Você está na página 1de 25

Inovando através de alianças estratégicas: movendo-

se em direção a parcerias internacionais e acordos


contratuais

Rajneesh Narula, John Haerdoorn1


University of Oslo and the STEP Group, University of Oslo, PB 1108 Blindern, N-0317 Oslo, Norway
b
MERIT, Postbus 616 Maastricht University, 6200 MD Maastricht, The Netherlands
Received 22 August 1998; accepted 4 November 1998

Resumo
Alianças estratégicas estão se tornando sempre mais populares,
particularmente para empreender atividades de desenvolvimentos tecnológicos.
Sua rápida ascensão desde a década de 80 é encarada como uma evidência
adicional da globalização. Neste artigo analisamos as tendências das alianças
tecnológicas estratégicas (ATEs). Em particular, o uso da ATE internacional tem
crescido apesar de mais lentamente nas firmas dos EUA do que na Europa e Japão.
Além disso, eles tem crescido com o uso de acordos não intensivos em capital, o
que parece ser um meio superior para empreender no desenvolvimento tecnológico
em setores de alta tecnologia e de setores de rápida evolução. Dentre outras
coisas, nossa análise sugere que, na medida em que estas Alianças Estratégicas
Tecnológicas vão surgindo, causam o aparecimento de outras empresas para fazer o
que as empresas do mesmo setor fazem, independentemente de sua nacionalidade.

Palavras-Chave: Alianças Estratégicas; P&D; Inovação; Internacionalização; Formas de


Organização; Globalização; Corporações multinacionais

1. Introdução

Dificilmente, nos dias de hoje passamos sem verificar o surgimento de


algum anúncio na imprensa de aliança estratégica ou dissolução de outras.
O crescimento da popularidade desta “nova” forma de atividade é dada
como uma prova da irremediável marcha para a globalização,
especialmente porque um grande e crescente número destes acordos
envolvem firmas de no mínimo duas nacionalidades.
É essencial, antes de prosseguirmos, estabelecermos o que definimos
por globalização. Globalização é usada aqui para nos referirmos ao aumento
nos padrões de consumo e níveis de renda entre países, em paralelo ao
aumento das atividades além das fronteiras das firmas destes países
(Dunning and Narula, 1998). Duas primeiras ressalvas devem ser notadas a
respeito deste fenômeno. Primeiro, a globalização é fundamentalmente e
principalmente associada com os países industrializados da tríade (Europa,
América do Norte e Japão). Segundo, seus efeitos variam entre indústrias, e

1Este texto é uma tradução feita a partir de HAGENDOORN,J., NARULA, R. 1998 por Rodrigo Hermont
Ozon. Erros e omissões são de minha inteira responsabilidade.
se mostram particularmente graves em setores que são capital e
conhecimento-intensivos, bem como daqueles que dependem de novas
tecnologias e rápida evolução.
É importante lembrar que uma outra definição de globalização diz
respeito a países que vem se tornando similares, mas isto não significa dizer
que suas economias estão se tornando idênticas (Archibugi and Pianta,
1992; Narula, 1996). Esta elucidação é crucial pois estes setores essenciais
estão onde as firmas tem se internacionalizado rapidamente, não somente
porque as permitem competir em vários mercados simultaneamente, mas
também porque as permitem explorar e utilizar ativos e tecnologias que
podem ser muito específicas em localizações particulares. Como
Knickerbocker (1973) inicialmente demonstrou, as firmas algumas vezes se
estabelecem em alguns mercados simplesmente porque seus competidores
fizeram o mesmo.
Levando isso em consideração e também o fato de que ambas; inovação
e/ou respostas rápidas as inovações de um único competidor são a chave
para a sobrevivência num ambiente de mercado; a necessidade de se
mostrar onipresente se torna óbvia.
Infelizmente, os altos custos e riscos de cada uma destas opções tem se
mostrado onipresente e onerosa. Muitas firmas tem de arcar com a
duplicação de sua cadeia de valor em diferentes localizações, e como tal,
tem de considerar atividades colaborativas.
O uso da colaboração para empreender as relações de produção com
outras firmas é tão antiga quanto o próprio tempo, mas a novidade surge
pelo menos em quatro níveis. Primeiro, a colaboração é agora
freqüentemente considerada como uma primeira melhor opção, em vez de
um último recurso (Dunning, 1995). Segundo, as firmas cada vez mais
fazem uso de tais acordos para empreender em P&D, uma atividade que é
tradicionalmente guardada a sete chaves. Estimativas recentes apontam
para o número de colaborações em P&D na faixa de 10 a 15% de todos os
acordos e acredita-se que este número tem triplicado desde a década de
802.
Terceiro, não são unicamente as firmas que estão fazendo mais
colaboração através de P&D, elas o fazem com parcerias estrangeiras
(Hagerdoorn, 1996). E quarto; a novidade em termos de alianças em P&D é

2Estas estimativas são baseadas nos resultados obtidos por dois diferentes estudos, Culpan e Kostelac
(1993) e Gugler e Pasquier (1996).
o crescimento do uso de muitas e diferentes formas de organização não
tradicionais, em particular o crescimento do uso de acordos não
3
igualitários , o que muitas vezes são mecanismos superiores para
empreender desenvolvimentos tecnológicos em setores high-tech
(Hagedoorn and Narula, 1996).
Usando a base de dados única MERTI-CATI, que contém em torno de
10.000 instâncias de parcerias tecnológicas (veja Apêndice A), nos
instigamos a investigar as tendências das alianças tecnológicas estratégicas
(ATE). Em particular, queremos avaliar e expor por que e como as ATE tem
crescido gradualmente nas últimas duas décadas e também as dramáticas
mudanças para formas contratuais de acordos ao longo do tempo em
conjunto com o crescimento no uso de parcerias tecnológicas internacionais.

