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Capı́tulo 1

Números complexos

1.1 Introdução
Contrariamente ao bom senso, não foram as equações do segundo grau que motiva-
ram o aparecimento dos números complexos, mas as equações do terceiro grau.
Podemos dividir o aparecimento e a discussão dos Números Complexos em três fa-
ses no decorrer da história:

• A resolução das equações cúbicas por meio de radicais na Europa renascentista,


em particular nos trabalhos de Tartaglia (1500-1557), Cardano (1501-1576) e
Bombelli (1526-1572). A busca de uma solução para esta equação abriu espaço
para o surgimento de novos números que ainda não eram considerados legı́timos.

• O desenvolvimento da Matemática durante os séculos XVII e XVIII, quando estes


números foram designados como imaginários e os matemáticos passaram a operar
com eles sem se preocupar com o seu estatuto próprio.

• Os trabalhos de matemáticos como Wallis, Wessel, Buée e Argand que, na busca


de uma representação geométrica das quantidades imaginárias, lançaram as bases
para que pudesse ser fundado um novo cálculo sobre estes objetos.

Em 1545, Cardano ao tentar resolver a equação cúbica x3 = 4 + 15x, a qual ele


sabia ter raiz x = 4, constatou que a regra criada por dal Ferro-Tartaglia produzia a
seguinte expressão:
√ √
q q
3 3
x = 2 + −121 + 2 − −121 .

Deparando-se com o termo −121, ele não conseguia encontrar uma maneira de
encontrar x = 4 .

Foram necessários mais de 25 anos para que Bombelli, engenheiro hidráulico, nas-
cido em Bologna, Itália, em 1530, tivesse uma√ideia, em 1572, para resolver o impasse,
operando com as quantidades na forma a + b −1 sob as mesmas regras dos números
2 Números complexos

reais e a propriedade ( −1)2 = −1.

Depois de Bombelli, outros personagens importantes deram grandes contribuições


ao desenvolvimento da teoria dos números complexos, dentre os quais o matemático
francês Abraham de Moivre, amigo de Isaac Newton, e também os irmãos Jacques e
Jean Bernoulli. Mas quem fez o trabalho mais importante e decisivo sobre o assunto
foi Euler.

Leonhard Euler nasceu em Basileia, Suı́ça, no ano de 1707, quando o Cálculo Di-
ferencial e Integral, inventado por Newton e Leibniz, estava em expansão. Foi um dos
matemáticos que mais produziu e publicou em todos os tempos, além de ter sido muito
boa pessoa. Seu nome ficou ligado para sempre ao número irracional e, conhecido
como número de Euler, cujo valor é aproximadamente 2, 71828. Muitas das notações
que utilizamos hoje foram introduzidas
√ por ele. Dentre as representações propostas por
Euler, destacamos o i substituindo −1. Euler passou a estudar números da forma
z = a + bi onde a e b são números reais e i2 = −1. Esses números são chamados de
números complexos.

O chamado número imaginário, termo que se consagrou juntamente com a expressão


número complexo, deve-se a uma passagem do Discurso do Método, de Descartes, onde
ele escreveu a seguinte frase: “Nem sempre as raı́zes verdadeiras (positivas) ou falsas
(negativas) de uma equação são reais. Às vezes, elas são imaginárias ”.

A total formulação dos números complexos foi feita em 1833 pelo irlandês W. R.
Hamilton.

1.2 Definição
Há diferentes formas de definir um número complexo. Neste texto, a opção é definir
da forma mais simples e objetiva.

Definição 1.1. Um número


√ complexo z é um número escrito na forma a + bi, sendo
a e b números reais e i = −1 a unidade imaginária.

O número real a é chamado de parte real de z, denotada por Re(z), e o número


real b é chamado de parte imaginária de z, denotada por Im(z).

Escrevemos, assim, z = a + bi = Re(z) + Im(z)i.

Exemplo 1.1. z = 1 − 2 i. ⇒ Re(z) = 1 , Im(z) = −2.


√ √
Exemplo 1.2. z = 3 i. ⇒ Re(z) = 0 , Im(z) = 3.
1 1
Exemplo 1.3. z = − `n5 i. ⇒ Re(z) = , Im(z) = −`n5.
2 2
Introdução 3

1.3 O corpo dos complexos


Dados dois números complexos z1 = a1 + b1 i e z2 = a2 + b2 i, definimos as seguintes
operações de adição e multiplicação:

(i) Adição: z1 + z2 = (a1 + a2 ) + (b1 + b2 )i.

(ii) Multiplicação: z1 z2 = (a1 + b1 i)(a2 + b2 i) = (a1 a2 − b1 b2 ) + (a1 b2 + a2 b1 )i.

Para quaisquer z1 = a1 + b1 i, z2 = a2 + b2 i e z3 = a3 + b3 i pertencentes a C,


temos as seguintes propriedades:

(i) Comutatividade: z1 + z2 = z2 + z1 .

(ii) Associatividade: (z1 + z2 ) + z3 = z1 + (z2 + z3 ) e (z1 z2 )z3 = z1 (z2 z3 ).

(iii) Distributividade: z1 (z2 + z3 ) = z1 z2 + z1 z3 .

E, também, para qualquer z = a + bi pertencente a C, temos as seguintes proprie-


dades:

(iv) Elemento neutro aditivo: z + 0 = z.

