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Análise da Rede de Colaboração Científica

em Nanotecnologia
Saulo C. Oliveira;* Leandro I.L. de Faria** * Mestrando PPGCTS – UFSCar - São Carlos- SP
** Profº. Dr. Departamento de Ciência da Informação –UFSCar - São Carlos- SP

Introdução: A análise do posicionamento dos atores da rede de Nanotecnologia pode ser realizada
através das medidas de centralidade da rede, conforme pode ser verificado nos trabalhos
Nas últimas décadas as pesquisas científicas e os assuntos relacionados à de MOLINA (2004) e GOMES, (2003). A configuração no menor nível de agregação (o
Nanotecnologia assumiram grande importância diante das possibilidades da pessoal) apresenta a participação de autores estrangeiros como os mais centralizados da
manipulação de átomos e moléculas. Segundo Medeiros, Mattoso e Paterno rede nos nove primeiros anos do período analisado e uma sequencia de seis autores
(2006), os estudos de materiais em escalas nanométricas “representam o início brasileiros nas posições mais centrais no último triênio analisado, conforme demonstra a
de uma nova revolução científica”. tabela 1.
Visando inserir o Brasil no contexto de pesquisas sobre o tema, a partir de 2001
foram articuladas redes de pesquisa através de editais do CNPq. neste , a
obtenção de informações que permitam um maior entendimento do
desenvolvimento e identifiquem quem são os atores responsáveis por estes
avanços representa um importante passo para o direcionamento de esforços e a
possibilidade de traçar novas políticas e objetivos. Sendo uma das formas de
observar se os investimentos em Nanotecnologia estão tendo o retorno
esperado ao país e a sociedade.

Objetivos:
O presente estudo teve como objetivo analisar a constituição da rede
colaborativa para Nanotecnologia de modo a identificar os principais atores e
evidenciar o desenvolvimento da pesquisa em Nanotecnologia no Brasil. De
maneira específica almejou-se criar de indicadores bibliométricos da
colaboração científica na área, utilizar a medida de grau centralidade da rede
para representar o posicionamento dos atores nas redes e comparar os
resultados de centralidade com os dados bibliométricos.
O comparativo entre o ranking de publicações com o ranking em grau de centralidade
Metodologia: revela que os autores com maior número de publicações não estão relacionados
diretamente com uma posição mais central na rede. O grau de centralidade é medido
A pesquisa faz uso de uma abordagem quantitativa e se caracteriza como através da quantificação do número de relações existentes para um autor, o grau de
descritiva, uma vez que visa analisar as redes de colaboração por períodos. A centralidade normalizado varia entre 0 e 1, sendo o valor mais próximo de 1 o mais central.
Web of Science (WoS) foi utilizada como fonte de dados para a formação das Os três últimos anos desta rede já demonstram maior amadurecimento tendo os atores
redes, com dados coletados para o período de 1998 a 2009. A expressão de brasileiros mais centrais em sua maioria e ocupando os primeiros lugares, é o caso do
busca utilizada em março de 2010, recuperou termos com o radical “nano” pesquisador Élson Longo (LONGO, E), Edson Roberto Leite (LEITE, ER) e do pesquisador
presentes nos campos do título, resumo e palavras-chaves, tomando o cuidado José Arana Varela (VARELA, JA), que juntos fazem parte do grupo de pesquisa em
de evitar termos relacionados a medidas de escala de tempo (nanosecond), Materiais Cerâmicos Especiais da UFSCar, de acordo com dados do diretório de grupos de
equipamentos (nanoscope) e variações de fórmulas químicas (NaNO2 e pesquisa do CNPq.
NaNO3) e filtrando com a palavras “Brasil” ou “Brazil” no campo endereço para
recuperar artigos brasileiros. Conclusão:
TS=(Nano*) AND AD=(Brazil OR Brasil) NOT TS=(nano2 OR nano3 OR A pesquisa quantitativa sobre a Rede Brasileira de Nanotecnologia mensurou o período de
Nanosecond OR nanoscope quatro triênios (de 1998 a 2009) e contribuiu para verificar o perfil colaborativo da área.
A medida de grau de centralidade para autores (redes de nível pessoal) mostra que a rede
Os dados foram processados em software bibliométrico, intitulado formada em 1998 apresentava autores estrangeiros com maior grau de centralidade. Estes
VantagePoint*, que possibilitou o cruzamento dos dados. Para a formação dos resultados comprovavam a preferência de autores de outros países para exposição de
gráficos foi utilizado software Microsoft Excel e para a criação das redes os suas pesquisas e a pouca articulação da rede brasileira, uma vez que os autores brasileiros
softwares Ucinet** (para o cálculo da metida de centralidade) e NetDraw (para com maior publicação se apresentavam apenas como intermediadores, ligando os autores
visualização da rede), com menor publicação a autores estrangeiros. Tal fato se confirma com a análise das redes
Os resultados foram agrupados em gráficos que representassem o que a partir de 2001 tende a apresentar os autores brasileiros com maior publicação como
comportamento das publicações, número de autores, periódicos e perfil atores mais centralizados e com melhor posicionamento das redes, transparecendo a
colaborativo da área. Para as redes o período foi dividido em quatro grupos de organização e articulação das redes internas, o que resulta num maior aumento das
três anos sendo 1998-2000, 2001-2003, 2004-2006, 2007-2009, de modo que pesquisas, reconhecimento e preferência na escolha de colaboradores nacionais.
fossem constituídas redes diferentes que demonstrassem a evolução das Apesar de ainda faltarem pesquisas correlacionando as medidas da análise de redes a
colaborações. outros fatores que influenciem no comportamento colaborativo dos autores, a utilização do
grau de centralidade neste estudo serviu como um primeiro teste para outros estudos sobre
Resultados: colaboração científica utilizando a metodologia de análise de redes sociais.

