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“O Direito Penal é o primeiro amor dos

grandes estudantes, fascinados pelo conteúdo


humano, pela palpitação social, pela intensidade
dos dramas, pela glória das legendas. O Direito
Penal fornece a emulsão vivificante ao berçário
das vocações jurídicas”

Roberto Lyra
Aula 1
Introdução ao
Estudo do Direito Penal
Introdução
O fato social é sempre o ponto de partida na formação
da noção do Direito

fato social
ilícito ILÍCITO
contrário à
jurídico PENAL
norma

O Estado estabelece normas jurídicas com


a finalidade de combater esses ilícitos

=
Estudo
Conjunto de DIREITO - Do crime
normas - Da pena
PENAL
jurídicas - Do delinqüente
Código Penal
O Código Penal vigente é o
Decreto-Lei nº 2848
de 07 de dezembro de 1940

É dividido em:

• PARTE GERAL - dos artigos 1º ao 120

• PARTE ESPECIAL - dos artigos 121 ao 361


Conceito de Direito Penal
 Von Liszt define o Direito Penal como “o conjunto das
prescrições emanadas do Estado, que ligam ao crime – como
fato – à pena, como conseqüência”

Crítica: o direito penal, hoje, não se preocupa somente com a pena.


Tanto que existem as medidas de seguranças (inimputáveis)

 Damásio E. de Jesus dá uma definição mais completa de


Direito Penal, afirmando que ele consiste em:

“Um conjunto de normas que ligam ao crime, como


fato, à pena como conseqüência e disciplinam
também as relações jurídicas daí derivadas, para
estabelecer a aplicabilidade das medidas de
segurança e a tutela do direito de liberdade em
face do poder de punir do Estado"
Caracteres do Direito Penal
 O Direito Penal, por regular as relações do indivíduo com a
sociedade, pertence ao Direito Público. Isso porque em um dos
lados da relação jurídica nascida com a prática do crime temos a
figura do Estado, que exercerá o direito de punir e do outro lado
teremos o indivíduo, detentor do direito à liberdade.

SUJEITO
que tem o
Direito à Liberdade
prática (princípio da legalidade)
faz nascer relação entre
do crime
ESTADO
que tem o
Direito de Punir
(“jus puniendi”)

Verifica-se que mesmo nas hipóteses em que a ação se movimenta


por iniciativa do particular (AÇÃO PRIVADA), o direito de punir
continua a pertencer exclusivamente ao Estado
Caracteres do Direito Penal
O Direito Penal é ciência cultural,
normativa, valorativa e finalista

 CULTURAL porque pertence à classe das ciências do "dever-ser" e


não à do "ser". Ele diz como as coisas, em verdade, deveriam ser.
 NORMATIVA, porque tem a finalidade de estudar a norma, ou seja, a
regra de conduta.
 VALORATIVA porque o Direito coloca uma hierarquia entre as
normas, não lhes dando o mesmo valor.
 FINALISTA porque tem como fim a defesa da sociedade, através da
proteção de bens jurídicos fundamentais.

É ainda, sancionador porque através da cominação da sanção


(previsão de penas), protege outra norma jurídica de natureza extra-
penal.E é também é dogmático porque expõe o seu direito através
de normas jurídicas, exigindo o seu cumprimento sem reservas.
Direito Penal subjetivo e
Direito Penal objetivo
O Direito Penal tem na sanção
seu meio de ação

SUBJETIVO OBJETIVO
É o direito de punir do Estado É o próprio ordenamento jurídico-
(“jus puniendi”). penal, correspondendo, portanto,
Esse direito tem limites no Direito à sua definição.
Penal Objetivo (= conjunto de É, justamente, o conjunto de
normas), não sendo ilimitado. normas colocadas pelo Estado
para regular as relações humanas.
Direito Penal comum e
Direito Penal especial
Comum [Federal e Estadual]
JUSTIÇA
Especial [Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar]

O critério para diferenciação entre o Direito Penal


COMUM e ESPECIAL reside no órgão encarregado
de aplicar o direito objetivo

COMUM ESPECIAL
Aplica-se a todos os cidadãos. Tem seu campo de incidência restrito
Se a aplicação do direito ao caso a uma classe de cidadãos conforme
concreto não demandar jurisdições qualidades particulares.
próprias, sua qualificação será de Se a norma objetiva somente se
norma penal comum. aplicar por meio de órgãos especiais
constitucionalmente previstos, a
norma terá caráter especial.
Direito Penal material e
Direito Penal formal

MATERIAL FORMAL
(substantivo) (adjetivo)

É representado pela Lei Penal, É o Direito Processual Penal que


que define as condutas típicas e determina as regras de aplicação
estabelece as sanções. do Direito Penal substantivo.

• crítica: O Direito Processual Penal


não é complemento do Direito Penal
material e sim, um Direito autônomo
que não pode ser considerado
“adjetivo” do Direito Penal
Aula 2
Princípios fundamentais do
Direito Penal
Introdução

Justa interpretação e
aplicação da lei

Definição de
condutas delituosas
BRASIL

DIREITO PENAL
Estado
Democrático
de Direito Princípios Constitucionais
Princípio da legalidade
 Princípio da reserva legal
artigo 5° , XXXIX, da CF
artigo 1° do CP

"Não há crime sem lei anterior que o defina.


Não há pena sem prévia cominação legal."

CRIME LEI PENA

Portanto: a analogia, os costumes e os princípios gerais de


direito não podem instituir delitos ou penas
Princípio da legalidade

 Entendimento Jurisprudencial:

“PENAL E PROCESSUAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA


O TRÁFICO. PENA-BASE ACIMA DO PREVISTO LEGALMENTE. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO
PATAMAR ESTABELECIDO NO ART. 8º DA LEI 8.072/90 E DE PENA
PECUNIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA
PELO STF. ORDEM CONCEDIDA. A aplicação da pena-base fora do
patamar estabelecido pela referida norma e a imposição de pena
pecuniária aos condenados pela prática do delito de associação para o
tráfico de entorpecentes configura constrangimento ilegal, pois viola o
princípio da legalidade.”
Princípio da
anterioridade da lei
 artigo 5° , XXXIX, da CF
artigo 1° do CP

"Não há crime sem lei anterior que o defina.


Não há pena sem prévia cominação legal."

ENTROU EM VIGOR A
JOÃO PRATICOU LEI X QUE INCRIMINA
JOÃO NÃO PODE
CONDUTA A A CONDUTA A
SER PUNIDO PELA
CONDUTA A QUE
10/04/04 20/09/05 PRATICOU
Princípio da irretroatividade da lei
penal mais severa
 artigo 5° , XL, da CF
artigo 2° do CP

“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu."

ENTROU EM VIGOR A LEI X


A LEI X QUE NÃO RETROAGE
JOÃO PRATICOU DETERMINA QUE A
JOÃO
CONDUTA A CONDUTA A TERÁ
JULGAMENTO , NÃO PODE
CUJA PENA ERA PENA DE 15 A 30
DE JOÃO SER PUNIDO
DE 6 A 20 ANOS ANOS
COM PENA
DE 15 A 30 ANOS
10/04/04 20/09/05 30/01/06
Princípio da irretroatividade da lei
penal mais severa
 Diferente se:

JOÃO PRATICOU ENTROU EM VIGOR A LEI A LEI Y


CONDUTA B Y QUE DETERMINA QUE RETROAGE
CUJA PENA ERA A CONDUTA B TERÁ JULGAMENTO , JOÃO
DE 8 A 12 ANOS PENA DE 4 A 6 ANOS DE JOÃO SERÁ PUNIDO
COM PENA
10/04/04 20/09/05 30/01/06 DE 4 A 6 ANOS
Princípio da insignificância
 Tal princípio está ligado aos chamados crimes de bagatela
(ou delito de lesão mínima)

 Segundo ele, o Direito Penal só deve intervir nos casos de lesão de


certa gravidade, reconhecendo a atipicidade do fato nas hipóteses
de perturbações jurídicas mais leves.

conduta
REQUISITOS DESVALOR dano
culpabilidade

Neste sentido, as seguintes decisões:


“Princípio da insignificância - Aplicabilidade - Descaminho - Aquisição de
objetos no exterior em pequena quantidade e de valores reduzidos, sem a
devida documentação - Adequação social da conduta.” (RT-753/706)
“Furto - Agente que subtrai uma cédula de um real - Aplicação do
princípio da insignificância - Absolvição decretada.” (RT-738/652)
Princípio da presunção do
estado de inocência
 artigo 5° , LVII, da CF
"Ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória."

TRÂNSITO EM
JULGADO DE
SENTEÇA
CONDENATÓRIA
=  RÉU CULPADO
 EXECUÇÃO DA PENA

NÃO CABE MAIS NENHUM RECURSO

Neste sentido:
"Rol dos culpados - Lançamento do nome do réu - Impossibilidade
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória -
Consagração do princípio constitucional da presunção da
inocência."(RESE 134.320-3/4 - 4° C., j.20.6.94)
Princípio do "ne bis in idem"
 Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato.

 Duplo significado:
 PENAL MATERIAL: ninguém pode sofrer duas penas em face de
um mesmo crime
 PROCESSUAL: ninguém pode ser processado e julgado duas
vezes pela mesma conduta.

EXEMPLO:
= qualificadora
(art. 121,2º, III)
USO DE
MATA EXPLOSIVO
A B = agravante
(art. 61, II, d)

O USO DO EXPLOSIVO NÃO PODERÁ SER LEVADO EM CONTA PARA


QUALIFICAR E AGRAVAR A PENA NO MESMO CRIME.
Princípio do “in dúbio pro reo”
 O acusado da prática de uma infração penal em seu julgamento
final, havendo dúvida deverá ser absolvido.

 Corolário do campo das provas, tal princípio deve ser aplicado toda
vez que houver dúvida, a interpretação deve ser feita de maneira
mais favorável ao réu.