(v) Identidade multiplicativa: z ∗ 1 = z.

(vi) Elemento simétrico aditivo: z + (−z) = 0.


1
(vii) Inverso multiplicativo: z = 1.
z

Com essas operações e essas propriedades, o conjunto dos números complexos cons-
titui um corpo.

O número complexo z = x + 0i é identificado com o número real x e, dessa maneira,


o corpo R é visto com um subconjunto de C.

A subtração e a divisão entre dois números complexos é definida por:

(i) Subtração: z1 − z2 = z1 + (−z2 ) = (a1 − a2 ) + (b1 − b2 )i.


z1
(ii) Divisão: = z3 ⇔ z1 = z2 z3 , z2 6= 0.
z2
4 Números complexos

Exemplo 1.4. Escreva, na forma a + bi, cada um dos números complexos (lembre-se
que i2 = −1):
  
1 3
(a) + 5i 2− i .
2 5

Solução:
  
1 3 1 1 3 3
+ 5i 2− i = · 2 − · i + 5i · 2 − 5i · i
2 5 2 2 5 5

3 97 97
=1− i + 10i − 3i2 = 1 + i + 3 = 4 + i .
10 10 10
(b) (3 − 5i)4 .

Solução:

(3 − 5i)4 = [(3 − 5i)2 ]2 = [32 − 2 · 3 · 5i + (5i)2 ]2 = (9 − 30i − 25)2

= (−16 − 30i)2 = (16 + 30i)2 = 256 + 2 · 16 · 30i + (30i)2

= (256 + 960i − 900) = −644 + 960i .

1.3.1 O corpo dos complexos não é ordenado


O conjunto dos números reais, (R, ≤), é um conjunto ordenado, bem como é um
corpo (R, +, ., ≤) ordenado. Já o conjunto dos números complexos, C, pode ser orde-
nado, mas o corpo complexo (C, +, .) não pode ser ordenado.

Antes de tratar da não ordenação do corpo dos complexos, iremos discutir a or-
denação de um conjunto.

Um conjunto A é ordenado se está definida entre seus elementos uma relação de


ordem, ou seja, uma relação binária x < y, com as propriedades dadas a seguir:

Dados os elementos x, y e z pertencentes ao conjunto A, temos:

• Propriedade de Tricotomia: Pode-se ter somente uma das três consequências


x < y, x > y ou x = y;

• Propriedade de Transitividade: se x < y e y < z então x < z.

Nesse caso, podemos pensar na ordenação do conjunto dos complexos considerando,


por exemplo, o que chamamos de ordem do dicionário. Sejam z = a + bi e w = c + di,
tem-se z > w quando a > c, valendo a recı́proca. E, quando a = c, apela-se para a
parte imaginária, b > d, sendo a recı́proca também válida.
Introdução 5

Porém, essa ordenação no corpo dos Complexos não irá fazer sentido.

Consideremos, por exemplo, z = 1 + 2i e w = 2 + i. Nesse caso, terı́amos w > z.


Porém, como C é um corpo, temos que:

z < w ⇐⇒ (1 + 2i) < (2 + i)

⇐⇒ (1 + 2i) · (1 − 2i) < (2 + i) · (1 − 2i) , {[Obs:(1 − 2i) > 0.]}

⇐⇒ 5 + 0i < 3 − 3i . Falso!

Observe que multiplicamos ambos os lados da inequação por um número complexo


positivo (1 − 2i) segundo a regra adotada.
Uma outra forma de verificar é a seguinte: i é positivo segundo a regra, mas o
produto de dois números positivos é positivo. Logo, i.i = −1 deveria ser positivo.

Mesmo se considerarmos i negativo, teremos o produto de dois números negativos


resultando em um número também negativo.

Ou ainda, de forma mais rigorosa, i.i = i2 > 0. Logo, −1 > 0 . Falso!


6 Números complexos

1.4 Representação geométrica


O número complexo z = a + bi pode ser identificado com o ponto de coordenadas a
e b ou com o vetor de componentes a e b.

Usamos o R2 para representar o par (a, b) de números reais e, quando usamos o


plano para representar geometricamente um número complexo, chamamos esse plano
de plano complexo ou plano-z ou ainda plano Argand-Gauss e os eixos serão dados por
Re(z) e Im(z), ao invés de x e y.

Exemplo 1.5. Represente, no plano complexo, cada um dos números complexos dados
a seguir:

(a) z = 1 + i.

(b) z = 5i.
Introdução 7

(c) z1 + z2 , sendo z1 = 1 + i e z2 = 3 − i.

1.5 Conjugado complexo


O conjugado do número complexo z = a + bi é definido por z = a − bi.

Geometricamente, z é a reflexão de z em relação ao eixo real.


8 Números complexos

1.5.1 Propriedades:
*As provas das propriedades estão no Apêndice.

Sejam z = a + bi, z1 = a1 + b1 i e z2 = a2 + b2 i, temos:

(i) z1 + z2 = z1 + z2 .

(ii) z1 − z2 = z1 − z2 .

(iii) z1 z2 = z1 z2 .
 
z1 z1
(iv) = .
z2 z2

(v) z + z = 2x = 2Re(z).

(vi) z − z = 2yi = 2Im(z)i.

(vii) z é um número real se, e só se, z = z.

