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FRATURAS E LUXAÇÕES DA

MÃO E DOS DEDOS

R1 Renan Scalon Machado


Dr. Carlos Jungblut
EPIDEMIOLOGIA
 Fraturas dos MTC e falanges:
- Fraturas mais comuns dos MMSS (1,5 – 2,8%
de todas as idas a departamentos de
emergências)
- 10% de todas fraturas (mais de 50%
relacionadas ao trabalho)
- 70% ocorrem entre 11 e 45 anos
EPIDEMIOLOGIA
 1° e 5° dedos são os mais comumente
envolvidos
 Incidências: FD (45%), MTC (30%), FP (15%),
FM (10%)
 Proporção homem mulher 1,8:1 – 5,4:1 (lesões
desportivas na 3a década e laborais na 5a
década)
PRINCÍPIOS GERAIS
 Fraturas funcionalmente estáveis –
TRATAMENTO CONSERVADOR
 Critérios para escolha do tratamento:
 localização (intra x extra articular)
 traço (transverso, espiral, oblíqua, cominutiva)
 deformidade (angular, rotacional, encurtamento),
 aberta x fechada,
 lesão de partes moles,
 estabilidade da fratura
INDICAÇÕES CIRÚRGICAS
FRATURAS DOS
METACARPIANOS
ANATOMIA
 5 metacarpianos, divididos em cabeça, colo,
diáfise e base
 Ligeiramente curvos no eixo longitudinal
(concavidade palmar)
 Colo é o ponto mais frágil, sendo um sítio de
grande número de fraturas
 2° e o 3° não têm mobilidade articular com o
carpo; 4° e o 5° apresentam mobilidade de até
30°
ANATOMIA
ANATOMIA
ANATOMIA
 O arco metacarpiano transverso da mão, junto
com o 2° e 3° meta (fixos), formam o
componente estável da mão, a partir do qual as
demais estruturas se sustentam
 Dessa forma, é fundamental a manutenção dos
arcos longitudinal e transversal da mão durante
a redução e imobilização de fraturas
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
 Avaliação radiográfica: AP, perfil e oblíqua
 Somente o perfil verdadeiro tem a capacidade
de mostrar o desvio real das fraturas diafisárias
e do colo
 Avaliação de fraturas do 1° meta: RX isolado
deste osso em AP e perfil
 RX é suficiente para diagnosticar a maioria das
fraturas dos metacarpianos
 Raramente necessita TC (fraturas articulares)
TRATAMENTO
 Objetivos:
- Alinhamento dos fragmentos ósseos e
integridade dos braços de alavanca (cápsulo-
ligamentares)
- Restaurar os arcos longitudinal e transversal da
mão e corrigir encurtamentos, desvios
angulares e rotacionais
 Falhas no posicionamento e alinhamento dos
pequenos ossos da mão frequentemente
resultam em restrições funcionais
TRATAMENTO
 Tratamento conservador (imobilização):
- padrão estável de fratura
- sem deformidade rotacional
- angulação e encurtamento aceitáveis
TRATAMENTO
 Tratamento cirúrgico:
- Fraturas intra-articulares
- Desalinhamento rotacional dos dedos
- Fraturas significativamente deslocadas
- Múltiplas fraturas da diáfise
- Perda da estabilidade dos dedos extremos
durante o processo de cura
FRATURAS DA CABEÇA
 Pouco frequentes e apresentam tipos diversos
(mais comuns no 2° MTC)
 Por serem geralmente intra-articulares, melhor
tratamento é estabilidade absoluta e
mobilização precoce
 Em desvios de fragmentos maior que 1 mm, o
melhor método é a osteossíntese com
parafusos de microfragmentos (1,5 ou 2 mm)
 Fios de K. são úteis quando o tamanho dos
fragmentos e a cominuição só permitem a sua
utilização
FRATURAS DA CABEÇA
 Necrose avascular é uma complicação possível
 Caso a cominuição seja muito grave, pode-se
utilizar fixação externa para executar a redução
por ligamentotaxia
FRATURAS DA CABEÇA
FRATURAS DO COLO