HAVENDO DÚVIDA A DECISÃO TEM


EM RELAÇÃO A QUE SER NO
QUALQUER SENTIDO DE
FAVORECER O
CIRCUNSTÂNCIA
RÉU
DO CASO
Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana
“A República Federativa do Brasil, ... , constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;” (art. 1º, III da CF)

 Este princípio é fundamento da República e do


Estado Democrático de Direito assim, o homem,
antes de ser considerado como cidadão, vale
como pessoa.
 Defender a dignidade do ser humano significa
protegê-lo de ações arbitrárias e indevidas por
parte do Estado ou de todos aqueles que detém
poder sobre outrem.
 A intervenção jurídico-penal jamais deve
servir-se de instrumento vexatório ou
repugnante, mesmo que seja contra o pior dos
delinqüentes, devendo a razão estar acima de
tudo para tratar a criminalidade.
Convenção Americana de Direitos Humanos
(1969) (Pacto de San José da Costa Rica)
Preâmbulo

Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,


reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro
do quadro das instituições democráticas, um regime
 de liberdade pessoal e de justiça social,
 fundado no respeito dos direitos humanos essenciais;
 reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não
derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, mas sim
do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana
(...);
 reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento
do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a
cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais,
bem como dos seus direitos civis e políticos.
QUESTÃO para REFLEXÃO
Lei atentamente o caso abaixo:
“Daniella Perez foi morta com 18 facadas num matagal no Rio, aos 22 anos, a três
dias do réveillon de 1993, pelo ator Guilherme de Pádua, que contracenava com
ela na novela da Globo De Corpo e Alma, e pela mulher dele, Paula Thomaz, 19
anos, que estava grávida de quatro meses. Casada com o ator Raul Gazolla,
Daniella Perez recebeu 18 golpes de tesoura e teve quatro perfurações no pescoço,
oito no peito e mais seis que atingiram pulmões e outras regiões. Em 1997,
Guilherme foi julgado e condenado a 19 anos de prisão. Três meses depois, Paula
foi condenada a 18 anos e seis meses – mais tarde teve a pena reduzida para 15
anos. Após colher 1,3 milhão de assinaturas, Glória conseguiu a aprovação de um
projeto de lei para incluir o homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos, que
recebem tratamento legal mais severo e impossibilitam o pagamento de fiança e o
cumprimento da pena em regime aberto ou semi-aberto. Paula e Guilherme como
não responderam por crime hediondo, ficaram presos por sete anos.”

 Qual foi o Princípio Constitucional aplicado a este caso?


Fontes do Direito Penal
Introdução
lugar de
onde
provém FONTES DE
a norma de PRODUÇÃO
Direito
(MATERIAL)
FONTES
DIREITO PENAL
FONTES DE
CONHECIMENTO
(FORMAL)
FONTES DE PRODUÇÃO
Quem é o órgão competente para a produção das leis penais?

FONTE = órgão encarregado da


MATERIAL elaboração da norma penal

ESTADO
O Brasil é composto de
compete à alguns entes federativos:
• União
União • Estados-membros
legislar sobre • Municípios
Direito Penal • Distrito Federal
(artigo 22, I da CF)
FONTES DE CONHECIMENTO
Como o direito penal se revela?

fonte
formal LEI
imediata
FONTES
FORMAIS
costumes e
fonte princípios
formal gerais do
direito
mediatas
Fonte Formal IMEDIATA
A única fonte imediata de conhecimento é a lei
Através dela, o Direito se revela imediatamente, de forma direta.

NORMA LEI
 Mandamento de um  ato em que se expressa a função
comportamento normal, retirado legislativa do Estado
do senso comum da coletividade  texto
 refere-se ao conteúdo  simples veículo de norma
 pode estar em um ou mais
dispositivos legais

A lei é o texto como expressão formal. Compõe o dispositivo. A norma é o


significado jurídico desta, é a expressão do dever ser jurídico.
O texto é o veículo, enquanto a norma é o dever ser veiculado.
Fonte Formal MEDIATA
Princípios gerais do direito

 o artigo 4° da LICC permite que, nas hipóteses


em que a lei for omissa, o juiz poderá utilizar-se
dos princípios gerais de direito, para solucionar a
questão.

 No entanto, somente pode suprir as normas


penais não incriminadoras. Não pode criar crimes
nem cominar penas.
Fonte Formal MEDIATA

Costume
conjunto de normas de comportamento a que pessoas
obedecem de maneira uniforme (ELEMENTO OBJETIVO) e
constante pela convicção de sua obrigatoriedade
(ELEMENTO SUBJETIVO)

Conflita com a lei sem


"contra legem" poder de modificá-la

Esclarece e auxilia na
ESPÉCIES "secundum legem" aplicação dos
dispositivos legais

Cobre lacunas,
"praeter legem" especificando o conteúdo
ou a extensão da lei
Classificação
das normas penais
As normas penais classificam-se em:

1. normas penais incriminadoras

2. normas penais não incriminadoras:


 permissivas
 explicativas (ou finais ou complementares)
Normas Penais Incriminadoras
 descreve uma conduta ilícita (contrária ao direito, ao
ordenamento jurídico), impondo uma sanção ao agente.

preceito preceito
norma penal
incriminadora
= primário + secundário

definição do exposição da
sanção que se
comportamento associa à
humano ilícito conduta

EXEMPLO: o legislador não diz expressamente que "matar é crime".


Ele descreve a conduta "matar alguém", estabelecendo determinada
sanção. Assim, o princípio imperativo que deve ser obedecido (não
matar ninguém) não está de maneira expressa na norma penal.

Somente quando uma conduta se amolda a uma norma penal


incriminadora é que o Estado adquire o direito concreto de punir.
Normas Penais
Não Incriminadoras

 PERMISSIVAS:
determinam a licitude ou a não punibilidade de certas
condutas, embora estas sejam típicas em face das normas
incriminadoras. Exemplos: arts. 20 a 27, 28, parágrafo segundo
e art. 128 do CP.

gravidez
resultante
A PRATICA ABORTO COM B de estupro
CONSENTIMENTO
MÉDICA GESTANTE
art. 126 art. 128, II
norma penal incriminadora norma penal permissiva

TORNA A CONDUTA LÍCITA


Normas Penais
Não Incriminadoras
 EXPLICATIVAS:
 Também chamadas finais ou complementares
Esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam o âmbito de
sua aplicação
Exemplos: artigos 4°, 5°, 7°, 10 a 12, 33, 327 do CP.

Peculato - Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de


dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio:

Art. 327 - Considera-se funcionário público,


para os efeitos penais, quem, embora NORMA
transitoriamente ou sem remuneração, exerce EXPLICATIVA
cargo, emprego ou função pública.
Normas Penais em Branco
 Necessitam de complementação (de outro diploma) para que se possa
compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário.

EM SENTIDO GENÉRICO: EM SENTIDO ESTRITO:


são aquelas cujo são aquelas em que o
complemento está contido complemento da norma é
em norma procedente de determinado pela mesma
outra instância legislativa, fonte formal da norma
como, por exemplo, uma incriminadora, ou seja, a lei é
portaria ou decreto. complementada por outra lei.
Normas Penais em Branco
EXEMPLOS:

GENÉRICA: ESTRITA:
Art. 269 - Deixar o médico de Art. 237 - Contrair casamento
denunciar à autoridade pública conhecendo a existência de
doença cuja notificação é impedimento que lhe cause a
compulsória. nulidade.
O rol de doenças está no Esses impedimentos estão no
Código Sanitário Estadual. art.183, I e VIII do CC.

Sebastián Soler: “No entanto, a lei penal em branco não pode ser
entendida como uma carta branca outorgada a determinado poder
para que assuma funções repressivas, e, sim, deve ser entendido
como o reconhecimento de uma faculdade meramente
regulamentar.”
QUESTÕES para REFLEXÃO

Suponha que em algum lugar do Brasil, a


comunidade tenha como costume
constante expulsar da cidade os que
cometem crime de roubo (art. 157 do
Código Penal). Levando isso em conta, o
juiz pode aplicar, além da pena privativa
de liberdade, a pena de banimento para
esse fato?
Tempo do Crime
Introdução
 a LEI PENAL nasce, vive e morre

sanção promulgação publicação revogação

é o ato pelo qual ato pelo qual se ato pelo qual a expressão
o Presidente da atesta a lei se torna genérica que
República aprova existência da lei e conhecida de traz a idéia de
e confirma uma se determina a todos, cessação da
lei. Com ela, a lei todos que a tornando-se, existência de
está completa. observem. Sua assim, seu regra
Ela transforma finalidade é cumprimento obrigatória
um “projeto de conferir-lhe obrigatório
lei” em “lei” autenticidade
sanção promulgação publicação revogação

Em regra, o fato, para • derrogação


ser punido, deve ser autoridade da lei
cessa em parte
cometido entre o
• ab-rogação
momento em que a lei a lei se extingue
nasce – tornando-se totalmente
obrigatória – até o
momento em que ela
morre – é revogada tácita expressa
o novo texto é a lei,
"tempus regit incompatível expressamente,
actum" com o anterior determina a
ou regula cessação da
inteiramente a vigência da
matéria norma anterior
precedente
Tempo do crime
Em que momento podemos dizer que a infração foi praticada?

teoria da atividade: momento em que o agente


executa a conduta criminosa – ação ou omissão –
independentemente do momento do resultado

teoria do resultado: momento da produção do


TRÊS resultado, independentemente do momento da
TEORIAS ação ou da omissão.

teoria da ubiqüidade: tanto o momento da ação ou


da omissão quanto o momento do resultado.