1.6 Valor absoluto


O valor absoluto ou módulo do número complexo z = a + bi é dado por

| z |=| a + bi |= a2 + b 2 .

Geometricamente, é o comprimento do vetor que representa z ou a distância do


ponto que representa z até a origem.

Assim, | z1 − z2 | é a distância entre os pontos que representam z1 e z2 :


p
| z1 − z2 |= (a1 − a2 )2 + (b1 − b2 )2 .
Introdução 9

1.6.1 Propriedades:
*As provas das propriedades estão no Apêndice.

Sejam z, z1 e z2 números complexos. Temos,

(i) | z |2 = [Re(z)]2 + [Im(z)]2 .

(ii) zz =| z |2 .

(iii) | z |=| z |.

(iv) | z1 z2 |=| z1 || z2 |.

z1 | z1 |
(v) = .
z2 | z2 |

(vi) | z1 + z2 |≤| z1 | + | z2 |.

(vii) | z1 − z2 |≥|| z1 | − | z2 ||≥| z1 | − | z2 |.

OBS.:

z1 z1 z2 z1 z2
= = .
z2 z2 z2 | z2 |2

Exemplo 1.6. Calcule | z | se z = 3 − 4i.

Solução:

p √
| 3 − 4i |= 32 + (−4)2 = 25 = 5 .
 
2−i
Exemplo 1.7. Escreva, na forma a + bi, o número complexo .
3 + 2i
Solução:

(6 − 4i − 3i + 2i2 )
 
2−i (2 − i)(3 − 2i)
= =
3 + 2i (3 + 2i)(3 − 2i) 9 − 4i2

4 − 7i 4 7
= = − i.
9+4 13 13
10 Números complexos

1.7 Forma polar de um número complexo


Sejam r e θ as coordenadas polares do ponto que representa o número complexo
z = a + bi. Temos:

Assim, a = rcosθ e b = rsenθ.

Podemos escrever, z = a + bi = rcosθ + rsenθ i =| z | (cosθ + isenθ).

θ é chamado de argumento de z, representado por arg z, e só é definido para z 6= 0.

OBS.:
O argumento de z não é único. Se a igualdade z = r(cosθ + isenθ) é verdadeira
para um valor de θ, também será para θ + 2kπ , k ∈ Z.

Muitas vezes, usamos o argumento principal de um número complexo, denotado


por Arg Z, tal que −π < Arg z ≤ π. Mais adiante no curso, quando forem estudadas
as funções exponenciais e logarı́tmicas complexas, será explicado o motivo de usar esse
intervalo.
Introdução 11

Exemplo 1.8. Determine o módulo e os (possı́veis) argumentos dos seguintes números


complexos:

(a) z = 2 + 2i.

Solução:
√ √
Temos que | z |= 22 + 22 = 2 2.

Para o argumento, observamos o gráfico a seguir:

2 π
Temos que tg(θ) = = 1 ⇒ θ = + 2kπ , k ∈ Z .
2 4
π π
Todos os arcos côngruos a são argumentos de z e o argumento principal é .
4 4
(b) z = −3i.

Solução:
p √
Temos que | z |= 02 + (−3)2 = 9 = 3 .

π
Nesse caso, θ = − + 2kπ , k ∈ Z .
2
π
O argumento principal é − .
2
(c) z = 4.
12 Números complexos

Solução:


Temos que | z |= 42 + 02 = 4 .

Nesse caso, θ = 0 + 2kπ , k ∈ Z .

O argumento principal é 0 .

(d) z = i.

Solução:


Temos que | z |= 02 + 12 = 1 .

π
Nesse caso, θ = + 2kπ , k ∈ Z .
2
π
O argumento principal é .
2

Exemplo 1.9. Determine o argumento principal, Arg Z, do número dos seguintes


números complexos:

(a) z = 1 − i.

Solução:
Introdução 13

 π 1
Temos que tg − = − = −1.
4 1
(b) z = −2.

Solução:

Observamos que o argumento principal é π, pois o intervalo do argumento principal


é −π < ArgZ ≤ π .

Fórmula de Euler
As chamadas funções exponenciais complexas só serão estudadas mais adiante nesse
texto, porém uma relação muito importante deve ser comentada desde já, conhecida
como a Fórmula de Euler:

eiθ = cos(θ) + isen(θ) .


Com isso, por exemplo, teremos eiπ = cos(π) + isen(π) = −1 conhecida com
identidade de Euler e muito usada em áreas de aplicações dos números complexos.
14 Números complexos

1.8 Produtos, potências e quocientes de números


complexos, na forma polar
1.8.1 Produtos
Sejam z1 = r1 (cosθ1 + isenθ1 ) e z2 = r2 (cosθ2 + isenθ2 ). Temos,

z1 z2 = r1 r2 (cosθ1 + isenθ1 )(cosθ2 + isenθ2 )


= r1 r2 [(cosθ1 cosθ2 − senθ1 senθ2 ) + i(cosθ1 senθ2 + senθ1 cosθ2 )]
= r1 r2 [cos(θ1 + θ2 ) + isen(θ1 + θ2 )].
Ou, podemos escrever, z1 z2 = r1 r2 θ1 + θ2 .


