianças. Neste estudo, o acordo

coparental foi a única variável preditora para a promoção do comportamento pró-social nas

crianças das famílias da amostra geral, e nas famílias casadas. Famílias com acordo coparental,

boa relação e comunicação entre os pais tendem a propiciar um desenvolvimento saudável e


124

seguro para a criança. Um ambiente não seguro e saudável poderá influenciar o surgimento de

problemas de comportamento.

O contexto são os espaços nos quais as crianças estão inseridas, como família e escola.

Aqui, destaca-se a importância de um ambiente seguro com boas relações entre pais e filhos e

a coparentalidade. Além disso, também existem os subsistemas socialmente organizados que

auxiliam, amparam e norteiam o ser em crescimento, a saber: Microssistema, Mesossistema,

Exossistema e Macrossistema, que são sistemas inter-relacionados de influências ambientais.

Os microssistemas são: a escola, a família, o local de trabalho etc., em que o indivíduo interatua

diretamente com seu interlocutor, e a influência bidirecional flui em via de mão dupla. Neste

estudo, temos dois contextos, o das famílias casadas e os da famílias divorciadas, e aqui temos

a interação na casa do pai e na casa da mãe.

O mesossistema se configura pelas relações entre pais, filhos e o cuidador impactando

na coparentalidade. O exossistema, por sua vez, envolve as variáveis em que a pessoa em

desenvolvimento não está diretamente ligada, mas que também influenciam a coparentalidade,

como, por exemplo, o estresse no ambiente de trabalho dos pais, no qual a criança não está

diretamente ligada, mas provavelmente influenciará a coparentalidade. Destaca-se, aqui, os

fatores externos que poderão contribuir para os conflitos e discussões entre o casal, sendo

importante que o esse separe o estresse do trabalho, cansaço, correria diária com a convivência

em família, evitando brigas e conflitos desnecessários, tirando um momento para si, para a

convivência com os filhos, lazer e momentos prazerosos com a família.

O macrossistema é um contexto de estrutura mais ampla. É possível explicar o

macrossistema ao serem considerados os eventos que influenciam o contexto familiar, por

exemplo, o caso de uma criança que cresce em uma família nuclear ou extensa e é fortemente

influenciada pelo macrossistema da cultura presente nesse contexto (Bronfenbrenner, 2005). A

família casada, com pai, mãe e filho, e aquele em que houve uma separação/divórcio e a criança
125

convive em dois lares, apresenta o desafio da coparentalidade em configurações casadas e

divorciadas. Nas famílias, as crenças dos pais e das mães podem ser diferentes, influenciando

na coparentalidade e, posteriormente, no comportamento da criança. Neste estudo, destacamos

dois principais microcontextos de desenvolvimento: o micro, representado pela família, e o

macro, sendo o contexto mais amplo no qual a criança convive diariamente, compartilhando

experiências, influenciando e sendo influenciada.

No fator Tempo, o desenvolvimento da criança ocorre através da interação entre a

pessoa em desenvolvimento e os contextos interconectados, que se influenciam, romovendo

interação e desenvolvimento em uma construção, como os efeitos desenvolvimentais das

continuidades, transformações, transições e mudanças. Conforme Zordan (2010), o processo

de divórcio abrange as inter-relações entre a pessoa e os diversos sistemas.

As interações no sistema familiar podem ser positivas ou negativas entre a pessoa em

desenvolvimento e os contextos, podendo promover, de acordo com Bronfenbrenner (2011),

resultados de competência ou disfunção. Exemplo de competência é o acordo coparental,

reconhecimento da parentalidade do parceiro, com destaque para a promoção do

comportamento pró-social. Como resultado de disfunção: coparentalidade negativa com

conflito coparental pode promover o surgimento de problemas de comportamento.

O tipo de configuração familiar casada ou divorciada não foi significativa para o

comportamento da criança neste estudo, no entanto sabe-se que, nas famílias divorciadas, as

crianças compartilham, geralmente, de duas casas, a casa da mãe e a do pai. É importante que

os pais tenham regras claras e bem definidas e, dentro do possível, seria interessante

conversarem, exercendo a coparentalidade positiva e fazer combinações iguais ou similares

para que os filhos, ao irem para a casa do outro genitor, não tenham regras tão diferentes

daquelas vivenciadas diariamente. É possível que algumas crenças venham perpetuar nas
126

famílias e que os pais pensem de forma diferente, e, neste caso, o diálogo deve ser prioridade

para não prejudicar o desenvolvimento das crianças e o surgimento de problemas emocionais.

Cowan e Cowan (2016) afirmam que a maioria dos modelos teóricos da família e os

programas de intervenção que intensificam o bem-estar das crianças enfatizam a qualidade da

relação entre pais e filhos como chave para afetar os resultados desses. Também consideram

as relações mãe-filho e pai-filho como centrais na modelagem do desenvolvimento infantil. A

relação entre pais e filhos é uma relação central de risco ou de proteção que afeta como as

famílias enfrentam as transições.

A coparentalidade, fenômeno de grande relevância nas famílias, e destacada neste

estudo, principalmente pela dimensão acordo coparental, se mostra de suma importância,

independente da configuração familiar. O acordo coparental apareceu em todas as dimensões

do comportamento da criança nas famílias da amostra geral, confirmando que esse é de suma

importância nas famílias. A coparentalidade positiva e o acordo coparental favorecem relações

mais harmônicas entre pais e filhos e promove o desenvolvimento saudável das crianças. É

importante que os pais tenham os filhos como prioridade na vida dos mesmos,

independentemente se a família está casada, divorciada ou recasada. Sabe-se que, após uma

separação ou divórcio, os pais precisam ter mais consciência ainda sobre colocar o(s) filho(s)

do antigo casamento como prioridade - acabou o casamento, porém a função parental, ou seja,

pai e mãe, precisa ser mantida. O benefício é em prol dos filhos, fruto da relação entre ambos.
127

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal do presente estudo foi investigar os efeitos da coparentalidade no

comportamento da criança em famílias casadas e famílias divorciadas. Considera-se, a partir

dos resultados apresentados e analisados, que os objetivos propostos foram atingidos, bem

como sua questão norteadora. Foram expostas as comparações entre a coparentalidade em

famílias casadas e divorciadas, indicando que a coparentalidade, em sua dimensão de acordo

coparental, influencia o comportamento infantil em ambas as configurações familiares.

Constatou-se, também, que o acordo coparental é um fator protetivo para o desenvolvimento

infantil e promotor de comportamento mais adaptativo da criança, enquanto a dimensão

conflito coparental parece ser fator promotor de problemas de comportamento da criança.

Ao analisar os dados da amostra total, conclui-se que a variável acordo coparental foi

preditora atenuante de todas as dimensões de problema de comportamento da criança e única

preditora promotora de comportamento pró-social da criança, na amostra geral. Na comparação

entre as percepções parentais de seu relacionamento coparental, as famílias casadas relataram

maior percepção de dimensões positivas da coparentalidade, como acordo coparental, divisão

de tarefas, suporte coparental e reconhecimento da parentalidade do parceiro. Nas dimensões

negativas da coparentalidade, o conflito coparental teve maiores médias nas famílias casadas e

a sabotagem coparental nas famílias divorciadas.

Com relação à amostra geral, a variável acordo coparental foi preditora atenuante em

todos os comportamentos: sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade,

problema de relacionamento com pares, comportamento pró-social, dificuldades totais da

criança, comportamentos externalizantes e comportamento internalizantes, e a única preditora

promotora de comportamento pró-social da criança.

Com relação à coparentalidade e ao comportamento das crianças no presente estudo,

conclui-se que a variável acordo coparental foi a única variável preditora atenuante nos
128

comportamentos da criança nas amostras geral, casada e divorciada, quanto nos

comportamentos de hiperatividade, dificuldades totais da criança problemas externalizantes. O

reconhecimento da parentalidade do parceiro foi variável atenuante nos sintomas emocionais,

nos problemas de relacionamento com pares e nos problemas internalizantes da criança, mas

apenas nas famílias casadas. O conflito coparental apareceu como fator de destaque nas

famílias, de modo geral, para os problemas de conduta, e nas famílias divorciadas como fator

relevante para os sintomas internalizantes e sintomas emocionais.

As dimensões positivas da coparentalidade estão relacionadas a menos problemas de

comportamento da criança; nas famílias casadas, o acordo coparental diminui os problemas de

comportamento das crianças, problemas de conduta, hiperatividade, problema de

relacionamento com pares, dificuldades totais da criança, problemas externalizantes e

promoção do comportamento pró-social. A dimensão reconhecimento da parentalidade do

parceiro foi relacionado aos emocionais, problemas de relacionamento com pares e problemas

internalizantes da criança.

Nas famílias divorciadas, a variável acordo coparental atenuou os sintomas de

hiperatividade, as dificuldades totais da criança e os problemas externalizantes. A dimensão

negativa da coparentalidade e o conflito coparental parecem contribuir para o aparecimento de

sintomas emocionais e problemas internalizantes da criança. Além disso, os problemas de

comportamento da criança foram explicados pela dimensão conflito coparental, que parece ser

fator promotor de problemas de comportamento da criança, principalmente aqueles

relacionados aos sintomas emocionais e problemas internalizantes.

O tipo de configuração familiar (casada ou divorciada) não foi preditiva, em si, para o

comportamento da criança, porém a contribuição quanto à configuração familiar foi relevante

para os problemas de relacionamento com pares, apontando maior percepção dessa dificuldade

nas famílias divorciadas. A coparentalidade tem efeito no comportamento da criança, sendo


129

um fator de destaque, mostrando que a coparentalidade tem efeito no comportamento da

criança em ambas as configurações familiares.

A teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano concebe o desenvolvimento a

partir dos processos de interações bidirecionais entre a pessoa, em seus aspectos

biopsicológicos, e os outros indivíduos, objetos e símbolos de seu contexto que se

complexificam ao longo do tempo. No microcontexto família, acontecem as primeiras

interações entre a criança e seus familiares, nas quais destaca-se a coparentalidade positiva com

boa relação coparental, apoio entre os pais, independentemente de estarem casados ou não. O

macrossistema é um contexto de estrutura mais ampla que é possível explicar ao serem

considerados os eventos que influenciam o contexto familiar, como, por exemplo, o caso de

uma criança que cresce em uma família nuclear, ou extensa criança que convive em dois lares,

na casa do pai e na casa da mãe, sendo fortemente influenciada pelo macrossistema da cultura

presente nesse contexto (Bronfenbrenner, 2005).

Partindo dos pressupostos epistemológicos da Teoria Bioecológica do

Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner (2011) e da Teoria da Coparentalidade de

Feinberg (2003), neste estudo buscou-se investigar os efeitos da coparentalidade no

comportamento da criança em famílias casadas e famílias divorciadas. A hipótese principal

proposta por este estudo foi parcialmente confirmada, uma vez que constatou-se diferença

significativa no relacionamento coparental em famílias casadas e em famílias divorciadas. No

entanto, algumas dimensões da coparentalidade foram preditivas do comportamento das

crianças em ambas as configurações e na amostra geral.

Concluindo, os resultados apontam para a complexidade envolvida nas interações entre

as famílias, a importância da coparentalidade e sua relação com o comportamento da criança,

visto que, dependendo da existência ou não da coparentalidade, se a mesma é positiva ou

negativa, e do relacionamento e interação entre os membros da família, os efeitos podem ser


130

positivos ou negativos no comportamento da criança. Esse resultado sugere a importância de

intervenções, fortalecendo os laços entre pais e filhos e ressaltando a importância da

coparentalidade, independente da configuração familiar. Esses resultados propiciam, ainda,

embasamento teórico para intervenções psicológicas familiares e infantis nos contextos clínico,

escolar, judiciário e na saúde.

