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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

CAMPUS ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA


CURSO: ODONTOLOGIA BLOCO IV
DISCIPLINA: TERAPÊUTICA
PROFESSORA: PATRICK QUELEMES

ANESTÉSICOS LOCAIS
ACADÊMICOS:
RENNAN OLIVEIRA
ROBSON SOUSA
THALISSON SAYMO

PARNAÍBA – PI
2009
INTRODUÇÃO

• Anestésicos Locais são agentes que bloqueiam de


modo reversível a condução de impulsos nas fibras
nervosas.

• Efeito principal: abolição da dor


CARACTERÍSTICAS IDEAIS

• Irritação mínima;

• Bloqueio reversível do nervo;

• Boa difusibilidade;

• Baixa toxicidade sistêmica;

• Eficácia;

• Início rápido de ação;

• Duração de ação adequada.


MECANISMO DE AÇÃO

Estímulo Doloroso
Anestésico
Potencial de ação local

Despolarização

Entrada de Íons de sódio


MECANISMO DE AÇÃO
QUÍMICA DOS ANESTÉSICOS
• Apresentam-se na forma de aminas terciárias

• Situam-se em duas categorias:

- Aminoésteres;

- Aminoamidas.
• São bases orgânicas fracas, pobremente solúveis em
água;

• São comercializados sob a forma de sais de


hidrocloreto, o que aumenta sua hidrossolubilidade e
estabilidade.

• O pH do tecido exerce influência sobre sua atividade

• pH básico = absorção nos tecidos;

• pH ácido = absorção dificultada.


• Exibem 03 porções em sua configuração química:

1) Porção hidrofílica

- representada pelo grupo amimo

- facilita a difusão do anestésicos nos tecidos


2) Porção lipofílica

- representada pelo grupo aromático;


- permite a difusão do anestésico através da bainha
nervosa;

3) Cadeia intermediária

- Une as porções hidrofílica e lipofílica;


- Sua união com o grupo aromático se faz por meio de
ligações ESTÉR ou AMIDA.
Grupo Aromático Grupo Terminal
Cadeia Intermediária
AMINOÉSTERES
• Primeiros Anestésicos Locais a serem sintetizados;

• Precursor: Cocaína;

• Características:

- Alto potencial alergênico;

- Baixa estabilidade em solução;

- Rápida hidrólise por enzimas.


BENZOCAÍNA
• Usado como anestésico de superfície em
mucosas, nas forma de pomadas ou géis;

• Absorvido de forma rápida através das


mucosas;

• O começo da ação evidencia-se


instantaneamente e prolonga-se por 15 a 20
minutos.
AMINOAMIDAS
• Surgiram em 1948, com a síntese da Lidocaína;

• Características:

- Relativamente estáveis em solução;

- Menor capacidade de produzir reações alérgicas;

- Apresentam maior duração e efeito;

- Fazem parte do grupo: Lidocaína, Mepivacaína,


Prilocaína, Articaína, Bupivacaína, Ropivacaína e
Etidocaína.
LIDOCAÍNA

• Anestésico Local padrão;

• Início de ação: rápido, em torno de 2 a 3 min.;

• Duração da ação: média;

• Uso indicado com vasoconstritor na Odontologia;

• Concentração terapêutica: 2%;


• Lidocaína s/ vasoconstritor: 5 a 10 min. de
anestesia pulpar;

• Lidocaína c/ vasoconstritor: 1h de anestesia


pulpar e 3 a 5h de anestesia dos tec. moles;

• Metabolizada no fígado e excretada pelos rins;

• t/2 aproximadamente 90 min.;

• Toxicidade: estimulação inicial do SNC, seguida de


depressão;
MEPIVACAÍNA
• Potência anestésica similar à da lidocaína;

• Início de ação: entre 1,5 e 2 min.;

• Mepivacaína a 3% s/ vasoconstritor promove


anestesia pulpar mais duradoura que Lidocaína;

Discreta ação vasodilatadora

• Metabolização hepática e eliminação pelos rins;

• t/2 aproximadamente 2h.


