Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Roberto Lyra
Aula 1
Introdução ao
Estudo do Direito Penal
Introdução
O fato social é sempre o ponto de partida na formação
da noção do Direito
fato social
ilícito ILÍCITO
contrário à
jurídico PENAL
norma
=
Estudo
Conjunto de DIREITO - Do crime
normas - Da pena
PENAL
jurídicas - Do delinqüente
Código Penal
O Código Penal vigente é o
Decreto-Lei nº 2848
de 07 de dezembro de 1940
É dividido em:
SUJEITO
que tem o
Direito à Liberdade
prática (princípio da legalidade)
faz nascer relação entre
do crime
ESTADO
que tem o
Direito de Punir
(“jus puniendi”)
SUBJETIVO OBJETIVO
É o direito de punir do Estado É o próprio ordenamento jurídico-
(“jus puniendi”). penal, correspondendo, portanto,
Esse direito tem limites no Direito à sua definição.
Penal Objetivo (= conjunto de É, justamente, o conjunto de
normas), não sendo ilimitado. normas colocadas pelo Estado
para regular as relações humanas.
Direito Penal comum e
Direito Penal especial
Comum [Federal e Estadual]
JUSTIÇA
Especial [Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar]
COMUM ESPECIAL
Aplica-se a todos os cidadãos. Tem seu campo de incidência restrito
Se a aplicação do direito ao caso a uma classe de cidadãos conforme
concreto não demandar jurisdições qualidades particulares.
próprias, sua qualificação será de Se a norma objetiva somente se
norma penal comum. aplicar por meio de órgãos especiais
constitucionalmente previstos, a
norma terá caráter especial.
Direito Penal material e
Direito Penal formal
MATERIAL FORMAL
(substantivo) (adjetivo)
Justa interpretação e
aplicação da lei
Definição de
condutas delituosas
BRASIL
DIREITO PENAL
Estado
Democrático
de Direito Princípios Constitucionais
Princípio da legalidade
Princípio da reserva legal
artigo 5° , XXXIX, da CF
artigo 1° do CP
Entendimento Jurisprudencial:
ENTROU EM VIGOR A
JOÃO PRATICOU LEI X QUE INCRIMINA
JOÃO NÃO PODE
CONDUTA A A CONDUTA A
SER PUNIDO PELA
CONDUTA A QUE
10/04/04 20/09/05 PRATICOU
Princípio da irretroatividade da lei
penal mais severa
artigo 5° , XL, da CF
artigo 2° do CP
conduta
REQUISITOS DESVALOR dano
culpabilidade
TRÂNSITO EM
JULGADO DE
SENTEÇA
CONDENATÓRIA
= RÉU CULPADO
EXECUÇÃO DA PENA
Neste sentido:
"Rol dos culpados - Lançamento do nome do réu - Impossibilidade
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória -
Consagração do princípio constitucional da presunção da
inocência."(RESE 134.320-3/4 - 4° C., j.20.6.94)
Princípio do "ne bis in idem"
Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato.
Duplo significado:
PENAL MATERIAL: ninguém pode sofrer duas penas em face de
um mesmo crime
PROCESSUAL: ninguém pode ser processado e julgado duas
vezes pela mesma conduta.
EXEMPLO:
= qualificadora
(art. 121,2º, III)
USO DE
MATA EXPLOSIVO
A B = agravante
(art. 61, II, d)
Corolário do campo das provas, tal princípio deve ser aplicado toda
vez que houver dúvida, a interpretação deve ser feita de maneira
mais favorável ao réu.
ESTADO
O Brasil é composto de
compete à alguns entes federativos:
• União
União • Estados-membros
legislar sobre • Municípios
Direito Penal • Distrito Federal
(artigo 22, I da CF)
FONTES DE CONHECIMENTO
Como o direito penal se revela?
fonte
formal LEI
imediata
FONTES
FORMAIS
costumes e
fonte princípios
formal gerais do
direito
mediatas
Fonte Formal IMEDIATA
A única fonte imediata de conhecimento é a lei
Através dela, o Direito se revela imediatamente, de forma direta.
