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ENSAIO POR

LÍQUIDOS
PENETRANTES
Guilherme K.
Renan G. Paz
1. INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES
• Ensaio por Liquido Penetrante
(LP) é um Método de ensaio
não destrutivo (END) utilizado
para a detecção de
descontinuidades abertas na
superfície de materiais sólidos
e não porosos.

• Tem o objetivo de detectar


descontinuidades superficiais
e que sejam abertas na
superfície, tais como trincas,
poros, dobras, etc. Podendo
ser aplicado em todos os
materiais sólidos e que não
sejam porosos ou com
superfície muito grosseira.
HISTÓRICO
• É o ensaio não destrutivo mais
antigo depois do ensaio visual;

• No começo da era industrial,


não se tinha conhecimento do
comportamento das
descontinuidades nas peças, o
que ocasionava grande número
de rompimentos por fadiga;

• Era comum o aparecimento de


trincas e rupturas de peças de
vagões, como eixos, rodas, etc.
DE ÓLEO E GIZ PARA LÍQUIDOS
PENETRANTES

• As peças eram lavadas em água fervente


ou Soda Cáustica;

• Mergulhadas por horas em um tanque de


Óleo misturado com Querosene;

• Depois de secas, pintadas com uma


mistura de álcool e pó de giz para ficar
com aspecto branco;

• As peças eram depois marteladas para


Robert C. Switzer
que a solução de óleo e querosene fosse
rejeitada, marcando o giz nas fissuras.

• Em 1942 o método foi aperfeiçoado para


ensaio com líquidos penetrantes.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO
MÉTODO

• Preparação da
superfície;

• Aplicação do
penetrante;

• Remoção do excesso
de penetrante;

• Revelação;

• Avaliação e inspeção
VANTAGENS DA TÉCNICA

• Técnica simples e fácil de interpretar seus


resultados.

• Treinamento é simples e requer pouco tempo


do operador.

• Não há limitações quanto ao tamanho, forma


das peças a serem ensaiadas, nem quanto ao
tipo de material.

• O ensaio pode revelar descontinuidades


extremamente finas, da ordem de 0,001 mm
de largura, totalmente imperceptíveis a olho
nu.
DESVANTAGENS DA TÉCNICA

• Somente detecta descontinuidades


abertas e superficiais;

• A superfície do material não pode


ser porosa ou absorvente;

• O ensaio pode se tornar inviável


em peças de geometria
complicada, que necessitam de
absoluta limpeza após o ensaio,
como é o caso de peças para a
indústria alimentícia, farmacêutica
ou hospitalar.
2.PROPRIEDADES DOS
PRODUTOS E PRINCÍPIOS
FÍSICOS
PROPRIEDADES FÍSICAS DO
PENENTRANTE

Tensão
Viscosidade Molhabilidade
superficial
Propriedade Devida às fortes Propriedade de se
importante para a ligações espalhar por toda a
velocidade com intermoleculares, superfície com boa
que o penetrante se relaciona com a aderência. Melhor a
entra em um capilaridade que é molhabilidade,
defeito. Não pode a capacidade de melhor o
ser muito baixa. adentrar pequenas penetrante.
Pontoaberturas.
de
Volatibilidade
fulgor
Deve ter alto ponto Não deveria ser
de fulgor. volátil. Enquanto
Importante quando mais volátil, menos
considerações tempo de
sobre segurança penetração.
estão relacionadas
Dissolução Toxidez Solubilidade
Os penetrantes Evidentemente um O LP deve ser
incorporam o bom penetrante removido da
produto corante ou não pode ser superfície com
fluorescente que tóxico, possuir odor facilidade.
deve estar o exagerado e nem
máximo possível causar irritação na
dissolvido. Deve pele.
manter estes Inércia Sensibilidade
agentes química
dissolvidos. Inerte e não Penetração na
corrosivo com o superfície, fácil
material a ser remoção, fácil
ensaiado. absorção pelo
Diferentes revelador, boa
penetrantes para capacidade de ser
cada material e visualizado mesmo
limpeza rigorosa. em pequenas
LÍQUIDO PENETRANTE

• Propriedade essencial de penetrar em


aberturas finas;
• Permanecer em aberturas
relativamente grandes
• Não evaporar ou secar rapidamente;
• Ser facilmente limpo da superfície
onde for aplicado;
• Facilmente detectado pelo revelador
depois de aplicado;
• Não ser removível de dentro das
aberturas, durante a remoção do
excesso;
• Forte brilho quando exposto ao calor,
luz ou luz negra;
• Não ser facilmente inflamável ou
demasiado tóxico;
SENSIBILIDADE DO
PENETRANTE

Sensibilidade do penetrante é sua capacidade de


detectar descontinuidades. Podemos dizer que um
penetrante é mais sensível que outro quando, para
aquelas descontinuidades em particular, o primeiro
detecta melhor os defeitos que o segundo.

