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Bacias de dissipação de energia

M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas

Engª da Água em
Zonas Rurais
UC Engª Água ZR / 2º ciclo de Eng Ambiente

BACIAS DE DISSIPAÇÃO DE ENERGIA_Parte A


 Considerações gerais
 Bacias de dissipação por ressalto hidráulico.
• Tipos
• Dimensionamento 1
Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas  Considerações gerais
Porque é necessário dissipar a energia dos escoamentos

• excesso de energia dos escoamentos;

• obras onde ocorra a dissipação da energia;

• restituição dos caudais feita em condições que se


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aproximam das naturais.

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Como se processa a dissipação da energia do escoamento

dissipação de energia em ocorrência de


excesso nos escoamentos requer escoamentos com elevada
num curto desenvolvimento intensidade de turbulência

atrito interno e com as fronteiras

Energia Energia de
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mecânica turbulência Calor


da água

As estruturas de dissipação são, pelo exposto, colocadas a jusante de canais,


descarregadores, quedas, etc.
São dimensionadas de modo a:
 desencadearem a ocorrência de um ressalto hidráulico, dissipador de energia;
 criarem um caudal de restituição (“tailwater”) com velocidade igual à do canal
receptor a jusante.
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O ressalto hidráulico, que ocorre na
transição do regime rápido para o
regime lento, é um escoamento
rapidamente variado, com elevada
intensidade de turbulência e,
consequentemente, com significativa
dissipação de energia.
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Outros escoamentos macro turbulentos frequentemente utilizados como meio


de dissipação de energia:
 formação de vórtices de eixo horizontal;
 existência de macro rugosidades nos canais;
 penetração de jactos em colchões de água;
 impacto de jactos em fronteiras sólidas;
 cruzamento de jactos;
 queda livre 4
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 Tipos de estruturas mais frequentemente adoptadas para dissipação


da energia dos escoamentos:

Bacias de dissipação por ressalto hidráulico;


Bacias de dissipação por “roller”;
Bacias de dissipação de impacto;
Macrorugosidades
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 1. BACIAS DE DISSIPAÇÃO POR RESSALTO HIDRÁULICO

Canal de
restituição
So h0
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SM h3
Canal de h1
Z0 h2
acesso SJ

Z1 Z2 Z3
LM LB LJ

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Condições de dimensionamento das bacias de dissipação por ressalto:


• características do escoamento à entrada da bacia (h1, v1 e FR1) e
• características do escoamento no curso de água na secção de restituição (h3,
V3 e FR3) . (ver esquema)

O dimensionamento das bacias de dissipação de energia por ressalto implica a


determinação dos seguintes parâmetros:
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 características geométricas da bacia: comprimento, largura e dimensões dos


acessórios que se pretenda introduzir com o objectivo de reduzir o
comprimento do ressalto hidráulico, de promover a fixação do ressalto
hidráulico dentro da bacia ou de evitar as escavações imediatamente a
jusante da bacia de dissipação;
 cota da soleira da bacia de dissipação;
 localização da secção de montante da bacia de dissipação.

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 Dimensionamento das bacias de dissipação
Objectivos do dimensionamento:
 Obter uma estrutura que contenha o ressalto hidráulico;
 Estabilizar o ressalto para controlo do escoamento a jusante;
 Minimizar o comprimento da bacia.

W0 WM = B WJ
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So h0

SM h3
h1
Z0 h2
SJ

Z1 Z2 Z3
LM LB LJ

L
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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Escolha do tipo de bacia de dissipação por ressalto hidráulico

 Refere-se à opção por um dos diversos tipos de bacias de dimensões


normalizadas propostas por alguns organismos de investigação;
 Destaca-se o USBR (1987), que propõe três tipos de bacia de dissipação em
função do número de Froude na secção de montante da bacia.
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 De entre as diversas bacias passíveis de ser aplicadas, deve escolher-se a


que tiver menores dimensões.
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M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Às três referidas, junta-se a mais simples, Tipo I:

A) Bacia de planta rectangular e fundo horizontal, Tipo I (USBR)

Devem ter as dimensões necessárias para


confinar o ressalto formado para o caudal de
dimensionamento, sem nenhuma estrutura
adicional.
Condições de utilização
 quedas superiores a 60 m e
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 caudais por unidade de largura < 45 m2/s

Geralmente não é uma estrutura prática devido ao seu comprimento


excessivo (uma vez que não tem estruturas adicionais);

Para ajudar a fixação do ressalto e diminuir o comprimento da bacia,


utilizam-se diversos dispositivos (originam as bacias do tipo II, III e IV).