2. Compreendendo as alianças estratégicas

Antes de avançarmos, ela é necessária para criar e explorar alguns dos


termos mais importantes termos empregados aqui. Existem algumas
confusões a respeito dos significados de acordos colaborativos/cooperativos,
redes (networks) e alianças estratégicas, uma vez que estes termos são
muitas vezes empregados como sinônimos. Acordos cooperativos incluem
toda atividade colaborativa intrafirma, enquanto redes e alianças
estratégicas representam dois diferentes (embora relacionados)
subconjuntos de cooperação intrafirma.
Mais especificamente, pelas alianças estratégicas nós nos referimos
aos acordos cooperativos intrafirma que se destinam a afetar o
posicionamento de longo prazo do produto no mercado de pelo menos um
parceiro (Hagedoorn, 1993). Neste artigo, estamos interessados
especificamente nas alianças onde atividades inovadoras são, no mínimo,
parte do acordo o qual devemos remeter a cada parceria estratégica
tecnológica ou aliança tecnológica estratégica. O que diferencia uma aliança
estratégica de uma rede consumidor-produtor é o motivo subjacente da
cooperação (Fig. 1). Sugerimos que a maior parte dos acordos cooperativos
têm duas possíveis motivações4.

3Ou equacionados.

4Um considerável debate recente em torno desta suplente escola do pensamento. Trabalhos recentes
tem apontado para demonstrar sua complementaridade. Para uma visão panorâmica do assunto vide
Madhok (1997)
Primeiro, existe uma motivação para redução de custo, no qual, no
mínimo uma firma com relacionamento tem adentrado para minimizar o
relacionamento com sua rede, ou seja, em outras palavras é uma economia
de custos. Os acordos que são essencialmente
destinadas a fazer isto são geralmente (mas nem sempre) do tipo cliente-
fornecedor, ou de relações verticais dentro de uma cadeia de valor
adicionado e incorporam uma perspectiva de curto prazo.
Segundo, as firmas precisam ter uma motivação estratégica. Tais
acordos tendem a se caracterizar como otimizadores dos lucros de longo
prazo incentivados pela tentativa de melhorar o valor dos ativos da firma. É
importante compreender a distinção feita até aqui. Enquanto as ações de
economias de custo, tal como adquirir a participação minoritária de um
fornecedor pode aumentar lucros, que muitas vezes não é o caso do valor
da empresa, são reforçadas para além do curto prazo (e.g. as centenas de
cortes de custos, acordos de terceirização que cada uma das principais
empresas tem). Quando uma empresa se engaja num acordo, é dito que ela
desenvolve uma espécie de padrão comum com a rival (e.g. A Sony e a
Phillips para estabelecer os padrões tecnológicos do DVD), muitas vezes
renunciando de lucros mais elevados no curto prazo (que estavam indo por
si só) na esperança de que a norma do conjunto do mercado irá reforçar sua
posição no longo prazo.

É claro que as empresas gostariam de fazer ambas as coisas ao mesmo


tempo: aumentar seus lucros no curto prazo através de economias de
custos, bem como, maximizar os lucros de longo prazo através de
valorização de seus produtos, mas isso nem sempre é possível.É importante
enfatizar que muitos acordos tomam direções diferentes por uma motivação
ou outra. O que estamos tentando estabelecer aqui é que, acordos que
foram firmados principalmente como ganhos de curto prazo tem em mente
uma rede de consumidores-fornecedores, ao passo que acordos em que um
valor de longo prazo é o acessório principal como um objetivo primordial as
alianças estratégicas. A figura 1 ilustra estes argumentos básicos com
alguns exemplos.

3. Globalização e o crescimento do uso das alianças em P&D

Apesar da relação entre globalização e atividades de alianças


estratégicas serem minuciosamente endereçadas noutros locais aqui serão
destacadas as características primárias desta relação (Fig. 2). Primeiro,
empresas da tríade (Europa, América do Norte e Japão) são cada vez mais
engajadas na atividade econômica além das fronteiras. Realmente, para
sobreviverem essas empresas tiveram de adotar políticas que maximizem
sua presença não unicamente nestas localizações de mercados primários,
mas também todas estas localizações onde seus competidores estão
operando numa variante que pode ser melhor descrita como uma estratégia
do tipo “siga o líder” (Knickerbocker, 1973). Este aumento do
5
comportamento da rede da atividade MNE é motivada em parte pelo fato
de que ainda existem diferenças nos distintos recursos disponíveis em
diferentes países. Isto é, apesar de incrementar as similaridades nos
padrões de consumo e nos tipos de tecnologia utilizadas em cada país
continua a se verificar uma clara especialização das localizações e das
firmas destas localizações que tornaram-se mais, e não menos, distintas
(Cantwell, 1989; Archibugi and Pianta, 1992; Narula,1996). Isto vem sendo
descrito como os fatores que preenchem o sistema nacional de inovação
(vide e.g. Lundvall,1992). O efeito disso é que as firmas tem um crescente
interesse na exploração dos ativos existentes baseados em conhecimentos
(ativo intangível) e no desenvolvimento de novos em muitas localizações
simultaneamente com o intuito de explorar as diferenças de vantagens
competitivas de cada localização. Segundo, tem havido um aumento da
interdependência das tecnologias e indústrias, tal que uma considerável

