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FORMAÇÃO HISTÓRICA E

QUESTÃO AGRÁRIA

Gestão do Agronegócio e Cooperativismo


QUESTÃO AGRÁRIA:
 refere-se às relações sociais de produção
(meios de produção + forças produtivas) e
abrange aspectos ligados ao “como e de
que forma se produz”.
Indicadores:
 maneira como se organiza o trabalho e a
produção;
 nível de renda e emprego;
 tecnologia disponível e produtividade do
trabalho;
 forma como está distribuída a propriedade
fundiária.
QUESTÃO AGRÍCOLA: restringe-se “ao que,
onde e quanto se produz”.

Indicadores:

 quantidades
 preços

* De modo geral instrumentos de política agrícola visam


interferir apenas nestes dois fatores, mas indiretamente
influenciam a conformação dos sistemas agrários.
Terra: por ser meio de produção relativamente
não reprodutível, a forma de sua
apropriação histórica é fundamental

Antecedentes históricos
Capitanias hereditárias
Sesmarias: grandes extensões de terras doadas a
particulares que tivessem recursos (para compra
de escravos)
Tamanho variava de 0,5 a 3 léguas quadradas
Latifúndios escravistas, produção visando
exportação.
Classes sociais:
senhores e escravos
Outros*
* Dentre estes, pequenos agricultores que
produziam para subsistência e vendiam parte
da produção nas feiras das cidades; posse
da terra era precária ou ilegal.
1820: extinção do regime de sesmarias

Ausência de legislação sobre terras devolutas


provoca rápida expansão de pequenos
agricultores
1850: proibição do tráfico negreiro

Criação da Lei de terras


Lei de Terras
Proibia as aquisições de terras por outro meio
que não a compra, extinguindo o regime de
posses;

Elevava o preço das terras e exigia pagamento


à vista;

Destinava produto da venda de terras à


importação de colonos.
Terra livre + homem livre: quem iria trabalhar
nas grandes propriedades?

Lei buscava evitar que imigrantes se tornassem


proprietários de terras (Sul: processo
diferenciado, imigrantes compraram lotes)
CAFÉ, URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO

Final do século XIX:


 crescimento da urbanização
 Ampliação dos produtores familiares,
devido a maior demanda por alimentos e
possibilidade de produção de matérias
primas como algodão e tabaco.

Início do século XX:


 crises periódicas do café
 Desvalorização cambial
 Retenção de estoques.
 A partir de 1926 ocorreu crescimento da área
dos cafezais e da produção: entre 1928 e 1934
ocorreram três safras superiores 28 milhões de
sacas.

 Expansão do complexo cafeeiro criou


condições para surgimento da indústria, tanto via
investimentos dos lucros, como gerador de força
de trabalho que demandava consumo crescente
de gêneros alimentícios
Período de 1933-55: setor industrial vai se
consolidando; política de substituição de
importações.
Governo Vargas: com a centralização do poder
ao nível federal, oligarquias rurais perdem
hegemonia, mas continuam influindo nas
decisões.

Relativa diversificação da produção agrícola


leva a criação de políticas setoriais.

Limitações da industrialização: incapacidade


de implantação da indústria pesada ou de
base pelo setor privado e mesmo o Estado tinha
dificuldades de assumir esta tarefa.

Companhia Siderúrgica Nacional – 1953.


Período de 1955/61: Plano de Metas de JK

consolidação das indústrias de base (siderurgia;


petroquímica; metalurgia)
desenvolvimento do setor de energia e
transporte (infra-estrutura);
aumento da produção dos bens de capital e
de bens consumo duráveis;
investimento maciço do Estado em infra-
estrutura e na indústria de base por meio de
endividamento e confisco cambial
(transferência de renda da agricultura para a
indústria).
Taxas de crescimento do PIB:

1956-61: 8,3% ao ano;

1963-67: 3,7% ao ano e inflação crescente;

 Governo João Goulart: reformas de base

1964: Golpe Militar

 Período de crise: concentração empresarial;


redução do gasto público; aumento de
impostos; arrocho salarial.
QUESTÃO AGRÁRIA: o debate nas décadas de 50
e 60
Economistas NEOCLÁSSICOS X ESTRUTURALISTAS;

