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Teologia de Gênesis

Pr Jônatas Leal - SALT,BA


Estrutura do livro
• Conteúdo
I. História primitiva (1–11)
A. A criação (1–2)
B. A queda (3–11)
1. A causa (3)
2. Os efeitos (4–11)
II. História patriarcal (12–50)
A.Abraão (12–25)
B. Jacó (26–36)
C. José (37–50)
Estrutura e relacionamento dentro do próprio
livro (tAdl.At)
I. A história da criação (1:1–2:3)
II. As gerações dos céus e da terra (2:4–4:26)
III. As gerações de Adão (5:1–6:8)
IV. As gerações de Noé (6:9–9:29)
V. As gerações dos filhos de Noé (10:1–11:9)
VI. As gerações de Sem(11:10–26)
VII. As gerações de Terá (11:27–25:11)
VIII. As gerações de Ismael (25:12–18)
IX. As gerações de Isaque (25:19–35:29)
X. As gerações de Esaú (36:1–37:1)
XI. As gerações de Jacó (37:2–50:26)
Implicações
• O movimento em cada uma das dez seções é da
fonte para a corrente, da causa para o resultado,
do progenitor para o progênie.

• Além disso, objetivo do texto é enfatizar


movimento, um plano, algo em progresso e
moção . O que está em movimento é nada menos
que os estágios iniciais de um plano divino, um
plano que tem suas raízes na criação.
• A fórmula toledot fornece uma maneira
histórico-redentiva de olhar o passado como
uma série de eventos interrelacionados.

• Deus começa com Abraão, por exemplo, um


processo cujo clímax está num futuro distante.
Estrutura literária
• Quando consideramos a linha narrativa da
história de Gênesis, o episódio pivô é a eleição
de Abraão. Ele se torna uma ponte entre a
história primeva e a patriarcal, entre as
orígens das nações da terra e a origem da
nação escolhida.

• Do universal (torre de Babel) para o familiar


(filho de Terá).
Tema teológico central de Gênesis

• Uma mensagem unificada que considera Deus


como um Criador e Salvador benevolente cuja
eleição de Abraão, Isaque e Jacó é um
cumprimento nuclear da intenção divina para
a família humana universal de antemão
anunciada na criação.
Temas teológicos em Gênesis
• Deus e o mundo
– Deus é o Criador de tudo que existe, incluindo o
tempo e o espaço, e ele modela a vida de Seu
mundo a fim de realizar seus objetivos para a terra
e seus habitantes. O Criador transcende sua
criação física. Ele não é equivalente ao mundo
material e seus processos e nem subserviente a
eles.
– Contudo, o Senhor tem um relacionamento com
Sua criação material pela superintendência e
envolvimento.

– Ele também é Aquele que tem demandas morais e


torna aqueles criados à Sua imagem responsáveis
pelas suas escolhas.
• A vida humana
– É a Imago Dei que define o humano. A
humanidade é única e unicamente representa a
Deus. A humanidade é criatura, mas vivificada
pelo sopro divino.

– Isso implica em igualdade total entre os humanos,


inclusive entre o homem e a mulher.
– Embora criados à imagem e semelhança de Deus,
os seres humanos não são autônomos, mas vivem
sob a lei divina.

– Deus criou a humanidade como uma comunidade,


marido e mulher, vivendo em harmonia. Foram
criados para desfrutarem do relacionamento de
uns para com os outros e com Deus.
• Pecado
– O mal é alheio à “boa” criação de Deus; não se
originou com Deus ou o homem. A condição
humana de autonomia egoísta e degeneração
moral teve sua origem como evento numa escolha
de Adão que impactou tudo ao seu redor. O
pecado nem sempre existiu. O pecado resulta na
punição divina, incluindo derrota, trabalho
doloroso e morte.
• Aliança

– No caso de Abraão, a aliança forma uma


relacionamento único entre o Senhor e o patriarca
que impacta profundamente o futuro da família
abraâmica.
• O caráter universal da aliança.