Com relação à importância da pesquisa para os pais, pode-se afirmar que a própria

participação em pesquisas sobre o desenvolvimento infantil já é uma forma de intervenção para

os pais, pois proporciona momentos de reflexão e, muitas vezes, revisão da sua

coparentalidade, parentalidade e o desenvolvimento de seus filhos. Em muitos momentos,

recebemos o feedback dos pais agradecendo a participação na pesquisa e pela oportunidade de

responder sobre seu relacionamento familiar.

Além disso, os resultados da presente pesquisa poderão colaborar com os profissionais

que atuam na Psicologia Jurídica e direito de família, como psicólogos, advogados e juízes, a

incentivarem a promoção do diálogo entre os pais principalmente após o divórcio. Nesse

sentido, reforça-se a estratégia de procurar buscar acordos, indicando aos genitores envolvidos

a importância da boa comunicação entre eles, além da coparentalidade positiva para o

desenvolvimento seguro e saudável de seus(suas) filhos(as).

Identifica-se, como limitação deste estudo, o fato de a pesquisa ter sido realizada de

forma on-line e num momento de pandemia, em que os pais estavam em isolamento, com

muitas demandas em vários setores de suas vidas profissional, financeira e familiar. Houve

limitação, também, quanto ao número de famílias divorciadas, pois participaram em menor

número se comparadas às famílias casadas, e talvez o próprio fato de terem passado por um

divórcio, ou estarem imbricadas neste processo de separação, que, em muitos casos, sabemos

que gera estresse e sofrimento, tenha colaborado para a participação em menor número destas

famílias. Quanto à participação masculina, também se observou um número baixo de pais


131

respondentes - destaca-se a importância de incentivar, cada vez mais, a participação do pai na

vida dos filhos, ressaltando a relevância de sua opinião na educação e criação de seus filhos.

Quanto à classe social e escolaridade dos participantes, a maioria foram mães brancas e com

pós-graduação. Esses dados podem ter contribuído para esses resultados quanto à

coparentalidade.

Uma limitação que foi encontrada no percurso de coleta de dados foram os imprevistos,

dentre eles a situação atípica da pandemia, em que tínhamos planejado um projeto e número

de participantes, o qual necessitou ser reelaborado, adaptando-o para o formato on-line e

trabalhando com um número menor de participantes, neste caso as famílias divorciadas e de

pais homens. Durante a coleta de dados, houve dificuldade em acessar os participantes, o que

exigiu alterações e reorganizações. Entende-se que é necessário avaliar essas limitações para

que os pesquisadores, futuros pesquisadores e colegas tenham ciência de que é necessário

buscar estratégias para adaptar-se aos imprevistos que surgem durante a coleta de dados. Um

fator importante a considerar foi a pesquisa ter sido feita de forma on-line, sem a orientação,

esclarecimento do pesquisador, profissional presente para dirimir eventuais dúvidas.

Sugere-se que estudos futuros possam abranger diferentes classes sociais, famílias com

diferentes níveis de renda, escolaridade e de cultura, bem como a aplicação dos questionários

de forma presencial. Acredita-se que a participação de diferentes classes econômicas e

escolaridade possam contribuir para entender a complexidade da coparentalidade em função

do contexto em que as pessoas vivem e de suas características. Sugere-se, também, realizar

estudos com famílias recasadas, incluindo o pai e o padrasto da criança, para termos a

comparação de como a coparentalidade influencia o comportamento da criança nas mais

diferentes configurações familiares. É relevante que futuros estudos possam coletar

informações sobre o tempo de divórcio, pois esse pode ser mais um fator importante para

entender a complexidade do funciomento familiar após a separação.


132

A família avança ao longo do tempo, com muitas mudanças e adaptações. Logo, estudar

a coparentalidade nas mais diferentes configurações familiares torna-se um desafio para

estudantes, psicólogos e estudiosos de família. O objetivo não é chegar a uma conclusão, nem

destacar um ou outro tipo de família como sendo melhor ou pior, mas questionamentos

aparecem ao longo dos estudos e nos levam a pensar e repensar sobre muitas questões. Com

relação à configuração familiar, as crianças das famílias divorciadas apontaram maior

percepção para os problemas de relacionamento com pares. Sendo assim, é importante nos

atentarmos para este dado com o intuito de promover diálogo, levar conhecimento e

sensibilização dos pais, que passaram, ou passam, por uma situação de divórcio, sobre a

importância de terem relações harmônicas, com pouco ou nenhum conflito, principalmente na

presença dos filhos. Passar por um processo de divórcio não é uma situação fácil, porém os

pais podem tornar a situação mais tranquila na medida em que consigam conviver e dialogar

minimante, pensando no bem-estar emocional e afetivo de seus filhos. Lembrando que o

exemplo em casa e a convivência entre ambos, provavelmente, deixará reflexos na vida de seus

filhos.

Em função da complexidade envolvendo o funcionamento familiar, é importante buscar

similaridades, mas também ficar atento às especificidades no modo de funciomento de cada

família, pois o que funciona bem em uma família, pode não funcionar em outra. Além disso,

entender o comportamento da criança também é um desafio. Sendo assim, este estudo traz

contribuições relevantes para o entendimento de aspectos envolvendo o contexto familiar e

seus diferentes protagonistas. Contudo, também é necessário ampliar o estudo desse fenômeno,

envolvendo o estudo com famílias recasadas e, principalmente, com maior participação dos

pais (homens) nas pesquisas.

Concluindo, o presente estudo contribui com a literatura da área ao investigar a relação

entre a coparentalidade e o comportamento das crianças nas famílias casadas e em famílias


133

divorciadas, destacando o acordo coparental como dimensão da coparentalidade, importante e

promotora do desenvolvimento de comportamento pró-social.


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154

11 APÊNDICES

Apêndice A – Carta convite aos pais para participação na pesquisa

Prezados pais,

É com imensa satisfação que viemos lhe fazer um convite,

Somos Psicólogos, pesquisadores e fazemos parte de um grupo de pesquisa na Universidade


Federal de Santa Catarina (UFSC), trabalhamos com o desenvolvimento infantil e julgamos ser
muito importante a participação dos pais em nossa pesquisa, por isso estamos entrando em
contato para pedir seu apoio colaborando com nossa pesquisa, respondendo ao questionário.
Nossa pesquisa é de âmbito nacional para todos os pais, mães, madrastas e padrastos de
crianças de 3 a 11 anos, 11 meses e 29 dias, salientamos que as respostas ficam salvas e o
questionário pode ser respondido aos poucos. O importante para nós é que vocês consigam
responder a todo nosso questionário, o tempo para responder as questões é de aproximadamente
45 minutos. Para responder ao nosso questionário é só clicar no link:
https://pt.surveymonkey.com/r/PDSEIfamII .
Desde já agradecemos a sua participação, sabemos que estamos vivendo em um momento de
pandemia com muitos desafios, por isso mais do que nunca sua participação é valiosa para nós
neste momento.

Fraternal abraço a todos.

Prof. Dr. Mauro luís Vieira


Coordenador da pesquisa
155

Apêndice B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Vimos por meio deste convidar a criança sob sua responsabilidade legal (seu representado) a
participar da pesquisa “Parentalidade e desenvolvimento socioemocional infantil”, cujo
objetivo é investigar o desenvolvimento socioemocional da criança com desenvolvimento
típico e atípico e sua relação com fatores relativos à parentalidade.
Eu (nome do responsável), (grau de
parentesco) consinto que (nome da criança)
neste ato representado(a) por mim, participe da pesquisa “Parentalidade e desenvolvimento
socioemocional infantil” desenvolvida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em
Desenvolvimento Infantil (NEPeDI), sob coordenação do Prof. Dr. Mauro Luís Vieira, após
ser informado(a) que esta pesquisa tem por objetivo contribuir para a qualidade de vida e bem-
estar psicológico da criança e sua família. Na presente pesquisa, serão realizadas duas
entrevistas com a criança sobre comportamentos que ela costuma apresentar em situações do
cotidiano familiar e escolar e ela será convidada para participar de um grupo de habilidades
sociais na infância conduzido por dois psicólogos devidamente registrados no Conselho
Federal de Psicologia, com oito encontros e duração de uma hora e meia cada. A participação
da criança no grupo visa ajudá-la a melhorar seus relacionamentos com familiares, amigos e
outras pessoas com as quais tenha convivência. Assim sendo, autorizo ainda que
..................................................................................................................... participe do grupo
de habilidades sociais na infância.
Fui informado(a) que o projeto passou pela aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos que é um órgão colegiado interdisciplinar, deliberativo, consultivo e educativo,
156

vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina, mas independente na tomada de decisões,


criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade
e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. O Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH-UFSC) pode ser contatado no endereço: Prédio
Reitoria II, 4ºandar, sala 401, localizado na Rua Desembargador Vitor Lima, nº 222, Trindade,
Florianópolis, telefone para contato: 3721-6094.
Tenho consentimento de que a pesquisa contará com duas etapas que serão realizadas em uma
sala do Serviço de Atenção Psicológica (SAPSI) da UFSC ou do Fórum de Famílias da Ilha do
Norte. Na primeira, será realizada uma entrevista com a criança sobre seus comportamentos e,
na segunda, ela participará do grupo de habilidades sociais. O grupo de habilidades sociais na
infância será constituído por crianças, com idades entre 6 e 11 anos, e será oferecido à medida
que tiverem dez crianças interessadas em participar. Nesse caso, é possível que a criança,
devido a sua disponibilidade de horário não participe imediatamente do grupo. Isto significa
que ela aguardará a realização de um grupo em horário que esteja de acordo com a sua
disponibilidade. Caso seja identificado pelos pesquisadores, após a entrevista, ou os pais ou
responsáveis manifestem o interesse de que a criança realize acompanhamento psicológico, a
mesma será encaminhada para o Serviço de Atenção Psicológica (SAPSI) da UFSC ou a outro
profissional mais próximo ao seu local de residência. A participação na pesquisa não prevê
nenhum custo, mas caso existam eventuais despesas decorrentes da sua participação, estas
serão ressarcidas integralmente pelo pesquisador responsável.
Fui alertado(a) de que, a pesquisa pode trazer benefício individual à criança, tendo em vista
que o grupo de habilidades sociais visa ajudá-la a aprender comportamentos sociais que
contribuirão para melhorar o seu relacionamento com as pessoas. Como riscos da presente
pesquisa configuram-se possíveis preocupações ao realizar as atividades e jogos educativos
propostos pelo grupo de habilidades sociais, assim como desconforto ao lembrar de situações
que considere desagradáveis. Além disso, poderá ocorrer falta de motivação da criança para
participar da pesquisa, além do tempo para a realização da mesma. Caso essa pesquisa desperte
algum sentimento que faça à criança não se sentir bem, a mesma será acolhida pelas psicólogas
supracitadas no início deste documento, as quais detém domínio de técnicas de manejo de
situações emocionais reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e estão aptas a
realizar práticas do profissional de Psicologia. Contudo, apesar da consciência da possibilidade
destes riscos existirem, esta pesquisa buscará ser conduzida visando evitar a ocorrência dos
possíveis riscos, bem como buscará não ferir a singularidade do sujeito, e sim, respeitá-lo em
todas as suas dimensões.
157