Exemplo 1.10. Sejam z1 = 2 + 2i e z2 = 1 + 3i. Calcule z1 z2 .
Solução:
√ √ √
Para z1 = 2 + 2i, temos que | z1 |= 22 + 22 = 8 = 2 2 . E o argumento principal,
π
Argz1 = θ = .
4

Escrevemos, z1 = 2 + 2i = 2 2 π/4.

√ q √ 3 π
Para z2 = 1 + 3i, temos que | z2 |= 12 + ( 3)2 = 2 . E, tg θ = ⇒θ= .
1 3

Portanto, 1 + 3i = 2 π/3 .

Assim,

z1 z2 = (2 + 2i)(1 + 3i)

= (2 2 π/4)(2 π/3)

= 4 2 7π/12

= 4 2[cos(7π/12) + isen(7π/12)].
√ √ √ √ √
21 2 3 2− 6
Mas cos(7π/12) = cos(π/4 + π/3) = − = .
2 2 2 2 4
√ √ √ √ √
21 3 2 2+ 6
E, sen(7π/12) = sen(π/4 + π/3) = + = .
2 2 2 2 4
Logo,
√ √ ! √ √ !!
√ 2− 6 2+ 6
z1 z2 = 4 2 +i
4 4
Introdução 15

ou
√  √ 
z1 z2 = 2−2 3 +i 2+2 3 .
√ !
1 3
Exemplo 1.11. Escreva na forma polar o produto (1 − i)(2i) + i .
2 2

Solução:
p √
Para z1 , temos | z1 |= 12 + (−1)2 = 2,
1 π π
tg(θ) = = −1 ⇒ θ = − + 2kπ , k ∈ Z . Arg z1 = − .
−1 4 4

Obtemos, z1 = (1 − i) = 2 −π/4 .

Para z2 , temos | z2 |= 2,
π
Arg z2 = .
2
Obtemos, z2 = 2i = 2 π/2 .

√ !2
v
u 2
u 1 3
Para z3 , temos | z3 |= t + = 1,
2 2

3/2 √ π π
tg θ = = 3 ⇒ θ = + 2kπ , k ∈ Z . Arg z3 = .
1/2 3 3
√ !
1 3
Obtemos, z3 = + i = 1 π/3 .
2 2
Assim,
√ !
1 3 √
(1 − i)(2i) + i = 2 −π/4 · 2 π/2 · 1 π/3
2 2

= 2 2 7π/12 .

OBS.:

Notações:

z1 z2 = 2 2 7π/12 . (forma polar)

z1 z2 = 2 2[cos(7π/12) + isen(7π/12)] . (forma trigonométrica)
√  √ 
z1 z2 = 2 − 2 3 + 2 + 2 3 i . (forma retangular ou cartesiana)
16 Números complexos

1.8.2 Potências
Temos, z1 z2 . . . zn = r1 r2 . . . rn [cos(θ1 + θ2 + . . . + θn ) + isen(θ1 + θ2 + . . . + θn )].

Se z = r(cosθ + isenθ) , n ∈ Z∗+ ⇒ z n = rn [cos(nθ) + isen(nθ)].

A fórmula acima é chamada de fórmula de De Moivre.

E, (cosθ + isenθ)n = cos(nθ) + isen(nθ).

1
Também, (cosθ + isenθ)−n = = cos(nθ) − isen(nθ).
cosnθ + isennθ
1 1 1
Temos que = (cos(−θ) + isen(−θ)) = −θ .
z r r

Exemplo 1.12. Seja z = 1 + i. Escreva, na forma a + bi, o número complexo z 100 .

Solução:

Temos, z = 1 + i ⇒ z = 2 π/4.

z 100 = ( 2)100 100π/4 .

Portanto, z = 250 25π = 250 (cos25π + isen25π) = 250 (−1) = −250 .


Exemplo 1.13. Escreva na forma a + bi o número complexo (2i)50 · (1 + 3i)20 .

Solução:

z1 = (2i)50 = (2 π/2)50 = 250 50π/2 = 250 25π = −250 .



z2 = (1 + 3i)20 = (2 π/3)20 = 220 20π/3 = 220 [cos(20π/3) + isen(20π/3)] .

20π 2π 2π
Mas, = 6π + = 3 · 2π + .
3 3 3
        √
20π 2π 1 20π 2π 3
Assim, cos = cos =− sen = sen = .
3 3 2 3 3 2
√ !
√ 1 3
Obtemos, z2 = (1 + 3i)20 = 220 · − + i
2 2
√ !
√ 1 3 √
Logo, (2i)50 · (1 + 3i)20 = (−250 · 220 ) − + i = 269 − 269 3i .
2 2
Introdução 17

1.8.3 Quocientes
z1 r1
Temos que = [cos(θ1 − θ2 ) + isen(θ1 − θ2 )] , r2 6= 0.
z2 r2
√ √
Exemplo 1.14. Sejam z1 = 1 + 3i e z2 = 1 − 3i . Escreva, na forma a + bi, o
z1
número complexo .
z2

Solução:
√ √
z1 = 1 + 3i = 2 π/3 e z2 = 1 − 3i = 2 −π/3.

z1 2 π/3
Portanto, = = 2/2 π/3 − (−π/3) = 1 2π/3 .
z2 2 −π/3

    √
z1 2π 2π 1 3
Assim, = cos + isen =− + i.
z2 3 3 2 2

(1 + 3i)20
Exemplo 1.15. Escreva na forma a + bi o número complexo .
(1 − i)30

Solução:

z1 = (1 + 3i)20 = (2 π/3)20 = 220 20π/3 = 220 2π/3 .

z2 = (1 − i)30 = ( 2 −π/4)30 = 215 −15π/2 = 215 −3π/2 = 215 π/2 .