Os fatores que afetam a sensibilidade são:


a) Capacidade de penetrar na descontinuidade;
b) Capacidade de ser removido da superfície, mas não do
defeito;
c) Capacidade de ser absorvido pelo revelador;
d) Capacidade de ser visualizado quando absorvido pelo
revelador, mesmo em pequenas quantidades.
TIPOS DE PENETRANTE
CONFORME ASTM E-165 -95

TIPO I – Ensaio com Penetrante


Fluorescente
Método A Lavável a água
Método B Pós emusificável, lipofílico
Método C Removível com solvente
Método D Pós-emusificável, hidrofílico
TIPO II – Ensaio com Penetrante
Visível
Método A Lavável a água
Método C Removível com solvente
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A
VISIBILIDADE

• Fluorescentes;
• Visíveis coloridos.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
DO PENETRANTE

• TIPO DE PENETRANTE: Visível, lavável a água.


• MÉTODO DE APLICAÇÃO: Aerossol, pulverização
(pistola) ou pincel.
• LIMPEZA PRÉVIA: E 59 (aerossol ou embalado), R 501
(aerossol ou embalado), TMC 10 (aerossol ou
embalado
• TEMPO DE PENETRAÇÃO: De acordo com o
procedimento.
• TEMPERATURA DE TRABALHO: 10ºC a 52ºC.
• REMOÇÃO DO EXCESSO DE PENETRANTE: Água.
• REVELADOR: Metal-Chek D 70 (aerossol ou embalado),
Visível lavável a água,
Metal-Chek D 701 (aerossol ou embalado).
biodegradável, alta
sensibilidade. • TIPO DE MATERIAL APLICADO: Aço carbono/manganês,
aços cromo/molibdênio, aços de baixa liga, aços
Inspeções gerais,
inoxidáveis, austeníticos, ferríticos e martensíticos,
facilmente removido de ligas de níquel, titânio, ligas de cobre, alumínio,
superfícies rugosas. plásticos, cerâmica e revestimentos.
PROPRIEDAES DO
REVELADOR

• Ter ação de absorver o penetrante da


descontinuidade;
• Servir com uma base por onde o
penetrante se espalhe;
• Servir para cobrir a superfície
evitando confusão com a imagem do
defeito formando uma camada fina e
uniforme;
• Deve ser facilmente removível;
• Não deve conter elementos
prejudiciais ao operador e ao material
que esteja sendo inspecionado;
• Não pode ser fluorescente.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
DO REVELADOR

D70
• TIPO DE REVELADOR: Não aquoso.
• MÉTODO DE APLICAÇÃO: Aerossol, pulverização
(pistola).
• TIPO DE SECAGEM: Normal.
• LIMPEZA PRÉVIA: E 59 (aerossol ou embalado), R
60 (aerossol ou embalado), R 501 (aerossol ou
embalado), TMC 10 (aerossol ou embalado).
• TEMPO DE REVELAÇÃO: De acordo com o
procedimento.
• TEMPERATURA DE TRABALHO: 10ºC a 52ºC.
• LÍQUIDO PENETRANTE: Metal-Chek VP 30, Metal-
Chek VP 31, Metal-Chek VP 34, Metal-Chek FP 91
e Metal-Chek FP
• TIPO DE MATERIAL A SER EXAMINADO: Aço
carbono/manganês, aços cromo/molibdênio, aços
de baixa liga, aços inoxidáveis, austeníticos,
ferríticos e martensíticos, ligas de níquel, titânio,
ligas de cobre, alumínio, plásticos, cerâmica e
CONTROLE DE IMPUREZAS

• Para o uso de produtos penetrantes em materiais como aço


inoxidável austenítico, titânio, ligas a base de níquel entre
outras resistentes a alta temperatura;
• Restrição para enxofre e cloro que em altas temperaturas
podem causar fragilização ou corrosão nestes materiais;
• Norma ASTM e código ASTM;
Para aço inoxidável com níquel até 0,1% de
porcentagem em peso de enxofre.
Para aços inoxidáveis duplex, austeníticos e titânio
até 0,1% de porcentagem em peso de resíduo de flúor
+ cloro.
• Análises realizadas através do ASME SE- 165/E165M-12.
ACUIDADE VISUAL DO
INSPETOR

Carta de visão próxima Jaeger (à


Exame de Exame complementar de
esquerda) e Ortho Rater (à direita)
reconhecimento de diferenciação de
(as figuras estão reduzidas, sem
números para daltonismo. contrastes.
escala)

Segundo o documento: SNT-TC-1A


3. PROCEDIMENTOS
PARA ENSAIO
PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE

• A peça deve estar livre de


resíduos, sujeiras, óleo, graxa e
qualquer outro contaminante que
possa obstruir as aberturas a
serem detectadas.