Assim, os pesquisadores garantem assegurar a confidencialidade, a privacidade e a proteção da


imagem, bem como garantem a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou
das comunidades, inclusive em termos de autoestima, prestígio e /ou econômico – financeiro.
Em caso de despesas provenientes da pesquisa, você poderá requerer o ressarcimento dessas,
que é a devolução de qualquer custo que o participante tenha em decorrência da pesquisa, a
participação na pesquisa não prevê nenhum gasto, mas caso existam eventuais despesas
decorrentes da sua participação, estas serão ressarcidas integralmente pelos pesquisadores,
além de assistência de forma integral, imediata e gratuita.
Estou ciente também de que caso seja lesado por conta da respectiva pesquisa, posso solicitar
uma indenização, que consiste na compensação a alguém pelo não cumprimento de alguma
obrigação, de natureza moral ou material. Assim, fica também garantido a indenização em caso
de danos, comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa, conforme decisão
judicial ou extrajudicial.
Há o risco de extravio das informações, porém buscar-se-á evitar a ocorrência do mesmo, de
forma que os dados fornecidos sejam mantidos em total sigilo, conforme preconizado na
Resolução n°466 de 12, de Dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde acerca de
pesquisas com seres humanos. Assim as pesquisadoras atenderão às exigências da Resolução
466/12 e de suas complementares;
Dessa forma, estou ciente que a privacidade do meu representado(a) será respeitada, ou seja,
qualquer meio de identificação será omitido, a fim de garantir o sigilo. Ciente também de que
os pesquisadores garantirão o meu livre acesso a todas as informações e esclarecimentos
adicionais sobre a pesquisa e suas consequências, antes, durante e depois da participação de
meu representado(a). Tenho ainda liberdade para desistir da participação do meu
representado(a) nesta pesquisa, retirando o consentimento, sem precisar justificar a decisão, e
sem que isso traga qualquer consequência para ele(a) ou para mim.
Tendo em vista o objetivo da pesquisa e os esclarecimentos prestados, concordo em permitir a
participação de meu representado(a), autorizando: a) o contato dos pesquisadores com ele(a);
b) realização da entrevista, c) aplicação de técnicas psicológicas, jogos e brincadeiras, que são
reconhecidas por meio de parecer favorável de uso pelos psicólogos, durante as atividades do
grupo de habilidades sociais; c) publicações escritas da pesquisa e apresentações em congressos
científicos, sem a identificação dos nomes das pessoas envolvidas.
Estou ciente de que posso contatar os pesquisadores para dúvidas e esclarecimentos, Mauro
Luís Vieira (pesquisador responsável) e Quele de Souza Gomes Santos (doutoranda), no
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Infantil da UFSC, CFH, Bloco E, Campus
158

Trindade, Florianópolis/SC, CEP 88010970, e-mail: maurolvieira@gmail.com ou telefone:


(48) 3721-8606.

( ) Autorizo a captação de imagens e gravação de voz no grupo habilidades sociais na infância


para fins de pesquisa (Se você não assinalar este item, sua participação na pesquisa e no grupo
ficam asseguradas e consentidas, mas não serão captadas imagens ou áudios referentes a
criança que você representa).
Declaro, ainda, ter recebido uma cópia desse Termo tendo assim a possibilidade de lê-lo
quantas vezes for necessário.

Nome (responsável legal da criança):

N. Documento de Identidade (RG):

Tipo de representação:

Florianópolis, de 2018.

Assinatura do Responsável legal da criança


159

Apêndice C: Artigo de revisão sistemática publicado na Revista Psicologia: Teoria e

prática

Link de acesso: https://doi.org/10.5935/1980-6906/ePTPHD14268.pt

Coparentalidade e comportamento da criança no contexto do divórcio: Uma revisão

sistemática

Tatiane M. B. Ambros, Beatriz P. Coltro, Mauro Luís Vieira e Fernanda M. Lopes

Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Submissão: 21 jan. 2021.

Aceite: 9 ago. 2021.

Data da publicação: janeiro /2022

Notas dos autores

Tatiane M. B. Ambros https://orcid.org/0000-0002-5387-0590

Beatriz P. Coltro https://orcid.org/0000-0002-8471-3141

Mauro Luís Vieira https://orcid.org/0000-0003-0541-4133

Fernanda M. Lopes https://orcid.org/0000-0002-4853-7670

Financiamento: As coautoras Beatriz P. Coltro e Tatiane M. B. Ambros, autoras do

trabalho, são bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(Capes) de mestrado e doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina. O coautor Dr.

Mauro Luís Vieira é bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) (n º 306811/2019-7).


160

Correspondências referentes a este artigo devem ser enviadas para Tatiane M. B.

Ambros, Universidade Federal de Santa Catarina, Rua Engenheiro Agrônomo Andrei Cristian

Ferreira, s/n, Trindade, Florianópolis, SC, Brasil. CEP 88040-900. E-mail:

tatianeambros@yahoo.com.br.

Resumo

A qualidade da relação coparental após o divórcio dos pais afeta significativamente a relação

pais-filhos e o desenvolvimento infantil. O objetivo do estudo foi realizar uma revisão

sistemática sobre as relações entre coparentalidade e comportamento da criança em famílias

divorciadas. A revisão sistemática foi conduzida de acordo com as recomendações

metodológicas do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses

(PRISMA). As buscas foram realizadas em seis bases de dados, nacionais e internacionais, com

os termos coparentalidade, divórcio e comportamento da criança, e termos correlatos, em

português, inglês e espanhol. Foram incluídos 11 artigos publicados entre 2010 e junho de

2020. Por meio da análise dos resultados desses artigos, constatou-se que o apoio coparental

após o divórcio favorece desfechos positivos no comportamento infantil. Contudo, a existência

de conflito coparental representa fator de risco para problemas de comportamento na criança,

inclusive em famílias em que há apoio e comunicação coparental.

Palavras-chave: coparentalidade, crianças, divórcio, revisão sistemática, relações familiares

COPARENTING AND CHILD BEHAVIOR IN THE CONTEXT OF DIVORCE: A

SYSTEMATIC REVIEW

Abstract

The quality of the coparental relationship after parental divorce significantly affects the

parents-children relationship and the child development. The objective of the study was to
161

conduct a systematic review on the relationship between coparenting and child behavior in

divorced families. The systematic review was conducted according to the methodological

recommendations of the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses

(PRISMA). The searches were carried out in six national and international databases, using the

words coparenting, divorce and child behavior, and similar terms, in Portuguese, English and

Spanish. Eleven articles published between 2010 and June 2020 were included. The main

results of the studies showed that coparental support after divorce favors more positive

outcomes in child behavior. On the other hand, the existence of coparental conflict represents

risk factor for child behavioral problems, including in families whit coparental support and

communication exist.

Keywords: coparenting, children, divorce, systematic review, family relations

COPARENTALIDAD Y COMPORTAMIENTO INFANTIL EN EL CONTEXTO DEL

DIVORCIO: UNA REVISIÓN SISTEMÁTICA

Resumen

La calidad de la relación coparental después del divorcio de los padres afecta

significativamente la relación entre padres e hijos y el desarrollo infantil. El objetivo del estudio

fue realizar una revisión sistemática sobre la relación entre coparentalidad y comportamiento

del niño en familias divorciadas. La revisión sistemática se realizó conforme las

recomendaciones metodológicas del Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and

Meta-Analyses (PRISMA). Las búsquedas se realizaron en seis bases de datos, nacionales e

internacionales, con los términos coparentalidad, divorcio y comportamiento infantil en

portugués, inglés y español. Se incluyeron 11 artículos publicados entre 2010 y junio de 2020.

Los principales resultados de los estudios mostraron que el apoyo coparental después del
162

divorcio favorece resultados más positivos en el comportamiento infantil. Sin embargo, la

existencia de conflicto coparental representa factor de riesgo para problemas de

comportamiento en niños, incluso en familias que existe el apoyo y la comunicación coparental.

Palabras clave: coparentalidad, niños, divorcio, revisión sistemática, relaciones familiares

A família é uma instituição social dinâmica e multifacetada, integrada por aqueles que

compartilham uma história e projetos de vida em comum. Considerada um dos principais

contextos de desenvolvimento de seus integrantes, particularmente na infância, a família é

composta por uma série de relações emocionais complexas e interdependentes de seus

integrantes que são influenciadas por fatores macrossociais – como cultura, história e aspectos

socioeconômicos (McGoldrick & Shibusawa, 2016). Dessa maneira, diversas mudanças

históricas afetam a estrutura e as funções da família, sendo a dissolução conjugal e/ou o

divórcio um dos eventos familiares em maior crescimento no século XXI na sociedade

ocidental (Greene et al., 2016; Raley & Sweeney, 2020).

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019), os

pedidos de divórcio têm aumentado a cada ano; em 2018 foi registrado um divórcio para cada

três registros de casamento civil no país. A separação conjugal é um evento de transição

familiar responsável por inúmeras mudanças potencialmente estressantes, uma vez que

provoca desequilíbrios e reorganizações nos papéis e funções dos membros da família,

especialmente quando o casal tem filhos. Nesse contexto, pode-se afirmar que a experiência do

divórcio dos pais durante a infância se configura como um fator de risco para o

desenvolvimento dos filhos, cujo impacto será definido de acordo com os fatores de proteção

da criança e as condições e habilidades dos pais para lidar com essa transição (Greene et al.,

2016; Lamela & Figueiredo, 2016; Sands et al., 2017).


163

A separação dos pais não dissolve o sistema familiar como um todo, mas tão somente

sua relação conjugal, sendo necessário reorganizar a dinâmica e a comunicação para que as

funções parentais continuem sendo desempenhadas. Enquanto o exercício da parentalidade se

define pela relação da criança com cada um de seus pais, individualmente, e pelas atividades e

pelos comportamentos de cuidado dos pais com seus filhos, a coparentalidade se refere ao

modo como dois ou mais adultos compartilham essas atribuições no interjogo de papéis que se

relacionam com o cuidado global da criança, envolvendo responsabilidade conjunta pelo bem-

estar dela (Feinberg, 2003; McHale et al., 2004). Dada essa definição, a coparentalidade existe

independentemente da estrutura familiar, desde que duas ou mais pessoas se

corresponsabilizem pelos cuidados para/com a criança.

Feinberg (2003) propôs um modelo teórico para explicar a estrutura da coparentalidade

por meio de uma visão ecológica e multicomponente, oferecendo uma compreensão sobre

como cada componente influencia no ajustamento dos pais, na parentalidade, na relação

interparental e no comportamento da criança. De acordo com o autor, a coparentalidade inclui

quatro dimensões, a saber: 1. concordância-discordância entre a dupla parental acerca das

práticas parentais; 2. divisão de tarefas (domésticas, cuidados com a criança e financeiras); 3.

gerenciamento conjunto das interações familiares; e 4. suporte-sabotagem ao papel parental do

parceiro.

Concordância-discordância entre a dupla parental é a dimensão da coparentalidade

associada ao grau de entendimento entre a díade parental em assuntos relacionados com a

criança, tais como princípios morais, disciplina, formas de prestação de cuidados, decisões

sobre a educação ou necessidades emocionais das crianças. A dimensão divisão de tarefas

corresponde à partilha entre a díade coparental das obrigações das rotinas diárias de cuidados

à criança, bem como à divisão das responsabilidades dos assuntos financeiros, médicos e legais

relacionados com as crianças. Esse componente da coparentalidade tem um expressivo impacto


164

na satisfação com a relação coparental e com os níveis de estresse parental, em que quanto

maior for a divisão de tarefas, menor será o estresse no desempenho das funções parentais e

maior será satisfação com a relação com o outro (Feinberg, 2003).

A dimensão gerenciamento conjunto das interações familiares possui foco na interação

entre os responsáveis, a qualidade do funcionamento estrutural da família dependente do

componente da coparentalidade. Este pode ser entendido englobando três aspectos: 1. gestão

por parte de pais e mães sobre os próprios comportamentos e sobre a comunicação com os

outros dentro do sistema familiar; 2. a gestão das fronteiras que são estabelecidas pelos

comportamentos e pelas atitudes parentais, que contribuem para o engajamento ou a exclusão

de outros membros da família; 3. relações familiares equilibradas, ou seja, o modo como um

dos membros da díade parental assume a liderança, enquanto o outro em determinada situação

se retrai. A dimensão suporte-sabotagem consiste na qualidade e no grau do suporte recíproco

entre a díade. Expressões de afeto positivo, reforço, apoio emocional e respeito perante a

autoridade e contributos do outro membro do par coparental são manifestações do suporte

esperado entre os pais (Feinberg, 2003).