Estruturalistas: consideravam a estrutura agrária


como um empecilho para o desenvolvimento
agrícola e defendiam alterações;

Neoclássicos: as causas da falta


desenvolvimento (modernização agrícola) era a
abundância de terra e mão-de-obra, e não a
estrutura agrária.
QUESTÃO AGRÁRIA: o debate na década de 1960

As divergências entre os Estruturalistas:

Tese Feudal (Alberto Passos Guimarães):

 reforma agrária possibilitaria a remoção dos


restos feudais;
 destruiria também subordinação econômica dos
camponeses à estrutura de dominação do
latifúndio;
 a modernização se daria pela penetração do
capitalismo no campo.
QUESTÃO AGRÁRIA: o debate na década de 1960

As divergências entre os Estruturalistas:

Crítica à Tese Feudal (Caio Prado Júnior)


 afirmava que a grande empresa agromercantil
sempre foi capitalista, o que havia era resquício
escravista-colonial;
a oposição principal era entre grandes
proprietários e trabalhadores;
 propunha mudanças na legislação trabalhista
para propiciar melhoria de condições de
trabalho;
reforma agrária seria indicada para regiões com
menor dinamismo econômico.
QUESTÃO AGRÁRIA: o debate na década de 1960

As divergências entre os Estruturalistas:

Tese Estruturalista (Celso Furtado)


 estrutura agrária, baseada no latifúndio, seria
ineficiente, incapaz de atender a expansão da
demanda de alimentos e matérias-primas;
 questionava pressuposto neoclássico para o
progresso técnico (via aumento da demanda e
migração rural-urbana);
reorganização da agricultura deveria possibilitar
que sua modernização pudesse atingir a grande
massa da população do país.
QUESTÃO AGRÁRIA: o debate nas décadas de 50
e 60
Neoclássicos e a Teoria da Modernização:

Schultz (1965) considerava que produtores


tradicionais alocam eficientemente os fatores de
produção, o que lhes falta é ter
acesso/conhecimento de técnicas modernas.
 O aumento da produção e produtividade não
dependia de mudanças na estrutura fundiária,
mas de uma revolução tecnológica com oferta
de máquinas e insumos modernos a preços
baixos.
 Esforços deveriam dirigir-se aos grupos de
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

Período: final da década de 1960 e a década


de 1970
Padrão tecnológico adotado:
o uso intensivo da química mineral
(fertilizantes e agrotóxicos);
 mecanização do preparo do solo, plantio e
colheita de cereais;
e melhoramento genético de plantas e
animais.

O apoio a este padrão tecnológico teve


como base:
 o crédito rural fortemente subsidiado
A modernização:
aumentou a produção e produtividade,
especialmente das culturas de exportação e
daquelas utilizadas como insumos
agroindustriais;
causou um êxodo rural de cerca 28 milhões
de pessoas no período de 1960-80;
inseriu a esfera financeira nas atividades da
agropecuária; promoveu a integração de
capitais agroindustriais e agro-comerciais; e
fortaleceu a valorização especulativa do
imóvel rural;
não mudou e até acentuou o caráter
desigual da estrutura fundiária brasileira;
teve conseqüências nefastas para o meio
Questão agrária e as Constituições
brasileiras
1824 (Império):
propriedade garantida em toda a sua
plenitude

1934:
Usucapião para posse de até 10 ha e com
10 anos de ocupação;
Alienação: até 10 mil ha sem autorização do
1969:
Senado;
Usucapião para posse de até 100 ha e 5
anos de ocupação;

Alienação: até 3 mil ha sem autorização do


Senado;
Constituição de 1988

Usucapião para posse de até 50 ha e com


5 anos de ocupação;
Alienação: até 2.500 ha sem autorização
do Senado.
Pagamento de terra desapropriada:

1946: em dinheiro, previamente e pelo preço


justo;
1969: em títulos, posteriormente e pelo preço
justo (inicialmente com base no ITR);
1988: em títulos; previamente e pelo preço
justo.
MUITO OBRIGADO!

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