PRILOCAÍNA
• Início da ação: mais lento, entre 2 a 4 min.;

• Duração de ação: média;

• Ação vasodilatadora < que a Mepivacaína e a


Lidocaína;

• Não é vendida no Brasil s/ vasoconstritor;

• Metabolizada mais rápido que a Lidocaína, no fígado


e no pulmão;
• Principal metabólito: orto-toluidina – metemoglobina
– metemoglobinemia;

• Excreção renal;

• t/2 90 min.;

• Toxicidade: igual à Lidocaína.


ARTICAÍNA
• Início de ação: 1 a 2 min.;

• Potência superior à Lidocaína;

• Ação vasodilatadora similar à Lidocaína;

• Metabolismo: fígado e plasma sanguíneo;

• Excreção renal;

• t/2 30 min.;

• Toxicidade semelhante à Lidocaína.


BUPIVACAÍNA
• Início de ação: 6 a 10 min.;

• Potência 4x maior que a Lidocaína;

• Ação vasodilatadora superior;

• Longa duração de ação;

• Anestesia pulpar por até 3h e tec. moles por até 12h;

• Metabolizada no fígado e excreção renal;

• t/2 3h.
• Toxicidade: devido à sua maior potência, apresenta
cardiotoxicidade 4x maior que a Lidocaína;

• É utilizada na concentração 0,5%.


COMPONENTES DA SOLUÇÃO
ANESTÉSICA
• Base anestésica;

• Vasoconstritor;

• Estabilizante (bissulfito de sódio);

• Cloreto de sódio;

• Água destilada;

• Metilparabeno.
VASOCONSTRITORES
• Associados aos sais anestésicos e produzem a redução
de sua absorção, aumentando a duração do efeito;
• Vantagens: • Desvantagens:

- Prolongamento do efeito; - Ansiedade;

- Hemostasia; - Taquicardia;
- Hipertensão;
- Reduz o risco de toxicidade sistêmica;
- Cefaleia;
- Diminui a posologia do anestésico.
- Arritmias cardíacas.
• Tipos de vasoconstritores: aminas simpatomiméticas
e felipressina;

• Aminas simpatomiméticas:

Catecolaminas – epinefria, norepinefrina e corbadrina;

Não-catecolaminas – fenilefrina.

Ação: interação com receptores α1


EPINEFRINA

• É o vasoconstritor de escolha para os procedimentos


odontológicos;

• Promove constrição dos vasos da área injetada;

• Quando injetado em excesso, pode interagir com os


receptores β1, causando distúrbios cardiovasculares e
β2, dilatando os vasos da musculatura esquelética.
• Concentrações da epinefrina nos anestésicos
locais:

• 1:50.000; 1:100.000; 1:200.000;


NOREPINEFRINA

• Atua nos receptores α (90%) e β (10%);

• Possui apenas 25% da potência vasoconstritora da


epinefrina;

• Está associada a casos de reações adversas: cefaleia,


necrose tecidual, hipertensão arterial;

• Seu uso em Odontologia está restrito.


Corbadrina: estimula os receptores α (75%) e β
(25%);

• Possui 15% ação vasopressora da epinefrina;

Fenilefrina: α estimulador (95%), exercendo pouca


nos receptores β1.

• Possuem 5% da potência vasoconstritora da


epinefrina;

• Concentração empregada: 1:2.500.


FELIPRESSINA

• Análogo sintético da vasopressina;

• Contida em soluções cuja base anestésica é a


prilocaína;

• Possui pouca ação no controle da hemostasia;

• Não age sobre os receptores α e β adrenérgicos.


• Bissulfito de sódio: solução estabilizadora que
impede a biodegradação do vasoconstritor pelo O2
presente no tubete.

• Metilparabeno: utilizado em soluções anestésicas


para evitar contaminação microbiana.