As mesmas dimensões propostas por Feinberg (2003) encontram correlatos e

sobreposições nas propostas teórico-metodológicas apresentadas por Margolin et al. (2001).

Esses autores elaboraram um questionário que medeia três dimensões coparentais, cooperação

e conflito e triangulação. Ademais, de acordo com a revisão metanalítica de Teubert e Pinquart

(2010), o modelo de Feinberg (2003) contempla suficientemente bem os elementos

componentes pelos quais a coparentalidade é investigada em estudos empíricos,

nomeadamente a cooperação, a concordância, o acordo no cuidado e na educação da criança,

o conflito e a triangulação. Uma recente revisão de literatura sobre instrumentos de avaliação

da coparentalidade sustenta que suas dimensões tendem a se localizar em dois grupos distintos:

aqueles relacionados ao apoio e à cooperação (incluindo comunicação, respeito, trabalho em


165

equipe, aliança, confiança, entre outros) e outros relacionados ao conflito coparental (como

triangulação, desentendimento, sabotagem, hostilidade, coparentalidade restritiva, entre

outros), com análises fatoriais indicando soluções de uma a quatro dimensões para o fenômeno

(Cusí et al., 2020).

Apesar da heterogeneidade nas definições e conceptualizações de modelos sobre a

coparentalidade, evidências têm apoiado a hipótese de que a coparentalidade negativa (também

denominada competitiva) representa um fator de risco para o desenvolvimento de

psicopatologias na infância, enquanto a coparentalidade cooperativa é considerada um fator de

proteção aos filhos (Cusí et al., 2020; Teubert & Pinquart, 2010). Nesse sentido, a

coparentalidade se torna um dos principais elementos do contexto familiar com acentuada

relevância para o desenvolvimento das crianças, independentemente da estrutura familiar

(Solmeyer et al., 2014; Zemp et al., 2018).

Quando os pais se divorciam, a coparentalidade pode representar o único sistema de

relações mantido pelo casal (Margolin et al., 2001). Há evidências de que a manutenção de

uma relação amigável e com comunicação suficiente entre os pais após o divórcio está

relacionada a melhores desfechos tanto para a criança quanto para os pais (Herrero et al., 2020).

Contudo, uma recente revisão de literatura identificou resultados inconsistentes a respeito dos

efeitos das mudanças na estrutura familiar (como o divórcio) sobre o desenvolvimento dos

filhos, evidenciando que outros fatores, como o estresse, os impactos socioeconômicos e as

características da criança, podem contribuir para a explicação desses efeitos no contexto da

dissolução conjugal dos pais (Hadfield et al., 2018).

A revisão sistemática realizada por Lamela e Figueiredo (2016), que contou com

estudos publicados entre os anos de 2000 e 2014 sobre os efeitos da coparentalidade no pós-

divórcio sobre o comportamento da criança, demonstrou que o conflito coparental está

associado ao aumento de sintomas psicopatológicos e problemas de comportamento nas


166

crianças. Além disso, estudos comparativos de famílias casadas e divorciadas permitiram a

observação de que os efeitos da coparentalidade negativa ou conflituosa podem ser vivenciados

pelas crianças independentemente da estrutura familiar, destacando o divórcio como somente

mais um contexto em que conflitos coparentais possam surgir.

Diante das contínuas atualizações científicas a respeito do tema, torna-se relevante

revisar a literatura recente com o intuito de identificar como a coparentalidade se relaciona ao

comportamento da criança após a separação/divórcio dos pais, incluindo seu desempenho

acadêmico, bem-estar e comportamentos externalizantes (relacionados à impulsividade, à

agressividade e à hiperatividade) e internalizantes (relacionados ao isolamento, ao retraimento

e à expressão emocional de tristeza, depressão e/ou ansiedade) (Bolsoni-Silva et al., 2016).

Para tanto, esta revisão sistemática de literatura foi realizada com o objetivo de analisar as

relações entre coparentalidade e o comportamento da criança em famílias divorciadas.

Considerando a multidimensionalidade da coparentalidade (Feinberg, 2003), a presente revisão

amplia os resultados já encontrados até o momento ao analisar relações específicas entre as

dimensões da coparentalidade e o comportamento da criança em famílias divorciadas, além de

fornecer uma análise detalhada sobre possíveis vieses metodológicos encontrados nos artigos

retidos.

Método

Trata-se de uma revisão sistemática conduzida com base na pergunta de pesquisa:

“Quais são as relações entre a coparentalidade e o comportamento da criança em famílias

divorciadas?”. Os componentes da pergunta seguiram a sigla PECOS: População, Exposição,

Comparação, (Outcome) Resultado e (Study) Estudo. Utilizaram-se as diretrizes de descrição

para revisão do guia Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses –
167

PRISMA (Moher et al., 2009), porém sem registro prévio do protocolo (o protocolo utilizado

pode ser disponibilizado pelo autor correspondente).

Critérios de busca e inclusão do material na revisão

A busca sistemática foi realizada em junho de 2020, incluindo artigos empíricos

publicados entre 2010 e 2020 (até o mês de junho), sem restrições de idiomas, nas bases de

dados PubMed, Web of Science, PsycInfo, Scopus e SciELO, e na fonte de pesquisa Biblioteca

Virtual em Saúde (BVS). A estratégia de busca completa, incluindo os descritores e operadores

booleanos utilizados, foi: (coparenting) AND (divorce OR divorcing OR divorced OR marital

dissolution OR separation) AND (child behavior OR child mental health OR child adjustment)

e seus respectivos termos em português e espanhol.

Como critério de inclusão, consideraram-se estudos primários (empíricos) que

tratassem como temática central a relação entre coparentalidade e comportamento da criança

no contexto do divórcio/separação. Os critérios de exclusão foram: 1. estudos que não

incluíram instrumentos de medida de coparentalidade ou de comportamento da criança; 2.

estudos cuja variável da criança foi utilizada como preditora e não como desfecho ou em

associação à coparentalidade; 3. artigos duplicados ou não científicos (não indexados em bases

de dados); 4. revisões de literatura, metanálises, editoriais, cartas, livros ou capítulos de livro,

teses, dissertações, relatos de caso, relatos de experiência e trabalhos apresentados em

congresso.

Procedimentos de coleta dos dados documentais

Após a etapa de busca, duas juízas independentes (para minimizar o viés de seleção)

fizeram a seleção dos estudos a partir da leitura dos resumos, com base nos critérios de

elegibilidade, por meio do software de uso livre Rayyan® (Ouzzani et al., 2016). Houve a
168

participação de uma terceira juíza para discutir as dúvidas e deliberar, em conjunto, sobre a

concordância do processo. Em alguns casos, foi necessária leitura do texto completo para

definir se o estudo seria incluído ou excluído. O fluxograma das etapas de busca e seleção dos

artigos está apresentado na Figura 1.


169

Figura 1

Fluxograma das etapas de busca e seleção dos artigos

Procedimentos de extração e análise de dados

A extração dos dados ocorreu com o auxílio do software Excel e foi realizada, de forma

independente, pelas duas juízas que selecionaram os estudos. A terceira juíza fez a revisão da

extração dos dados conferindo com a tabela padronizada a partir das características de

publicação dos estudos incluídos (objetivos, delineamento, participantes, instrumentos,


170

procedimentos de coleta e análise de dados), incluindo os desfechos relacionados ao

comportamento das crianças e as recomendações e limitações descritas nos estudos.

A análise da qualidade metodológica dos artigos foi realizada por meio da aplicação de

dois checklists do Joanna Briggs Institute – JBI (2020). O JBI Checklist for Analytical Cross

Sectional Studies (contém oito itens) foi utilizado para avaliar os dez artigos correlacionais,

após adaptação dos itens 5 e 6 para melhor identificação de vieses nos estudos, considerando

seu delineamento. Dessa forma, utilizaram-se esses itens para avaliar a identificação ou não de

variáveis intervenientes ou variáveis controle (item 5) e se estratégias adequadas foram

descritas e aplicadas para lidar com tais variáveis (item 6). O JBI Checklist for Quasi-

experimental Studies (contém nove itens) foi aplicado ao único artigo quase experimental

recuperado, sem adaptações.

Resultados

Caracterização dos estudos

Esta revisão encontrou estudos oriundos apenas de seis países: Estados Unidos (n = 5),

Espanha (n = 2), Portugal (n = 1), Índia (n = 1), China (n = 1) e Austrália (n = 1). Em relação

às amostras, os estudos foram conduzidos com famílias, incluindo crianças e/ou seus

respectivos pais e mães separados ou divorciados. A maioria dos estudos (n = 7) contou

majoritariamente com mães como participantes (de 61% a 100%). Por sua vez, Amato et al.

(2011) não indicaram o gênero do respondente. Nesse aspecto, houve duas exceções: Dyer et

al. (2018) investigaram somente a percepção paterna, e o estudo de Jiménez-García et al. (2019)

derivou seus dados de documentos judiciais. No estudo de Baxter et al. (2011), os professores

também forneceram informações sobre a criança, e, em dois artigos (Baxter et al., 2011;

Karberg & Cabrera, 2020), pais casados também foram incluídos, além dos separados. A

investigação conduzida por Jiménez-García et al. (2019) utilizou como fonte de dados arquivos

de processos judiciais de divórcio, acessando as informações indiretamente.


171

A maioria dos estudos fundamentou a investigação a partir da compreensão dos efeitos

do divórcio sobre o comportamento da criança, e oito artigos também incluíram definições de

coparentalidade a priori, defendendo o fenômeno como uma relação ou interação conjunta entre

os pais com o objetivo de coordenar os cuidados com os filhos. Houve consenso de que a

coparentalidade pode ser positiva ou negativa a depender da qualidade da cooperação, da

comunicação e do grau de conflito existente entre os pais.

A pesquisa de Dyer et al. (2018) incluiu o desenvolvimento e a validação de uma escala

de coparentalidade para pais (homens) não residentes com os filhos, e seis artigos não

utilizaram medidas validadas para avaliar a coparentalidade dos participantes, referindo o uso

de perguntas específicas sobre frequência de contato e/ou existência de cooperação ou conflito

entre os pais. As principais dimensões da coparentalidade medidas pelos estudos foram

apoio/cooperação coparental (n = 10), conflito/hostilidade coparental (n = 7) e comunicação (n

= 2). Outras dimensões verificadas incluem triangulação da relação coparental, exposição ao

conflito, sabotagem e maternal gatekeeping. Dos 11 estudos, sete mensuraram a

coparentalidade por meio de pelo menos duas dimensões. Três estudos utilizaram apenas

dimensões positivas da coparentalidade (apoio, comunicação ou cooperação), e um mensurou

somente a dimensão de conflito.

Com relação à investigação do comportamento da criança, três estudos utilizaram uma

ou mais subescalas do Child Behavior Checklist for Ages 6-18 (CBCL/6-18), versão para

crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos, para verificar problemas de comportamento infantil

(Choi & Becher, 2019; Herrero et al., 2020; Karberg & Cabrera, 2020). O Strengths and

Difficulties Questionnaire (SDQ), versão para crianças e adolescentes entre 4 e 16 anos, foi

utilizado no estudo de Lau (2017) em conjunto com uma escala de autoestima. No estudo de

Lamela et al. (2015), utilizaram-se somente as quatro subescalas de dificuldades da criança.