NORMA LEI
Mandamento de um ato em que se expressa a função
comportamento normal, retirado legislativa do Estado
do senso comum da coletividade texto
refere-se ao conteúdo simples veículo de norma
pode estar em um ou mais
dispositivos legais
Costume
conjunto de normas de comportamento a que pessoas
obedecem de maneira uniforme (ELEMENTO OBJETIVO) e
constante pela convicção de sua obrigatoriedade
(ELEMENTO SUBJETIVO)
Esclarece e auxilia na
ESPÉCIES "secundum legem" aplicação dos
dispositivos legais
Cobre lacunas,
"praeter legem" especificando o conteúdo
ou a extensão da lei
Classificação
das normas penais
As normas penais classificam-se em:
preceito preceito
norma penal
incriminadora
= primário + secundário
definição do exposição da
sanção que se
comportamento associa à
humano ilícito conduta
PERMISSIVAS:
determinam a licitude ou a não punibilidade de certas
condutas, embora estas sejam típicas em face das normas
incriminadoras. Exemplos: arts. 20 a 27, 28, parágrafo segundo
e art. 128 do CP.
gravidez
resultante
A PRATICA ABORTO COM B de estupro
CONSENTIMENTO
MÉDICA GESTANTE
art. 126 art. 128, II
norma penal incriminadora norma penal permissiva
GENÉRICA: ESTRITA:
Art. 269 - Deixar o médico de Art. 237 - Contrair casamento
denunciar à autoridade pública conhecendo a existência de
doença cuja notificação é impedimento que lhe cause a
compulsória. nulidade.
O rol de doenças está no Esses impedimentos estão no
Código Sanitário Estadual. art.183, I e VIII do CC.
Sebastián Soler: “No entanto, a lei penal em branco não pode ser
entendida como uma carta branca outorgada a determinado poder
para que assuma funções repressivas, e, sim, deve ser entendido
como o reconhecimento de uma faculdade meramente
regulamentar.”
QUESTÕES para REFLEXÃO
é o ato pelo qual ato pelo qual se ato pelo qual a expressão
o Presidente da atesta a lei se torna genérica que
República aprova existência da lei e conhecida de traz a idéia de
e confirma uma se determina a todos, cessação da
lei. Com ela, a lei todos que a tornando-se, existência de
está completa. observem. Sua assim, seu regra
Ela transforma finalidade é cumprimento obrigatória
um “projeto de conferir-lhe obrigatório
lei” em “lei” autenticidade
sanção promulgação publicação revogação
EFICÁCIA DA LEI
ENTRADA
FATO EM VIGOR FATO REVOGAÇÃO
FATO
Natureza jurídica:
Constitui fato jurídico extintivo da punibilidade (art. 107, III do CP).
O Estado, portanto, perde a possibilidade de punir o agente.
= teoria da ubiqüidade
CRIME EFEITO
CRIME
CONSUMADO INTERMÉDIO
TENTADO
TERRITÓRIO
EMBARCAÇÕES de BRASILEIRO
AERONAVES PROPRIEDADE SÃO Quando estiverem
PRIVADA em território
Art. 5º, §2º CP nacional
Extraterritorialidade
INCONDICIONADA – ART. 7º, I
EXEMPLOS:
EXEMPLO:
06 25
Janeiro Janeiro
A 2000 2003
A
• material;
• formal (ou analítico);
• formal e material;
• formal, material e sintomático.