Gênesis 8:15-20 Gênesis 12:1-7


a.E Deus disse a Noé (8:15) a. E Deus disse a Abraão (12:1)
b. Sai da arca (8:16) b. Sai da tua terra (12:1)
c. E Noé saiu (8:18) c. E Abraão saiu (12:4)
d. E Noé construiu um altar ao Senhor (8:20) d. E Abraão construi um altar ao Senhor(12:7)
e. E Deus abençoou Noé (9: 1) e. “E eu te abençoarei" (12:2)
f. “Sê frutífero e multiplique-se” (9:1) f. “Eu farei de ti uma grande nação" (12:2)
g.“Eu estabelecerei minha aliança contigo e g. “Eu darei a tua semente esta terra" (12:7)
com a tua semente" (9:9)
• Tanto Noé quanto Abraão representam novos
começos no curso dos eventos registrados em
Gênesis. Ambos são marcados pela promessa de
bênção e seu dom da aliança.

• A aliança é um retorno às promessas originais.


Uma vez mais no Sinai, como tinha feito no
passado, Deus está em operação restaurando Sua
comunhão com a humanidade e trazendo a
humanidade de volta a Ele (Gn 15:7; Ex 20:1).
• A aliança abraâmica é eterna (17:7,8).

– Parte de Deus: descendência e fidelidade eterna (17:4-8)


– Parte de Abraão: obediência ao sinal da aliança (17:11)
– Resposta inicial de Abraão: falta de fé (17:17a)
– Resposta final: obediência (17:23)
• Promessas

– As promessas patriarcais (primeiro em 12:1–3) são


diligentemente preseguidas pelo autor à medida
que ocorrem repetidamente na cadeia narrativa
de Abraão (e.g., 12:7; 13:15–17; 15:7–21; 17:4–8;
22:16–18), Isaque (26:2–4) e Jacó (28:13–14;
35:9–12), e José (46:1–4).
• Ao longo de todas as histórias patriarcais, as
promessas são a primeira preocupação.

• O significativo papel desempanhado pelos


patriarcas na história da redenção é feito mais
proeminente pela constante ênfase na promessa
divina. Afinal, o interesse é profético e não
histórico.

• Gênesis termina no Egito e o Pentateuco na


morte de Moisés na fronteira de Canaã. Assim,
mais do que um livro de cumprimento, o
Pentateuco é um livro de promessa (Relação AT-
NT).
• Assim, no cerne temático-teológico
do livro estão as promessas divinas
da benção, semente e terra para
Abraão e seus sucessores.
• Bênção

– Início (1:22,28) e fim de Gênesis (48:28).


– O engano (27) e o pleito de Jacó (32:26).
– A semente e a terra são manifestações materiais
da bênção.
• Semente
• Um tema proeminente (e.g., 12:7; 13:15–16;
17:7; 22:17; 26:3–4; 28:4; 48:4).
• A semente messiânica (Gn 3:15), que vem por
meio da atuação divina direta (Gn 18:10,14 cf Lc
1:35)
• A semente espiritual - Alienação da semente
como herança (Ló, Esaú, Ismael)
• Teologia paulina da semente (Rm 9).
• Terra
– Os ocupantes da terra serão removidos por causa
de seus pecados (15:16; Lev 18:25), e os
descendentes do patriarca receberão a terra
(12:6–7; 13:15, 17; 15:7, 18–21; 17:8; 24:7; 26:3–
4; 28:13; 35:12; 48:4) por causa do juramento
feito aos pais (e.g., Exod 6:4, 8; Deut 1:8; 4:31;
11:9, 21; 26:3, 15).
• A proeminência da terra em Gn 1, 6 e 15

• O papel profético de Abraão e a promessa da


terra (Gn 15:13-16 cf 20:7).
• Embora esta tríade promissora de benção,
semente e terra seja o cordão temático
que une o livro de Gênesis, nós
encontramos os contra temas do
fatricídio, violência, “descriação” e
expulsão que formam a frustração
teológico-literária da benção.
Promessa e graça
• As narrativas patriarcais mostram que a esperança
de redenção reside apenas Naquele que chama,
não em Abraão, pois sua herança espiritual
experimenta uma lenta mas segura deteriorização.
Isto é um protótipo do Israel posterior, cuja
apostasia resultou na expulsão de Canaã, levando
os descendentes de Abraão de volta para o Egito.