Art. 4°: "Considera-se praticado o crime no momento da ação


ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado"
= teoria da atividade
Regra de aplicação da Lei
Penal no Tempo
NÃO RETROAGE NÃO ULTRA-AGE

EFICÁCIA DA LEI

ENTRADA
FATO EM VIGOR FATO REVOGAÇÃO
FATO

• REGRA "tempus regit actum“


a lei penal NÃO retroage e NÃO ultra-age

• EXCEÇÃO salvo para beneficiar o réu


(art. 5º, XL da CF e art. 2º p. único do CP)

CONCLUSÃO a lei penal não retroagirá, salvo


para beneficiar o réu
Conflitos de lei penal no tempo
1) a lei nova suprime normas incriminadoras anteriormente existentes
= (abolitio criminis)
2004 - “P” pratica 2005 – LEI “A” = “P” não = abolitio
conduta “X” conduta “X” deixa de ser crime será punido criminis
2) a lei nova incrimina fatos antes considerados lícitos, permitidos
= (novatio legis incriminadora)
2002 - “M” 2004 – LEI “B” = “M” não = novatio legis
pratica conduta “Y”
conduta “Y” passa a ser crime será punido incriminadora
3) a lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do sujeito
= (novatio legis in pejus)
2000 - “J” pratica 2003 – LEI “C” = “J” será punido = novatio legis
conduta “W” com conduta “W” com pena de 4
pena de 4 a 6 anos pena de 10 a 15 anos a 6 anos in pejus
4) a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o sujeito
= (novatio legis in mellius)
2001 - “K” pratica 2002 – LEI “D” = “K” será punido = novatio legis
conduta “Z” com conduta “Z” com
pena de 7 a 9 anos pena de multa pena de multa in mellius
Abolitio Criminis
lei posterior que deixa de considerar um fato como crime
(art. 2º, caput do CP)
 Fundamento:
A ab-rogação de lei penal incriminadora supõe que o Estado já não mais
considera aquele fato contrário aos interesses da sociedade.

 Natureza jurídica:
Constitui fato jurídico extintivo da punibilidade (art. 107, III do CP).
O Estado, portanto, perde a possibilidade de punir o agente.

 Exclusão de todos os efeitos jurídico-penais:


1) Se a persecução criminal ainda não foi movimentada, o processo não
poderá sequer ser iniciado.
2) Se o processo estiver em andamento, deverá ser trancado mediante
decretação da extinção da punibilidade.
3) Se já existe sentença condenatória com trânsito em julgado, a
pretensão executória não pode ser efetivada.
4) Se o condenado está cumprindo pena, deve ser decretada a
extinção da punibilidade, devendo o sujeito ser solto.
5) Cessam todos os efeitos da condenação.
Novatio Legis in Pejus
1. A sanção imposta hoje ao crime é mais grave em qualidade que a
da lei precedente.
2. A sanção imposta hoje, embora da mesma qualidade, é mais
severa quanto à maneira de execução.
3. A quantidade da pena em abstrato é aumentada.
4. A quantidade da pena em abstrato é mantida, mas a maneira de
sua fixação é mais rígida que a determinada pela lei anterior.
5. Inclusão de qualificadoras antes inexistentes.
6. Lei nova suprime benefícios determinados pela lei anterior, referente
à suspensão ou interrupção da execução da pena.
7. Lei nova exclui causas de extinção da punibilidade.
8. Lei nova exclui escusas absolutórias anteriormente existentes.
9. Lei nova exclui causas de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade.

ATENÇÃO! todas as vezes que a lei nova


prejudica o sujeito, ela não poderá retroagir
Novatio Legis in Mellius
 Lei nova inclui circunstâncias que beneficiam o sujeito.
 Lei nova cria causas extintivas da punibilidade não
reconhecidas pela lei anterior.
 Lei nova permite a obtenção de benefícios não permitidos ou
facilita sua obtenção.
 Lei nova acresce causas de exclusão da ilicitude, da
culpabilidade, ou escusas absolutórias, antes inexistentes.
 Lei nova exclui a concessão de extradição.
 Lei nova que comina penas menos rigorosa (em qualidade,
quantidade ou modo de execução).

ATENÇÃO! O princípio da retroatividade da lei


mais benéfica é incondicional, podendo aplicar-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado
(art. 2º, p. único do CP)
Lugar do Crime
Lugar do Crime
Art. 6°: "Considera-se praticado o crime no lugar em que

ocorreu a ação ou omissão , no todo ou em parte , bem

como onde se produziu ou devia produzir-se o resultado."

= teoria da ubiqüidade

CRIME EFEITO
CRIME
CONSUMADO INTERMÉDIO
TENTADO

ONDE ACONTECERAM TODOS OS ATOS EXECUTÓRIOS


LUGAR ONDE ACONTECEU ALGUM DOS ATOS EXECUTÓRIOS
DO CRIME ONDE ACONTECEU O RESULTADO
ONDE ACONTECEU O IMPEDIMENTO
PARA O RESULTADO
Territorialidade
Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território
nacional.

O solo ocupado pela corporação política com limites


reconhecidos

território Regiões separadas do solo principal


nacional
Rios, lagos e mares interiores

Golfos, baías e portos

A faixa de mar exterior, que corre ao longo da costa


e constitui o "mar territorial“ (= 12 milhas)

Todo espaço aéreo correspondente


conceito jurídico: o
território abrange todo o Embarcações e aeronaves, em determinadas
espaço em que o Estado situações
exerce sua soberania
Embarcações e Aeronaves
PÚBLICAS TERRITÓRIO
EMBARCAÇÕES ou BRASILEIRO
a serviço do SÃO Em qualquer lugar
AERONAVES GOVERNO que estiverem
BRASILEIRO
Art. 5º, §1º CP
TERRITÓRIO
MERCANTES ou BRASILEIRO
EMBARCAÇÕES de Apenas em
SÃO
AERONAVES PROPRIEDADE território
PRIVADA nacional

TERRITÓRIO
EMBARCAÇÕES de BRASILEIRO
AERONAVES PROPRIEDADE SÃO Quando estiverem
PRIVADA em território
Art. 5º, §2º CP nacional
Extraterritorialidade
INCONDICIONADA – ART. 7º, I

 Ficam sujeitos à lei brasileira – INDEPENDENTEMENTE DE


QUALQUER CONDIÇÃO – embora cometidos no estrangeiro:

 Os crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da


República;
 Os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
 Os crimes contra a administração pública, por quem está a seu
serviço;
 O crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
Extraterritorialidade
CONDICIONADA – ART. 7º, II
 Ficam sujeitos à lei brasileira embora cometidos no estrangeiro:

 crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a


reprimir;
 crimes praticados por brasileiro no estrangeiro;
 delitos praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados;
Pena cumprida no Estrangeiro
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas. (Art. 8º CP)

 FUNDAMENTO: proibição do "bis in idem"

EXEMPLOS:

“A” recebeu pena de multa no estrangeiro e


PENAS uma pena de reclusão, no Brasil. A pena de
ATENUA multa que foi paga no estrangeiro atenua,
DIVERSAS
obrigatoriamente, a pena privativa de liberdade
imposta no Brasil.

“A” recebeu pena de detenção de 2 anos


no estrangeiro e uma pena de detenção de
PENAS 5 anos, no Brasil. A pena de detenção que
COMPUTA
IDÊNTICAS foi cumprida no estrangeiro é computada,
(5 – 2 = 3) obrigatoriamente, na pena de
reclusão imposta no Brasil (=DETRAÇÃO).
Prazo Penal
Contagem de prazo
 O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
(art. 10 do CP)
 O dia é o lapso temporal entre meia-noite e meia-noite.
 O mês é contado de determinado dia à véspera do mesmo dia do mês seguinte,
terminando às 24 horas, pouco importando quantos são os dias de cada mês.
 O ano é contado de certo dia às 24 horas da véspera do dia de idêntico número
do mesmo mês do ano seguinte, não importando seja bissexto qualquer deles.

 Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de


direitos, as frações de dia.
(art. 11 do CP)

EXEMPLO:
06 25
Janeiro Janeiro
A 2000 2003
A

condenado a terá cumprido


3 anos e 20 dias a pena
Conflito Aparente
de Normas/Leis
DIREITO PENAL

Teoria Geral do Crime


INFRAÇÃO PENAL
Conceito de infração penal:

Segundo a doutrina, o termo “infração” é


utilizado genericamente, englobando os “crimes”
e as “contravenções”. Crime é sinônimo de delito.
O Código Penal usa as expressões “infração”,
“crime” e “contravenção”, sendo que aquela
abrange estes.

Espécies infrações penais: crimes ou delitos e


contravenções.
Conceito de crime

Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:


“considera-se crime a infração penal a que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa”.

Aos crimes a lei comina as seguintes penas:


reclusão
reclusão e multa
reclusão ou multa
detenção
detenção e multa
detenção ou multa
Conceito de contravenção

Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:


“considera-se contravenção, a infração penal
a que lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa
ou cumulativamente”.

Para as contravenções a lei comina as penas de:


prisão simples
prisão simples e multa
prisão simples ou multa
multa
Diferenças entre crime e
contravenção:
CRIME CONTRAVENÇÃO
Ação pública incondicionada, condicionada Ação pública sempre incondicionada
ou privada
A peça inicial do processo é a denúncia ou A peça inicial do processo é sempre a
a queixa denúncia
A tentativa é punível A tentativa não é punível
O elemento subjetivo é o dolo ou a culpa Basta a voluntariedade
CONCEITO DE CRIME

O crime pode ser conceituado sob os seguintes aspectos:

• material;
• formal (ou analítico);
• formal e material;
• formal, material e sintomático.

Desses quatro, predominam dois: o formal (analítico) e o


material.
Conceito Material de Crime

“É aquele que busca estabelecer a essência do


conceito, isto é, o porquê de determinado fato ser
considerado criminoso e outro não. Sob esse
enfoque, crime pode ser definido como todo fato
humano que propositada ou descuidadamente, lesa
ou expõe a perigo bens jurídicos considerados
fundamentais para a existência da coletividade e da
paz social”
Conceito Formal (Analítico) de Crime

“É aquele que busca, sob um prisma jurídico,


estabelecer os elementos estruturais do crime. A
finalidade deste enfoque é propiciar a correta e
mais justa decisão sobre a infração penal e seu
autor, fazendo com que o julgador ou intérprete
desenvolva o seu raciocínio em etapas. Sob esse
ângulo, crime é todo fato típico e ilícito”.