• Cloreto de sódio: utilizado em solução anestésica


para torná-la isotônica em relação aos tec. do
organismo;
VOLUME SOLUÇÃO
ANESTÉSICA
• Calculado em função de 3
parâmetros:

- [ ] do anestésico na solução;

- Dose máxima recomendada;

- Peso corporal do paciente.


TOXICIDADE DOS
ANESTÉSICOS LOCAIS

• Clinicamente, os efeitos adversos dos anestésicos são


praticamente desprezíveis;

• Pode ocorrer toxicidade devido à sobredosagem e/ou


uso incorreto das técnicas anestésicas;
• Sobredosagem absoluta: ocorre devido à injeção
de uma quantidade excessiva de anestésico;

• Sobredosagem relativa: o anestésico é


administrado em doses adequadas, mas no interior de
um vaso sanguíneo.
CUIDADOS NA APLICAÇÃO

• A injeção só pode ser feita após a aspiração


negativa;

• De forma lenta, na razão de 1ml/min.;

• Deve-se respeitar a dose máxima de cada anestésico;


CRITÉRIOS DE ESCOLHA

• Tempo de duração da anestesia pulpar;

• Grau de hemostasia;

• Condições sistêmicas do paciente.


• Procedimentos de curta duração ou quando há
contra-indicação absoluta ao uso de
epinefrina:

- Mepivacaína 3% (s/ vasoconstritor);

- Promove anestesia pulpar de aproximadamente 20


min. (infiltrações na maxila) a 40 min. de duração
(bloqueios regionais na mandíbula).
• Procedimentos de média duração:
- Anestesia pulpar c/ duração acima de 30 min. e/ou
anestesia dos tec. moles em torno de 2 a 4h.

- Lidocaína 2% c/ epinefrina 1:100.000;

- Mepivacaína 2% c/ epinefrina 1:100.000;

- Articaína 4% c/ epinefrina 1:100.000 ou epinefrina


1:200.000;

- Prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/mL.


• Procedimentos de média duração, quando há
contra-indicação relativa ou absoluta ao uso
de epinefrina ou outras aminas
simpatomiméticas:

- Prilocaína 3% c/ felipressina 0,03 UI/mL;


• Indicações:

- Pacientes portadores de doença cardiovascular não


controlada ou diabetes descompensado;

- História de alergia aos sulfitos;

- Pacientes que fazem uso contínuo de drogas que


podem interagir com a epinefrina ou outros
vasoconstritores adrenérgicos.
• Procedimentos de maior tempo de duração ou
quando há expectativa de dor pós-operatória
de maior intensidade:

• Bupivacaína 0,5% c/ epinefrina 1:200.000;

• Diminui a necessidade de analgésicos no período pós-


operatório;

• Utilizada para tto. endodôntico, remoção 3º molar,


implantodontia, etc.
PACIENTES QUE REQUEREM
CUIDADOS ESPECIAIS
• Pacientes com doenças sistêmicas (diabéticos);
• Crianças ;
• Gestantes; Alterações
fisiológicas
• Idosos.
• Portadores de doenças cardiovasculares

 Busca de novos conhecimentos de medicina oral, para um


atendimento adequado.
O DIABÉTICO
• A epinefrina tem ação oposta a insulina (hormônio
hiperglicêmico);

• Concentrações de epinefrina em soluções anestésicas


odontológicas e pequena;

• Catecol.
• A população diabética e os riscos de complicações
podem variar muito:

- Diabéticos controlados: tolerância aos vasos;

- Diabéticos não-controlados: evitar vasos do grupo.


• Os diabéticos não controlados devem ser atendidos
em urgências odontológicas.