5Vide HAGENDOORN,J., NARULA, R. 1998 p. 285


“fertilização cruzada” ocorre entre os setores. Por exemplo, a produção
automobilística já não é mais simplesmente uma questão de domínio de
tecnologia mecânica, pois exige uma especialização interdisciplinar, dentre
outras coisas, novos insumos tecnológicos como tecnologia de
telecomunicações, e desenvolvimento dos semicondutores. O aumento dos
custos de aquisição de competitividade nessas múltiplas áreas
simultaneamente, indicam que, a internalização e a integração ambas
horizontalmente e verticalmente, não é possível no longo prazo. Mesmo que
uma empresa se concentre em apenas um setor, a inovação tornou-se
progressivamente mais cara. Por exemplo, o desenvolvimento de um carro
novo pode custar milhares de dólares. Dado que a maioria das empresas
têm agora de inovar em vários setores diversos e diferentes em paralelo,
isto evidencia que as filiais subsidiárias e a internalização de toda atividade
de P&D já não é uma solução prática se uma empresa pretende atingir as
necessárias economias de escala e escopo. Não obstante, o que interessa
nestas novas tecnologias essenciais é que suas mudanças tecnológicas são
rápidas, o que implica no rápido desuso de alguns produtos, fazendo com
que as empresas necessitem recuperar seus investimentos em um período
muito mais curto do que era anteriormente visto.
Na realidade, alguns estudos tem demonstrado que em certas indústrias,
patenteamento não é mais um meio viável de proteger uma invenção, uma
vez que o produto venha a ser ultrapassado antes de uma patente ser
concedida. Deste modo, empresas que desejam permanecer competitivas
em qualquer dado mercado precisam achar caminhos e meios para
recuperar os custos da inovação e isso implica num aumento da expansão
do mercado além das fronteiras.
Contudo, para fazê-lo incorre em maiores riscos e custos e assim as
empresas devem buscar parceiros para compartilhar estes custos e riscos e
não simplesmente através de investimento estrangeiro direto (IED). Apesar
das dificuldades nas peculiaridades das parcerias, particularmente aquelas
associadas a elevadas taxas de falências (veja e.g. Inkpen and Beamish,
1997) e agravados por estas peculiaridades, as empresas inovadoras tem
verificado um crescente número de alianças realizadas com estas intenções
em mente, apesar das atividades de alianças de marketing e vendas
predominarem, especialmente no cenário internacional.
No entanto, cabe notar que alianças envolvendo marketing e vendas
são, muitas vezes em termos de custos, de natureza mais econômica,
enquanto as alianças de P&D detêm um caráter muito mais estratégico. No
entanto, duas investigações independentes a respeito das alianças (Culpan
and Kostelac,1993; Gugler and Pasquier, 1996) apuraram que as vendas e
marketing representaram 41% e 38% de todas as alianças dos
questionados, enquanto alianças de P&D representaram 10,8% e 13%,
respectivamente.
Um destes estudos constatou que as alianças em P&D triplicou na
importância relativa desde a década de 80.
Apesar da base dados do CATI focar-se exclusivamente nas alianças
que envolvam atividades inovadoras e isto não nos permite distinguir a
relativa significância das ATE em relação a outras alianças , o que confirma
seu rápido crescimento desde o inicio da década de 80 (Hagerdoorn, 1993,
1996). A Fig. 3 mostra o crescimento do número de novas alianças
estabelecidas nos anos selecionados. As alianças cresceram a uma taxa
média anual de 10,8% entre 1980 e 1994, de maneira muito superior ao
crescimento dos gastos com P&D tomadas por uma base de um país ou de
empresa por empresa.

3.1Tendências das parcerias

Quais são as tendências e quais os fatores que determinam a


propensão das empresas em realizar as parcerias tecnológicas estratégicas?
A tabela 1 mostra o número total de alianças realizadas pelas empresas de
um dos mais importantes países de origem e fornece provas claras de que
esta propensão varia consideravelmente de país para país.
Como era de esperar, as firmas das três maiores potências industriais
dominantes nas Alianças Tecnológicas Estratégicas (ATE), como os EUA,
Japão e Alemanha representam 64,1%, 25,6% e 11,3% de todas as alianças
incluídas na amostra, respectivamente. Ainda, a respeito das classificações
destes países, a tabela 1 reforça a idéia de que esta propensão
simplesmente representa as diferenças do tamanho da economia, o que não
é inteiramente uma verdade. Por exemplo, companhias holandesas se
engajam em mais alianças em ambos os termos absolutos e relativos do
que as italianas, mesmo sendo a Itália quatro vezes maior em tamanho de
mercado. Incluímos muitas outras variáveis para esclarecer isto, o que
sugere que os dois maiores fatores determinam as diferenças entre os
países.
Primeiro, o nível de sofisticação tecnológica do país desempenha um
fator chave na propensão das firmas em empreenderem ATE, ambos em
termos de altos níveis de empreendimentos em P&D como seu
envolvimento em setores high-tech (e consequentemente elevada
intensidade de P&D). Incluímos na tabela 2 duas proxies6 para isso: as
partes dos mercados exportadores high-tech da OECD destes países e o
nível de dispêndio nos negócios de P&D. Ambas são altamente
correlacionadas com ATE. O topo do ranking, Holanda em relação a Itália ou
Espanha, ambos países grandes é explicado parcialmente por isto.
Segundo, a estrutura do setor doméstico desempenha um papel
importante na determinação da habilidade de empreender Alianças
Tecnológicas Estratégicas. Por outro lado, países como a Itália tendem a ser
dominadas por pequenas e médias empresas, considerando que países
como Reino Unido e EUA tendem a ter firmas maiores dominando a
paisagem industrial. Ainda, a paisagem italiana (e em menor medida na
Alemanha) é habitada por um grande numero de pequenas e médias
empresas. Isto é importante, uma vez que grandes empresas tendem a
empreender mais em atividades de P&D e são portanto, mais suscetíveis a
firmar Alianças Tecnológicas Estratégicas (ATE). Nós procuramos isto pelo
numero total de firmas de cada um destes países que estão incluídos na
lista da Fortuna dos 500. Estas variáveis são ainda altamente significativas
relacionadas ao numero de alianças de cada um destes países.
Não obstante, é importante lembrar que uma parceria tecnológica
estratégica é essencialmente um fenômeno de nível empresarial. Apesar
dos fatores nacionais desempenharem um papel importante na
determinação das questões do tipo de empresas operando neles (por conta
da infraestrutura e disponibilidades de recursos), o tamanho destas
empresas (estrutura de mercado e leis de competitividade), a propensão
das empresas fazerem P&D é ainda muita definida pelo nível empresarial.
Como uma comparação as tabelas 1 e 2 mostram, que há uma tendência da
generalização da especificidade da atividade da empresa, apesar de cada
firma ser única na sua maneira de ver, reagir e de sentir (idiossincrasia).
Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de estratégia, bem como a

6Ou mecanismos de busca.