Além disso, a subescala de problemas emocionais do SDQ foi respondida por mães e
172

professores no estudo de Baxter et al. (2011), com uma série de perguntas sobre o estado

emocional das crianças, conforme seu próprio relato. Outros instrumentos apareceram somente

uma única vez nos demais estudos, como o Behavior Problem Index (Dyer et al., 2018), uma

versão reduzida do Social Skills Rating System – SSRS (Beckmeyer et al., 2014) e escalas sobre

comportamentos resilientes (Pandya, 2017). Em dois estudos, o comportamento da criança foi

avaliado por meio de questionário desenvolvido especificamente para eles (Amato et al., 2011;

Jiménez-García et al., 2019).

Em relação à qualidade, seis dos dez estudos correlacionais apresentaram alta qualidade

metodológica, contemplando sete ou oito itens do checklist (cinco receberam “sim” em todos

os itens, e um recebeu somente um “não”). Todos os estudos contemplaram os itens 1 e 2, sobre

descrição dos critérios de inclusão da amostra, sujeitos e contexto do estudo. O item menos

pontuado foi o 3, sobre a validade do instrumento para avaliação da coparentalidade. Nesse

item, cinco estudos não pontuaram. Desses, dois também não pontuaram no item 7, sobre a

validade do instrumento para aferição do comportamento infantil (Amato et al., 2011; Jiménez-

Garcia et al., 2019), apresentando menor qualidade metodológica.

No estudo de Amato et al. (2011), também não foram identificados todos os dados

resultantes de suas análises estatísticas. Por sua vez, o único estudo que não contemplou o item

4, sobre a medida de condição (divórcio/separação), foi o de Baxter et al. (2011), que incluiu

automaticamente no grupo de mães separadas aquelas que não residiam com a dupla

coparental. O único estudo quase experimental (Pandya, 2017) revelou como pontos fracos em

termos metodológicos a ausência de estudo de follow-up, a falta de informações sobre o perfil

dos participantes incluídos no grupo controle e se estavam recebendo alguma intervenção

similar, além da intervenção de interesse (os protocolos utilizados para avaliação da qualidade

metodológica podem ser disponibilizados pelo autor correspondente).

Relação entre coparentalidade e comportamento da criança


173

Três estudos identificaram diferentes perfis (clusters) de coparentalidade pós-divórcio

entre os participantes de acordo com características de relacionamento entre o casal desfeito,

associando esses perfis a desfechos de comportamento dos filhos (Tabela 1). Amato et al.

(2011) encontraram diferenças significativas nos problemas de comportamento da criança entre

os três perfis identificados, sendo menores entre as famílias com coparentalidade cooperativa.

Destaca-se que os pais no grupo de coparentalidade cooperativa tinham renda e escolaridade

significativamente maiores, enquanto os de menor renda e escolaridade estavam no grupo de

parentalidade solo.

Beckmeyer et al. (2014) também encontraram três perfis de coparentalidade,

semelhantes aos de Amato et al. (2011). Contudo, os problemas de comportamento e as

habilidades sociais das crianças foram semelhantes em todos os grupos, sem diferenças

significativas, o que pode ser explicado pelo fato de todos os participantes da amostra terem

sido previamente submetidos a um programa educativo pós-divórcio. Já Lamela et al. (2015)

identificaram três diferentes perfis de coparentalidade, denominando-os de coparentalidade de

alto conflito, coparentalidade sabotadora e coparentalidade cooperativa. Menos problemas de

comportamentos externalizantes foram encontrados no grupo cooperativo em relação aos

outros dois grupos. Menos problemas de comportamentos internalizantes foram encontrados

entre os pais que exerciam coparentalidade cooperativa em comparação ao grupo de

coparentalidade sabotadora, mas não em comparação ao grupo de alto conflito.

Dados de famílias separadas foram comparados aos de famílias casadas e recasadas no

estudo longitudinal de Baxter et al. (2011). Os autores mediram somente a existência de

hostilidade coparental, identificando-a como um importante fator explicativo do bem-estar

emocional dos filhos. A coparentalidade hostil se associou a menor bem-estar emocional em

crianças, independentemente do tipo de família (casada, separada ou recasada), tanto na

percepção das mães quanto dos filhos. Contudo, entre os pais que tinham uma relação hostil,
174

aqueles que eram separados tinham filhos com piores escores de bem-estar emocional, de

acordo com o relato das professoras e das crianças, mas não das mães.

As informações fornecidas pelos pais e pelas crianças também foram diferentes no

estudo de Lau (2017), que investigou relações entre as dimensões de apoio, conflito,

triangulação e comunicação coparental. A prática de triangulação na relação coparental não

exerceu nenhum impacto significativo no bem-estar dos filhos de acordo com o relato dos pais,

mas, de acordo com as respostas fornecidas pelas crianças, sofrer triangulação no conflito

coparental representou um importante fator de risco para sua autoestima. Além disso, mais

comunicação entre os pais foi associada a mais sintomas emocionais da criança, tanto na

percepção dos pais quanto das crianças. Nas análises de regressão, o apoio coparental foi

preditor de menos hiperatividade e sintomas emocionais nas crianças, enquanto o conflito

coparental foi preditor de maiores escores nesses indicadores.

Lau (2017) realizou uma análise de caminho na qual identificou o efeito indireto do

apoio coparental sobre o aumento da hiperatividade da criança por meio do conflito coparental.

Além disso, também verificou um efeito indireto da comunicação e do conflito coparental sobre

os sintomas emocionais negativos da criança por meio do apoio coparental, além de identificar

que havia mais apoio coparental quando a criança era menina. Para explicar esses dados

inesperados, verificou que, em relação ao apoio, quem mais o fornecia eram os pais residentes

com a criança e hipotetizou que é possível que o conflito decorra de maior sobrecarga de um

dos lados, que, além de assumir mais cuidados diretos com a criança por residir com ela, ainda

fornece mais apoio do que recebe.

Choi e Becher (2019) identificaram que a idade mais alta da mãe é fator de proteção à

coparentalidade, enquanto a depressão materna é fator de risco. No seu modelo explicativo, a

coparentalidade positiva foi capaz de predizer menores problemas de comportamento da

criança e menor parentalidade severa. Já Karberg e Cabrera (2020) desenvolveram um modelo


175

que explicou 28% da variação na agressividade infantil, enfatizando uma relação significativa

entre instabilidade conjugal e agressividade dos filhos por meio de menor coparentalidade, que

era ainda maior para mães divorciadas do que para mães separadas (que nunca chegaram a se

casar com suas duplas coparentais) que estavam coabitando com outro parceiro.

No único estudo em que a coparentalidade positiva foi utilizada como moderadora, uma

relação entre fenômenos familiares e desfechos da criança (sintomas ansiosos/depressivos e

agressividade) foi investigada. Herrero et al. (2020) identificaram que a coparentalidade é um

fator protetivo para o comportamento infantil desde que os pais não enfrentem altos níveis de

conflito. Assim, demonstraram que o apoio coparental leva a maiores desfechos negativos para

crianças cujos pais se encontram em um divórcio de alto conflito, uma vez que pode promover

a exposição da criança a um sistema familiar adverso e hostil. Ainda, as autoras identificaram

que maior comunicação familiar não se associou a menor conflito coparental, o que sugere que

outros fatores fazem com que o conflito se sustente apesar de uma boa comunicação. Tais dados

devem ser interpretados com cautela, pois a maioria dos participantes enfrentou um divórcio

litigioso à época da coleta.

No estudo ex post facto conduzido por Jiménez-García et al. (2019) com 317 processos

judiciais, foi encontrada maior proporção de problemas externalizantes de comportamento,

sintomas emocionais e problemas de desempenho acadêmico entre os filhos de pais que não

estavam exercendo a coparentalidade após o divórcio. A análise de regressão logística realizada

pelas autoras identificou que a alta intensidade de conflitos sobre a custódia e questões

financeiras entre os pais elevou em oito vezes os desfechos negativos na criança, sendo o maior

preditor. Mosmann et al. (2018) investigaram crianças e adolescentes com e sem sintomas

psicológicos clínicos e identificaram as variáveis competição coparental, prática parental de

intrusividade, exposição do filho ao conflito coparental e conflito conjugal como

discriminantes dos filhos com sintomas clínicos. Os resultados também mostram as variáveis
176

da coparentalidade com maior poder de discriminação entre os grupos, seguidas das variáveis

da parentalidade e da conjugalidade. Dessa forma, compreende-se que a coparentalidade atua

como um importante fator interveniente entre a conjugalidade e a parentalidade, pois reflete

tanto na relação dos pais com a criança como dos cônjuges.

Já na análise de regressão realizada por Dyer et al. (2018) com dados de 542 pais

(homens) de baixa renda, entre os três fatores coparentais analisados (aliança, sabotagem e

mediação materna), somente a sabotagem se relacionou positivamente com problemas de

comportamento da criança. Por fim, o único estudo experimental retido nesta revisão

investigou o efeito dos arranjos coparentais sobre os efeitos de uma intervenção para promoção

da espiritualidade entre crianças de famílias divorciadas com alta renda. Desfechos mais

positivos foram encontrados em crianças que viviam com pais solteiros ou em arranjos de

coparentalidade cooperativa do que em crianças cujos pais tinham arranjos de coparentalidade

frequentemente conflitantes ou eram recasados (Pandya, 2017). Detalhes sobre as amostras e

os principais resultados dos estudos são apresentados na Tabela 1.


177

Tabela 1

Sistematização dos resultados dos estudos incluídos na revisão sistemática

Autores Amostra Principais resultados


Amato et al. (2011) Participaram 944 duplas de pais/filhos; filhos com idade Identificação de três diferentes perfis de coparentalidade após o divórcio dos pais:
entre 7 e 19 anos. Os pais no grupo de coparentalidade coparentalidade cooperativa (percepção de altos níveis de envolvimento, comunicação e
cooperativa tinham renda e escolaridade cooperação coparental com o pai não residente); coparentalidade paralela (pais não residentes
significativamente maiores, enquanto os de menor renda com a criança têm envolvimento na vida dos filhos, mas se comunicam pouco com os pais
e escolaridade estavam no grupo de parentalidade solo. residentes e são percebidos por estes como tendo uma participação limitada na vida das
O grupo de coparentalidade cooperativa estava crianças); e parentalidade solo (pais não residentes pouco viam a criança). Os problemas de
divorciado. comportamento da criança foram significativamente menores no grupo de coparentalidade
cooperativa.
Baxter et al. (2011) Participaram 4.303 crianças, das quais 3.640 (85%) Crianças com 6-7 anos que vivem com os pais biológicos têm melhor bem-estar emocional
viviam com ambos os pais biológicos; 663 (15%), com a do que aquelas que vivem somente com a mãe, sendo a hostilidade coparental
mãe e o padrasto; e 560 (13%) viviam somente com a mãe. significativamente associada (e um importante fator explicativo) ao bem-estar emocional das
Dados coletados entre 2004 e 2006. Respostas das mães crianças. Especificamente, independentemente do tipo de família (casada ou separada),
foram coletadas para 4.189 crianças. Respostas de crianças cujos pais tinham uma relação coparental hostil tinham pior bem-estar emocional do
professores foram coletadas para 3.487 crianças. Com que aquelas cujos pais não demonstravam hostilidade. Entre os pais que tinham uma relação
relação às crianças, 4.220 forneceram respostas na hostil, aqueles que eram separados tinham filhos com piores escores em bem-estar emocional,
segunda etapa da coleta (a criança tinha entre 4 e 5 anos de acordo com o relato das professoras e das crianças, mas não das mães.
na primeira etapa e entre 6 e 7 anos na segunda etapa).

