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UID/CED/04853/2016

Impacto da inteligência emocional no engagement e


no burnout dos professores: Diferenças de género
Natalie Nóbrega Santos1, Cláudia Andrade2, Glória Franco2
1Centro de Investigação em Educação, ISPA – Instituto Universitário, e-mail: nsantos@ispa.pt
2Universidade da Madeira
Introdução
O burnout nos professores tem sido associado a efeitos negativos relacionados com práticas educativas menos efetivas (Patrão & Santos-Rita,
2010), com a motivação e envolvimento dos seus estudantes nas atividades escolares (López & Álvarez, 2019) e com o seu desempenho académico
(Herman et al., 2018). Estas consequências negativas do burnout têm levado investigadores a estudar as variáveis que possam protegê-los de níveis
elevados de exaustão emocional e despersonalização, assim como, ajudar a aumentar os níveis de realização pessoal. Entre as variáveis mais
estudadas pela literatura está a inteligência emocional e o engagement. Estudos recentes sinalizam a inteligência emocional como uma variável que
é preditora dos níveis de engagement nos professores (Almazrouei et al., 2015; Sun et al., 2017), e que pode ajudar o docente a reduzir o seu
burnout e a envolver-se noutras atividades da escola para além das funções formais que exerce (Mérida-López & Extremera, 2017).
Objetivos: 1) Avaliar se a IE favorece altos níveis de engagement e se pode ser um fator protetor contra a manifestação do burnout, mediado
parcialmente pelo engagement; 2) Avaliar se existem diferenças de género na relação entre inteligência emocional, engagement e burnout e
determinar se existe diferenças de género nas médias latentes destas variáveis

Método Resultados
250 Professores da Ilha da Madeira • O modelo da influência da inteligência emocional sobre o burnout,
medidado pelo engagement, revelou uma qualidade de ajustamento
adequado (X2(22) = 46.57, CFI = .973, TLI = .957, RMSEA = .064, Fig. 3).
176 do sexo feminino 74 do sexo masculino • Todas as trajetórias são significativas, e explicam 92% do burnout. O
efeito direto da IE sobre o burnout é mais fraco, mas acrescenta um
66 do 143 do 41 do efeito indireto significativo através do engagement (β = -.45, p = .001).
2.º ciclo 3.º ciclo secundário O resultado da IE sobre o engagement é moderado. A consequência
direta do engagement sobre o burnout é forte.
Fig.1: Descrição da amostra • Maiores níveis de IE estão associados a maiores níveis de engagement
• Foi utilizado o Trait Meta-Mood Scale, com 24 itens (TMMS-24, e menores níveis de burnout.
Queirós et al., 2005), para avaliar a inteligência emocional; o Utrech • O modelo não varia em função do género e é adequado para explicar
Work Engagement Scale, com 9 itens (UWES-9, Marques-Pinto, 2000), os dados dos professores dos dois géneros.
para avaliar o engagement; e o Inventário de Burnout de Maslach • Existem diferenças significativas de género apenas na inteligência
(MBI, Marques-Pinto, 2000) de 22 itens para avaliar o burnout (Fig. 2). emocional, com um efeito moderado (β = -.14, p = .018), com os
professores apresentando um pior desempenho que as professoras.
Grau em que as pessoas
Atenção
acreditam prestar atenção aos
(α = .88) seus sentimentos
Inteligência Forma como as pessoas
Clareza
Emocional acreditam perceber as suas
TMMS-24
(α = .84) emoções Burnout
Capacidade de interromper os
Reparação
estados emocionais negativos e
(α = .87) prolongar os positivos
Nível de energia e resistência -.22 -.82
Vigor
durante as atividades
(α = .87) profissionais

Engagement Dedicação Inteligência


Entusiamo no trabalho Engagement
UWES-9 (α = .81) Emocional
Absorção Capacidade de concentração do
(α = .70) profissional na sua tarefa
-.82
Os recursos emocionais são
Exaustão emocional Fig.3: Modelo da influência da inteligência emocional no burnout, mediado pelo
drenados e o cansaço se
(α = .85) desenvolve engagement
Conclusões
Burnout Despersonalização Atitudes menos positivas nas
MBI (α = .62) suas relações interpessoais Os nossos resultados realçam a importância que a IE tem para os
professores na manutenção do engagement no trabalho docente e na
Realização proteção contra os sintomas de burnout, pelo que importa refletir sobre a
Crenças de que os seus
Profissional esforços são irrelevantes
(α = .80) importância de incluir de uma forma explícita a aprendizagem de
Fig.2: Instrumentos competências emocionais na formação docente.
Referências
Almazrouei, S. A. S., et al., (2015). The Impact of Emotional Intelligence on Employee Engagement. J Mérida-López, S., & Extremera, N. (2017). Emotional intelligence and teacher burnout: A systematic Queirós, M. M., et al., (2005). Validação e fiabilidade da versão portuguesa modificada da Trait Meta-
Manag Commerce Innov, 3(1), 376–387. review. Int J Educ Res, 85, 121–130. Mood Scale. Psicologia, Educação e Cultura, 9(1) 199–216.
Herman, K. C., et al. (2018). Empirically derived profiles of teacher stress, burnout, self-efficacy, and Patrão, I., & Santos-Rita, J. (2011). Práticas educativas em professores portugueses: A influência das Marques-Pinto, A. (2000). Burnout profissional em professores portugueses: representações sociais,
coping and associated student outcomes. J Posit Behav Interv, 20, 90–100. preocupações profissionais, condições organizacionais e reconhecimento. In Actas Do 12o Colóquio incidência e preditores (Dissertação de Doutoramento). Universidade de Lisboa.
López, J. C., & Álvarez, E. F. (2019). Relatioship between students’ motivation and engagement in de Psicologia e Educação (pp. 1460–1472). Lisboa: ISPA – Instituto Universitário. Sun, P., et al., (2017). Coping humor as a mediator between emotional intelligence and job
physical education and teacher’s burnout. Sportis, 5, 101–117. satisfaction. A study on Chinese Primary School Teachers. J Pers Psy, 16, 155–159.

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