Crime é um fato típico e antijurídico. A


culpabilidade constitui pressuposto da pena.
Alguns doutrinadores, entretanto,
entendem que crime é fato típico,
antijurídico e culpável.
Como podemos perceber, existem, entre as
consagradas, duas teorias que estudam a estrutura
do crime sob o aspecto formal, de acordo com a
concepção por elas adotada a respeito do conceito
de conduta. Logo, cumpre observar que, a
depender da teoria adotada, diferentes serão os
requisitos de existência do crime.
Das Teorias Clássica e Finalista

Teoria clássica: para esta teoria, crime é fato


típico, antijurídico e culpável. Segundo seus
adeptos, o dolo e a culpa estão na
culpabilidade, razão pela qual, ausente o dolo
ou a culpa, ausente está o crime. Assume,
portanto, obrigatoriamente a concepção
tripartida a respeito do conceito formal de
crime.
Teoria finalista: os adeptos desta teoria
conceituam crime como fato típico e antijurídico, isto
em sua acepção bipartida, coerente com a reforma
penal operada no ano de 1984, uma vez que, para o
Código Penal, a ausência de culpabilidade acarreta a
isenção de pena (subsistindo o crime, em todos os
seus elementos, como típico e ilícito)

A doutrina majoritária entende que o Código Penal


adotou a teoria finalista da ação (conduta). Com
efeito, crime é fato, e a culpabilidade recai sobre o
sujeito e não sobre o fato, ou seja, não há fato
culpável, mas sim sujeito culpável. É a teoria que
vamos adotar.
Note-se que a grande diferença entre
as duas teorias reside no fato de que
para a teoria clássica o dolo e a culpa
estão na culpabilidade, enquanto os
finalistas consideram a conduta como
sendo dolosa ou culposa.
84 Crime
Teoria Clássica

Fato Típico

Ilícito

Culpável

06/03/2019
85 Crime
Teoria Finalista

Fato
Típico

Ilícito

06/03/2019
Caracteres do Crime
 Fato Típico
 Antijuridicidade ou Ilicitude
 Culpabilidade (teoria clássica)
 Punibilidade

 Situação Paradigma : A esfaqueia B, causando-


lhe a morte. O artigo 121, caput, do Código Penal
assim define o crime de homicídio simples: matar
alguém. Assim, a conduta de A corresponde ao
fato que a lei penal descreve como crime.
Ocorreu nesse exemplo a subsunção do fato a
uma norma penal incriminadora
87

Fato típico
Nexo
Conduta Resultado Tipicidade
Causal

nexo de enquadramento
dolosa ou Jurídico ou causalidade do fato material
culposa Naturalístico entre a conduta a uma norma
e o resultado penal

06/03/2019
“A esfaqueou B”, logo: A praticou
a conduta esfaquear (conduta); B
morreu (resultado); B morreu em
conseqüência das lesões produzidas
pelas facadas (nexo causal); todo
esse acontecimento se enquadra no
artigo 121 do Código Penal
(tipicidade).
CRIME = FATO TÍPICO + Antijurídico ou Ilicitude
89
Elementos do FATO TÍPICO:

FATO TÍPICO

1) CONDUTA DOLOSA OU CULPOSA


Conceito: É fato
material que se
amolda 2) RESULTADO
perfeitamente
aos elementos
constantes do 3) NEXO CAUSAL
modelo previsto
na lei penal.
4) TIPICIDADE
 Conduta é toda ação ou omissão
humana, consciente e voluntária, voltada a
uma finalidade.

 O pensamento não existe para o Direito


Penal, ou seja, uma pessoa não pode ser punida
somente por pensar em praticar um crime
(cogitationis poenam nemo patitur). Se alguém,
por exemplo, pensa em matar outrem, somente
será punido se exteriorizar seu pensamento
praticando a ação ou a omissão delitiva.
A ação é um comportamento positivo, é
um fazer.

A omissão é uma abstenção de


movimento, é um não fazer.

A conduta é, portanto, a exteriorização de


um pensamento por meio de uma ação ou
uma omissão.
Somente a pessoa física pode praticar fato
típico, visto que este pressupõe vontade e
somente os seres humanos possuem vontade.
Quanto à pessoa jurídica, embora haja
divergência, grande parte da doutrina sustenta
que não poderá praticar o fato típico por não
possuir vontade.
Hoje, no entanto, em relação aos crimes
ambientais (Lei n. 9.605/98, artigos 3.º e 21 a
24), a pessoa jurídica pode praticar fato típico,
sendo possível ser responsabilizada
criminalmente.
Não haverá conduta sem vontade, ou seja:

 o caso fortuito ou força maior eliminam a vontade,


inexistindo a conduta e, por conseqüência, o fato
típico;
 os reflexos (causados por excitação de um nervo
sensitivo) não caracterizam a conduta, pois não há
vontade;
 a conduta praticada mediante coação física (vis
absoluta) elimina a vontade, no entanto, a conduta
praticada mediante coação moral (vis compulsiva),
ainda que seja irresistível, não exclui a vontade, apesar
de neste caso não haver culpabilidade.
 também não há conduta nos casos de movimentos
praticados durante o sonho ou sonambulismo, sob
sugestão ou hipnose e em estado de inconsciência.
Teorias da conduta

a)Teoria naturalista ou causal

b)Teoria finalista

c)Teoria social
Teoria naturalista ou causal

Suas ideais pretendiam incorporar as leis da natureza no


Direito Penal (daí o nome naturalista). Para essa teoria, a
ação é considerada um puro fator de causalidade (daí o
nome causal), uma simples produção do resultado,
mediante o emprego de forças físicas. A conduta é
simples exteriorização de movimento ou abstenção de
comportamento, desprovida de qualquer finalidade, sendo
desnecessário para caracterização do crime saber se
houve dolo ou culpa, sendo necessário somente indagar
quem foi o causador material
Nessa linha de ideais, citamos um exemplo:
um sujeito conduz seu veículo com
prudência na via pública e, sem que possa
prever, um suicida se joga na frente do
veículo e, atingido por este, vem a falecer.

Para a teoria naturalista, o motorista, que


não quis matar nem agiu com culpa,
cometeu homicídio, ficando a análise do dolo
e da culpa para um momento posterior,
quando da aferição da culpabilidade.
Teoria finalista

Constitui uma reação à teoria causal.


A finalidade é elemento inseparável da conduta, ou seja, não existe
conduta típica sem vontade e finalidade. Para a teoria finalista, a
vontade gera a conduta.
Nosso ordenamento legal filiou-se à teoria finalista. O Código Penal,
em seu artigo 18, reconhece que o crime deve ser doloso ou
culposo. No caso, portanto, de o sujeito vir a matar alguém, sem
dolo ou culpa, como no exemplo do motorista, citado anteriormente,
embora tenha se produzido o resultado morte, não se pode falar em
crime.
Observe-se que o finalismo retirou o dolo e a culpa da culpabilidade,
trazendo-os para o fato típico (conduta dolosa ou culposa). Assim,
sem dolo e culpa não há fato típico.
Nessa linha de pensamento, podemos imaginar a
seguinte hipótese:
Um homem, vestido de bata branca, toca
fisicamente em uma moça despida.
Observando esse acontecimento
objetivamente, é possível saber se o homem
praticou uma conduta desonesta?
Não, pois, conforme sua vontade, pode ter
praticado um exame médico ou uma ação desonesta
punível. Nesse caso, observando somente o
resultado, é impossível saber se houve crime ou
mero exame clínico, sendo imprescindível descobrir
qual era a vontade do agente.
Teoria social

Para essa teoria, somente haverá crime se a conduta do


agente for socialmente inadequada. Para ele, o Direito Penal
só deve cuidar daquelas condutas voluntárias que produzam
resultados típicos de relevância social.

Se, por exemplo, um jogador de futebol, durante o jogo,


desfere um pontapé no adversário para evitar que este
marque um gol, não comete crime, pois praticou um fato
típico, mas socialmente compreensível.

Critica-se essa teoria sob o argumento de que o costume não


pode revogar a lei. Ao julgador não é dado legislar, mas
somente aplicar as leis postas
Teoria naturalista ou causal
100

Vontade Conduta Resultado

CAUSA CAUSA

Os causalístas:
Ao examinarem a conduta de uma pessoa, não realizam nenhuma
valoração acerca do FIM pretendido pelo agente;
Teoria finalista
Hans Welzel
101 primeiras décadas
do século XX;

“Todo e qualquer acontecimento humano é um acontecimento FINALISTA


E não puramente CAUSAL, pois o homem, enquanto ser consciente das
leis naturais de causa e efeito, pode prever as conseqüências de seu
comportamento e tem condições de dirigir sua atividade no sentido da
Produção de um ou de outro resultado.”

Ação

Internamente Externamente
(pensamento) (concretiza sua vontade)

Finalidade
Conclusão: somente analisando o conteúdo da vontade é que se pode afirmar
a realização de um tipo legal de crime, já que a finalidade é parte integrante da
conduta, dela inseparável. Esta é a essência do FINALISMO.
Teoria social
102
JESCHEK E WESSELS entenderam que o finalismo de Welzel era
INSUFICIENTE para conceituar conduta porque esquecia uma
característica essencial de todo comportamento humano, que é o
seu LADO SOCIAL (TELES, 2005).

Ação é a causação de um resultado típico


SOCIALMENTE RELEVANTE”

“a Teoria social da ação vê na relevância social do fazer ou da


omissão humanos, o critério conceitual comum a todas as formas
de comportamento”.