- eliminar focos de infecção ;

- vaso deve ser a FELIPRESSINA;

• Sugere-se aos diabéticos tipo I e tipo II que utilizem


AL com epinefrina; observando dose máxima, injeção
lenta e aspiração.
A CRIANÇA

• São os mais sensíveis.


 maior número de casos fatais por dose excessiva;
• Principais problemas:
- volume sanguíneo menor (1,5l);
- injeção intravascular acidental.
• Se estiver sendo usado um ansiolítico, deve-se reduzir
a dose do anestésico local.
• Normas ao odontólogo no uso de anestésicos
locais (AL) em crianças:

1- Conhecimento do AL a ser utilizado;

2- Usar anestésicos com vasoconstritores;

3- Evitar injeção intravascular, realizar aspiração;


4- Injetar o AL lentamente;

5- Usar o menor volume e concentrações possíveis, para


atingir a anestesia desejada;

6- Reduzir a dose PARA 1/3, quando a criança estiver


sedada.
• A dose máxima recomendada para crianças é de
5mg/kg de peso corporal;

• O AL de escolha para odontopediatria é a lidocaína


2% com epinefrina (1:100.000);

- alternativa: mepivacaína 2% ou a 3% (sem vaso);

• É contra indicada a bupivacaína pelo longo efeito de


duração.
GESTANTES
• Planejamento

IMPORTANTE!!!

Todos os anestésicos, por serem lipossolúveis,


atravessam facilmente a placenta;
• O anestésico local que apresenta maior segurança,
sendo recomendado para o uso em gestantes é a
Lidocaína 2% c/ epinefrina 1:100.000;

• Devem ser utilizados no máximo 2 tubetes de


anestésico por sessão.
PROCEDIMENTOS ELETIVOS
• Urgências (dor ou infecção); Lidocaína 2% c/
epinefrina 1:100.000.
• Gestação normal;
• Grávidas c/ história de anemia;
• Grávidas c/ hipertensão arterial controlada.

• Grávidas com hipertensão arterial não controlada:

Prilocaína 3% c/ felipressina ou
Mepivacaína 3% s/ vasoconstritor
O PACIENTE IDOSO
• Devemos estar atentos às alterações fisiológicas.
 LIDOCAÍNA 2%:
- Metabolizada pelo fígado e excretada pelos rins
(risco de sobre dose);
- Recomenda-se doses reduzidas (3 tubetes);
- AL com vaso: epinefrina em baixa concentração,
EXCETO norepinefrina e fenilefrina para doentes
cardiovasculares;
• Deve-se evitar o uso dos AL sem vaso.
• Em casos que o uso do vaso é contra-indicado, usa-se
a Mepivacaína 3%;

 PRILOCAÍNA:

- Risco de toxicidade (METEMOGLOBINEMIA);

- Não utilizar em pacientes fazendo uso do paracetamol;

- Baixa ligação as proteínas plasmáticas;

- Máximo 2 tubetes.
PORTADORES DE DOENÇA
CARDIOVASCULAR
• Hipertensão Arterial:
- Pacientes com hipertensão controlada:
 O uso de anestésico locais com vasoconstritor não é
contra-indicado
 Pode ser empregado: epinefrina (1:100.000 ou
1:200.000) em pequenos volumes;
 Não se deve ultrapassar 02 tubetes de anestésico por
sessão ;
 Quando não houver previsão de sangramento pode-se
empregar a felipressina como alternativa à epinefrina.
• Doença cardíaca isquêmica:
- A anestesia local deve ter profundidade e duração
adequadas;
- Pode-se usar solução de prilocaína com felipressina
0,03 UI/ml ou atracaína com epinefrina 1:200.000;
- Limite de 02 tubetes de anestésico por sessão.

• Insuficiência cardíaca congestiva:


- O atendimento o odontológico deve ser de curta
duração e a anestesia profunda, evitando a taquicardia;
- A felipressina ou epinefrina (1:100.000 ou 1:200.000)
podem ser utilizadas.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
 ANDRADE, Eduardo Dias de. TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA
EM ODONTOLOGIA: PROCEDIMENTO CLÍNICOS E USO DE
MEDCAMENTOS NAS PRINCIPAIS SITUAÇÕES DA PRÁTICA
ODONTOLÓGICA. 2 ed. São Paulo: Artes Médicas, 1998.
OBRIGADO!!!

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