sua tecnologia de gestão. Algumas empresas podem preferir internalizar,
tanto
quanto possível, as suas atividades inovadoras (como a Volkswagen),
enquanto outros preferem levar a cabo atividades de investigação conjuntas
(tais como Nissan). Realmente, quando tentamos examinar a relação entre a
propensão a empreender ATE e a proxy do nível empresarial para
competitividade (gastos com P&D, intensidade de P&D) e o tamanho da
empresa (empregos e salários) os resultados (utilizando ranking de
correlações) se tornam muito mais ambíguos. Ambos, intensidade e gastos
em P&D são não correlacionados com ATE. Em outras palavras, obtendo um
maior (ou mais baixo) orçamento em P&D seja em valor absoluto ou
relativo, não significa que as empresas participem em mais ou menos
alianças tecnológicas, mas sim unicamente uma questão de estratégia. Por
outro lado, o tamanho da companhia (proxy para qualquer total de vendas
ou trabalhadores) é significativamente correlacionada com a intenção em
fazer ATE: isto é, as grandes empresas empenham-se mais em P&D do que
fazer alianças com pequenas empresas. Estes resultados são um pouco
influenciados pelo controle das firmas grandes (tabela 2) e apesar de nós
não controlarmos as diferenças setoriais, eles sugerem que o tamanho não
desempenha um papel representativo. Talvez a explanação atrás disto
retorne em dois fatos muito observados em muitas das literaturas sobre
alianças estratégicas. Primeiro, existe uma alta taxa de falência das alianças
estratégicas em geral: tal como acordos intrafirma requerem muito mais
envolvimento e recursos, e neles existirem um certo limiar em termos dos
recursos serem bem sucedidos. Segundo, os dados sugerem que apesar de
um grande numero de alianças envolverem pequenas e médias empresas,
em geral, no mínimo uma das parcerias é grande, dispõe dos recursos
necessários para investir em alianças.
Claramente muito mais trabalho é necessário para esclarecer a
dinâmica por trás desses resultados, mas é óbvio também que existe uma
variação considerável na empresa no nível da estratégia de P&D, e
eventualmente, a falta de interesse de algumas empresas para realizar
alianças pode ser simplesmente força do hábito. Como veremos no tópico
seguinte, no entanto, há evidências para sugerir que algumas dessas
diferenças representam também as tendências específicas da indústria. Ou
seja, as empresas simplesmente fazem o que os seus concorrentes estão a
planejar, independentemente de diferentes nacionalidades.

4. Alianças internacionais de P&D

O que é o aspecto internacional da Aliança Estratégica Tecnológica ?


Cerca de 65% das alianças da Tríade são internacionais (tabela 1) apesar
disto variar enormemente entre países. Em um dos extremos, de 41% do
total de todas as suas alianças, as empresas norte-americanas foram as
menos orientadas internacionalmente. Noutro extremo, 96% das alianças
envolvendo empresas espanholas tendem a ter maior participação nas
alianças internacionais do que as americanas ou japonesas.
Existem várias razões subjacentes para os diferentes níveis das
participações das alianças internacionais por país. Primeiro, existe um efeito
do tamanho do país - empresas de países pequenos tendem a ter um alto
envolvimento no investimento internacional e produção ao estrangeiro se
comparadas com empresas de países grandes. Isto por que a demanda local
é freqüentemente (como no caso dos EUA) suficiente para alcançar
economias similares. Em geral, portanto, empresas de países pequenos
mostrarão uma maior propensão para participar de alianças estratégicas
internacionais. Ademais, países pequenos tendem a se especializarem em
setores menores e nichos (Freeman and Lundvall, 1998; Hagerdoorn and
Narula, 1996), e se eles necessitarem acessar as tecnologias fora destes
nichos setoriais, elas serão obrigadas a procurar acesso as suas vantagens
comparativas em outras localizações. O inverso é verdadeiro para os EUA,
que como um país grande possui vantagens comparativas em muitas
indústrias e é o lar dos clusters na sua maioria. Isto age como um
desincentivo para as empresas americanas para empreenderem no exterior
atividades inovadoras, como o faz em direção a produção ao exterior.
Todavia, esta ainda não é a história completa: enquanto as empresas
japonesas e alemãs também abarcam a atender um vasto mercado
doméstico, a sua participação nas Alianças Tecnológicas Estratégicas
internacionais são muito maiores do que as norte-americanas.
Existem também algumas amplas diferenças nas estratégias entre
empresas de diferentes nacionalidades e regiões. Veugelers (1996)
observou que dentre outras coisas, as firmas européias tem uma vasta
propensão para participar em alianças nos setores em que lhes faltam
vantagens comparativas em relação a empresas norte-americanas e
japonesas, enquanto Narula (1999) demonstrou que as empresas européias
tem uma maior propensão a participar das alianças entre UE e EUA.
A tabela 2 também provê detalhes do nível empresarial em relação a
propensão em empreender parcerias em alianças internacionais
tecnológicas estratégicas. Usando simples testes de correlação, dois
resultados distintos emergem:
1. Há uma forte relação positiva entre a medida de como estas
empresas tem sua produção destinada ao exterior (medida pela
porcentagem de trabalhadores estrangeiro empregados), e a
porcentagem de alianças internacionais. Isto é, as alianças não
são unicamente utilizadas como uma alternativa totalmente
própria de suas filiais, mas de forma complementar. Em certa
medida isto sugere que mais empresas realizem mais vendas no
exterior, sendo elas mais propensas a realizar P&D no exterior,
embora mais uma vez, as empresas (tabela 2) serem um pouco
mais tendenciosas no sentido geral a internacionalização. O que é
todavia menos intuitivo é que estas empresas comprometem P&D
através das Alianças Tecnológicas Estratégicas (ATE); e
2. Em contraste com as alianças, parece haver uma significativa e
negativa correlação entre as alianças internacionais e o tamanho
(medido pelo total de vendas e despesas totais em P&D) que
indicam que as empresas possam compensar a sua pequena
dimensão (e recursos limitados) por se dedicarem à Alianças
Tecnologicas Estratégicas Internacionais. Isto é, empresas que são
grandes tendem a ter já um investimento considerável na filial de
atividades em P&D e já estão bem racionalizadas e globalizadas
operacionalmente. Como tal, elas são mais fáceis de absorver os
altos custos e riscos de projetos de P&D independentes uma vez
que elas já fizeram investimentos consideráveis em laboratórios
de P&D nas filiais e que são irrecuperáveis (e ainda os custos
fixos). Ademais, estas empresas tendem a ser grandes
conglomerados e não estão tão interessadas em obter bens ou
competências complementares e sim mais focadas nos
participantes do nicho.
Utilizando um teste simples de análise de variância (ANOVA) os
dados nos revelam que estas observações em relação a propensão realizar
alianças tecnológicas e internacionais não são determinadas pelas
diferenças entre os países de origem após a divisão da amostra entre
empresas européias, japonesas e norte-americanas. Isto é, a nacionalidade
não determina um papel fundamental. Todavia, quando classificamos as
empresas da tabela 2 pelos setores industriais amplos (TI/eletrônicos,
automotivos e químicos) nós encontramos significativas diferenças
existentes entre os vários agrupamentos industriais. O setor de
TI/eletrônicos apresentou uma maior participação média em ATE e ATE
internacionais em relação aos outros dois setores. Em outras palavras, as
empresas comportam-se de forma semelhante dentro do mesmo setor
independentemente de sua origem.

