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Interação de partículas

carregadas com a matéria

Prof. Marcelo Sant’Anna


Sala A-310 (LaCAM) e-mail: mms@if.ufrj.br

Laboratório de Física Corpuscular - aula 3 -


2008.1 - Instituto de Física - UFRJ 1
Penetração de íons na matéria:
Usando o programa SRIM: www.srim.org
simulação
Ex.: Oxigênio incidente em alvo sólido de Silício

Qual a física envolvida?


Como é feita a modelagem?
O de 20 keV

zoom
O de 200 keV O de 200 keV

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Seções de choque: o que são?

Uma grandeza proporcional à probabilidade de um


átomo sofrer uma mudança.
(com maior rigor: fluxo de partículas espalhadas com uma certa
propriedade dividido pela densidade de fluxo de partículas
incidentes)

e-

Área efetiva de
colisão
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Seções de choque: por quê?

Entender processos da natureza

Teoria
Experiência (clássica
Seções de choque
ou
quântica)

Obs.: unidade de área


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Colisões suaves versus Colisões de pequeno b

Parâmetro de impacto (b) pequeno

Colisão suave (b grande)

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Perda de energia na matéria

Perda de energia por unidade de comprimento: dE/dx


(sinônimos: poder de frenamento, “stopping power”)

E2
dE
Alcance do projétil na matéria: R zM (E 1  E 2 )  - 
E 1 dE / dx

Calcular
ou medir
Obs.: O alcance de partículas alfa no ar é dado (em cm) aproximadamente por
R(cm)=0.318 E3/2, onde E é dada em MeV
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Colisão de um íon com elétrons quase-livres
e-
b

I) Qual o momento
x̂ linear transferido para
x̂ o elétron?

Fx ŷ
Fy x̂
v
x
p x  0 (por simetria)

p y  ?
(continua...)

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Colisão de um íon com elétrons quase-livres
 ŷ
F
r x̂ p y  ?
 b
v
2
x  1 Zp e
F 
4  0 r 2

p y   Fy dt   F sen dt r  v t  2   b 2  b sen
Mas,

dx b d
dt  
2 2 v v sin 2 
1 Z pe 1 Z pe
  

4 0 b v 
 sen  d   cos 
4 0 b v 0

2
1 Z pe
p y 
2 0 b v
(continua...)

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Obs.: alternativa para determinacao de py
dx
p y   F dt  e  E
v

elétron

Lei de Gauss… b

q q ,v
 E dA   E 2bdx  0

q
 E dx  2 0 b

Z pe2
p y 
2 0 b v

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Colisão de um íon com elétrons quase-livres

II) Qual a energia transferida para o elétron (em uma colisão)?

Para um dado parâmetro de impacto:

2 2
p y 1 Z p e4
E  
2m 8  0 2 2
b2 mv2

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Colisão de um íon com elétrons quase-livres

III) Qual a energia perdida pelo projétil (em múltiplas colisões com e-)
quando atravessa o volume dV?

Considere n a densidade de elétrons por unidade de volume e dV=2b db dx

Número de e- por unidade de volume (n): ndV


dx
e-
b

dE ( b )   E ( b ) ndV   E ( b ) n 2  b db dx
db

2
dE 1 Z p e4
(b)   n
2 b db dx 8  0 b m v
2 2 2 2

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IV) Qual a energia total (integrada sobre b) perdida por
unidade de comprimento?

2
dE
b max
dE
b max
1 Z p e4
   2 b db   n 2 b db
dx b min 2 b db dx b min 8   0
2 2 2 2
b mv

2
1 Z p e4 b max
db
 n 
4  0 b min b
2
mv2

2
1 Z p e4  b max 
 n ln  
4  0
2
mv2  b min 

Como estimar bmax e bmin?