Fato Típico
Ilícito
Culpável
06/03/2019
85 Crime
Teoria Finalista
Fato
Típico
Ilícito
06/03/2019
Caracteres do Crime
Fato Típico
Antijuridicidade ou Ilicitude
Culpabilidade (teoria clássica)
Punibilidade
Fato típico
Nexo
Conduta Resultado Tipicidade
Causal
nexo de enquadramento
dolosa ou Jurídico ou causalidade do fato material
culposa Naturalístico entre a conduta a uma norma
e o resultado penal
06/03/2019
“A esfaqueou B”, logo: A praticou
a conduta esfaquear (conduta); B
morreu (resultado); B morreu em
conseqüência das lesões produzidas
pelas facadas (nexo causal); todo
esse acontecimento se enquadra no
artigo 121 do Código Penal
(tipicidade).
CRIME = FATO TÍPICO + Antijurídico ou Ilicitude
89
Elementos do FATO TÍPICO:
FATO TÍPICO
b)Teoria finalista
c)Teoria social
Teoria naturalista ou causal
CAUSA CAUSA
Os causalístas:
Ao examinarem a conduta de uma pessoa, não realizam nenhuma
valoração acerca do FIM pretendido pelo agente;
Teoria finalista
Hans Welzel
101 primeiras décadas
do século XX;
Ação
Internamente Externamente
(pensamento) (concretiza sua vontade)
Finalidade
Conclusão: somente analisando o conteúdo da vontade é que se pode afirmar
a realização de um tipo legal de crime, já que a finalidade é parte integrante da
conduta, dela inseparável. Esta é a essência do FINALISMO.
Teoria social
102
JESCHEK E WESSELS entenderam que o finalismo de Welzel era
INSUFICIENTE para conceituar conduta porque esquecia uma
característica essencial de todo comportamento humano, que é o
seu LADO SOCIAL (TELES, 2005).
Conduta
VONTADE FINALIDADE
Conceitos de Conduta
104
-é ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada
finalidade (DAMÁSIO, 1998);
-É ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma
finalidade (CAPEZ,2005).
VONTADE
AÇÃO
CONDUTA FINALIDADE
OMISSÃO
CONSCIÊNCIA
Elementos da Conduta
105
a) Vontade
b) Finalidade;
c) Exteriorização (inexiste quando é pensamento)
d) Consciência
Ação Omissão
comportamento comportamento
positivo, negativo,
movimentação abstenção de
corpórea, facere. movimento, non
(CAPEZ,2005); facere (CAPEZ,
2005).
Conduta comissiva
Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes
a)Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o genro,
com intenção de envenenar a sogra, ministra arsênico no
jantar da vítima. Ao terminar o jantar, a vítima morre.
Constata-se, então, que a causa da morte da vítima foi o
envenenamento produzido pela filha no café da manhã.
Observe-se que a morte não foi causada pela conduta do
genro, pois o arsênico leva 16 horas para fazer efeito. Não
há, portanto, nexo causal. Nesse caso, o genro responderá
por tentativa de homicídio.
b)Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta.
Exemplo: durante o jantar, 4 assaltantes invadem a
residência de uma pessoa que está sendo envenenada. Esta
pessoa reage ao assalto e é assassinada. Não há nexo
causal.
c)Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: após ser
envenenada, mas ainda viva, desprende-se o lustre sobre a
cabeça da vítima, matando-a. Não há nexo causal.
Observe-se que, nos exemplos citados, as
causas rompem totalmente o nexo causal,
razão pela qual o agente só responderá pelos
atos até então praticados.
Causas relativamente independentes
Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes
a)Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o agente
corta o braço da vítima, que é hemofílica, e esta morre em
decorrência da hemorragia. A hemofilia é causa preexistente ao
resultado. Existe nexo causal, mas o autor deverá responder por
lesão corporal, diante da ausência de dolo de matar (se o agente
não sabia que a vítima era hemofílica).
Relativamente
Independentes
Supervenientes Rompem o nexo
casual em relação
ao resultado e o
Que produziram por agente só
si sós o resultado responde pelos
atos até praticados
(CP art. 13, §1º)
DIREITO PENAL
Crime Consumado
Tentativa
Arrependimento Posterior
Iter criminis é o itinerário do crime. A doutrina
aponta quatro etapas diferentes no caminho do crime:
Aplicação da Pena
Tentativa cruenta
Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima é
atingida, mas o resultado desejado não acontece por circunstância alheia
à vontade do agente.