(1 + i 3)20 220 2π/3
Assim, = = 25 2π/3 − π/2 = 25 π/6 .
(1 − i)30 215 π/2
√ √ !
(1 + i 3)20  π π 3 1 √
Portanto, = 32 cos + isen = 32 + i = 16 3 + 16i .
(1 − i)30 6 6 2 2

1.9 Extração de raı́zes de números complexos


Queremos resolver a equação z n = z0 , sendo z0 = r0 θ0 e z = r θ.

Temos, z n = z0 ⇔ rn [cos(nθ) + isen(nθ)] = r0 (cosθ0 + isenθ0 ) .

θ0 + 2kπ
Assim, rn = r0 e nθ = θ0 + 2kπ , k ∈ R ⇒ θ = .
n
 
√ θ0 + 2kπ θ0 + 2kπ
Logo, z = r0 cos
n + isen , k ∈ Z.
n n
Observamos, porém, que os valores k = 0, 1, 2, . . . , n − 1 são suficientes para que as
n raı́zes sejam obtidas.
18 Números complexos

Exemplo 1.16. Calcule, em C, as raı́zes das equações:

(a) z 3 = 1.

Solução:

Temos, z0 = 1 ⇒ |z0 | = r0 = 1 e θ0 = 0 .

3 2kπ
r= 1 = 1, θ = .
3
 
2kπ 2kπ
Assim, z = cos + isen , k = 0, 1, 2 .
3 3

Para k = 0, temos z1 = cos0 + isen0 = 1 .



2π 2π 1 3
Para k = 1, temos z2 = cos + isen =− + i.
3 3 2 2

4π 4π 1 3
Para k = 2, temos z3 = cos + isen =− − i.
3 3 2 2

(b) z 2 = 1 − 3i.

Solução:
√ π
Temos, z0 = 1 − i 3 ⇒ |z0 | = r0 = 2 e θ0 = − .
3
√ π
r = 2 , θ = − + kπ
6
√ h  π   π i
Assim, z = 2 cos − + kπ + isen − + kπ , k = 0, 1 .
6 6

√ !
√  π π √ 3 1
Para k = 0, temos z1 = 2 cos − + isen − = 2 − i .
6 6 2 2
√ h  π   π i
Para k = 1, temos z2 = 2 cos − + 2π + isen − + 2π
6 6
√ !
√ √
 
5π 5π 3 1
z2 = 2 cos + isen = 2 − + i .
6 6 2 2
Devemos observar que as raı́zes não são conjugadas, pois os coeficientes da equação
não são números reais!

(c)z 4 = 1.

Solução:
Introdução 19

Temos, z0 = 1 ⇒ |z0 | = r0 = 1 e θ0 = 0 .

4 kπ
r= 1 = 1, θ =
2
kπ kπ
Assim, z = cos + isen , k = 0, 1, 2, 3 .
2 2

Para k = 0, temos z1 = 1 .
π π
Para k = 1, temos z2 = cos + isen = i .
2 2
Para k = 2, temos z3 = cosπ + isenπ = −1 .
3π 3π
Para k = 3, temos z4 = cos + isen = −i .
2 2
(d) z 3 = 1 − i.

Solução:
√ π
Temos, z0 = 1 − i ⇒ |z0 | = r0 =2 e θ0 = − .
4
p3
√ √ −π/4 + 2kπ
r= 2 = 6 2, θ =
3

 
6 −π/4 + 2kπ −π/4 + 2kπ
Logo, z = 2 cos + isen , k = 0, 1, 2 .
3 3


6
 π π √6
 π π
Para k = 0, temos z1 = 2 cos − + isen − = 2 cos − isen .
12 12 12 12

 
6 7π 7π
Para k = 1, temos z2 = 2 cos + isen .
12 12
√ √
   
6 15π 15π 6 5π 5π
Para k = 2, temos z3 = 2 cos + isen = 2 cos + isen .
12 12 4 4

1 + cos2x 1 − cos2x
Usando as identidades trigonométricas cos2 x = e sen2 x = ,
2 2
obtemos as raı́zes:
p √ p √ !

6 2+ 3 2− 3
z1 = 2 −i ,
2 2
√ √ ! √ √ !!
√ 2 6 2 6
z2 = 6 2 − +i + ,
4 4 4 4
√ √ !

6 2 2
z3 = 2 − +i .
2 2
20 Números complexos

1.10 Regiões no plano complexo


Esse tópico trataremos através de exemplos.

Exemplo 1.17. Represente, graficamente, no plano complexo, os seguintes conjuntos:

(a) {z ∈ C|Re(z) < −3}.

Solução:

Quando escrevemos Re(z) < −3 é o equivalente, no R2 , escrever x < −3 .

No plano complexo, temos:

 √
(b) z ∈ C| | z − 2i |>| 1 − 3i | .

Solução:

√ q √
Primeiro, calculamos | 1 − 3i |= 12 + ( 3)2 = 2 .

Queremos descrever o conjunto dos pontos no plano complexo tais que | z − 2i |> 2 .