Beckmeyer et al. Participaram do estudo 270 pessoas. A maioria dos Identificação de três perfis de coparentalidade pós-divórcio, nomeadamente: coparentalidade
(2014) participantes era composta de mães e brancas e com cooperativa e envolvida; coparentalidade moderada; e coparentalidade infrequente e
algum grau de ensino superior. Todos os participantes já conflitosa.
haviam passado por um programa educativo pós-
divórcio.
Lamela et al. (2015). Participaram 314 pais: 71,3% de mulheres, média de Identificação de três perfis de coparentalidade: coparentalidade de alto conflito (pouca
5,19 anos de divórcio e alto nível de escolaridade. concordância, menor escore de todos em divisão das tarefas, alta sabotagem e conflito);
coparentalidade sabotadora (escores altos em sabotagem e baixo/médio em concordância,
divisão de tarefas e conflito); coparentalidade cooperativa (escores altos em concordância,
divisão de tarefas, escores baixos em sabotagem e conflitos). O grupo da coparentalidade
cooperativa reportou significativamente menos problemas de comportamentos internalizantes
nos filhos do que no grupo de coparentalidade sabotadora. O grupo de coparentalidade
178

cooperativa relatou escores significativamente menores em problemas de comportamentos


externalizantes do que os outros grupos.
Autores Amostra Principais resultados
Lau (2017) Participaram 142 pais separados, sendo 115 mulheres. Análises de regressão diferentes foram conduzidas com dados fornecidos pelos pais e pelas
Somente oito participantes eram recasadas. A média de crianças. De acordo com os pais, o apoio coparental predisse menores sintomas de
idade das crianças foi 10 anos, com 47,2% tendo entre 12 hiperatividade e sintomas emocionais. O conflito coparental predisse maiores sintomas de
e 17 anos. hiperatividade e sintomas emocionais. Mais comunicação entre os pais foi associada a mais
sintomas emocionais entre as crianças.
Pandya (2017) Participaram 1.893 crianças de 9 a 12 anos de classe média Crianças que viviam com pais solteiros ou em arranjos de coparentalidade cooperativa entre
alta e elite, de 15 diferentes países. Medidas extraídas a seus pais pontuaram mais alto nas escalas de resiliência e força em relação àquelas que tinham
partir do relato das crianças. arranjos de coparentalidade frequentemente conflitantes ou viviam com pais recasados.

Dyer et al. (2018) Participaram 542 pais (somente homens) que não residiam O estudo de desenvolvimento e validação da escala de coparentalidade identificou três fatores:
com a criança-focal e tinham baixa renda. aliança, sabotagem e maternal gatekeeping (mediação materna). Nas análises de correlação,
sabotagem se relacionou moderada e significativamente com problemas de comportamento
da criança. Na análise de validação preditiva (regressão múltipla), somente sabotagem se
relacionou positiva e significativamente com problemas de comportamento da criança

Jiménez-García et al. Estudo ex post facto com 317 processos judiciais de Houve maior proporção de tristeza, agressividade, desobediência, baixa autoestima,
(2019) separação/divórcio correspondentes aos anos de 2009 a comportamentos autolesivos, ansiedade e irritação, e decréscimo do desempenho acadêmico
2016. das crianças entre aqueles pais que não exercitavam a coparentalidade. Nas análises de
regressão logística, o exercício da coparentalidade não foi incluído. O preditor mais forte foi
a alta intensidade de conflito, indicando que, quando os pais apresentavam alta intensidade de
conflito, aumentavam em oito vezes os desfechos negativos na criança.

Choi e Becher (2019) Participaram 1.773 mães separadas. Dados coletados entre A coparentalidade de apoio foi utilizada como mediadora entre dados sociodemográficos e
1998 e 2000 – estudo longitudinal. A maioria das sintomas depressivos maternos e parentalidade severa e problemas de comportamento infantil,
participantes era relativamente jovem (média de 26 anos em uma análise de modelagem de equações estruturais. Mães mais novas apresentaram menor
de idade quando a criança tinha aproximadamente 3 anos) coparentalidade positiva e maior parentalidade severa. Mais sintomas depressivos da mãe
e negras (64,2%) – 44,7% não tinham nenhum contato predisseram menor coparentalidade positiva, e maior nível de escolaridade dos pais foi capaz
com o pai da criança. de predizer maior coparentalidade positiva. A coparentalidade positiva foi capaz de predizer
menos problemas de comportamento da criança e menor parentalidade severa.
179

Autores Amostra Principais resultados

Karberg e Cabrera Participaram 3.387 crianças que residiam com as mães Uma análise de caminhos foi conduzida, sendo a variável independente a instabilidade
(2020) biológicas. A coparentalidade foi medida quando a conjugal, e a variável dependente, o comportamento agressivo da criança. Coparentalidade
criança tinha 5 anos. A agressividade foi medida quando positiva, envolvimento paterno, envolvimento materno e responsividade materna foram
a criança tinha 9 anos. Dados coletados entre 1998 e 2000. incluídos como variáveis mediadoras. O estado civil (casada ou não) foi utilizado como
Amostra representativa para população de grandes moderador entre a variável independente e as mediadoras. A associação entre instabilidade
cidades dos Estados Unidos. conjugal e agressividade infantil por meio do apoio coparental foi mais forte para mães
divorciadas do que para mães separadas do pai da criança que estavam com outro parceiro.

Herrero et al. (2020) Participaram 309 pais (39%) e mães (61%) divorciados – A coparentalidade positiva foi utilizada como moderadora em uma análise de caminhos,
71% tinham a custódia da criança. A maioria (79%) estava moderando a relação entre fenômenos familiares (comunicação familiar, dificuldades
em divórcio litigioso com 62% em disputa psicológicas dos pais, conflito com a dupla coparental e consequências socioeconômicas para
administrativa/judicial – 45% referiram ter uma relação as crianças) e sintomas ansiosos/depressivos e agressividade da criança. Maior comunicação
“não existente” com a dupla coparental. familiar se relacionou a níveis mais baixos de sintomas ansiosos/depressivos e agressividade.
180

Discussão

A presente revisão sistemática teve como objetivo analisar as relações entre

coparentalidade e o comportamento da criança em famílias divorciadas com base em estudos

conduzidos nos últimos dez anos. Partiu-se do pressuposto de que a coparentalidade é um fator

relevante para desfechos no desenvolvimento infantil, especialmente após a separação ou o

divórcio, evento estressor que implica modificações na estrutura e dinâmica familiar, conforme

indicado por McGoldrick e Shibusawa (2016). Contudo, a qualidade da coparentalidade é

diferente para cada integrante da dupla coparental e, ainda, percebida de maneira específica

por cada criança (McHale & Sirotkin, 2019), sendo importante destacar as características

amostrais dos 11 estudos incluídos na revisão.

A predominância de mães nas amostras tem sido identificada em outras revisões de

literatura sobre fenômenos do contexto familiar (Coltro et al., 2020; Samda et al., 2020), apesar

de mudanças sociais apontarem para uma progressivamente maior participação paterna no

contexto doméstico e nos cuidados com os filhos (Gomes & Alvarenga, 2016). Além disso,

destaca-se que nenhum estudo investigou a percepção de ambos os integrantes da dupla

coparental sobre a coparentalidade ou sobre os comportamentos da criança, o que representa

uma limitação metodológica, já que as impressões sobre a dinâmica familiar permanecem

parciais. No que diz respeito a famílias divorciadas, pode ser ainda mais importante incluir

ambos os pais na amostra, o que contribui para a identificação de percepções diferentes sobre

a coparentalidade e o comportamento dos filhos com base no tempo de convivência com a

criança.

Entre os 11 estudos aqui analisados, oito incluíram alguma medida sobre conflito,

hostilidade ou sabotagem entre os pais, gerando resultados consistentes sobre os efeitos

negativos de uma relação coparental conflituosa para o comportamento das crianças. Teubert

e Pinquart (2010) conduziram uma metanálise em que também identificaram uma relação
181

positiva entre conflito coparental e comportamentos externalizantes dos filhos, enquanto a

triangulação e a baixa cooperação coparental estiveram mais associadas a comportamentos

internalizantes. Essa diferença não foi identificada no estudo de Lamela et al. (2015), que

encontrou níveis semelhantes de comportamentos internalizantes e externalizantes entre os

grupos de coparentalidade sabotadora e coparentalidade de alto conflito. Mosmann et al. (2017)

encontraram, em sua pesquisa com amostra brasileira, um poder preditivo das variáveis da

coparentalidade sobre os sintomas internalizantes e externalizantes dos filhos, o qual era

preponderante nas dimensões da conjugalidade e da parentalidade, corroborando achados de

outros países (Feinberg, 2003; Teubert & Pinquart, 2010). De forma semelhante, Lau (2017)

identificou uma relação positiva entre conflito coparental e hiperatividade e sintomas

emocionais, mas não sobre problemas de conduta. Contudo, identificou que a triangulação

coparental atingiu negativa e significativamente a autoestima das crianças somente conforme

o autorrelato delas, não na percepção das mães (Lau, 2017), convergindo com a análise de

Teubert e Pinquart (2010).

Os achados desta revisão confirmam os de Lamela e Figueiredo (2016) e Raposo et al.

(2011), sustentando o conflito pós-divórcio entre os pais como o mais prejudicial para os filhos,

mesmo que o conflito não esteja necessariamente relacionado à dimensão coparental. Ainda

que Baxter et al. (2011) tenham referido a medida de conflito como referente a conflito

coparental, uma análise detalhada dos itens utilizados para construir esse indicador revelou que

o conflito medido não se referia apenas às decisões sobre a criança. Da mesma forma, os

diferentes tipos de intensidade de conflito investigados por Jiménez-García et al. (2019)

revelam que, no contexto do divórcio litigioso, disputas a respeito de aspectos financeiros e

sobre a custódia dos filhos foram as maiores preditoras de desfechos negativos na criança.

Constatou-se que o apoio coparental contribuiu significativamente para melhores níveis

de ajustamento psicológico das crianças, reverberando positivamente nas relações familiares.


182

Souza (2018) investigou as repercussões da coparentalidade e do envolvimento paterno no

comportamento da criança no Brasil, e os resultados apontaram a importância do

relacionamento coparental positivo e do envolvimento paterno (cuidados básicos e

brincadeiras) para a compreensão dos comportamentos dos pré-escolares, principalmente

quando se consideram seus impactos adaptativos e desadaptativos para o desenvolvimento

infantil. Contudo, considerando as interações complexas entre as dimensões coparentais,

parece ser relevante identificar como e por quem o apoio coparental é fornecido. As análises

apresentadas por Lau (2017), por exemplo, evidenciam que o apoio coparental fornecido pelo

cuidador que reside com a criança em comparação ao cuidador que não reside com ela pode

indicar a presença de sobrecarga unilateral dos cuidados com a criança, o que tende a gerar

desfechos negativos sobre o comportamento dos filhos.

Portanto, com vistas a melhor compreender os impactos do apoio coparental sobre os

filhos, é preciso incluir nas análises fatores de caracterização dos pais e dos filhos, bem como

do contexto em que as famílias se encontram. Em situações de maior condição socioeconômica

e escolaridade, por exemplo, é esperado que os pais sejam capazes de oferecer maior apoio

coparental, como relatado por Amato et al. (2011).

Com relação à comunicação coparental, os estudos apresentaram efeitos contrários ao

esperado (Herrero et al., 2020; Lau, 2017). Assim, o simples fato de ter mais comunicação

entre os pais não é necessariamente positivo para as crianças nem ajuda a promover seu

desenvolvimento, especialmente se essa comunicação é acompanhada por níveis mais altos de

conflito coparental. Feinberg (2003) afirma que é papel dos pais controlar o próprio

comportamento, cuidando da forma com que se comunicam, um com o outro, evitando discutir

temas conjugais, brigar e/ou alterar a voz na frente da criança. Segundo ele, os pais devem

esperar um momento no qual a criança não esteja presente, para que possam resolver esse tipo

de questão.
183

Além disso, o autor destaca que nem todos os conflitos são prejudiciais à criança. Nos

casos em que os pais conseguem manejar os conflitos de forma positiva, os impactos para os

filhos podem ser benéficos (ou, pelo menos, não prejudiciais), na medida em que a criança

observa modelos de como resolver conflitos de maneira desejável, podendo aprender com o

exemplo dos pais. Segrin (2006) demonstrou que famílias que recorrem a estratégias positivas

de comunicação e que procuram gerar interações harmoniosas entre os seus membros tendem

a ser mais saudáveis do que aquelas que mantêm relações conflituosas.