• Toda forma de corrosão, escória,


pinturas, óleo, graxa, deve ser
removida da superfície

• Pode-se utilizar o solvente que faz


parte dos “kits” de ensaio ou
solventes disponíveis no mercado,
ou ainda outro produto qualificado.
PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE

• Pode-se utilizar o desengraxamento por vapor, para


remoção de óleo, graxa; ou ainda limpeza química, solução
ácida ou alcalina, escovamento manual ou rotativo,
removedores de pintura e detergentes.
• Peças limpas com produtos a base de água, a secagem
posterior é muito importante para evitar corrosão das
superfícies.
• Processos de jateamento, lixamento e esmerilhamento,
devem ser evitados, pois podem bloquear as aberturas da
superfície e impedir a penetração do produto penetrante.
APLICAÇÃO DO
PENETRANTE

• Aplicação pode ser por spray, pincelamento, com rolo de


pintura ou mergulhado as peças em tanques.
• Deve-se escolher um processo de aplicação do
penetrante condizente com as dimensões das peças e
com o meio ambiente em que será aplicado o ensaio.
TEMPERATURA DA
SUPERFÍCIE

• TEMPERATURA IDEAL NA SUPERFÍCIE: 20ºC


• FAIXA DE TEMPERATURA PADRÃO: 5 à 52ºC
• Temperaturas ambientes mais altas (acima de 52°C)
podem aumentar a evaporação dos constituintes
voláteis do penetrante, tornando-o inadequado. Acima
de certo valor ( > 100° C) há o risco de inflamar.
• O código ASTM E-165/165M-12 recomenda
temperaturas de 4ºC a 38º C para penetrantes
fluorescentes e de 10ºC a 52ºC para penetrantes
visíveis com luz normal.
TEMPERATURA DA
SUPERFÍCIE
• Caso seja necessário aplicar o ensaio de LP fora da
temperatura padrão, os produtos penetrantes devem ser
verificados contra um padrão contendo trincas conhecidas.

• Conforme Código ASME Sec. V Art. 6, o bloco deve ser


fabricado em alumínio ASTM B209 tipo 2024, aquecido
entre 510 °C a 524 °C e resfriados com água, produzindo
assim trincas superficiais no bloco. Após, deve ser cortado
TEMPO DE PENETRAÇÃO

Tempos mínimos de penetração sugeridos pelo ASME


Sec. V Art. 6 - Tabela 672 e ASTM E-165
REMOÇÃO DO EXCESSO DE
PENETRANTE

• Penetrantes do tipo pós emulsificáveis são laváveis com água


apenas após a aplicação do emulsificador hidrofílico ou
lipofílico;
• Deve ser usado quando há preocupação de remoção do
penetrante do defeito por lavagem excessiva da peça;
• Possui maior sensibilidade a defeitos menores;
• Mostra defeitos amplos e superficiais;
• Etapa adicional de processo e difícil remoção em peças com
geometria complexa.
REMOÇÃO DO EXCESSO DE
PENETRANTE

• Penetrantes laváveis em água são populares por serem mais rápidos


e baratos em comparação ao pós-emulsionável;
• É disponível para o tipo 1 e tipo 2 em vários níveis de sensibilidade;
• Melhor desempenho em peças com superfície irregular, roscas e
furos;
• O tempo de enxague com água é crítico pois pode ocorrer lavagem
excessiva em descontinuidades e contaminação do penetrante.

• A remoção com solventes é aplicada para inspeções locais em


pequenas peças e deve ser feita com um pano umedecido em
solvente;
• Tomar cuidado para não usar excesso de solvente que não deve ser
aplicado diretamente na superfície;
PROCEDIMENTO DE
REVEL AÇÃO

• Camada deve ser fina e uniforme;


• Os reveladores podem ser aplicados por aspersão ou imersão,
sendo o primeiro método o mais comum;
• Existem diferentes tipos de reveladores.
PROCEDIMENTO DE
REVEL AÇÃO

• Revelador de pó seco: são pós brancos, leves que podem ser


aplicados manualmente com pistolas de spray ou mergulhando
e arrastando as peças no revelador de pó seco. Indicados
apenas para penetrantes fluorescentes tipo 1.
• Revelador não aquoso: Fornecido pronto para o uso em latas
para aplicação em aerossol. Possui pós brancos suspensos em
solvente volátil. É adequado para inspeção tipo 1 e tipo 2;