Há duas formas de tratar esse caso:

Na primeira, podemos pensar geometricamente. A região é o conjunto dos pontos


que distam mais que 2 unidades do ponto que representa o número complexo 2i .

Temos, no plano complexo, os pontos exteriores a um cı́rculo centrado no ponto que


representa o complexo 2i e raio 2 .
Outra maneira de resolver, é substituindo z por x + yi e resolvendo a inequação:
Introdução 21

| z − 2i | > 2

| (x + yi) − 2i | > 2

| x + (y − 2)i | > 2
p
x2 + (y − 2)2 > 2

.
Assim, x2 + (y − 2)2 > 4 .
22 Números complexos

(c) {z ∈ C|0 < argz < π/3}.

Solução:

(d) {z ∈ C|Re(z 2 ) ≥ 1}.

Solução:

Temos que z 2 = (x + yi)2 = (x2 + 2xyi + y 2 i2 ) = (x2 − y 2 ) + 2xyi .

Portanto, Re(z 2 ) = x2 − y 2 .

x2 − y 2 ≥ 1 é o conjunto dos pontos à direita e à esquerda dos ramos da hipérbole


x − y2 = 1 .
2
Introdução 23

1.11 Exercı́cios
1. Simplifique:

(1 + i)2 (1 + i)6 2 eπi


 
(a) Re (c) (e)
3 + 2i i3 (1 + 2i)2 2−i
  √ 2−2πi
2−i 2e
(b) Im (d) (1 − i)4 (f)
4 − 3i e1+πi

2. Encontre todos os valores de z ∈ C tais que:

(a) z 3 − i = 0 1 (e) z 3 = (1 − i)8


(c) z 2 =
√ 1+i
(b) z 2 = 3 + i 3 6
(d) z + 64 = 0 (f) z −4/3 = −1

3. Seja Arg(z) , −π < Arg(z) ≤ π, o valor principal do argumento de z. Determine


Arg(z):

(a) z = −1 − i (b) z = 1 − i 3 (c) z = −4i (d) z = −3

4. Represente, no plano complexo, as regiões:

(a) Re[(1 + i)z] ≥ 0 (c) | z − 1 − i |≤| 1 + i |


π
(b) Im(z − i) ≥ 0 (d) 0 < Arg(z) ≤
2
24 Números complexos

1.12 Soluções dos Exercı́cios


1. (a) (1 + i)2 = (1 + 2i − 1) = 2i (d) (1 − i)4 
2i(3 − 2i) √ 4
   π 
2i (−π)
⇒ = = ( 2) cos 4 + isen 4
3 + 2i (3 + 2i)(3 − 2i) 4 4
2 = −4.
 
4 6 (1 + i) 4
= +i ⇒ Re = .
13 13 3 + 2i 13
2−i (2 − i)(4 + 3i) 2eπi 2.(−1) −2(2 + i)
(b) = (e) = =
4 − 3i (4 − 3i)(4 + 3i) 2−i 2−i (2 − i)(2 + i)
11 + 2i

2−i

2 4 2
= ⇒ Im = . = − − i.
25 4 − 3i 25 5 5

(1 + i)6 |(1 + i)6 | √ 2−2πi √ 2 −2πi


(c) = 2e 2e e
i3 (1 2 |i3 | |(1 + 2i)2 | (f) =
√+ 62i) e√1+πi eeπi
( 2) (cos6π/4 + isen6π/4) 2e2 [cos(2π) − isen(2π)]
= =
|−i| |(1 + 4i − 4)| √ e[cos(π) + isen(π)]
|8(−i)| 8 2e 2 √
= = . = = − 2e.
|i| |−3 + 4i| 5 e(−1)

π
2. (a) z0 = i ⇒ r = 1 , θ = .
2


3 3 π/2 + 2kπ π/2 + 2kπ
z = z0 = i ⇒ z = 1 cos + isen , k = 0, 1, 2.
3 3
√ √
3 1 3 1
k = 0 ⇒ z1 = + i , k = 1 ⇒ z2 = − + i , k = 2 ⇒ z3 = −i.
2 2 2 2
√ √ π
(b) z0 = 3 + i 3 ⇒ r = 12 , θ = .
6
√ √
 
π/6 + 2kπ π/6 + 2kπ
z 2 = z0 = 3 + i 3 ⇒ z = 12 cos
4
+ isen , k =
2 2
0, 1.
√  π π
k = 0 ⇒ z1 = 4 12 cos + isen .
12 12
1 + cos2θ
Mas, cos2 θ = ⇒ cos2θ = 2cos2 θ − 1. Analogamente, sen2θ =
2
2cos2 θ + 1.
r √ r √
π 2+ 3 π 2− 3
Portanto, cos = e sen = .
12 4 12 4
r √ r √ !
√4 2+ 3 2− 3
z1 = 12 +i .
4 4
Introdução 25

√ √ h
 
4 13π 13π π  π i
k = 1 ⇒ z2 = 12 cos + isen = 4 12 cos + π + isen +π ⇒
12 12 12 12
z2 = −z1 .
r
1 1(1 − i) 1 i 1 π
(c) z0 = = = − ⇒r= , θ= .
1+i (1 + i)(1 − i) 2 2 2 4
 
2 1 i 1 π/4 + 2kπ π/4 + 2kπ
z = z0 = − ⇒ z = √ 4
cos + isen , k = 0, 1.
2 2 2 2 2
1  π π π 1 − cosπ/4
k = 0 ⇒ z1 = √ 4
cos + isen . Mas, sen2 = .
2 8 8 8 2
p √ p √
π 2− 2 π 2+ 2
Assim, sen = e cos = .
8 2 8 2
r √ r √ !
1 2 2
z1 = √
4
2+ +i 2− e z2 = −z1 .
2 4 4

(d) z0 = −64 ⇒ r = 64 , θ = π.