O seu dimensionamento fornece a base para o calculo dos restantes tipos


de bacias. 10
Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Procedimento geral para todos os tipos de bacias (baseado nas bacias do
tipo I)
 Passo 1- Determinar condições hidráulicas na saída do canal de acesso:
q0, h0, v0, FR0

2
QAkR 3
j0. 5 [como o regime é rápido (comandado por montante), h0 = hu,
podemos considerar j = so]

Q Canal de
v
A restituição
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v
FR 
gh

Canal de
acesso

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 Passo 2 - Determinar condições hidráulicas no canal de recepção:
v3, hu3 Fr3
 Passo 3 – Estimar a altura conjugada de h0, para verificar a necessidade de
bacia por comparação com h3 (ou hTW)

h0 *  C
h0
2
 1  8 F  1
2
r0
C é a relação entre as alturas a montante e a
jusante (tailwater)

se h0 *  h3 Sem bacia o ressalto formar-se-ia no canal de recepção , o


que é indesejável => é necessária uma BDE que acomode o
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ressalto
 Passo 4
1ª tentativa de cálculo da cota da
soleira da bacia (Z1),
 da largura da bacia (WB),
 dos declives de montante (SM) e
de jusante (SJ).
 determinação das condições à
entrada da bacia q1, h1, v1, FR1.
 seleccionar o tipo de bacia com
base no nº Froude, Fr1.
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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas  Determinar a cota da soleira da bacia (Z1), de modo a acomodar a altura
conjugada do ressalto (h’0). É aconselhável utilizar um factor de segurança de 5 %
aplicado à TW

h0 *  h3  Z  Z1  Z0  Z
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 Escolher largura da bacia, WB e declives dos taludes SM e SJ (começa por se


atribuir valores típicos, WB = WC e SM e SJ = 0.5)
 Calcular o comprimento da transição, LM: Z 0  Z1
LM 
SM
 Verificar se a largura atribuída à bacia é aceitável

2 LM SM2  1 Então WB OK
se WB  W0 
3 FR 0
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 Determinar condições à entrada da bacia, h1, v1, FR1
Para o cálculo da velocidade e de altura de escoamento à entrada da bacia, é
necessário aplicar a equação da energia e da continuidade entre o troço final do
canal de acesso e a secção inicial da bacia


Q  h1 WB 2g ( Z0  Z1  h0  h1 )  v02 
1
2

Resolver iterativamente no excel


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M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas  Passo 5
• Calcular a altura conjugada do ressalto (h*1) – será o h2 da Figura

h1 *  C
h1
2
 1  8 F  1
2
r1

• Calcular o comprimento da bacia


(LB), a partir da Figura;

 Calcular o comprimento a jusante, LJ

L M( S M  S 0 )  L B S 0
LJ 
SJ  S0
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Sendo So o declive do canal de acesso


 Determinar o desnível para o canal de recepção a jusante

Z3  L J S J  Z1
• Verificar se há tailwater suficiente para forçar o ressalto na bacia a montante,
comparando (h2 + Z2) com (h3 + Z3).
Se (h2 + Z2) < (h3 + Z3) => há ressalto na BDE e seguimos para o próximo passo
Se (h2 + Z2) > (h3 + Z3) => o ressalto sai da BDE=> voltamos ao passo 4 e
alteramos diminuímos a cota da soleira, Z1 15
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Passo 6- Determinar o raio da curvatura (m) para a h0
mudança de declives entre o descarregador e a bacia r
 1F.25 
 e R  1
 
 
Passo 7- Dimensionar os elementos adicionais, específicos para cada tipo de
bacia
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Exemplo: Dimensionar uma bacia de dissipação por ressalto livre, para as


seguintes condições

Canal de acesso: Canal de restituição:


Q = 11.8 m3 s-1; b = 3.10 m;
b = 3 m; s = 1:2 (V:H);
K = 67 m1/3 s-1; K = 33 m1/3 s-1;
S0 = 6.5 % S0 = 0.35 %
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Z0 = 30.5 m

Passo 1: q0 = 3.93 m2 s-1; hu0 = 0.46 m; Fro = 4.02; v0 = 8.53 m s-1

Passo 2: hu3 = 1.25 m; Fr3 = 0.48; v3 = 1.69 m s-1

Passo 3: h*o = 2.61 > hu3 = 1.25 m => é necessária a construção da bacia

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Passo 4:
Z1 = Z0 – (2.61 – 1.25) = 29.14 m
Assumir WB = b = 3 m
Assumir SM e SJ = 0.5 m m-1
Calcular LM = 2.72 m
Verificar WB
h1 = 0.39 m , v1= 9.8 m s-1 Fr1 = 5.1

