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Língua Portuguesa na área de

Linguagens, Códigos e suas


Tecnologias: Contextualização e
Interdisciplinaridade
Carta de um jovem de Ensino Médio
Cartas - Unesco
Programação

1. Disciplinas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

2. O que há em comum entre essas disciplinas: o signo.

3. Área x disciplina: por que essa tendência de ensinar por área?

4. Como privilegiar a área sem excluir a disciplina?

5. Contexto e interdisciplinaridade em “Utilidades da língua”


1. Disciplinas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

"O novo ensino médio, nos termos da Lei, de As transformações de caráter econômico,
sua regulamentação e encaminhamento, deixa social ou cultural que levaram à modificação
portanto de ser apenas preparatório para o dessa escola, no Brasil e no mundo, não
ensino superior ou estritamente tornaram o conhecimento humano menos
profissionalizante, para assumir a disciplinar em qualquer das três áreas em que
responsabilidade de completar a educação o novo ensino médio foi organizado. 
básica. Em qualquer de suas modalidades, isso As três áreas – Ciências da Natureza e
significa preparar para a vida, qualificar para a
Matemática, Ciências Humanas, Linguagens e
cidadania e capacitar para o aprendizado
Códigos – organizam e interligam disciplinas,
permanente, seja no eventual prosseguimento
mas não as diluem nem as eliminam.
dos estudos, seja no mundo do trabalho.
1. Disciplinas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

A intenção de completar a formação geral do Num mundo como o atual, de tão rápidas

estudante nessa fase implica, entretanto, uma ação transformações e de tão difíceis contradições, estar

articulada, no interior de cada área e no conjunto formado para a vida significa mais do que reproduzir

das áreas. dados, denominar classificações ou identificar símbolos.

Essa ação articulada não é compatível com um Significa:

trabalho solitário, definido independentemente no


 Saber se informar, comunicar-se, argumentar,
interior de cada disciplina, como acontecia no antigo
compreender e agir;
ensino de segundo grau – no qual se pressupunha
 Enfrentar problemas de diferentes naturezas;
outra etapa formativa na qual os saberes se
 Participar socialmente, de forma prática e
interligariam e, eventualmente, ganhariam sentido.
solidária;
Agora, a articulação e o sentido dos conhecimentos
 Ser capaz de elaborar críticas ou propostas; e
devem ser garantidos já no ensino médio.
 Especialmente, adquirir uma atitude de

permanente aprendizado."
1. Disciplinas da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

• Língua Portuguesa
• Língua estrangeira
• Artes
• Informática
• Educação Física
2. O que há em comum entre essas disciplinas: o signo.
2. O que há em comum entre essas disciplinas: o signo.

“Se o cidadão se sente mais Brad Pitt com um Corolla, não sei. Mas que os homens usam os
carros, entre outras coisas, para impressionar as mulheres, é fato. Quanto ao comercial do
Gol, me chamou a atenção pela esquisitice. O casal mais ‘nada a ver’ que já vi.”

“Não sei se se aplica neste caso, mas é necessário usar (...) as personalidades que
representem um carro. As marcas hoje em dia não vendem apenas um veículo, mas um
estilo de vida também. Desse modo, usar dois extremos como Stallone (macho, bruto,
maduro) e Bündchen (feminina, bela, jovem) dá ao carro a impressão no subconsciente de
que pode ser dirigido por qualquer um, que combina”.
3. Área x disciplina: por que essa tendência de ensinar por área?

• A complexidade do mundo moderno.

• A especialização taylorista x a filosofia grega.

• Edgar Morin: Sete saberes necessários à educação do futuro.

• Curso de Humanidades da USP.

• Autoproteção da disciplina, demarcação de território.


4. Como privilegiar a área sem excluir a disciplina?

• Privilégio de um eixo do saber com as expansões necessárias/pertinentes.

• Contextualização e interdisciplinaridade: “leitura implosiva”.


“Leitura implosiva”

Dom Clemente Isnard é um sobrevivente daquele grupo de bispos latino-americanos que fizeram Medellín e
Puebla, e que, sobretudo, viveram o que se expressou nesses documentos. Na história estará associado a
eles. O seu papel foi importante sempre, e frequentemente decisivo à frente da Comissão de Liturgia da
CNBB, com a qual chegou a ser identificado. Exerceu diversos mandatos no Celam e na CNBB. Realizou na
sua diocese de Nova Friburgo o modelo de bispo que foi proposto nas Conferências do Celam.
Passados os 90 anos de idade, Dom Clemente conserva toda a sua lucidez e faz questão de participar ainda
na medida dos seus meios na procura da Igreja de Medellín e de Puebla. Eis aqui alguns dos seus
pensamentos e das reflexões feitas sobre a sua longa experiência pastoral.
Dom Clemente escreve com moderação, equilíbrio e tranqüilidade como bom beneditino que é, o que dá
mais valor às suas reflexões. O que ele expressa já foi dito e publicado várias vezes. Mas o fato de que essas
coisas sejam ditas por um bispo lhe confere maior peso.
Dom Clemente expressa o que muitos bispos pensam mas não podem dizer. Ele sabe que a idade lhe
confere uma imunidade que não se conhece antes de ser jubilado. Um dos benefícios da disposição de Paulo
VI que determinou que os bispos apresentassem a sua renúncia aos 75 anos, é justamente este: os bispos
jubilados ainda dispõem de muitos anos de uma liberdade que não conheceram antes. Podem dar
testemunho da sua experiência pessoal.
“Leitura implosiva”

Na Igreja romana o peso da burocracia é grande. Como em qualquer burocracia, as


novas idéias penetram dificilmente. A burocracia recebe somente as informações que a
confirmam na sua passividade. A regra é: nunca emitir opiniões que poderiam prejudicar a
carreira.
No entanto, diante da repetição incessante das mesmas reflexões, pode acontecer
um dia que se abram algumas portas. (...) A comunhão com as duas espécies foi uma
aspiração emitida já no século XIII. Mais de 600 anos depois, o Concílio Vaticano II abriu a
porta. No entanto, era um assunto de pouca importância. Por isso é provável que as
aspirações mencionadas por Dom Clemente tenham que esperar 1000 anos ou mais. Mas
repetindo sempre a mesma coisa durante 1.000 anos, um dia se conseguirá a resposta.
Paciência e perseverança!
Pe. José Comblin

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