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De acordo com o estipulado no Decreto-Lei nº 15/2007 de 19 de Janeiro, artigo 5º

a) O direito a emitir opiniões e recomendações sobre as orientações e o funcionamento do


estabelecimento de ensino e do sistema educativo, os professores deste departamento avançam com
as seguintes reflexões:

Estamos convictos que o modelo de avaliação de desempenho a que nos querem obrigar vai
contribuir para a criação de conflitos, enfraquecimento de laços de cooperação e, na generalidade,
culminar com o enfraquecimento das relações de respeito entre os docentes. Esta situação contraria
totalmente tudo aquilo em que acreditamos e que se encontra consignada no Decreto-Lei nº 15/2007
de 19 de Janeiro:

Artigo 10º- Deveres gerais

c) Colaborar com todos os intervenientes no processo educativo, favorecendo a criação de laços de


cooperação e o desenvolvimento de relações de respeito e reconhecimento mútuo, em especial entre
docentes, alunos, encarregados de educação e pessoal não docente

Artigo 10º-B- Deveres para com a escola e os outros docentes

Constituem deveres específicos dos docentes para com a escola e outros docentes:

d) Promover o bom relacionamento e a cooperação entre todos os docentes, dando especial atenção
aos que se encontram em início de carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu
exercício profissional;

e) Partilhar com os outros docentes a informação, os recursos didácticos e os métodos pedagógicos,


no sentido de difundir as boas práticas e de aconselhar aqueles que se encontrem no início de
carreira ou em formação ou que denotem dificuldades no seu exercício profissional;

h) Defender e promover o bem-estar de todos os docentes, protegendo-os de quaisquer situações de


violência física ou psicológica, se necessário solicitando a intervenção de pessoas e entidades
alheias à instituição escolar.

É com base nos pressupostos anteriores que passamos a apresentar as seguintes considerações:

1-O modelo de avaliação apresentado pelo Ministério da Educação contraria e subverte alguns dos
aspectos estipulados no Estatuto da carreira docente, acentuando perigosamente a tendência para o
trabalho individual em detrimento do trabalho colaborativo. A avaliação de desempenho poderá não
ser justa e imparcial se for feita entre pares. Não podemos esquecer-nos que somos professores,
aqui, nesta escola, e fomos criando ao longo dos anos relações de cooperação, de partilha de
materiais e de amizade que se encontram seriamente ameaçadas. A divisão da carreira docente em
professores titulares e não titulares, apenas de natureza administrativa, sendo o tempo de serviço um
dos critérios, não reflecte necessariamente o total domínio de competências de avaliação dos
colegas. Uma avaliação entre pares apenas deverá ser de natureza formativa e não, como
pretendem, culminar numa classificação e consequente seriação.

Consideramos que a avaliação de desempenho deve ser inserida no processo de avaliação externa da
escola e os professores libertos das tarefas burocráticas associadas à mesma.
2-Existe uma grande sobrecarga de trabalho, o que nos obriga a despender muito para além das 35
horas de trabalho semanal. Cansados e indignados com a pouca consideração e falta de
reconhecimento do nosso trabalho, pela sociedade em geral, consideramos que devemos apresentar
sugestões que revertam esta situação:

-Pretendemos que o nosso horário de trabalho - lectivo, não lectivo e individual - passe a ser
cumprido integralmente na Escola. Para tal necessitamos de gabinetes, por grupos disciplinares,
devidamente equipados com computadores, impressora e restantes materiais de escritório onde
possamos realizar todas as tarefas inerentes à nossa função. As nossas casas não devem continuar a
ser a extensão da escola, transformadas em gabinetes clandestinos sem horários de funcionamento!

3-A motivação, o sentido de humor e a disponibilidade, estados de espírito fundamentais para o


exercício da nossa profissão, estão a esgotar-se e a desaparecer de forma directamente proporcional
à quantidade de legislação que constantemente nos abafa! O trabalho informal, que com frequência
acontecia na sala de professores e que culminava muitas vezes em actividades importantes para os
alunos e para a escola, está a desaparecer gradualmente… os professores sentem-se física e
emocionalmente indisponíveis!

Como professores deste departamento, avaliadores e avaliados, temos o dever de alertar para os
inconvenientes da aplicação do actual modelo de avaliação de desempenho do pessoal docente.
Consideramos que não devemos retirar tempo ao tempo que temos para dedicar aos alunos.

Face ao exposto, os professores deste departamento, por unanimidade, propõem a suspensão da


aplicação do actual Modelo de Avaliação de Desempenho.

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