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Linguagem e Escola: uma

perspectiva social
Magda Soares
Sobre o texto e a autora
• Autora professora da Faculdade de Educação da UFMG;
• Especialista na discussão sobre a ensino, alfabetização e letramento;
• Faz parte de um grupo de pesquisadores que é responsável pela
discussão de políticas educacionais públicas brasileiras (Programa
Nacional da Biblioteca Escolar - PNBE) (Programa Nacional do Livro
didático - PNLD)
• Primeira edição de 1986;
• Publicada pela editora contexto, na série Fundamentos.
Teses do texto
• A escola é contra o povo do que para o povo;

• Houve uma democratização do acesso à escola e não uma


democratização da escola;

• A escola acentua e legitima as desigualdades sociais

• A escola tem sido incompetente em introduzir as camadas populares


na escola, ocasionado o seu fracasso;
Tese do texto
• O problema do fracasso é um problema de linguagem. De não
conseguir “conciliar” o conflito entre a língua padrão, das classes
dominantes, e a norma não padrão (as variantes), das camadas
populares
As teorias para o fracasso escolar
• 1) Teoria do dom: Não seria a escola a responsável pelo fracasso do
aluno, esse se deveria a ausência de capacidades individuais para
obter o sucesso.

• A função da escola é a de adaptar, ajustar os alunos à sociedade,


segundo sua aptidão e características individuais
2) A ideologia da deficiência cultural
• Por ter menos acesso aos bens materiais e culturais, as classes
populares sofreriam de uma deficiência cultural que estaria ligada
também ao não domínio da norma padrão;

• As causas do fracasso são do contexto cultural de que o aluno


provém, do seu meio familiar etc

• Tanto na teoria do dom quanto na ideologia das deficiências culturais


a causa do fracasso estão no aluno.
Hipótese do déficit linguístico
• Privação linguística;
• Bernstein (1973);

• Código elaborado – classes dominantes


• Código restrito – classes dominadas
A solução da deficiência cultural ...
• Educação compensatória;
• Ideia de compensar os efeitos da deficiência sobre o sujeito, ao invés
de tentar mudar a realidade
• Modelo de educação usado nos Estados Unidos e importado de lá
para o Brasil;
• Fracasso dos programas de educação compensatória foi justificado
por ser uma intervenção tardia
Outras justificativas para o fracasso da teoria
• Insucesso devido à postura dos professores;
• Devido a ideologia do programa de educação compensatória, sem
levar em conta que o problema da teoria é desconsiderar o papel da
sociedade;
• O problema é dar a escola um papel que ela não tem o de compensar
as desigualdades.
3) Ideologia das diferenças culturais
• Diferentemente das outras teorias que visavam defender uma
ausência de cultura das classes populares e, com isso, negar a
existência desse grupo, na teoria das diferenças culturais a classe
dominada tem cultura, mas essa está subordinada a da classe
dominante

• A classe dominada tem uma subcultura;

• A sociedade e escola valorizam a cultura e a linguagem das classes


dominantes
A teoria da diferença
• Baseia-se na ideia de que não há línguas e variantes dessa que sejam
melhor ou pior;

• A teoria das diferenças é apoiada na sociolinguística

• De acordo com a sócio, é inadmissível usar os conceitos de certo e


errado em relação ao uso da língua;
• Labov é um dos autores que contribui com essa teooria
A solução da teoria da diferença
• Biadialetismo funcional

• Ganha relevo o conceito de adequação;

• Por outro lado, camuflam-se as contradições e discriminações de uma


sociedade estratificada
Diferença = deficiência
• Segundo a autora, na escola diferença é deficiência;
• Nas duas teorias se ignoram a sociedade e se quer mudá-la a partir da
escola, mas sem considerar que só é possível uma mudança na escola
com uma na sociedade;

• Desconsideração da língua como um capital linguístico – a economia


das trocas simbólicas.
O que pode fazer a escola sobre o fracasso escolar
e a desigualdade social ?

• 1) Escola redentora: pode vir a solucionar o problema do fracasso


escolar e das desigualdades sociais presentes na escola;
• 2) Escola Impotente: A escola é impotente, só não pode fazer nada. A
mudança advém da sociedade;

• 3) Escola transformadora: uma escola que pretende contribuir para a


transformação da sociedade. Aproxima-se da ideia de biadialetismo
funcional
Problemas com o texto
• Trata-se de um texto político e, por vezes, panfletário em favor das
teorias advindas da sociolinguística;
• Apesar de ter relação com o que ocorre ainda hoje está desatualizado
quanto a algumas discussões da área;
• Baseado em dicotomias;
• A escola aparece como uma entidade, como um sujeito;
• A solução dada, o bialetismo funcional, é considerada por
pesquisadores como inocente, uma vez que temos que considerar o
variantes, o plurilinguismo e a política linguística

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