A área de Nanotecnologia apresentou um total de 4.748 publicações


recuperadas em março de 2010, compreendendo um total de 9.344 autores Bibliografias:
publicando em 706 periódicos diferentes. Os dados bibliométricos mostram o
constante avanço das pesquisas em Nanotecnologia com o número GÓMES, D. et al. Centrality and power in social networks: a game theoric approach.
publicações, número de autores e número de periódicos. Mathematical Social Sciences, v.46, p.27-54, 2003.
A colaboração científica pode ser evidenciada através da visualização das KNOBEL, M. Nanoredes. Comciencia. [s.l.] 2002. Disponível em:
redes de coautoria dos artigos. A Figura 1 permite visualizar a distribuição da <http://comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano11.htm>. Acesso em:
coautoria vista pela quantidade de autores por artigos. 04 jul.2010.
MEDEIROS, E. S. de; MATTOSO, L. H. C.; PATERNO, L. G. Nanotecnologia. In:
DURÁN, N.; MATTOSO, L. H. C. e MORAIS, P. C. de. Nanotecnologia:
Introdução, preparação e caracterização de nanomateriais e exemplos de
aplicação. 1. ed. São Paulo: Artliber, 2006.
MATHEUS, R. F.; SILVA, A. B. de O. Análise de redes sociais como método para a
Ciência da Informação. Ci. Inf., vol.7 n.2 , Jan/abr. 2006.
MARTIN, B. R.; KATZ, J. S.What is Research Collaboration? Research Policy, v. 26, p.
1-18, 1997.
MEADOWS, A. J. A Comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos, 1999.
MOLINA, J. L. La Ciência de las Redes. Apuentes de Ciencia e Technology, v. 11. p.
36-40. Junho, 2004.
VANZ, S. A.de S. As redes de colaboração científica no Brasil : (2004-2006).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia
e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Informação. Porto Alegre, UFRGS, 2009. (tese de doutorado).
• www.ucinet.com
**www.vantagepoint.com

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