O divórcio nem sempre é um evento negativo, sendo, em muitos casos, a melhor

solução quando os conflitos entre o casal passam a ser rotineiros. A qualidade da

coparentalidade pode impactar de forma positiva o comportamento dos filhos após a

separação/divórcio. Souza (2000) investigou como os filhos vivenciam a separação dos pais e

concluiu que as crianças têm sua saúde mental associada ao bem-estar dos pais e à qualidade

do relacionamento estabelecido entre ambos. As crianças correm riscos, portanto, quando

crescem em uma família em que o casal está em constante conflito, quer os pais vivam juntos

ou separados. A autora acrescenta que os filhos de pais divorciados poderão ser competentes e

bem ajustados quando o divórcio puder conter a demanda de conflitos entre os cônjuges e

quando a mãe ou o pai que tiver a guarda da criança for capaz de proporcionar um ambiente de

cuidado positivo, a despeito do estresse associado a um papel singular mais sobrecarregado.

Quando a separação do casal é inevitável, é necessário que os conflitos gerados a partir

de tal escolha possam representar lições de negociação e de entendimento para o

desenvolvimento das crianças. A criação satisfatória e o desenvolvimento saudável de uma

criança envolvem um conjunto de cuidados físicos, cognitivos, emocionais, afetivos e

instrutivos pelos quais ambos os pais são responsáveis, independentemente de estarem casados

ou separados (Goetz & Vieira, 2010). Dessa forma, a qualidade da coparentalidade e da


184

comunicação, o apoio coparental e o baixo conflito são alguns dos elementos importantes

quando as famílias passam por um processo de separação/divórcio.

Considerações finais

A coparentalidade é um fenômeno de central importância para a compreensão das

relações entre pais e filhos e dos impactos do exercício compartilhado de cuidado com a criança

sobre seu desenvolvimento. No contexto do divórcio, a coparentalidade é um dos subsistemas

mais vulneráveis às modificações da estrutura familiar, requerendo a definição de novos

acordos e compromissos dos pais para/com seus filhos e ex-cônjuges. A maioria dos estudos

retidos nesta revisão sistemática apresentaram qualidade metodológica suficiente para que seus

dados contribuam para o acumulado de evidências empíricas a respeito das relações entre

coparentalidade e comportamento infantil em famílias divorciadas. Seus resultados contribuem

para a compreensão da coparentalidade como fenômeno multidimensional, em que diferentes

padrões de composição a partir de suas dimensões tendem a gerar resultados distintos sobre o

comportamento infantil. Portanto, uma análise mais complexa da coparentalidade é

contemplada quando ao menos duas ou mais dimensões são consideradas, bem como suas

interações.

Ademais, os resultados e as discussões apresentados demonstram que, embora o apoio

coparental seja benéfico para desfechos positivos no comportamento da criança, é preciso levar

em conta as características da família e do contexto familiar para melhor compreender essas

relações. Da mesma maneira, o conflito parental permanece sendo indicado como fator de risco

ao desenvolvimento dos filhos, relacionando-se com comportamentos externalizantes e/ou

internalizantes. Contudo, esse resultado não é unânime, variando de acordo com o contexto do

divórcio. Dessa forma, sugere-se que a coparentalidade é multideterminada por fatores

diversos, como defende o Modelo Ecológico da Coparentalidade proposto por Feinberg (2003).
185

Portanto, esta revisão se soma aos demais estudos científicos sobre coparentalidade ao

fornecer uma análise rigorosa dos aspectos metodológicos e dos resultados dos artigos retidos.

Destacam-se como contribuições relevantes a verificação de interações complexas das

dimensões da coparentalidade não somente com elementos contextuais, mas também entre si

para produzir efeitos sobre o comportamento da criança, e o apontamento do divórcio como

contexto peculiar de transformação da relação coparental a partir da reconfiguração da estrutura

familiar.

Analisando a qualidade da evidência, destacamos como limitação dos estudos a

fragilidade das medidas utilizadas para aferir as dimensões da coparentalidade, além de cinco

trabalhos não terem indicado a validade psicométrica deles (Amato et al., 2011; Baxter et al.,

2011; Choi & Becker, 2019; Jiménez-García et al., 2018; Karberg et al., 2020). Tal fato

prejudica a generalização dos resultados e reduz a possibilidade de replicação dos desenhos de

pesquisa utilizados. Além disso, a predominância de mães como participantes indica um viés

amostral relevante. Assim, recomenda-se que estudos futuros investiguem a coparentalidade a

partir da perspectiva de homens (pais) e também da criança, e invistam na coleta de dados de

ambos os integrantes da dupla coparental, o que fornecerá um quadro mais fidedigno das

relações familiares. Além disso, recomenda-se o uso de instrumentos e medidas validados para

a população estudada e que contemplem um maior número de dimensões da parentalidade. No

contexto do divórcio, sobretudo, parece importante inserir como variáveis de controle nas

análises o tempo desde o divórcio e outros fatores familiares e contextuais.

A presente revisão sistemática apresenta como limitações metodológicas a exclusão de

materiais de literatura cinzenta e a não realização da etapa de consulta com especialistas para

reduzir possíveis perdas de materiais relevantes. Apesar disso, cabe destaque à etapa de

consulta na lista de referências dos estudos incluídos e o uso do Guia PRISMA e de protocolos

padronizados para avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos. Outra limitação
186

foi o fato de não termos registrado o protocolo de investigação, mas ele fica disponível

mediante solicitação ao autor correspondente.

Em suma, esta revisão sistemática fornece dados consistentes que podem fundamentar

a prática profissional de psicólogos envolvidos com a avaliação psicossocial dos sistemas

familiares no contexto divórcio e na intervenção com famílias e crianças para a promoção do

desenvolvimento infantil. Para os profissionais envolvidos com famílias em processo de

divórcio, especificamente nos contextos clínico, jurídico e de assistência social, esta revisão

fornece subsídios para o atendimento das famílias com vistas à proteção da infância e para as

tomadas de decisão baseadas em evidências. Sobretudo, destaca-se a relevância científica e

social do investimento em pesquisas que contribuam para a análise do complexo interjogo entre

os fatores individuais, familiares e contextuais no cenário brasileiro.


187

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193

12 ANEXOS

Anexo A - Questionário Sociodemográfico

SOCIODEMOGRÁFICO - DADOS DA CRIANÇA


Formato de aplicação: ( ) on-line ( ) presencial
Você responderá algumas das perguntas desse questionário pensando em seu filho, filha,
enteado ou enteada. Ao longo da pesquisa, ela será chamada de criança.
∙ Se você tem mais de um filho (filha, enteado ou enteada), selecione apenas uma criança para
responder as questões.
∙ Escolha a que tenha entre 4 e 11 anos, 11 meses e 29 dias de idade.
∙ Se você tem mais de um filho nessa faixa etária, escolha a criança cujo primeiro nome vem
antes em ordem alfabética.
Por exemplo: João tem três filhos, Carlos (13 anos), Júlia (8 anos) e Luíza (5 anos). Nesse caso,
João responderá sobre Júlia, pois sua idade está entre 4 e 11 anos e J vem antes de L no alfabeto.
1. Agora, você vai criar um código para essa criança. Esse código servirá para agrupar respostas
que venham da mesma família (por exemplo, se você e seu(a) companheiro(a) responderem
essa pesquisa, mas não será utilizado para fins de identificação. Para criar o código, utilize o
primeiro nome da criança por extenso + as iniciais dos sobrenomes.
Por exemplo: Júlia Maria Neves dos Santos
Código: JuliaMNS
Insira abaixo o código da criança-focal:
2. Qual o sexo de seu(sua) filho(a)?
( ) Feminino
( ) Masculino
3. Qual a data de nascimento de seu(sua) filho(a)?
Data: / /
4. Seu(sua) filho(a) tem algum diagnóstico que caracterize seu desenvolvimento como atípico?
Desenvolvimento atípico inclui diagnósticos como: deficiências, transtornos de
neurodesenvolvimento, síndromes genéticas, condições médicas (epilepsia ou paralisia
194

cerebral), ou histórico de exposição ambiental (síndrome congênita associada ao Zika vírus,


síndrome alcoólica fetal ou baixo peso ao nascer). ( ) Sim
( ) Não
5. Se sim, por favor descreva brevemente qual o diagnóstico de seu(sua) filho(a).

6. Qual etapa escolar seu(sua) filho(a) frequenta nesse momento?


( ) Ainda não frequenta creche/escola
( ) Creche/Educação Infantil
( ) Ensino Fundamental
3
7. Considerando a recente experiência de distanciamento social (quarentena) vivida no Brasil,
qual a modalidade de acesso às aulas que seu(sua) filho(a) tem nesse momento?
( ) Ainda não frequenta creche/escola
( ) Aulas presenciais
( ) Aula à distância (on-line)
( ) Não está tendo aula no momento
8. Seu(sua) filho(a) reside com você?
( ) Sim ( ) Não
9. Seu(sua) filho(a) é:
( ) Filho(a) único(a)
( ) Filho(a) mais novo(a)
( ) Filho(a) do meio
( ) Filho(a) mais velho
10. Quantos irmãos ele(a) tem? (Se a criança não tem irmãos, escreva NÃO abaixo)

11. Os irmãos de seu(sua) filho(a) moram com ele(a)?


( ) Sim
( ) Não
( ) Parte sim, parte não
( ) Não se aplica
SOCIODEMOGRÁFICO - DADOS DA FAMÍLIA
Assinale nas questões que seguem as alternativas que melhor correspondem a sua configuração
familiar atual.
1. Como você descreve a família em que vive agora, com a criança focal?
195

( ) Família heteroafetiva (pais de sexo diferentes)


( ) Família homoafetiva (pais com o mesmo sexo)
( ) Família monoparental (somente um cuidador morando com a criança-focal)
( ) Família biparental (dois cuidadores morando com a criança-focal)
( ) Família mononuclear (a criança tem somente uma casa)
( ) Família multinuclear (a criança tem outro cuidador – pai ou mãe – que residem em outra
casa)
4
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO
1. Qual sua relação com a criança: ( ) Pai biológico ( ) Pai adotivo ( ) Padrasto 2. Qual a sua
cidade de residência:
3. Há quanto tempo (em anos) você reside nessa cidade?
4. Qual sua idade?
5. Qual seu estado civil?
( ) Casado
( ) Separado ou divorciado
( ) Solteiro
( ) Viúvo
6. Qual é a sua etnia (ou cor de pele)?
( ) Branca
( ) Parda
( ) Preta
( ) Indígena
( ) Amarela
Outra (especifique):
7. Qual sua religião?
( ) Católica
( ) Evangélica
( ) Adventista
( ) Espirita
( ) Ateia
( ) Outra (especifique):
196

8. Quantas vezes você frequenta atividades religiosas (Por ex: missa, culto, encontro, palestra)?
( ) Nunca ( ) Uma vez por ano ( ) Uma vez por mês ( ) Duas ou três vezes por mês ( ) Uma vez
por semana ( ) Mais de uma vez por semana
9. Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você, quanto é,
aproximadamente, a renda familiar mensal? (responda em reais):
10. Qual sua escolaridade? (assinale a mais alta que você já completou)
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino Médio
( ) Ensino Técnico
( ) Ensino Superior (Graduação)
( ) Pós-graduação profissional (Especialização)
( ) Mestrado
( ) Doutorado
( ) Pós-doutorado
11. Você vive com alguma doença crônica e/ou deficiência? ( ) Sim ( ) Não
11.1. Se você respondeu SIM na pergunta acima, por favor, indique qual a doença crônica e/ou
deficiência você vive com:

5
12. Considerando a recente experiência brasileira com a Covid-19 (Novo Coronavírus), você e
sua família estão ou estiveram em isolamento social (quarentena)?
( ) Sim, por um período prolongado
( ) Sim, apenas por alguns dias
( ) Não
13. Você realiza ou já realizou acompanhamento psicoterápico (com psicólogo/a)? ( ) Sim ( )
Não
13.1 Se você respondeu SIM na pergunta acima, por favor, indique por quanto tempo realiza
ou realizou acompanhamento (especifique se são anos ou
meses): Se você respondeu NÃO, escreva o número 0
14. Você realiza ou já realizou acompanhamento psiquiátrico? ( ) Sim ( ) Não
15. Você utiliza algum medicamento receitado para questões psicológicas (ansiedade,
depressão, dependência química, esquizofrenia e/ou outros)? ( ) Sim ( ) Não
197

16. Incluindo você, quantas pessoas (adultos e crianças) moram em sua casa?

17. Quem vive na sua casa? (Se necessário, assinale mais de uma opção)
( ) Moro sozinho
( ) Meu companheiro ou companheira
( ) Filho(s) biológico(s)
( ) Filho(s) adotivo(s)
( ) Enteado(s)
( ) Outras crianças e jovens menores de 18 anos (ex. de criação, filhos de parentes e amigos) (
) Outros parentes adultos
( ) Amigos adultos
18. Com quem você pode contar para cuidar de seu(sua) filho(a) em sua ausência? Obs: Se
tiver mais de uma pessoa, indique a que mais te ajuda cuidar da criança. Indique a relação
dessa pessoa com a criança: mãe, avó, irmão,
etc.:
19. Em uma semana típica, quais são os dias que você é responsável por cuidar da criança? (Se
você e sua família estão em distanciamento social, responda pensando sobre a rotina ANTES
desse período).
( ) Segunda-feira ( ) Terça-feira ( ) Quarta-feira ( ) Quinta-feira ( ) Sexta-feira ( ) Sábado ( )
Domingo
20. Nesses dias, quantas horas por dia (aproximadamente) você é responsável pelos cuidados
com a criança? Considere apenas as horas em que você está presente com ela, descontando
horário escolar e de sono.
( ) Entre 2 e 4 horas
( ) Entre 4 e 8 horas
( ) Mais de 12 horas por dia
21. Nessas horas, tem mais alguém que se responsabiliza pela criança junto com você? ( ) Sim,
sempre
( ) Sim, às vezes
( ) Não
22. Quantas horas diárias você utiliza para:
∙ Sono (média de horas por noite):
∙ Atividade física:
∙ Trabalho remunerado:
198

6
∙ Trabalho doméstico:
∙ Lazer:
23. Sua família de origem (pais, irmãos, avós, etc.) reside na mesma região (mesma cidade ou
cidades vizinhas) que você?
( ) Sim ( ) Não
24. Qual o estado civil de seus pais biológicos (Caso um ou ambos os pais sejam falecidos,
assinalar a opção que melhor corresponde quando estavam vivos)?
( ) Casados ( ) Divorciados ou separados
ADOÇÃO
Vamos fazer algumas perguntas a respeito da adoção de seu(sua) filho(a).
1. Quantos anos a criança tinha quando você a adotou?
2. A criança já passou por devoluções antes de ser adotada por você? ( ) Sim ( ) Não
FAMÍLIA SOLO
1. Qual a opção melhor representa o fato de você ser o principal responsável pela criança? ( )
Sou divorciado ou separado do outro responsável pelo meu(minha) filho(a)
( ) Sou viúvo
( ) Sou pai adotivo
( ) Produção independente (por meio de barriga solidária)
( ) Outro (especifique):
FAMÍLIA DIVORCIADA
Você assinalou que está divorciado ou separado do outro responsável legal da criança. Pedimos
que responda mais algumas questões sobre isso.
1. Há quanto tempo você está divorciado/separado? (especifique se são meses ou
anos):
2. Qual o tipo de guarda estipulada?
( ) Não estipulamos guarda
( ) Unilateral para o pai
( ) Unilateral para a mãe
( ) Guarda compartilhada (divisão igualitária de responsabilidades entre pai e mãe)
3. Qual o regime de visitação do genitor não-guardião?
( ) A visitação é livre, combinada conforme disponibilidade dos dois
( ) Todo fim de semana
( ) A cada 15 dias, nos fins de semana
199

( ) Outro (especifique):
4. Quantos anos tinha a criança quando vocês se separaram/divorciaram?

5. Você se casou novamente?


( ) Sim, atualmente estou casado com outra pessoa
( ) Não, não recasei
200

Anexo B- Escala de Relacionamento Coparental- ERC

Para cada item, selecione a resposta que melhor descreve a maneira como você e sua companheira (e/ou a mãe
da criança) trabalham juntos quando estão exercendo a função de pais. Se sua companheira é a mãe da criança,
responda somente às linhas Companheira. Se sua companheira e a mãe da criança são pessoas diferentes,
responda às duas linhas. Caso não tenha uma companheira, responda à linha Mãe da criança.

0 1 2 3 4 5 6

Não é Um pouco Algo verdadeiro Muito verdadeiro


verdadeiro sobre verdadeiro sobre sobre nós sobre nós
nós nós

N A M
1 PV 3 5
V V V

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
1. Eu acredito que a minha companheira / mãe
do(a) meu(a) filho(a) é uma boa mãe. Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
2. O meu relacionamento com minha
companheira / a mãe do(a) meu(a) filho(a) é mais
Mãe da
forte agora do que antes de termos um(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
3. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) pergunta a minha opinião sobre assuntos
Mãe da
relacionados a seu papel de mãe. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
4. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) dá muita atenção ao(à) nosso(a) filho(a). Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
5. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) gosta de brincar com nosso(a) filho(a) e
Mãe da
deixa para mim o trabalho pesado. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
201

N A M
1 PV 3 5
V V V

6. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)


Mãe da
filho(a) e eu temos as mesmas metas para 0 1 2 3 4 5 6
nosso(a) filho(a). criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
7. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) ainda quer fazer suas próprias coisas ao
Mãe da
invés de ser uma mãe responsável. 0 1 2 3 4 5 6
criança

8. É mais fácil e divertido brincar sozinho com Companheira 0 1 2 3 4 5 6


nosso(a) filho(a) do que quando a minha
companheira / mãe do(a) meu(a) filho(a) também Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
está presente.
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
9. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) e eu temos ideias diferentes sobre como
Mãe da
criar nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

10. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a) Companheira 0 1 2 3 4 5 6


filho(a) me diz que estou fazendo um bom
trabalho ou demonstra de outra forma que Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
acredita que estou sendo um bom pai.
criança

11. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a) Companheira 0 1 2 3 4 5 6


filho(a) e eu temos ideias diferentes sobre as
rotinas do nosso(a) filho(a) para comer, dormir, Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
entre outras.
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
12. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) faz piadas ou comentários sarcásticos
(maldosos, “de gozação”) sobre a maneira como Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
eu sou como pai. criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
13. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) demonstra que não confia nas minhas
Mãe da
habilidades como pai. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
14. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) demonstra que percebe os sentimentos e
Mãe da
necessidades do(a) nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança
202

N A M
1 PV 3 5
V V V

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
15. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) e eu temos diferentes expectativas em
Mãe da
relação ao comportamento de nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
16. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) tenta mostrar que ela cuida do(a) nosso(a)
Mãe da
filho(a) melhor do que eu. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
17. Eu me sinto satisfeito e mais próximo da
minha companheira / mãe do(a) meu(a) filho(a)
Mãe da
quando eu a vejo brincar com nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
18. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) tem muita paciência quando interage com
Mãe da
nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
19. Nós conversamos sobre a melhor maneira de
atender às necessidades do(a) nosso(a) filho(a). Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
20. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) não se preocupa em dividir de forma justa
Mãe da
o cuidado do(a) nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

21. Quando nós três estamos juntos, minha Companheira 0 1 2 3 4 5 6


companheira / a mãe do(a) meu(a) filho(a)
compete comigo pela atenção do(a) nosso(a) Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
filho(a).
criança

0 1 2 3 4 5 6
Companheira
22. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) sabota (prejudica) meu papel de pai. Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
203

N A M
1 PV 3 5
V V V

23. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)


Mãe da
filho(a) está disposta a fazer sacrifícios pessoais 0 1 2 3 4 5 6
para ajudar a cuidar do(a) nosso(a) filho(a). criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
24. Nós estamos crescendo e amadurecendo
juntos por meio de nossas experiências como
Mãe da
pais. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
25. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) demonstra que aprecia o quanto eu me
Mãe da
esforço para ser um bom pai. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
26. Quando eu estou no meu limite no papel de
pai, minha companheira / a mãe do(a) meu(a)
Mãe da
filho(a) me dá o suporte extra que preciso. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
27. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) me faz sentir como se eu fosse o melhor
Mãe da
pai possível para nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
28. O estresse de ter filhos faz com que eu e
minha companheira / a mãe do(a) meu(a) filho(a)
Mãe da
nos distanciemos. 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6
29. Minha companheira / A mãe do(a) meu(a)
filho(a) demonstra que não gosta de ser
Mãe da
incomodada pelo(a) nosso(a) filho(a). 0 1 2 3 4 5 6
criança

Companheira 0 1 2 3 4 5 6

30. Ter filhos nos dá um foco para o futuro.


Mãe da
0 1 2 3 4 5 6
criança

Agora, descreva as coisas que você faz quando você e sua atual companheira (e/ou Mãe da criança) estão
presentes fisicamente com o seu(sua) filho(a) (ex: no mesmo cômodo, no carro, em passeios). Considere apenas
as vezes em que vocês três estão juntos (mesmo que sejam só algumas horas por semana).
204

0 1 2 3 4 5 6

Nunca Às vezes (uma Frequentemente Muito frequentemente


ou duas vezes (uma vez ao dia) (várias vezes ao dia)
por semana)

Com que frequência em uma semana típica, quando vocês três estão juntos, você:

N 1 AV 3 F 5 MF

31. Encontra-se em uma conversa um pouco tensa ou sarcástica 0 1 2 3 4 5 6


Companheira
com sua companheira / a mãe do(a) seu(a) filho(a)?

Mãe da criança 0 1 2 3 4 5 6

32. Discute com sua companheira / a mãe do(a) seu(a) filho(a) 0 1 2 3 4 5 6


Companheira
sobre seu(a) filho(a), na presença de seu(a) filho(a)?

Mãe da criança 0 1 2 3 4 5 6

33. Discute seu relacionamento ou questões conjugais não


relacionadas ao(à) seu(a) filho(a), na presença de seu(a) filho(a)? Companheira 0 1 2 3 4 5 6

e/ou

Mãe da criança 0 1 2 3 4 5 6
Discutem sobre a separação/divórcio na presença de seu(a)
filho(a)?

34. Um ou ambos falam coisas cruéis ou que magoam o outro na 0 1 2 3 4 5 6


Companheira
frente do(a) seu(a) filho(a)?

Mãe da criança 0 1 2 3 4 5 6

35. Gritam um com o outro quando o(a) seu(a) filho(a) pode ouvir? 0 1 2 3 4 5 6
Companheira

Mãe da criança 0 1 2 3 4 5 6
205

Anexo C- Questionário das Capacidades e Dificuldades da Criança - (SDQ)

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