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Resistencias a ocupacao colonial

Segundo Obenga, na sua analise sobre a


historiografia africana e debruçando-se sobre a
resistência africana, admite o seguinte:
o impacto de agressão colonial decorre de 1880
— 1900 na altura o africano não podia impedir
essa agressão, pois estava-se numa altura em
que já se vislumbrava uma ruptura do
desenvolvimento em relação a Europa, mas
podia resistir.
Cont.
• Ele afirma que nos últimos 30 anos do século
XX, começava a registar estudos sobre a
historiografia africana como reflexo de
incidência de muitas tecnologias e do
desenvolvimento das investigações cada vez
mais crescentes.
• Obenga aponta 3 posicionamentos ou
correntes sobre as resistências:
Cont.
• 1º- os povos africanos reagiram a partilha de África;
• 2º- a resistência não foi nem irracional, nem irregular como
pretendem vários autores mas muitas vezes foi apoiada por
ideologias inovadoras .
• 3º- a resistência não foi inútil como pretenderam defender
muitos pro-colonialistas no seu devido tempo teve as suas
consequências que ate hoje se repercutem.
• Em relação a 1ª posição, vem ao de cima que existiam
mudanças da relação com os europeus, isto quer dizer que
deixam de existir relações entre africanos e europeus
( relações comerciais ) levando a uma confrontação com as
potências dominadora europeias.
• Quanto a 2ª posição
Cont.
• Ele afirma que os africanos insurgem-se contra
aqueles que acreditavam na irracionalidade da
resistência e chama atenção aos historiadores
para reconsiderarem a posição de que os
africanos viram nos europeus salvadores em
relação as diversidades típicas de Africa (fome,
conflitos internos, etc.).
•  
Cont.
• Nestes termos há sempre uma razão para uma
acção militar. Para provar esta constatação o
arqueólogo Shula Mark que trabalhou na região
dos Khoisan na África Austral verificou que
mesmo durante o estado descentralizado ou
centralizado os povos quando ameaçados
insurgem-se sempre para defender o que é seu.
Nesta senda de pensamento o passo seguinte era
passar ao levantamento dos aspectos por
investigar e interpretar para explicar com
profundidade as resistências em África.
3.1 As principais Ideologias à volta da
resistência
• Afirma-se que existiram focos de analises
diferentes ligados a motivações diferentes
principalmente nas ultimas décadas. Assim se
enquadram dois:
 
Cont.
• Os pro-colonialistas que invalidam a resistência
africana considerando produto da superstição
tendo como ideologia a magia, pois que o fim
deles (africanos) era serem esmagados partindo
do principio que o colonialismo foi um bem e
facto. Os apologistas do colonialismo enfatizam o
carácter irracional e desesperado da resistência
armada e apresentam-na como resultado
frequente da “superstição”, esses sustentavam
que as populações africanas aceitaram a
dominação colonial e por isso elas foram
trabalhadas por feiticeiros- curandeiros.
Cont.
• Os críticos do colonialismo que afirmam que os
africanos tinham que resistir e que no seu pequeno
modo de pensar eles encontraram sempre uma
maneira de responder os ataques contra o seu modo
de viver.
• Já em 1905 Bazil Davidson convida os historiadores
para reflectirem sobre algumas classificações relativas
as resistências. assim, ele afirma que existem duas
posições:
• 1ª Advoga a existência de povos africanos amantes de
paz (pacíficos) e que esses não tinham como resistir.
Cont.
• 2ª Advoga a existência de outros povos de
natureza sangrentos.
• Ele considera a necessidade de fazer tal reflexão
pois existiam os que consideravam a resistência
como um processo primitivo de resposta agitada
pelos considerados sangrentos: Muitas revoltas
estabelecidas por africanos ate hoje não são
consideradas propriamente resistências, mas sim
banditismo social, e o objectivo de quem assim
defende é escamotear ao máximo o facto de ter
existido uma resistência em Africa.
Cont.
• Para Davidson, a resistência foi um fenómeno
regular o que torna irrelevante a classificação
atrás apresentada segundo as quais os
africanos se dividem em pacifistas e belicosos
ou belicistas. Ao reforçar essa ideia, ele
adianta que não há povos praticamente
belicistas, pós quando qualquer ser lhe é
retirado algo do seu, naturalmente
contrapõe-se, insurge-se.
Cont.
• 1º Postulado que a resistência em África era
importante o que prova que os africanos nunca se
haviam resignados a «pacificação» europeia o que
torna irrelevante a concepção da historiografia
tradicional europeia segundo os quais « os povos
africanos viram na chegada dos europeus um feliz
acaso que os labutava das guerras fratricidas da tirania
das tribos vizinhas, das epidemias e das fomes
periódicas »
• 2º Postulado Sugere que longe de ser desesperada e
lógica as resistências foram trabalhadas por todos por
isso relevantes e racionais.
Cont.
• 3º Postulado : que os movimentos de resistência não
eram insignificantes pelo contrário, tiveram
consequências importantes em seu tempo e ainda hoje
tem notável ressonância (efeitos), segundo Obenga, a
resistência é um facto praticamente todos os tipos de
sociedade africana registaram e a resistência
manifestou –se em quase todas as regiões de
penetração europeia assumindo diversos graus de
intensidade.(Estes postulados são resultados dos
estudos que são feitos hoje pelos historiadores)
•  
3.2 Causas e generalização das
resistências em África
• Obenga afirma que entre 1880-1900, o processo de
conquista e da ocupação pelos europeus tornou-se um
fenómeno claramente irreversível e por isso altamente
resistível, porque:
• 1º Pela vantagem decisiva das armas.
• 2º Os meios de transporte e comunicação instalados como
as ferro vias, a telegrafia e o navio a vapor ofereciam
enormes possibilidades de penetração para o interior de
África e da ligação entre a África e Europa. Mais do que em
qualquer outro período os africanos não estavam em
condições de impedir esta ameaça «agressão» Imperialista
colonial.
Cont.
• Obenga afirma que era altamente resistível
porque:
• 1º Na ocasião a Europa não empregou na
batalha recursos muito importantes nem em
homens e nem em tecnologias daí o recurso
aos auxiliares africanos.
• 2º A existência de algum desconhecimento
relativo a África em relação aos dirigentes
africanos e das condições físico-geográficas.
Cont.
• 3º porque a implantação estratégica da
penetração foi muito desordenada e inábil .
• Obenga afirma que pesquisas detalhadas e
eruditas (com cunho científicos ou
fundamentadas ) sobre as resistências em
África servem para demonstrar 3 postulados
doutrinários que continuavam válidos. 
3.4 O papel das ideologias religiosas
(ideologias proféticas)