5. Tipos de acordos

A discussão na ultima seção sugeriu que existem inúmeros motivos


para as empresas empreenderem alianças tecnológicas estratégicas, como
foi resumido na figura 2. Não estamos intencionados a discutir os vários
motivos aqui (veja Hagerdoorn, 1990), mas é pertinente salientar que,
assim como nenhum acordo pode ser meramente estratégico ou de
minimização de custos, a maior parte dos acordos têm vários motivos
(Hagerdoorn, 1993).
A figura 4 descreve a faixa dos modos organizacionais interfirma
geralmente utilizados em atividades de acordos colaborativos: existe uma
vasta gama de tipos de acordos refletindo os vários graus de
interdependência interorganizacionais e níveis de internalização (veja
Hagerdoorn, 1990 para o debate mais aprofundado). Esta faixa das filiais
subsidiárias representa completamente a interdependência entre as firmas
e a completa internalização. No outro extremo, figuram as transações do
mercado a vista (spot market) onde empresas totalmente independentes
adentram em condições normais de mercado, transações onde cada
empresa permanece completamente independente uma das outras. Como
ilustrado na figura 4, nos incluímos a rubrica dos acordos colaborativos em
dois amplos agrupamentos de acordos os quais podem ser encarados como
representando diversos graus de internalização. Embora seja difícil de ser
específico e concreto no que diz respeito à classificação ordinal, é seguro
dizer que acordos baseados em capital próprio representam um nível mais
elevado de interiorização e interdependência interorganizacionais que os
acordos não relacionados a capital próprio.
Isto é uma evidencia clara de que nas duas últimas décadas
anteriores houve um aumento do uso de acordos não capital
representativos. Esta tendência é particularmente perceptível com as
parcerias tecnológicas estratégicas – parcerias tecnológicas não
representativas tem aumentado 53,1% de todos os acordos firmados entre
1980 e 1984, para cerca de 73,3% dos acordos entre 1990 e 1994. Em
particular, acordos conjuntos de P&D representam a maior parte do volume
de alianças estratégicas tecnológicas não igualitárias no período mais
recente e são responsáveis por grande parte do aumento do capital não
igualitário de ATEs. (Tabela 3)
Neste aspecto, esta mudança preferencialmente reflete alguns dos
aspectos da globalização. Acordos igualitários tendem a ser formas muito
mais complexas de administrar e controlar, e levam mais tempo para se
estabelecer e dissolver (Harrigan, 1988). Adicionalmente, a globalização em
certos setores que evoluem rapidamente como a tecnologia da informação
levou seus produtos a ciclos de vida mais curtos. Junto com o aumento da
competitividade na corrida da inovação isto tendeu a encorajar empresas a
firmarem contratos não igualitários de alianças estratégicas tecnológicas
(ATEs) os quais provêem maiores flexibilidades estratégicas, uma vez que as
empresas necessitam de respostas rápidas as mudanças das lideranças
tecnológicas (Osborn and Baughn, 1990). A globalização trouxe também
certo nível de harmonia nos enquadramentos das leis regulatórias entre
países. Em alguns casos isto tem ocorrido em bases regionais tais como no
interior da União Européia enquanto em outros ela tenha ocorrido numa
base quase global através de instituições como a OMC e a Organização
Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI). Como foi demonstrado na tabela
1 e 2, a maior parcela das alianças tendem a ter um escopo internacional.
Atividade inovadora pela sua própria definição envolve risco considerável.
Como tal, há uma distinta possibilidade de que uma empresa aprenderá
mais do que outra com um acordo, como a empresa tem aprendido que a
maioria encerra o acordo prematuramente.
Tais situações resultam na perda da propriedade de ativos
tecnológicos específicos da empresa para no mínimo um parceiro.
Particularmente, no caso de parcerias entre vários países isto é mais difícil
de recorrer a recursos legais para esta perda. Empresas em alianças
internacionais tem assim se direcionado a acordos igualitários, e tem
permanecido em áreas que tenham seus direitos de propriedade corretos.
Todavia, com o desenvolvimento das transnacionais e a gradual
padronização dos quadros regulatórios as empresas estão cada vez mais
capazes de levar a cabo acordos de empreendimentos não igualitários de
P&D em bases internacionais uma vez que os contratos são mais facilmente
cumpridos. Realmente, o desenvolvimento de instituições supra-nacionais e
enquadramentos como OMC e OMPI tem assegurado o cumprimento dos
contratos de maneira mais viável alem das fronteiras.
Além de tais modificações exógenas, porém, há o aspecto da
aprendizagem organizacional. Como as empresas adquirem experiência
empreendendo em atividades no exterior, a sua percepção do risco inerente
de firmar alianças além de suas fronteiras geográficas caem. Ademais,
como as empresas se tornam mais familiares com um dado parceiro, o risco
deste parceiro especifico ser desonesto cai junto com qualquer acordo
subseqüente.
Talvez, mais importante, porém, é que a mudança na preferência do
capital ilustra que as empresas estão cada vez mais motivadas a realizar
acordos com uma intenção estratégica explicita ao invés de uma simples
relação de economia de custos.
Isto é significante, pois enquanto o movimento para acordos não
igualitários tem ocorrido entre empresas de quase todas as nacionalidades7,
existem claras diferenças entre as regiões. A tabela 4 mostra como o
declínio na popularidade de acordos igualitários tem acontecido em
diferentes regiões geográficas da Tríade. Curiosamente, apesar de a
porcentagem de alianças tecnológicas estratégicas não igualitárias pelas

7Incluindo países em desenvolvimento, apesar de mais uma vez ressaltar que existem diferenças
consideráveis entre grupos de países.
empresas norte-americanas se mostrarem as mais elevadas durante o
período mais recente (77,8%) em relação aos europeus e japoneses, entre
1980 e 1990, as empresas japonesas mostraram uma maior propensão para
alianças tecnológicas estratégicas não igualitárias do que as feitas pelas
americanas. Esta é uma observação particular interessante, uma vez que as
empresas japonesas tem notado a sua preferência pelas filiais subsidiarias
quando empreendem a produção no exterior. O domínio de acordos não
igualitários pelas empresas norte-americanas não é inteiramente alheio ao
fato de que os americanos tem a maior percentagem das alianças
internacionais.

