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Resenha Filosofia Da Ancestralidade
Resenha Filosofia Da Ancestralidade
O documentário "Egungum de Itaparica" é uma obra envolvente que mergulha nos rituais
sagrados da cultura afro-brasileira, especialmente nas tradições do Candomblé. Dirigido por
Juliana Elbein dos Santos, o filme oferece uma visão profunda e respeitosa das práticas rituais
que permeiam a Ilha de Itaparica, na Bahia.
A narrativa nos leva a uma jornada pelos rituais egunguns, que são cerimônias realizadas
para honrar os ancestrais. Através de imagens ricas e depoimentos dos praticantes, somos
apresentados aos costumes, músicas e danças que compõem essa tradição ancestral.
Em suma, "Egungum de Itaparica" é uma obra poderosa que celebra a riqueza da cultura
afro-brasileira e nos convida a refletir sobre nossa própria relação com a espiritualidade e a
ancestralidade. Uma experiência cinematográfica inspiradora e educativa para todos os
espectadores.
A diferença entre o culto Egungum e os cultos Orixá Inkice e Vodum reside nas divindades e
nas práticas rituais associadas a cada um. No culto Egungum, o foco está nos ancestrais
venerados como divindades, honrados por meio de rituais que incluem danças, músicas e
oferendas. Já nos cultos Orixá Inkice e Vodum, as divindades são entidades espirituais com
características próprias, representando aspectos da natureza, dos seres humanos e do
cosmos, e são adoradas por meio de rituais específicos que variam de acordo com a tradição
religiosa.
Essa tradição é vital para os demais candomblés, pois os Ojes são guardiões dos segredos
mais profundos da tradição africana na diáspora brasileira, cubana e possivelmente nos
Estados Unidos da América. Eles desempenham um papel essencial na preservação da cultura
e na transmissão dos valores espirituais, garantindo que essas tradições ancestrais continuem
a ser uma fonte de inspiração e identidade para as comunidades afrodescendentes em todo o
mundo.
No documentário, acompanhamos um conflito que se intensifica quando o filho do Oke de 108
anos, o senhor Antônio Daniel de Paula, que possuía o posto de Alagbá, falece. O conflito
aparentemente surge para decidir quem seria o sucessor de Alagbá Antônio. Ao convidar
sacerdotes do candomblé de Orixá, o Oje Cosme quebra uma tradição, pois os presentes
deveriam ser feitos e preparados pelos Ojes e no espaço por eles designado, onde somente os
Ojes altamente preparados podem acessar.
Apesar da simbiose entre os terreiros de Egum e Orixás, o documentário mostra que esses
cultos se configuram como específicos e, em certo ponto, não se misturam, como água e óleo.
Isso evidencia as diferentes tradições, práticas e crenças que coexistem dentro da religiosidade
afro-brasileira, cada uma com sua identidade e importância próprias.
O autor retoma a chegada dos africanos ao Brasil durante a escravidão e a formação das
comunidades afrodescendentes nas cidades brasileiras. Destaca-se a preservação das
tradições culturais e religiosas africanas nesse contexto, incluindo o culto Egungum.
São exploradas as origens profundas do culto Egungum, ressaltando sua ligação ancestral
e a reverência aos antepassados como uma parte vital da identidade africana. O culto
Egungum é visto como uma forma de manter viva a memória e a história das comunidades
africanas.
O artigo de Velame oferece uma análise profunda do culto Egungum, destacando sua
relevância para a preservação da ancestralidade e a resistência negra nas cidades brasileiras.
Ao explorar suas origens, práticas e adaptações, o autor amplia nosso entendimento sobre a
riqueza cultural e espiritual das comunidades afrodescendentes no Brasil.
O culto Egungum, como aponta Silva (2018), representa a continuidade da vida e a interação
entre os vivos e os mortos. Essa crença na presença e influência dos ancestrais é fundamental
para entender a prática do culto Egungum na Bahia. Ele acrescenta que, "os Egunguns são
uma manifestação da resistência simbólica à diáspora e ao colonialismo, mantendo vivas as
tradições e os valores africanos".
No entanto, como destaca Lima (2019), o culto Egungum na Bahia não é estático, mas sim
dinâmico e adaptável. Ele afirma que "os Egunguns passaram por adaptações ao longo do
tempo, incorporando elementos da cultura brasileira e mantendo-se relevantes para as novas
gerações". Isso demonstra a capacidade de resistência e resiliência do culto Egungum diante
das mudanças sociais e culturais.
Referência:
● Velame, Fábio Macedo. "Culto Egungum no Brasil Diaspora: Ancestralidade e
Resistências Negras nas Cidades Brasileiras". Revista ABPM, 2020