    
6 6 π + 2kπ π + 2kπ
z = z0 = −64 ⇒ z = 64 cos + isen , k =
6 6
0, 1, 2, 3, 4, 5.
√ !
3 1 √
k = 0 ⇒ z1 = 2 +i ⇒ z1 = 3 + i.
2 2
k = 1 ⇒ z2 = 2 (0 + i) ⇒ z2 = 2i.
√ !
3 1 √
k = 2 ⇒ z3 = 2 − +i ⇒ z3 = − 3 + i.
2 2
√ !
3 1 √
k = 3 ⇒ z4 = 2 − −i ⇒ z4 = − 3 − i.
2 2
k = 4 ⇒ z5 = −2i.

k = 5 ⇒ z6 = 3 − i.

(e) z0 = (1 − i)8 = ( 2)8 [cos8(−π/4) + isen8(−π/4)] = 16 ⇒ r = 16 , θ = 0.


    
3 2kπ 2kπ
z= 16 cos + isen .
3 3
√ !

3 1 3 √
3
k = 0 ⇒ z1 = 2 2 , k = 1 ⇒ z2 = 2 2 − + i , k = 2 ⇒
2 2
√ !

3 1 3
z3 = 2 2 − − i .
2 2
26 Números complexos

4
(f) ( z1 ) 3 = −1 ⇔ z 4 = −1.

z0 = −1 ⇒ r = 1 , θ = π.


    
4 π + 2kπ π + 2kπ
z = 1 cos + isen , k = 0, 1, 2, 3.
4 4
√ √ √ √
2 2 2 2
k = 0 ⇒ z1 = +i , k = 1 ⇒ z2 = − +i .
2 2 2 2
√ √ √ √
2 2 2 2
k = 2 ⇒ z3 = − −i , k = 3 ⇒ z4 = −i .
2 2 2 2

3π π
3. (a) Argz = − . (c) Argz = − .
4 2
π
(b) Argz = − . (d) Argz = π.
3

4. (a) Re[(1 + i)z] ≥ 0 ⇔ Re[(x − y) + (x + y)i] ≥ 0 ⇒ x ≥ y.

(b) Im(z − i) ≥ 0 ⇔ Im(x + (y − 1)i) ≥ 0 ⇒ y ≥ 1.


Introdução 27

(c) |z − 1 − i| ≤ |1 + i| ⇔ |(x + yi) − 1 − i| ≤ |1 + i| ⇒ (x − 1)2 + (y − 1)2 ≤ 2.

π
(d) 0 < arg(z) ≤ .
2
28 Números complexos
Apêndice

Provas de Propriedades

Seção 1.5.1

(i) z1 + z2 = z1 + z2

Prova:

z1 + z2 = (a1 + b1 i) + (a2 + b2 i) = (a1 + a2 ) + (b1 + b2 )i


= (a1 + a2 ) − (b1 + b2 )i = (a1 − b1 i) + (a2 − b2 i)
= z1 + z2 .

(ii) z1 − z2 = z1 − z2

Prova:

z1 − z2 = (a1 + b1 i) − (a2 + b2 i) = (a1 − a2 ) + (b1 − b2 )i


= (a1 − a2 ) − (b1 − b2 )i = (a1 − b1 i) − (a2 − b2 i)
= z1 − z2 .

(iii) z1 z2 = z1 z2

Prova:

z1 z2 = (a1 + b1 i)(a2 + b2 i) = a1 a2 + a1 b2 i + a2 b1 i − b1 b2
= (a1 a2 − b1 b2 ) − (a1 b2 + a2 b1 )i = (a1 − b1 i)(a2 − b2 i)
= z1 z2 .

 
z1 z1
(iv) =
z2 z2

29
30 Números complexos

Prova:
       
z1 a1 + b 1 i (a1 + b1 i)(a2 − b2 i) (a1 + b1 i)(a2 − b2 i)
= = =
z2 a2 + b 2 i (a2 + b2 i)(a2 − b2 i) a22 − b22 i2
 
(a1 a2 + b1 b2 ) + (a2 b1 − a1 b2 )i
=
a22 + b22

(a1 a2 + b1 b2 ) − (a2 b1 − a1 b2 )i
= .
a22 + b22

Por outro lado,

z1 (a1 − b1 i) (a1 − b1 i)(a2 + b2 i)


= =
z2 (a2 − b2 i) (a2 − b2 i)(a2 + b2 i)

(a1 a2 + b1 b2 ) − (a2 b1 − a1 b2 )i
= .
a22 + b22

(v) z + z = 2x = 2Re(z)

Prova:

z + z = [Re(z) + iIm(z)] + [Re(z) − iIm(z)] = 2Re(z) .

(vi) z − z = 2yi = 2Im(z)i

Prova:

z + z = [Re(z) + iIm(z)] − [Re(z) − iIm(z)] = 2Im(z)i .