Infrações que Não Admitem Tentativa
Crimes culposos
Parte da doutrina admite no caso de culpa imprópria.
Crimes preterdolosos
No caso dos crimes preterdolosos ou preterintencionais, o evento
de maior gravidade, não querido pelo agente, é punido a título de
culpa. No caso de latrocínio tentado, o resultado morte era querido
pelo agente; assim, embora qualificado pelo resultado, o latrocínio
só poderá ser preterdoloso quando consumado.
Contravenção penal
A tentativa não é punida (artigo 4.º do Decreto-lei n. 3.688/41).
Delitos de atentado
São crimes em que a lei pune a tentativa como se fosse
consumado o delito (exemplo: artigo 352 do Código Penal).
Crimes habituais
Tais crimes exigem, para consumação, a reiteração de
atos que, isolados, não configuram fato típico. Inviável a
verificação da tentativa, posto que uma segunda conduta já
caracteriza o delito.
• Desistência voluntária
• Arrependimento eficaz
Desistência voluntária
O agente interrompe voluntariamente a
execução do crime, impedindo, desse modo, a sua
consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os
atos de execução, sendo possível somente na
tentativa imperfeita ou inacabada..
Arrependimento eficaz
Tipo Penal
Dolo e Culpa
Crimes Qualificados pelo Resultado
Erro de Tipo
TIPO PENAL
• Vontade
• Representação
• Assentimento:
Vontade: Elaborada por Carrara, que diz “ dolo é a
intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato
que se conhece contrário à lei” (Teles, p. 161).
Compõe-se de dois elementos – o intelectivo
referente a consciência do fato (representação do
resultado, pois o sujeito sabe e prevê o resultado) e
o volitivo (corresponde a vontade de causar e querer
o resultado).
Dolo normativo
Dolo natural
Dolo genérico
Dolo específico
Dolo de perigo
Dolo de dano
Dolo direto ou determinado
Dolo indireto ou indeterminado
Dolo geral ou erro sucessivo
TRABALHO
CULPA
conduta humana
previsibilidade
inobservância do dever geral de cuidado
objetivo.
ausência de previsão
resultado naturalístico indesejado
nexo de causalidade objetivo
tipicidade
conduta humana voluntária: a ação ou omissão que
causa o resultado deve se iniciar de forma voluntária e
espontânea.
Imprudência
Negligência
Imperícia
Imprudência
É a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado).
É a prática de um fato perigoso, ou seja, é uma ação
descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.
Negligência
É a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes
de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação (exemplo:
não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em
movimento).
Imperícia
É a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou
atividade
Excepcionalidade da Culpa
Um crime só pode ser punido como culposo quando há
previsão expressa na lei. Se a lei é omissa o crime só é punido
como doloso (artigo 18, parágrafo único, do Código Penal).
Compensação de Culpas
No Direito Penal, não existe compensação de culpas. O fato
de a vítima ter agido também com culpa não impede que o
agente responda pela sua conduta culposa. Somente nos
casos em que existir culpa exclusiva da vítima haverá
exclusão da culpa do agente.
Não confundir com concorrência de culpas que ocorre
quando dois ou mais agentes, culposamente, contribuem para
a produção do resultado (exemplo: choque de dois veículos
num cruzamento).
Graus de Culpa
Culpa imprópria
TRABALHO
ILICITUDE
OU
ANTIJURIDICIDADE
CONCEITO
Causas supralegais:
A tipicidade é material, e a ilicitude meramente formal,
de modo que causas supralegais são excludentes de
tipicidade;
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso
doloso ou culposo.
ESTADO DE NECESSIDADE