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V) bmax e bmin

bmin h h
px  h b min  x  
p mv

bmax b  vt b max  vt max


1
mas, t max  e I  hf (energia de ionização)
f

hv b max mv 2
b max  
I b min I
finalmente,

2
dE 1 Z p e4  mv 2  ln v 1
  n ln    A  B
dx 4   0 2 mv2  I  v2 v2

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Sugestão:
http://www.srim.org/SRIM/History/HISTORY.htm

 Early Studies with Radioactive Particles (1899 - 1920)


 Quantum Mechanics and Stopping Theory (1930 - 1935)
Analysis of Fission Fragments (1938 - 1941)
 Particle Stopping in a Free Electron Gas (1947 - 1960)
 Theories for Stopping & Ranges of Heavy Ions (1963 - 1985)
 > 1985

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N ions sem interação nuclear
N ions com interação nuclear

R
tmax

<t> <t>
N
t N
t
fótons monoenergéticos
elétrons

No/e

tmax
0

<t> <t>

t t

Fig. Numero de partículas monoenergeticas


penetrando em um material de espessura t.
Os fótons espalhados são desprezados. R e o alcance,
<t> e o alcance médio e tmax e o alcance maximo.

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Alcance Energia Alcance em Al Alcance em Cu Alcance em Ag Alcance em Pb
no ar (MeV) (mg/cm2) (mg/cm2) (mg/cm2) (mg/cm2)
(cm)
empírico Exp. empírico Exp. empírico Exp. empírico Exp.

1 2 1,7 1,5 2,2 ... 2,7 ... 3,3 3,7


2 3,5 3,4 3,1 4,4 ... 5,4 ... 6,6 6,7
5 6,3 8,4 7,6 11,2 10,4 13,4 11,5 16,6 18,0
10 9,7 17 14,8 22 20,2 27 24,3 33 34,5
100 37 168 140 224 185 268 220 332 303
1000 132 1680 1400 2240 1700 2680 2000 3320 2500

Tabela I – alcance de partículas alfa no ar e vários meios.


Os valores experimentais são de W. A. Aron,
B. G. Hoffman, e F. C. Williams.
U.S. Atomic Energy Comm. Document AECU-663, 1949.

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Energia Alcance no Alumínio  =2,7 g/cm3 cobre  =8,9 g/cm3 chumbo  =11.0 g/cm3
(MeV) ar
(cm)
SL Sm SL Sm SL Sm

2,0 1 1800 0,80 ... .... 2900 0,32

6,3 5 1780 0,79 4300 0,58 3050 0,33

9,7 10 1820 0,81 4400 0,59 3200 0,35

37 100 1940 0,86 4800 0,65 3600 0,39

Tabela II – stopping power relativo para partículas alfa em varias substancias.

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Exercício
 (ENADE 2005) Uma partícula carregada, ao penetrar num meio
material, interage, via interação eletromagnética, com os núcleos
e elétrons atômicos do meio, transferindo energia aos mesmos.
Embora este processo de transferência de energia seja bastante
complexo, a ele pode-se associar uma força média, chamada
poder de frenamento, d , que agindo na partícula tem como
efeito a sua gradual diminuição de velocidade. Na figura abaixo
representa-se a curva do poder de frenamento, em MeV/mm, de
partículas  (Z= 2) no Au e no Al como função da energia E.

Considere as seguintes afirmações:


I. Para uma folha de Au de espessura x = 1 m, a perda de energia para uma partícula, de energia E= 4 MeV,
é aproximadamente igual a 0,5 MeV.
II. Para uma dada energia E, a perda de energia das partículas no Au sempre maior que perda de energia no
Al, independentemente da espessura
do absorvedor.
III. Para qualquer material, o poder de frenamento de prótons (Z=1) deve ser menor que o poder de
frenamento de partículas alfa, para qualquer energia.

Está correto o que se afirma SOMENTE em


(A) I
(B) II
(C) III
(D) I e II
(E) I e III

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Prática: perda de energia de partículas alfa no ar

Fonte de
Am
Detetor barreira de superficie

input E
ar
bias
pré
osciloscópio

x amplificador

Fonte de
tensão
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