Passo 5:
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h*1 = 2.82 m
Ábaco=> LB = 16.36 m
LJ = 0.21 m
Z3 = 29.25 m
2.82 + 29.14 > 1.25 + 29.25 => voltar ao passo 4 e diminuir z1

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B) Bacia com blocos de queda e soleira dentada, Tipo II (USBR)
Foi desenvolvida para utilização em descarregadores de grande queda e
canais de grande largura;

Condições de aplicação:

 FR > 4.5
 quedas superiores a 65 m e
 caudais unitários > 45 m2 s-1
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Acessórios utilizados:
 blocos de queda;
 soleira de estabilização dentada
Consegue reduzir-se para 70%, o comprimento, em relação ao de uma bacia
simples, do tipo I;

Blocos de queda Soleira dentada


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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Procedimento para bacias tipo II USBR

 Passos 1 a 4 e 6 são iguais ao caso das bacias de ressalto livre (Tipo I)


 Passo 5: no ábaco escolher a curva relativa à bacia do tipo II => menor
comprimento

 Passo 5: A altura de
jusante deve ser igual à
altura conjugada do
ressalto (h1*) podendo
atribuir-se um factor de
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segurança de 0.5 %

h1'  C
h1
2
 
1  8 Fr21  1
C = 1 ou 1.5

 Passo 7: Dimensionar elementos adicionais

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Os acessórios das bacias contribuem para:


 aumentar a capacidade de fixação do ressalto:
 reduzir a submersão em relação ao valor requerido numa bacia sem
acessórios (em alguns casos).

Como actuam:

 dividem a lâmina líquida em jactos diferenciados , sendo


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desviados do fundo os que passam sobre os blocos;


Blocos de
queda  cria-se um grande número de turbilhões dissipadores de
energia, permitindo diminuir a tendência para o ressalto
se deslocar para jusante.

Soleira  no extremo de jusante cria turbilhões que tendem a


dentada estabilizar o fundo a jusante, ainda que construído por
elementos móveis.

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M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Soleira dentada:

• Altura = 0.2 x h2;


• Espaçamento máximo = 0.15 x h2;
• Espessura = 0.002 x h2;
• Para bacias estreitas, a largura e
espaçamento podem ser reduzidas mas
devem ser iguais.

Blocos de queda:
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• nº de blocos, Nbq;
• Largura dos blocos, Wbq;
• Espessura dos blocos, Ebq;
• Altura dos blocos, hbq;

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Altura dos blocos de queda, hbq, deve ser igual a h1. Se h1 for menor do que
0.2 m, então hbq = 0.2 m.

WB
Nbq  Sendo Nbq o nº de blocos de queda, WB a largura da bacia e
2 h1 h1 a altura de escoamento à entrada da bacia

WB Sendo W1bq a largura dos blocos, W2bq o espaçamento entre


W1bq  W2bq 
2 Nbq blocos

 As equações calculam N blocos e N-1 espaços entre blocos;


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 A largura de bacia que sobrar deve ser dividida igualmente pelos dois
espaços entre os blocos e as paredes laterais da bacia;

 A largura dos blocos pode ser reduzida, desde que W1 = W2

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C) Bacia com blocos de queda, blocos de amortecimento e soleira
terminal contínua, Tipo III USBR
desenvolvida para utilização em pequenos descarregadores e canais de
pequena largura (bacias curtas a jusante de estruturas que transportem caudais
relativamente baixos, com velocidades moderadas)

Condições de aplicação:
Blocos de
 FR > 4.5 Blocos de impacto
queda
 caudais unitários < 18 m2 s-1 Soleira terminal
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 velocidades moderadas, 15- 18 m s-1.

Acessórios utilizados:
 blocos de queda;
 blocos de impacto;
 soleira de
estabilização lisa

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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Procedimento para bacias tipo III USBR

 Passos 1 a 4 e 6 são iguais ao caso das bacias de ressalto livre (Tipo I)


 Passo 5: no ábaco escolher a curva relativa à bacia do tipo III
 Passo 5: No cálculo da altura conjugada deve usar-se C=1.0. (o mesmo que
para o ressalto livre), embora no mínimo possa utilizar-se um C=0.85 ;

h1'  C
h1
2
 
1  8 Fr21  1
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C = 1 ou 0.85

 Passo 7: Dimensionar elementos adicionais 26


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 recebem o impacto do escoamento criando grandes


turbilhões que dissipam energia;
Blocos de
impacto Ocorrem grandes flutuações de pressão que podem
provocar cavitação e erosão dos blocos.