Em geral, a habilidade das companhias de aprender e transferir


variam de acordo com a forma organizacional das alianças (Osborn and
Baughn, 1990; Hagerdoorn and Narula, 1996). Como tal, as empresas
selecionam uma forma particular de aliança dependendo do objetivo e da
indústria das alianças. Por exemplo, formas não igualitárias do arranjo são
mais eficientes para empreender em mais atividades intensivas em
pesquisa, uma vez que elas promovem maior negociação e cooperação
intensiva do que as formas igualitárias. Todavia, onde as empresas buscam
aprender e transferir conhecimentos tácitos, retornam a matriz, como um
mercado especifico de conhecimento, seja quando entram em novo
mercado, ou quando estão engajadas no sistema produtivo, bem como na
pesquisa, formas igualitárias de acordo podem ser mais apropriadas ao
aprendizado (Osborn and Hegerdoorn, 1997). Em geral, embora isto apareça
como uma escolha de um modo particular de cooperação, varia com as
características tecnológicas dos setores da indústria. Acordos igualitários
são preferidos em setores relativamente maduros, enquanto acordos não
igualitários são utilizados em setores high-tech. Alguns esforços tem sido
feitos para relacionar o tipo de escolha de acordos igualitários versus não
igualitários em diferentes aspectos.
Apesar de os dados apresentados aqui serem limitados, quando
examinamos os dados do nível empresarial (tabela 2) e avaliamos a
propensão das firmas em empreender equidade, encontramos que existem
significativas diferenças existentes entre grupos industriais de empresas.
Isto sugeriria que, na verdade, a globalização tem tido alguns efeitos
amplos sobre a propensão das empresas para não comprometerem alianças
igualitárias, e tem levado a uma homogeneização da propensão das
empresas para realizar alianças. Onde existem diferenças, estas
representam diferenças entre os setores. Em geral, isto pode ser
provavelmente dito como tipos de acordos não igualitários que podem ser
um mecanismo superior para o desenvolvimento conjunto de produtos e
processos hightech, enquanto em setores de ponta inferiores acordos
igualitários são preferidos.

6. Conclusões

O uso de alianças estratégicas tecnológicas é um fenômeno que tem


se proliferado nas ultimas duas décadas passadas, principalmente em
resposta as mudanças que são freqüentemente descritas coletivamente
como globalização. Em particular, enfatizamos que questões estratégicas
como reforço da competitividade e valor da empresa num horizonte maior
de longo prazo motivam o seu crescimento de alianças, ao invés de
melhorar a eficiência dos custos no curto prazo.
A globalização tem afetado a necessidade das empresas em
colaborar, nestas empresas que hoje procuram oportunidades para
cooperar, um tanto quanto identificar situações em que elas podem
alcançar um controle majoritário. Adicionalmente, o aumento das
similaridades tecnológicas entre os países e a interpenetração tecnológica
entre os setores, acoplados com os riscos e custos associados a inovação,
tem conduzido as empresas a utilizarem alianças tecnológicas estratégicas
como uma primeira melhor opção.
Alianças Tecnológicas Estratégicas, como também as formas mais
inovadoras de atividade, são principalmente concentradas nos países da
Tríade. Todavia, a propensão das empresas de uma dada nacionalidade
engajarem-se em alianças tecnológicas estratégicas (ATEs) são uma função
de suas características de seus países de origem. Por exemplo, países
menores e tecnologicamente inferiores tendem a se focarem em setores
menores em relação aos países grandes. Nós também dissemos que
alianças estratégicas são dominadas pelas empresas grandes, e isso é
realmente uma relação positiva entre o tamanho da empresa e os níveis de
ATEs. Por outro lado, o tamanho e a intensidade das atividades de P&D
(entre o núcleo de setores de alta tecnologia utilizados em nosso estudo)
não parecem determinar a propensão das empresas de empreender ATEs.
Estes aparentemente contraditórios resultados sugerem que existe um
tamanho limiar devido ao grande compromisso nos recursos necessários,
dada a alta taxa de falência (fracasso) das alianças nestes setores de rápida
evolução.
Nos também observamos uma alta porcentagem de ATEs utilizadas
nas bases transfronteiriças. As empresas norte-americanas praticam um
menor numero de alianças internacionais e as européias um maior numero.
Em geral, ATEs são vistas como complementares a produção destinada ao
exterior - empresas com maior produção no exterior tendem a firmar
parcerias com mais freqüência com estrangeiras. Empresas grandes tendem
a realizar menores alianças internacionais, provavelmente porque estas
empresas tendem a ser conglomerados, tendem a ser rentáveis, e já
fizeram os investimentos necessários em plena propriedade exterior nos
seus laboratórios de P&D. Como tal, uma vez que elas já podem ter
competências necessárias em vários setores, e já levantaram os custos
irrecuperáveis em P&D no exterior, as ATEs são menos atraentes. Mais
importante é que os dados sugerem que estas tendências são de uma
indústria especifica; isto é, as empresas fazem o que empresas na mesma
indústria fazem independente de sua nacionalidade. Ademais, enquanto
algumas empresas empreendem em ATEs como um meio para
complementar as suas atividades atuais de P&D, outras procuram utilizar as
Alianças Tecnológicas Estratégicas (ATEs) como um substituto.
Existe também uma clara mudança para a atividade de acordos não
igualitários, e isto ocorreu mais ou menos uniformemente entre países.
Atribuímos esta mudança parcialmente para a melhoria da executoriedade
dos contratos e da proteção de propriedade intelectual e particularmente ao
aumento de conhecimento e de empresas familiares que agora tem
direcionamento as atividades de negócios internacionais. Numa base de
nível empresarial, a propensão no uso de acordos igualitários é associada
com as diferenças especificas da indústria, ao invés de diferenças
especificas de cada país. Em geral, isto é visto como mecanismos superiores
de acordos não igualitários sobre alianças não igualitárias pelos propósitos
de desenvolvimentos conjuntos de produtos e processos high-tech e de
rápida evolução.
Empresas norte-americanas, em particular, parecem ser uma exceção
a regra na maior parte de nossa análise. Elas empreendem menos alianças
internacionais em relação as européias e japonesas e firmam mais acordos
não igualitários. Estas duas tendências não são correlacionadas. Enquanto é
uma verdade que as empresas norte-americanas se iniciam em mais
alianças do que aquelas de outras nacionalidades, no entanto, é também
verdade que em relação ao tamanho da economia americana, esta
participação é sutil. Apesar disto sugerir que empresas não americanas
tenderem a se iniciar em alianças por conta das intervenções
governamentais e as relaxadas regulações antitruste, isto ainda não é
inteiramente uma verdade. A tendência para acordos de mercados além das
fronteiras com certa desconfiança e muita cautela, é que recentemente uma
das características freqüentemente observadas das empresas norte-
americanas, juntamente com uma tendência a centrar-se em ganhos de
curto prazo. Todavia, o aumento da competitividade internacional nos
setores que foram tradicionalmente dominados pelas americanas, tem
forçado as empresas americanas a forjar alianças, e esta cada vez muito
mais encarada como uma maneira de condução de negócios internacionais,
particularmente como um meio de adentrar em desconhecidos mercados,
geografias e produtos. Este é o caso especial particularmente, como o
milênio se aproxima do fim, agora estes acordos internacionais tem feito
com que os acordos contratuais sejam mais facilmente executados alem das
fronteiras.