• A própria vida de Abraão é uma amalgação de fé e


tolice, avanços e retrocessos.
• As falhas de Abraão e Adão

Ge 16:2a Ge 3:2
“então ela [Sarai] disse a" A mulher disse a"
Ge 16:2b Ge 3:17
Abraão deu ouvidos a Sarai" “tu deste ouvido a tua mulher"
Ge 16:3a Ge 3:6a
"5arai . . . tomou" “Ela tomou"
Ge 16:3b Ge 3:6b
“e [ela] a deu a seu marido “ela também o deu ao seu
[Abrão]" marido!!
• A deteriorização inerente das estruturas da
aliança requer inevitavelmente um Salvador.

• De fato, essas promessas são absolutas e não


condicionais.

• Não é uma recompensa, mas um dom.


• Contudo, um nexo causal entre obediência e
cumprimento (22:15-18; 26:4-5).

• Não obstante, o ponto é que a


responsabilidade humana é repetidamente
subordinada a palavra da promessa de Deus.
• Estrutura da promessa

– Primeiro há um imperativo divino “Vá!” (v. 1).


– Então vem a promessa divina “Eu darei” (vv. 2–3).
– Aí, segue a resposta humana “assim Abraão foi” (v. 4).
– O mesmo padrão acontece em Gn 13:14-18;15:1-6.
• A restauração pode ser a provisão de vida à
despeito do pecado do Éden.

• O que aprendemos dos episódios do Gênesis é


que o Senhor é bom e que o pecado da
humanidade não arruinará seu benevolente
plano de um mundo “bom”.

• Mas, Deus não é indiferente ao pecado


humano; ele traz a punição ao pecado.
O padrão teológico de Gênesis
BENÇÃO

PECADO

GRAÇA
• Rivalidade entre irmãos

– Inimizade entre a descendência da serpente


e da mulher (Caim-Abel, Cam-Sem/Jafé,
Isaque-Ismael, Esaú-Jacó).
• Engano e mentira

– Serpente, Abraão e Isaque, José, Jacó e Esaú,


Labão, filhas de Ló

– Por esta prática geracional de engano entre


também entre os patriarcas, o autor mostrou
como os instigadores, à despeito de suas ações,
não suspendarão o objetivo de Deus de abençoar
a família eleita de Abraão
• Separação/alienação:

– Adão/Eva, Caim, Abraão, Jacó, José

– Teologicamente, este tema era integral para a


aliança feita com os ancestrais de Israel.
– O chamado de Abraão no contexto de “Ur dos
Caldeus” traça uma linha que conecta o chamado
de Abraão (12:1-3) com a dispersão de Babilônia
(11:1-9), e assim Abraão se torna prefigução de
todos os futuros exilados que, na fé, aguardam o
retorno à Terra Prometida
Em um sentido metafórico, a comunidade
cristã também via a si mesma como uma
população estrangeira. Os cristãos têm uma
cidadania celestial e são “estrangeiros” neste
mundo.
Bibliografia
• Mathews, K. A. Genesis 1-11:26: the New American Commentary .
v.1A. Nashville: Broadman & Holman Publishers, 1996

• Mathews, K. A. Genesis 11:27–50:26: the New American


Commentary. v.1B. Nashville: Broadman & Holman Publishers,
2005.

• Hamilton, V. P. Handbook on the Pentateuch. 2.ed. Grand Rapids,


MI: Baker Academic, 2005.

• Sailhamer, John. The Pentateuch as narrative: a biblical-theological


commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1992.

• HOUSE, Paul. Creation in Old Testament Theology.

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