 Mais frequente no 4° e
5° meta
 Local mais acometido
(menor resistência)
FRATURAS DO COLO
 Na fase aguda, não aceitam-se desvios para o
2° e 3° meta
 Fraturas do 4° e do 5° com angulação >15°
devem ser reduzidas (manobra de Jahss)
FRATURAS DO COLO
 Imobilização deverá incluir 2° e 3° meta,
quando houver fratura do 2° ou do 3°, e do 4° e
5° meta quando houver fratura do 4° ou do 5°
 A posição, imobilização em posição intrinsic
plus
 Manter esta imobilização por 10 a 14 dias;
após, substituir por gesso menor
FRATURAS DO COLO
 Em grandes desvios, ou impossibilidade de
manter redução, opta-se por pinagem com fios
de K.
 Evitar a fixação retrógrada passando pela MF
(risco de rigidez articular)
 Preferência por 2 fios intramedulares de 1,5
mm ou um fio longitudinal e outro transversal
(ancorar no metacarpiano íntegro adjacente)
FRATURAS DO COLO
 Fixação permite mobilização precoce
(recuperação mais rápida, evitando rigidez
articular)
 Fios mantidos por 4 semanas
 RAFI raramente indicada (separação completa
da cabeça e da diáfise ou extensão da fratura
para a cabeça)
FRATURAS DO COLO
TRATAMENTO
FRATURAS DA DIÁFISE
 Transversais, oblíquas ou cominutivas
 A maioria pode ser tratada de forma
conservadora
 Angulação dorsal >30° para o 5°, 20°para o 4°
e qualquer valor no 2° e 3° necessita de
redução
 Desvios rotacionais não são aceitos
FRATURAS DA DIÁFISE
 Fraturas transversais com desvio rotacional,
cavalgamentos e encurtamentos podem ser
reduzidas e pinadas
 RAFI raramente é necessária, exceto em
fraturas múltiplas ou com grande instabilidade
FRATURAS DA DIÁFISE
 Fraturas oblíquas:
- São mais instáveis
- Desvios rotacionais e encurtamentos são
maiores que a angulação
- 2 a 3 mm de encurtamento são aceitáveis
- Desvios de 10° para o 2° e 3° meta, e 20° para
o 4°e 5° são aceitáveis; desvios maiores devem
ser reduzidos e imobilizados
FRATURAS DA DIÁFISE
 Técnicas cirúrgicas: fios de K. longitudinais, fios
cruzados e transversais, parafusos
interfragmentários e placas e parafusos
FRATURAS DA DIÁFISE
FRATURAS DA DIÁFISE
 Fraturas cominutivas:
- Geralmente acompanhadas de graves lesões
de tecidos moles
- Quando não apresentam desvios, tratadas com
imobilização (intrinsic plus)
- Fraturas desviadas, RAFI pode ser difícil devido
à cominuição
FRATURAS DA DIÁFISE
- Tendência ao encurtamento; uma boa opção é a
fixação transmetacarpiana do osso fraturado no
adjacente íntegro
- Aceitam-se até 5 mm de encurtamento
- Fixação externa indicada em casos de
cominuição excessiva, fraturas expostas e
perda óssea
FRATURAS DA BASE
 Em geral resultam de esmagamento
 Fraturas estáveis e geralmente sem desvios
 Mesmo quando apresentam pouco desvio
rotacional, causam grande repercussão nos
dedos devido ao cavalgamento que provocam
entre eles
 Fraturas da base do 2°e 3° meta tendem a ser
mais estáveis; no 4° e no 5°os desvios
rotacionais podem ocorrer
FRATURAS DO 1°
METACARPIANO
 Acometem mais a base
 Fraturas diafisárias são raras
 Classificadas segundo a localização e o traço
FRATURA DE BENNETT
 Fratura-luxação trapeziometacarpiana com
traço de fratura intra-articular, na qual um
fragmento triangular interno permanece com
sua relação normal com o trapézio e unido ao
segundo metacarpiano pelo ligamento
intermetacarpiano
 Fratura instável
 Tratada com redução + pinagem (fixação do 1°
meta no trapézio e do 1° no 2°)
FRATURA DE BENNET
FRATURA DE ROLANDO
 Traço intra-articular em “T” ou “Y”
 Além do fragmento palmar, também há um
dorsal
 Pior prognóstico (trauma de maior energia)
 Tratamento segue os padrões da fratura de
Bennett
FRATURA DE ROLANDO
FRATURA DAS FALANGES
FRATURAS DAS FALANGES
 Avaliação inicial:
- Determinar ocupação e dominância manual
- Determinar alinhamento dos dedos
- Avaliação neurológica (sensibilidade ao toque,
picada de agulha e discriminação de dois
pontos)
- Avaliar perfusão (inspeção e enchimento
capilar)
FRATURAS DAS FALANGES
FRATURAS DAS FALANGES
 Avaliação inicial:
- Nas feridas abertas, avaliar presença de corpos
estranhos
- Avaliar integridade de tendões extensores e
flexores (palpar ao longo das inserções
ligamentares)