Apêndice A
Os acordos cooperativos e o sistema de informação de indicadores
tecnológicos (CATI)
O banco de dados CATI é um banco de dados relacional que contem
arquivos de dados separados que podem ser linkados uns com os outros e
podem prover informações (des)agregadas e informações combinados sobre
muitos arquivos. A base de dados CATI contem as três maiores entidades. A
primeira entidade inclui informações em torno de 10.000 acordos
cooperativos envolvendo cerca de 4.000 diferentes matrizes empresariais. O
banco de dados contém informações sobre cada acordo e algumas das
informações a respeito de companhias participando destes acordos.
Definimos acordos cooperativos como um interesse comum entre matrizes
independentes (industriais) onde não estejam conectadas, muito embora a
propriedade. Na base de dados CATI somente estes acordos intrafirma
foram coletados que contenham alguns acordos de transferência de
tecnologia e pesquisa conjunta. Conciliações de pesquisa conjunta, seguido
de fontes de informação e acordos de licenciamento são exemplos bem
claros. Nós também coletamos informações a respeito das joint ventures8
em que novas tecnologias são recebidas por pelo menos um dos sócios ou
as joint ventures que tem apenas um programa de P&D. Mera produção ou
comercialização das joint ventures foram excluídos. Em outras palavras,
nossa analise relaciona-se principalmente com a cooperação tecnológica.
Discutimos estas formas de cooperação e acordos para cada atividade
inovadora combinada ou um intercâmbio de tecnologia de no mínimo uma
parte do acordo. Conseqüentemente, parcerias foram omitidas o que regula
não mais do que a partilha das facilidades da produção, o ajuste dos
padrões, comportamento conspiratório nos ajustes de preços e atração de
barreiras a entrada – além de todos estes serem efeitos colaterais da
cooperação intrafirma, na nossa definição.
Consideramos como um atributo relevante a informação de cada
aliança: o numero de companhias envolvidas (ou importantes subsidiarias);
ano de estabelecimento, horizonte temporal, duração e ano de dissolução;
investimentos em capital e envolvimento de bancos e institutos de pesquisa
ou universidades; campo tecnológico9; formas de cooperação10; e alguns

8Expressão em inglês que significa “união de risco” e designa o processo mediante o qual pessoas, ou, o
que é mais freqüente, empresas se associam para o desenvolvimento e execução de um projeto
específico no âmbito econômico e/ou financeiro. Uma joint venture pode ocorrer entre empresas
privadas, entre empresas públicas e privadas, e entre empresas públicas e privadas nacionais e
estrangeiras. Durante a vigência da joint-venture, cada empresa participante é responsável pela
totalidade do projeto. No caso brasileiro, esta modalidade foi estimulada especialmente durante os anos
70, envolvendo empresas privadas nacionais,
empresas estatais e empresas estrangeiras. (Sandroni, 1999)

9O mais importante dos campos em termos de freqüência são as informações tecnológicas


(computadores, automação industrial, telecomunicações, software, microeletrônicos), biotecnologia (com
domínios como a indústria farmacêutica e agro-biotecnologia), novos materiais tecnológicos, químicos,
automotivos, defesa, bens de consumo, equipamentos elétricos pesados, alimentos e bebidas, etc. Todos
os campos tem importantes subcampos.

10Como principais modos de cooperação, nos consideramos a equidade das joint ventures, projetos
conjuntos de P&D, acordos de mudanças tecnológicas, participações minoritárias e cruzadas,
comentários a respeito das informações disponíveis sobre os processos.
Dependendo de muitas formas de cooperação, coletamos informações num
contexto operacional; o nome do acordo ou projeto; partilhas patrimoniais; a
direção dos fluxos de capital; o grau de participação das holdings11
minoritárias; algumas informações a respeito dos motivos subjacentes às
alianças; e as características da cooperação, como uma pesquisa básica,
pesquisa aplicada, ou desenvolvimento de produto possivelmente
associados e/ou modalidades de marketing. Em alguns casos nos somente
indicamos quem foi o maior beneficiado.
A segunda maior entidade é uma subsidiaria individual ou companhia
mãe envolvida em uma (registrada) aliança, no mínimo. Em primeiro plano,
avaliamos a estratégia cooperativa pela adição de suas alianças e
computando sua rede de centralização. Segundo, nos apuramos sua
nacionalidade, e se possível propriedade (majoritária) no caso de uma
empresa industrial. Mudanças na propriedade (majoritária) na década de 80
também foram registradas. Em seguida, nós determinamos o principal ramo
em que cada uma esta operando e classificamos seus números de
empregados. Adicionalmente, para três subconjuntos separados das
primeiras séries temporais para o emprego, negócios, rede de
consumidores, gastos com P&D e o número de patentes norte-americanas
assinadas foram armazenadas. O primeiro subconjunto é baseado no placar
de P&D da Business Week, o segundo na Fortune´s International 500, e o
terceiro grupo foi recuperado das bandas de patentes do Departamento de
Comercio dos EUA. Do ranking da Business Week, nós tomamos os gastos
com P&D, redes de consumo, vendas e números de empregos. Em 1980
algumas 750 companhias foram arquivadas; durante os próximos anos este
numero aumento gradualmente para 900 companhias em 1988 que foram
repartidos entre os 40 grupos industriais. Para as maiores corporações fora

particularmente as relações entre consumidores e fornecedores , fluxos tecnológicos unidirecionais.


Cada forma de cooperação tem um numero de categorias particulares.