Críticas: Damásio e Assis Toledo


Para Damásio essa teoria não deixa de ser CAUSAL
Teoria Adotada no Direito Penal
103

 A Teoria Finalista é a que mais atende aos interesses do Direito


Penal;

 É a teoria que consegue explicar a conduta com base no próprio


direito positivo.

Conduta

VONTADE FINALIDADE
Conceitos de Conduta
104
-é ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada
finalidade (DAMÁSIO, 1998);
-É ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma
finalidade (CAPEZ,2005).

VONTADE

AÇÃO

CONDUTA FINALIDADE
OMISSÃO

CONSCIÊNCIA
Elementos da Conduta
105

a) Vontade
b) Finalidade;
c) Exteriorização (inexiste quando é pensamento)
d) Consciência

Conduta – é realização material da vontade humana, mediante


a prática de um ou mais ATOS.
Ato – é apenas uma parte da conduta.
Ausência de Conduta
106
Só existe conduta quando houver vontade do agente.
ATO VOLUNTÁRIO (JOLIVET, apud Damásio, 1998)
1. Deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma
tendência própria e interior à vontade; se não é
coagido e forçado;
2. O fim deve ser conhecido como tal; se não, o ato não é
voluntário mas natural ou instintivo.
DÁ-SE AUSÊNCIA DE CONDUTA QUANDO OCORRE LESÃO A
BEM JURÍDICO, COM A INTERFERÊNCIA DO HOMEM, SEM
TER HAVIDO CONDUTA, POR INEXISTIR VONTADE.
Ex: enfermeira imobilizada por imobilizada, é impedida de
administrar medicamento imprescindível para a
manutenção da vida do paciente.
Ausência de Conduta
107

São três os casos possíveis:


1. Coação física absoluta ou força irresistível;
2. Movimentos Reflexos;
3. Estados de Inconsciência

1. Coação física absoluta ou força irresistível – trata-se de força


absoluta, que não se pode resistir. (Vis absoluta).Essa é uma força tão
forte que elimina a vontade do homem – logo não há conduta.
Ex: enfermeira imobilizada por imobilizada, é impedida de administrar
medicamento imprescindível para a manutenção da vida do
paciente.
Forçar fisicamente alguém a assinar documento falso. Autor do falso
é o coator.
Se a coação for moral (vis compulsiva), há conduta, porém viciada.
Não há culpabilidade. Ex: gerente do banco que tem sua esposa e
filhos ameaçados e rouba banco.
Ausência de Conduta
108
2. Movimentos Reflexos – movimentos do corpo ditados por
reflexos naturais.
Ex: Um indivíduo que tem um reflexo rotuliano e danifica um
bem valioso. Não pode ser considerado crime de dano pois não
há vontade, logo não há FATO TÍPICO (Fato típico = conduta
(não há conduta, pois não há vontade) + resultado+ nexo
causal+ tipicidade).
Ex: Um indivíduo que ao levar um choque elétrico, tem um
movimento involuntário no braço e atinge o rosto de uma
mulher, causando-lhe um hematoma.

3. Estados de Inconsciência – não existe a consciência do fato.


Ex: sonambulismo; atos praticados sob efeito de hipnose ou em
estados de inconsciência.
Formas de Conduta
109

Ação Omissão
comportamento comportamento
positivo, negativo,
movimentação abstenção de
corpórea, facere. movimento, non
(CAPEZ,2005); facere (CAPEZ,
2005).
Conduta comissiva

Ação é o comportamento positivo, movimentação


corpórea, facere.

Segundo o Professor Damásio de Jesus, a ação é


a que se manifesta por intermédio de um movimento
corpóreo tendente a uma finalidade.

A maioria dos núcleos dos tipos se consubstancia


em modos positivos de agir, como matar, apropriar-
se, destruir etc.
Conduta omissiva

Existem duas teorias a respeito da omissão:

 Teoria naturalística da omissão: a omissão é um fazer,


é perceptível no mundo natural como algo que muda o
estado das coisas, ou seja, quem se omite dá causa ao
resultado.
 Teoria normativa da omissão: quem se omite não faz
nada e o nada não causa coisa alguma, não tem relevância
causal. Excepcionalmente, porém, embora não tendo
produzido o resultado, o omitente responderá por ele
quando a lei lhe impuser o dever jurídico de agir. Por isso é
chamada teoria normativa, pois, para que a omissão tenha
relevância causal (por presunção legal), há necessidade de
uma norma impondo, na hipótese concreta, o dever
jurídico de agir.
Resultado

Para grande parte da doutrina, não há diferença


entre resultado e evento, entretanto, há quem
entenda que evento é qualquer acontecimento
(exemplo: um raio provoca um incêndio) e
resultado é a consequência de uma conduta
humana juridicamente relevante.

Há duas espécies de resultado: resultado


jurídico e resultado naturalístico.
Resultado jurídico

É a consequência jurídica do crime, ou seja, é a


lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.

Sob o aspecto jurídico, não há crime sem resultado,


pois todo crime fere ou expõe a perigo um bem
jurídico.
Resultado naturalístico

É a modificação que a conduta provoca no mundo


natural, no mundo concreto (exemplo: antes do
furto, a vítima tinha posse do seu patrimônio). Nem
todos os crimes possuem resultado naturalístico. De
acordo com a existência ou não do resultado
naturalístico, é possível classificar os crimes em três
espécies:
• Crimes materiais;
• Crimes formais;
• Crimes de mera conduta
 Crimes materiais: são crimes que somente se consumam com a
produção do resultado naturalístico, ou seja, o resultado
naturalístico integra o próprio tipo penal (exemplos: homicídio,
furto, seqüestro etc.).

 Crimes formais: são crimes em que a ocorrência do resultado


naturalístico, apesar de admitida, não é relevante, pois se
consumam antes e independentemente de sua produção.
exemplo de crime formal: extorsão mediante seqüestro: nesse
crime, o resultado naturalístico visado é a obtenção da vantagem
econômica e conseqüente diminuição do patrimônio da vítima; no
entanto, o crime se consuma no momento em que a vítima é
seqüestrada, independentemente do recebimento ou não do
resgate).

 Crimes de mera conduta: o tipo não prevê a ocorrência de


resultado naturalístico (exemplos: crime de desobediência,
violação de domicílio).
 Crimes formais: são crimes em que a ocorrência
do resultado naturalístico, apesar de admitida, não é
relevante, pois se consumam antes e
independentemente de sua produção. exemplo de
crime formal: extorsão mediante seqüestro: nesse
crime, o resultado naturalístico visado é a obtenção
da vantagem econômica e conseqüente diminuição
do patrimônio da vítima; no entanto, o crime se
consuma no momento em que a vítima é
seqüestrada, independentemente do recebimento ou
não do resgate).
 Crimes de mera conduta: o tipo não prevê a
ocorrência de resultado naturalístico (exemplos:
crime de desobediência, violação de domicílio).
Tipicidade

O tipo é o modelo descritivo da conduta


contido na lei. Quando o fato praticado pelo
agente se enquadra no tipo, ocorre a
tipicidade.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

Nexo de causalidade (nexo causal): é o elo físico


que se estabelece entre a conduta do agente e o
resultado.

É O NEXO DE CAUSALIDADE OU A RELAÇÃO ENTRE O


COMPORTAMENTO HUMANO E O RESULTADO
OCORRIDO.
Art. 13, caput, CP: “o resultado de que depende
a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não
teria ocorrido”.
“Suponha-se que ‘A’ tenha matado ‘B’.
A conduta típica do homicídio possui uma série de
fatos, alguns antecedentes, dentre os quais sugerem-
se os seguintes:
1) a produção do revólver pela indústria;
2) aquisição da arma pelo comerciante;
3) compra do revólver pelo agente;
4) refeição feita pelo homicida;
5) emboscada;
6) disparo dos projéteis na vítima;
7) resultado morte.
Dentro dessa cadeia, excluindo-se os fatos sob os
números 1 a 3, 5 e 6, o resultado não teria
ocorrido. Logo, são considerados causa.
Excluindo-se o fato sob o número 4, ainda assim o
resultado teria ocorrido. Logo, a refeição feita pelo
sujeito não é considerada causa.

A esse sistema, preconizado por Thyrén, de


aferição, dá-se o nome de “procedimento
hipotético de eliminação”.
Teoria da equivalência dos antecedentes:
conhecida como teoria da conditio sine qua non,
segundo a qual causa é toda ação ou omissão
anterior que contribui para a produção do resultado.
Concausa

É uma causa que concorre paralelamente à


conduta, contribuindo para a produção do
resultado. A reforma penal de 1984 abandonou
totalmente o conceito de concausa. Como foi
adotada a teoria da conditio sine qua non, não há
por que fazer diferenciação entre causa e
concausa, tendo em vista que tudo o que
acontecer para a produção do resultado será
considerado causa.
Espécies de causas

 Causas dependentes: são aquelas que se


encontram dentro da linha normal de
desdobramento causal da conduta. É causa
decorrente logicamente da conduta, um
encadeamento causal previsível e esperado. As
causas dependentes jamais rompem o nexo causal
(exemplo: disparo de arma de fogo, ferimento,
rompimento de artérias, hemorragia interna e
morte).
 Causas independentes: são aquelas que se
encontram fora da linha normal de
desdobramento causal da conduta. Seu
surgimento não é uma decorrência esperada,
lógica, natural do fato anterior, mas, ao
contrário, um fenômeno totalmente inusitado,
imprevisível. A causa independente se destaca
da conduta, ou seja, não se sabia que, ao
praticar a conduta, haveria aquela causa.
Exemplo: não é uma conseqüência normal de
um simples susto a morte por parada cardíaca.
Causas absolutamente independentes

Além de produzir sozinha o resultado, a causa


absolutamente independente tem uma origem
completamente diversa da conduta, ou seja, ocorreria
ainda que a conduta nunca tivesse sido praticada
(exemplo: o agente planeja a morte da vítima; quando
esta está passando, antes de o agente atirar, a vítima
sofre um ataque cardíaco e vem a falecer;
independentemente da conduta, o resultado
aconteceria).

Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes
a)Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o genro,
com intenção de envenenar a sogra, ministra arsênico no
jantar da vítima. Ao terminar o jantar, a vítima morre.
Constata-se, então, que a causa da morte da vítima foi o
envenenamento produzido pela filha no café da manhã.
Observe-se que a morte não foi causada pela conduta do
genro, pois o arsênico leva 16 horas para fazer efeito. Não
há, portanto, nexo causal. Nesse caso, o genro responderá
por tentativa de homicídio.
b)Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta.
Exemplo: durante o jantar, 4 assaltantes invadem a
residência de uma pessoa que está sendo envenenada. Esta
pessoa reage ao assalto e é assassinada. Não há nexo
causal.
c)Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: após ser
envenenada, mas ainda viva, desprende-se o lustre sobre a
cabeça da vítima, matando-a. Não há nexo causal.
Observe-se que, nos exemplos citados, as
causas rompem totalmente o nexo causal,
razão pela qual o agente só responderá pelos
atos até então praticados.
Causas relativamente independentes

A causa relativamente independente produz por si


só o resultado, contudo origina-se da conduta, ou
seja, a causa apareceu por conta da conduta e,
inesperadamente, produziu o resultado.

Preexistentes
Concomitantes
Supervenientes
a)Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o agente
corta o braço da vítima, que é hemofílica, e esta morre em
decorrência da hemorragia. A hemofilia é causa preexistente ao
resultado. Existe nexo causal, mas o autor deverá responder por
lesão corporal, diante da ausência de dolo de matar (se o agente
não sabia que a vítima era hemofílica).

a)Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta. Exemplo:


o ladrão anuncia o assalto apontando um estilete para a vítima,
que desmaia e morre de infarto. Há nexo causal, mas não houve
dolo nem culpa em matar. Nesse caso o agente responderia por
tentativa de roubo.
a)Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: uma pessoa
baleada no peito está sendo levada ao hospital, quando a
ambulância que a transporta capota, fazendo com que a vítima
morra em decorrência de ter sua cabeça esmagada.
As causas relativamente independentes não têm o
condão de romper o nexo causal. No caso das causas
preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal,
o agente responderá pelo resultado, a menos que não
tenha concorrido para o mesmo com dolo ou culpa.
Afinal, dizer que existe nexo causal não dispensa a
presença do elemento psicológico (dolo) ou normativo
(culpa) da conduta, sem os quais o fato será atípico.

Na hipótese, porém, das supervenientes, embora


exista nexo causal físico-naturalístico, o Código Penal, por
expressa disposição do artigo 13, § 1.°, excepcionando a
regra geral, manda desconsiderá-lo, não respondendo o
agente pelo resultado, mas somente por tentativa.
Ex. 01: A atira em B, que provavelmente faleceria em
razão dos disparos. B é socorrido por ambulância que
vem a se envolver em acidente, que mata todos que
nela estavam. Comprova-se que B morreu em razão
do acidente, e não em razão dos disparos.

O ACIDENTE NÃO PODE SER CONSIDERADO


DESDOBRAMENTO FÍSICO NATURAL DA CONDUTA DE A.

Quem é baleado, via de regra, não morre por


acidente de trânsito. Assim, A somente responderá
pelo seu dolo, ou seja, pela tentativa de homicídio.
Ex. 02: A atira em B, que provavelmente faleceria em
razão dos disparos. B é socorrido por ambulância e
chega com vida no hospital. Enquanto se tratava,
contrai infecção hospitalar e, embora já estivesse se
recuperando, vem a falecer em virtude da infecção.

A INFECÇÃO PODE SER CONSIDERADA


DESDOBRAMENTO FÍSICO NATURAL DA CONDUTA DE A.

Quem é baleado possui grandes chances de contrair


infecção hospitalar. Assim, a responde por homicídio
doloso consumado.
Ex. 03: se alguém ferir o dedo mínimo de
outrem com canivete enferrujado e esta
pessoa, sem o devido tratamento, contrair
tétano e vier a falecer, podemos imputar o
resultado morte ao agente?
NÃO
Essa regra não é absoluta. Para que não
cheguemos a conclusões absurdas somente
deve ser considerado como consequência da
linha de desdobramento da conduta aquele
resultado que seja produto de uma lesão
relevante, grave, que tenha relevo.
CONCLUSÃO:
causas relativamente independentes
PREEXISTENTES e CONCOMITANTES

O agente responderá pelo resultado


desde que estas causas estejam
dentro do conhecimento do agente,
senão estaríamos admitindo
responsabilidade penal objetiva, ou
seja, sem culpa.
Causas relativamente independentes
SUPERVENIENTES possuem uma peculiaridade

Não podem estar dentro do conhecimento do


agente, pois são supervenientes. O resultado
precisa estar dentro de uma linha natural de
desdobramento fático da ação do agente e,
além disso, a lesão advinda da ação deve ser
significante, passível de produzir o resultado
mais grave.
Absolutamente
Independentes
CAUSAS
Relativamente
Independentes
Rompem o
nexo causal em
Preexistentes relação ao
resultado por si
só produzido e
o agente só
Absolutamente responde pelo
Concomitantes resultado que
Independentes
os seus atos ,
até então
praticados,
Supervenientes produziu
Preexistentes O agente
Relativamente responde pelo
resultado
Independentes naturalístico
Concomitantes
O agente responde
Que não produziram pelo resultado
por si sós o resultado naturalístico
(CP. Art. 13 caputP

Relativamente
Independentes
Supervenientes Rompem o nexo
casual em relação
ao resultado e o
Que produziram por agente só
si sós o resultado responde pelos
atos até praticados
(CP art. 13, §1º)
DIREITO PENAL

Crime Consumado
Tentativa
Arrependimento Posterior
Iter criminis é o itinerário do crime. A doutrina
aponta quatro etapas diferentes no caminho do crime:

 Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando,


idealizando, planejando a prática do crime. Nessa fase o
crime é impunível.
 Preparação: é a prática dos atos antecedentes necessários
ao início da execução. Não existe fato típico ainda, salvo se o
ato preparatório constituir crime autônomo.
 Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase,
o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e o crime já se
torna punível.
 Consumação: quando todos os elementos do fato típico são
realizados.
Pergunta: Em que momento o crime sai de sua
fase preparatória e começa a ser executado?

Resposta: A execução começa com a prática do


primeiro ato idôneo e inequívoco à consumação do
crime. Ato idôneo é o capaz de produzir o resultado e
ato inequívoco é o que, fora de qualquer dúvida, induz
ao resultado. Assim, a execução está ligada ao verbo
de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o
verbo do tipo, inicia-se a execução.
CRIME CONSUMADO

Crime consumado é aquele em que foram


realizados todos os elementos da definição legal.

Crime exaurido é aquele em que o agente já


consumou o crime, mas continua atingindo o bem
jurídico.
O exaurimento influi na primeira fase da fixação da pena
(artigo 59, caput, do Código Penal).
TENTATIVA

Tentativa é a não-consumação de um crime, cuja


execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

Aplicação da Pena

A tentativa é punida com a mesma pena do crime


consumado, reduzida de 1/3 a 2/3. O critério para essa
redução é a proximidade do momento consumativo,
ou seja, quanto mais próximo chegar da consumação,
menor será a redução.
Espécies de Tentativa

Tentativa imperfeita ou inacabada


Ocorre quando a execução do crime é interrompida, ou seja, o agente,
por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a praticar todos os
atos de execução do crime .

Tentativa perfeita ou acabada


Também conhecida como “crime falho”. Ocorre quando o agente
pratica todos os atos de execução do crime, mas o resultado não se
produz por circunstâncias alheias à sua vontade.

Tentativa branca ou incruenta


Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima
não é atingida.

Tentativa cruenta
Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima é
atingida, mas o resultado desejado não acontece por circunstância alheia
à vontade do agente.
Infrações que Não Admitem Tentativa

Crimes culposos
Parte da doutrina admite no caso de culpa imprópria.

Crimes preterdolosos
No caso dos crimes preterdolosos ou preterintencionais, o evento
de maior gravidade, não querido pelo agente, é punido a título de
culpa. No caso de latrocínio tentado, o resultado morte era querido
pelo agente; assim, embora qualificado pelo resultado, o latrocínio
só poderá ser preterdoloso quando consumado.

Crimes omissivos próprios


São crimes de mera conduta (exemplo: artigo 135 do Código
Penal).

Contravenção penal
A tentativa não é punida (artigo 4.º do Decreto-lei n. 3.688/41).
Delitos de atentado
São crimes em que a lei pune a tentativa como se fosse
consumado o delito (exemplo: artigo 352 do Código Penal).

Crimes habituais
Tais crimes exigem, para consumação, a reiteração de
atos que, isolados, não configuram fato típico. Inviável a
verificação da tentativa, posto que uma segunda conduta já
caracteriza o delito.

Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado


Trata-se, por exemplo, do artigo 122 do Código Penal.
Tentativa Abandonada ou Qualificada
Ocorre quando, iniciada a execução, o resultado
não se produz por força da vontade do próprio
agente. É chamada pela doutrina de ponte de ouro.
Comporta duas espécies: desistência voluntária e
arrependimento eficaz.

• Desistência voluntária

• Arrependimento eficaz
Desistência voluntária
O agente interrompe voluntariamente a
execução do crime, impedindo, desse modo, a sua
consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os
atos de execução, sendo possível somente na
tentativa imperfeita ou inacabada..
Arrependimento eficaz

O agente executa o crime até o último ato, esgotando-os,


e logo após se arrepende, impedindo o resultado. Só é
possível no caso da tentativa perfeita ou acabada. Ocorre
somente nos crimes materiais que se consumam com a
verificação do resultado naturalístico.