• Revelador solúvel em água: O pó é dissolvido em água para


aplicação. Indicado apenas para penetrantes fluorescentes tipo
1;
• Revelador suspenso em água: O pó é misturado com água e
forma uma suspensão que deve ser constantemente agitada.
Indicado para penetrantes tipo 1 e 2.
SECAGEM DO REVELADOR

• Os reveladores não aquosos 10 min 60 min


e em pó seco devem ser
aplicados com a peça seca e
sua secagem pode ser feita
de maneira natural;
• Os reveladores solúveis e
suspensos em água são
aplicados em partes
molhadas e as peças são Cp-01 Cp-01
tipicamente secas com
secador de ar quente ou
estufa após a aplicação do
revelador;
• Segundo o Código ASME
Sec.V Art. 6. os tempos de
secagem devem ser entre
10min e 60min. Cp-02 Cp-02
ILUMINAÇÃO

• Como todos os exames


dependem da avaliação
visual do operador, o
grau de iluminação
utilizada é extremamente
importante;
• Para penetrantes visíveis
usa-se luz branca com
luxímetro e intensidade
acima de 1000 Lux;
• Para penetrantes
fluorescentes utiliza-se
luz ultravioleta com
radiômetro indicando
intensidade de
1000μW/cm2.
DEFICIÊNCIAS DE ENSAIO

• Preparação inicial inadequada da peça;


• Limpeza inicial inadequada;
• Cobertura incompleta da peça com penetrante;
• Remoção de excesso inadequada, causando mascaramento dos
resultados;
• Escorrimento do revelador;
• Camada não uniforme do revelador;
• Revelador não devidamente agitado;
• Cobertura incompleta de revelador.
REGISTRO DE RESULTADOS

• Afim de que haja rastreabilidade o Código ASME Sec. V Art. 6


sugere os seguintes resultados em relatório:
• Identificação do procedimento
• Tipo do penetrante
• Tipo e designação de cada produto (penetrante, removedor,
revelador)
• Identificação do inspetor
• Registro das indicações
• Material e espessura
• Equipamento de iluminação
• Data do ensaio
AVALIAÇÃO E APARÊNCIA DAS
INDICAÇÕES

• Descontinuidade, defeito e falsas indicações;


• A fonte mais comum de falsas indicações é a remoção
inadequada do excesso de penetrante;
• Indica-se o uso de luz ultra violeta na limpeza do penetrante;
• Existem também indicações não relevanteS provenientes do
processo de fabricação da peça tais quais:
• pequenas inclusões de areia em fundidos;
• marcas de esmerilhamento;
• depressões superficiais;
• imperfeições de matéria prima;
APARÊNCIA DE INDICAÇÕES
VERDADEIRAS

• Indicações em linha
contínua;

• Podem ser causadas por


trincas, dobras, riscos ou
marcas de ferramentas.
Trincas geralmente
aparecerem como linhas
sinuosas, dobras de
forjamento como tem a
aparência de linha finas;
APARÊNCIA DE INDICAÇÕES
VERDADEIRAS

• Linha intermitente;

• Podem ser causadas pelas


mesmas descontinuidades
anteriores. Quando a peça
é retrabalhada por
esmerilhamento,
martelamento, forjamento,
usinagem, etc., porções
das descontinuidades
abertas à superfície podem
ficar fechadas.
APARÊNCIA DE INDICAÇÕES
VERDADEIRAS

• Indicações arredondadas:
causadas por porosidade ou por
trinca muito profunda, resultante
da grande quantidade de
penetrante que é absorvida pelo
revelador;

• Indicações difusas: Causadas pela


natureza porosa da peça ou por
grãos excessivamente grosseiros,
normalmente não são definidas
tornando-se necessário re-ensaiar
a peça.
AVALIAÇÃO DAS INDICAÇÕES

O critério de aceitação de descontinuidades deve seguir a


norma ou especificação aplicável ao produto ou componente
fabricado e inspecionado.
Devem ser consideradas relevantes somente às indicações cuja maior
dimensão for superior a 1,5mm (1/16”).
• a) Indicação linear é a que apresenta um comprimento maior que
três vezes a largura.

• b) Indicação arredondada é a que apresenta formato circular ou


elíptico, com comprimento menor que três a largura.

• c) Quaisquer indicações questionáveis ou duvidosas devem ser


submetidas a um reexame, para que se defina se as mesmas são
relevantes ou não.
REFERÊNCIAS

• LÍQUIDOS PENETRANTES (2019) Andreucci, R. (Abendi, São


Paulo/SP).

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