Soleira  dirige as correntes para cima afastando-as do fundo


contínua à saída da bacia.
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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Blocos de impacto:
 A altura dos blocos de impacto, hbi é calculada como: Blocos de impacto
hbi  h1 (0.168 Fr1  0.58)

 A espessura de topo dos blocos de impacto deve ser de


0.2h3, sendo o declive da face de jusante de 1:1;

 O nº de blocos de impacto, Nbi, é dado por:


WB
Nbi 
1.5 hbi
 A largura , W3bi e o espaçamento, W4bi dos blocos de
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impacto são dados por:


WB
W3  W4  Soleira contínua
2 Nbi
 A distância entre os blocos de impacto e os blocos de
queda deve ser = 0.8 h2
Soleira contínua:
 A altura da soleira contínua de jusante, hsc é calculada como:

 O declive da face de montante da soleira deve ser de


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0.5:1 (V:H) => calcular comprimento da soleira.
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 As equações fornecem Ni blocos de impacto e Ni-1 espaçamentos entre eles.


 O espaço que sobra é dividido igualmente pelos espaços entre os blocos das
extremidade e as paredes laterais.
 A largura e o espaçamento podem ser reduzidos para estruturas mais
estreitas, desde que na mesma quantidade.
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Bacias de dissipação de energia
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d) Bacia com deflectores e soleira terminal contínua, Tipo IV USBR
Desenvolvida para canais, ou outro tipo de estrutura de aproximação para os
quais o nº de Froude é relativamente baixo.

Condições de aplicação:
 Adequadas para o ressalto oscilante,
 2.5 > FR < 4.5
 quedas < 15 m
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A sua eficiência para esta gama de baixos Fr, reside


no efeito dos deflectores, que atenuam
significativamente as ondulações

O comprimento a dar à estrutura é igual ao definido para a rectangular


simples (ressalto livre)

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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Procedimento para bacias tipo IV USBR

 Passos 1 a 4 e 6 são iguais ao caso das bacias de ressalto livre (Tipo I)


 Passo 5: no ábaco escolher a curva relativa à bacia do tipo IV ≈ Tipo I
 Passo 5: No cálculo da altura conjugada deve usar-se obrigatoriamente
C=1.1, ou seja a altura de jusante deve ser 10 % superior à altura conjugada.

h1'  C
h1
2
 1 8 F  1
2
r1
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C = 1.1

 Passo 7: Dimensionar elementos adicionais (ver procedimento para


bacias II e III)
a altura dos blocos de queda deve ser 2h1;
a face de jusante dos blocos de queda deve ser inclinada a 5º.
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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Blocos de queda
WB
 nº de blocos de queda, Nbq Nbq 
2. 625 h1

(A largura dos blocos deve ser menor ou


W2  2. 5 W1
igual que h1)

 As equações calculam N blocos e N-1


espaços entre os blocos; Blocos de queda

 A largura de bacia que sobrar deve Soleira


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ser dividida igualmente pelos dois contínua


espaços entre os blocos e as
paredes laterais da bacia;

Soleira contínua:

 A altura da soleira contínua de jusante,


hsc é calculada como:

 O declive da face de montante da soleira deve ser de 0.5:1 (V:H) => calcular
comprimento da soleira. 32
Bacias de dissipação de energia
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 Expansão e depressão à entrada da bacia de dissipação
 Quanto maior for o n Froude à entrada da bacias, mais eficiente será o
ressalto hidráulico e menor comprimento de bacia será necessário;
 Para aumentar o nº Fr à medida que a água escoa para a bacia, são
usadas expansões e depressões;
 Estas convertem energia potencial em energia cinética ao permitirem que
o escoamento expanda , caia ou ambos;
 Como resultado a altura de escoamento diminui e a velocidade aumenta,
aumentando o Fr.
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Bacias de dissipação de energia
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No relatório do trabalho prático nº 2, secção de resultados, os alunos devem


apresentar:

A) Esquema de dimensionamento em corte longitudinal, com apresentação das


dimensões da bacia e das alturas de escoamento nas 4 secções de interesse.