A desistência ou o arrependimento não precisa ser


espontâneo, mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência
ou a resipiscência for sugerida por terceiros subsistirão seus
efeitos. A tentativa abandonada, em suas duas modalidades,
exclui a aplicação da pena por tentativa, ou seja, o agente
responderá somente pelos atos até então praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Artigo 16 do Código Penal:

Nos crimes cometidos sem violência ou


grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.
A expressão utilizada pelo legislador é
redundante, pois todo arrependimento é posterior.

Na verdade o arrependimento é posterior à


consumação do crime.

Trata-se de causa obrigatória de redução de


pena.

É causa objetiva de diminuição de pena,


portanto, estende-se aos co-autores e partícipes
condenados pelo mesmo fato.
Requisitos

 Só cabe em crime cometido sem violência ou grave


ameaça contra a pessoa. Reparação do dano ou
restituição da coisa (deve ser integral).

 Por ato voluntário do agente. Não há necessidade


de ser ato espontâneo, podendo haver influência de
terceira pessoa.

 O arrependimento posterior só pode ocorrer até o


recebimento da denúncia ou queixa. Após, a
reparação do dano será somente causa atenuante
genérica (artigo 65, inciso III, alínea “b”).
Critérios para Aplicação da Redução da Pena

São dois os critérios para se aplicar a redução da


pena: espontaneidade e celeridade.

O arrependimento posterior não precisa ser


espontâneo, mas se for, a pena sofrerá maior
diminuição. Também, quanto mais rápido reparar o
dano, maior será a diminuição.
Relevância da Reparação do Dano

 Cheque sem fundos: o pagamento até o recebimento da


denúncia ou queixa extingue a punibilidade (Súmula 554 do
Supremo Tribunal Federal).
 Crimes contra a ordem tributária: o pagamento do tributo
até o recebimento da denúncia ou queixa também extingue a
punibilidade.
 Peculato culposo (artigo 312, § 3.º): se a reparação do
dano precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior reduz de metade a pena imposta.
 Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à
representação (artigo 74, parágrafo único, da Lei n.
9.099/95): havendo composição civil do dano em audiência
preliminar, extingue-se o direito de queixa ou representação.
TENTATIVA INIDÔNEA OU INADEQUADA

Também chamada “quase crime” ou “crime


impossível”, ocorre quando a consumação é
impossível pela ineficácia absoluta do meio ou
impropriedade absoluta do objeto.
A consequência do crime impossível é a
atipicidade do fato.

• Ineficácia Absoluta do Meio

• Impropriedade Absoluta do Objeto


Ineficácia Absoluta do Meio

O meio empregado jamais poderia levar à


consumação do crime. A ineficácia do meio deve
ser absoluta (exemplo: um palito para matar um
adulto, uma arma de brinquedo). Deve-se lembrar,
entretanto, que um determinado meio pode ser
ineficaz para um crime, mas eficaz para outro
(exemplo: num crime de roubo, uma arma
totalmente inapta a produzir disparos pode ser
utilizada para intimidar a vítima).
Impropriedade Absoluta do Objeto

O crime impossível pela absoluta impropriedade do


objeto é também chamado delito putativo por erro de tipo,
pois se trata de um crime imaginário; o agente quer
cometer um crime, mas devido ao desconhecimento da
situação de fato, comete um irrelevante penal (exemplo:
mulher pensa que está grávida e ingere substância
abortiva). Não se confunde com o erro de tipo, pois neste o
agente não sabe, devido a um erro de apreciação da
realidade, que está cometendo um crime (exemplo: compra
cocaína pensando ser talco).

A pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta jamais


poderia ser alvo do crime
Crime de ensaio ou experiência

Também chamado “delito putativo por obra do


agente provocador” ou “crime de flagrante preparado”,
ocorre quando a polícia ou terceiro (agente provocador)
prepara uma situação, que induz o agente a cometer o
delito (exemplo: detetive simula querer comprar
maconha e prende o traficante). O agente é
protagonista de uma farsa. A jurisprudência considera a
encenação do flagrante preparado uma terceira espécie
de crime impossível, entendendo não haver crime ante
a atipicidade do fato (Súmula n. 145 do Supremo
Tribunal Federal).
Complicações cirúrgicas e infecção hospitalar

Nesses casos, a causa é dependente ou


relativamente independente?

O Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que


nesses casos a causa é dependente, porque
estatisticamente complicações cirúrgicas ocorrem
com freqüência. Nesse caso o agente responde por
homicídio consumado se agiu com dolo ou culpa.
Uma pessoa baleada no peito está
sendo levada ao hospital, quando a
ambulância que a transporta
capota, fazendo com que a vítima
morra em decorrência de ter sua
cabeça esmagada. Supondo que o
agente teve dolo de matar, por
qual crime ele deverá responder?
DIREITO PENAL

Tipo Penal
Dolo e Culpa
Crimes Qualificados pelo Resultado
Erro de Tipo
TIPO PENAL

O tipo legal é um dos postulados básicos do


princípio da reserva legal. A Constituição
Federal consagra expressamente que “não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal” (artigo 5.º, inciso
XXXIX), deixando à lei a tarefa de definir,
descrever, os crimes.
Conceito
Consiste na descrição abstrata da conduta humana
feita, pormenorizadamente, pela lei penal e
correspondente a um fato criminoso – também chamado
de tipo incriminador.

O tipo é, então, um molde criado pela lei, em que


está descrito o crime com todos os seus elementos,
sendo que alguém cometerá um delito se realizar uma
conduta idêntica à constante no modelo legal.

O conceito de tipo é expresso pelo Professor Fernando


Capez como “o modelo descritivo das condutas humanas
criminosas, criado pela lei penal, com a função de
garantia do direito de liberdade”.
Da Adequação Típica e suas Formas

Adequação típica é o enquadramento do fato ocorrido


concretamente ao tipo legal.

 Adequação típica de subordinação imediata

 Adequação típica de subordinação mediata


 Adequação típica de subordinação
imediata: é o ajuste integral, perfeito, entre
o fato e o tipo legal, sem que para a sua
subsunção se exija o concurso de qualquer
outra norma.
 Adequação típica de subordinação mediata,
ampliada ou por extensão: o fato não se
enquadra imediatamente na norma penal
incriminadora; exige para isto o concurso de outra
disposição, por exemplo, tentativa (artigo 14, inciso
II, do Código Penal) e concurso de agentes (artigo
29) – há necessidade de se combinar a norma
contida na Parte Geral com o dispositivo da Parte
Especial para que ocorra a exata modelagem da
conduta à norma.
Dolo e Culpa

Crime doloso: segundo a teoria finalista da


ação, dolo é um elemento subjetivo do tipo,
manifestado pela vontade de concretizar as
características objetivas do tipo. O dolo é a
regra geral dos delitos descritos no CPB e
normalmente está expresso no tipo penal.
Teorias sobre o conceito de dolo

• Vontade
• Representação
• Assentimento:
Vontade: Elaborada por Carrara, que diz “ dolo é a
intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato
que se conhece contrário à lei” (Teles, p. 161).
Compõe-se de dois elementos – o intelectivo
referente a consciência do fato (representação do
resultado, pois o sujeito sabe e prevê o resultado) e
o volitivo (corresponde a vontade de causar e querer
o resultado).

Ex: João tem consciência de que, se deixar cair uma


pedra de 20 kg, sobre a cabeça de Rita, sua esposa,
que dorme, poderá matá-la. Querendo ficar viúvo,
porque quer se casar com Luiza, desfere o golpe
violento em sua esposa, com a pedra, mantando-a.
Representação: dolo é previsão do resultado. Não
é necessário que o agente tenha vontade de
alcançar o resultado, bastando que o preveja, que o
represente.

Ex: Nascimento dirigindo seu veículo em avenida


movimentada, avistando Silva tentando atravessar a
via, continua diringindo em sua direção , vindo a
atropelá-lo, causando-lhe ferimentos. Só por ter
previsto o resultado , representando-o, já teria agido
com dolo.
Assentimento: dolo é a previsão do resultado como
certo ou possível. Não exige que o agente queira o
resultado, bastando que o aceite e consinta, caso ele
aconteça.

Ex: O caçador Daniel, durante uma caçada, vê um


animal ao lado de Duarte, desejando atingir o
animal, sabe que pode errar o alvo e atingir Duarte,
a quem não deseja matar, porém, pensa ”não quero
atingir o homem, mas se o atingir, tudo bem, não
posso fazer nada” e no final mata Duarte com um
tiro. Significa que aceitou o resultado, embora não o
desejasse, portanto, agiu com dolo
O Código Penal adotou as teorias da
vontade e do assentimento. Ao conceituar
crime doloso, o legislador indiretamente
conceituou dolo: “quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo” (artigo 18, inciso I, do Código Penal).
Elementos do dolo:

intelectivo – saber que está realizando os


elementos objetivos do tipo penal. É a consciência
da conduta e do resultado.

volitivo – além de ter conhecimento sobre os


elementos constitutivos do tipo, para agir
dolosamente é preciso que o autor queira realizá-
los. O querer pressupõe o saber.
Espécies de Dolo

 Dolo normativo
 Dolo natural
 Dolo genérico
 Dolo específico
 Dolo de perigo
 Dolo de dano
 Dolo direto ou determinado
 Dolo indireto ou indeterminado
 Dolo geral ou erro sucessivo

TRABALHO
CULPA

Culpa é o elemento normativo da conduta (não


confundir com elemento normativo do tipo), pois sua
existência decorre da comparação que se faz entre o
comportamento do agente no caso concreto e aquele
previsto na norma, que seria o ideal. Essa norma
corresponde ao sentimento médio da sociedade sobre o
que é certo e o que é errado.