• Obenga afirma que estudiosos das resistências


africanas descobriram que as doutrinas e
símbolos religiosos, regra geral, apoiavam-se
directamente nas questões de soberania e de
legitimidade. A legitimidade dos dirigentes
africanos era conservada por uma investidura
ritual, quando um dirigente e o seu povo decidiu
defender a sua soberania apoiaram-se muito
naturalmente nos símbolos e conceitos.
Cont.
• Por exemplo: segundo Walter Rodney no artigo
sobre as resistências no estado de Gaza afirmou
que os Nguni sofreram não só a destruição da
sua capital política mas também a profanação do
seu principal Santuário o que teria provocado
um sentimento generalizado de crise espiritual.
Foi portanto dessas coisas de legitimidade
que nasceram os grandes movimentos para
tentar redefinir a soberania. Esses movimentos
tinham a seu favor chefes espirituais para
exprimir a mensagem de uma unidade mais
ampla.
Cont.
• Este fenómeno segundo Obenga ou se verificava no
contexto do Islão como por exemplo ideologias
Islâmicas do Milenarismo e resistência nos cinturão
Sudanês do Oeste e do Leste, ora derivava da
influencia crista, (sobretudo protestantes ou mesmo
até no contexto de religião africana).
• As mensagens proféticas constituíram assim um
esforço sistemático para duplicar e redefinir a ideia de
deidade e a sua relação com ordem moral implicando
grandes alterações nos conceitos e nas relações
internas oferecendo ao mesmo tempo «Alicerce á
ideologia da resistência».
Cont.
• De acordo com Ogote, e essência dos
movimentos proféticos consistem em que eles
são« agentes de mudanças espiritual e social»
criando comunidades novas capazes de
enfrentar os desafios do mundo moderno. As
grandes ideologias proféticas de resistências
de uma nova base moral para a sociedade.
•  
Implantação da Administração política
em África (1920-1940)
• Pouco depois de conquistada e ocupada pelas
potências imperialistas europeias e quase ao
mesmo tempo África foi envolvida em uma
rede administrativa colonial. Pouco uniforme
e tanto complexa em algumas crenças e ideias
comuns. Assim podemos considerar : 
• Colónias britânicas:
Cont.
• Colónias do conjunto A: Na Africa Ocidental
(Gambia, Costa de ouro,, Mauritânia, e Nigéria);
• Colónias do conjunto B: Na Africa Oriental e
Central ( Egipto, Sudão, Uganda, Tanganhica, as
duas Rodésias e Africa do Sul).
• Colónias Francesas:
• Colónias do conjunto A: Federação da África
Ocidental (Mauritânia, Senegal, Sudão ocidental,
Guiné francesa, Costa de Marfim, Togo, Níger e
Alto volta ).
Cont.
• Colónias do conjunto B: Federação da África
equatorial (Gabão, Congo central, Chade,
Obangui Chari e Camarões ).
• Colónias Portuguesas: ( Guiné portuguesa,
Cabo verde, S. Tomé e príncipe, Angola e
Moçambique).
• Colónias Belgas: (Congo Belga, Ruanda e
Burundi). 
Cont.
• Desde 1880 até 1914 assiste-se a ocupação de África. A
questão que sempre surgiu foi: Que tipo de aparato
político-administrativo se devia montar por cada
potência colonial. Embora as diferentes potencias
tivessem divergências, elas tinham pontos comuns em
termos de ideias principal na colonização: Após a
conquista , todas as potencias faziam a entrega das
bandeiras dos colonizadores aos povos controlados
por tal potencia. Seguia-se depois, a assinatura do
acordo em que os chefes africanos eram obrigados a
assinar o reconhecimento da sua derrota e
consequente do poder colonial.
Cont.
• Depois, assistia-se a vinda de um punhado de
europeus que iriam fazer o funcionamento da
estrutura político-administrativo. Estes indivíduos, por
serem poucos, criaram os intermediários africanos
para ajudar na administração: faziam a colecta do
imposto, mantinham a paz e ordem nas comunidades.
• Os intermediários africanos eram antigos chefes
derrotados e considerado submissos ao poder colonial,
em outros locais, eram antigos chefes que se tinham
aliado ao poder colonial para derrotar um outro chefe,
os chamados «traidores»;
Cont.
• em locais onde teria sido deposto um chefe
africano era eleito um outro pequeno chefe da
linhagem par o cargo. Muitos destes não tinham
responsabilidade e experiência para a
administração por isso eram recreados para
exercer cargos de chefia.
• Depois da primeira guerra mundial surge uma
questão: o que fazer das colónias que ainda não
tinham sido pacificadas de modo a não se
sublevarem? Qual era a política desenhada pelas
metrópoles?
Cont.
• Ao nível político, depois da 1ª guerra mundial
surgem várias correntes na Europa: uns
defendem a pró-colonização ou a colonização
indirecta, outros a colonização
assimilacionista ou directa.
Administração Directa