- RX: AP, perfil e oblíqua
CLASSIFICAÇÃO
 Não existe
classificação
específica uniforme
 Classificação AO
(falanges proximais e
médias): diafisárias
transversas, espirais,
oblíquas e
cominutivas, bem
como unicondilares e
bicondilares da base
CLASSIFICAÇÃO
 Para fraturas da falange distal, classificação de
Kaplan (longitudinal, transversa e cominutiva)
TRATAMENTO
 De uma maneira geral, fraturas estáveis
incluem:
- Diafisárias impactadas fechadas
- Fraturas com pouco ou nenhum desvio
- Maioria das fraturas de falange distal
TRATAMENTO
 Fraturas estáveis (grande maioria) podem ser
tratadas com imobilização por 3 semanas
 Fraturas com desvio podem ser reduzidas com
anestesia local
 Fraturas cominutivas têm maior possibilidade
de perder redução (considerar cirurgia)
 Fraturas com desvios rotacionais são mais
difíceis de tratar conservadoramente
TRATAMENTO
 Critérios radiográficos de alinhamento
aceitável:
- 10° de angulação sagital e coronal (exceto na
diáfise, onde 20° de angulação sagital são
aceitos)
- 50% de superposição no local da fratura
- Nenhum desvio rotacional
TRATAMENTO
 Algumas fraturas permanecem instáveis
mesmo quando reduzidas anatomicamente
TRATAMENTO
 Opções de tratamento:
- Movimentação precoce com ou sem suporte
externo
- Redução fechada + suporte externo
- Redução fechada + pinagem
- Redução fechada + tração ou fixação externa
- RAFI
FRATURAS EXTRA-
ARTICULARES
FRATURAS EXTRA-
ARTICULARES
FRATURAS INTRA-ARTICULARES
 Fraturas intra-articulares sem desvio devem ser
tratadas com mobilização precoce e buddy tape
 Quando houver desvio, o objetivo é a
restauração anatômica da articulação com
RAFI
FRATURAS CONDILIANAS
 Na maioria das vezes, necessitam fixação:
pinagem percutânea se possível a redução
fechada; caso contrário deve ser feita RAFI
BASE VOLAR DA FALANGE
MÉDIA
 Tratamento serve muitas vezes para conforto e
proteção
 Fraturas associadas a luxação dorsal podem
ser classificadas em estáveis e instáveis após
redução (estáveis envolvem menos de 30 –
40% da superfície articular)
BASE VOLAR DA FALANGE
MÉDIA
 Fraturas envolvendo 30 – 50% são mais bem
tratadas com RAFI (não cominutivas)
 Se fragmentos cominutivos, os tratamentos
disponíveis são tração dinâmica e artroplastia
de placa volar
BASE VOLAR DA FALANGE
MÉDIA
 Padrão mais complexo é aquele que envolve
mais de 50% da superfície articular
 Tração, fixação externa com ou sem redução
aberta, fixação interna e artroplastia de placa
volar são todas imprevisíveis
 Técnica do arco de tração de Schenck
demonstrou ser eficaz
BASE DORSAL DA FALANGE
MÉDIA
 Fraturas de avulsão dorsal representam uma
ruptura da inserção da banda central do
mecanismo extensor
 Tratadas com tala em extensão, deixando a
IFD livre para movimento
 Raramente há luxação volar associada; quando
for possível redução fechada, deve ser pinada
 Se fragmento dorsal de tamanho suficiente,
deve ser realizada RAFI
BASE DORSAL DA FALANGE
MÉDIA
FRATURAS POR AVULSÃO –
DEDO EM MARTELO
 Fratura avulsiva no lábio dorsal da falange
distal na zona de inserção tendinosa (extensor
dos dedos)
 Maioria tratada com tala ou órtese em
hiperextensão da IFD
LUXAÇÕES DOS DEDOS E
METACARPIANOS
LUXAÇÕES SIMPLES DAS IF
 Podem ser facilmente reduzidas
 São causa de desconforto e rigidez
(decorrentes geralmente da imobilização)
 Ao serem reduzidas, a articulação fica
completamente estável
 Tratamento: mobilização precoce + proteção da
movimentação no sentido radioulnar (buddy-
tape)
 Recuperação lenta (edema + espessamento
articular)
LUXAÇÕES COMPLEXAS DAS IF
 Luxações expostas das IF (pouco frequentes)
 Em geral, causadas por acidentes de moto ou
carro, com exposição ventral ou dorsal
 Geralmente chegam reduzidas no hospital
 Paciente deve ser levado ao bloco cirúrgico
para limpeza, redução e reparo dos ligamentos
LUXAÇÕES MF
 Mais comum é a luxação dorsal da falange e a
cabeça do meta sofre protrusão ventral, ficando
presa por diversas estruturas ligamentares e
tendinosas
 Hiperextensão da MF e flexão da IFP
 Mais frequente no 2°, mas pode ocorrer no 5°
 Tratamento deve ser cirúrgico

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