“é a conduta voluntária que produz resultado ilícito,


não desejado, mas previsível e excepcionalmente
previsto, que pode, com a devida atenção, ser
evitado.” (Teles, p. 166)
Elementos:

 conduta humana
 previsibilidade
 inobservância do dever geral de cuidado
objetivo.
 ausência de previsão
 resultado naturalístico indesejado
 nexo de causalidade objetivo
 tipicidade
conduta humana voluntária: a ação ou omissão que
causa o resultado deve se iniciar de forma voluntária e
espontânea.

previsibilidade objetiva: é a possibilidade de


qualquer pessoa ter previsto o resultado; o que se leva
em conta é se o resultado era ou não previsível para
uma pessoa de prudência mediana, e não a capacidade
do agente de prever o resultado;

inobservância do dever geral de cuidado objetivo:


existem regras legais e sociais que impõe ao cidadão
mediano, o cuidado em sua conduta cotidiana para
evitar lesão a bens alheios. Ex: no trânsito existem
regras de velocidade, placas sinalizadoras, faixas de
pedestres e outros.
ausência de previsão: não há certeza da
ocorrência do resultado, embora este possa
ser previsível em certas circunstâncias.

resultado naturalístico indesejado: a


modificação no mundo externo deve ser
causada pelo agente por ter deixado de
observar o dever geral de cuidado e nunca
por desejar praticá-lo.
nexo de causalidade objetivo: o resultado
deve decorrer da linha de desdobramento
causal referente a negligência, imprudência
ou imperícia. Ex: médico esquece de suturar
um órgão do paciente e este vem a falecer
por hemorragia interna.

tipicidade: o crime culposo é excepcional e


só será punido quando houver expresa
previsão legal no tipo penal.
Modalidades de Culpa

 Imprudência

 Negligência

 Imperícia
Imprudência
É a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado).
É a prática de um fato perigoso, ou seja, é uma ação
descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.

Negligência
É a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes
de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação (exemplo:
não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em
movimento).

Imperícia
É a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou
atividade
Excepcionalidade da Culpa
Um crime só pode ser punido como culposo quando há
previsão expressa na lei. Se a lei é omissa o crime só é punido
como doloso (artigo 18, parágrafo único, do Código Penal).

Compensação de Culpas
No Direito Penal, não existe compensação de culpas. O fato
de a vítima ter agido também com culpa não impede que o
agente responda pela sua conduta culposa. Somente nos
casos em que existir culpa exclusiva da vítima haverá
exclusão da culpa do agente.
Não confundir com concorrência de culpas que ocorre
quando dois ou mais agentes, culposamente, contribuem para
a produção do resultado (exemplo: choque de dois veículos
num cruzamento).
Graus de Culpa

Para efeito de cominação abstrata de pena,


não há diferença. Na dosagem da pena
concreta, entretanto, é levado em conta o
grau da culpa na primeira fase de sua fixação
(artigo 59 do Código Penal). São três níveis:
grave, leve e levíssima.
Participação no Crime Culposo

Sobre a possibilidade de participação em crime culposo, há


duas posições na doutrina:

1.ª posição: não é possível a participação em crime


culposo. Isto porque, o tipo culposo é aberto, logo não há
descrição da conduta. Assim, não há que se falar em conduta
acessória e em conduta principal.

2.ª posição: é possível a participação em crime culposo,


sendo o autor aquele que realiza o núcleo do tipo doloso e
partícipe quem concorre para tal. Exemplo: motorista dirige de
forma imprudente e, instigado pelo acompanhante, acaba
atropelando uma pessoa. O motorista matou a vítima, pois foi
ele quem a atropelou; o acompanhante teve participação nesta
morte.
Espécies de Culpa

 Culpa inconsciente ou sem previsão

 Culpa consciente ou com previsão

 Culpa indireta ou mediata

 Culpa imprópria

TRABALHO
ILICITUDE

OU

ANTIJURIDICIDADE
CONCEITO

“É a contradição entre a conduta e o


ordenamento jurídico, pela qual a ação
ou omissão típicas tornam-se ilícitas”
Fernando Capez.
Caráter indiciário

Constatada a tipicidade de uma


conduta, passa a incidir sobre ela uma
presunção de que seja ilícita;

Em regra, todo fato típico também será


ilícito;
Espécies de ilicitude
 formal: contradição do fato com a norma de
proibição (é o mesmo conceito de
antinormatividade). É o fato típico não
acobertado pelas causas de exclusão da
ilicitude;

material: a antijuridicidade ocorre quando o


fato contraria a norma e causa uma lesão ou
um perigo concreto de lesão ao bem jurídico. A
conduta não somente está contrária à lei, mas
também contraria o sentimento de justiça da
sociedade (é injusta);
Espécies de ilicitude
subjetiva: o fato só é ilícito se o agente tiver
capacidade de avaliar seu caráter criminoso
(para essa teoria, inimputável não comete fato
ilícito)

objetiva: independe da capacidade de


avaliação do agente. Nosso sistema adota essa
teoria – porque o inimputável comete fato
ilícito.
Análise por exclusão

A ilicitude de um fato típico é constatada


pela mera confirmação de um
prognóstico decorrente da tipicidade, o
qual somente é quebrado pela
verificação da existência de causas de
exclusão da ilicitude.
A antijuridicidade é sempre objetiva
porque independe da culpabilidade do
agente. Exemplo: menor pode praticar fato
antijurídico, contudo não responde porque
não tem culpabilidade.

Crime, sob o aspecto analítico, é um fato


típico (já estudado) e antijurídico. A
antijuridicidade é o segundo requisito do
crime.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
 Causas Legais:
Estado de necessidade;
Legítima defesa;
Estrito cumprimento do dever legal;
Exercício regular de direito;

 Causas supralegais:
A tipicidade é material, e a ilicitude meramente formal,
de modo que causas supralegais são excludentes de
tipicidade;
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito

Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso
doloso ou culposo.
ESTADO DE NECESSIDADE

“Causa de exclusão da ilicitude de quem,


não tendo o dever legal de enfrentar um
situação de perigo atual, a qual não
provocou por sua vontade, sacrifica um
bem jurídico ameaçado por esse perigo
para salvar outro, próprio ou alheio, cuja
perda não era razoável exigir”
Fernando Capez.
Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem


pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha


o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja
razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.
TEORIAS
UNITÁRIA: É sempre causa de exclusão da ilicitude -
considera-se a razoabilidade de acordo com o
senso comum (adotada pelo CP).

DIFERENCIADORA: Será excludente de ilicitude


somente quando o bem sacrificado for reputado
de menor valor. Quando o bem sacrificado for de
valor igual ou maior será circunstância de exclusão
da culpabilidade;

EQÜIDADE: Fato deixa de ser punido por razões de


eqüidade.
Requisitos para a existência do estado de
necessidade

 O perigo deve ser atual ou iminente.


 O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio.
 O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo
agente.
 Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode
invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação
de perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico
 Inevitabilidade do comportamento lesivo,
 Proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o
bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade da lesão
causada. Requisito

 subjetivo: os finalistas consideram mais um requisito do estado de


necessidade; o conhecimento da situação justificante. Para os
clássicos, esse conhecimento é irrelevante.
O perigo deve ser atual ou iminente. A lei só fala em
perigo atual, mas a doutrina considera que o agente
não precisa aguardar o perigo surgir para só então agir.
Assim, o perigo deve estar acontecendo naquele
momento ou prestes a acontecer. Quando, portanto, o
perigo for remoto ou futuro, não há o estado de
necessidade.

O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio.


Necessário se faz que o bem esteja protegido pelo
ordenamento jurídico (exemplo: o condenado à morte
não pode alegar estado de necessidade contra o
carrasco). No caso de situação de perigo a bem de
terceiro, não há necessidade da autorização deste.
O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo
agente. Quem dá causa a uma situação de perigo não pode
invocar o estado de necessidade para afastá-la. Aquele que
provocou o perigo com dolo não age em estado de
necessidade porque tem o dever jurídico de impedir o
resultado. Mas, se o perigo foi provocado culposamente, o
agente pode se valer do estado de necessidade. Observação:
há, entretanto, quem defenda que, mesmo se o perigo foi
provocado culposamente, o agente não pode se valer do
estado de necessidade.

Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode


invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação
de perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico (exemplo:
bombeiro). Observe-se que a lei fala em dever legal e não
dever jurídico, sendo este mais amplo do que aquele.
Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja,
somente deverá ser sacrificado um bem se não houver
outra maneira de afastar a situação de perigo.

É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade


do perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou
alheio e a gravidade da lesão causada. Trata-se da
razoabilidade do sacrifício, ou seja, se o sacrifício for
razoável, haverá estado de necessidade, excluindo-se a
ilicitude. Se houver desproporcionalidade o fato será
ilícito, afastando-se o estado de necessidade, e o réu
terá direito à redução da pena de 1/3 a 2/3 (artigo 24,
§ 2.º, do Código Penal).
Formas
Quanto a titularidade do interesse protegido:
próprio ou de terceiro;

Quanto ao aspecto subjetivo do agente: real


ou putativo;

Quanto ao terceiro que sofre a ofensa:


defensivo ou agressivo;
Próprio ou de terceiro: é próprio quando há o sacrifício de
um bem jurídico para salvar outro que é do próprio agente. É
de terceiro quando o sacrifício visa a salvar bem jurídico de
terceiro.

Real ou putativo: é real quando se verificam todos os


requisitos da situação de perigo. É putativo quando não
subsistem, de fato, todos os requisitos legais da situação de
necessidade, mas o agente os julga presentes.

Defensivo ou agressivo: é defensivo quando há o sacrifício


de bem jurídico da própria pessoa que criou a situação de
perigo. É agressivo quando há o sacrifício de bem jurídico de
terceira pessoa inocente.
EXCESSO

Desnecessária intensificação de uma conduta


inicialmente justificada;

Doloso – responderá dolosamente pelo


resultado produzido;

Culposo – responderá culposamente pelo


resultado produzido;

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