• A Bélgica, França e Portugal foram os grandes


defensores desta política. Para eles, estavam a
fazer uma política de assimilação e
argumentavam que nas suas sociedades
coloniais, a sua política permitia que o africano
considerado indígena, não civilizado mediante
um processo de assimilação, poderia tornar-se
civilizado ou cidadão (que devia ter o direito a
educação, saúde, emprego e viver a modelo
europeu).
• Eles já não são regidos pelo direito
consuetudinário mas do direito
metropolitano. Por esta razão, segundo esta
teoria o africano não tinha o desejo de ter a
representação no governo colonial. Para o
caso de Portugal, esta política era vista como
forma de alargamento do seu império a custa
de territórios africanos (Portugal além mar).  
Administração indirecta

• Este bloco era encabeçado pela Grã Bretanha, e


defendia: Enquanto os europeus tem o seu
desenvolvimento, o seu modo de vida (cultura), os
africanos também dentro de África deviam viver na
base da sua cultura (tradição) ou seja , devia haver
uma administração de africano para africano. Por esta
razão, os africanos deviam ter um representante no
governo afim de defender os interesses africanos.
• Neste período de 1920 a 1945, nenhuma vez os
colonizadores europeus pensaram em atribuir a
autonomia e independência aos africanos. Estes
territórios eram vistos como parte integrante das
metrópoles.
Como colonizar?

• Implantadas as administrações coloniais, a política


administrativa adoptada neste período foi semelhante
em todas as colónias africanas:
• Localidades: ao nível da localidade encontramos o
intermediário africano como representante do poder
colonial. Este já não tem as mesmas características do
período anterior, pois agora já é um autentico
funcionário colonial. Faz a colecta de impostos,
recenseamento da população, recrutamento de forças
de trabalho para os interesses coloniais, mantém a paz
e ordem e em troca recebe um salário.
• Distrito: encontramos um administrador, cabia a
ele garantir que haja a colecta de impostos,
recenseamento, recrutamento da força de
trabalho. Tinha também a responsabilidade de
manter a paz e resolver litígios. A figura do
administrador devia ser um branco (europeu)
que passava por uma pequena formação. Era
auxiliado por dois assistentes e por um corpo
técnico (especialistas) constituídos por um
agrónomo, veterinário, médico... O
administrador recebia todas as leis e ordens da
província.
• Província: Era dirigida por um governador
geral, que era um branco europeu. Vinha de
um estrato social elitizado com uma formação
e grande experiência colonial. No exercício do
seu trabalho, tinha auxiliares de gabinetes e
um concelho consultivo não deliberativo
constituído para além dos membros do
gabinete, mas também de personalidades
escolhidas pelo administrador.
• Ministério das colónias: Era a ligação da
província com a metrópole. O ministro das
colónias servia de elo de ligação entre as leis e
ordens da metrópole para as províncias.
 
Administracao mista
• Debate sobre administracao directa.

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