Seção 1.6.1

(i) | z |2 = [Re(z)]2 + [Im(z)]2

Prova:


| z |2 = ( a2 + b2 )2 = a2 + b2 = [Re(z)]2 + [Im(z)]2 .
Introdução 31

(ii) zz =| z |2

Prova:

zz = (a + bi)(a − bi) = a2 − b2 i2 = a2 + b2 =| z |2 .

(iii) | z |=| z |

Prova:

| z | =| (a − bi) | p
=|√(a + (−b)i) |= a2 + (−b)2
= a2 + b 2
=| z | .

(iv) | z1 z2 |=| z1 || z2 |.

Prova:

| z1 z2 | =| (a1 + b1 i)(a2 + b2 i) |
=|p(a1 a2 − b1 b2 ) + (a1 b2 + a2 b1 )i |
= p(a1 a2 − b1 b2 )2 + (a1 b2 + a2 b1 )2
= a21 a22 + a21 b22 + a22 b21 + b21 b22 .
E, p p
| z1 || z2 | = p(a21 + b21 ) (a22 + b22 )
= a21 a22 + a21 b22 + a22 b21 + b21 b22 .

z1 | z1 |
(v) =
z2 | z2 |

Prova:

z1 a + bi (a + bi) · (c − di) ac − adi + bci − bdi2


= = =
z2 c + di (c + di) · (c − di) c2 − d 2 i 2
p
(ac + bd) + (bc − ad)i (ac + bd)2 + (bc − ad)2
= = p
c2 + d 2 (c2 + d2 )2

a2 c2 + 2acbd + b2 d2 + b2 c2 − 2bcad + a2 d2
= p
(c2 + d2 )2
32 Números complexos
p p √
a2 (c2 + d2 ) + b2 (c2 + d2 ) (a2 + b2 ) · (c2 + d2 ) a2 + b 2 |z1 |
= p = p =√ = .
2
(c + d ) 2 2 2
(c + d ) 2 2 2
c +d 2 |z2 |

(vi) | z1 + z2 |≤| z1 | + | z2 |

Prova:
√ √ 2
(|z1 | + |z2 |)2 = a2 + b 2 + c 2 + d 2
√ √
= a2 + b2 + 2 · a2 + b2 · c2 + d2 + c2 + d2
p
= a2 + b2 + 2 · (a2 + b2 )(c2 + d2 ) + c2 + d2

= c 2 + d 2 + a2 + b 2 + 2 · a2 c 2 + a2 d 2 + b 2 c 2 + b 2 d 2
p
= c2 + d2 + a2 + b2 + 2 · (ac + bd)2 − 2 · ac · bd + a2 d2 + b2 c2
p
= c2 + d2 + a2 + b2 + 2 · (ac + bd)2 + (ad − bc)2
p
≥ c2 + d2 + a2 + b2 + 2 · (ac + bd)2
= c2 + d2 + a2 + b2 + 2 · |ac + bd|
≥ c2 + d2 + a2 + b2 + 2 · (ac + bd)
= (a2 + 2 · ac + c2 ) + (b2 + 2 · bd + d2 )
= (a + c)2 + (b + d)2 = |z1 + z2 |2

Ou seja, (|z1 | + |z2 |)2 ≥ |z1 + z2 |2 =⇒ |z1 + z2 | ≤ |z1 | + |z2 |.

(vii) | z1 − z2 |≥|| z1 | − | z2 ||≥| z1 | − | z2 |

Primeiro, vamos provar a desigualdade ||z1 | − |z2 || ≥ |z1 | − |z2 |:

Percebemos que quando |z1 | ≥ |z2 |, podemos dizer que ||z1 | − |z2 || = |z1 | − |z2 |.
Porém, quando |z1 | < |z2 |, podemos dizer que ||z1 | − |z2 || > |z1 | − |z2 |, pois o
termo da direita será negativo e o da esquerda positivo.

Provando |z1 − z2 | ≥ ||z1 | − |z2 || ≥ |z1 | − |z2 |:


√ √ 2
(|z1 | − |z2 |)2 = a2 + b2 − c2 + d2
√ √
= a2 + b2 − 2 · a2 + b2 · c2 + d2 + c2 + d2
p
= a2 + b2 − 2 · (a2 + b2 )(c2 + d2 ) + c2 + d2

= c 2 + d 2 + a2 + b 2 − 2 · a2 c 2 + a2 d 2 + b 2 c 2 + b 2 d 2
Introdução 33
p
= c 2 + d 2 + a2 + b 2 − 2 ·
(ac + bd)2 − 2 · ac · bd + a2 d2 + b2 c2
p
= c2 + d2 + a2 + b2 − 2 · (ac + bd)2 + (ad − bc)2
p
≤ c2 + d2 + a2 + b2 − 2 · (ac + bd)2
= c2 + d2 + a2 + b2 − 2 · |ac + bd|
≤ c2 + d2 + a2 + b2 − 2 · (ac + bd)
= (a2 − 2 · ac + c2 ) + (b2 − 2 · bd + d2 )
= (a − c)2 + (b − d)2 = |z1 − z2 |2

Ou seja, (|z1 | − |z2 |)2 ≤ |z1 − z2 |2 =⇒ |z1 − z2 | ≥ |z1 | − |z2 |.

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