11Designação de empresa que mantém o controle sobre outras empresas mediante a posse majoritária
de ações destas. Em geral, a holding não produz nenhuma mercadoria ou serviço específicos,
destinando-se apenas a centralizar e realizar o trabalho de controle sobre um conjunto de empresas
geralmente denominadas subsidiárias. Nesse caso, ela é denominada pure holding company ou “holding
pura”. A empresa que, além de operar, isto é, produzir bens e serviços, também controla subsidiárias é
denominada holding operating company, isto é, “empresa holding operadora”. Essa forma de
organização empresarial, um dos estágios mais avançados da concentração de capital, permite a uma
holding controlar um capital muito maior que o seu, obtendo lucros desproporcionalmente elevados. Nos
Estados Unidos, por exemplo, o grupo Van Sweringen, dono de estradas de ferro no valor de mais de 2
bilhões de dólares, era controlado por uma holding com um investimento inferior a 20 milhões de
dólares. As multinacionais costumam centralizar o controle de suas subsidiárias espalhadas pelo mundo
numa holding instalada no país de origem ou em algum outro onde a legislação fiscal seja mais branda.
dos EUA a Fortune´s International 500 proveu dentre outras informações
sobre vendas (da qual depende o embaseamento do ranking), rede de
consumo e numero de empregados.

Referencias

Archibugi, D., Pianta, M., 1992. The Technological Specialization of Advanced Countries.
Kluwer Academic, Dodrecht.
Cantwell, J., 1989. Technological Innovation and Multinational Corporations. Blackwell, Oxford.
Culpan, R., Kostelac, E., 1993. Cross national corporate partnerships: trends in alliance
formation. In: Culpan, R. (Ed.), Multinational Strategic Alliances. International Business Press,
New York, pp. 103–112.
Dunning, J.H., 1995. Reappraising the eclectic paradigm in the age of alliance capitalism.
Journal of International Business Studies 26,461–491.
Dunning, J.H., Narula, R., 1998. Developing countries versus multinationals in a globalising
world: the dangers of falling behind. In: Buckley, P., Ghauri, P. (Eds.), Multinational Enterprises
and Emerging Markets. Dryden Press, London.
Freeman, C., Lundvall, B., 1988. Small Countries Facing the Technological Revolution. Pinter,
London.
Gugler, P., Pasquier, M., 1996. Strategic alliances of Swiss firms: theoretical considerations
and empirical findings. Working paper no. 27, Institut fu¨r Marketing und
Unternehmungsfu¨hrung.
Hagedoorn, J., 1990. Organizational modes of inter-firm cooperation and technology transfer.
Technovation 10 (1), 17–30.
Hagedoorn, J., 1993. Understanding the rationale of strategic technology partnering:
interorganizational modes of cooperation and sectoral differences. Strategic Management
Journal 14, 371–385.
Hagedoorn, J., 1996. Trends and patterns in strategic technology partnering since the early
seventies. Review of Industrial Organization 11, 601–616.
Hagedoorn, J., Narula, R., 1996. Choosing modes of governance for strategic technology
partnering: international and sectoral differences. Journal of International Business Studies
27, 265–284.
Harrigan, K., 1988. Strategic alliances and partner asymmetries. In: Contractor, F., Lorange, P.
(Eds.), Cooperative Strategies in International Business. Lexington Books, Lexington. Inkpen,
P., Beamish, P., 1997. Knowledge, bargaining power, and the instability of international joint
ventures. Academy of Management Review 22, 177–202.
Knickerbocker, F., 1973. Oligopolistic Reaction and the Multinational Enterprise. Harvard
University Press, Cambridge, MA.
Lundvall, B., 1992. National Systems of Innovation: Towards a Theory of Innovation and
Interactive Learning. Pinter, London.
Madhok, A., 1997. Cost, value and foreign market entry mode: the transaction and the firm.
Strategic Management Journal 18, 39–61.
Narula, R., 1996. Multinational Investment and Economic Structure. Routledge, London.
Narula, R., 1999. Strategic technology alliances by European firms since 1980: questioning
integration? In: Chesnais, F., Ietto-Gillies,
G. (Eds.), European Integration and Global Corporate Strategies: Are They in Harmony or
Conflict? Routledge, London.
Narula, R., Dunning, J., 1998. Explaining international R and D alliances and the role of
governments. International Business Review 7, 377–397.
Narula, R., Sadowski, B., 1999. Technological catch-up and strategic technology partnering in
developing countries. International Journal of Technology Management, forthcoming.
Osborn, R., Baughn, C., 1990. Forms of inter-organisational governance for multinational
alliances. Academy of Management Journal 33, 503–519.
Osborn, R., Hagedoorn, J., 1997. The institutionalization and evolutionary dynamics of inter-
organizational alliances and networks. Academy of Management Journal 40, 261–278. UN,
1996. World Investment Report 1996. United Nations, New York and Geneva.
Veugelers, R., 1996. Alliances and the pattern of comparative advantages: a sectoral
analysis. International Business Review 4, 213–231.

Rajneesh Narula studied electrical engineering in Nigeria, and subsequently worked as an Aero-
Electronics Engineer from 1983 to 1986. He completed an MBA from Rutgers University, USA, after which
he worked in Hong Kong for IBM Asia/South Pacific. After leaving Hong Kong in 1989, he was a Research
Fellow in International Business and lecturer at Rutgers University, USA, where he completed his PhD.
From 1993 to 1998 he was an Assistant Professor in International Business and Research Fellow at MERIT,
at Maastricht University, The Netherlands. Since February 1998 he has been a Senior Research Fellow at
ESST, University of Oslo and the STEP Group. He has also been a consultant for the UNCTAD, UNIDO and
the European Commission, as well as several international companies. His research interests include
foreign direct investment theory, strategic alliances, innovation strategies and economic growth, Africa
and the NICs.
John Hagedoorn studied economic sociology and political economy at the University of Leiden and
holds a PhD in industrial economics from Maastricht University. He joined the Centre for Technology and
Policy Studies (STB) of the Dutch research organization TNO in April 1978, where he became senior fellow
in 1982. His research at STB focused, in particular, on innovation policy and the relationship between
technology and sectoral growth and development. He was Visiting Research Fellow at the Science Policy
Research Unit, University of Sussex and the Center for Economic Policy Research, Stanford University.
Since 1985, he has been involved in work based on the diffusion of information technology and interfirm
technology agreements. He has been a consultant to the EC,the OECD and the Ministry of Economic
Affairs. At MERIT he is in charge of the research programme on technology and international competition.
John Hagedoorn is full Professor of International Business Studies at Maastricht University.

Você também pode gostar