Exemplo: Esquema de dimensionamento em corte longitudinal para uma


bacia Tipo III (em papel milimétrico e à escala)
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Bacias de dissipação de energia
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B) Esquema de dimensionamento em perspectiva, com apresentação das
dimensões da bacia e dos elementos adicionais

Exemplo: Esquema de dimensionamento em perspectiva para uma bacia


Tipo II (em papel milimétrico e à escala)
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Bacias de dissipação de energia
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C) Quadros resumo com os dados
do problema e as variáveis de Quadro 2 - Dimensões da bacia de
dimensionamento calculadas dissipação do Tipo__
Declives (m m-1):
Canal de acesso
Quadro 1 - Condições hidráulicas
Canal de restituição
h v Fr q0
Bacia a montante
(m) (m s-1) (m2 s-1)
Bacia a jusante
Secção 0
Comprimentos (m):
Bacia a jusante
Secção 1
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Fundo da bacia
Bacia a jusante
Secção 2

Secção 3

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Quadro 3 - Dimensões dos elementos adicionais (m)
Blocos de queda
Largura
Espaçamento
Altura
Comprimento
Distância às paredes laterais
Blocos de impacto
Largura
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Espaçamento
Altura
Comprimento
Distância às paredes laterais
Distância aos blocos de queda
Soleira dentada/contínua
Altura
Comprimento
Inclinação 37
Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas Aspectos complementares do dimensionamento
− Altura dos muros
Os muros da bacia de dissipação de energia devem apresentar coroamento
horizontal com uma folga relativamente ao nível de jusante que, segundo
BUREC (1987) deve ser f = 0,1(V1 + h2 ) , com f [m]; V1 [m/s]; h2 [m] (2)

− Escavação a jusante e muros-ala


Considera-se adequado prever uma plataforma horizontal a jusante da bacia
de dissipação de energia por ressalto, cuja concordância com o terreno
envolvente se efectuará mediante rampas de escavação com declive não
acentuado, adequado às respectivas características geotécnicas.
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Caso se julgue necessário para


protecção do terreno ou estruturas a
montante da secção de restituição
contra a turbulência do escoamento,
poder-se-ão prever muros-ala que
ligarão as paredes da bacia ao
terreno ou estruturas existentes. Na
Figura 3 apresenta-se uma vista dos
muros-ala da bacia de dissipação da
barragem do Beliche.

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Bacias de dissipação de energia
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− Enrocamentos de protecção:
No caso da bacia se localizar em terrenos susceptíveis de sofrerem erosões
inaceitáveis no decurso do normal funcionamento deste órgão, deve prever-se
a jusante da bacia um revestimento com enrocamento de protecção com
dimensão adequada à velocidade média do escoamento à saída da bacia e
tendo em consideração a elevada turbulência residual que este escoamento
ainda possui.
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Bacias de dissipação de energia
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Algumas considerações para a escolha de Bacias de Dissipação

 A bacia de dissipação do tipo IV é a que apresenta menor comprimento,


seguida pela do tipo III e, finalmente, pela do tipo II.
 A preferência pelas bacias do tipo III e IV é, assim, evidente.
 Salienta-se que a bacia do tipo IV se utiliza para 2,5<Fr1<4,5, enquanto as
restantes se utilizam para Fr1≥4,5.
 No que se refere à velocidade e ao caudal específico, são também
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apresentados valores limite, que não devem ser excedidos sem que se
proceda a ensaios em modelo físico.
 Tendo em atenção os baixos números de Froude para que se utiliza a bacia
do tipo IV, esta não apresenta grande eficiência na dissipação de energia,
pelo que a opção pela sua utilização deve ser precedida de análise
comparativa de dispositivos de dissipação de energia alternativos que
permitam soluções mais compactas e mais económicas e com maior
eficiência na dissipação de energia.

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Bacias de dissipação de energia
M ª Rosário Cameira /Departamento de Engª Biossistemas  A bacia do tipo III necessita de uma altura de água sobre a soleira de apenas
0.8h2 para que o ressalto se mantenha no seu interior, enquanto que a bacia
do tipo II necessita de 0.95h2;.
 Peterka (1978) refere ser aconselhável considerar alturas de água sobre estas
bacias de 1.1h2 e 0.9h2 para as bacias do tipo II e III, - medida cautelar em
relação à incerteza com que habitualmente se conhece o nível na secção de
restituição para o caudal de dimensionamento da obra

 Para a bacia do tipo IV, recomenda-se uma altura de água h2. BUREC (1987)
refere que não foram efectuados testes relativos à erosão a jusante da bacia
do tipo IV e ao carregamento do material para dentro da bacia, pelo que, no
UC Engª Água ZR / 2º ciclo de Eng Ambiente

caso de não serem efectuados ensaios hidráulicos que permitam estudar este
fenómeno, se devem tomar precauções para evitar tal erosão.

Bibliografia:
Pinheiro, A.N. 2006. Estruturas hidráulicas: obras de dissipação de energia. Instituto
Superior Técnico, Departamento de Engº Civil/secção de Hidráulica
Hydraulic Design of Energy Dissipators for Culverts and Channels.Publication No FHWA-NHI-06-
086, U.S. Department of Transportation. , July 2006.
Lencastre, A. 1996. Hidráulica Geral. Lisboa
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